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Fungos orais

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Fungos orais
Micoses subcutâneas 
Esporotricose – Sporothrix schenckii
São saprófitos, dimórficos, de distribuição mundial.
A microscopia da colônia mostra hifas finas, conídios ovoides soltos ou agrupados em roseta.
 São infecciosos a partir de um ponto de inoculação (arranhões, perfurações). 
Sua infecção é benigna, se limitando à pele e ao subcutâneo. Há formação de granuloma local e drenagem por linfáticos.
As manifestações clínicas podem ser:
Cutânea-linfática
È a mais comum (95%), caracterizada por ulceração, pápula e cadeia de nódulos não-dolorosos (vasos linfáticos inchados).
Disseminada
Acontece em imunodeprimidos, por disseminação hematogênica. Há lesão subcutânea ulcerada amolecida, anemia e caquexia.
Extracutânea
Acontece em imunodeprimidos, por disseminação hematogênica. Não há lesão primária e pode acometer ossos.
Dentre as manifestações orais, há eritema, ulceração e supuração.
O diagnóstico histopatológico é feito por detecção de leveduras alongadas ou ovais, inflamação com eosinófilos e reação de Splendore-Hoeppli com formação de corpo asteroide (patognomonica).
O tratamento é feito por Iodeto de Potássio.
Também há reação de Splendore-Hoeppli
Zigomicose entomoftoromicose – Classe Zygomycetos gêneros Basidiobolus e Canidiobolus
São típicos dos tropicos (ambiente quente e úmido).
A infecção requer vias de inoculação ou inalação de esporos.
As manifestações clinicas podem ser:
Centro-faciais (canidiobolus)
Acomete lábio, nariz, seios paranasais, olhos, etc. Não atinge o cérebro.
Subcutânea crônica localizada (basidiobolus nanarum)
Forma nódulos ruborizados pouco dolorosos.
Visceral (ambos)
Zigomicose mucorales – Classe Zygomycetes ordem Mucorales
Causada principalmente pela família mucoraceae.
Infectam através de inoculação, ingestão ou inalação.
A manifestação mais comum é a rinocerebral (50%), uma infecção invasiva aguda, capaz de causar sinusite, dor orofacial, cefaleia, febre, necrose, secreção purulenta ou sanguinolenta. Acomete cavidade nasal, seios paranasais, orbita e SNC. 
Um sinal significativo de zigomiose mucorales é ulceração necrótica da mucosa maxilar, labial ou palatina.
Micoses profundas
Causadas por fungos dimórficos, e ocorrem principalmente em regiões quentes e úmidas.
Paracoccidioidomicose – Paracoccidioides brasiliensis
È a principal micose endêmica da America latina. Ocorre em ambientes com elevada umidade, de vegetação rica, solo ácido e, principalmente, em plantações de café. Ocorre muito no Sul do Brasil.
Manifestações clinicas:
Forma aguda ou sub-aguda (juvenil)
Adenomegalia de linfonodos superficiais;
Hepatoesplenomegalia;
Comprometimento ósseo
Forma crônica (adulto)
Ausência de tratamento leva a disseminação para sitios extrapulmonares
Pele, mucosas, linfonodos, adrenais, baço, fígado, SNC e ossos
Causa lesões ulceradas de mucosas orais
Pode perfurar septo nasal, laringe, cordas vocais
Possui forte influencia hormonal, sendo reversível em homens, e irreversivel em mulheres pós-menstruação e pré-menopausa.
O diagnóstico histopatológico baseia-se na detecção de leveduras com a forma de Roda de leme (patognomônica).
Coccidioidomicose – Coccidioides immitis, C. posadasii
Habitam ambientes desérticos semi-áridos (como o nordeste brasileiro), com elevada temperatura, pH do solo alcalino e alta salinidade. Notadas infecções em muitos caçadores de tatu.
Manifestações clinicas:
Coccidioidomicose primária
È uma infecção pulmonar autolimitada, muitas vezes assintomática, mas podendo causar febre, tosse, dor torácica e perda de peso.
Coccidioidomicose secundária
È progressiva e há formação de nódulos e cavidades.
Coccidioidomicose disseminada
Atinge, principalmente, grávidas, idosos e imunodeprimidos, acometendo peles, ossos, meninges e articulações.
Histoplasmose – Histoplasma capsulatum
O Histoplasma capsulatum habita solos ricos em nitrogênio, de pH ácido e úmido.
Pode causar:
Primo-infecção assintomática;
Primo-infecção sintomática, com infecção pulmonar aguda, gripe e pneumonia;
Histoplasmose pulmonar crônica, semelhante à tuberculose, com tosse, expectoração, dor, dispneia, febre e perda de peso;
Histoplasmose crônica (adulta):
Lesões cutâneas
Lesões mucosas na língua, faringe, septo nasal e laringe; Nódulos infiltrados dolorosos com pseudomembrana esbranquiçada;
Micoses oportunistas
Os fungos causadores destas micoses são, frequentemente, componentes da microbiota natural. São saprofíticos e não possuem virulência clássica.
Candidíase – Candida sp. (albicans, glabrata,tropicalis)
È o patógeno fúngico oportunista mais frequentemente encontrado. È componente da microbiota normal do TGI, trato urogenital, pele e unhas, mas também habita o ambiente.
Para que haja candidíase cutâneo-mucosas, o organismo deve sofrer alteração de pH, hidratação e da microbiota locais; Candidíases sistêmicas requerem imunodepressão ou patologias associadas.
Alguns fatores predisponentes à candidíase são:
Uso de antibióticos de longo espectro;
Uso de imunossupressores;
Perda de dentes e restaurações dentárias;
Aparelho ortodôntico e prótese;
Alterações hormonais;
Radiação e quimioterapia.
A Candida spp. é capaz de se filamentar, facilitando sua invasão e evitando a fagocitose, além de secretar enzimas que contribuem com a sua virulência.
Pode se apresentar de forma:
Sistêmica/visceral, se houver disseminação hematogênica, podendo acometer qualquer órgão;
Alérgica, causando pequenas lesões vesiculosas eritematosas, principalmente nos espaços interdigitais da mão;
Candidíase oral:
Pseudomembranosa (sapinho)
Acomete principalmente recém-nascidos, na bochecha, ponta da língua, lábios ou palato mole. Caracterizada por pequenos pontos esbranquiçados.
Atrófica aguda
È uma lesão secundária à pseudomembranosa, causando eritema nítido e doloroso, principalmente no dorso da língua.
Hiperplásica crônica
Caracterizada pela formação de placas brancas fortemente aderidas à língua, bochechas e lábios, podendo haver contorno eritematoso.
Quelite angular (“boqueira”)
È uma lesão na comissura labial, formando crostas, sangramento e dor.
Quelite candidósica
Lingua negra pilosa
Leva à boca seca, hipertrofia das papilas linguais, com impregnação de substâncias escuras. Ocorre principalmente em tabagistas, usuários de antibióticos, corticoides, dentifrícios e oxidantes de uma forma geral.
Criptococose – gênero Cryptococcus (neoformans, gattii)
São leveduras encapsuladas. Ambos são saprófitos, mas o C. neoformans habita o meio urbano, buscando excreta de aves e vegetais em decomposição, além de ter distribuição mundial; e o C. gattii habita mais reservas tropicais, acometendo principalmente as regiões tropicais.
Crescem a temperatura corporal, sintetizam melanina (se protegendo contra o sol e a antifúngicos) e possuem cápsula (evitando fagocitose).
Pode causar criptococose pulmonar regressiva, pulmonar progressiva, disseminada (via hematogênica, com meningoencefalite).

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