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INTRODUÇÃO Antes de iniciarmos é importante que você compreenda primeiramente o que vem a ser Responsabilidade Social e Ambiental. Podemos dizer que Responsabilidade Social e Ambiental é um tema de grande destaque no mundo inteiro. Para se ter uma ideia, se procurarmos na Internet, no site da Google, um dos mais populares mecanismos de busca, vamos encontrar 130 milhões de resultados, a partir da entrada do termo “social responsibility", e 1 milhão e 950 mil, a partir da entrada de “responsabilidade social”. A Responsabilidade social e ambiental ganhou um grande espaço na mídia, e o seu conceito, no que tange às relações com a comunidade e investimentos sociais é, de forma geral, conhecido. Existem, porém, outros aspectos que compõem o significado de Responsabilidade social e Ambiental como a relação com os demais públicos relacionados à empresa além da comunidade local, ou seja, os seus empregados, fornecedores, consumidores, organizações sociais, meio ambiente, governos, seus acionistas e investidores. O PAPEL DO PROFISSIONAL DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL O papel profissional pode ser definido como uma função assumida na realidade social, como professor, psicólogo, atleta, filosofo, jornalista, administrador, engenheiro entro outros. Cada papel não é o indivíduo, a totalidade de seu ser, mas uma das muitas expressões da extensa gama de papéis que pode desempenhar durante sua vida. Qualquer um de nós pode exercer o papel do profissional de responsabilidade social e ambiental. Para isso temos, atualmente, um amplo leque de conhecimentos, habilidades, atitudes e adesão a valores que são esperados e exigidos dos profissionais pelo mercado, relacionados ao desempenho profissional na área de responsabilidade social. Algumas atitudes próprias do profissional de responsabilidade social e ambiental - Reconhecer a importância do equilíbrio social, ambiental e econômico em cada ação; - empatia para reconhecer as necessidades e aspirações das pessoas; - comprometer-se com o reconhecimento de interesses e direitos das futuras gerações; - manter qualidade de vida e equilíbrio pessoal; - estar compromissado com a educação continuada, própria e de suas equipes; - coragem para romper barreiras à mudança; - autoavaliação permanente; - respeito à diversidade em todos os níveis; - senso de urgência; - energia e auto motivação. Segundo Takeshy Tachizawa (2009), a adoção do enfoque sistêmico, encarando a empresa como um macrossistema aberto interagindo com o meio ambiente, pode ser entendida como um processo que procura converter recursos em produtos – bens e serviços –, em consonância com seu modelo de gestão de negócios e objetivos corporativos. A visão de sistemas de uma empresa representa uma perspectiva diferente que permite visualizar: 1 - O cliente, o produto e o fluxo de atividades empresariais. 2 - Como o trabalho é realmente feito por processos que atravessam as fronteiras funcionais. 3 - Os relacionamentos internos entre cliente e fornecedor, por meio dos quais são produzidos produtos, "bens e serviços". 4 - Os prováveis impactos ambientais provocados por seus processos. 5 - Oportunidades de reciclagem de resíduos gerados pelos processos produtivos (industriais) e materiais descartáveis gerados pelos processos de apoio (áreas administrativas). 6 - Os prováveis impactos ambientais provocados por seus processos. Sustentabilidade Ambiental O enfoque sistêmico possibilita uma visão global da empresa, que é o ponto de partida para a criação e a gestão de negócios que respondam eficientemente à nova realidade de concorrência acirrada e de expectativas em mutação dos clientes. Essa visão global permite enxergar a empresa como um macrossistema que converte diversas entradas de recursos em saídas de produtos e serviços que ela fornece para sistemas receptores ou mercados. A organização é guiada por seus próprios critérios e feedback interno, mas é, em última instância, conduzida pelo feedback de seu mercado e pelos efeitos que gera no meio ambiente. Todo esse cenário empresarial ocorre no ambiente social, econômico, tecnológico e político. Visualizando internamente as empresas, podem ser identificadas funções que, interligadas na forma de sistemas, existem para converter as diversas entradas em produtos ou serviços e seus potenciais efeitos sobre o meio ambiente. A empresa, em sua totalidade, tem um mecanismo de controle (seu processo de gestão) que interpreta e reage aos feedbacks interno e externo, de modo que a empresa fique equilibrada quanto ao ambiente externo. As organizações são classificadas, de forma simplificada, em: Organizações do ramo industrial Organizações do ramo comercial Organizações de prestação de serviços Há características próprias para cada setor que fazem com que a interação entre seus agentes ambientais seja intrínseca ao setor focalizado, demandando estratégias corporativas genéricas, estratégias ambientais e estratégias sociais das organizações peculiares a esses setores da economia. Tal análise permite, enfim, estabelecer os elementos conformadores das medidas a serem adotadas pelas organizações em sua postura perante o mercado. Pode-se dizer que a melhor maneira de organizar uma instituição depende da natureza do ambiente com o qual ela deve relacionar-se. Conforme Takeshy Tachizawa (2009), podemos exemplificar como estratégias genéricas de gestão ambiental e de responsabilidade social comuns a todas as empresas. - Aumentar a competitividade das exportações para mercados ecológicos; - Atender ao consumo verde; - Atender à pressão de empresas ambientalistas; - Estar de acordo com a política social da empresa; - Melhorar a imagem perante a sociedade na qual está inserida; Atender às exigências legais para constituição de uma empresa (Regulamentação e licenciamento). Conforme Bateman & Snell (1998), as principais razões que levam a empresa a incorporar conceitos ambientais em suas considerações estratégicas são: 1 - A necessidade de respeitar a legislação. 2 - Maior eficiência, reduzindo custos com reciclagem, diminuindo o consumo de recursos, matérias-primas e energia, evitando desperdícios. 3 - Competitividade e novos mercados. 4 - Redução ao mínimo do risco de comprometimento da imagem da organização frente à opinião pública. 5 - Responsabilidade social e ética nas atividades realizadas pela organização, em busca da perenidade do negócio. Podemos exemplificar como estratégias de responsabilidade social, segundo o Guia de Sustentabilidade, da revista Exame (2009), os projetos sociais em: Educação Saúde Cultura Comunidade Apoio à criança e ao adolescente Voluntariado Meio Ambiente Vamos analisar dois diferentes tipos de atividades econômicas: Empresas comerciais Empresas industriais As empresas industriais subdividem-se em: Altamente concentradas Semiconcentradas INDUSTRIAS ALTAMENTE CONCENTRADAS São aquelas com elevada escala de produção (siderúrgicas; de minerais não metálicos; de mineração; química e petroquímica; ferroviárias; de comunicações, de telecomunicações; de construção pesada; de papel e celulose; de maquinas e equipamentos etc.). Esse tipo de atividade caracteriza-se pelo fato de que, quanto menor for o número de empresas e mais semelhantes em termos de porte (pequeno, médio ou grande), maior será a interdependência delas. As organizações pertencentes a esse setor econômico vêm mudando sua estratégia para adequar-se às demandas do meio ambiente externo, como: ESTRATÉGIAS AMBIENTAIS E DE RESPONSABILIDADE SOCIAL - Em função do alto conteúdotecnológico dos produtos gerados pelas indústrias altamente concentradas, tem-se como viável a estratégia de reciclagem de componentes obsoletos descartados pelas empresas. Além do ganho econômico, possibilita o fim do processo de deposição de sucata em aterros sanitários, que é o método utilizado pela maioria das empresas. - Possibilita ainda a recuperação de metais não renováveis na natureza, como paládio, ouro, prata, alumínio e cobre. Tal estratégia, legalmente, atende aos preceitos das normas da série ISO 14000, que exigem das empresas certificações que comprovem que a operação segue as regras adequadas de deposição do resíduo. A legislação brasileira estabelece que a empresa que gera o resíduo permaneça criminalmente responsável pelo mesmo, independentemente de subcontratar terceiros para a efetivação do descarte e destinação final. ALGUMAS ESTRATÉGIAS GENÉRICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL - Mudança na composição das embalagens do produto para tornar seu uso menos agressivo à saúde humana e ao meio ambiente; - Redução do uso, recuperação ou reciclagem da água; - Controle, recuperação ou reciclagem das descargas líquidas das atividades industriais; - Redução do uso de matérias-primas por qualidade de produto fabricado ou substituição de fonte de energia. - Reciclagem de sucatas, resíduos ou refugos; - Fornecedores ambientalmente corretos; - Investimentos em controle ambiental; - Projetos sociais, culturais, educacionais etc. CONFIGURAÇÃO ORGANIZACIONAL - A gestão ambiental e de responsabilidade social nessa configuração organizacional se caracteriza como órgão de assessoria ligado diretamente ao principal executivo da empresa. Tem posicionamento neutro e relativa força política; no entanto, detém apenas o poder de sugerir, propor e opinar sobre as questões ambientais cuja implementação fica a cargo dos órgãos de linha (diretoria, divisões, departamentos e setores). ESTRATÉGIAS COM PESSOAL - À medida que uma empresa desse setor se verticaliza, haverá maior diversidade no tipo de mão de obra, ou seja, a empresa passa a ter pessoas alocadas a diferentes processos produtivos. Isso significa adotar estratégias de gestão de pessoas diferenciadas em função do tipo de mão de obra. - A empresa de atividades industriais baseia-se em postos de trabalho/cargos claramente definidos e estruturados nos padrões hierárquicos tradicionais, com comprometimento das responsabilidades associadas a seus próprios cargos. ---------------------------------------------------------------------- INDUSTRIAIS SEMICONCENTRADAS São produtoras de bens de consumo não duráveis (plásticos e borrachas; madeira e móveis; metalurgia; alimentos, têxtil; confecções etc.). Esse tipo de atividade caracteriza-se pelo baixo grau de concentração, sem participação majoritária de nenhuma empresa, apesar de eventual existência de poucas empresas de porte significativo; pouca diferenciação de produtos por parte das empresas, que são extremamente dependentes da taxa de crescimento de emprego, como produtoras de bens consumidos por assalariados, em que o atacadista detém alto poder de negociação, dificultando o acesso dessas empresas à rede de distribuição. EMPRESAS COMERCIAIS Abrange empresas que atuam no comércio varejista, no comércio atacadista, de auto-peças, distribuidora de veículos e empresas correlatas. Empresas com maior produtividade, nesse contexto econômico, podem ganhar participação de mercado (market share), em detrimento daquelas menos eficazes. RESPONSABILIDADE SOCIAL PARA AS EMPRESAS: CUSTOS E BENEFÍCIOS A autorização para constituição da empresa e sua continuidade devem estar condicionadas aos resultados da avaliação dos seus impactos sobre o meio ambiente. Esse tipo de avaliação permite conhecer os benefícios gerados em função da existência de uma empresa específica e identificar aquelas que geram prejuízos sociais ou que não acrescentam nenhum valor à qualidade de vida da comunidade onde estão inseridas. As empresas que geram empregos proporcionam benefícios sociais. Entretanto, há que avaliar se o montante de impostos pagos (ou sua isenção por determinado prazo) e a ocupação da mão de obra local são compatíveis com os gastos governamentais para prover a infraestrutura necessária à manutenção da empresa, como fornecimento de água e energia elétrica, serviços de esgotos, de saneamento básico, de manutenção das vias públicas, infraestrutura hospitalar. Além disso, há que considerar os impactos sobre o patrimônio natural, geralmente não passíveis de mensuração, mas que originam relevantes reduções do mesmo e, portanto, diminuição (se não eliminação) da qualidade e das alternativas de continuidade de vida humana local. A contabilidade, como ciência que estuda a situação patrimonial e o desempenho econômico-financeiro das empresas, possui os instrumentos necessários para contribuir para a identificação do nível de responsabilidade social dos agentes econômicos. Esses instrumentos se traduzem no balanço social. Em sua concepção mais ampla, o balanço social envolve a demonstração da interação da empresa com os elementos que a cercam ou que contribuem para sua existência, incluindo o meio ambiente natural, a comunidade e economia locais e recursos humanos. Em termos ideais uma empresa somente poderia exercer suas atividades se o custo- benefício de sua existência fosse positivo. A empresa que agride o meio ambiente coloca consequentemente em risco a continuidade da vida humana ou reduz a qualidade dela; aquela que não propicia condições adequadas de trabalho contribui para a degeneração psicológica e social dos trabalhadores; e aquela que não adiciona valor à economia local faz com que a aplicação de recursos governamentais não resultem nos benefícios esperados na região onde estão situadas. A responsabilidade social das empresas voltada para seu público interno (colaboradores) por força das pressões dos movimentos sindicalistas, governamentais e de direitos humanos surgiu a consciência de responsabilidade social sob o aspecto humano. Atualmente as empresas são obrigadas a implementar e manter condições adequadas quanto à segurança e à saúde ocupacional de seus colaboradores e estão proibidas de utilizar mão de obra infantil, além de terem de limitar a ocupação de seus colaboradores a oito horas diárias ou menos, conforme as características da atividade desenvolvida. Aliado a isso, há o fato de que as entidades de classe passaram a exigir remunerações condizentes com os cargos ocupados, na forma direta (salários) ou indireta (planos de assistência médica, vale-transporte, vales refeição, cesta básica alimentar etc.). O conjunto desses fatores que remuneram o trabalho da mão de obra empregada resulta na satisfação, realização e valorização pessoal do colaborador social, econômica e psicologicamente, e, por conseguinte, da sociedade como um todo. O empresário conscientizou-se de que eram necessários benefícios adicionais aos determinados por lei para estimular seus colaboradores. Do ponto de vista empresarial, esses benefícios visam à otimização dos resultados esperados das atividades. Apesar das resistências iniciais quanto à sua instituição, percebe-se que eles contribuem para a produtividade da empresa. Voltando aos aspectos sociais: a concessão desses benefícios mostra o comprometimento da empresa com a melhoria das condições de vida da sociedade, essencialmente dos habitantes da comunidade onde está instalada. O balanço social propõe que a empresa demonstre: - A quantidade de colaboradores que emprega - Sua distribuição por sexo, idade e formação escolar - Cargos ocupados - Total daremuneração - Benefícios oferecidos como - Treinamento; - Assistência médica e social; - Auxilio alimentar; - Transportes e Bolsa de estudos. Essas informações, além de evidenciar a responsabilidade social da empresa, podem auxiliar no processo de melhorias dos serviços públicos, na medida em que são identificados os setores não atendidos ou menos beneficiados. OS CUSTOS AMBIENTAIS Quando se pensa em gestão estratégica, um dos elementos essenciais é o custo. E, por serem assim, aqueles de natureza relevante devem ser alvo de profunda atenção, estudo e análise com vistas à melhor performance do negócio como um todo e sua continuidade. A mensuração dos custos ambientais tem esbarrado nas limitações dos instrumentos da contabilidade, já que, pela sua natureza, a maioria desses custos se enquadra na classificação de Custos Indiretos de Fabricação; o consumo dos recursos ocorre concomitantemente ao processo produtivo normal, dificultando, com isso, sua identificação. Pela metodologia tradicional do custeio por absorção, os custos indiretos são rateados aos produtos, normalmente de acordo com o consumo dos diretos. Logo, com esse mecanismo, qualquer tentativa de apuração dos custos ambientais se torna vã ou muito distante da realidade. A contabilidade por atividades é uma forma inovadora de custeio, surgida mais ou menos na mesma época em que a problemática ambiental inseriu-se de forma compulsória nas empresas. Por casualidade, o exame e a avaliação dos recursos econômico-financeiros encontram respaldo mais adequado nesse sistema de custeio. Com ele, os gastos dessa natureza podem ser identificados, em sua maioria, diretamente em sua fonte de origem e com maior grau de precisão. Embora ainda não represente a solução plena para todos os problemas de gerenciamento dos recursos consumidos na proteção do meio ambiente, a contabilidade por atividades mostra-se um subsídio eficiente para a gestão econômico-ambiental. Ela também é a mais apropriada para apurar os custos ambientais, porque o objeto do custo são as atividades relevantes, desenvolvidas com fins específicos. Como se tem demonstrado, as atividades de controle, preservação e recuperação ambiental têm adquirido crescente relevância no plano mundial e, consequentemente, no ambiente interno das empresas, tanto no que tange ao cumprimento da responsabilidade social como na gestão dos recursos econômico-financeiros que lhes são vitais. Tais atividades podem ser desenvolvidas em múltiplas áreas; por conseguinte, seus custos não podem ser associados, de forma precisa, a um produto, processo ou função específicos. Nesse contexto, surge a contabilidade por atividades como mecanismo capaz de identificar, de forma mais aproximada, os custos inerentes às atividades ambientais e, portanto, aos agentes que os provocam. Assim, permite que os resultados sejam analisados com mais propriedade, dada a evidenciação da verdadeira relação de causa e efeito dos custos. A continuidade dos estudos sobre as variáveis que envolvem as atividades necessárias à proteção do meio ambiente, associada ao sistema de custeio por atividades, poderá conduzir à otimização dos resultados operacionais da empresa e do seu sistema de gestão estratégica de custos, principalmente daqueles inerentes à proteção ambiental. Vale destacar que um dos princípios da gestão estratégica de custos (CMS) é a mensuração dos custos dos recursos consumidos pelas atividades relevantes. Tal resultado pode ser útil para a tomada de decisões estratégicas, para o planejamento e controle operacional e para a evidenciação do resultado econômico-financeiro da empresa. A FALTA DE GESTÃO AMBIENTAL PODE GERAR DIVERSOS PREJUÍZOS À EMPRESA E EXCLUÍ-LA DO MERCADO. Veja algumas razões: A aquisição e a implementação do sistema de controle e preservação ambiental, qualquer que seja sua forma, pressupõem que o comprador tenha informações quanto à sua viabilidade técnica, vida útil e benefícios esperados. Evidentemente, tais práticas, por si sós, não resolvem os problemas da empresa; em menor ou maior escala, será preciso fazer análise e avaliação, a fim de verificar se os resultados esperados estão se concretizando; em caso contrário, investigar a causa das falhas ocorridas e tomar as medidas necessárias para sua correção, garantindo assim um resultado da operação ou processo com qualidade ambiental. Qualquer falha no processo de uma empresa pode implicar falha de atendimento ao cliente, o que pode comprometer as condições de continuidade ou, no mínimo, gerar perdas de receitas e/ou aumento de custos. Assim, investir é necessário, e controlar o desempenho e os resultados dos investimentos é tão importante quanto a decisão de investir, pois, estrategicamente, sempre é tempo de corrigir falhas. Com a utilização do custeio por atividades, os custos ambientais são definidos após identificar e mensurar os recursos consumidos pelas atividades de controle, preservação e recuperação ambiental. Do ponto de vista da gestão econômica global da empresa, a gestão estratégica de custos ambientais identifica o nível de eficiência e eficácia dos resultados que consumiram atividades e, portanto, recursos. Os pontos fracos devem ser investigados e sanados, enquanto os fortes devem ser otimizados ou, no mínimo, mantidos. COMO IDENTIFICAR OS CUSTOS AMBIENTAIS? Os custos ambientais são representados pelo somatório de todos os custos dos recursos utilizados pelas atividades desenvolvidas com o propósito de controle, preservação e recuperação nesse setor. Deve ser estabelecido um objeto de custeio específico: as atividades de controle, preservação e recuperação ambiental; elas serão, então, classificadas em custos diretos e indiretos. As atividades diretas são aquelas objetivamente identificadas como pertinentes ao controle, preservação e recuperação ambiental. Contudo, podem estar indiretamente associadas à elaboração do produto. Exemplos: mão de obra, insumos antipoluentes e depreciação de equipamentos antipoluentes. As atividades indiretas, por sua vez, existem para dar suporte à preservação ambiental (salário de supervisores, aluguel da área ocupada, recursos consumidos nas atividades de compras ou de tesouraria). GESTÃO ESTRATÉGICA DOS CUSTOS AMBIENTAIS A gestão ambiental tornou-se uma área estratégica, merecendo, portanto, tratamento específico, como as demais áreas consideradas estratégicas (produção), tendo em vista a importância que o controle ambiental adquiriu, sua premência e o expressivo volume de recursos investidos nele. O controle de custos refletirá o nível de falhas existentes e o volume de gastos necessários para eliminá-las e/ou reduzi-las, seja na forma de investimentos de natureza permanente, seja como insumos consumidos no processo operacional. AVALIAÇÃO DE RESULTADOS E DE DESEMPENHO DE UMA EMPRESA Um resultado satisfatório demonstra que o processo operacional e os produtos ou serviços estejam atendendo aos padrões de qualidade planejados pela empresa mediante o consumo apropriado de recursos e tempo. Supõe-se que esse seja o nível exigido pelos clientes e, no mínimo, o determinado pelos padrões de qualidade ambiental normalizados, o que assegurará a aceitabilidade da empresa pela comunidade externa e, em decorrência, sua continuidade. As empresas utilizam esse resultado satisfatório como instrumento de marketing para alavancar sua imagem e a de seus produtos. Um resultado insatisfatório revela que a empresa precisa revisar o seu planejamento e controle, identifica se deve empregar mais e/ou melhores recursos no processo. Esse resultado evidencia a necessidade de analisar os pontos falhos e aplicar medidas corretivasimediatas a fim de minimizar os eventuais efeitos adversos ainda não concretizados. O sistema de acumulação de custos ambientais poderá separar aqueles decorrentes das falhas do processo operacional: A) CUSTO DE CONTROLE AMBIENTAL DE PREVENÇÃO DE AVALIAÇÃO Os custos de controle são os gastos para implantar e manter o sistema de proteção ambiental que ocorrem no setor de gerenciamento e nas atividades executadas com vistas a dar operacionalidade ao sistema, o que pode se traduzir nos custos totais de um único departamento ou no somatório dos custos das atividades ambientais executadas em outros. B) CUSTOS DE FALHAS DO CONTROLE AMBIENTAL FALHAS INTERNAS FALHAS EXTERNAS Os custos das falhas do controle são os gastos incorridos para adequar o nível de eficiência e eficácia da empresa, também chamados de custos da não conformidade, dado que se referem a reprocessamento de atividades e/ou processos, tratamento de resíduos poluentes e/ou áreas contaminadas e aos custos inerentes à devolução de produtos por clientes. A atribuição dos custos aos gestores serve para orientá-los a rever o processo e a maximizar o resultado da empresa. Os gestores devem efetuar um comparativo entre o planejado e o realizado, verificando assim as variações ocorridas. SE ESSA VARIAÇÃO FOR NEGATIVA, ALGUMAS CAUSAS PODEM SER INFERIDAS, COMO: falhas, técnicas ou humanas; uso de insumos inadequados; quantidade de insumos imprópria; falhas no processo de planejamento. AS VARIAÇÕES POSITIVAS TAMBÉM DEVEM SER INVESTIGADAS, POIS PODEM ENVOLVER: esforços na otimização dos resulta dos conduzidos pelos gestores; superavaliação da quantidade de insumos necessária; novas oportunidades a serem exploradas. As falhas no processo de planejamento podem ter origem no próprio planejamento ou nas informações prestadas pelos gestores de cada área operacional; as falhas no planejamento podem resultar de erro na definição da natureza e da amplitude dos problemas ambientais, na escolha de insumos inadequados e em especificações incorretas quanto à qualificação da mão de obra, entre outros. As informações econômico-financeiras poderão fundamentar de forma eficaz as decisões relativas à alocação ou realocação de investimentos nas áreas carentes, a fim de garantir a qualidade, eficiência e produtividade dos processos operacionais e, com isso, o atendimento às exigibilidades do público externo em relação ao nível de responsabilidade social que a empresa deve assumir. CERTIFICAÇÕES E SELOS VERDES O QUE É UM SELO VERDE? É a certificação de produtos adequados ao uso que apresentam menor impacto no meio ambiente em relação a outros produtos comparáveis disponíveis no mercado. PARA QUE SERVE? Para promover a melhoria da Qualidade Ambiental de produtos e processos mediante a mobilização das forças de mercado pela conscientização de consumidores e produtores. BENEFÍCIOS DA UTILIZAÇÃO DO SELO VERDE O selo verde pode ser reconhecido internacionalmente pelos consumidores de madeira e produtores derivados, como móveis e estruturas para a construção civil. Desta forma o comprador pode ter certeza que adquiriu um produto que não agride as florestas tropicais. O Selo verde surgiu a partir da crescente preocupação ambiental dos consumidores, principalmente do mercado europeu. Foi quando governos e organizações não governamentais (ONGs) de vários países formularam um conjunto de normas para regular o comércio de produtos provenientes das florestas tropicais através de acordos internacionais. Ficou definido que as madeireiras que possuem o selo verde deveriam comercializar apenas produtos retirados das florestas de forma ambientalmente correta e enquadrados em um plano de manejo certificado por organismos internacionalmente reconhecidos. A lógica de produção e consumo estabelecida ao longo do século XX não favorece os produtores que pretendem agir de maneira mais harmônica com o meio ambiente, com seus funcionários e consumidores. Porém, a necessidade de se abrir espaço para que os produtos sustentáveis tivessem oportunidade de fazer parte do mercado fez surgir os selos verdes. Um selo de certificado de sustentabilidade garante que o produto que você está comprando respeita uma série de premissas como: não explorar os funcionários empregados em sua produção; não explorar de maneira inconsciente o meio ambiente ou os recursos naturais; compromisso de qualidade; garantia de um processo legal na produção e comercialização do produto. Conhecido como o Programa de Rotulagem Ambiental (ISO-14020), o Selo Verde é um entre a série de normas de Certificação de Sistema de Gestão Ambiental - ISO 14000 que determina e garante a qualidade e a procedência de produtos, empresas e processos produtivos de acordo com as normas pré-estabelecidas pela International Organization for Standardization (ISO). A principal diferença entre as duas normas é que a primeira certifica o produto e a outra, seu processo produtivo. O Selo Verde é um rótulo colocado em produtos comerciais, trazendo informações que asseguram que eles não foram produzidos à custa de um bem natural que foi degradado ou que seu uso, embalagem ou o resíduo que dele resultar não irá causar malefício ambiental. O Selo confirma, por meio de uma marca colocada voluntariamente pelo fabricante, que determinados produtos são adequados ao uso e apresentam menor impacto ambiental. De acordo com a norma ISO 14020, existem dois conceitos básicos de Selo Verde. O primeiro é uma declaração feita por uma terceira entidade de que o produto de uma determinada empresa é ambientalmente correto. O segundo é uma auto declaração da empresa dizendo no seu rótulo que é um produto reciclável, agride menos o meio ambiente e consome menos energia. Ambos possuem enfoques diferentes, mas informam ao consumidor e à sociedade sobre a questão ambiental relativa ao produto e a empresa. No Brasil, o Selo tem como objetivo incentivar mudanças nos padrões de consumo e produção. Porém, a ecologia ainda ocupa o terceiro lugar nas preocupações da população, estando à frente dela a falta de emprego e a alta taxa de criminalidade. -------------------------------------------- DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DEFINIÇÃO A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) é uma vertente do Balanço Social, ou seja, é um componente importantíssimo do balanço social, que discutiremos com detalhes mais adiante nas próximas aulas. Mas é normal ver sua apresentação não associada ao Balanço Social e em conjunto com outras demonstrações Contábeis. Na DVA sua informação é de natureza econômica, pois permite apurar e analisar o desempenho econômico da empresa e o seu relacionamento com a sociedade na qual está inserida, pois produz informações referentes à riqueza gerada pela empresa e a forma como esta riqueza gerada foi distribuída entre os que contribuíram para sua formação, incluindo o governo. Portanto a DVA é formada em duas partes: 1) Formação da riqueza 2) Distribuição da riqueza Em sua primeira parte esta demonstração apresenta de forma detalhada a riqueza criada pela empresa e na segunda parte deve apresentar de forma também detalhada como esta riqueza gerada pela empresa foi distribuída entre os agentes econômicos (empregados, governo, sócios, acionistas, dentre outros), bem como a parcela da riqueza não distribuída. A DVA é mais que uma nova demonstração contábil que faz parte do balanço social, tendo força própria, pois contém informações que sozinhas são conclusivas e bastante úteis. E torna-se possível afirmar que os indicadores retirados dessa demonstração se constituem num excelente avaliador da distribuiçãoda riqueza, à disposição da contabilidade, no entanto sem nenhuma pretensão em substituir outros indicadores de riqueza já existentes, ou até mesmo, rivalizar, com eles. A elaboração da DVA e, principalmente, sua divulgação podem ser, ainda, a oportunidade que a contabilidade tem para mostrar seu alcance e utilidade para aqueles que não a vêm assim. Serviria, desse modo, como instrumento de marketing para a própria ciência que a criou. A legislação apresenta como obrigada a elaborar a DVA apenas as Companhias Abertas (S/A). Contudo para as demais sociedades, seja sociedade de Capital Fechado e a sociedade LTDA. orienta-se que elaborem esta demonstração mesmo que apenas para fins gerenciais. OBSERVAÇÕES QUANTO A LEGISLAÇÃO PERTINENTE: MODELOS DE DVA Importância da DVA Esta demonstração é de grande valor, mas nem sempre é feita ou publicada. A necessidade de elaboração desta demonstração surgiu em virtude de que as outras demonstrações financeiras não são capazes de apontar o quanto do valor (riqueza) a empresa está adicionando às mercadorias ou insumos que adquire e também não identificam o quanto e de que forma foram distribuídos os valores adicionados. No Brasil, esta demonstração ainda é pouco conhecida e divulgada, pelo fato de não ser uma demonstração obrigatória para todas as empresas. No ano de 1994, a Empresa Mappin Lojas de Departamento S/A, foi a primeira Empresa Brasileira a divulgar a DVA juntos com suas demonstrações contábeis (Martins, 1997). Atualmente em alguns países do mundo, como países da África e na Índia não é permitido que uma empresa se instale em seu território sem que apresente a DVA. Dessa forma, o país que irá receber a empresa poderá avaliar o retorno por meio da previsão do valor adicionado que gerará. Para esses países, o importante não é o que a empresa irá importar, mas sim, o quanto ela vai gerar de riqueza dentro do País, bem como sua distribuição. A DVA objetiva evidenciar os benefícios proporcionados em prol da comunidade como um todo. Informa quanto a empresa adicionou, no período, aos recursos adquiridos de terceiros e como distribuiu esse valor adicionado entre a remuneração da mão de obra e do uso de capital de terceiros (juros e aluguéis), impostos pagos ao governo, remuneração do capital próprio (juros e dividendos sobre ele e lucros retidos). Ela é um informe contábil, direcionado aos proprietários da empresa como é o caso da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) e também à sociedade, e representa uma nova ferramenta em comparação as demonstrações contábeis tradicionais. A DRE é mais conhecido e é obrigatório pela Lei 6.407/76, e como objetivo principal quantifica quanto foi o lucro ou prejuízo que a empresa obteve, destaca o resultado líquido do exercício. É um documento direcionado aos donos da empresa e não para a sociedade como um todo, pois não analisa a contribuição dos agentes econômicos na geração da riqueza e nem sua distribuição. A DVA é, pois, uma forma de evidenciar a função social da empresa e sua contribuição para formar a riqueza global do país, o PIB (Produto Interno Bruto). Portanto a DRE e DVA são demonstrações que se complementam, embora tenham enfoque diferentes, pois o DRE trata juros, salários, impostos como despesas ou custos da empresa para gerar receitas, o que na visão dos proprietários e sócios diminuem os seus lucros, já na DVA esses itens são representados de forma como cada beneficiário recebeu sua parcela da riqueza gerada. MODELO DE DVA DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO 8.1) Pessoal: valores apropriados ao custo e ao resultado do exercício na forma de: Remuneração direta - valores relativos a salários, 13º salário, honorários da diretoria, férias, comissões, horas extras, participação de empregados nos resultados, etc. Benefícios - valores relativos a assistência médica, alimentação, transporte, planos de aposentadoria etc. FGTS - valores devidos aos empregados e que são depositados em conta vinculada. 8.2) Impostos, taxas e contribuições: valores relativos ao imposto de renda, contribuição social sobre o lucro, contribuições aos INSS (incluídos aqui os valores do Seguro de Acidentes do Trabalho) que representem ônus do empregador, bem como os demais impostos e contribuições a que a entidade esteja sujeita. Federais – inclui os tributos devidos à União, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Estados, Municípios, Autarquias, etc., tais como: IRPJ, CSSL etc. Inclui também a contribuição sindical patronal. Estaduais – inclui os tributos devidos aos Estados, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte aos Municípios, Autarquias, etc., tais como o IPVA. Municipais – inclui os tributos devidos aos Municípios, inclusive aqueles que são repassados no todo ou em parte a Autarquias ou quaisquer outras entidades, tais como o ISS e o IPTU. 8.3) Remuneração de capitais de terceiros: valores pagos ou creditados aos financiadores externos de capital. Juros - inclui as despesas financeiras relativas a qualquer tipo de empréstimo e financiamento junto a instituições financeiras, empresas do grupo ou outras formas de obtenção de recursos. Inclui os valores que tenham sido ativados no período. Aluguéis - inclui os aluguéis (incluindo-se as despesas com arrendamento operacional) pagos ou creditados a terceiros, inclusive os acrescidos aos ativos. Outras - inclui outras remunerações que configurem transferência de riqueza a terceiros, mesmo que originadas em capital intelectual, tais como royalties, franquia, direitos autorais, etc. 8.4) Remuneração de capitais próprios: valores relativos à remuneração atribuída aos sócios e acionistas. Juros sobre o capital próprio (JCP) e dividendos - inclui os valores pagos ou creditados aos sócios e acionistas por conta do resultado do período, ressalvando-se os valores dos JCP transferidos para conta de reserva de lucros. Devem ser incluídos apenas os valores distribuídos com base no resultado do próprio exercício, desconsiderando-se os dividendos distribuídos com base em lucros acumulados de exercícios anteriores, uma vez que já foram tratados como lucros retidos no exercício em que foram gerados. Lucros retidos e prejuízos do exercício - inclui os valores relativos ao lucro do exercício destinados às reservas, inclusive os JCP quando tiverem esse tratamento; nos casos de prejuízo, esse valor deve ser incluído com sinal negativo. As quantias destinadas aos sócios e acionistas na forma de JCP, independentemente de serem tratadas como passivo (JCP a pagar) ou como reserva de lucros, devem ter o mesmo tratamento dado aos dividendos no que diz respeito ao exercício a que devem ser imputados. BALANÇO SOCIAL: CONCEITUAÇÃO E IMPORTÂNCIA; HISTÓRICO DO BALANÇO SOCIAL Balanço Social - definição Nos últimos anos, nota-se uma preocupação crescente das empresas em vincular sua imagem à noção de responsabilidade socioambiental, e com a economia globalizada com informações rápidas e transparentes há um maior impulsionamento na elaboração e divulgação dos Balanços Sociais (BS). Balanço Social, Relatório de Sustentabilidade Empresarial, Balanço Social Corporativo, Relatório Social e Relatório Socioambiental são alguns dos nomes utilizados pelas empresas, especialistas e acadêmicos para designar o material informativo sobre a situação da empresa em relação a questões sociais e ambientais. O Balanço Social não é um demonstrativo meramente contábil, mas pode ser entendido como uma complementação dos relatórios contábeis, ou até mesmo uma evolução, pois o mesmo surgiu em virtude de uma demanda de uma sociedade mais exigente em relação à prestação de contas e maior transparência da atividade das organizações.Apesar de ter sua origem na contabilidade, o Balanço Social é uma demonstração na qual foi criada com a finalidade de tornar pública a responsabilidade social das empresas. É um instrumento que fornece dados aos usuários de informação contábil referente às políticas internas, quanto à geração e distribuição de sua riqueza, à qualidade de vida nas organizações, à promoção humana de seus funcionários e à postura das empresas em relação ao meio ambiente e à própria comunidade (FIPECAFI - Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras, 2003). Apesar de algumas definições de Balanço Social encontradas na literatura dar uma ideia de que as informações contidas estejam voltadas apenas ao interesse dos gestores, no geral observa-se que a grande maioria dos conceitos (alguns apresentados acima) estão formulados dentro de uma visão direta ou indiretamente da responsabilidade social em termos econômicos e sociais, bem como a preocupação com o meio ambiente, fornecendo uma maior transparência a todos os públicos e a sociedade em geral. Segundo Ribeiro e Lisboa (1999) há pelo menos três vertentes do Balanço Social: a de Recursos Humanos, a Ambiental e a do Valor Adicionado. Elas podem ser tratadas isoladamente, como também em conjunto. E segundo a FIPECAFI (2000, P. 31) o BS deve ser elaborado em função de quatro vertentes: 1) Balanço Ambiental 2) Balanço de Recursos Humanos 3) Demonstração do Valor Adicionado (DVA) 4) Benefícios e Contribuições à Sociedade em Geral. O balanço social, no sentido mais amplo, deve refletir toda a responsabilidade da empresa para com a sociedade, contendo informações sobre: 1. O valor adicionado à economia e à sociedade; 2. A gestão de recursos humanos: benefícios proporcionados à mão de obra empregada; 3. A interação com o meio ambiente: impactos e benefícios de suas atividades sobre o meio natural, bem como os efeitos negativos desse meio sobre o seu patrimônio; 4. A interação com a sociedade: relacionamento com a circunvizinhança – benefícios proporcionados e impactos causados. Balanço Social é um levantamento dos principais indicadores de desempenho econômico, social e ambiental da empresa e um meio de dar transparência as atividades corporativas, e prestar contas à sociedade. OBJETIVOS DO BALANÇO SOCIAL Sua finalidade primordial é tornar pública a responsabilidade social das empresas, pois é um instrumento para ampliar a importância da responsabilidade social na estratégia corporativa, de modo a ampliar seu diálogo com todos os públicos (funcionários, fornecedores, acionistas, consumidores, sociedade, etc.). É também uma forma de esclarecer quais os objetivos e os valores da empresa no passado, presente e futuro. Dentre as diversas funções do BS, sua elaboração serve como ferramenta de auto avaliação, pois fornece a empresa uma visão geral de sua gestão, servindo de ponto de partida para o planejamento do ano seguinte. E a divulgação desta demonstração serve como um diferencial para a imagem da empresa perante todos os públicos, pois presta contas à sociedade e dá transparência a seus projetos, benefícios e ações sociais dirigidas a seus empregados, investidores, acionistas e à comunidade, estreitando os laços que a empresa mantem com a sociedade e meio ambiente. "A ideia do Balanço Social é demonstrar quantitativamente e qualitativamente o papel desempenhado pelas empresas no plano social, tanto internamente quanto na sua atuação na comunidade. Os itens dessa verificação são vários educação, saúde, atenção à mulher, atuação na preservação do meio ambiente, melhoria na qualidade de vida e de trabalho de seus empregados, apoio a projetos comunitários visando a erradicação da pobreza, geração de renda e de novos postos de trabalho." "O campo é vasto e várias empresas já estão trilhando esse caminho. Realizar o Balanço Social significa uma grande contribuição para consolidação de uma sociedade verdadeiramente democrática." MAS AFINAL, QUEM SÃO OS BENEFICIÁRIOS DO BALANÇO SOCIAL? Como dizia Betinho, “o Balanço Social não tem donos, só beneficiários”. Ele favorece a todos os públicos que interagem direta ou indiretamente com a empresa (dirigentes, funcionários, acionistas, fornecedores, investidores, consumidores, governo, sociedade, dentre outros). Portanto, auxilia a todos sem distinção, chegando ao lucro sem ultrapassar os limites sociais. Levando a maior satisfação dos funcionários, dos consumidores e da sociedade em geral. A Responsabilidade Social adotada pela empresa, e demonstrada pelo Balanço Social, pode alavancar as vendas, e o lucro obtido, visto que agrada aos consumidores que cada vez são mais exigentes, além de atrair investidores, mão de obra especializada e os funcionários mais valorizados, tem um rendimento maior. LEGISLAÇÃO SOBRE O BALANÇO SOCIAL NO BRASIL E NO MUNDO O BS é um demonstrativo utilizado em todo mundo, e sua publicação vem sendo incentivada tanto por países desenvolvidos como por países em desenvolvimento. Na maioria dos países do mundo e no Brasil, sua elaboração e publicação ainda não são obrigatórias, mas é notável sua crescente utilização pelas organizações. No entanto, num contexto geral, os balanços sociais apresentados atualmente mostram-se incompletos, possuem baixa padronização e transparência e ainda denotam um viés como instrumento de marketing (SIQUEIRA & VIDAL, 2002) Leis criaram o Certificado Responsabilidade Social (“Selo Empresa Cidadã”) para empresas que apresentarem o seu Balanço Social, e incentiva a elaboração do BS, o qual deverá ser assinado por um contador ou Técnico em Contabilidade devidamente habilitado, e além da certificação, a Assembleia Legislativa elege os projetos mais destacados, os quais agracia com o Troféu Responsabilidade Social. Como no Brasil a elaboração do balanço social é voluntária, não existe um modelo padrão para a sua confecção. Devido a isso, segundo SCHROEDER (2001) esta situação de não padronização, possuem duas vertentes, uma positiva e uma negativa. O lado positivo desta não padronização é que as empresas podem adaptar a apresentação do balanço de acordo com a sua realidade, apresentando o que lhe é conveniente. O lado negativo é a dificuldade de efetuar comparações entre as empresas, dificultando, assim, uma análise mais genérica da contribuição das empresas brasileiras. PRINCIPAIS MODELOS UTILIZADOS PELAS EMPRESAS BRASILEIRAS Existem diversas formas de se elaborar o Balanço Social, e no Brasil são mais utilizados pelas empresas três modelos, que são o do IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), o do GRI (Global Reporting Initiative) e o do Instituto Ethos. Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas O modelo IBASE é o mais simples dos 3 modelos e foi lançado em 1997, e este demonstrativo contem planilhas compostas por 43 indicadores quantitativos e 8 indicadores qualitativos, organizados em 7 categorias (quadro 1). O IBASE não sugere protocolos para levantamento de dados nem exige que as informações apresentadas sejam auditadas. Quadro 1: Descrição dos grupos de Balanço Social Modelo IBASE (Fonte: Godoy, 2007) O modelo GRI é um modelo mais detalhado e suas diretrizes para elaboração foram lançadas em 2000. Este modelo tem se tornado crescente em todo mundo, pois sua proposta é que haja um único modelo padrão internacional. A uniformização através de um modelo padrão é extremamente positiva, visto que permite uma melhor comparação entre as organizações. O modelo GRI apresenta inúmeros indicadores que compõem o modelo de diretrizes, os quais são distribuídos em seis categorias, conforme mostram veremos abaixo. ECONÔMICO MEIO AMBIENTE PRÁTICAS TRABALHISTAS E TRABALHO DECENTE PRÁTICAS TRABALHISTASE TRABALHO DECENTE DIREITOS HUMANOS SOCIAL RESPONSABILIDADE PELO PRODUTO E por último temos o modelo do Instituto Ethos, que é baseado no modelo GRI, sendo adaptado para as realidades brasileiras. Este modelo incorpora a planilha do IBASE e sugere um detalhamento maior do contexto da tomada de decisões, dos problemas encontrados e dos resultados obtidos, e é estruturado em 4 partes: Parte 1: Apresentação (missão e visão, mensagem do Presidente, perfil do empreendimento e setor da economia) Parte 2: A Empresa (histórico, princípios e valores, estrutura e funcionamento, e governança corporativa) Parte 3: A Atividade Empresarial (diálogo com partes interessadas e os indicadores de desempenho) Parte 4: Anexos (demonstrativo do Balanço Social - modelo IBASE -, iniciativas de interesse da sociedade - projetos sociais -, e notas gerais). Seja qual for o modelo utilizado, o importante é que o balanço social seja elaborado e publicado de forma a mostrar à sociedade quais são as empresas responsáveis, e para a conscientização das empresas do quanto elas ainda podem fazer pela comunidade. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL COMO NOVO PARADIGMA; DEGRADAÇÃO AMBIENTAL; CONSUMO; CRÍTICAS À MODERNIDADE As questões ambientais e do trabalho vêm assumindo novas configurações com o aprofundamento do processo de globalização, com a reestruturação produtiva e a adoção das políticas econômicas de corte neoliberal. Constata-se um duplo movimento: a dissolução das fronteiras políticas e econômicas ao desenvolvimento do capitalismo globalizado e desregulamentado e a emergência de "novas" fronteiras ambientais que não podem ser desconsideradas em longo prazo por este modo de produção. PARE E REFLITA Será possível desenvolver-se economicamente sem causar danos ao meio ambiente? Antes de mais nada, é necessário definir Meio Ambiente. Meio Ambiente é onde estamos inseridos, nosso trabalho, nossa casa, nossa escola e faculdade, nossa rua e nossa cidade. É tudo que nos cerca. São as diferentes interações que formamos com os seres abióticos (sem vida, construções, pontes, terra, água e ar) e os seres bióticos ou seres vivos (nós, as plantas e até mesmo as bactérias). Desta forma, não estamos sós no cenário atual, e nossas relações com o ambiente afetam e são afetadas pela economia, educação e saúde. Tudo está inter-relacionado. Em uma conjuntura permeada por transformações econômicas, políticas, sociais, institucionais e culturais intensificam-se as crises socioambientais e do mundo do trabalho. Suas origens relacionam-se, por um lado, à desterritorialização da política, em que a soberania do Estado é colocada em xeque pelos padrões de internacionalização do processo decisório e de globalização das atividades políticas, provocando a crise dos sistemas democráticos e, por outro, ao movimento crescente de desterritorialização de empresas e conglomerados industriais em direção àqueles países com oferta de condições operacionais favoráveis, ou seja, melhores preços da força de trabalho, economia de transportes e recursos de infraestrutura, além de uma baixa preocupação em relação ao cumprimento das legislações trabalhista e ambientais. Fábrica chinesa produto de periféricos eletrônicos Esta mobilidade das empresas decorre das novas formas de organização da produção, que são muito mais flexíveis do que as baseadas no modelo fordista, pois permitem adaptações às flutuações das demandas de produtos e serviços e um aproveitamento melhor das vantagens comparativas em diferentes locais do mundo. O aprofundamento do processo de globalização econômica traz novas demandas e exigências às empresas que utilizam, como estratégias de busca de competitividade, o emprego maciço de novas tecnologias e de novas formas de organização da produção e do trabalho. As novas tecnologias, basicamente a microeletrônica, as biotecnologias e os novos materiais têm como característica comum, sua aplicação universal, tanto no desenvolvimento de produtos, quanto na organização da produção. O uso das biotecnologias e dos novos materiais redefine a relação da produção industrial e agrícola e dos seres humanos com a natureza, com implicações para o meio ambiente no local de trabalho, comunidades/sociedade e em escala planetária. Biotecnologia Com as novas formas de gestão do trabalho no padrão da acumulação flexível surgem novas tendências em relação ao trabalho: este se torna mais abstrato, intelectualizado, autônomo, coletivo e complexo. Não somente nos setores onde vigoram os novos conceitos de produção, mas em toda a estrutura produtiva são demandadas novas qualificações e competências profissionais para os trabalhadores, dentre as quais se incluem as relacionadas à temática ambiental. Entretanto, se os processos de intensificação do uso de novas tecnologias e de novas formas de organização da produção flexíveis, enxutas e racionais trazem, por um lado, a possibilidade de um trabalho revalorizado, mais qualificado, acarreta, por outro lado, o desemprego e a exclusão de trabalhadores, pela racionalização de custos e a otimização da produtividade industrial e de serviços. Os reflexos do processo de modernização capitalista têm se revelado particularmente perversos em países como o Brasil, onde a adoção de novos conceitos de produção está associada a formas políticas e empresariais autoritárias, levando à exclusão política e econômica das classes populares, ao aumento do desnível das esferas econômica e social e à degradação ambiental. Com a globalização da produção observa-se, por um lado, o aumento em alguns países da parcela dos incluídos no consumo de massa (Extremo Oriente e Sudeste Asiático), com hábitos importados do Ocidente e, por outro, o crescimento do número de excluídos do mercado de trabalho em escala nunca antes vista. Ambos os processos causam severos impactos ao meio ambiente: a incorporação ao mercado consumidor mundial de um grande número de pessoas, além de contribuir para a redução da diversidade cultural e, consequentemente, da diversidade biológica, reforça os efeitos do consumismo (como o lançamento de gases na atmosfera/aquecimento global, elevada e concentrada produção de resíduos sólidos e esgotos sanitários em áreas urbanas densamente povoadas). E o que fazer com o que não mais utilizamos? Jogamos fora? Criando um círculo vicioso de geração de resíduos. O resíduo sólido, o lixo urbano e industrial, é um problema mundial. Este gera além dos incômodos conhecidos, o odor e ocupação de espaço, também é responsável pela geração de dióxido de carbono. O dióxido de carbono ao se acumular na atmosfera, tem elevado a temperatura global devido ao efeito estufa. O efeito estufa é um processo físico, onde parte do calor que provem do Sol penetra a camada de ozônio e não consegue sair da atmosfera, ficando parcialmente retido. Este calor mantém a Terra aquecida. Sem ele nunca teríamos saído da Era Glacial (gelo). A Terra sem o efeito estufa teria em sua superfície a temperatura média de – 15ºC. Isto impossibilitaria a vida na Terra. Nenhuma planta, nossa base da cadeia alimentar, e nenhum animal seria capaz de sobreviver a uma temperatura média dessas. Entretanto o aumento sucessivo de dióxido de carbono vem primeiramente elevando a temperatura do planeta e posteriormente com a destruição da camada de ozônio irá fazer com que a Terra retorne a uma Era Glacial. Aliado a produção de lixo, resíduos sólidos, o desmatamento, o esgoto em “céu aberto” sem tratamento adequado, vem também aumentando o nível de dióxido de carbono na atmosfera. Novas formas de tratamento de resíduos sólidos necessitam ser criadas e a prática dos três "R" é necessária: Reduzir, Reciclar e Reaproveitar Em 2005 entrou em vigor o Protocolode Kyoto, onde a maioria dos países se comprometia a reduzir os níveis de emissão de gás carbônico. Utilizou-se como referência as emissões mensuradas de 1990 a 2012. As cotas variam entre 6% a 8% de redução. Para tal é necessário investir em energias renováveis (Eólica, Solar, Maré Motriz, Biomassa), melhorar a eficiência de produção de produtos industrializados para que haja menos resíduos após manipulação da matéria prima. Uma forma dos países ricos e mais industrializados tem de financiar este tipo de recurso, chamado de Mecanismos de Desenvolvimento Limpo, é o financiamento de países em desenvolvimento, como o Brasil, de projetos de biocombustíveis (motores que utilizam biodiesel e etanol), melhorar a automação de industrias para evitar o desperdício e geração de resíduos sólidos. Uma outra alternativa é a criação dos Créditos de Carbono. Países não poluidores devem aumentar sua eficácia em produção de energia, e continuarem sem poluir, sem emitir gás carbônico e para tal recebem uma recompensa econômica. Em resumo, eu pago para que você não polua e eu possa continuar a poluindo. Na abordagem mercadológico-ambiental de desenvolvimento sustentável, a palavra-chave é a eficiência, e as inovações tecnológicas devem garantir um melhor aproveitamento dos recursos naturais e diminuir os efeitos nocivos das atividades produtivas. Embora se reconheça a responsabilidade do atual padrão de produção e consumo pela crise ambiental, o que se propõe é a relativa redução de consumo de matéria e energia a partir da maior eficiência tecnológica. Desta forma "a noção de sociedade sustentável ancora-se na redução máxima do desperdício ou poupança de recursos" e a racionalidade do sistema, em seu conjunto, implica considerar o desperdício no quadro da produção socioeconômica, tendo como noção reguladora o princípio da otimização de recursos ou poupança, ou da relação ótima custo-benefício, isto é, a eficiência. Esta concepção de desenvolvimento sustentável tem, portanto, como princípio norteador, o crescimento econômico e a eficiência na lógica do mercado, e seus pressupostos estão ancorados na economia política clássica, no liberalismo econômico de Adam Smith, e na sua atualização contemporânea, o neoliberalismo de Friedrich August von Hayek. O eixo da teoria de Smith (1985) é o crescimento econômico e sua ideia central é a de que a riqueza das nações é determinada pelo aumento da produtividade do trabalho, que tem origem em mudanças na divisão e especialização do processo de trabalho. ALTERNATIVAS NO TRATAMENTO DOS PROBLEMAS DOS RECURSOS NATURAIS, DO MEIO AMBIENTE: PRESERVACIONISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL. É possível preservar a natureza e ao mesmo tempo extrair dela os recursos necessários ao desenvolvimento econômico e tecnológico da sociedade? Entretanto, o assunto sustentabilidade e diminuição de impactos ambientais deixaram de ser específico a ambientalistas; passando a fazer parte da vida organizacional da empresa, pois este conceito passou a representar nos dias de hoje pré-requisito para que organizações alcancem a gestão da qualidade e venham a se manter no mercado de forma competitiva. A gestão da qualidade representa o aperfeiçoamento contínuo de todas as organizações. A INDUSTRIALIZAÇÃO MUNDIAL A industrialização mundial foi o marco do desenvolvimento tecnológico e econômico na utilização desenfreada de matérias-primas e energia. Todo esse desenvolvimento gerou rejeitos resultantes de processos produtivos que passaram a ser parte do cenário ambiental, onde seu acúmulo no meio ambiente excedeu a capacidade de absorção passando, então, a ser considerado como fator poluente em caráter global afetando a qualidade e a saúde da sociedade. O setor industrial, por ser o que mais provoca danos ao meio ambiente – seja devido ao seu processo produtivo, seja pela fabricação de produtos poluentes e sua disposição final após a utilização –, é considerado um dos maiores facilitadores da degradação ambiental, mas nos dias atuais as indústrias também passaram a possibilitar maior eficiência na utilização de recursos naturais e na substituição parcial de insumos no processo produtivo. Dessa forma, quando o desenvolvimento tecnológico segue em direção a um padrão de produção que não seja significativamente agressivo ao meio ambiente, passa a ser considerado uma solução parcial do problema em questão. Em outras palavras: é necessário para a sociedade o desenvolvimento tecnológico, por ser o condutor do crescimento econômico, mas o desenvolvimento tecnológico deve ser trabalhado de forma mais limpa, a fim de conseguir sustentabilidade ambiental, pois se deve ter sempre em mente que os recursos naturais devem servir às gerações atuais e vindouras e que os níveis de poluição têm que ser reduzidos, independentemente do aumento da produção. REJEITOS INDUSTRIAIS Os rejeitos industriais representam desperdício econômico, por serem passíveis de reaproveitamento. Essa concepção é firmada por vários ambientalistas, que também consideram esses rejeitos como desperdício e um indício da ineficiência dos processos produtivos realizados, o que na maioria das vezes gera perda de matérias-primas e insumos. Na industrialização, devido ao fato de os princípios da qualidade e da eficiência inexistirem, a quantidade de rejeito é maior por não se reaproveitar em outro processo produtivo e pelo uso desenfreado da matéria-prima. É IMPORTANTE LEMBRAR! Não há como atingir o desenvolvimento sustentável se os processos produtivos e o consumismo por parte da sociedade não sofrerem modificações, pois consumidores que não dão a devida importância ao consumo consciente representam enorme ameaça, por provocarem um impacto significativo no meio ambiente. Atualmente, acredita-se que as necessidades e expectativas da sociedade devem ser conjuntas, com forte campanha para a mudança de conceitos. Há aumento significativo na procura por produtos oriundos de empresas que investem no meio ambiente e em ações sociais. Essa concepção está recebendo a adesão de algumas organizações que perceberam essa demanda no atual mercado, não se preocupando somente com preço, mas também com o bem-estar da sociedade como um todo. Ou seja, a organização que se preocupa com o meio ambiente acredita que passa a reduzir seu potencial de impacto, de forma a até mesmo levar em consideração a forma como é a colheita da matéria-prima utilizada. Nesse caso, a utilização de processos, práticas e produtos que proporcione a redução ou o controle da poluição produzida pela organização resulta em um diferencial competitivo em relação às demais. É extremamente vital para as organizações nos dias de hoje reconhecer que a gestão ambiental funciona como uma questão estratégica no que depende da capacidade de responder às expectativas, interesses e necessidades dos clientes e de outros detentores de interesses. A gestão ambiental está diretamente voltada às organizações; é definida como um conjunto de políticas, programas e práticas administrativas e operacionais que levam em consideração a saúde e a segurança das pessoas e a proteção do meio ambiente, pela eliminação ou minimização dos impactos e danos ambientais causados pelas empresas. Por isso, Valle (2002) nos apresenta a seguinte definição: Gestão ambiental é um conjunto de medidas e métodos bem alicerçados que, quando aplicados, promovem a redução e o controle dos impactos produzidos por um empreendimento sobre o meio ambiente, que levam em consideração a origem e a forma com que se é providenciada a matéria-prima até a eliminação efetiva dos resíduos gerados. AMPLIAÇÃO DO CONCEITO DE SUSTENTABILIDADE: SUSTENTABILIDADEAMBIENTAL E SOCIAL Qualquer análise da sustentabilidade, seja qual for a perspectiva teórica, requer estabelecer as inter-relações entre a sociedade humana e o mundo circundante. Um primeiro nível de análise deve ser, então, a relação entre o espaço em estudo – com suas características físico-naturais – e a sociedade que atua sobre tal espaço, com suas características econômicas, demográficas e sociais. Para facilitar essa relação, vamos analisar um ecossistema caracterizado por mata atlântica. Esse ecossistema é de topografia variável, relevo montanhoso, planícies aluviais e bancos de areia. Predominam os solos com baixa aptidão agrícola, devido às limitações topográficas, à baixa fertilidade natural e ao encharcamento do solo característicos do litoral. O clima predominante é o tropical, super úmido, com verões quentes, temperaturas médias anuais de 22ºC e precipitações elevadas – média de 2.365mm anuais em 207 dias de chuva. A vegetação é de floresta pluvial, densa, composta por várias espécies de árvores e arbustos. Nessa região é significativa uma espécie de palmeira, pela grande dispersão e importância econômica. Outras formações de importância econômica são os manguezais. Essa região, porém, representa só 5% do que esse sistema era um século atrás. Ainda assim, permanece relativamente isolada, se comparada com outras áreas da costa brasileira. E isso se deve a uma simples razão: trata-se de uma zona sem praias, onde o mangue cobre a costa, diferentemente de áreas onde as praias condicionaram a ocupação de tipo turístico. Portanto, o isolamento se dá porque: a) não há estrada totalmente asfaltada; b) o transporte de mercadorias e pessoas predominou e ainda ocorre, em grande medida, por via fluvial; c) a densidade demográfica não tem justificado maiores investimentos em infraestrutura. A perspectiva comparativa entre regiões naturais deve ser sempre o ponto de partida da análise da sustentabilidade, já que a ocupação de um ambiente é, por natureza, desigual e relativa. Ao mesmo tempo, permite destacar os elementos e as restrições determinantes do tipo de ocupação de outros, geralmente acessórios. Neste caso, por exemplo, as restrições impostas pelas baías de mangue determinaram historicamente o tipo de ocupação. Essa distinção não poderia ser percebida ao se analisar a região em si mesma. Por certo, outros fatores naturais – como a topografia – ou de ordem histórico-política – como o atraso relativo do desenvolvimento do capitalismo dessa região quando comparado com regiões vizinhas – também explicam seu isolamento relativo. Mas a especificidade desse local aqui estudado só pode ser explicada pela negativa: a inexistência de praias. INSUSTENTABILIDADE A insustentabilidade de certa região não se dá, de nenhuma maneira, por um problema ecológico, de baixa fertibilidade natural, nem por dificuldades de acesso à terra. Tampouco a causa pode ser atribuída exclusiva ou majoritariamente à legislação ambiental e a seu impacto nas práticas econômicas. Isso não significa negar o papel da legislação, a qual tem importância como maior regimento das questões ambientais. O fato de que a causa da insustentabilidade esteja no mercado leva-nos a refletir sobre a proposta desta aula, ou seja, a relação entre sustentabilidade ambiental e sustentabilidade social. É impossível pensar a sustentabilidade no nível local diante de produtores integrados a um mercado que os torna sujeitos a dinâmicas de preços regulados em nível regional e até mundial. No entanto, ao pensarmos em termos exclusivamente naturais, vemos que a competitividade mercantil, cujos elementos afetam diretamente a sustentabilidade social, é a causa dos impactos ambientais que dificultam a sustentabilidade do ecossistema. Isso é claro em vários casos de produtos naturais, que passam a ser praticamente o único produto com preço competitivo, razão pela qual os habitantes de uma região eliminam sistematicamente as árvores que os produzem; isso acontece claramente no caso da banana, do gengibre ou de sistemas emergentes, como o do palmito. A competitividade mercantil obriga à introdução de tecnologias que podem afetar a sustentabilidade ecológica, como os herbicidas, que têm e poderão ter – na medida de seu incremento – mais efeitos secundários, com impactos potenciais sobre os ecossistemas aquáticos. O mesmo ocorre com os sistemas especulativos, como a criação de búfalos, que causa comprovados impactos ao ecossistema (desflorestação) e ao solo (compactação/erosão). De toda forma, no que se refere à sustentabilidade ambiental, cabem duas ressalvas importantes. Agrotóxico Utilização de agrotóxicos nas plantações DUAS RESSALVAS IMPORTANTES. 1ª - com relação ao produto a ser explorado. Ainda que saibamos que o recurso é afetado, não sabemos qual é o efeito sobre o sistema global (ecossistema de floresta atlântica, como no nosso exemplo anterior). Este é claramente um caso de perda específica de biodiversidade. Mas essa perda de biodiversidade é suficientemente importante para afetar o ecossistema como um todo? Isto é difícil de estabelecer. Ademais, a perda de biodiversidade, seu nível e seu impacto nos ecossistemas é ainda uma incerteza. Pare neste momento da aula e reflita sobre essa questão. 2ª - quando se refere à área ocupada. Quando se analisa o impacto ambiental da agricultura sobre a vegetação, observa-se que há alterações nessa paisagem natural. Além dessa constatação, vale lembrar ser discutível que o desmate/queima em áreas agrícolas afete a biodiversidade e, por conseguinte, o funcionamento dos ecossistemas. Ao contrário, há indícios de que essa atividade, se adequadamente praticada, pode incrementar a biodiversidade e contribuir para um maior grau de sustentabilidade dos sistemas agrícolas. A PRATICA DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL EM AMBIENTES FORMAIS E NÃO FORMAIS DE ENSINO Qualquer proposta de ação em meio ambiente precisa ser realizada por uma ótica multidisciplinar, mas desenvolvendo um processo de trabalho interdisciplinar. Sabemos que o desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem suas próprias necessidades. Ele contém dois conceitos-chave: Conceito de necessidades, sobretudo as necessidades dos pobres do mundo, que devem receber a máxima prioridade; A noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras. LEIS E DECRETOS QUE REGEM A SUSTENTABILIDADE NO BRASIL DIREITO AMBIENTAL Não são recentes as preocupações com o meio ambiente. Até a instituição do Governo Geral, em 1548, aplicava-se a legislação do Reino, as Ordenações Manuelinas, cujo Livro V, no título LXXXIII, proibia a caça de perdizes, lebres e coelhos e no título "C" tipificava o corte de árvores frutíferas como crime. Após 1548, o Governo Geral passou a expedir regimentos, ordenações, alvarás e outros instrumentos legais, o que marca o nascimento do Direito Ambiental. A Constituição Federal de 1988 deu um passo gigantesco na evolução do direito brasileiro ao dedicar um capítulo específico ao meio ambiente, inserido no Título VIII – Da Ordem Social, considerado um dos mais importantes e avançados da Constituição de 1988. Ela toma consciência de que "a qualidade do meio ambiente se transformara num bem, num patrimônio, num valor mesmo, cuja preservação, recuperação e revitalização se tornaram num imperativo do Poder Público, para assegurar a saúde, o bem-estar do homem e as condições de seu desenvolvimento. Em verdade, para assegurar o direito fundamental à vida".Crime Ambiental Essa breve análise das normas ambientais demonstra que tem sido constante a evolução da legislação ambiental em nosso país, buscando a adoção de institutos adequados ao estabelecimento de uma política efetiva com vista à preservação dos bens naturais, culturais, paisagísticos, históricos, turísticos e outros para o uso desta e das gerações futuras. É importante, porém, que sejam assinados convênios entre as unidades federativas e as ONGs voltadas para a defesa do meio ambiente, sobretudo na preservação das áreas verdes e dos lençóis aquíferos. Apesar de toda legislação e da preocupação em preservar o meio ambiente, assusta-nos o aumento, a cada dia, de focos de incêndio que destroem florestas, trazendo danos ao meio ambiente, à saúde pública e à preservação das espécies animais e vegetais. CERTIFICAÇÕES DE RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL O conceito de Responsabilidade Social Ambiental (RSA) mostra não apenas o compromisso de empresas com pessoas e valores humanos, mas também preocupações verdadeiras com o meio ambiente. É fato que as empresas ainda necessitam melhorar sua relação com a sociedade de maneira a promover um desenvolvimento baseado na ideia do "triple bottom line", ou seja, calcado em um tripé que envolve o meio ambiente, a economia e o social. Na intenção de estimular a responsabilidade social empresarial, uma série de instrumentos de normas e certificações foram criadas nos últimos anos. O apelo relacionado a esses selos ou certificados é de fácil compreensão. Num mundo cada vez mais competitivo, empresas vêm vantagens comparativas em adquirir certificações que atestem sua boa prática empresarial, dentro de um gerenciamento ético, social e ambiental. A pressão por produtos e serviços socialmente corretos faz com que empresas adotem processos de reformulação interna para se adequarem às normas impostas pelas entidades certificadoras. A importância de normas e padrões está principalmente na definição e concordância de termos e procedimentos, o que permite uma comparação da empresa com o restante do mercado. Com relação à responsabilidade social, são três os principais padrões existentes: - AA1000 - SA8000 - ISO 26000 Com relação ao meio ambiente, a certificação internacional mais aceita na atualidade é a ISO 14000, que atesta a performance ambiental da empresa. NORMA AA1000 A norma AA1000 foi lançada em 1999 pelo ISEA (Institute of Social and Ethical Accountability), hoje AccountAbility e surgiu como resposta à crescente geração de relatórios de sustentabilidade e à necessidade de mecanismos que assegurassem sua confiabilidade, pois o principal problema dos relatórios de sustentabilidade é a não obrigatoriedade de auditoria, com isso as empresas dispõe para o público as informações que lhe convier. Esta norma é um ótimo instrumento de transparência e governança corporativa e inclui três princípios: o princípio fundamental da Inclusão e os princípios da Relevância e da Responsabilidade. NORMA ISO 26000 O principal objetivo da ISO 26000 é a de orientar as organizações na melhor forma de incorporar ações à sua gestão, sendo aplicável a todos os tipos e portes de organizações (pequenas, médias e grandes) e de todos os setores (governo, ONG's e empresas privadas) e visa promover a sensibilização para a Responsabilidade Social, por meio da abordagem dos seguintes temas: governança organizacional, direitos humanos, práticas de trabalho, meio ambiente, práticas justas de operação, questões do consumidor, envolvimento e desenvolvimento da comunidade. ISO 14000 – A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL Organizações de todos os tipos estão cada vez mais preocupadas com o atingimento e demonstração de um desempenho ambiental correto, por meio do controle dos impactos de suas atividades, produtos e serviços sobre o meio ambiente, coerente com sua política e seus objetivos ambientais. Agem assim dentro de um contexto de legislação cada vez mais exigente, do desenvolvimento de políticas econômicas e outras medidas visando adotar a proteção ao meio ambiente e de uma crescente preocupação expressa pelas partes interessadas em relação às questões ambientais e ao desenvolvimento sustentável (ABNT, 2004). A série de normas ISO 14000 correspondem a um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) editado pela ISO (International Organization for Standardization). Esta série de normas apresenta diretrizes para Auditorias Ambientais, Avaliação do Desempenho Ambiental, Rotulagem Ambiental e Análise do Ciclo de Vida dos Produtos. Ou seja, especifica os requisitos relativos a um sistema de gestão ambiental, de modo a permitir que a organização formule políticas e objetivos que levem em conta os requisitos legais e as informações referentes aos impactos ambientais significativos. A Lei N.º 6.938 de 31 de agosto de 1981, com base nos incisos VI e VII do Art. 23 e no Art. 225 da Constituição, estabelece a Política Nacional de Meio ambiente com o objetivo de preservar, melhorar e recuperar a qualidade ambiental do país através do SISNAMA (Sistema Nacional de Meio Ambiente). Constituição Federal: Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. § 1o. Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; Esta lei que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA), introduziu o conceito de licenciamento ambiental entre os instrumentos da política brasileira no setor. Visando um melhor entendimento, no seu artigo 30 define os termos: meio ambiente, degradação ambiental, poluição, poluidor, e recursos ambientais; e em seu artigo 100 torna obrigatória a prévia licença ambiental para atividades potencialmente poluidoras. A Política Nacional do Meio Ambiente consagra o importante princípio da Responsabilidade do Poluidor. Em questões ambientais ela é objetiva, isto é, independente da existência de dolo (intenção de causar o dano) ou culpa (negligência, imperícia ou imprudência). O poluidor, portanto é responsável pelos danos causados ao meio ambiente e a terceiros, devendo indenizar ou repará-los, e o Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente. O art. 1º, da Resolução CONAMA nº 237/97, nos dá as seguintes definições: Licenciamento Ambiental: procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso. Licença Ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão ambiental competente, estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades
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