Buscar

Albert-Ellis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

*
*
TERAPIA RACIONAL-EMOTIVA (RET)
Albert Ellis
Adaptação do conteúdo do site http://www.cemp.com.br/artigos.asp?id=57
*
*
Introdução
A proposta da RET afasta-se radicalmente de outros sistemas psicoterapêuticos - a saber, das abordagens psicanalítica, humanista-existencial, centrada-no-cliente e gestaltista. Aproxima-se mais das terapias orientadas em termos cognitivos, comportamentais e de ação, no sentido de ressaltar o pensamento, o julgamento, a decisão, a análise e a atuação. 
A RET é extremamente didática, muito diretiva e preocupa-se mais com as dimensões do pensamento do que com as do sentimento.
*
*
CONCEITOS-CHAVES
Visão da Natureza Humana
A RET se baseia na suposição de que os seres humanos nascem com um potencial para o pensamento racional e correto, assim como para o pensamento irracional e desviante. 
As pessoas apresentam predisposições para a autopreservação, a felicidade, o pensamento e a verbalização, o amor, a comunhão com os outros, o crescimento e a auto-realização. Apresentam ainda propensão à autodestruição, a evitar o pensamento, à procrastinação, à repetição infindável de erros, superstição, intolerância, perfeccionismo, auto-acusação e fuga da atualização de potenciais para o crescimento. 
Possuem tendências dentro de si tanto para persistir em padrões de comportamento antigos e disfuncionais, quanto para descobrir uma série de formas de dedicar-se à auto-sabotagem.
*
*
No entanto, segundo a psicologia racional-emotiva, nascem com a tendência a insistirem em ver todos os seus desejos, demandas e necessidades satisfeitos ao longo da vida; se não conseguem o que querem imediatamente, condenam a si mesmas e aos outros (Ellis, 1973a, p. 175-176).
 A terapia racional-emotiva afirma que os homens não precisam resignar-se a serem vítimas do condicionamento primitivo, as pessoas dispõem de vastos recursos não-liberados para atualizar seu potencial e podem mudar seu destino pessoal e social. 
*
*
A RET dá ênfase ao fato dos homens pensarem, sentirem emoções e se comportarem simultaneamente. De modo a compreender o comportamento autoderrotista, é necessário compreender como uma pessoa sente emoção, pensa, percebe e age. Para modificar padrões disfuncionais, seria idealmente necessário empregar uma variedade de métodos perceptivo-cognitivos, emotivo-evocativos e comportamentais-reeducativos (Ellis, 1973a, p.171).
*
*
ParaEllis (1967, p.79-80) tanto a abordagem psicanalítica quanto a humanista-existencial estão erradas, tornando suas metodologias ineficientes e inadequadas. 
A visão freudiana da natureza humana é, por ele, acusada de falsa, por ser parcialmente correta a visão humanista-existencial: o indivíduo não é inteiramente um animal biologicamente determinado, dirigidos pelos instintos. O indivíduo é único e tem o poder de compreender limitações, de mudar pontos de vista e valores básicos - introjetados acriticamente, por ele, enquanto criança - e de contestar tendências autoderrotistas. 
*
*
As pessoas possuem a capacidade de confrontar seus sistemas de valores e redoutrinar-se a si mesmas com crenças, idéias e valores diferentes. Como resultado disso, comportar-se-ão de modo bastante distinto daquele segundo o qual se conduziam no passado. Portanto, por poderem pensar e trabalhar até que se tornem realmente diferentes, as pessoas não são vítimas passivas de condicionamentos passados.
*
*
Ellis não aceita totalmente a visão existencial sobre a tendência à auto-realização, devido ao fato de os seres humanos serem animais biológicos com fortes tendências instintivas a se comportarem de determinados modos. Assim, Ellis discute que, uma vez condicionados a pensar ou sentir de uma certa forma, os indivíduos tendem a continuar conduzindo-se de tal modo, muito embora pudessem dar-se conta do autoderrotismo de seu comportamento. O autor questiona um encontro existencial com um terapeuta compreensivo, permissivo e autêntico chegue normalmente a estirpar os padrões de comportamento autoderrotista, profundamente enraizados em um indivíduo.
*
*
A RET e a Teoria da Personalidade.
A RET define a neurose como "pensamento e comportamento irracionais", um estado natural do homem, que aflige a todos em certo grau. Este estado encontra-se profundamente enquistado, simplesmente porque somos seres humanos e vivemos com outros seres humanos, em sociedade.
Os fenômenos psicopatológicos são originalmente aprendidos e agravados pela inscrição de crenças irracionais dos outros significativos durante a infância. No entanto, nós mesmos reincutimos as falsas crenças de forma ativa, por meio de processos de auto-sugestão e auto-repetição. Assim, deve-se em grande parte à nossa própria repetição de pensamentos irracionais, objeto de redoutrinação precoce, mais do que à repetição por parte dos pais, o fato de se manterem vivas e atuantes, dentro de nós, atitudes disfuncionais.
*
*
As emoções são produtos do pensamento humano. Quando pensamos que alguma coisa é ruim, sentimo-nos mal em relação a esta coisa. Para Ellis (1967) "o distúrbio emocional consiste essencialmente em proposições ou significados incorretos, ilógicos e não-validáveis, em que o indivíduo perturbado acredita de modo dogmático e sem discussão, e em relação aos quais consequentemente se emociona ou age construindo sua própria derrota" (p.82)
Para a RET a culpa é o núcleo da maioria dos distúrbios emocionais. A cura de uma neurose ou psicose, requer que paremos de culpar a nós mesmos e aos outros. É preciso nos aceitarmos apesas de nossas imperfeições. A ansiedade provém da repetição interior da seguinte proposição: "Eu não gosto do meu comportamento e gostaria de mudar"; que contém implícita a acusação: "Devido a meu comportamento incorreto e aos meus erros, sou uma pessoa muito ruim, mereço ser condenada, mereço sofrer.“ O indivíduo pode ser ajudado a perceber que sentenças assim, imprecisas e irracionais, são falsas armadilhas autopunitivas por ele adquiridas.
*
*
A RET argumenta que as pessoas não necessitam ser aceitas e amadas, muito embora isto seja desejado. O terapeuta ensina ao cliente a maneira de não se sentir ferido, mesmo quando não é aceito e amado pelos outros significativos. Ainda que permitindo às pessoas se sentirem tristes por não serem aceitas, a RET tenta auxiliá-las a encontrar formas de superar todas as manifestações intensas de depressão, dor, desvalorização e ódio.
A RET formula a hipótese de que, em razão de sermos criados dentro da sociedade, tendemos a nos tornar vítimas de idéias sem fundamento, tendemos a continuar a nossa própria redoutrinação incessante com essas idéias, de uma forma impensada e auto-sugestiva, mantendo-as consequentemente atuantes em nosso comportamento manifesto. De acordo com Ellis (1967), algumas das principais idéias irracionais por nós internalizadas e que conduzem inevitavelmente à uma vida autoderrotiva são as seguintes:
*
*
1)A idéia de que o ser humano adulto tem uma necessidade terrível de ser amado ou aprovado virtualmente por toda outra pessoa significativa de sua comunidade;
2)A idéia segundo a qual é preciso ser totalmente competente, adequado e bem-sucedido quanto a todos os aspectos possíveis, caso o indivíduo queira considerar-se alguém de valor;
3)A idéia de que certas pessoas são más, perversas e infames e deveriam ser severamente acusadas e punidas por sua maldade;
4)A idéia de ser mais fácil evitar certas dificuldades da vida e responsabilidades próprias, do que enfrentá-las; 
5)A idéia de uma situação de pavor e catástrofe quando as coisas não ocorrem como se gostaria que realmente que ocorressem;
6)A idéia segundo a qual a infelicidade humana decorre de causas externas e as pessoas possuem pouca ou nenhuma capacidade para controlar seus sofrimentos e perturbações;
7)A idéia de ser a história passada um importante fator determinante do comportamento presente e de que, pelo fato de alguma coisa certa vez ter afetado muito a vidade alguém, deverá ter efeitos semelhantes indefinidamente.
*
*
A Teoria A - B - C da Personalidade
A teoria A -B - C da personalidade é central para a RET, em termos teóricos e práticos. 
"A" é a existência de um fato, um evento, ou comportamento ou a atitude de um indivíduo. "C" é a consequência emocional ou reação do indivíduo; a reação pode ser adequada ou inadequada. "A" (o evento ativador) não causa "C" (a consequência emocional). Em seu lugar, "B", que é a crença da pessoa a respeito de "A", causa "C", a reação emocional. Por exemplo, se uma pessoa vivencia depressão depois de um divórcio, possivelmente não é o divórcio em si, a causa da reação depressiva, mas as crenças da pessoa quanto a ser um fracasso, ser rejeitada, ou perder um companheiro. Ellis afirmaria que as crenças da rejeição e do fracasso (no ponto "B") constituem as causas da depressão (no ponto "C"), e não o evento atual do divórcio (ponto "A"). Assim, os seres humanos são em grande parte responsáveis pela criação de suas próprias reações e perturbações emocionais.
*
*
Como é fortalecido um distúrbio emocional? 
É alimentado por sentenças ilógicas que a pessoa repete continuamente para si mesma, tais como: "A culpa pelo divórcio é inteiramente minha", "Eu sou um miserável fracassado, tudo o que fiz estava errado", "Não tenho valor algum", "Sinto-me só e rejeitado, e isto é uma catástrofe horrível." Ellis (1974) sustenta que "a pessoa se sente conforme o que pensa" (p. 312). As reações emocionais perturbadas, tais como a depressão e a ansiedade, são desencadeadas e perpetuadas pelo sistema de crenças autoderrotistas, o qual se baseia em idéias irracionais incorporadas pela pessoa. 
*
*
O autor (1974) afirma a possibilidade de se eliminarem ou modificarem os distúrbios emocionais trabalhando diretamente com os sentimentos (depressão , ansiedade, hostilidade, medo, etc.), mas propõe que "a técnica mais rápida, mais firmemente implantada, mais refinada e de efeitos mais duradouros enquanto técnica para ajudar as pessoas a modificarem suas reações emocionais disfuncionais, consiste em capacitá-las a ver com clareza o que se dizem a si mesmas com tanta força, no ponto "B" (seu sistema de crença), acerca dos estímulos incidentes sobre elas no ponto "A" (suas experiências ativadoras) e em ensinar-lhes como discutir no ponto "D", de forma ativa e vigorosa, suas crenças irracionais" (p. 312-313).
*
*
Os seres humanos, por disporem da capacidade de pensamento, estão aptos a "se treinarem no sentido de mudar ou eliminar suas crenças auto-sabotadoras". Para aprender a compreender e confrontar sistema de crenças irracionais, é necessário autodisciplina, pensamento e trabalho. Há possibilidade de mudanças, tanto curativas quanto preventivas, nas tendências geradoras de perturbações, se as pessoas forem assistidas no sentido de conseguirem focalizar o "pensamento desviante" e "as emoções e a conduta inadequadas". 
*
*
Como ajudar as pessoas a ajustarem "seu sistemas de crenças mágicas" até o ponto zero? 
Responde Ellis (1973a) que, para elas,"haverá uma probabilidade bem maior de mudarem suas crenças geradoras de sintomas com um terapeuta que trabalhe de modo diretivo-ativo, didático, filosófico, passando deveres de casa (terapeuta que pode estabelecer ou não, uma relação pessoal e afetiva com essas pessoas), do que se trabalharem principalmente com um terapeuta de orientação dinâmica, centrada-no cliente, existencialista convencional ou voltada para a modificação clássica do comportamento" (p. 179-180).
A maneira mais eficiente de ajudá-las a realizar mudanças básicas de personalidade consiste em confrontá-las diretamente com sua filosofia de vida, explicar-lhes o modo pelo qual suas idéias as tornam perturbadas, atacar essas idéias irracionais com argumentos lógicos e ensinar-lhes a pensar logicamente, capacitando-as assim a modificar ou eliminar tais idéias.
*
*
Após "A" - "B", - "C", tem-se "D", a Discussão. Essencialmente, "D" é a aplicação do método científico com vistas a ajudar os clientes a combater em seu estilo as crenças irracionais que acarretam perturbações do seu comportamento e emoções. Uma vez que os princípios da lógica podem ser ensinados, é possível usá-los para destruir qualquer hipótese fora da realidade e inverificável. Este método empírico-lógico 
pode auxiliar os clientes a abandonarem ideologias autodestrutivas.
*
*
O PROCESSO TERAPÊUTICO
Objetivos Terapêuticos
Ellis (1973a) observou que muitos caminhos seguidos pela RET dirigem-se a uma meta principal: "A minimização da perspectiva autoderrotista central do cliente e a aquisição de uma filosofia de vida mais realista e tolerante" (p.184).De acordo com o autor, o objetivo básico do psicoterapeuta deveria ser, preferencialmente, o de demonstrar aos clientes que suas verbalizações a respeito de si mesmo têm sido, e ainda são, a origem primária de seus distúrbios emocionais.
*
*
A RET luta por uma reavaliação completa, em termos filosóficos e ideológicos, baseando-se na suposição de serem, os problemas humanos, filosoficamente fundados. Deste modo, a RET não visa primariamente a remoção de sintomas (Ellis, 1967, p. 85; 1973a, p.172); propõe-se, em lugar disso, a incentivar o cliente no sentido de examinar criticamente seus valores mais básicos. Se o problema apresentado pelo cliente é o medo de fracassar no casamento, a meta não é reduzir, simplesmente, este medo específico; em vez disso, o terapeuta tenta trabalhar com os medos exagerado do cliente em relação ao fracasso de modo geral. A RET vai além da remoção do sintoma, pelo fato do processo terapêutico ter, como objetivo central, a ajuda ao cliente no sentido de livrar-se de sintomas declarados e não-declarados.
*
*
Em síntese, o processo terapêutico consiste em curar a irracionalidade com a racionalidade. Já que o indivíduo é essencialmente um ser racional, e já que a fonte de sua infelicidade funda-se na "des-razão", segue-se que ele pode atingir a felicidade aprendendo a pensar racionalmente. O processo de terapia é assim, em grande parte, embora não inteiramente, um processo de ensino/aprendizagem.
*
*
Função e Papel do Terapeuta
As atividades terapêuticas da RET são conduzidas com um propósito central: ajudar o cliente a libertar-se de idéias ilógicas e aprender a substituí-las por idéias lógicas. Tem-se por objetivo levar o cliente a internalizar uma filosofia racional de vida, do mesmo modo que chegou a internalizar um conjunto de crenças dogmáticas, irracionais e supersticiosas, vindas tanto dos pais quanto da cultura.
Para atingir este objetivo, o terapeuta desempenha tarefas específicas. O primeiro passo é mostrar aos clientes que seus problemas se relacionam com crenças irracionais e mostrar como desenvolveram seus valores e atitudes, procurando esclarecer, em termos cognitivos, o fato de terem imcorporado diversos imperativos, deveres e obrigações. 
*
*
Os clientes precisam aprender a separar suas crenças racionais das irracionais. Para conscientização do cliente, o terapeuta assume a função de um agente de contrapropaganda, questionando a propaganda autoderrotista que originalmente o cliente aceitou sem discussão como verdadeira. O terapeuta estimula, persuade e, às vezes, até mesmo comanda o cliente no sentido deste dedicar-se a atividades que atuarão como agentes de contrapropaganda.
*
*
Um segundo passo, no processo terapêutico, leva o cliente além do estágio de conscientização, demonstrando que, no presente, mantém em atividade seus distúrbios emocionais por continuar a pensar ilogicamente e pela repetição de sentenças autoderrotistas, as quais conservam a influência dos primeiros anos em seu caráter funcional. Em outras palavras, o cliente é responsável por seus próprios problemas, porque continua a reendoutrinar-se. Não é suficiente que o terapeuta mostre simplesmente aos clientes, o fato de apresentarem processos ilógicos, pois estarão prontos a dizer:"Agora compreendo que tenho medo do fracasso, e que este medo é exagerado e fora da realidade. Mas ainda sinto medo de fracassar!".
*
*
Para ir além do simples reconhecimento dos pensamentos e sentimentos irracionais por parte dos clientes, o terapeuta dá um terceiro passo: tenta levá-los a modificarem seu pensamento e abandonarem suas idéias irracionais. A psicologia racional-emotiva supõe estarem as crenças ilógicas tão profundamente enraizadas, que normalmente os clientes não as modificarão por si mesmos. O terapeuta precisa ajudá-los a atingirem uma compreensão acerca da relação entre suas idéias autoderrotistas e sua filosofia irrealista que conduz ao círculo vicioso do processo de auto-acusação.
*
*
Assim, o último passo do processo terapêutico consiste em desafiar os clientes, tendo em vista desenvolverem filosofias racionais de vida, de modo que possam evitar se tornarem vítimas de outras crenças irracionais. Não será possível assegurar a não-emergência de outros medos ilógicos, atacando apenas problemas ou sintomas específicos. Logo, para o terapeuta, o desejável é atacar o núcleo do pensamento irracional e ensinar aos clientes a maneira de substituírem crenças e atitudes irracionais por outras racionais.
*
*
O terapeuta que trabalha segundo o referencial da RET atua de modo diferente da maioria dos terapeutas mais convencionais. Sendo essencialmente um processo terapêutico comportamental de natureza cognitiva, diretiva e ativa, minimiza em geral a relação intensa entre terapeuta e cliente. A RET é um processo educativo, e a tarefa primordial do terapeuta é ensinar ao cliente os meios para compreender-se a si mesmo e modificar-se. Emprega principalmente uma metodologia de ataque rápido, diretiva em alto grau e persuasiva, a qual enfatiza os aspectos cognitivos. Ellis (1973a, p.185) compõe um quadro sobre a atuação do praticante da terapia racional-emotiva nos seguintes termos:
*
*
1.Consegue fazer com que o cliente se defina quanto a algumas idéias irracionais de base, as quais motivam uma grande soma de comportamento perturbado;
2.Desafia os clientes a validarem suas idéias;
3.Demonstra aos clientes a natureza ilógica de seu pensamento;
4.Usa uma análise lógica para restringir as crenças irracionais dos clientes;
5.Mostra como tais crenças são inoperantes e como levarão a futuros distúrbios emocionais e comportamentais;
6.Lança mão do absurdo e do humor para fazer frente à irracionalidade do pensamento dos clientes;
7.Explica de que maneira essas idéias podem ser substituídas por idéias mais racionais que tenham fundamento empírico; e 
8.Ensina aos clientes como aplicar a abordagem científica ao seu pensamento, a fim de poderem observar e minimizar idéias irracionais presentes e futuras, assim como deduções que incrementam formas autodestrutivas de sentir e se comportar.
*
*
A Experiência do Cliente na Terapia
No contexto da RET, o papel do cliente é em muito semelhante ao de um aluno, ou aprendiz. A psicoterapia é encarada como um processo de reeducação, através do qual o cliente aprende a aplicar o pensamento lógico à solução de problemas.
O processo terapêutico tem seu foco na experiência presente do cliente. A RET, como as abordagens centrada-no-cliente e de orientação existencial, dá ênfase sobretudo ao aqui-e-agora e à capacidade atual do cliente para mudar os padrões de pensamento e emotividade precocemente adquiridos por ele. O terapeuta não dedica seu tempo à exploração da história primitiva do cliente, nem ao estabelecimento de conexões entre o passado e o comportamento presente do mesmo. Também não pesquisa em profundidade as relações do cliente com seus pais ou irmãos. 
*
*
Em lugar disso, o processo terapêutico ressalta que, não obstante e sua filosofia básica irracional de vida, encontra-se no momento perturbado, porque ainda acredita em seus pontos de vista autoderrotistas sobre si mesmo e sobre seu mundo. Têm importância secundária questões acerca de quando, por que e como adquiriu tal filosofia irracional. A questão central está no como o cliente pode torna-se consciente de suas mensagens autoderrotistas e colocá-las em discussão. Ellis (1974) afirma que geralmente os clientes apresentarão melhoras, mesmo se nunca chegarem a compreender a origem e desenvolvimento de seus problemas.
*
*
Uma experiência central para o cliente, na RET, é a de alcançar insight. A terapia em questão supõe que a aquisição de insight emocional sobre as fontes dos distúrbios constitui um elemento crucial do processo terapêutico. Ellis (1967) definiu o insight emocional como sendo "o conhecimento ou visão do paciente sobre as causas de seus problemas, assim como o trabalho, feito com determinação e energia, para aplicar este conhecimento à solução dos mesmos problemas" (p. 87). Desse modo, a RET valoriza a interpretação enquanto instrumento terapêutico.
*
*
A terapia racional-emotiva postula três níveis de insight. Para ilustrar estes níveis, suponhamos que um cliente, homem, esteja trabalhando o seu medo das mulheres. Sente-se ameaçado por mulheres atraentes e teme o modo pelo qual pode reagir a uma mulher poderosa, assim como o que ela possa fazer com ele. Usando este exemplo, é possível distinguir os três níveis de insight. No primeiro, o cliente toma consciência da existência de uma causa antecedente para o seu medo das mulheres. Esta causa poderia não ser o fato de sua mãe tentar, por exemplo, dominá-lo, mas sim suas crenças irracionais segundo as quais ela não deveria ter tentado dominá-lo e de que era - e continua sendo - algo terrível o fato de ela ter tentado isso.
*
*
No segundo nível de insight, o cliente reconhece que ainda está ameaçado pelas mulheres e se sente incomodado em sua presença, porque ainda acredita nas crenças irracionais anteriormente aceitas por ele, e ainda as repete para si mesmo, sem cessar. Percebe que se mantém em um estado de pânico frente às mulheres, porque continua a se dizer: "As mulheres podem me castrar!", ou "Elas esperam que eu seja um super-homem", ou qualquer outra noção irracional.
*
*
O terceiro nível de insight consiste na aceitação pelo cliente, da impossibilidade de vir a melhorar, ou de vir a se modificar de algum modo significativo, a não ser que trabalhe diligentemente e ponha em prática a mudança de suas crenças irracionais, através da realização concreta de coisas que apresentam um caráter de contrapropaganda. Assim, seu "dever de casa" poderá ser aproximar-se de uma mulher atraente e marcar um encontro com ela. Na ocasião deste encontro, precisa desafiar suas noções irracionais, expectativas catastróficas e crenças acerca do que poderia acontecer. O simples fato de falar sobre seus medos não será de muita utilidade para mudar seu comportamento. O importante é engajar-se em uma atividade que venha a destruir os alicerces de seus medos irracionais.
A RET valoriza especialmente os segundo e terceiro níveis de insight, isto é, o reconhecimento do cliente quanto a ser ele mesmo quem, agora, mantém vivos os sentimentos e idéias originalmente perturbadores e quanto a ser melhor para ele encará-los racional e emotivamente, pensar neles e trabalhar para eliminá-los.
*
*
A Relação entre Terapeuta e Cliente.
A questão da relação pessoal entre terapeuta e cliente assume, na RET, um sentido diferente daquele encontrado na maior parte das outras formas de terapia. Segundo Ellis, têm importância secundária a afeição e o calor pessoal, a relação íntima entre terapeuta e cliente, o relacionamento intenso. Este autor (1973, p. 172) não acredita que uma relação pessoal profunda e calorosa seja uma condição necessária ou suficiente da psicoterapia. Acredita porém, que um bom rapport entre os dois seja altamente desejável.
*
*
De acordo com Ellis (1973a, p. 196), os praticantes da terapia racional-emotiva tendem a ser informais e a se assumirem como pessoas. São ativos e diretivos em alto grau e, muitas vezes, declaramsuas posições sem hesitação. Podem ser objetivos, ponderados e bem pouco afetuosos com a maioria de seus clientes. São capazes de realizar um bom trabalho com clientes que não apreciem pessoalmente, pois seu maior interesse não está em relacionar-se pessoalmente, e sim em ajudar os clientes a lidarem com seus distúrbios emocionais.
*
*
Embora a relação pessoal - cordialidade e afeição - entre terapeuta e cliente não seja de importância primária na RET, isto não significa que a identificação não se defina como significativa. Ellis (1967, p. 87) acredita que a relação terapeuta-cliente desempenhe uma parte relevante no processo terapêutico, mas de um modo diferente daquele encontrado na maioria das psicoterapias. O autor defendeu o ponto de vista segundo o qual a RET dá ênfase à importância dos terapeutas enquanto modelos para seus clientes. Durante a terapia, servem como modelos no sentido de não serem pessoas extremamente perturbadas em termos emocionais e de estarem vivendo de forma racional. Também são um modelo de coragem para seus clientes, pelo fato de apresentarem diretamente aos clientes os sistemas de crenças irracionais dos mesmos, sem se preocuparem com a possibilidade de perderem seu amor e sua aprovação.
*
*
Assim, a RET ressalta a ajuda que um cliente pode receber de um terapeuta altamente treinado e racional. Além disso, valoriza a plena tolerância e a consideração positiva incondicional do terapeuta em relação à identidade do cliente, no sentido de evitar acusá-lo. O terapeuta mantém constante uma aceitação do cliente como ser humano de valor, porque ele existe, e não em razão de suas realizações.
*
*
Questões a serem consideradas
A terapia é, essencialmente, um processo de reeducação? 
Deveria o terapeuta funcionar principalmente como um professor? 
Para o terapeuta, é adequado o uso de propaganda, persuasão e sugestões de cunho diretivo em alto grau? 
Em que medida é produtivo tentar livrar os clientes de suas "crenças irracionais", usando a lógica, o conselho, a informação e interpretações?
*
*
Conclusão e Orientação ao Aluno em Formação
Ellis e Carl Rogers colocam-se num contraste acentuado, no referente ao valor e à necessidade de uma relação pessoal entre cliente e terapeuta. Ao ler tal proposta, busque esclarecer e definir sua posição quanto à questão central de ser a relação terapeuta cliente a variável nuclear, determinante da mudança no cliente, ou serem ainda mais importantes outras variáveis ligadas ao terapeuta, tais como sua habilidade, capacidade de insight, conhecimento e aptidão para ajudar o cliente a abrir caminho em meio a atitudes derrotistas para consigo mesmo.
*

Outros materiais