Buscar

Resumo P1 Sociologia Jurídica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A principal ideia do positivismo era a de que o conhecimento científico devia ser reconhecido como o único conhecimento verdadeiro.
Augusto Comte (1798-1857)
Francês fundador da sociologia enquanto ciência da sociedade. Foi um cientista e reformador social. Viveu em uma época onde houve grandes problemas sociais, evoluções tecnológicas e transformações decorrentes da revolução francesa (mesma época do Daens).
Conclui que a sociedade moderna está em crise, porém essa crise de sua época seria transitória e superficial, desapareceriam conforme a ordem social cientifico-industrial se desenvolvesse. Acreditava que, sendo a lei da sociedade industrial a riqueza, essa se ajustaria ao interesse de todos com a vinda da evolução do desenvolvimento industrial capitalista. 
Assim, ao se desenvolver, a nova sociedade industrial superaria as crises e seus problemas e promoveria a harmonia social. Para isso bastava restabelecer a ordem nas ideias e nos conhecimentos, criando um conjunto de crenças comuns a todos. Era necessário ensinar os homens a aceitar a ordem existente. As críticas e revoltas contra essa ordem só atrapalhavam o progresso da sociedade rumo à harmonia social. Apesar de criticar os conservadores, Comte era conservador em relação a aqueles radicais que queriam revolucionar a sociedade. Comte não queria revolucionar, e sim praticar pequenas reformas, preservando sua estrutura de funcionamento.
Comte acreditava que a única forma de por fim a crise, era acelerar o desenvolvimento científico-industrial, e para isso, criou um sistema de ideias científicas positivistas capaz de reger a ordem social industrial. Esse sistema de ideias científicas era a ciência que estava faltando, segundo Comte, a sociologia. Assim, segundo Comte, a Sociologia, enquanto “ciência positiva” (Física Social), teria a função de resolver a crise do mundo moderno, isto é, fornecer o sistema de ideias científicas que passaria a presidir a reorganização social afim de promover a harmonia social.
Para Comte, seria possível estabelecer, mediante o estudo científico dos acontecimentos constantes e repetitivos, as leis que presidem os fenômenos sociais, assim como as ciências naturais estabelecem as leis que regem os fenômenos naturais. A Sociologia positivista deveria então estabelecer os princípios da ordem social para a coletividade, fazendo com que o conjunto da sociedade aceitasse a realidade social concreta (real), parando de questioná-la e criticá-la mediante ideais abstratos (tidos como irreais) como a justiça, a igualdade, a liberdade, a democracia etc. Para ele, a ciência deveria regular a sociedade.
Divisão do objeto da sociologia em dois ramos principais com o objetivo de estabelecer leis estáticas e leis dinâmicas:
	Estática Social (Teoria da Ordem)
Estudo dos princípios que regem toda a ordem social em determinado momento histórico. Verificação da relação entre as principais instituições ou conjuntos institucionais da sociedade como a economia, a família, a política etc.
Verificação da relação mútua entre as principais instituições ou conjuntos institucionais da sociedade. Estudo de como essas instituições se inter-relacionam e estabelecem a ordem social.
	
Dinâmica Social (Teoria do Progresso)
Enquanto a estática social define a ordem essencial de toda sociedade humana; a dinâmica social estabelece as etapas pelas quais passou essa ordem fundamental até alcançar a etapa final, ou seja, o estado positivo.
Com base na dinâmica social Comte estabelece então a Lei dos Três Estados, ou seja, as etapas sucessivas da evolução natural da inteligência ou espírito humano e das sociedades:
	- Teológico: explicações sobrenaturais (divindades). Monoteísmo, politeísmo e fetichismo (seres inanimados e animais). Período da Idade Média.
	- Metafísico: explicações baseadas em entidades abstratas (Direitos do Homem - igualdade, liberdade, justiça; Estado Constitucional, etc.). Período que vai da Renascença às Luzes.
	- Positivo ou científico: explicações pela ciência, fundamentadas na realidade empírica. Idade Industrial no século XIX – período promotor das ciências e técnicas e instaurador de uma nova ordem, onde os poderes serão compartilhados por sábios, filósofos e industriais. 
Comte queria divulgar o positivismo como uma nova religião. Sua tarefa é fazer com que todos os homens se tornem positivistas; mostrar a todos que a organização positivista é racional para a ordem temporal, ensinar-lhes o altruísmo e o amor na ordem espiritual ou moral.
Desde as revoluções do séc. XVIII, o modo de desenvolvimento capitalista pertence as classes burguesas, e isto quer dizer que toda a ciência sofre a pressão desta classe, a fim de combater qualquer inquietação da classe de oposição, a classe trabalhadora. O termo “ordem e progresso” evidencia essa ordem capitalista, que segundo ela, para se ter progresso, deve ter ordem, ou seja, não se deve haver inquietações, pois com a paz, virá em seguida o desenvolvimento de todas as forças produtivas a serviço da industrialização, da propriedade privada, do trabalha assalariado e da acumulação de riquezas. Em outras palavras, o progresso, capaz de retirar os homens da miséria, viria naturalmente se houvesse ordem.
O positivismo comtiniano trata a sociedade como um simples conjunto de fenômenos imutáveis, enxerga a história social e humana como apenas uma linha reta, sendo assim fácil de predizer o futuro. Esse estilo de pensamento, muito foi visto no dizer dos marechais republicanos e nos militares de 64.
Aqui não cabem os homens refletirem e reivindicarem sobre, pois a lei está acima da sociedade, e esta já compreendeu a especificidade do corpo social e já ordenou da melhor forma possível, e aos cidadãos, cabe apenas cumprir a lei. (Direito dogmático). Exemplo de direito duradouro, é o casamento, por anos foi visto por esse tipo de direito como uma união estável e duradoura, entre indivíduos do sexo oposto. Para que houvesse a possibilidade do divórcio, foram necessários anos e anos de luta. Isso não seria possível no positivismo de Comte.
No positivismo dogmático de Comte, cabe apenas a neutralidade do legislador e do judiciário, não levando em conta os fatos que levaram a tal ato, mas sim apenas penalizando unicamente conforme a lei prevê, engessadamente. Isso acaba por ferir os valores dignos do direito: justiça, igualdade e liverdade. Vê-se que o positivismo Comtiniano acaba por favorecer as elites, que querem tudo como está, ou seja, esta doutrina não se encaixa em uma sociedade de classes, sendo que, a nobreza desta ciência está em fazer justiça, e não administrar o Estado de classes.
Marx e o capitalismo
“A desvalorização do mundo humano cresce na razão direta da valorização do mundo das coisas” (Karl Marx)
Karl Marx (1818-1883)
Marx viveu num contexto histórico (séc. XIX) marcado pela expansão da sociedade capitalista industrial pela Europa. E é justamente essa sociedade que ele vai buscar compreender mediante a análise do seu desenvolvimento e das suas contradições. Marx faz uma análise sócio-econômica do sistema capitalista. Considera a luta de classes na sociedade capitalista o fato mais importante dessa sociedade, uma contradição que revela a natureza essencial dessa sociedade, permitindo prever o seu desenvolvimento histórico futuro.
Marx é considerado por muitos o maior intérprete do capitalismo, aquele que melhor decifrou a natureza dessa sociedade. E é justamente por ter produzido obras que desvendam a essência do capitalismo que suas reflexões e teorias ainda nos são úteis, utilizadas inclusive para se entender as transformações em curso, como, por exemplo, o fenômeno da globalização.
Marx é, ao mesmo tempo, cientista, prognosticador e homem de ação.
- Cientista – Busca uma explicação sócio-econômica científica da sociedade capitalista. Formula então uma teoria sobre o capitalismo e sobre a sua influência sobre os homens.
- Prognosticador – Marx também formula uma teoria sobre o desenvolvimento futuro do capitalismo. Para isso utiliza-se deuma perspectiva evolucionista da histórica, segunda a qual as sociedades marchariam para uma sociedade ideal, o comunismo, passando, antes, pelo capitalismo. Para Marx, o progresso do capitalismo criaria condições para a sua própria destruição. Assim, a sociedade capitalista seria, no futuro, substituída por uma sociedade mais evoluída que o capitalismo, ou seja, o comunismo, uma sociedade perfeita, pois promotora da igualdade sócio-econômica entre os homens. Apesar de se constituir num dos maiores críticos do capitalismo e prever a sua destruição, Marx, entretanto, não nega a importância histórica dessa sociedade, enxergando-a como uma etapa importante na evolução da humanidade rumo ao comunismo. Nesse sentido, o comunismo só poderia surgir do seio do capitalismo, se constituindo, assim, na sua evolução natural.
- Homem de ação – Marx considera o homem sujeito da história (e não apenas o seu mero espectador). Então prega a necessidade da ação humana para que a evolução rumo ao comunismo se realize. Para Marx, assim como a burguesia havia sido a classe revolucionária que sepultou o antigo modo de produção feudal e estabeleceu o modo de produção capitalista, a classe operária seria então o sujeito histórico que promoveria o fim da sociedade capitalista e o surgimento da sociedade comunista. Assim, essa classe explorada no capitalismo seria a classe revolucionária da última etapa da evolução histórica da humanidade, ou seja, a transição do capitalismo para o comunismo. 
Conceitos de Marx
Forças produtivas
Forças produtivas são todos os elementos reunidos pelo homem para se produzir algo. Esses elementos definem a capacidade de uma dada sociedade produzir. As forças produtivas podem ser humanas ou materiais (meios de produção):
- humanas - conhecimento técnico-científico (qualificação do trabalhador), organização do trabalho coletivo, etc);
- materiais (são os meios de produção) – terra, água, aparelhamento técnico, ferramentas, máquinas, fontes de energia, prédio, matéria-prima, etc.
Relações de produção
Relações de Produção são relações sociais que os homens estabelecem entre si para produzir e distribuir a renda que resulta dessa produção. Ao longo da história, toda sociedade estabeleceu uma forma diferente de produzir e dividir a produção.
As relações de produção encontram-se determinadas pelas relações de propriedade. Ou seja, é o fato das pessoas serem proprietários dos meios de produção (burguesia ou capitalista), ou não proprietários dos meios de produção (trabalhadores), que define a sua função no processo produtivo e o tamanho da sua parte na divisão das riquezas. No capitalismo, por exemplo, a relação de produção é assalariada, ou seja, a burguesia (dona dos meios de produção), para realizar a produção, compra a força de trabalho da classe trabalhadora com o salário. Dessa forma, ela fica com a maior parte da renda produzida, enquanto a classe operária, que é obrigada a vender sua força de trabalho para sobreviver porque não possui meios de produção próprios, recebe apenas uma pequena parcela da riqueza/renda produzida.
Modo de produção
Modo de Produção é a maneira como uma sociedade se organiza para produzir bens e serviços. Um modo de produção é definido pelas forças produtivas e pela relação de produção predominante em determinada sociedade. Exemplo: No Brasil colonial de economia agrária e escravista, as forças produtivas eram sobretudo a terra, o braço humano, os animais de tração e ferramentas e maquinários relativamente simples. A relação de produção era escravista, ou seja, concentrava-se na posse de escravos, que para produzir utilizavam os meios de produção de seus senhores (donos). Esses senhores, donos dos meios de produção, tinham autoridade para se apropriar de tudo o que os escravos produziam, incluindo de seus filhos.
Etapa evolutiva ocidental dos modos de produção:
- Modo de produção antigo - Relação de produção escravista (senhores patrícios X escravos)
- Modo de produção feudal - Relação de produção servil (senhores feudais X servos)
- Modo de produção capitalista - Relação de produção assalariada (burguesia X proletariado)
Classe social
Definição: grupo de pessoas que compartilham uma mesma situação no que se refere à propriedade dos meios de produção. Logicamente Marx tem consciência que as sociedades geralmente são constituídas de vários grupos sociais, mas a ele interessa especificamente apenas duas classes fundamentais: os possuidores dos meios de produção e os não possuidores dos meios de produção. Para Marx, essas duas classes sociais são antagônicas e permaneceram em constante conflito, ou seja, estabeleceram uma luta de classes, uma luta de interesses que em alguns momentos emerge em conflitos mais escancarados, como no caso das mobilizações coletivas e revoltas.
Mais-valia
A extração da mais-valia se realiza da seguinte forma: “Uma vez que os trabalhadores não possuem nem controlam os meios de produção, eles dependem dos patrões, que compram seu tempo em troca de salários. Os empregadores exploram essa dependência pagando aos trabalhadores apenas uma parte do valor do que eles produzem e conservam o resto – a mais-valia – para si mesmos sob a forma de lucro.” Assim, a mais-valia pode ser definida como o trabalho excedente não pago, que o capitalista expropria do trabalhador. Essa apropriação do trabalho alheio por parte do capitalista se dá por meio da apropriação do objeto produzido, efetuada pelo capitalista (dono dos meios de produção) e não pelo trabalhador que o produziu.
Assim, segundo Marx, a mais-valia revela o caráter extremamente injusto da relação social capitalista. A extração da mais-valia se sustenta no que Marx via como a causa fundamental da desigualdade nessa sociedade: a propriedade privada dos meios de produção. É a propriedade privada dos meios de produção que dá o direito a quem a detém de explorar quem não a tem por meio da extração da mais-valia. Por isso, Marx prega o fim da propriedade privada dos meios de produção e, por conseguinte, do próprio sistema capitalista.
Política e Estado na concepção de Karl Marx
Para Marx, a política e o Estado são fenômenos secundários em relação aos fenômenos que ele considera essenciais para compreender uma sociedade: o econômico e o social. Nesse sentido, a organização política (o Estado e as Leis) de uma dada sociedade é determinada por sua estrutura econômica e social. O poder político (e suas leis) é o meio pelo qual a classe dominante de determinada sociedade mantém o seu domínio e a sua exploração sobre o restante da sociedade. Dessa forma, no caso do capitalismo, o Estado cumpre a função de administrar os negócios comuns da classe burguesa e, assim, defender os interesses dessa classe.
Comparação entre Marx e Comte
	AUGUSTO COMTE
	KARL MARX
	Considera os conflitos de classes na sociedade capitalista como imperfeições de correção fácil.
	Considera os conflitos de classes na sociedade capitalista um fenômeno inerente, intrínseco a essa sociedade. Ou seja, faz parte da essência dessa sociedade. Para Marx, o conflito entre burguesia e proletariado revela a natureza essencial dessa sociedade, permitindo prever o seu desenvolvimento histórico. Assim, esses conflitos são impossíveis de serem resolvidos ou suprimidos em uma sociedade capitalista.
	Estabelece as etapas da história a partir do modo de pensar: teológico – metafísico – positivo.
	Estabelece as etapas da história a partir dos regimes econômicos (modo de produção): Antigo (escravista) – Feudal (servil) – Capitalista (assalariado).
Materialismo histórico
Segundo Marx, em todas as sociedades podemos distinguir a infra-estrutura e a superestrutura:
Infra-estrutura: base econômica formada pelas forças produtivas e as relações de produção.
Superestrutura: formada pelas instituições jurídicas e políticas, pelas formas de pensar, ideologias e filosofias.
Segundo Marx, a história deve ser compreendida pelo jogo das contradições entre os níveis da infra-estrutura(forças produtivas X relações de produção) e entre a infra-estrutura e a superestrutura. Numa certa fase do seu desenvolvimento, as forças produtivas entram em contradição com as relações de produção, provocando uma revolução social, pois essa mudança na base econômica abala toda a superestrutura. A contradição entre as instâncias culmina na destruição de uma estrutura e no aparecimento de outra. Ex.: Passagem do feudalismo para o capitalismo, Revolução Francesa, Independência dos EUA.
Marx e o caráter contraditório da sociedade capitalista
São três:
Luta de classes (contradição fundamental): A luta de classes é algo que vem antes do capitalismo, é o antagonismo de interesses, e sempre categoriza o fim de uma sociedade, seja pelo colapso das classes em luta, ou pela transformação da sociedade, que a substitui por outra. Essa luta historicamente sempre surgiu com a revolução da classe oprimida. O capitalismo não aboliu as contradições de classe, apenas substituiu as velhas opressões por novas, de forma mais velada.
Segundo Marx, a tendência da sociedade capitalista seria eliminar as classes intermediárias e se dividir cada vez mais em apenas duas classes antagônicas: a burguesia e o proletariado. Sendo o proletariado o agente transformador da sociedade capitalista, a classe revolucionária em potencial que fundará uma nova sociedade.
	Para isto, contribuirá o fato de que, ao mesmo tempo em que cresce a massa trabalhadora empobrecida, aumenta também a sua concentração em grandes centros urbanos industriais para vender a sua força de trabalho, por conseguinte, aumenta também sua capacidade de organização, luta, educação e tomada de consciência de sua situação social precária. Aumenta, portanto, a possibilidade dessa classe se revoltar e lutar por seus interesses contra os interesses da classe oponente (a burguesia), e também por uma sociedade mais justa e igual. Assim, para Marx, ao fim de uma longa evolução, marcada por contradições e lutas de classe, a história deve parir uma sociedade comunista sem classes e, portanto, de paz e abundância. As relações capitalistas burguesas seriam então a última forma contraditória do processo de produção social da história da humanidade.
Desigualdade evolutiva entre forças produtivas e relações de produção: O problema é que as forças produtivas se desenvolvem mais rápido do que as relações de produção, fazendo com que estas fiquem defasadas e necessitem de uma revolução para se adequarem ao desenvolvimento das forças produtivas. Esta diferença de desenvolvimento dá ensejo à luta de classes, pois, nos períodos revolucionários (de contradição), uma classe está associada às antigas relações de produção, que constituem obstáculos ao desenvolvimento das forças produtivas, enquanto que a outra é progressista, luta pelo desenvolvimento das forças produtivas.
Assim, conforme Marx, o próprio capitalismo teria surgido do afloramento desta contradição na sociedade feudal. Vejamos como isso ocorreu. A passagem do feudalismo para o capitalismo trouxe como consequência as revoluções burguesas (Revolução Inglesa, Revolução Francesa, etc.), pois a burguesia capitalista ascendente assumiu o papel de classe progressista revolucionária na defesa do desenvolvimento das novas forças produtivas capitalistas, enquanto que a nobreza lutava para preservar privilégios que vigoravam nas antigas relações de produção oriundas do sistema feudal, prejudicando assim o desenvolvimento das relações capitalistas. Sendo assim, as burguesias nacionais foram fazendo as revoluções em suas respectivas nações para através do poder político retirar os entraves feudais que atrapalhavam o desenvolvimento do modo de produção capitalista em curso.
Aumento de riquezas e crescimento de miséria: Esta contradição está intimamente ligada a outra contradição: a produção de bens é social, mas a apropriação é individual. A produção é um processo social, ou seja, os produtos são produzidos pela coletividade, mas a apropriação é individual, ou seja, somente se apropria do produto produzido o dono dos meios de produção, isto é, o burguês capitalista.
Prognóstico do fim do capitalismo e a implantação do comunismo
Segundo Marx, as contradições próprias do sistema capitalista provocariam uma crise revolucionária que poria fim ao capitalismo mediante a tomada do poder político pela classe proletária. Isto porque o desenvolvimento descontrolado das forças produtivas do sistema capitalista provocaria superproduções e crises cada vez mais intensas e globais. Isto desembocaria em uma crise intensa o suficiente para provocar um grande agravamento da miséria no seio da sociedade e um grande acirramento da luta de classes entre o proletariado e a burguesia. Tal crise levaria o proletariado a fazer uma revolução objetivando a tomada violenta do poder político de burguesia representado pelo Estado e o estabelecimento da ditadura do proletariado. A ditadura do proletariado seria necessária para promover o confisco da propriedade privada pelo Estado e o combater à inevitável resistência da burguesia contrarrevolucionária. Assim, Marx imaginava a ditadura do proletariado não como algo vitalício, mas apenas como uma etapa provisória para se promover as mudanças necessárias para a constituição de uma nova sociedade, a sociedade comunista.
Uma vez no poder, o proletariado promoveria o fim da propriedade privada e a centralização gradativa de todos os instrumentos de produção nas mãos do Estado. Com o fim da propriedade privada mediante o seu confisco pelo Estado Comunista, desapareceria também a divisão da sociedade em classes e, portanto, a luta de classes. O Estado planejaria também a produção de acordo com as necessidades da sociedade, evitando, assim, o excesso de produção e as crises periódicas de superprodução. Ao suprimir as relações burguesas de produção, com a abolição da propriedade privada e o desenvolvimento da produção, primeiro sobre o controle do Estado e depois nas mãos dos indivíduos associados, o proletariado acabaria até mesmo com a sua própria dominação de classe estabelecida pela ditadura do proletariado. Nesse sentido, a ditadura do proletariado se constituiria apenas numa fase necessária rumo a nova sociedade que Marx idealizava.
Por último, Marx acreditava que o fim da luta de classes provocaria o desaparecimento da política e do Estado, pois estes são subprodutos dos conflitos sociais que deixariam então de existir. Assim, na sociedade comunista futura a política e o Estado se tornariam desnecessários e, portanto, seriam suprimidos, ou seja, a sociedade comunista poria fim à política e ao Estado.
Obs: o socialismo científico destina-se a desvendar as leis naturais que regem o desenvolvimento histórico da humanidade rumo à sociedade socialista, com o propósito de conscientizar o proletariado das condições e da natureza da sua missão histórica revolucionária de tornar os homens livres, senhores do seu destino.
Aspectos da atualidade do pensamento de Karl Marx
- A emancipação humana como uma luta necessária (luta contra a subordinação do homem ao capital e à produção e contra o trabalho incessante e alienante);
- O ideal de justiça social (mesmo que adaptado e conformado à sociedade capitalista);
- As análises e teorias da exploração do trabalho, da expansão do capitalismo e das crises de superprodução e suas consequências ainda continuam influenciando as análises econômicas, sociais e políticas do mundo contemporâneo.

Outros materiais

Outros materiais