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A CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA BRASILEIRA E NO ÂMBITO INTERNACIONAL

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Ernane Antônio da Silva
Curso DIREITO
9º Período Noite
RA: 15694144095
O INSTITUTO DA CONCILIAÇÃO NA JUSTIÇA BRASILEIRA, NO ÂMBITO INTERNACIONAL E NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS.
INTRODUÇÃO.
O acesso à justiça é considerado um direito fundamental; podendo ser definido como a possibilidade de todos, independentemente da sua situação económica ou de outra forma, em buscar os meios previsto para a resolução de conflitos e defesa dos direitos protegidos.
A audiência de conciliação é "novidade" trazida pelo CPC/2015 que visa a estimular a autocomposição em fase processual em que os ânimos ainda não estejam tão acirrados, que ocorre não perante o juiz, mas, sim, perante conciliador, em ambiente menos formal e intimidador e mais propício ao desarme de espíritos.[1: Lei nº 13.105/2015 de 16 de março de 2015 – Código de Processo Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acessado 15 abril 2018. ]
Cuida-se de inovação a favorecer o chamado sistema multiportas, bem presente a ideia de que, sendo várias as veredas possíveis rumo à solução do conflito, deve o Judiciário, sim, ser o meio alternativo, subsidiário para dirimir controvérsias.
Partindo desta premissa, este trabalho tem o propósito de analisar o instituto da conciliação, no Brasil e em diversos países, haja visto que, o referido instituto vem crescendo a cada dia e se tornando um instrumento hábil e célere na resolução de conflitos, bem como um dos caminhos mais viáveis a promoção da pacificação social entre as partes. Trata-se ainda, o presente trabalho, de uma abordagem robusta sobre o método de resolução de conflitos no âmbito internacional, ou seja, entre as nações.
A relevância deste estudo se justifica para que se possa conhecer de forma mais aprofundada esse instituto que cresce com uma imensa força ano a ano e que vem demonstrando ser uma ferramenta célere e eficaz na resolução de conflitos, sem a interferência direta do judiciário.
Desta feita, o presente trabalho é de suma importância, uma vez que busca demonstrar a relevância da conciliação, as diferenças e similaridades do referido instituto praticados no Brasil, em outros países e nas relações internacionais e também promover uma mudança de mentalidade das pessoas e principalmente, do Judiciário brasileiro que por muito tempo pautou-se num sistema judicial formalista, caro e centralizador, acarretando com isso a aglomeração de milhares de ações.
Para a elaboração deste trabalho utilizar-se-á de análise de legislações, doutrinas e artigos já publicados sobre o tema, chegando-se à conclusão do que realmente seja o instituto da conciliação e quais as diferenças e semelhanças da conciliação brasileira e dos moldes utilizados em países que adotam este instituto como meio alternativo para a resolução de conflitos.
Inicialmente, o presente trabalho cuidará do conceito da conciliação, sua origem e modalidades adotados no Brasil e implementados pela legislação Pátria, em seguida se abordará os mesmos temas, desta vez, aplicados no âmbito internacional, ou seja, em outros países que adotam o referido instituto e por fim apresentará uma análise vigorosa sobre os métodos conciliatórios aplicados nas relações internacionais.
O INSTITUTO DA CONCILIAÇÃO NO BRASIL.
PANORAMA HISTÓRICO.
No Brasil a conciliação remonta a época imperial (século XVI e XVII), precisamente nas Ordenações Manuelinas (1514) e Filipinas (1603) que trazia em seu livro III, título XX, § 1º, o preceito: de que no começo da demanda dirá o Juiz a ambas as partes, que antes que façam despesas, e sigam entre eles os ódios e dissensões, se devem concordar, e não gastar suas fazendas por seguirem suas vontades, porque o vencimento da causa sempre é duvidoso. 
As situações de conflitos são inerentes ao convívio social, e, com o passar dos anos, foram criadas várias formas de administrar os desentendimentos. Diante de uma sociedade em formação, imperava uma justiça privada, amarga e injusta, em que as desavenças eram resolvidas pelo uso da força ou da astúcia. Foram muitas as transformações ocorridas no meio social, no entanto, a conciliação nunca deixou de existir, mesmo em meio a tantas idas e vindas.
Centralizar a resoluções de conflitos apenas na figura do Estado/Juiz, começa quando o homem busca, de forma mais “constitucional” o que de forma relacional torna-se difícil. A procura de “alternativas” de realização da Justiça se mostra como um desafio a todos que militam na causa da justiça, principalmente os processualistas. Diante dessa busca, a conciliação torna-se uma ferramenta importantíssima na resolução de conflitos, onde o poder decisivo sai do Estado/juiz e passa pelo consenso entre as partes.
Somente no século XIX, com a Constituição Imperial Brasileira de 1924, que a conciliação ganhou espaço no texto constitucional, expressa em seu artigo 161, “in verbis”:[2: CONSTITUIÇÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL, DE 25 DE MARÇO DE 1824. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao24.htm. Acessado 13 abril 2019.]
Art. 161. Sem se fazer constar, que se tem intentado o meio da reconciliação, não se começará Processo algum. (BRASIL. 1824)
Em 1943, com a entrada em vigor das Consolidações das Leis Trabalhistas, o processo conciliatório ganhou mais força e passou a ter valor no meio jurídico, conforme apresentado em alguns dispositivos a seguir.[3: DECRETO-LEI N.º 5.452, DE 1º DE MAIO DE 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del5452.htm. Acesso em 20 abril 2019.]
Art. 39.
§ 1º - Se não houver acôrdo, a Junta de Conciliação e Julgamento, em sua sentença ordenará que a Secretaria efetue as devidas anotações uma vez transitada em julgado, e faça a comunicação à autoridade competente para o fim de aplicar a multa cabível.
Art. 514. São deveres dos sindicatos:
c) promover a conciliação nos dissídios de trabalho.
Art. 625-A. As empresas e os sindicatos podem instituir Comissões de Conciliação Prévia, de composição paritária, com representante dos empregados e dos empregadores, com a atribuição de tentar conciliar os conflitos individuais do trabalho. Parágrafo único. As Comissões referidas no caput deste artigo poderão ser constituídas por grupos de empresas ou ter caráter intersindical. 
Art. 625-E. Aceita a conciliação, será lavrado termo assinado pelo empregado, pelo empregador ou seu proposto e pelos membros da Comissão, fornecendo-se cópia às partes. 
Parágrafo único. O termo de conciliação é título executivo extrajudicial e terá eficácia liberatória geral, exceto quanto às parcelas expressamente ressalvadas.
Art. 667 - São prerrogativas dos vogais das Juntas, além das referidas no art. 665: 
b) aconselhar às partes a conciliação; (BRASIL.1943)
Em 1973, por meio da criação do Código de Processo Civil, a conciliação foi elencada nos seus Arts. 125, IV, 269, III, 277, 331, 448, 449, 584, III, e 475-N, III, IV e V, aditado pela Lei nº 11.232 de 22.12.2008), sendo, portanto, demonstrada pelo legislador a sua indispensabilidade. [4: LEI Nº 5.869, DE 11 DE JANEIRO DE 1973. Institui o Código de Processo Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5869impressao.htm. Acesso em 20 abril 2019.]
Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe:
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes. b) Consolidação das Leis do Trabalho – CLT de 1943 (arts. 764, 831, 847 e 850);
Art. 269. Haverá resolução de mérito:
II - quando as partes transigirem; 
Art. 277. O juiz designará a audiência de conciliação a ser realizada no prazo de trinta dias, citando-se o réu com a antecedência mínima de dez dias e sob advertência prevista no § 2º deste artigo, determinando o comparecimento das partes. Sendo ré a Fazenda Pública, os prazos contar-se-ão em dobro.
Art. 331. Se não ocorrer qualquer das hipóteses previstas nas seções precedentes, e versar a causa sobre direitosque admitam transação, o juiz designará audiência preliminar, a realizar-se no prazo de 30 (trinta) dias, para a qual serão as partes intimadas a comparecer, podendo fazer-se representar por procurador ou preposto, com poderes para transigir.
Art. 448. Antes de iniciar a instrução, o juiz tentará conciliar as partes. Chegando a acordo, o juiz mandará tomá-lo por termo.
Art. 449. O termo de conciliação, assinado pelas partes e homologado pelo juiz, terá valor de sentença.
Art. 475-N. São títulos executivos judiciais: 
III – a sentença homologatória de conciliação ou de transação, ainda que inclua matéria não posta em juízo;
IV – a sentença arbitral;
V – o acordo extrajudicial, de qualquer natureza, homologado judicialmente; (BRASIL. 1973)
Com a promulgação da  Constituição Federal de 1988, esse instituto passou a ser um objetivo fundamental e diário da sociedade brasileira, preceituados nos (art. 3º, inciso I, art. 5, LXXVIII e art. 98 I, respectivamente.[5: BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.Htm. Acesso 13 abril 2019.]
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I - construir uma sociedade livre, justa e solidária;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Art. 98. A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão:
I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau;(BRASIL. 1988).
O Código Civil de 2002 foi incisivo ao dispor em seu artigo 840, que: “É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas”.[6: LEI No 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Institui o Código Civil. Disponível http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm> Acesso em 20 abril 2019.]
Na legislação moderna brasileira, a previsão da conciliação encontra-se presente, de forma explicita em diversas disposições legais, quais sejam:
a) Lei de Arbitragem em seus Arts. 21, §4º, e 28);[7: LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a arbitragem. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso em 20 abril 2019.]
Art. 21.
§ 4º Competirá ao árbitro ou ao tribunal arbitral, no início do procedimento, tentar a conciliação das partes, aplicando-se, no que couber, o art. 28 desta Lei.
Art. 28. Se, no decurso da arbitragem, as partes chegarem a acordo quanto ao litígio, o árbitro ou o tribunal arbitral poderá, a pedido das partes, declarar tal fato mediante sentença arbitral, que conterá os requisitos do art. 26 desta Lei. (BRASIL. 1996)
b) Lei nº 9.099/1995 dos Juizados Especiais, na qual se posta como princípio jurídico no art. 2º: "O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível, a conciliação ou a transação." (BRASIL. 1995)[8: LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995. Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L9099.htm. Acesso em 20 abril 2019.]
Ainda de maneira tácita, o instituto da conciliação é encontrado no Código de Defesa do Consumidor em seus Arts. 5º, IV, 6º, VII, e 107;[9: LEI Nº 8.078, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm. Acesso em 20 abril 2019.]
Art. 5° Para a execução da Política Nacional das Relações de Consumo, contará o poder público com os seguintes instrumentos, entre outros:
IV - criação de Juizados Especiais de Pequenas Causas e Varas Especializadas para a solução de litígios de consumo;
Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e técnica aos necessitados;
Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do conflito de consumo. (BRASIL. 1990).
No ano de 2006 a conciliação renasce no cenário jurídico, através do Conselho Nacional de Justiça, que lançou naquele ano a campanha ‘Movimento pela Conciliação’ e vem desde então, em parceria com órgãos do Poder Judiciário, OAB, Conselho Nacional do Ministério Público, Defensoria Pública, Entidades e Universidades, lançando campanhas anuais em prol da utilização do presente instituto na resolução de conflitos.
Em 2010, o Conselho Nacional de Justiça lançou a Resolução n. 125, regulamentando a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário, sedimentando e apoiando a prática da conciliação e mediação por reconhecer nestes institutos, verdadeiros instrumentos de pacificação social.[10: Resolução nº 125, de 29 de novembro de 2010. Dispõe sobre a Política Judiciária Nacional de tratamento adequado dos conflitos de interesses no âmbito do Poder Judiciário e dá outras providências. Disponível em http://www.cnj.jus.br/busca-atos-adm?documento=2579 . acesso em 20 abril 2019.]
Ademais, os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e os Juizados Especiais Cíveis e Criminais em âmbito Federal, priorizam a solução de conflito pelo instituto da conciliação.
Como se vê, a conciliação não é algo novo, apenas esteve esquecida por muito tempo em detrimento da desídia do judiciário e do formalismo processual centralizador que impregnou o judiciário brasileiro, mas que agora vem renascendo com força, impulsionada pelo Conselho Nacional de Justiça, órgão responsável por sua disseminação.
CONCEITO
A definição coerente de conciliação, trazida pelo dicionário Michaelis diz o seguinte: “1 Ação ou efeito de conciliar. 2 Ato de harmonizar litigantes ou pessoas divergentes. 3 Acordo entre demandantes para encerrar uma demanda legal”.[11: MICHAELIS. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. Disponível em http://michaelis.uol.com.br/busca?id=ab0L. Acessado em 13 de abril de 2019 às 19 horas e 31 minutos.]
Já na definição do Conselho Nacional de Justiça, conciliação é “um meio alternativo de resolução de conflitos em que as partes confiam a uma terceira pessoa (conciliador), a função de aproximá-las e orientá-las na construção de um acordo”. [12: CNJ – Conselho Nacional de Justiça. Disponível em http://www.cnj.jus.br/sistema-carcerario-e-execucao-penal/356-geral/125-conciliacao. Acessado em 13 de abril de 2019 às 19 horas e 55 minutos.]
Já a definição histórica da palavra “conciliação” tem origem latina e significa conciliatione, sendo traduzida em “ato ou efeito de conciliar; ato de harmonizar disputantes ou pessoas com vontades opostas; acordo; entendimento; concordância.”
Diante dos conceitos acima apresentados, fica fácil compreender o instituto da conciliação o seu caráter objetivo e direto na busca pela pacificação de litígios. Desta feita, juridicamentefalando, a conciliação tem suas definições enraizadas, de acordo com conhecimento transmitido pelo Conselho Nacional de Justiça, no sentido de autocomposição das partes.
No que se refere à conciliação judicial, o CNJ diz ser
O procedimento é iniciado pelo magistrado ou por requerimento da parte, com a designação de audiência e a intimação das partes para o comparecimento. Na conciliação pré-processual, a parte comparece à unidade do Poder Judiciário apta a atendê-la - no caso, as unidades de conciliação já instaladas ou os Juizados Especiais -, que marca uma sessão na qual a outra parte é convidada a comparecer. Na efetivação do acordo, o termo da audiência se transforma em título judicial. Na falta de acordo, é dado o encaminhamento para o ingresso em juízo pelas vias normais.
Dessa forma, a conciliação, no contexto judiciário, propõe um processo de pacificação social buscando a resolução amigável do conflito, tendo como consequência lógica uma redução do número de litígios lançados à tutela estatal e do tempo para análise dos processos judiciais.
Abreviando, tem-se que a conciliação deve ser aplicada na solução de conflitos mais simples, em que o terceiro imparcial adota uma postura mais intervencionista, no entanto mantendo a neutralidade e a imparcialidade. Sua execução deve ser breve, com a finalidade de restabelecimento, respeitadas as limitações, da relação social das partes.
MODALIDADES DE CONCILIAÇÃO
A conciliação, como um auxiliar da Justiça, na resolução de conflitos, subdivide-se, conforme o momento em que for implementado o acordo:
Desta forma, a Justiça Brasileira enxerga a conciliação em dois veios processuais, quais sejam, extraprocessual também denominada de informal, e endoprocessual. também denominada processual; 
A conciliação extraprocessual tem como objetivo a solução de conflitos por meio de acordo elaborado entre as partes antes de se instaurar a lide, ou seja, antes de se efetivar a ação que comina na ativação de órgãos jurisdicionais.
Sendo assim, apresenta-se de forma pré-processual, uma vez que o Estado-Juiz não utilizará dos artifícios jurisdicionais inerentes aos procedimentos judiciais, e informal, já que as partes interessadas na solução da controvérsia, juntamente com agentes específicos (juízes leigos e conciliadores, por exemplo), tentarão resolver a insatisfação de suas pretensões por meio da composição, portanto, sem a interferência do Poder Estatal.
A conciliação endoprocessual só ocorrerá após a instauração da ação, ou seja, é uma modalidade de procedimento inerente à jurisdição, qualificando-se como autêntica atividade jurisdicional.
Na conciliação judicial, ou processual, é dever do juiz enquanto representante do Estado, promover e estimular a autocomposição, devendo ser praticada a qualquer momento e em qualquer grau de jurisdição, como previsto no art. 139, V, do Código de Processo Civil. 
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
V – promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais; (BRASIL. 2015)
Esse mesmo Código estimula a conciliação em momentos diversos no decurso do processo, o Art. 334 prevê a audiência conciliatória, a qual não priva o juiz de tentar novamente em outras fases do procedimento.
Art. 334 Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§ 1o O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária.
§ 2o Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes. (BRASIL. 2015)
Ante o exposto, fica evidente que tanto a modalidade endoprocessual, quanto a extraprocessual, tem como escopo a solução de litígios com maior celeridade, uma vez que o Poder Judiciário encontra-se sobrecarregado de demandas processuais.
DIFERENÇA ENTRE CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO.
A audiência preliminar de conciliação ou de mediação é ato integrante do procedimento comum, só não sendo observado nas causas em que a autocomposição não for admissível nos termos da lei.
Assim, ainda que o autor manifeste, expressamente na petição inicial, desinteresse pela autocomposição, o juiz a despachará designando dia e hora para sua realização. Esse ato conciliatório somente não será realizado se o réu aderir ao desinteresse do autor em petição posterior à citação e anterior à audiência. O autor, portanto, não tem o poder de, isoladamente, impedir ou evitar a audiência. Sem a adesão do réu, a sessão ocorrerá necessariamente. Da mesma forma, o demandado também não tem poder de impedi-la pela só manifestação individual de desinteresse. Nem uma nem outra parte têm possibilidade de sozinha, escapar da audiência preliminar.
De acordo com Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2016, p. 66) 
A solução consensual dos conflitos deve ser, sempre que possível, promovida pelo Estado, devendo a conciliação, a mediação e outras formas de solução consensual ser estimuladas por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público.
 A partir dessa apresentação, é possível afirmar que conciliação e mediação são similares, mas não iguais, logo, cada uma com suas peculiaridades.
A mediação é um processo voluntário que oferece àqueles que estão vivenciando um conflito familiar, ou qualquer outro conflito de relação continuada, a oportunidade e o espaço adequados para solucionar questões relativas à separação, sustento e guarda de crianças, visitação, pagamento de pensões, divisão de bens e outras matérias, especialmente as de interesse da família. As partes poderão expor seu pensamento e terão uma oportunidade de solucionar questões importantes de um modo cooperativo e construtivo. O objetivo da mediação é prestar assistência na obtenção de acordos, que poderá constituir um modelo de conduta para futuras relações, num ambiente colaborativo em que as partes possam dialogar produtivamente sobre suas necessidades e de seus filhos. Nesta modalidade os mediadores conduzem um diálogo direcionado para as questões em debate, falando com as partes em conjunto ou separadamente, solicitando que cada parte anote por escrito todas as questões que queiram debater. As sessões têm normalmente duas horas de duração, e um caso, em média, carece de três a quatro sessões para que se alcance uma solução.
Por sua vez a conciliação uma forma de solucionar conflitos onde as partes envolvidas aceitam que uma terceira pessoa (neutra), o conciliador, faça o papel orientá-las para chegarem a um acordo. Na conciliação, não existem vencedores nem perdedores. São as partes que constroem a solução para os próprios problemas, tornando-se responsáveis pelos compromissos que assumem, resgatando, tanto quanto possível, a capacidade de relacionamento. Nesse mecanismo, o papel do juiz não é menos importante, pois é aqui que ele cumpre sua missão de pacificar verdadeiramente o conflito. 
Diferentemente do mediador, o conciliador tem a prerrogativa de sugerir uma solução. Essa polarização pede uma intervenção do conciliador no sentido de um acordo justo para ambas as partes e no estabelecimento de como esse acordo será cumprido. Causas trabalhistas costumam ser um objeto onde a conciliação atua com eficiência.
Existe, portanto, entre conciliação e mediação desigualdades que devem ser consideradas para o processo como um todo. 
Consoante o exposto, fica evidente que no cerne da distinção entre conciliação e mediação reside a postura do terceiro imparcial, responsável por direcionar a controvérsia.
O INSTITUTO DA CONCILIAÇÃO NO ORDENAMENTO JURÍDICO DE OUTROS PAÍSES.
CHILENo Chile a Constituição da República não dispõe expressamente sobre o acesso à justiça, porém, apresenta esta modalidade implicitamente[13: CONSTITUCION POLITICA DE LA REPUBLICA DE CHILE PROMULGADA EN 8 DE AGOSTO DE 1828. Disponível em https://www.camara.cl/camara/media/docs/constitucion/c_1828.pdf. Acesso em 21 abril 2019.]
Um dos principais problemas da justiça chilena é que hoje está colapsando por muitas razões, a demora de resolução de litígio, preços muito elevados, lentidão de processos, impossibilidade de acesso para todos. Uma boa solução para estes problemas são os métodos alternativos da resolução do conflito, como mediação, conciliação, arbitragem, etc.
O Chile não tem uma lei de mediação, conciliação a arbitragem, mas tem legislação especifica em certas áreas.
A Arbitragem tem a sua maior utilização nas áreas de comércio e é comumente incorporada como uma cláusula no contrato entre as partes.
A conciliação, apesar de sua natureza obrigatória do processo civil, não teve uma aplicação prática pelos funcionários judiciais, ao contrário do caso em disputas trabalhistas, onde os litigio são resolvidos em 75% dos casos, na primeira conciliação.
ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA.
O conceito de Tribunal Multiportas foi desenvolvido no Estados Unidos da América, a partir dos estudos em meios alternativos levados a termo pelo professor da Harvard Law School, Frank Sander. 
A ideia do Tribunal Multiportas nasceu em 1975, quando o pesquisador mencionado estudava Direito de Família na Suécia, e remeteu alguns de seus estudos, baseados em meios alternativos, ao presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, Warren Burger que, em seguida, convidou-o a proferir a palestra de abertura de uma conferência em St. Paul, no estado de Minessota, onde ele ficaria encarregado de apresentar um documento sobre a solução de conflitos. 
Naquela ocasião, foi a palestra denominada “Variedades de processamento de conflitos”, e posteriormente divulgada na revista da American Bar Association (ABA), equivalente à Ordem dos Advogados do Brasil, na qual se denominou o conceito criado pelo professor como “Tribunal Multiportas”.
A concepção parte do pressuposto de que é necessário avaliar, a partir das características do conflito, a adequação dos variados meios para solução de controvérsias, tais como mediação, conciliação, arbitragem e negociação. Feita a análise de cada um dos métodos aptos à solução de conflitos, sempre a vista da relação conflituosa, prossegue-se à verificação de seus procedimentos a fim de buscar quais portas – meios - seriam adequadas a cada um dos conflitos que nasçam das relações sociais.
Nesse contexto as partes envolvidas em um conflito disporiam não só dos mecanismos habituais para a solução de seus conflitos, notadamente os tribunais, mas também, nestas mesmas instituições, poderiam se valer de métodos alternativos à solução de disputas, que seriam definidos a partir da divergência apresentada, ideia que tem a capacidade de auxiliar na consolidação da garantia fundamental de acesso à justiça.
Assim, o Tribunal Multiportas pode ser definido como um dos mecanismos funcionais da onda reformista do Poder Judiciário, mencionada aqui no início deste trabalho. Nos Estados Unidos constitui uma instituição que funciona de baixo para cima e que tem a finalidade de reencaminhar as ações para o fórum mais adequado, em vez de apontar que o julgamento através do processo comum nos tribunais constitui o melhor caminho para as mesmas.
Assim, estas experiências concretas implementadas nos Estados Unidos mostram, mesmo que de maneiras distintas, a preocupação em atender aos pressupostos estabelecidos por Sander. 
Desta feita, existe a preocupação em formar adequadamente mediadores/conciliadores/advogados, procura-se estabelecer também políticas públicas que incentivem a utilização das ADRs, as cortes também têm se atentado à importância do profissional que fará a triagem (screening clerk), além da institucionalização que tem ocorrido em todas as instâncias.
ALEMANHA
A doutrina alemã também tem se preocupado com soluções para a chamada aceleração processual. Segundo Othmar Jauernig já neste século há um grande apelo da sociedade por um decurso mais rápido do processo. Da mesma forma que no Brasil doutrinadores se debruçam sobre o tema, mas sem qualquer consenso. 
Na Alemanha alguns doutrinadores chegam a afirmar que em verdade o processo, em média, não dura tanto assim, enquanto outros apontam a duração do processo como algo alarmante. Othmar Jauernig salienta em sua obra que o processo rápido não deixa de apresentar problemas. O autor afirma que a consideração de fatos e direitos do processo demandam tempo, faltando-se esse tempo encurta-se demais o processo. 
A rapidez processual se relaciona mal com a profundidade, ou seja, a aceleração processual pode aumentar o número de erros judiciais. O autor chega ainda a uma interessante afirmação: a de que tudo que se poderia ser confeccionado legislativamente sobre a aceleração processual já foi feito. Segundo o autor fica evidente que a aceleração processual não é problema do legislador, mas sim dos interessados no processo: juiz, partes e seus advogados. Para o autor das partes dependem as possibilidades de aceleração legais serem utilizadas ou simplesmente permanecerem no papel. 
Reinhard Greger, na mesma linha de Othmar Jauernig, afirma que há um desrespeito pelas partes do princípio da oralidade incluído na reforma de 1876, concluindo que ainda se escreve demais no processo civil e que as audiências orais se revelam tímidas. 
Corroborando com este entendimento os autores citam três medidas adotadas pelo processo civil alemão que buscam essa aceleração processual: a audiência preliminar para discussão oral, a audiência de conciliação e a audiência única. 
O legislador alemão com essas três criações tenta privilegiar o princípio da oralidade e buscar a conciliação como principais ferramentas para alcançar a aceleração processual. Othmar Jauernig diz em sua obra que o âmago da reforma processual de 1976 é justamente a audiência amplamente preparada para discussão oral e a audiência principal em que o litígio deve ser resolvido.
Esse mesmo dispositivo afirma que a proposta de resolução amigável exige uma audiência de conciliação pelo tribunal, ou seja, o tribunal tem que possibilitar a conciliação. O dispositivo diz ainda que os juízes podem usar todos os métodos de resolução de conflito, incluindo a mediação. 
Caso as partes decidam por realizar uma mediação ou qualquer outro método de resolução alternativa de conflitos, o tribunal deverá ordenar a suspensão do processo. 
Caso não se alcance algum tipo de conciliação, segue-se a fase litigiosa na chamada audiência principal. Importante salientar que na audiência principal já foi realizada uma série de atos preparatórios, os fatos alegados pelo autor, as exceções trazidas pelo réu, sendo assim, cabe ao tribunal debater com as partes e decidir conforme o apresentado, lembrando que o tribunal não deve surpreender as partes.
SOLUÇÃO DE CONFLITOS E LITÍGIOS INTERNACIONAIS
A solução pacífica de conflitos entre os Estados foi se consolidando ao longo da História, consubstanciando-se em institutos que foram consagrados pelos usos e costumes internacionais.
O modo de solução de conflitos internacionais pode ser inicialmente, divididos em pacíficos e não pacíficos. Não-pacíficos, ligado essencialmente ao uso da forca por uma das partes litigantes. Os meios pacíficos de solução de conflitos internacionais têm sua eficácia adstrita á vontade dos países contendores.
Nessa perspectiva, foram adotados principalmente, do decorrer do século XX alguns tratados multilaterais, com o fim de regular em nível regional e em nível global, os mecanismos para a solução pacífica de disputas.
Assim, entre as convenções realizadas em nível global, pode-se citar a Convenção de Haia para a Solução Pacífica de Conflitos Internacionais de 1899, a segunda Convenção de Haia para a Solução Pacífica de Conflitos Internacionaisde 1907 e o Ato Geral para a Solução Pacífica de Controvérsias Internacionais em 1928, mais conhecidos como Ato Geral de Arbitragem de Genebra, sob a égide da Liga das Nações.[14: Convenção de Haia para a Solução Pacífica de Conflitos Internacionais de 1899. Disponível em http://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/documentos/instrumentos/Haia1899.pdf. Acesso em 21 abril 2019.][15: Convenção de Haia para a Solução Pacífica de Conflitos Internacionais de 1907. Disponível em https://dre.pt/application/conteudo/188929. Acesso em 21 abril 2019.][16: PROTOCOLO DE GENEBRA Relativo a cláusulas de arbitragem. Disponível em http://arbitragemsantos.com.br/conteudo/legislacao_01.htm. Acesso em 21 abril 2019.]
Assim, dispõe o artigo § 2° e 3° da Carta das Nações Unidas que:
Todos os membros deverão resolver suas controvérsias internacionais por meios pacíficos, de modo que não sejam ameaçadas a paz, a segurança e a justiça internacionais.
Ademais, o art. 33, §1°, I da mesma Carta complementa:
As partes em uma controvérsia, que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais, procurarão, antes de tudo, chegar a uma solução por negociação, inquérito, mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial, recurso à entidades ou acordos regionais, ou a qualquer outro meio pacífico à sua escolha.
Neste sentido, existe atualmente um conjunto de mecanismos ao dispor da Organização das Nações Unidas, que vão desde a diplomacia preventiva, associado à prevenção de conflitos, ao “peacemaking”, “peacekeeping” e na fase de reconstrução pós conflito, o “peacebuilding”, com o objetivo de cessar as hostilidades e levar as partes em confronto a aceitar a paz.
Dentre estes mecanismos podemos destacar a conciliação que é um método pelo qual as partes que compõem o litígio escolhem terceiros não necessariamente neutros, denominados comissão conciliadora, que procurará sugerindo alternativas sobre questão litigiosa ajudá-las a alcançarem por si mesmas, um acordo para solução de controvérsias. Em outras palavras, consiste em um órgão que tem confiança comum dos Estados litigantes.
A função desta comissão conciliatória é de investigar os fatos em disputa e sugerir uma solução que melhor aproveite os interesses de ambos e a aceitação dos pólos em disputa é meramente opcional. Assim, não sendo aceita a solução proposta pela comissão conciliatória, os trabalhos serão encerrados e as obrigações recíprocas entre as partes tornam-se inexistentes.
Os conciliadores podem ser nomeados de acordo com a função exercida por ex. Ministro das Relações Exteriores ou com a sua capacidade pessoal. Porém, após procedimentos com certa formalidade, apresenta suas conclusões sobre a questão litigiosa, na forma de relatório opinativo, no qual irá propor um acordo entre os litigantes e um prazo para que estes se pronunciem.
Ultimamente, a conciliação tem merecida uma atenção particular em algumas convenções multilaterais mais complexas por resultar tanto de um acordo preestabelecido ou ad hoc entre as partes envolvidas na disputa, onde se prevê que, na impossibilidade de chegar-se a uma solução pela via da arbitragem, as partes/Estados se comprometem a iniciar uma conciliação por influência refletida da Convenção de Viena Direito dos Tratados de 1969, a Convenção da Biodiversidade e a Convenção sobre Mudança do clima, ambas de 1992 e a Convenção de Montego Bay de 1982 sobre Direito do Mar, a qual contém um Anexo Único, especialmente voltado à conciliação.    
CONSIDERAÇÕES FINAIS.
A complexidade dos conflitos aumenta conforme as transformações ocorrem na sociedade, o que estimula divergências, exclusões e muitas vezes violência. Em muitos casos, a demanda encaminhada ao Poder Judiciário depara-se com uma máquina burocrática, repleta de formalismo, que não tem conseguido oferecer uma resposta satisfatória. Entre várias discussões sobre a atualização da prestação jurisdicional, surgem os meios consensuais de solução de conflitos, especialmente a mediação e a conciliação.
 O Poder Judiciário passa a contar com mecanismos autocompositivos e heterocompositivos, que, com exceção de alguns casos de negociação, contam com terceiro imparcial, que pode atuar de forma diferente e que, dependendo do mecanismo, pode: facilitar, avaliar ou decidir, de acordo com a abordagem adequada do conflito, utilizando-se de técnicas apropriadas ao tipo de conflito e à relação entre as partes nele envolvidas, eventual ou continuada. 
Entre os mecanismos autocompositivos aqui tratados, ressaltam-se a mediação e a conciliação. Considerados equivalentes jurisdicionais, pois são formas de solucionar conflitos que não impedem o controle jurisdicional e trazem a possibilidade de oferecer à sociedade novas formas de solucionar os conflitos, mais adequados e, às vezes, mais eficazes para o tratamento adequado do conflito. 
Nos últimos anos, especialmente a partir do ano de 2010, iniciou-se, por meio da Resolução nº 125 do Conselho Nacional de Justiça, um forte movimento de aproximação entre o Poder Judiciário brasileiro e os equivalentes jurisdicionais. Por meio dessa resolução foi estabelecida a criação de centros de resolução de conflitos em todos os Tribunais brasileiros (inspirado no modelo de múltiplas portas do sistema norte-americano), especialmente para o desenvolvimento da mediação e da conciliação. 
O desafio maior para a adequada implementação dos equivalentes jurisdicionais junto do Poder Judiciário gira, assim, em torno de quatro pontos principais: 1) deixar claro que os mecanismos autocompositivos aqui citados desenvolvidos junto ao Poder Judiciário, no Brasil, tem o intuito de tratar/ administrar/solucionar os conflitos adequadamente, dando-lhes a abordagem correta, a depender do tipo de conflito e da relação existente entre as pessoas envolvidas; 2) a necessidade da aproximação adequada e transparente dos mecanismos consensuais de solução de conflitos do Poder Judiciário; 3) a compreensão correta do conceito e da prática da mediação e conciliação, evitando a implementação incorreta; e 4) essa aproximação tem como objetivo principal a administração adequada do conflito (e não estatísticas de números de acordos) com vistas à pacificação social. 
O êxito da implementação da mediação e da conciliação depende de vários fatores que envolvem desde a mudança na formação jurídica até a decisão consciente e cuidadosa do Poder Judiciário de incentivar a realização com qualidade dessas atividades.
É certo que a conciliação não resolverá todas as querelas que insurgirem no seio da sociedade, mas uma coisa é certa, ela precisa e deve ser a primeira alternativa a ser buscada pelas partes para solucionar seus problemas, visto a comprovação de que é de fato um instrumento que promove o diálogo (mudança de mentalidade) e a paz social, objetivo fim do Estado-juiz.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. LEI Nº 9.307, DE 23 DE SETEMBRO DE 1996. Dispõe sobre a arbitragem. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9307.htm. Acesso em 20 abril 2019.
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