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analise do filme: Danton (1983)

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FMU, 2019 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Analise do filme “Danton - o processo da revolução” de Andrzej Wajda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Renan Otoni Agostini – RA: 8682110 
Prof: André Oliva Teixeira Mendes – História das Revoluções. 
Sobre o trabalho: 
O presente trabalho tem como proposta analisar o filme “Danton” ou em português, 
“Danton - o processo da revolução”, do diretor Andrzej Wajda, de 1983. Com base no texto 
de Manuela Penafria, “Analise de filmes – conceitos e metodologia(s)” farei minha análise, 
assim como outros textos, especialmente o “Cinema e Política” de Furhammar e Isakasson. 
Com isso, pretendo usar de uma de suas definições propostas em seu texto sobre 
analise, que seria a sua segunda definição a “analise de conteúdo”, assim como, em certa 
medida trabalharei com outros conceitos e com características de outras analises, 
especialmente da “analise de imagem e do som”. Mas, como a própria autora deixa claro que 
“Cada tipo de análise instaura a sua própria metodologia, no entanto, parece-nos que optar 
por apenas um tipo de análise, poderá o analista ficar com a sensação de dever cumprido 
mas, também, com a sensação de que muito terá ficado por dizer acerca de um determinado 
filme ou conjunto de filmes.” (PENAFRIA, 2009, pag. 7), então, posto isso, minha analise 
demanda uma análise externa, por que como a autora propõe o filme é “o resultado de um 
conjunto de relações e constrangimentos nos quais decorreu a sua produção e realização, 
como sejam o seu contexto social, cultural, político, económico, estético e tecnológico.” 
(PENAFRIA, 2009, pag. 7). 
Diante disso, minha analise depende primeiramente de uma biografia do diretor, 
expondo suas ideias e posicionamentos que vão ser refletidas em cena, em segundo 
momento, do tema do filme, do que ele se trata, assim possibilitando, enfim, a análise do 
filme, como conteúdo. 
Sobre o diretor: 
O diretor do filme é Andrzej Wajda, nascido na Polônia em 6 de marco de 1926. Wajda, 
tem uma história de vida no cinema muito ligada à o que ele viveu, especialmente, sobre 
questões políticas. 
Em 1940 seu pai, Jakub Wajda, foi morto em combate, num massacre causado por 
tropas soviéticas em Katyn. E em 2008, Wajda lanca o filme “Katyn” que retrata esse 
massacre. Num texto escrito por Boris Fausto para Folha de S. Paulo sobre o que seria o tema 
do próximo filme de Wajda, em 2008, ele explica “Nela, haviam sido lançados os corpos de 
mais de 20 mil poloneses. Era mais um massacre entre os muitos perpetrados durante o 
conflito, mas este tinha características específicas: os autores da chacina não tinham sido os 
nazistas, e, sim, os comunistas russos.” (FAUSTO, 2008) O que vai repercutir em toda a 
carreira de Wajda. 
Assim como no IMBd, site que reúne grande parte das informações de filmes, ou como 
os diretores, na página de biografia de Wajda, encontramos informações importantes sobre 
os filmes que ele dirigiu. Seu primeiro filme, “Geração" (1955), é sobre a geração de jovens 
que amadureceram durante a ocupação nazista da Polônia, os outros como, “Kanal" (1957) e 
“Cinzas E Diamantes" (1958) também tratam sobre guerra e a vida na Polônia, até “O Homem 
de Ferro"(1981) todos os filmes tocavam no assunto de guerra, e sobre seu país. De maneira 
indireta ou direta. Alguns como “Terra prometida” (1975) trabalhavam mais com simbolismo, 
inclusive o mesmo, foi indicado ao Oscar em 75. 
Além de sua carreira no cinema, ele teve forte atuação política ao longo de sua vida. 
Entre o lançamento de “Kanal” e “Cinzas E Diamantes”, que seria entre 1957 e 1958, sob 
pressão das autoridades soviéticos na Polônia “[...] Wajda se posicionou como um artista que 
estava acima do conflito. Ele ainda conseguiu mostrar a guerra civil não declarada entre duas 
forças polonesas anti-nazistas, que foram divididas pela ideologia política: os comunistas 
poloneses e os partidários heróis folclóricos do Exército Nacional.” e “Em 1981, Wajda se 
juntou ao movimento trabalhista "Solidariedade" de Lech Walesa .” (informações e a citação 
foram encontradas no site IMBd, que indica como autor do texto Steve Shelokhonov). De 
1989 a 1991, é eleito senador da república da Polônia, de 1991 a 1995 foi membro do 
Conselho Presidencial da Cultura, fundou o Centro de Arte e Tecnologia Japonesa em 
Cracóvia, e recebeu a Ordem do Sol Nascente no Japão (1995). 
Diante disso, temos primeiramente um diretor extremamente ligado a política, e 
anticomunista, o que nos leva a Escola Polonesa de Cinema, da qual falarei com mais 
profundidade nos tópicos seguintes, que de modo geral, ele é reconhecido como “líder” desse 
movimento de diretores. Mas, de modo geral, a vida de Wajda, no âmbito profissional e 
pessoal, dos quais se confundem, é retrata em diversas maneiras nos seus filmes. 
Sobre o filme: 
Para esse segundo tópico, que explicarei o filme em si, sem muito aprofundamento, o 
que farei no terceiro tópico, tratarei do tema em si, por si só. Mais sobre o que se trata o filme 
em um breve resumo do que uma análise técnica. 
O filme vai retratar os momentos finais da vida de Danton, no contexto do terror 
revolucionário, e seu processo de acusação de traição, conspiração e corrupção. Num clima 
de suspense total, onde cada cidadão pode ser um potencial inimigo do governo e da 
revolução. Com isso, temos três personagens que podemos destacar do filme: o primeiro 
personagem é a própria revolução, como algo vivo e sempre presente no filme, como em 
discussões sobre o que ela representa ou no que ela deveria ser; o segundo é o próprio 
Danton (Gerard Depardieu), agente fundamental dentro do drama; e o terceiro como 
antagonista é o, incorruptível, Robespierre (Wojciech Pszoniak). 
O processo de Danton é a drama principal. E o processo seria a acusação por participar 
de atos de corrupção, que conspiravam contra o governo revolucionário. Por isso o filme vai 
tratara das diferenças entre esses três personagens que se destacam dentro deste contexto. 
Especialmente a relação de Danton e de Robespierre com o primeiro personagem, a 
revolução e como mantê-la. De modo geral esse é o centro do filme, que movera a drama. 
Analise do filme: 
Neste último tópico meu objetivo é uma análise contextual e profunda do conteúdo 
do filme, o que, como dito no primeiro tópico, demanda do contexto e das referências do 
diretor. Com isso, veremos que essa análise é política, depende de conhecimento sobre a vida 
e os alinhamentos do diretor, como visto no segundo tópico. Posto isso, tratarei desta analise 
em dois momentos. O primeiro sobre o conteúdo do filme, e de quem o fez, e depois uma 
análise técnica do próprio filme. 
Como visto, Wajda, como cineasta é um agente político fruto de seu tempo e sua 
realidade material moldou sua forma de ver o mundo, e isso é visto em suas obras. E os filmes 
foram a melhor maneira de explorar suas angustias sobre o mundo ao exibi-las indiretamente 
em suas obras, para isso, Marc Ferro fala sobre: “[o cinema] destrói a imagem do duplo que 
cada instituição, cada indivíduo se tinha constituído diante da sociedade. A câmera revela o 
funcionamento real daquela, e diz mais sobre cada um do que queria mostrar. Ela descobre 
o segredo, ela ilude os feiticeiros, tira as máscaras, mostra o inverso de uma sociedade, seus 
“lapsus”. É mais do que preciso para que, após a hora do desprezo venha a da desconfiança, 
a do temor (...). A idéia de que um gesto poderia ser uma frase, esse olhar, um longo discurso 
é totalmente insuportável: significaria que a imagem, as imagens (...) constituem a matéria 
de uma outra história que não a História, uma contra-análise da sociedade.” (FERRO,M, 1976. 
p. 202-203.) Posto isso, estudar cinema é estudar as técnicas e as maneiras como construir 
algo que vai além de uma narrativa, mas, de constituir um significa sobre esse momento da 
história, para legitimar uma narrativa. Sendo assim, um resultado desse contexto material, e 
de suas práticas, em resposta ao próprio. 
A escolha do tema do filme não é sem motivo “Em 1789, cerca de um em cada cinco 
europeus era francês. [...] ela foi, diferentemente de todas as revoluções que a precederam 
e a seguiram, uma revolução social de massa, e incomensuravelmente mais radical do que 
qualquer levante comparável. [...] Em terceiro lugar, entre todas as revoluções [...] foi a única 
ecumênica. Seus exércitos partiram para revolucionar o mundo; suas ideias de fato o 
revolucionaram.” (HOBSBAWM, 1982, p. 72). Por exemplo, muitos pensadores de diversas 
correntes ideológicas vão escrever sobre a revolução francesa, e ao assistir ao filme, e 
sabendo de alguns textos como de Burke ou de Tocqueville, que são conservadores, vemos o 
alinhamento de Wajda ao retratar, em especial, o período de Terror da revolução e como ele 
constrói os personagens. Numa passagem de Burke sobre a revolução: “A partir desse 
momento não há bússola que nos guie, nem temos meios de saber a qual porto nos dirigimos. 
A Europa, considerada em seu conjunto, estava sem dúvida em uma situação florescente 
quando a Revolução Francesa foi consumada. Quanto daquela prosperidade não se deveu ao 
espírito de nossos costumes e opiniões antigas não é fácil dizer; mas, como tais causas não 
podem ter sido indiferentes a seus efeitos, deve-se presumir que, no todo, tiveram uma ação 
benfazeja” (BURKE, 1982, p. 102). 
Em 1:47:45, no tribunal, em meio de seu segundo discurso, Danton fala “Temo que a 
revolução, como saturno, devore um após outro, os seus próprios filhos". A revolução, para 
Wajda, destrói seus ideais e preceitos fundamentais. Mas, quais ideais e preceitos? Ora, no 
começo do filme vemos uma criança recitando os três primeiros artigos da “A Declaração dos 
Direitos do Homem e do Cidadão" para aprender a ser um bom revolucionário. 
Art.1.º - Os homens nascem e são livres e iguais em direitos. As distinções sociais só podem 
ter como fundamento a utilidade comum. 
Art. 2.º - A finalidade de toda associação política é a preservação dos direitos naturais e 
imprescritíveis do homem. Esses direitos são a liberdade, a prosperidade, a segurança e a 
resistência à opressão. 
Art. 3.º - O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. Nenhuma 
operação, nenhum indivíduo podem exercer autoridade que dela não emane expressamente. 
Como dito no segundo tópico, Wajda é reconhecido como “líder” dessa escola 
polonesa de cinema, ela é resultado de um momento mais aberto que a Polônia vivia sobre o 
regime stalinista, dando a oportunidade para os cineastas poloneses escaparem da censura 
soviética. No artigo “Um fenômeno chamado Escola Polonesa: autoritarismo, cinema e 
memória na Polônia pós-guerra (1945-1956)” de Vinícius Santos de Medeiros, vemos que 
existe uma discussão historiografia sobre o assunto “O historiador Stanisław Ozimek afirma 
que a Escola Polonesa ‘fora a primeira formação ideológica e artística discernível na história 
do cinema nacional’ (1980, p. 201, apud HALTOF, ibidem, p. 74). Contudo, o termo escola tem 
sido problematizado por muitos estudiosos, já que o período compreendido entre a segunda 
metade da década de 1950 e o início dos anos 1960 é caracterizado por temáticas diferentes 
entre si, assim como por uma multiplicidade de tendências estéticas e expressões autorais. A 
diversidade, portanto, seria a marca essencial de um fenômeno multifacetado, polifônico, 
dialógico e autoral como a Escola Polonesa (HENDRYKOWSKI, 1998, p. 9 apud HALTOF, 
ibidem, p. 75).” (MEDEIROS, p. 8) de todo modo, é resultado cultural de um momento, nessa 
forma “subterrânea” e “clandestina”, definidas pelo próprio, e que foram silenciados pelo 
regime stalinista. Tenho em mente isso, a crítica a ideia de revolução de Wajda é, assim como 
sua obra, resultado de seu contexto histórico. A liberdade, fraternidade e igualdade é posto 
em dúvida por Wajda, com o final do filme com a mesma criança, do início, recitando a “A 
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão" mostrando a ironia da história. 
Como parte da análise do filme a compreensão do mise en scène, ou aquilo que está 
posto em cena, nos ajuda a identificar a nuances do enredo, ou seja, de como o filme será 
contado. Em suas propostas visuais. Desde a cenografia, até mesmo, atuação, e a trilha 
sonora, como visto no artigo de (RAMOS, 2012). E como dito, o posicionamento de Wajda vai 
ser retratado de diversas formas, assim como na construção dos personagens. 
Algumas cenas nos ajudam a compreender, ao menos, o que Wajda propôs para cada 
um dos três personagens principais que destaco no terceiro tópico. Uma delas, é no começo 
do filme. Da qual apresenta dois dos nossos personagens destacados, Revolução e Danton, 
são apresentados pela primeira vez. A cena, desde o início do filme, tem como ambientação, 
com a trilha sonora de Jean Prodromidès, um ambiente de suspense que acompanha a 
carroça que leva Danton para a cidade. 
. 
A guilhotina que assombra a cidade com sua presença. 
 
E Danton que a observa. 
Essas passagens são comuns no cinema, especialmente ao fazer uma análise mais 
simbólica, e até certo ponto pessoal da minha parte, vemos que, assim como no começo do 
filme a guilhotina assombra Danton, é o que representa a opressão contra o povo. Ou, o que 
Wajda quer mostrar como o instrumento do terror, que será usado em Danton no final do 
filme, e até descrito “História da Revolução Francesa”, de Thomas Carlyle, em 2:08:46 Danton 
fala “Pode mostrar minha cabeça ao povo. Valera a pena”. 
O simbolismo está em representar nela o terror revolucionário que Wajda condena. 
Assim, como visto no artigo de (ALVES, 2016) ao retratar o discurso narrativo no cinema. Um 
exemplo interessante disso é essa cena do “O poderoso chefão II”. 
 
Como a própria autora explica a cena “Um plano geral de uma multidão de italianos 
que se aproximam apressados da proa do barco é intercalado com travellings em primeiro 
plano de Vito e dos outros imigrantes que admiram a estátua. Entre eles muitas crianças, o 
que remete à ideia de esperança e confiança no futuro, associadas ao “sonho americano” da 
prosperidade adquirida com esforço, diretamente ligado à política capitalista norte-
americana. A noção é reforçada pessoalmente para Vito, quando o garoto é colocado em 
quarentena na Ilha Ellis e, ao entrar no quarto, observa a estátua pela janela.” (ALVES, 2016. 
P. 318). A estátua representa o sonho capitalista, enquanto para nossa analise, a guilhotina, 
representa o terror. 
Outra cena é de Robespierre discursando no tribunal em frente dos aliados de Danton, 
por volta de 1:17:40. Para entender uma cena de discurso como essa devemos considerar 
certos fatores, que complementam nossa analise, e tais fatores numa cena como essa são os 
apelos narrativos dos quais serão postos com Robespierre, e assim com Danton nas suas 
cenas de discurso no julgamento, em 1:40:00 pra frente. Esses apelos narrativos, dentro dessa 
analise retorica, se dividem em três tipos: Ethos, Logos e Pathos. E nessa cena, encontraremos 
o apelo ao Logos, o apelo do raciocínio logico. Onde quem discursa apresenta fatos em uma 
sequência lógica fazendo com que o público fique convencido e aceite como verdade o que o 
orador está falando (ALVES, 2016). 
 
Por volta de 1:17:57, começa o discurso de Robespierre no tribunal. Os membros, a 
favor de Danton, que são maioria, gritam “abaixo ao ditador”, mas aosubir à tribuna suas 
palavras são de camaradagem “Há muito tempo a Convecção não vê tal paixão” ao se referir 
ao tumulto no tribunal. E indaga “Vamos colocar certos indivíduos acima da Republica?”. 
Assim deixando claro seu ponto nesse discurso “[...]que Danton é cidadão privilegiado, que 
se coloca a acima das leis?”. E coloca em dúvida o discurso “queremos Danton na tribuna!” 
ao relembrar o confiança que o povo tem em suas formas de organização e de julgamentos. 
Essa cena é exemplo de como o orador convence, pelo menos uma parte da plateia, com esse 
apelo ao logos. “[...] ser contra pra mim é ser culpado. [...] após a deliberação a convenção 
confirmou sua confiança nos comitês. Só os que são culpados tremem”. Ora, para esses 
revolucionários, a confiança e a igualdade são princípios base para a continuidade da 
revolução, e teriam todos os acusados os mesmos privilégios que Danton teria? 
Outra cena, agora com Danton, representa o apelo ao Pathos, mais comum em grande 
parte dos discursos calorosos do filme, que é o apelo as emoções do público. No primeiro 
discurso em 1:32:59 e no segundo em 1:47:45, com a voz já mais debilitada. Veremos nos 
discursos de Danton a encarnação das contradições da revolução, assim como em certa 
medida, representando o que o próprio diretor acha da revolução. 
 
Danton, mesmo proibido pela mesa que o julga de se dirigir ao povo, foco seu discurso 
em direção do povo. Que para ele, assim como visto na “A Declaração dos Direitos do Homem 
e do Cidadão" no Art. 3.º - O princípio de toda a soberania reside, essencialmente, na nação. 
E assim, como visto no discurso de Robespierre, onde ele fala que existe um pacto de 
confiança entre as instituições e a população. Mas, o discurso de Danton nesse momento 
demostra o contrário, que as instituições revolucionarias, como os comitês, destruíram uma 
antiga ditadura para impor outra. E assim, “eles esqueceram da própria revolução!”. 
Conclusão: 
Por fim, uma visão mais pessoal sobre o filme. Eu escolhi analisar esse filme por conta 
do ator que interpreta o Danton, o Gerard Depardieu, na minha cabeça ele no papel de 
Porthos, um dos mosqueteiros em “O homem da máscara de ferro” de 1998, era incrível, além 
de um elenco interessante, no mínimo. 
Esse filme, agora falando do “Danton”, tem seus méritos, ele sozinho, ao assistir 
“superficialmente”, algo que eu discordo, mas alguns tendem a usar essa expressão, ainda 
continua sendo um filme bom. E quando, temos uma noção sobre a revolução francesa, com 
base nos textos da apostila, ou, em outras leituras, e acima de tudo entendimento do autor e 
de seu contexto, vemos que o filme é a síntese dessa construção pessoal e artística de Wajda, 
e como um cineasta político, e fruto de seu tempo, ele expressa isso nesse filme. É a forma 
de como muitos filmes se colocam, de forma autônoma, como produto de fato artístico, que 
está disposto a ser analisado, e criticado, mas que apresenta a si mesmo como representação 
de um momento e de um sentimento político. E relembrando as palavras de Penafria, que 
usei no começo desta análise, o filme é “o resultado de um conjunto de relações e 
constrangimentos nos quais decorreu a sua produção e realização, como sejam o seu 
contexto social, cultural, político, económico, estético e tecnológico.” (PENAFRIA, 2009, pag. 
7). 
Referencias 
ALVES, Carolina Assunção e. A prova retórica do logos no filme narrativo de ficção. DELTA, 
São Paulo , v. 32, n. 2, p. 295-323, ago. 2016 . Disponível em 
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
44502016000200295&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 21 abr. 2019. 
BURKE, Edmund. Reflexões sobre a Revolução em França [1790]. Brasília: ed. UnB, 1982p.102 
FERRO, Marc. O filme: uma contra-análise da sociedade? In: LE GOFF, J., NORA, P. (Orgs.). 
História: novos objetos. Trad.: Terezinha Marinho. Rio de Janeiro: F. Alves, 1976. p. 202-203. 
HOBSBAWM, Eric J. A Era das Revoluções. 4ª ed. RJ: Paz e Terra, 1982. 
MEDEIROS, Vinícius Santos de. Um fenômeno chamado Escola Polonesa: autoritarismo, 
cinema e memória na Polônia pós-guerra (1945-1956). In: 3o. Encontro Regional Sudeste de 
História da Mídia - Mídia e Memórias do Autoritarismo, 2014, Rio de Janeiro. 3º Encontro - 
2014, 2014. 
PENAFRIA, Manuela. Analise de Filmes – conceitos e metodologia(s). IV Congresso SOPCOM, 
Abril de 2009. 
RAMOS, Fernão. A mise-en-scène realista: Renoir, Rivette e Michel Mourlet. In. "XIII Estudos 
de Cinema e Audiovisual - Volume 1" p. 58 - 68. São Paulo. SOCINE, 2012 
Shelokhonov, Steve. Andrzej Wajda - Biography. IMDb. Disponível em: 
<https://www.imdb.com/name/nm0906667/bio?ref_=nm_ov_bio_sm>. Acesso em: 22, Abril 
de 2019 
Biografia do site oficial de Wajda, Wajda.pl. Disponível em: 
<http://www.wajda.pl/en/kalendarium.html>. Acesso em: 21, Abril de 2019 
FAUSTO, Boris. Manipulação de um massacre. Folha de S. Paulo. Disponível em: 
<https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs1603200806.htm>. Acesso em: 22, Abril de 2019 
Huddleston, Tom, Classic Film Club: 'Kanal'. Time Out London. Disponível em: 
<https://www.timeout.com/london/film/classic-film-club-kanal>. Acesso em: 22, Abril de 
2019 
The Polish Film School. Culture.pl. Disponível em: <https://culture.pl/en/article/the-polish-
film-school>. Acesso em: 21, Abril de 2019 
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão: 
https://br.ambafrance.org/A-Declaracao-dos-Direitos-do-Homem-e-do-Cidadao

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