Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
71 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Unidade IV 7 INDICADORES COMPLEMENTARES 7.1 Indicadores econômicos Antes da análise da lucratividade, Silva (2008) argumenta que, geralmente, na análise de desempenho, a ênfase é dada para as vendas da empresa em um determinado período, comparativamente ao período anterior e ao desempenho de seus concorrentes. Sobre esse aspecto apresentado, a análise horizontal é uma excelente ferramenta para medirmos a evolução das receitas. Lembrete Os indicadores econômicos representam a interpretação dos recursos investidos pela empresa ao longo do tempo. Os estudos setoriais possibilitam comparações de evolução das vendas da empresa com a evolução dos concorrentes. Dessa forma, o conhecimento prévio e a compreensão adequada desses fatores facilitam o entendimento, consequentemente, da lucratividade da empresa. Assaf Neto (2007) afirma que esses indicadores procuram avaliar os resultados conquistados por uma empresa em relação a determinados parâmetros que melhor revelem a verdadeira dimensão desses resultados. Sendo assim, as principais bases de comparação adotadas para o estudo dos resultados organizacionais são: o ativo total, o patrimônio líquido e as receitas de vendas. Os índices de retorno, também conhecidos por índices de lucratividade ou mesmo de rentabilidade, indicam qual o retorno que o empreendimento está propiciando. Podem-se obter, por meio da análise das demonstrações financeiras, os indicadores de retorno sobre o investimento, retorno sobre vendas e retorno sobre o capital próprio, entre outros (SILVA, 2008, p. 189) Indicadores econômicos são aqueles que mostram as margens de lucro (rentabilidade), de retorno do capital investido e a velocidade das operações realizadas. 7.1.1 Taxa de retorno sobre o investimento Essa medida revela a rentabilidade, o retorno produzido (em termos percentuais) pelo total das aplicações realizadas por uma empresa em seus ativos. Em outras palavras, o retorno sobre o ativo indica a lucratividade que a empresa apresenta em relação aos seus investimentos totais (SILVA, 2008). 72 Unidade IV Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Quadro 29 Taxa de retorno sobre o investimento 2008 Lucro líquido ---------------------------------------------------------------------------------- = Ativo total médio 1.249,60 ------------------------------------------- = 0,37 3.420,45 Ativo total médio = (3.227,20 + 3.613,70) / 2 = 3.420,45 Indica o percentual que o lucro líquido representa para cada unidade monetária de ativo médio. Interpretação: quanto maior, melhor. Considerando a situação da Souza Cruz, temos que o lucro líquido representa 37% do ativo médio do ano de 2008. Silva (2008) avalia superficialmente que a interpretação do retorno sobre o ativo é no sentido de que “quanto maior, melhor”, enquanto Assaf Neto (2007) argumenta que, como critério de decisão, o RSA pode ser interpretado como o custo máximo que a empresa pode aceitar em suas captações de recursos financeiros. Observação Uma empresa não deve assumir um compromisso (empréstimo ou financiamento) que exija uma taxa de retorno superior a sua taxa de retorno sobre o ativo, uma vez que o seu empreendimento não produz uma lucratividade adequada ao financiamento proposto. 7.1.2 Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido Esse índice mensura o retorno dos investimentos aplicados dos acionistas ou proprietários da empresa, ou seja, o prêmio do investidor pelo risco de seu negócio. É obtido, por sua vez, pela relação entre o lucro líquido e o patrimônio líquido. Quadro 30 Taxa de retorno sobre o patrimônio líquido 2008 Lucro líquido ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------- = Patrimônio líquido médio 1.249,60 ------------------------------------------- = 0,66 1.896,10 Patrimônio líquido médio = (1.663,90 + 2.128,30) / 2 = 1.896,10 Indica o percentual que o lucro líquido representa para cada unidade monetária do patrimônio líquido. Interpretação: quanto maior, melhor. Esse índice mede o poder de ganho dos proprietários, ou seja, para cada R$ 1,00 investido, há um ganho de R$ 0,66. Portanto, aproximadamente, haverá um retorno em dois anos. 73 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Como vimos, esse índice oferece o tempo que os proprietários teriam para obterem de volta o capital investido. Observamos que não existe uma taxa considerada ideal, porém é interessante observarmos os concorrentes, e uma coisa é certa: um bom índice será aquele que apresentar alguns pontos percentuais superiores à taxa de juros do mercado. 7.1.3 Margem líquida Esse indicador é capaz de medir a eficiência de uma empresa em produzir lucro por meio de suas vendas. O Índice de Retorno sobre as Vendas (RSV) relaciona o lucro líquido às vendas líquidas de um mesmo período, fornecendo assim o percentual de lucro que a empresa está obtendo em relação ao seu faturamento (SILVA, 2008). Quadro 31 Margem líquida 2007 2008 Lucro líquido ------------------------------------------------------------------------------ * 100 = Receitas líquidas 1.033,60 ------------------------------------------- * 100 = 21,3% 4.846,70 1.249,60 ------------------------------------------- * 100 = 23,6% 5.300,60 Indica o percentual de lucro líquido em cada unidade monetária vendida. Interpretação: quanto maior, melhor. Poderíamos também calcular: • a margem operacional, bastando para isso colocarmos no numerador do índice o valor do lucro operacional; • a margem bruta, bastando para isso colocarmos no numerador do índice o valor do lucro bruto. Observação Tanto para a margem líquida quanto para a margem operacional, quanto maior for o índice, melhor será a sua avaliação. Assaf Neto (2007) lembra que esses índices são observados da mesma forma na análise vertical da demonstração de resultado do exercício. Saiba mais Aprimore seus conhecimentos acerca da análise de balanços, notadamente da análise horizontal das demonstrações financeiras, seguida da análise vertical. Consulte o livro de Dante Carmine Matarazzo, Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial (São Paulo, Editora Atlas, 2003). Nele, você encontrará diversos exemplos de uso de tais análises. 74 Unidade IV Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 7.1.4 Giro do ativo Estabelece a capacidade dos ativos em gerar vendas; em outras palavras, é a relação entre as vendas efetuadas e os investimentos totais da empresa (SILVA, 2008). Quadro 32 Giro do ativo 2008 Vendas líquidas ---------------------------------------------------------------------------------- = Ativo total médio 5.300,60 ------------------------------------------- = 1,55 3.420,45 Ativo total médio = (3.227,20 + 3.613,70) / 2 = 3.420,45 Indica quanto foi vendido para cada unidade monetária de investimento total médio. Interpretação: quanto maior, melhor. Esse índice mostra que o ativo “girou” uma vez e meia no ano de 2008 pelas vendas. O giro do ativo evidencia quantas unidades monetárias foram captadas pela receita de vendas para cada unidade monetária que foi investida no ativo total da empresa. Silva (2008) exemplifica que, caso o giro do ativo de uma determinada empresa tenha resultado em 0,87, esse valor mostra que, para cada $ 100,00 do ativo total, aquela empresa vendeu $ 87,00. 7.1.5 Modelode análise do retorno sobre o ativo (sistema Du Pont) O chamado sistema Du Pont, ou modelo de análise do retorno sobre o ativo, consiste, basicamente, na decomposição do Retorno sobre o Ativo Total (RSA). A figura a seguir demonstra o diagrama desse método. RSA Ativo circulante + Ativo não circulante Vendas – Custos e despesas Lucro líquido : Vendas Vendas : Total de ativos Margem líquida Giro do ativo Figura 4 – Diagrama do método Du Pont O diagrama evidencia que o índice de retorno sobre o ativo se altera à medida que outras alterações ocorram, mesmo em itens do ativo, no balanço patrimonial, por exemplo, o ativo permanente, o realizável 75 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS em longo prazo, ou ainda o ativo circulante. Mudanças nas vendas ou nos custos e despesas, da mesma forma, podem influenciar o resultado do RSA. Em suma, o estudo do desempenho de uma empresa, por meio de um diagrama completo de indicadores de giro e margem, relacionados de forma sequencial, é de grande importância para a identificação das efetivas causas do comportamento verificado, permitindo-se ainda que se identifiquem objetivamente as medidas mais carentes de atenção por parte da gerência da empresa (ASSAF NETO, 2007, p. 131). Silva (2008) destaca que o estudo do diagrama que decompõe o retorno sobre o ativo mostra uma inter-relação entre a margem líquida e o giro do ativo, e que os dois índices são dependentes entre si, uma vez que existe interação de um sobre o outro. 7.1.6 Análise de ações Assaf Neto (2007) argumenta que esses indicadores pretendem mensurar e avaliar o impacto do desempenho da empresa sobre as suas ações e servem de parâmetro de apoio para as análises do mercado de ações, fornecendo, assim, fundamentos para as decisões de investimentos. 7.1.6.1 Lucro por ação Esse índice ilustra o lucro observado em determinado período para cada ação emitida pela empresa, isto é, do lucro líquido obtido, quanto compete a cada ação. Assaf Neto (2007) ressalta que esse indicador não revela o quanto cada acionista irá efetivamente receber em dividendos. A equação a seguir ilustra esse conceito. Lucro líquidoLPA = --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Número de ações emitidas 7.1.6.2 Índice preço/lucro Segundo Assaf Neto (2007), este se constitui em um dos quocientes mais tradicionais do processo de análise de ações e é amplamente utilizado no mercado acionário. A equação que segue descreve o seu cálculo. Preço de mercado da açãoP/L = --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Lucro por ação Na teoria, esse indicador evidencia quanto tempo (período) um investimento em determinada ação tardaria em recuperar o capital aplicado. Porém, este ainda é um índice estático, enquanto o mercado de ações é extremamente dinâmico. 76 Unidade IV Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 O fato, ainda, de o LPA não representar os dividendos, de fato, que o investidor recolhe ao término de cada período também não ilustra com exatidão o período de retorno esperado para aquele investimento (ASSAF NETO, 2007). 7.2 Indicadores de insolvência 7.2.1 Conceito e aplicação Os indicadores de insolvência ou fórmulas de previsão de falências são discutidos por diversos autores, por apresentarem dados subjetivos em sua constituição. Também conhecida como “termômetro de insolvência”, essa ferramenta analítica utiliza métodos estatísticos quantitativos para auxiliar o gestor de crédito justamente na concessão de créditos aos seus clientes. A técnica estatística da análise discriminante, utilizada com frequência nestes casos, incorpora os índices financeiros de lucratividade, estrutura, liquidez e atividade, para compor um modelo que, estatisticamente, tenha a capacidade de prever a probabilidade de insolvência para um período futuro previamente determinado pelo próprio modelo (IUDÍCIBUS et al., 2006). Lembrete Os indicadores de insolvência complementam a análise financeira, servindo de confrontação aos indicadores internos (financeiros) e externos (mercado) da empresa/entidade. Silva (2008) ressalta que diversos estudos foram realizados no Brasil, a partir de experiências positivas anteriores que foram desenvolvidas no exterior, também com o propósito de prever situações de insolvência. Entre os principais estudos feitos no Brasil, Silva (2008) e Iudícibus et al. (2006) destacam a análise discriminante de Stephen C. Kanitz, que construiu o chamado “termômetro de insolvência”. Segundo Matarazzo (1998, p. 245), as fórmulas mais conhecidas e desenvolvidas por autores brasileiros são: Kanitz: FI = 0,05x1 + 1,65x2 + 3,55x3 – 1,06x4 – 0,33x5 FI = Fator de insolvência = Total dos pontos obtidos X1 = Lucro líquido / Patrimônio líquido X2 = Ativo circulante + Realizável em longo prazo / Exigível total X3 = Ativo circulante – Estoques / Passivo circulante X4 = Ativo circulante / Passivo circulante X5 = Exigível total / Patrimônio líquido 77 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS Classificação: FI inferior a -3 → Insolvente FI entre -3 e 0 → Indefinida FI acima de 0 → Solvente Diversos outros modelos foram desenvolvidos nesta área. Porém, Silva (2008) ressalta que este é um critério de análise baseado na objetividade, e não na subjetividade do analista. Esse fator é de grande relevância, pois, em grandes empresas, é possível colher dados mais precisos e numerosos para a obtenção dos índices financeiros, enquanto em pequenas empresas as informações quantitativas tendem a ser deficientes; assim, tal deficiência precisa ser compensada por informações qualitativas. Portanto, em empresas grandes ou pequenas, a decisão de crédito envolve os fatores quantitativos e qualitativos. Altman (dois modelos): Z1 = 1,44 + 4,03x2 + 2,25x3 + 0,14x4 + 0,42x5 Z2 = 1,84 – 0,51x1 + 6,32x3 + 0,71x4 + 0,53x5 Z1 ou Z2 = Total dos pontos obtidos X1 = Ativo circulante – Passivo circulante / Ativo total X2 = Reservas e lucros suspensos / Ativo total Lucro líquido + Despesas financeiras + Imposto de renda X3 = Ativo total X4 = Patrimônio líquido / Exigível total X5 = Vendas / Ativo total Classificação (para os dois modelos) Total de pontos = 0 → Insolvente Elizabetsky: Z = 1,93x32 – 0,20x33 + 1,02x35 + 1,33x36 – 1,12x37 Z = Total dos pontos obtidos X32 = Lucro líquido / Vendas X33 = Disponível / Ativo permanente X35 = Contas a receber / Ativo total X36 = Estoque / Ativo total X37 = Passivo circulante / Ativo total 78 Unidade IV Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Classificação: Total de pontos = 0,5 → Insolvente Matias: Z = 23,792x1 – 8,26x2 – 9,868x3 – 0,764x4 – 0,535x5 + 9,912x6 Z = Total dos pontos obtidos X1 = Patrimônio líquido / Ativo total X2 = Financiamento e Empréstimos bancários / Ativo circulante X3 = Fornecedores / Ativo total X4 = Ativo circulante / Passivo circulante X5 = Lucro operacional / Lucro bruto X6 = Disponível / Ativo total Classificação: Total de pontos = 0 → Insolvente Pereira: Z = 0,722 – 5,124E23 + 11,016L19 – 0,342L21 – 0,048L26 + 8,605R13 – 0,004R29 Z = Total dos pontos obtidos E23 = Duplicatas descontadas / Duplicatas a receber L19 =Estoques (final) / Custo das mercadorias vendidas L21 = Fornecedores / VendasL26 = Estoque médio / Custo das mercadorias vendidas R13 = (Lucro operacional + Despesas financeiras) / (Ativo total – Investimento médio) R29 = Exigível total / (Lucro líquido + 0,1 Imobilizado médio) Classificação: Total de pontos = Abaixo de 0 → Insolvente Conforme demonstra Matarazzo (1998, p. 248), cada autor apresenta uma fórmula diferenciada do outro; logo, os resultados também serão diferentes, então, não será possível chegarmos aos indicadores de insolvência? Entendemos que: I. Os modelos apresentados não substituem a análise por meio dos índices tradicionais e devem ser usados apenas complementarmente às conclusões destes últimos. 79 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS II. O uso da análise discriminante, uma das técnicas utilizadas na estatística, contribui para identificar os índices e pesos a serem utilizados, conforme aponta Matarazzo (1998, p. 245), tomando-se como base os índices apurados por meio da análise do balanço. III. Em geral, as empresas não vão à falência da noite para o dia; começam a dar sinais de insolvência, por exemplo, redução nas vendas, altos índices de inadimplência, constantes atrasos nos pagamentos aos fornecedores e empregados, enfim, uma análise financeira anual contribuirá com a gestão empresarial se as medidas apontadas no relatório de análise forem tomadas em tempo hábil. 8 RELATÓRIO DE ANÁLISE 8.1 Conceito e aplicação Relatório de análise: trata-se do documento final da análise contendo as conclusões obtidas por meio das análises vertical e horizontal, bem como sobre os indicadores financeiros e econômicos. Esse relatório deverá ser elaborado pelo analista de balanço, porém deverá ser dirigido a cada usuário das informações contábeis, uma vez que cada um deles terá uma necessidade diferente sobre os resultados obtidos. Lembrete Os relatórios de análise contribuem para simplificar os dados produzidos por meio de índices. Para Ribeiro (2001, p. 188), alguns pontos devem ser considerados ao redigir um relatório de análise: • Ser elaborado em linguagem inteligível para leigos, mesmo que alguns usuários possuam conhecimentos contábeis. • O analista deverá tomar o cuidado de não colocar suas opiniões pessoais sobre os resultados obtidos, porém, com muito critério, poderá sugerir algumas ações que auxiliarão na tomada de decisão. • Não há um tamanho padronizado para o relatório, mas deverão ser apresentados de forma clara e objetiva a situação econômico-financeira da empresa e o seu desempenho ao longo dos períodos analisados, bem como as tendências para o futuro. Devem ser esclarecidas, ainda, as causas que proporcionaram o grau de endividamento, liquidez e rentabilidade encontrados, sejam eles positivos ou negativos. • Deverá constar também no relatório a comparação dos indicadores obtidos na análise em relação aos padrões pertencentes ao ramo da empresa em questão. • No relatório, não deverá constar o valor dos indicadores apurados em análise; estes deverão ser acompanhados em planilhas que auxiliarão o usuário das informações para uma consulta, se for o caso. 80 Unidade IV Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 Em seguida, a título de ilustração, apresentaremos como os dados apurados na análise de balanço deverão ser transformados em informações: Quadro 33 – Exemplo: indicadores de liquidez apurados na análise de balanço Indicadores Índices Índices-padrão Liquidez geral 1,42 1,20 Liquidez corrente 1,70 1,35 Liquidez seca 1,54 1,25 8.2 Dados que devem ser relatados Situação de liquidez: o índice de liquidez geral foi de 1,42; esse índice mostra que, a cada R$ 100,00 de dívida, a empresa tem R$ 142,00 para pagar, sobrando, portanto, R$ 42,00, e ainda está acima do índice-padrão da categoria, que, conforme apontado, é de 1,20; a liquidez corrente de 1,70 também está acima do padrão de 1,35 e também indica que, a cada R$ 100,00 de dívida em curto prazo, a empresa tem R$ 170,00 para pagar, sobrando R$ 70,00. Já a liquidez seca de 1,54 está abaixo da corrente de 1,70, e ainda ficou inferior ao padrão de 1,25, mas podemos dizer que ainda há condições de pagar as dívidas em curto prazo assumidas, uma vez que, a cada R$ 154,00, temos em contrapartida uma dívida de R$ 100,00; logo, sobrarão R$ 54,00. 8.3 Transformando os dados em informações Situação de liquidez: a empresa encontra-se bem estruturada sob o ponto de vista de solvência, possuindo solidez financeira suficiente para cobrir seus compromissos de curto e de longo prazos, uma vez que opera com todos os índices de liquidez acima do padrão de seus concorrentes. Saiba mais Para mais informações a respeito, consulte a obra Análise financeira de balanços: abordagem básica e gerencial (São Paulo, Editora Atlas, 2003), de Dante Carmine Matarazzo. Resumo Esta unidade buscou ampliar as discussões sobre análise das demonstrações contábeis, apresentando os principais indicadores utilizados no mercado. Podemos dizer que o grande objetivo da análise dos demonstrativos contábeis é a elaboração dos relatórios de análise, servirá assim de ferramenta gerencial para traçar o futuro da empresa. As 81 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS informações produzidas devem servir para o gestor financeiro de base, de direção para avaliar a situação empresarial. O gestor financeiro fará na empresa uma espécie de exame laboratorial, e os números encontrados podem apontar o estado da saúde da empresa. O objetivo principal deste material foi apresentar um referencial consistente e abrangente sobre as principais demonstrações financeiras que a contabilidade é capaz de produzir para as organizações, independentemente de sua natureza. Sendo assim, é possível notar que o balanço patrimonial manifesta uma posição estática em certo momento da empresa, e que o próprio resultado do exercício é demonstrado, de forma dedutiva, pela demonstração do resultado do exercício. Com relação à análise financeira, é preciso ressaltar que, mesmo com todas as ferramentas apresentadas neste trabalho, tal análise não deve se restringir apenas às demonstrações financeiras, uma vez que outros aspectos importantes costumam afetar a situação financeira da empresa, fator que indica e potencializa a necessidade de o analista também compreender outras áreas do conhecimento, como economia, administração geral, marketing e até mesmo algumas peculiaridades de direito. Não se pretende aqui esgotar este assunto, mas apenas apresentar uma visão geral acerca da contabilidade e suas principais demonstrações financeiras. Exercícios Questão 1. (Adaptada CRC-Exame de Suficiência, 2011 – Questão 22). Relacione o indicador econômico financeiro descrito na primeira coluna com exemplos de indicadores na segunda coluna e, em seguida, assinale a opção correta: (1) Indicadores de capacidade de pagamento ( ) Liquidez corrente, liquidez seca, liquidez imediata, liquidez geral e endividamento. (2) Indicadores de atividade ( ) Prazo médio de recebimento, prazo médio de pagamento, giro de estoques, giro do ativo total. 82 Unidade IV Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 (3) Indicadores de rentabilidade ( ) Margem operacional sobre vendas, margem líquida sobre vendas, rentabilidade do ativo total e rentabilidade do patrimônio líquido. A sequência correta é: A) 2, 3, 1. B) 3, 1. C) 1, 3, 2. D) 1, 2, 3. E) 3, 2. Resposta correta: alternativa A. Análise das alternativasA) Alternativa correta. Justificativa: não segue a ordem apresentada na alternativa D. B) Alternativa incorreta. Justificativa: não engloba os três grupos de índices. C) Alternativa incorreta. Justificativa: não segue a ordem apresentada na alternativa D. D) Alternativa correta. Justificativa: a alternativa D está correta, pois engloba os grupos de índices diferentemente das alternativas B e E. Devemos considerar como correta a sequência de indicadores de pagamento, indicadores de atividade e indicadores de rentabilidade, pois, no primeiro caso, demonstra-se a capacidade de pagamento de uma empresa, isto é, sua disponibilidade para honrar os compromissos. Após mensurarmos esse quesito, partimos para a avaliação do funcionamento das operações essenciais para a sobrevivência da empresa, portanto, só neste momento podemos considerar os indicadores de atividade. Com isso, entendemos que, se a empresa é capaz de realizar seus pagamentos corretamente e de acordo o funcionamento de suas atividades primordiais, teremos condições de avaliar a rentabilidade. 83 Re vi sã o: M ic he l - D ia gr am aç ão : L éo - 0 3/ 09 /2 01 2 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E) Alternativa incorreta. Justificativa: não engloba os três grupos de índices. Questão 2. (Enade Ano 2009, Ciências Contábeis – Questão 30). Leia as afirmativas: Diretores financeiros são responsáveis por decisões acerca de como investir os recursos de uma empresa para expandir seus negócios e sobre como obter tais recursos. Investidores são instituições financeiras ou indivíduos que financiam os investimentos feitos pelas empresas e pelos governos. Assim, decisões de investimento tomadas por diretores financeiros e investidores são, normalmente, semelhantes. As decisões de investimento dos diretores financeiros focalizam os ativos financeiros (ações e títulos de dívidas), enquanto as decisões de investimento dos investidores focalizam ativos reais (edificações, máquinas, computadores etc.). Com base na leitura dessas frases, é correto afirmar que: A) A primeira afirmação é falsa, e a segunda é verdadeira. B) A primeira afirmação é verdadeira, e a segunda é falsa. C) As duas afirmações são falsas. D) As duas afirmações são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. E) As duas afirmações são verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. Resolução desta questão na Plataforma. 84 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 1 RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanço. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Adaptado. Figura 2 RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanço. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. Adaptado. Figura 3 ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. Figura 4 SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. REFERÊNCIAS Textuais ASSAF NETO, A. Finanças corporativas e valor. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007. GITMAN, L. J. Princípios da administração financeira. 10. ed. São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2004. HERMANN Jr., F. Análise de balanço para administração financeira. 11. ed. São Paulo: Atlas, 1996. IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços. São Paulo: Atlas, 2009. IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; LOPES, C. C. V. M. L. Curso de contabilidade para não contadores. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2006. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2001. MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1998. MORANTE, A. S. Contabilidade: noções para análise de resultados e balanço patrimonial da empresa. São Paulo: Atlas, 2008. PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C. Análise das demonstrações financeiras. São Paulo: Thomsom, 2006. RIBEIRO, O. M. Estrutura e análise de balanço. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 85 SILVA, J. P. Gestão e análise de risco de crédito. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. WERNKE, R. Gestão financeira: ênfase em aplicações e casos nacionais. São Paulo: Saraiva, 2008. Sites <http://www.portaldecontabilidade.com.br> <www.cpc.org.br> <http://www.planalto.gov.br> <http://www.souzacruz.com.br> 86 87 88 Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
Compartilhar