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61931 - MARILIA ZANELLA PRATES

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III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 
 
 
III Mostra de Pesquisa 
da Pós-Graduação 
 PUCRS 
 
 
 Protagonismo judicial: inevitabilidade e perigos 
 
Marília Zanella Prates, Eugênio Facchini Neto (orientador) 
 
Mestrado em Direito - Linha de Pesquisa:Jurisdição, Efetividade e Instrumentalidade do Processo – PUCRS 
 
 
 
Resumo 
 
É possível afirmar que a ciência processual passou por consideráveis mudanças nas 
últimas décadas, sendo inegável que a visão a respeito da atuação do juiz no processo sofreu, 
especialmente, algumas alterações. A idéia de que a jurisdição é inerte, só podendo ser 
“despertada” pela iniciativa das partes e dentro dos limites que estas impõem, é uma das bases 
tradicionais do processo civil, isso porque vista como garantidora da imparcialidade da 
prestação jurisdicional. 
No entanto, não se pode fechar os olhos para uma das claras conseqüências trazidas 
pelas abundantes mudanças na legislação processual, qual seja, a de que os poderes do 
Estado-Juiz só têm aumentado. 
A busca incessante por uma maior rapidez nos processos judiciais tem como resultado 
o fato de que, atualmente, são atribuídos aos magistrados maiores poderes de direção do 
processo. Alguns autores têm alegado que essa mudança de paradigma referente ao papel do 
juiz está intimamente ligada a mudanças político-sociais, bem como à noção contemporânea 
de que o processo pertence ao direito público. 
Em outras palavras, pode-se dizer que o processo civil espelha os valores do Estado. 
Assim, à época do Estado liberal, o objetivo do direito, tanto material quanto processual, era 
garantir a liberdade dos cidadãos e, para isso, preservava-se a igualdade formal, não se 
intervindo nas relações jurídicas privadas. Nessas circunstâncias, segundo a clássica 
afirmativa de Montesquieu, os juízes eram seres inanimados que não poderiam moderar nem a 
força e nem o rigor da lei. 
A situação atual parece ser bem diferente. À medida que se passou a considerar o 
processo como instituto pertencente ao direito público, a figura do juiz distante e indiferente 
começou a não mais se coadunar com a atividade jurisdicional pretendida. Passou-se a 
III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 
demandar do juiz uma participação mais ativa, mais presente, mais oficiosa. Considerado 
como um interessado em prestar um serviço de qualidade, o juiz passa a cada vez mais atuar 
na relação jurídica processual, ainda que não haja o requerimento expresso de qualquer das 
partes. 
O distanciamento do juiz começa a sofrer ressalvas, em uma tendência que pode ser 
considerada mundial. Aliás, a expansão crescente do papel da jurisdição é um fenômeno 
comum a todas as democracias avançadas. 
 Na França, o Nouveau Code de Procédure Civile passou por várias mudanças desde 
que entrou em vigor, em 1976, tendo como conseqüência o aumento dos poderes do juiz em 
matéria de solução de questões processuais e de instrução probatória. Também na Inglaterra 
podemos verificar o mesmo fenômeno, já que, com o advento das Civil Procedure Rules, em 
1998, alterou-se de modo significativo o quadro tradicional do processo, até então dominado 
pela iniciativa das partes. 
No Brasil não foi diferente. Tal atuação ocorre, principalmente, no campo probatório, 
no âmbito concernente à repressão de atos ligados à má-fé e deslealdade processual e, ainda, 
na busca da efetivação das decisões judiciais. Exemplo óbvio desse aumento dos poderes do 
juiz está nos artigos 461 e 461-A, do CPC. 
O objetivo do presente trabalho é analisar essa mudança de paradigma na prestação 
jurisdicional, diante do clamor social – e doutrinário – pela rapidez do processo e por uma 
participação mais ativa dos magistrados. 
A necessidade do aprofundamento do tema está no fato de que a mudança da atuação 
do juiz no processo é fenômeno apontado por muitos doutrinadores e considerado uma 
tendência mundial. Porém, faz-se necessário um estudo mais profundo a fim de analisar tais 
alterações e suas conseqüências, para que não fiquemos na cômoda posição de meros 
expectadores dos acontecimentos. 
A imparcialidade e a inércia do órgão jurisdicional são fundamentos do Estado 
Democrático de Direito. Assim, a mínima perspectiva de mudança sobre o entendimento de 
tais fundamentos pode significar profundas alterações sociais. 
Isto é, o protagonismo judicial, no sentido de que a prestação jurisdicional é agora 
mais ativa, em nível mundial, aí está e traz conseqüências. Logo, o entendimento sobre tal 
fenômeno deve ser aprofundado, a fim de possibilitar a sua correta avaliação. Do contrário, 
corremos o risco de apenas aceitar como natural a flexibilização de princípios tão 
fundamentais ao processo civil (tais como os princípios dispositivo, da imparcialidade do juiz 
III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 
e da inércia da jurisdição) e, a fortiori, ao Estado Democrático de Direito, sem antes investigar 
as causas e os efeitos desse fenômeno. 
 
 
Metodologia 
 
 Análise doutrinária e jurisprudencial, tanto em âmbito nacional como em perspectiva 
comparada. 
 
Referências 
 
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Processual, n°48, Março-2007. p. 18-34. São Paulo: Oliveira Rocha Comércio e Serviços Ltda, 2007. 
 
ALMEIDA, Renato Franco de; COELHO, Aline Bayerl. Princípio da Demanda nas Ações Coletivas do 
Estado Social de Direito. Revista da Ajuris, Ano XXXII, n°98. Porto Alegre, 2005. 
 
ARAGÃO, E.D. Moniz. O Processo Civil no Limiar de Um Novo Século. Revista Forense, Volume 353, Ano 
97. Rio de Janeiro: Forense, 2001. p.53-68. 
 
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homenagem ao Professor José Carlos Barbosa Moreira. Coordenação Luis Fux, Nelson Nery Jr. e Teresa Arruda 
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Constituição: estudos em homenagem ao Professor José Carlos Barbosa Moreira. Coordenação Luis Fux, Nelson 
Nery Jr. e Teresa Arruda Alvim Wambier. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. p.195-204. 
 
_______________. Manual da Execução. 10ª ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. 
 
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ÁVILA, Humberto. Teoria dos Princípios – da definição à aplicação dos princípios jurídicos. 4ª ed. São 
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BARBOSA MOREIRA, José Carlos. Notas sobre as recentes reformas do processo civil francês. Revista de 
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DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil – Volume I. 6ª ed. Salvador: Editora Jus Podivm, 2006. 
 
III Mostra de Pesquisa da Pós-Graduação – PUCRS, 2008 
DINAMARCO,Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil – Volumes I e II. 4ªed. São Paulo: 
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FACCHINI NETO, Eugênio. O Judiciário no Mundo Contemporâneo. Revista da Ajuris, Ano XXXIV, 
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