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Transição Demográfica e Transição Epidemiológica Transição Demográfica Refere-se aos efeitos que as mudanças dos níveis de fecundidade e mortalidade provocam sobre o ritmo de crescimento populacional e sobre a estrutura por idade e sexo, traduzindo-se por um envelhecimento da população (maior proporção de idosos). Transição Demográfica • Fases • 1) Pré-industrial ou primitiva: equilíbrio populacional • Taxas de natalidade e mortalidade (infantil) elevadas • 2) Fase intermediária: Divergência de coeficientes • Alta natalidade e decréscimo da mortalidade • Explosão populacional • 3) Fase intermediária:Convergência de coeficientes • Diminuição acelerada da natalidade • Envelhecimento da população • 4) Fase moderna ou pós-transição • Retorno ao equilíbrio populacional • Aproximação de coef em níveis mais baixos • Aumenta a esperança de vida FATORES DA DINÂMICA DEMOGRÁFICA • Fecundidade ─ refere-se à fecundidade feminina. Expressa a capacidade reprodutiva de uma população. • Mortalidade ─ refere-se aos óbitos ocorridos numa população em um determinado período de tempo. • Movimentos Migratórios ─ são os deslocamentos populacionais entre as unidades administrativas de um mesmo território, entre territórios ou entre países. Brasil: Evolução das Taxas Brutas de Mortalidade e de Natalidade: 1881-2000 Fonte: IBGE, 2003. TAXAS DE NATALIDADE E MORTALIDADE GERAL (nascimentos e óbitos /1000 habitantes) BRASIL – 1900-1999 46 46 45 45 44 44 43 38 31 23,5 21,4 28 27 26 26 25 21 13 9 8 7,7 7 0 10 20 30 40 50 1900 1910 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 1999 Natalidade Mortalidade Fonte: IBGE – Séries Retrospectivas TAXA DE FECUNDIDADE Brasil, 1940 -1999 6,2 6,2 6,3 5,8 2,7 2,3 4,0 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0 1940 1950 1960 1970 1980 1990 1999 Fonte: IBGE Etapas da transição demográfica Considerando-se a fecundidade e a mortalidade: • Quando as taxas de fecundidade e mortalidade, principalmente infantil, são elevadas, a população é jovem e estável. • Com a redução da mortalidade, principalmente por doenças infecciosas, não acompanhada da redução da fecundidade (permanece elevada), há ganho de vidas em todas as idades, o ritmo de crescimento populacional aumenta e a população permanece jovem. • Quando a fecundidade começa a diminuir, mantido o decréscimo da mortalidade, é que efetivamente a população inicia o seu processo de envelhecimento, diminuindo o ritmo de crescimento populacional. Nos países industrializados, a transição demográfica foi lenta e gradual (fim do sec. XIX e início do séc. XX) → Melhorias sociais e econômicas No Brasil, o início da queda de mortalidade foi na década de 40 e da fecundidade, na década de 60→Tecnologia médica e sanitária. de 40 a 60 --> grande crescimento populacional no Brasil EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO NO BRASIL Mudanças nos parâmetros demográficos no Brasil Mortalidade • Começa a declinar a partir de 1940. Declínio muito rápido. Domínio e tratamento das doenças infecciosas e parasitárias. Programas de vacinação em massa. Melhoria nas condições sanitárias. • O declínio muito rápido dos níveis de mortalidade aliado à manutenção dos altos níveis de fecundidade causou um aumento do volume populacional. Taxa de crescimento do Brasil durante a década de 60 próxima dos 3% ao ano. Fecundidade • Permanece constante em níveis elevados até os anos 60. • Queda da fecundidade ─ começa no final da década de 60 e início dos anos 70, acentuando-se durante a década de 80. Pirâmide Etária Relativa, Brasil, 1991-2004 Fontes: IBGE, Censo Demográfico 1991 e PNAD, 2004 Taxa de crescimento anual – Brasil Estimativas de 1940 a 1996 e projeções para 2000, 2005, 2010, 2015 e 2020 IBGE, 2003. Diretoria de Pesquisas, Departamento de População e Indicadores Sociais. Nota: Indicadores implícitos na projeção preliminar da população brasileira, pelo método das componentes, para o período 1980 /2020, com revisão de hipótese de declínio da fecundidade e Incorporação do indicativo do saldo migratório internacional Projeção da Pirâmide Etária Relativa, Brasil, 2010-2050 2020 2050 2010 Distribuição Relativa da População residente com idade igual ou superior a 65 anos Grande Região 1991 2004 Norte 3,0 4,2 Nordeste 5,1 6,4 Sudeste 5,1 7,4 Sul 5,0 7,0 Centro-Oeste 3,3 5,0 Brasil 4,8 6,7 Fonte: IBGE, Indicadores Sociais 2005 Taxa de fecundidade total, taxa bruta de natalidade por 1000hab. e Taxa bruta de mortalidade por 1000hab, Brasil, 1991-2004 Fonte: IBGE, 2005 Esperança de vida ao nascer • Estima o número de anos que as crianças nascidas em um determinado período poderiam esperar viver, em média, se as condições de mortalidade permanecessem as mesmas • Há uma relação direta entre vida média e condições de saúde de uma população: quanto melhores as condições de saúde, maior a longevidade • Diferente da duração máxima de vida (limite biológico inerente à espécie) • Varia com as influências do meio aumento médio não atinge uniformemente todas as coletividades • Aumento observado desde a década de 40 e pode ser atribuído a: – melhoria das condições sociais / de vida (p.ex. redução das taxas de analfabetismo; de desnutrição, etc. – desenvolvimento de tecnologias médicas • de uso individual: assepsia nos atos cirúrgicos, antibioticoterapia • de uso coletivo: saneamento ambiental, imunizações Esperança de Vida ao Nascer segundo sexo, Brasil, 1991-2004 Fontes: IBGE, Censo Demográfico 1991 e PNAD, 2004 Esperança de Vida ao Nascer segundo regiões, Brasil, 1991-2004 67,0 71,7 66,9 70,7 62,8 68,6 68,8 73,2 70,4 73,9 68,6 72,9 55 57 59 61 63 65 67 69 71 73 75 Brasil NO NE SE SU CO 1991 2004 Transição Epidemiológica • Refere-se às modificações, a longo prazo, dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. • O processo engloba três mudanças básicas: – substituição, entre as primeiras causas de morte, das doenças transmissíveis por doenças não-transmissíveis e causas externas; – deslocamento da maior carga de morbi-mortalidade dos grupos mais jovens aos grupos mais idosos; – transformação de uma situação em que predomina a mortalidade para outra em que a morbidade é dominante. Transição Epidemiológica • Estágios • Estágio 1: período de pragas e fome • Mortalidade e fecundidade elevados • DIP, DPC, probl de saúde reprodutiva • Cresc pop lento • Esperança de vida: 20 e 40 anos Transição Epidemiológica • Estágio 2: desaparecem pandemias • Mortalidade em declínio • Queda da fecundidade • Estágio 3: doenças degenerativas e provocadas pelo homem • Mortalidade e fecundidade baixas Transição Epidemiológica • Estágio 4: ↓ Mort por DCV • Envelhecimento da população • Mudança no estilo de vida • Doenças emergentes • Ressurgimento de doenças • Estágio 5: longevidade paradoxal • Emergência de doenças enigmáticas • Capacitação tecnológica para sobrevivência do inapto Transição Epidemiológica Nos países industrializados: • declínio das taxas de mortalidade por algumas doenças crônico-degenerativas entre a população adulta de ambos os sexos, retardando o efeito da mortalidade por doenças crônico-degenerativas, sem alterar a composição das causas básicas de morte. • O conseqüente aumento da extensão da vida nesses países tenderia a provocar o aumento da invalidez e da dependência crescente de serviços sociais e de saúde, por largas parcelas da população. – seqüelas de AVC e fraturas após quedas – limitações provocadas pela insuficiência cardíaca e doença pulmonar obstrutiva crônica – amputações e cegueira provocados pelo diabetes – dependência determinada pela demência de Alzheimer • No presente, re-emergência das doenças infecto-contagiosas, em especial a tuberculose, ligada à AIDS, e resistência aos antibióticos No Brasil • TE não tem ocorrido de acordo com o modelo experimentado pela maioria dos países industrializados • Alguns aspectos caracterizam este “novo” modelo: – não há transição mas superposição entre as etapas onde predominam as doenças transmissíveis e crônico- degenerativas – a reintrodução de doenças como dengue e cólera, ou o recrudescimento de outras como a malária, hanseníase e leishmanioses indicam uma natureza não unidirecional denominada “contra-transição” – o processo não se resolve de maneira clara, criando uma situação em que a morbi-mortalidade persiste elevada por ambos os padrões, caracterizando uma “transição prolongada” – as situações epidemiológicas de diferentes regiões em um mesmo país tornam-se contrastantes (polarização epidemiológica) Transição Epidemiológica Taxa de Mortalidade • Razão entre freqüência absoluta de óbitos e número de expostos ao risco de morrer • Coeficiente de mortalidade pode ser geral ou específico – pelos que sofreram o evento • mortalidade por sexo • mortalidade por idade • mortalidade por local – pela causa de morte • Problemas: – sub-notificação de óbitos – problemas com a qualidade do registro de dados vitais (nascimentos / pop. total / óbitos) – problemas de variação da qualidade dos dados entre regiões e no tempo CM = Total de mortes em um ano x 1000 pop. total no meio do ano (todas as idades, mesmo ano) Mortalidade proporcional por idade segundo sexo Brasil, 2002 Fonte: MS/SVS / SIM Mortalidade proporcional segundo regiões brasileiras e faixa etária Brasil, 2002 Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/MS. Mortalidade proporcional por idade, segundo a região Brasil, 2002 Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/MS. Mortalidade Proporcional por Grupos de Causas • Distribuição percentual de óbitos por grupos de causas definidas, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. • Mede a participação relativa dos grupos de causas de morte no total de óbitos com causa definida. • Distribuição dos grupos de causas pode sugerir associações com fatores contribuintes/determinantes das doenças – proporções elevadas de óbitos por doenças infecciosas e parasitárias geralmente, baixas condições socioeconômicas e sanitárias. • Restrição de uso sempre que ocorre ↑ proporção de óbitos sem assistência médica ou por causas mal definidas. • Aumento percentual de óbitos atribuídos a um ou mais grupos de causas pode ser devido apenas à redução da ocorrência de outros grupos. • Influenciada pela estrutura da população por idade e sexo – Populações mais idosas predominam os óbitos por doenças crônico- degenerativas. Mortalidade proporcional por quatro causas de óbitos selecionadas Capitais Brasileiras – 1930-1990 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 DIP Neoplasias A. Circulatório C. Externas DIP 45,7 43,5 35,9 25,9 15,7 11,4 6,3 Neoplasias 2,7 3,9 5,7 8,1 9,7 11,2 14,3 A. Circulatório 11,8 14,5 14,2 21,5 24,8 30,8 32 C. Externas 2,6 2,4 3,3 4,8 7,5 7,7 14,3 1930 1940 1950 1960 1970 1980 1990 Fonte: IBGE, apud Costa, 2003 Ranking das principais causas de morte, Brasil. 1980 e 2000 Taxas de Mortalidade por Doenças Infecto-parasitárias, por sexo Nordeste e Sudeste – 1980 a 1995 0 20 40 60 80 100 120 140 NE homens NE mulheres SE homens SE mulheres NE homens 125 111 107 84 73 54 57 48 NE mulheres 99 85 81 66 55 40 42 36 SE homens 74 60 52 45 43 38 37 37 SE mulheres 52 42 36 30 28 24 24 24 1980/81 1982/83 1984/85 1986/87 1988/89 1990/91 1992/93 1994/95 Fonte: IBGE, apud Costa, 2003 Taxas de Mortalidade por Doenças do Aparelho Circulatório, por sexo Nordeste e Sudeste – 1980 a 1995 0 50 100 150 200 250 300 NE homens NE mulheres SE homens SE mulheres NE homens 140 146 161 150 152 146 152 146 NE mulheres 135 135 146 142 141 134 139 140 SE homens 268 263 273 265 273 255 255 247 SE mulheres 230 221 228 224 227 217 216 215 1980/81 1982/83 1984/85 1986/87 1988/89 1990/91 1992/93 1994/95 Fonte: IBGE, apud Costa, 2003 Taxas de Mortalidade por Neoplasias, por sexo Nordeste e Sudeste – 1980 a 1995 0 20 40 60 80 100 120 NE homens NE mulheres SE homens SE mulheres NE homens 40 42 45 43 44 44 45 46 NE mulheres 44 44 46 46 46 46 48 49 SE homens 86 88 90 91 91 94 98 100 SE mulheres 70 70 72 73 74 78 81 83 1980/81 1982/83 1984/85 1986/87 1988/89 1990/91 1992/93 1994/95 Fonte: IBGE, apud Costa, 2003 Percentual de óbitos por causas mal definidas, segundo regiões. Brasil, 2002 Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/MS. Mortalidade proporcional por causas definidas, segundo as regiões. Brasil, 2002 Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/MS. Mortalidade proporcional segundo as causas e as regiões brasileiras - Brasil, 2002. Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/MS. Mortalidade proporcional segundo causas e regiões para o sexo masculino – Brasil, 2002 Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/MS. Mortalidade proporcional segundo causas e regiões para o sexo feminino – Brasil, 2002 Fonte: Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/MS. Transição Epidemiológica • Doenças Infecciosas Persistentes, Emergentes e Reemergentes no Brasil. • Transição Nutricional: • Padrão de nutrição e consumo; persistência da fome e da desnutrição como problemas importantes, associado ao crescimento da obesidade em especial nas camadas sociais desfavorecidas. Transição Epidemiológica • Transição Desigual: • Situação paradoxal no Brasil dos indicadores de saúde gerando uma transição epidemiológica diferente conforme a região do país.
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