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Causa - Vicente Rào

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RT CLÁSSICOS
Ato Jurídico. Vicente Ráo. 4. ed. anotada, rev. e atual, por 
Ovídio Rocha Barros Sandoval, 2. tir. São Paulo : RT, 1999.
Volumes publicados
Culpa e risco. Alvino Lima. 2. ed. rev. e atual, por Ovídio Rocha Barros Sandoval.
São Paulo : RT, 1998.
Fundamentos do direito. Miguel Reale. 3. ed. fac-símile da 2. ed. rev. São Paulo : RT, 
1998.
O direito e a vida dos direitos. Vicente Ráo. 5. ed. anot. e atual, por Ovídio Rocha 
Barros Sandoval. São Paulo : RT, 1999.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Ráo, Vicente
Ato jurídico : Noção, pressupostos, elementos essenciais e acidentais O problema 
do conflito entre os elementos volitivos e a declaração / Vicente Ráo - 4. ed. anotada, 
rev. e atual, por Ovídio Rocha Barros Sandoval, 2. tir. - São Paulo : Editora Revista dos 
Tribunais, 1999. (RT Clássicos)
ISBN 85-2031489-9
1. Atos jurídicos. I. Sandoval, Ovídio Rocha Barros. II. Título.
97-0610 CDU-343.13
índices para catálogo sistemático: 1. Atos jurídicos : Direito civil 347:13 2. Fatos jurídicos 
Direito Civil 347.13.
RT C L Á SSIC O S
VICENTE RAO
ATO JURÍDICO
Noção, pressupostos, elementos 
essenciais e acidentais. O problema 
do conflito entre os elementos 
volitivos e a declaração.
4.a edição anotada, revista e atualizada por
O v íd io R o c h a B a r r o s S a n d o v a l
2.” TIRAGEM
EDITORA
REVISTA D O ST R IR IJN A IS
92 ATO JURÍDICO
32. O problema da causa
Dificilmente se encontrará, no campo da dogmática, um problema 
que tenha provocado e venha provocando tantas e tão profundas 
divergências quanto o problema da causa. Opiniões as mais diversas, 
senão contraditórias, reinam entre os causalistas, quer entre os sequazes 
da teoria subjetiva, quer entre os partidários da teoria objetiva, quer 
entre os que se afastam destas duas correntes doutrinárias, ou entre 
os que procuram conciliá-las. Uns e outros ora consideram a causa 
como elemento do ato, elemento subjetivo segundo uns, objetivo 
segundo outros, ora a qualificam como razão justificativa, ou como 
função no próprio ato objetivada, ora como algo que fora do ato deva 
existir; e enquanto alguns se referem à causa das obrigações, mais 
autores só aludem à causa dos contratos, ou, ainda, à causa dos atos 
jurídicos em geral.
Dentro da corrente subjetivista estas principais variantes, ou 
conceituações divergentes se destacam: nos contratos onerosos a causa 
da obrigação de cada parte consiste no propósito, ou fim, de receber 
a prestação da outra parte; nos chamados contratos reais, as obrigações 
de entregar e restituir constituem sua causa recíproca e nos contratos 
gratuitos a causa da obrigação corresponde ao animus donandi; 
considerada de modo geral, é a causa o momento psicológico que 
determina a declaração de vontade; é a razão ou princípio que impele 
à prática do ato; é o fim imediato que determina a declaração de 
vontade; é o fim prático e comum da vontade das partes; é o motivo 
direto e imediato que conduz o agente a praticar o ato; é o motivo 
típico do ato; é a razão de ser da obrigação; é o motivo juridicamente 
suficiente que determina a vontade dos contraentes; é a causa final 
determinadora do consentimento etc.3
3. As fontes da doutrina clássica da causa encontram-se nas obras de Domat 
e de Pothier.
Domat classifica as convenções em quatro categorias e referindo-se às três 
primeiras, de natureza onerosa, diz que nelas “il se fait un commerce où rien n’est 
gratuit, et rengagement de l’un est le fondement de celui de l’autre. Et dans les 
conventions où un seul paraît obligé, comme dans un prêt d’argent, l’obligation 
de celui qui emprunte a été précédé de la parte de l’autre de ce qu’il devait donner 
pour former la convention. Ainsi l ’obligation qui se forme dans ces sortes de 
conventions au profit de l’un des contractants a toujours sa cause de la parte de 
l’autre; et l’obligation serait nulle si dans la vérité elle était sans cause” (.Les Lois 
Civiles Dans Leur Ordre Naturel, t. I, seção I, § 5.°).
Pothier, por sua vez, dizia: “tout engagement doit avoir une cause honnête. 
Dans les contrats interéssés la cause de rengagement que contracte une des parties 
est ce que l’autre lui donne ou s’engage de lui donner, ou le risque dont elle
CLASSIFICAÇAO DOS REQUISITOS
Dentro da corrente objetivista, Cariota Ferrara relaciona as seguin­
tes variantes, ou pontos de vista divergentes: causa é o escopo prático, 
ou razão econômico-jurídica do ato (Coviello); é a razão justificativa 
da eficácia jurídica do ato (Ferrara); é a relação econômico-social que 
une as partes, entre as quais o ato produz uma deslocação patrimonial 
(Bonfante); a causa não existe no ato, mas a ele preexiste, lógica e 
cronologicamente, como situação jurídica inicial (Giorgianni); é dada
se charge. Dans les contrats de bienfaisance, la libéralité que l’une des parties 
veut exercer envers l’autre est une cause suffisante de l’engagement qu’elle 
contracte envers elle” (Obligations, n. 42).
Graças a essa doutrina, o Código Civil francês incluiu “a causa lícita da 
obrigação” entre os requisitos exigidos para a validade das convenções (arts. 1.108 
e 1.131 a 1.133). Assim também dispunham o art. 1.104 do Código Civil italiano 
de 1865, e dispõem o art. 1.261 do Código espanhol e alguns Códigos latino- 
americanos.
Capitant (La Cause des Obligations) foi quem deu, em França, novo impulso 
ao estudo da teoria da causa. A seu ver, dever-se-ia falar em fim e não em causa, 
porque este termo faz pensar em algo anterior ao ato, enquanto o fim se coloca 
no futuro ou, quando menos, no presente, quando é alcançado no mesmo momento 
da conclusão do ato. A causa, diz ele (loc. cit., n. 6), como o consentimento, 
é de ordem psicológica, mas, por estabelecer uma relação entre a vontade e um 
fato exterior a ela estranho, não é puramente subjetiva; assume, antes, um caráter 
objetivo. Sua doutrina, porém, não se afasta da conceituação clássica da causa 
quanto aos contratos sinalagmáticos, aos chamados contratos reais e às liberali­
dades. O autor discorda dos que falam em causa dos contratos: “c’est également 
une erreur de parler, comme certains auteurs, de la cause du contrat. Il y a là 
une évidence méprise. La cause du contrat cela ne signifie rien. Il ne peut être 
question que de la cause des obligations assumées por les contractants” (loc. cit., 
n. 5). Serpa Lopes, entre os nossos, diz, por sua vez: “Recentemente, Torquato 
Castro, na sua brilhante tese Da Causa no Contrato, sustentou o retomo desse 
requisito, reputando-o necessário, desde que se adote o critério do Código Civil 
italiano, estabelecendo a causa no contrato e não a causa na obrigação. O fato 
de reduzir o problema da causa à causa no contrato, não elimina as controvérsias. 
Pelo contrário, exacerba-as. Se cada um dos contratos, singularmente tomado em 
consideração, possui uma causa específica, o conjunto, a categoria, converge para 
um elemento comum, que lhe irá servir de razão de ser, de causa; uma causa 
genérica deve existir e da qual a causa específica não passa de uma manifestação. 
Qual será essa causa específica? Surge, então, a questão do sinalagma genético 
e do sinalagma funcional. Para os adeptos do sinalagma genético, a causa assenta 
na coexistência das obrigações; para os partidários do sinalagma funcional, a causa 
estaria na permuta efetiva entre as duas prestações. Como se vê, o dissídio começa 
nos próprios elementos identificadores da causa. Em segundo plano, temos que 
considerar que a idéia de causa do contrato não dispensa a de causa na obrigação.
Essas transcrições bem demonstram a profundidade das divergências que, em 
matéria de causa, separam os autores.
94 ATO JURÍDICO
pelo conjunto da vontade das partes e do objeto, conjunto, este, 
objetivado pela lei; é o efeito jurídicovisando ao qual a vontade se 
manifesta (Mazzone); é o conjunto dos efeitos específicos concretos 
da vontade, ou a legitimação do interesse que, através do ato, se visa 
a realizar (Camelutti); é a função jurídica de um esquema negociai 
dado, isto é, a síntese de seus efeitos negociais (Pugliati). A essas 
noções, tão diversas, outras mais podem acrescentar-se. Estas, p. ex.: 
a causa deve ser buscada na função, ou no porquê do negócio 
objetivamente considerado (Betti); é função econômico-jurídica 
(Ascarelli); é a função prático-social do negócio reconhecida pelo 
direito, ou seja, função que o negócio objetivamente possui e o direito 
como tal reconhece e sanciona, função que justifica o negócio (Cariota 
Ferrara); é a razão de ser econômica da obrigação (Gaudemet); é o 
equilíbrio econômico das obrigações (Fr. Ferrara).
Autores outros procuram conciliar os conceitos subjetivo e objetivo 
da causa e dizem: “é a causa a tradução, em termos objetivos, de um 
elemento essencialmente subjetivo, qual seja o intento negociai; é o 
título justificativo da relação de direito que se pretende criar por meio 
do negócio, principalmente quando dessa relação decorre uma atribui­
ção patrimonial (Barbero, Sistema); Torquato Castro aplica ao ato 
jurídico a idéia de causa finalis e acrescenta: o fim se integra no próprio 
ato e o ato, por sua vez, o objetiva, como elemento que deu causa 
ao seu aparecimento; a causa pode ser vista no agente e na sua obra 
e comporta sem contradição os aspectos subjetivo e objetivo (Da Causa 
no Contrato, tese).
Paulo Barbosa de Campos Filho (O Problema da Causa no Código 
Civil Brasileiro, tese), referindo-se à concepção objetivista como sendo 
u doutrina moderna da causa, afirma: “devêssemos resumi-la e diríamos 
que, diferentemente do causalismo clássico ou tradicional, que vê na 
causa elemento da vontade ou algo que com esta se relacione, a doutrina 
moderna, ou objetiva, faz incidir suas vistas sobre o próprio negócio 
jurídico, descobrindo na função deste o elemento procurado” (p. 92). 
PWft Pftulo Barbosa de Campos Filho, é a causa “aquele interesse 
fptOria] ou moral, a cuja realização tende o agente e que, se conforme 
ft erd*m jurídica, legitima o resultado procurado” (p. 125).
I $* ft doutrina clássica ou subjetiva é de ser tida em franco declínio 
|Í ||| lobrovl vendo apenas alguns resíduos na literatura jurídica francesa), 
(MtfütiltyfoM nSo pode dizer da doutrina objetiva ou moderna, pois esta, 
§M É||íjp| divergências substanciais que a afetam, ainda possui inúmeros 
é to' poilível fosse destacar-se, dentro desta doutrina, ou 
filtro dtltâ corrente doutrinária, alguma diretriz constante, esta
CLASSIFICAÇÃO DOS REQUISITOS 95
seria, sem dúvida, com maiores ou menores variações, a indicada por 
Paulo Barbosa de Campos Filho, ou seja, a da consideração da causa 
como função econômico-social objetivada no próprio ato.4
Ora, inadmissível se nos afigura separar ou discernir no ato 
jurídico, como elemento distinto, seja por que processo lógico ou 
jurídico for, sua função social, ou econômico-social, ou sua função ou 
razão justificativa, ou o escopo prático ou interesse do agente objetivado 
no mesmo ato, porque, uma vez verificados, de conformidade com a 
lei, seus pressupostos e seus elementos essenciais constitutivos, o ato 
jurídico realiza, necessária e fatalmente, essas funções, esse escopo 
prático, ou esse interesse; e perante o direito por si só se justifica, 
à vista da proteção que a norma lhe confere.
Que é o ato jurídico? Já o definimos no Título I, Capítulo I, n. 
7, dele dizendo que consiste na declaração dispositiva e preceptiva da 
vontade, dirigida direta e imediatamente à consecução dos resultados 
práticos, individuais e sociais, produzidos pelos efeitos que o ordena­
mento lhe confere. E, sendo tal, aquilo que se pretende destacar como 
causa do ato, não é qualquer elemento, ou requisito, nem algum quid 
que nele se possa, lógica ou juridicamente, discernir como conceito a
4. Paulo Barbosa de Campos Filho apresenta sérias objeções à doutrina 
objetivista. “Não se percebe muito bem”, diz ele, “como possa a função social 
do negócio jurídico ser assim destacada deste para desempenhar o papel de ‘causa’, 
objeção que não escapou à argúcia de Scognamiglio para quem, por isso, nem 
mesmo a concepção objetiva de causa merece acolhimento” (p. 92). E adiante, 
após se referir ao “erro responsável pelo insucesso do causalismo clássico”, diz 
que graças à doutrina moderna “tomou-se possível a construção teórica da causa 
como função social do negócio jurídico — e o que também importa salientar — 
desapareceu, com isso, a invencível dificuldade de se distinguir entre ‘causa* e 
‘motivo’, passando a constituir ‘causa’ o motivo juridicamente relevante e 
remanescendo ‘motivo’ aquele que o não seja”. Logo a seguir, no entanto, o mesmo 
autor declara: “mas, se tantas foram as conquistas da doutrina objetiva, como se 
explicará não tenha ela resolvido o problema da causa? A resposta é simples: é 
que a doutrina em questão, se conseguiu levar para o terreno do ato ou do negócio 
jurídico a indagação da causa, não conseguiu, entretanto, desvencilhar-se de outro 
equívoco, de não menor gravidade, qual o da errônea publicação do problema. 
Referimo-nos ao vezo, certamente involuntário, de considerar a causa um 
‘elemento’, seja da obrigação, seja do contrato, seja do negócio ou do ato 
jurídico”... “Ora, o fim visado ao se contrair uma obrigação, ao se concluir um 
contrato, ou ao se praticar um ato jurídico, não deve ser havido, necessariamente 
pelo menos, como elemento dessa mesma obrigação, desse mesmo contrato, ou 
desse ato jurídico. Poderá sê-lo, se assim o tiverem querido e manifestado os 
contratantes, ou agentes. Fora desse caso, porém, será apenas um pressuposto, ou 
um prius da obrigação, do contrato, ou do ato, antecedente dele na ordem de 
Intenção embora sem conseqüente na de execução”.
se; em última análise é o próprio ato jurídico que, tomado em sUra 
unidade conceituai, inseparavelmente contém, em seu todo, a acenádÜJ 
razão social, ou econômico-social e traz, inseparavelmente, em.suÉfi 
essência, o escopo, ou o interesse, que os agentes, por seu meiò|i 
pretendem realizar.
De há muito sustentamos essa tese que, em data recente, tambémij 
vimos admitida, entre outros, por Biondo Biondi, parcialmente embonÉl 
ou seja, com exclusão dos contratos atípicos. A opinião desse autójj-f 
que figura em estudo intitulado “Reminescenze ed Esperienjzffl 
Romanistiche in Tema di Contratto Moderno” (Studi in Onore ■dm 
Francesco Messineo, 1959, v. 1/46 e ss.) merece ser transcrita, jji
A concepção mais comum e mais difundida de causa, acolhid$ij 
pelo recente Código italiano, como resulta de sua Relação,5 diz o citadjfB 
autor, é a da razão econômico-social do contrato, a do escopo comumÈ 
que as partes, servirido-se dõ contrato, querem realizar, a do esc<?p||| 
típico constante. Ora, acrescenta, tudo isso indica o próprio contr^fW 
e é elemento ínsito e diverso para cada tipo contratual: “muito b$j||l 
escreve Betti que ‘nos negócios causais como, por exemplo, a com|jW| 
e venda, a locação, a sociedade, o mútuo, o comodato, a causa se ach||i 
incorporada ao negócio a ponto de não parecer discemível por mèiffl 
de análise’ E por sua vez Biondo Biondi indaga: “como se poderi^i 
conceber uma causa ilícita, no sentido do art. 1.343 (do Códijj$|| 
italiano), não se querendo identificar a causa com um motivo individüi||i 
ou escopo final do contrato? Quando, embora sob fórmulas diverÉ|H 
se diz ser a causa o escopo uniforme e constante, correspondent<| Í|| 
cada tipo de contrato, como conceber que esse escopo possa ser ilíciral 
se o reconhecimento legislativo o toma como base?” Argumentaçffl 
convincente é essa que o autor ainda ilustra nestes termos: já se d ià ||l 
que na venda a causa consiste na troca da coisa pelopreço, másj $ j 
exatamente nisso que a inteira essência do contrato consiste; e quailff§l| 
se diz que na doação a causa se identifica com o animus donàndfm 1 
com o enriquecimento, apura-se que isso constitui o contrato típicój|jl 
doação e não sua causa, ou requisito (art. 769 do Código italianâl I
5. O Código Civil italiano de 1942, em seu art. 1.325, entre os requíMÊ 
do contrato indica a causa, pura e simplesmente. Em sua exposição de móíi^OI I 
kc diz que: “bisogna tener fermo, contro il pregiudizio incline a identificafflH I 
Cüusa con lo scopo pratico individuale, che la causa richiesta dal diritto nem | | J 
Jíi gçopo soggettivo, qualunque esso sia, perseguito dal contraente nel caso coi)$jn| I 
| | | i ítllottt non sarebbe ipotizzabile alcun negozio senza causa), ma è la furilip|| I 
§IÍWtt1Í£0*8OCÍale che il diritto riconosce rilevante ai suoi fini”. No enteridc.t?|l I 
dos nutores italianos contemporâneos, o novo Código adotou a té<irl<j 9 
iltt ilauifl, ou seja, da causa dos contratos.
96 ATO JURÍDICO
CLASSIFICAÇÃO DOS REQUISITOS 97
tirt. 1.165 de nosso Código). E o mesmo autor acertadamente sustenta: 
“lato é que a doutrina da causa não possui qualquer eficiência na 
disciplina dos contratos típicos, nem na solução dos casos práticos que 
se lhes referem, a não ser que se confunda a causa com os elementos 
constitutivos do contrato, ou se a identifique com os motivos deste; 
ora se a confusão entre causa e elementos constitutivos é inócua, a 
identificação entre causa e motivo pode ser sobremodo perigosa”. 
Afinal, Biondo Biondi conclui: “se sairmos do campo contratual para 
penetrar no campo mais vasto do negócio jurídico, é problemático, 
Apesar dos esforços da doutrina, poder-se separar a causa, como 
(lemento ou requisito do negócio, de sua essência e estrutura: como 
individuar a causa no matrimônio, no testamento, na adoção, na 
nceitação ou renúncia da herança, como entidade jurídica diversa da 
tfMrutura e função do próprio negócio?”
O autor, citado, afasta-se de sua boa doutrina quando entende, 
ü respeito da causa, que preciso é distinguir os contratos típicos dos 
tfOn!ratos atípicos, dizendo: “nos primeiros, a causa se identifica com 
0 próprio contrato e mais não pode ser senão um elemento de sua 
Idcnlificação; nos segundos, em relação aos quais os romanos 
flaboraram a doutrina da causa, é esta um requisito para a existência 
# eficácia do contrato e serve para excluir sua ilicitude, ou seu caráter 
tMfftto” (o autor invoca, neste mesmo sentido, a opinião de Fragali, 
Del Contratti in Generale”, D’Amelio e Finzi, Comm. Cod. C/v., 
1954, I, p. 303).6
6. Com relação ao direito romano, entende Biondi, fundado em texto de 
!$iUlone (ao qual Ulpiano se reporta, D. II, 14, 7) que, ante o desenvolvimento, 
|p pirtliea, dos nova negotici, não incluídos entre os contratos tipicamente 
llli^illiccidos por lei, os romanos se socorreram do conceito de causa. E diz: “de 
f Com essa doutrina genial e ousada, que procura atender às necessidades 
| Í Vldíi sem intervenção legislativa, quando “in allium contractum res non transeat, 
|p j * t tnmcn causa... esse obligationem”; quando, isto é, a relação não se inclui 
f j § j | à l g u m a figura contratual reconhecida, o acordo produz obrigação se subsit 
() jurista romano, acrescenta Biondi, vê na causa o fundamento jurídico 
MpIMpÇ&o, consistente na reciprocidade de execução das obrigações: “nel silenzio 
MHi l(?#gc, Aristone, a sostegno delia sua dottrina, invoca il concetto greco di 
«Mfllüijma. ossia di scambio di prestazioni reciproche”.
• NRo pensa assim a generalidade dos autores, romanistas ou civilistas, nem 
HBr :&ihtrrin um estudo mais detido do problema perante o direito romano. 
HHKfMtllOS, contudo, que, segundo Giorgi (Obbligazioni, v. III, n. 446), “a causa, 
Wptt NM|Ulsito ex re das obrigações contratuais não foi conhecida pelo direito 
O mesmo autor prossegue: “o direito romano conheceu a causa civilis 
lB f| mas esta não era senão a forma solene e externa que, tomando
H glp áfla o pacto, conferia-lhe eficácia civil; conheceu, também, a causa no 
B H t fevinvcMe da vontade, mas dela não fez um elemento distinto do
98 ATO JURÍDICO
Não subscrevemos essa restrição. Típicos ou atípicos, os atos 
jurídicos, inclusive, pois, os contratos, desde que realizem seus 
requisitos (pressupostos e elementos constitutivos), criando um vín­
culo sancionado e protegido pelo ordenamento, sempre equivalem, 
por sua estrutura e sua essência, à sua chamada causa. O problema 
do lícito, ou do ilícito, não diz respeito à causa do ato, mas ao seuí 
objeto; e o da natureza abstrata, ou causal, do ato, outra conseqüência! 
não traz a não ser a que se refere à oponibilidade, ou inoponibilidadej 
de exceções pessoais em relação a terceiros naquilo que aos atosj 
abstratos diz respeito.'
Bem andou, pois, nosso legislador quando não incluiu a causal 
entre os requisitos, ou os elementos, quer dos atos jurídicos em geral,| 
quer em particular dos contratos.7 *
consentimento e quando falou de condictio sine causa, ou ob turpem vel injustana 
causam, ou da condictio causa data causa non secuta, longe estava de querenl 
criar um novo requisito dos atos jurídicos: “completo la teórica dei consenso è | | 
considero che la volontà, per poter essere madre legittima di obbligazioni, tantoj® 
nelle convenzioni, come geralmente negli atti giuridici di qualunque natura, d evA 
essere scevra d’erro te e contenersi dentro i limiti assegnati dalla legge moralé|B 
o dal diritto positivo”.
7. Planiol-Ripert et Esmein (Traité Prat., v. VI, n. 252), invocando Cassiffll 
(La Cause des Obligations), dizem que, segundo parece, as legislações d |j | 
inspiração germânica, não mencionando a causa entre os elementos da obrigaçãjSI 
e abrindo, como se impunha, largo espaço à doutrina do enriquecimento sem causáM 
permaneceram sob a influência das tradições do direito romano, que jamais sefl 
desprendeu do formalismo.
Serpa Lopes, eminente civilista pátrio, explica de outro modo o problema 
e diz: “o que se observa no direito e na doutrina germânica é a distinção entijfl 
dois grupos de igual importância: o dos atos ligados a uma causa e o dos atcff 
abstratos. Nos contratos sinalagmáticos, referem os autores alemães, a causa d | 
cada uma das duas obrigações é a existência de promessa recíproca. Difere d i 
concepção francesa, porque nesta todos os atos são causais, enquanto que no direifçf 
germânico figura a categoria dos atos abstratos ou desligados de sua causT 
categoria onde se incluem os contratos reais ou de transferência e certos contrátff 
pessoais, como a cessão do direito de crédito, o contrato de assignation, previstdj 
no art. 456 do Código suíço e ainda a promessa abstrata de pagar (art. 780;!dàj 
BGB e art. 17 do COS).
O art. 90 de nosso Código Civil emprega a palavra “causa” com impM 
priedade, quando, em seu lugar, deveria usar o termo “motivo”, pois ao motiyg] 
na realidade, se refere (v. Com. de Clóvis, ao cit. art.).
* O Código Civil alemão e o Código Suíço das Obrigações, também, omite 
a “causa” como elemento, ou requisito, nos atos jurídicos.

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