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Português Estruturação Frasal

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1. ESTRUTURA FRASAL 
 
Sabemos que para haver comunicação é necessário que a mensagem seja totalmente 
entendida pelo receptor. Desta forma, se o texto não for claro ao destinatário da 
mensagem, isto é, se o destinatário não entender o que queremos dizer, significa que a 
mensagem não atingiu o seu verdadeiro objetivo, a comunicação. 
Neste sentido, os processos mediante os quais as orações se conectam ou se amarram no 
período, denominam-se processos sintáticos: coordenação e subordinação. 
Entretanto, pelo fato de existir muita controvérsia a respeito dos conceitos e distinções 
dos tipos de oração, não é interesse da atividade jurídica resolver questões sobre a 
matéria que, no breve estudo será analisado em linhas gerais. 
 
1.2 FRASE 
 
A gramática clássica emprega a frase como sinônimo de oração, proposição ou 
sentença, sendo os três termos referentes a um pensamento expresso de forma 
inteligível1. Ou seja, a frase é toda enunciação de sentido completo que pode conter 
verbo ou não, sendo simples ou complexa, formada por uma só palavra ou várias. 
Assim, a frase pertence a dois grupos com diferentes intenções comunicativas: frase 
nominal e frase verbal. 
 
1.2.1 FRASE NOMINAL 
 
A frase nominal, é todo tipo de enunciado que possui sentido completo, porém não 
possui verbo. Ela é formada em grande parte por nomes, tais como: adjetivos, 
substantivos e advérbios. Exemplo: 
 
• Silêncio, garota! 
• Bom dia, pessoal! 
• Que linda casa! 
• Dois olhos azuis e a boca rosa. 
• Homem alto de pele escura... 
 
1.2.2 FRASE VERBAL 
																																																													
1	DAMIÃO,	Regina	Toledo;	HENRIQUES,	Antônio.	Curso	de	Português	Jurídico,	12.	ed.	–	São	Paulo:	Atlas,	
2015,	p.	63.	
 
Diferentemente da frase nominal, na frase verbal, como o próprio nome diz, emprega-se 
o verbo no enunciado. Isto é, é uma frase que em sua composição apresenta um ou mais 
verbos. Deste modo, por estar concentrada num verbo e apresentar formas de 
comunicação de maior dimensão, é a frase mais desenvolvida ou de maior 
complexidade estrutural2. Exemplo: 
 
• Minha irmã preparou o almoço. 
• Vou dormir mais cedo, hoje. 
• Amanhã não tem palestra. 
• Você leu o livro que o professor indicou sobre a história do Brasil? 
 
Como exposto nos exemplos acima, a frase verbal é constituída por uma ou mais 
orações, isto é, por um ou mais verbos. São frases que apresentam um enunciado 
completo. 
 
1.3 ORAÇÃO 
 
Toda frase é uma oração, mas nem toda oração é uma frase. Pois, a frase, como vimos, 
não precisa necessariamente de um verbo. Por outro lado, a oração necessita ser 
acompanhada por um verbo. Ou melhor, oração é a frase que se constitui em torno de 
um único verbo ou uma única locução verbal. 
As orações são de fácil identificação, isso ocorre através da contagem dos verbos e 
locuções verbais organizadas dentro de uma determinada frase. Exemplo: 
 
• Eu fui ao Teatro. (uma oração) 
• Eu fui ao Teatro e dei muita risada. (duas orações) 
• Eu fui ao Teatro e dei muita risada, mesmo a peça sendo cansativa. (três 
orações). 
 
Além disso, as orações são classificadas em dois grupos: coordenadas e subordinadas. 
As orações subordinadas constituem-se unidas pelo sentido, isto é, possuem sentidos 
completos, pois elas são independentes. Estão ligadas através de conjunções ou de 
																																																													
2	DAMIÃO,	Regina	Toledo;	HENRIQUES,	Antônio.	Obra	citada,	p.	64.	
vírgulas. Em contrapartida, as orações subordinadas não são independentes, visto que 
uma oração completa o sentido da outra, sendo formada por duas ou mais orações. 
 
1.4 PERÍODO 
 
Os períodos podem ser classificados em simples, quando contém apenas uma oração, ou 
compostos, com duas ou mais orações. Assim, recebe o nome de período a unidade 
gramatical que se constitui de uma ou mais orações concluídas por ponto final ou outro 
sinal (ponto de interrogação, ponte de exclamação, reticências, dois-pontos)3. Exemplo: 
 
Período simples: 
 
• Passei direto. 
• Meu pai trocou de carro. 
• Amanhã vai chover. 
 
Período composto: 
 
• João estudou, mas não passou na prova. 
• João passou na prova porque estudou. 
• João estudou, logo passou na prova. 
 
2. DISCURSO ARGUMENTATIVO 
 
A argumentação é a expressão verbal do raciocínio, sendo utilizada para tornar uma tese 
aceitável ao individuo que a recebe. Em linhas gerais, os argumentos tem por finalidade 
levar à persuasão. Em outras palavras, é a arte de influenciar, de convencer pessoas 
sobre um determinado assunto que o emissor esteja defendendo. 
Desta forma, o autor do discurso argumentativo elabora um rol de hipóteses e 
afirmações sobre um assunto, como exemplo4: 
 
• O sistema prisional brasileiro é inadequado aos criminosos que há na sociedade 
atual, porque as leis penais são antigas. 
																																																													
3	DAMIÃO,	Regina	Toledo;	HENRIQUES,	Antônio.	Obra	citada,	p.	64.	
4	MEDEIROS,	João	Bosco,	TOMASI,	Carolina.	Português	Forense	-	Língua	Portuguesa	para	Curso	de	
Direito,	8.	ed.	–	São	Paulo	:	Atlas,	2016,	p.	195.	
• O sistema prisional brasileiro precisa de reformas, porque se apoia 
exclusivamente em retirar o criminoso da sociedade e não em reeducá-lo. 
• O tratamento desrespeitoso com relação aos direitos humanos, a tortura, que 
ocorre nos presídios brasileiros, principalmente devido à ação de agentes 
penitenciários, está a exigir um reforma do sistema prisional no Brasil. 
• A sociedade brasileira precisa ocupar-se sobretudo com a educação dos jovens 
se quiser eliminar parte dos problemas oriundos de seu ultrapassado sistema 
prisional. 
 
Conforme os exemplos acima5, caso o emissor tenha escolhido a primeira opção, ele 
poderá utilizar os demais textos como argumento para reforçar a sua tese que o sistema 
prisional não precisa apenas de reforma no ordenamento jurídico, mas também de 
alterações e incentivo nas áreas da educação e cultural, além de respeito aos direitos 
humanos como a Constituição Federal e os diversos tratados internacionais que o Brasil 
é signatário determinam. 
Além do mais, para que uma tese seja defendida e aceita com exatidão pelo receptor, é 
preciso que o emissor faça inúmeras pesquisas em livros especializados e demais meio 
comunicação sobre o assunto a ser defendido. Pois, todas as fontes de pesquisas 
auxiliaram o emissor a formar um discurso coerente e capaz de persuadir o destinatário. 
 
2.1 TIPOS DE ARGUMENTO 
 
Ao preparar um discurso argumentativo, o emissor pode socorrer-se de algumas técnicas 
para aprimorar o seu raciocínio verbal, tais como: 
 
Ø Argumento por exclusão: consiste na apresentação de várias hipóteses e vai 
eliminando uma por uma, para se fixar em seu objetivo até chegar a hipótese tida 
como certa e verdadeira. Essa técnica é muito utilizada em investigações 
policiais. 
 
Ø Argumento absurdo: mostra que uma afirmação contraria a evidencia dos fatos 
e que contra fatos não há argumentos. Assim, não é cabido acusar uma pessoa de 
cometer um crime se ela estava distante do local do ocorrido. 
 
																																																													
5	MEDEIROS,	João	Bosco,	TOMASI,	Carolina.	Obra	citada,	p.	196.	
Ø Argumento de autoridade: é largamente utilizado no discurso jurídico com o 
emprego de expressões do tipo: para Fulano de Tal, conforme sicrano, segundo 
Delano. Segundo Regina Toledo Damião e Antônio Henriques que cintam o 
nobre jurista Tercio Ferraz Jr. (1991, p. 309) em seu obra6, tal argumento 
domina a argumentação jurídica. Na esfera religiosa, a palavra de Deus é o 
argumento mais forte.Ø Argumento contra o homem: é argumento que é válido apenas contra a pessoa 
à qual se dirige. É ataque frontal e especifico ao adversário. 
 
Ø Argumento por analogia: se baseia na semelhança de duas realidades ou 
conceitos. Se fundamenta na comparação, tem força de persuasão e não de prova 
propriamente dita. 
 
Ø Argumento com maior razão: consiste em estabelecer uma escala de valores 
entre termos. Se não podemos fazer determinada coisa porque a legislação 
ordinária não permite, com muito maior razão não podemos fazer algo que a 
Constituição não admite. 
 
2.2 MECANISMOS DA ARGUMENTAÇÃO 
 
Para que o emissor tenha êxito em seu discurso argumentativo, além das técnicas 
mencionadas no tópico anterior (tipos de argumentação), ele pode utilizar as figuras de 
linguagem, para que o seu discurso seja mais agradável e, consequentemente, possa 
convencer o destinatário. Dentre os tipos de figuras de linguagem, destacam-se: a 
metáfora, a metonímia e a antítese. 
 
Ø Metáfora – consiste em designar um ser ou objeto mediante uma palavra que 
designa outro ser que tem com o primeiro relação de semelhança. No discurso 
argumentativo a metáfora cria um efeito forte. Exemplo: A ação dos policiais foi 
igual a cena dos filmes de Hollywood. 
 
																																																													
6	DAMIÃO,	Regina	Toledo;	HENRIQUES,	Antônio.	Obra	citada,	p.	147.	
Ø Metonímia – consiste em empregar um termo no lugar do outro, existindo entre 
ambos intima ligação ou relação de sentido. As principais relações são: causa e 
efeito, continente e conteúdo, matéria e objeto, abstrato e concreto, autor e obra. 
 
Ø Ironia – por meio da ironia pode-se destruir uma ideia valiosa, ou introduzir 
uma nova visão sobre os fatos. Exemplo: Ele correu tão rápido quanto uma 
tartaruga. 
 
Ø Antítese – figura que apresenta palavras de sentidos opostos. Ou seja, é a 
utilização de duas palavras opostas na mesma frase. Exemplo: A alegria e a 
tristeza fazem parte do meu trabalho. 
 
3. REDAÇÃO TÉCNICA 
 
As falhas de comunicação tem sido o entrave nas pequenas e grandes organizações 
empresariais que necessitam cada vez mais de profissionais qualificados para responder 
com objetividade e clareza as demandas que o mercado exige. 
Sendo assim, a redação técnica, como o próprio nome diz, é composta por textos 
técnicos que exigem estilo direto do emissor. Isto é, frases simples, constituídas de 
sujeito, verbo e complemento (preferivelmente, nessa ordem), sem inversões que 
dificultem o entendimento do destinatário7. É necessário que o texto seja elaborado com 
precisão e impessoalidade. 
Deste modo, para a elaboração de um texto técnico, o emissor precisa seguir 
criteriosamente três aspectos básicos: conteúdo, estrutura e expressão textual. 
 
3.2 CONTEÚDO 
 
No conteúdo, o emissor irá colocar em pratica todos os seus conhecimentos adquiridos 
em pesquisas e estudos relacionados ao assunto proposto. É preciso que se tenha um 
domínio amplo sobre a matéria a ser redigida. Para isso, é preciso muita leitura e 
pesquisa, o que não é nenhuma novidade para quem pretende elaborar uma excelente 
redação técnica. O domínio do conteúdo é o ponto chave para que o leitor se sinta 
atraído pela leitura e fixe total atenção no texto. Assim, como exemplo, o conteúdo de 
uma redação técnica é como se fosse o capítulo de uma nova série que o espectador não 
																																																													
7	MEDEIROS,	João	Bosco,	TOMASI,	Carolina.	Redação	Técnica:	Elaboração	de	Relatórios	Técnico-
Científicos	e	Técnica	de	Normatização	Textual,	2.	ed.	–	São	Paulo:	Atlas,	2010,	p.	6.	
vê a hora para assistir os próximos capítulos da trama e descobrir quem é o vilão. Do 
mesmo domo, porém, se o conteúdo for ruim logo de início, o espectador nem vai 
esperar o próximo capítulo, vai mudar para outra série sem pensar duas vezes. Por isso, 
para que o receptor de uma redação técnica não sinta tédio em lê-la logo de início, antes 
de tudo, o emissor precisa estar intimamente inteirado do assunto a ser redigido. 
 
3.3 ESTRUTURA 
 
Na estrutura, o emissor, assim como no conteúdo, precisa demonstrar a capacidade de 
organizar suas ideias no decorrer do texto. Por exemplo, no Exame da OAB, o 
candidato precisa demonstrar ao avaliador o seu domínio técnico da peça processual 
bem com a organização das ideias na redação. Por ser uma prova estritamente técnica, 
o emissor deve utilizar a linguagem técnico-jurídica, ou seja, a linguagem utilizada pelo 
profissional atuante na área do Direito. Assim, ao redigir uma redação técnica 
processual, o emissor precisa saber estrutura-la corretamente, com direcionamento, 
qualificação das partes, apresentação dos fatos, fundamentos e pedidos. Pois, como bem 
se sabe, uma redação técnica bem estrutura naturalmente será bem interpretada pelo 
receptor. 
 
3.4 EXPRESSÃO TEXTUAL 
 
Na expressão textual, emprega-se o uso da norma culta, que abrange a escrita sem erros 
ortográficos e gramaticas e uma redação coerente, coesa e sem vícios de linguagem. 
Neste sentido, um texto com erros gramaticais e ortográficos é prejudicado, visto que o 
receptor terá dificuldades em compreende-lo. Assim, após concluída uma redação 
técnica, faça uma leitura atenta de seu trabalho para realizar acertos gramaticais. 
 
Referências Bibliográficas 
 
DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antônio. Curso de Português Jurídico, 12. 
ed. – São Paulo: Atlas, 2015. 
FERRAZ JR., Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito. 4. Tir. São Paulo: 
Atlas, 1991. 
MEDEIROS, João Bosco, TOMASI, Carolina. Redação Técnica: Elaboração de 
Relatórios Técnico-Científicos e Técnica de Normatização Textual, 2. ed. – São Paulo: 
Atlas, 2010. 
MEDEIROS, João Bosco, TOMASI, Carolina. Português Forense - Língua 
Portuguesa para Curso de Direito, 8. ed. – São Paulo: Atlas, 2016.

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