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Analise do Capitulo 30 chamado “O colonialismo na África: impacto e significação” de Albert Adu Boahen, da obra História Geral da África.

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Analise do Capitulo 30 chamado “O colonialismo na África: impacto e 
significação” de Albert Adu Boahen, da obra História Geral da África.
Obra:
ADU BOAHEN, Albert. Capitulo 30 – O Colonialismo na África: impacto e significado,
p. 930-961. In. ADU BOAHEN, Albert (org.) História Geral da África. Volume VII: 
África sob dominação colonial, 1880-1935. Brasília: UNESCO, 2010.
Pedro Spode
O trigésimo capitulo da coleção História Geral da África, do volume VII: África 
sob dominação colonial, 1880-1935, editada pela UNESCO, tem como título “O 
colonialismo na África: impacto e significação” de autoria do historiador ganês Albert 
Adu Boahen, especialista em história colonial da África ocidental e chefe do 
Departamento de História da Universidade de Legon Acra, Gana.
Sabendo que o colonialismo na África perdurou por um período de quase cem
anos, da década de 1880 até a de 1960, neste capitulo são tratados de forma 
imparcial e cientifica os pontos positivos e negativos do impacto colonialista em três 
elementos fundamentais na constituição do continente africano: O campo político, 
econômico e o social. 
Primeiramente é colocado pelo autor qual a influência e herança do 
colonialismo no âmbito político da África. O contexto naquela época era de intensa 
instabilidade, tanto na África quanto na Europa, esta que naquele momento estava 
seguindo rumo a primeira guerra mundial.
Passado a primeira guerra, na África os conflitos por expansão que eram 
intensos aparentemente haviam sido solucionados nas colonias, trazendo aparente 
estabilidade econômica. Outro ponto positivo, segundo o autor, seria o da divisão 
geopolítica mais bem estabelecida que os Europeus realizaram, tendo em vista que 
anteriormente a África era dividida em inúmeros povoados com fronteiras mal 
demarcadas, isso facilitou a administração e introdução de sistemas políticos e 
judiciários organizados nas colônias.
É impossível negar que temos alguns pontos positivos no colonialismo 
“Trabalho apresentado a disciplina de Tópicos Aprofundados em História Contemporânea, do curso 
de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria.”
Europeu na África, mas também não ha como refutar que todos estes pontos 
positivos, bem feitorias, foram como nas palavras do autor “acidentais”, ou seja, sem
planejamento prévio, pois certamente o objetivo maior das nações colonizadoras 
europeias não visava o bem estar da população local, e sim adquirir território e 
consequentemente lucro com aquela região.
Os pontos negativos da colonização naquela região, no âmbito político, não 
são difíceis de encontrar, pois ainda são muito evidentes naquele continente ate os 
dias atuais.
As divisões, que aos olhos das nações colonizadoras pareciam muito 
satisfatórias, se mostraram na realidade mais um divisor de territórios sem critérios 
lógicos para a população local, pois não foram levados em conta os vários povos e 
culturas que por essas demarcações equivocadas acabariam fragmentados. Outra 
questão relevante é que foram divididas regiões com muitos recursos naturais 
enquanto outras não possuíam poucos ou nenhum recurso natural, outro problema 
nas divisões territoriais foram os tamanhos das nações, que eram totalmente 
desproporcionais, deixando países com áreas muito reduzidas, outros com fronteiras
instáveis e sem acesso ao mar.
O sistema colonial impôs aos povos africanos a religiosidade cristã, ignorando
as religiões tradicionais de cada local e principalmente desestruturou 
psicologicamente e politicamente o povo local, exemplo disso é como é mencionado 
pelo autor que “(...) a propriedade pública não pertencia ao povo, mas às 
autoridades coloniais brancas(...)”, mostrando assim a desestruturação ideológica 
dos Europeus colonizadores para com o povo local, e o que pode ser visto hoje, em 
muitos países pobres da África é fruto desta desestruturação política, ideológica pelo
qual o africano passou, pois foi privado de praticamente tudo no período colonial 
Europeu.
Quando a questão é o impacto colonialista no terreno econômico da África 
não se tem nem de longe pontos positivos. A exploração econômica daquele 
continente durante o período colonial foi catastrófica, e certamente um dos 
elementos principais para o pouco desenvolvimento de muitos países da África.
É citado a construção de estradas, vias férreas, telégrafos, telefones, mas 
todas essas construções inovadoras não tiveram outro objetivo que não fosse a 
“Trabalho apresentado a disciplina de Tópicos Aprofundados em História Contemporânea, do curso 
de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria.”
busca desenfreada para retirar recursos naturais valiosos, produções agrícolas na 
maioria da vezes baseadas na monocultura, mineração (tendo em vista que nessa 
época já se tinha descoberto o rico potencial mineral de algumas regiões da África, e
as redes de telefonias e telégrafos só foram incorporadas no território africano para 
proporcionar facilidade de informação e comunicação para negociações econômicas
que visavam lucro de mercado as custas da produção do solo africano.
Um fato importante foi a introdução do dinheiro na cultura dos povoados, 
sendo usado como principal forma de pagamento, e não mais mercadorias, pois com
a entrada do dinheiro como moeda de troca se pode com facilidade introduzir o 
sistema capitalista Europeu até mesmo entre os Africanos, e como consequência 
disso se tem a introdução da economia monetária e assim o inicio das atividades 
bancarias, elevando o volume do comércio, comércio este que somente enriquecia 
as nações colonizadoras, pois a industrialização da África nunca foi incentivada 
pelos Europeus, mostrando que tratava-se puramente de exploração o que ocorria 
naquele local.
A pobreza e miséria existente em muitos países da África nos dias atuais é 
resultante desse processo intenso de exploração, pois se analisarmos os povos 
nativos africanos pré-colonização estes produziam alimentos diversificados para 
subsistência, e com advento da colonização e lógica de lucro e produção eles 
ficaram atrelados ao cultivo de monoculturas, sendo obrigados muitas vezes 
importarem alimentos básicos de outros países para seu próprio consumo.
Pode-se dizer tranquilamente que a economia Africana foi totalmente 
devastada no período colonial, sendo possível observar os resultados até os dias de 
hoje.
No plano social tem-se alguns autores que defendem a tese de que o 
colonialismo não foi de todo mal para a África, pois foi no período colonial que se 
construiu mais escolas, igrejas, houve adentramento de missionários religiosos que 
levavam a fé cristã para populações que viviam em regiões longínquas, entre outras 
coisas.
Outro fator abordado por estudiosos é o grande processo de urbanização da 
África no período colonial, ligado ao rápido crescimento populacional da maioria das 
cidades.
“Trabalho apresentado a disciplina de Tópicos Aprofundados em História Contemporânea, do curso 
de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria.”
É necessário analisar todas estas questões atentamente, pois tratam-se de 
questões muito mais profundas e complexas do que parecem. O processo de 
urbanização por exemplo, foi algo criado, ou seja, imposto pelos Europeus, 
principalmente para abrigar a população vinda da Europa nas cidades, pois havia 
enorme diferença de classes entre o campo e a cidade, com maior parte da 
população miserável vivendo no campo.
Outro ponto que é relevante ressaltar é a introdução do cristianismo nos 
povoados Africanos. Há de se entender que que todos os povos nativos já possuíam
algum tipo de crença própria a seculos, não necessitando assim serem adentrados 
na fé cristã.
As escolas construídas no período de África colônia alémde ser em número 
muito reduzido eram em sua maioria precárias, com ensino de baixa qualidade, e o 
mais serio de tudo era que a educação era introduzida para formar mão de obra, e 
com aprendizado voltado para a cultura e costumes Europeus, ignorando totalmente 
os seculos de cultura Africanas, cultura essa que em alguns locais era proibida de 
ser exaltada ou considerada inexistente pelos Europeus.
Portanto é evidente que com as escolas não se tinha interesse Europeu no 
desenvolvimento de suas colônias na África, e sim formar mão de obra barata.
É impossível não perceber o quanto a colonização Europeia foi prejudicial 
para a África, dentro de todos os elementos dispostos neste capitulo é evidente a 
influência Europeia na construção política, econômica e social do continente 
Africano, mesmo após a independência da maioria de suas nações os resquícios do 
passado colonial são muito claros, momentos delicados como o apartheid na África 
do Sul servem como exemplo, e pode ser facilmente associado a construção 
histórica da África, com seu passado de colonia.
Assim, diante de todos os fatos apresentados pelo historiador ganês Albert 
Adu Boahen, o impacto da colonização, principalmente na indiscriminada exploração
dos recursos da África foram seguramente mais negativos do que positivos, pois 
temos uma interferência cultural muito impactante, que provocou rupturas 
irreparáveis entre povos culminando com guerras civis devastadoras, fome, miséria 
e consequentemente, mais recentemente tentativa de uma vida mais digna em 
outros lugares, com as migrações ilegais, geralmente sob condições precárias o que
“Trabalho apresentado a disciplina de Tópicos Aprofundados em História Contemporânea, do curso 
de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria.”
faz com que muitos Africanos percam a vida na jornada, que tem como meta 
principalmente os países Europeus, que em um passado recente também entraram 
sem permissão em seu território.
“Trabalho apresentado a disciplina de Tópicos Aprofundados em História Contemporânea, do curso 
de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria.”

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