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255999-Direito Constitucional II - Aulas 01 02 03 04

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Direito Constitucional II
PROFª MSc. RENATA CRISTINA MACEDÔNIO DE SOUZA
EMAIL : renatamacedonio@gmail.com 
Federalismo
1- CONCEITO 
O estado federal é o conjunto de entidades autônomas que aderem a um vínculo indissolúvel, integrando-o. 
Dessa integração emerge uma entidade diversa das entidades componentes e que incorpora a federação.
No federalismo há uma descentralização do poder, compartilhada entre os integrantes do Estado. 
Todos os componentes do Estado federal encontram-se no mesmo patamar hierárquico.
1.2- Distinções entre Confederação, União e Estado Federal
Confederação: Está baseada na adoção individual de tratados internacionais pelas partes (países interessados). Distingue-se da federação por cada Estado poder retirar-se a qualquer momento, segundo os interesses da confederação.
União: É a entidade que faz parte da federação. Possui personalidade jurídica de direito público interno e não se confunde com estado federal, que possui personalidade jurídica de direito público externo. 
Estado federal: Trata-se da “República Federativa do Brasil”(art. 1º,CF). Possui personalidade jurídica de direito público interno, constituindo-se pela União, Estados-membros e Municípios. Além de deter personalidade jurídica de direito internacional e ser único titular de soberania.
1.3- A FEDERAÇÃO NA CONSTITUIÇÃO DE 1988
 O Brasil não surgiu como Estado federado. 
 Inicialmente, adotou-se a forma unitária de Estado, substituída pelo federalismo com a Constituição de 1891.
Dispõe o art. 1º da CF: 
“A República Federativa do Brasil é composta pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal (...).”
Complementa o art. 18, da CF: 
“A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.” 
1.4- TIPOLOGIAS 
O Estado federado pode formar-se por agregação ou por desagregação.
A) Federalismo por agregação
	Ocorre no momento em que antigos Estados independentes ou soberanos abrem mão de sua soberania para formar um único Estado federal, indissolúvel, no qual terão, apenas autonomia. 
Movimento centrípeto (de fora para dentro), diferentes estados unitários cedem sua soberania para criação de um Estado federal.
	Exemplos: Os Estados Unidos, a Alemanha e a Suíça.
B) Federalismo por desagregação
	- Ocorre quando um Estado unitário descentraliza-se, instituindo uma repartição de competências entre entidades federadas autônomas, criadas para exercê-las.
	- Movimento centrífugo (de dentro para fora), isto é, um Estado unitário centralizado se descentraliza e cria entes federados autônomos.
 Exemplo: Brasil 
	
	
Observações relevantes:
Seja qual for a espécie de Federalismo, ressalte-se que:
3.1) Somente o Estado federado é soberano e reconhecido como pessoa jurídica de direito internacional;
3.2) Os entes federados (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), são pessoas jurídicas de direito público interno que detêm apenas autonomia;
3.3) A autonomia dos entes federados se perfaz na tríplice capacidade de: 
auto-organização e legislação própria;
autogoverno; 
autoadministração.
2- DISTINÇÕES ENTRE SOBERANIA E AUTONOMIA
A Soberania se reveste de dois elementos:
1º)Independência na ordem externa; 
2º) Supremacia na ordem interna.
Um Estado não deve obediência jurídica a nenhum outro Estado. Isso o coloca numa relação de coordenação com os demais integrantes da cena internacional (independência na ordem externa).
 Ademais, a soberania se perfaz em virtude do Estado federado possuir lei fundamental própria como mandamento de validade para as demais leis (supremacia na ordem interna). 
3- INTERVENÇÃO PARA A MANUTENÇÃO DA FEDERAÇÃO
Embora a regra seja a autonomia dos entes federados, há situações em que uma entidade federada, excepcionalmente, poderá intervir em outra, retirando sua autonomia.
A União poderá intervir, em nome dos demais Estados, no Estado que viole deveres decorrentes do federalismo - (Intervenção Federal, art. 34 da CF/1988)
Os Estados poderão fazer o mesmo com relação aos municípios. 
 (Intervenção Estadual, art. 35 da CF/1988)
4) CARACTERÍSTICAS DO ESTADO FEDERAL
1ª) Indissolubilidade do vínculo: 
A nenhum dos entes é conferido o direito de secessão (separação). 
Decorre da indissolubilidade do vínculo federativo, prevista no art. 1º, da Constituição Federal.
 
2ª) Autonomia e auto-organização: 
Constata-se a autonomia, especialmente, pela admissibilidade de Constituições elaboradas pelos próprios entes federativos. 
A auto-organização de cada entidade é imprescindível para a existência do federalismo e exige, também, a presença de órgãos próprios.
 Controverte-se, em virtude do modelo brasileiro, sobre ser necessária a presença de um judiciário local.
3ª) Necessidade de possuir fonte própria
É necessário, para assegurar a existência plena de um Estado federal, que cada um de seus componentes possua rendas próprias.
4ª) Rigidez constitucional 
A CF/88 veda as alterações conjunturais do desenho federalista traçado originalmente. 
O federalismo é assegurado como cláusula pétrea e, portanto, como princípio imutável (art. 60§4º,I, da CF/1988).
5- VEDAÇÕES FEDERATIVAS
O art. 19 da CF/1988, prevê vedações expressas necessárias à prevalência da estrutura federativas, a saber: 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Art. 19, I - Estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
Não podem ser estabelecidos cultos religiosos ou igrejas pelo Poder Público; 
 É proibida a subvenção pública a religião ou igreja, bem como, que se mantenha relações de dependência com esta ou seus representantes; 
 Proibição de embaraçar o funcionamento de cultos religiosos ou igrejas.(*)
 
________________________________________________________________________
(*) OBS. Verificar os arts. 5º, VI, da CF (liberdade de crença) e o art. 150,VI, b, (proibição de criação de impostos sobre templos de qualquer culto) da CF/1988)
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art. 19, II - recusar fé aos documentos públicos;
Uma entidade federativa não pode recusar a autenticidade a documento reconhecido por órgão de outra entidade.
A fé pública é nacional.
art. 19, III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
 
Veda-se a criação de preferências entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios(*)
____________________________________________________________________
(*)O art.150, VI, a, da CF impõe a imunidade recíproca entre as entidades federativas, visto que, não há hierarquia ou subordinação entre elas e, portanto, não poderão impor umas sobre as outras, impostos sobre seus patrimônios.
art. 19, III - criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Veda-se a criação de preferências entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios(*)
________________________________________________________________
(*)O art.150, VI, a, da CF impõe a imunidade recíproca entre as entidades federativas, visto que, não há hierarquia ou subordinaçãoentre elas e, portanto, não poderão impor umas sobre as outras, impostos sobre seus patrimônios, rendas ou serviços. 
DA UNIÃO
SIGNIFICADO
“União” designa uma das entidades federativas, ao lado dos Estados, Distrito Federal e Município;
É preciso alertar para o sentido dúbio do termo, já que com a expressão “União” grafada em letra minúscula, (art.1º,CF) poder-se-á pensar que trata-se de uma conjunção de Estados, DF e Municípios;
Não se confunde com o Brasil;
É pessoa jurídica de direito público interno;
Não possui personalidade internacional (apenas atribuída ao Estado Federal brasileiro). São as autoridades e órgãos da União que representam o Estado Federal nas relações e atos internacionais.
2- BENS DA UNIÃO
Art. 20. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
IV- as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público e a unidade ambiental federal.
 
ILHA (LACUSTRE) DE SANTA RITA/AL 
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- ilhas fluviais. Ex.: ilha de Marajó - Localizada no litoral paraense. É banhada pelos rios Amazonas e Tocantins. Maior ilha fluviomarinha do mundo. 
- Ilhas lacustres (Formam-se e a partir de lagos. Ex. Ilha de Santa Rita/AL (Marajó). É a maior Ilha lacustre do Brasil 
- Ilhas oceânicas - Formam-se como extensão do continente – invasão de mares. Ex. Fernando de Noronha)
- Ilhas costeiras – Situam-se próximas aos continentes. Trata-se do perímetro estendido dos continentes que se encontra coberto por mares não demasiado profundos.
- Plataforma continental - superfície do fundo submarino junto à costa, compreendido entre o litoral e as profundidades que nunca são superiores a 200 metros. 
- Zona Econômica Exclusiva - Faixa situada para além das águas territoriais, sobre a qual cada país costeiro tem prioridade para a utilização dos recursos naturais do mar. Estabelecida pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar ou Convenção de Montego Bay, Estende-se por até 200 milhas marinhas (ou náuticas) - o equivalente à 370 km.
BENS DA UNIÃO
V- os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica exclusiva;
VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos;
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
- Zona Econômica Exclusiva - Faixa situada para além das águas territoriais, sobre a qual cada país costeiro tem prioridade para a utilização dos recursos naturais do mar. Estabelecida pela Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar ou Convenção de Montego Bay, Estende-se por até 200 milhas marinhas (ou náuticas) - o equivalente à 370 km.
 DOS ESTADOS
1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O Estado-membro pode se organizar, administrar e governar por si mesmo, sem precisar recorrer à União ou obter-lhe vênia.
A autonomia não implica soberania, de forma que a obediência aos termos constitucionais é indispensável e encontra-se consagrada na tríplice capacidade: 
a)auto-organização e legislação própria, 
b) autogoverno e 
c) autoadministração. 
2- AUTO-ORGANIZAÇÃO E AUTOLEGISLAÇÃO
Fundamentos: art. 25 da CF e 11 do ADCT.
Se auto-organizam por meio de seu poder constituinte derivado-decorrente, na edição das Constituições Estaduais e, por sua legislação própria: 
art. 25 da CF/1988:
 Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição.
art. 11 do ADCT:
Cada assembleia legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta. 
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2.1) Limites à auto-organização
 Os estados devem obedecer aos princípios seguintes: 
princípios sensíveis (art. 34,VII, da CF). 
São essenciais à forma federativa. Referem-se às forma federativa, à forma republicana, sistema democrático, representativo e transparente (prestação de contas), direitos fundamentais e autonomia dos entes federativos. 
b) princípios estabelecidos
1º) estabelecem as regras constitucionais dos aspectos materiais de organização dos Estados; 2º) as vedações constitucionais; os princípios da organização política, social e econômica. Ex.: art. 37 da CF.
3) Autogoverno
Fundamento: arts. 27, 28 e 125 da CF.
O autogoverno se dá por não depender o Estado das autoridades da União, que não têm gerência sobre seus negócios.
Se verifica pela escolha direta do povo de seus representantes nos Poderes Legislativos locais.
A Constituição Federal prevê expressamente a existência dos Poderes Legislativo (art.27), Executivo (art.28) e Judiciário estaduais (art. 125). Esses poderes serão disciplinados na Constituição estadual. 
Observações:
O legislativo estadual é unicameral.
O Executivo estadual é exercido por um Governador, eleito para um mandato de quatro anos em eleição que se realize em dois turnos. O Governador tem como substituto o seu vice.
A jurisdição estadual contempla juízes e Tribunais Estaduais. A jurisdição é nacional (art.92 da CF), mas há uma descentralização para fins judiciários. 
4) Autoadministração
Os estados se autoadministram no exercício de suas competências administrativas, legislativas e tributárias definidas constitucionalmente.
Saliente-se o exercício da competência tributária compreende um mínimo de recursos financeiros, obtidos de sua competência tributária (art.155,CF).
 
5) FORMAÇÃO E MUDANÇAS DOS ESTADOS
A formação interna do Estado federal é mutável. 
A fusão, a cisão e o desmembramento são hipóteses na divisão política brasileira, conforme aduz a norma pátria in verbis: 
 Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.
5.1 - FUSÃO 
Art. 18, §3º, CF – “INCORPORAR-SE ENTRE SI”
Dois ou mais estados se unem com outro nome. 
Consiste na reunião de um Estado a outro, perdendo ambos os Estados sua personalidade, por se integrarem a um novo Estado. 
5.2 - CISÃO 
Art. 18, §3º, CF – “SUBDIVIDIR-SE”
Ocorre quando O Estado se subdivide formando dois ou mais Estados ou territórios.
A característica é que o Estado que se subdividiu deixa de existir politicamente. 
 
5.3 - DESMEMBRAMENTO 
Ocorre quando um ou mais Estados cedem parte do seu território (geográfico).
 A característica é que o Estado originário não desaparece da divisão politico-administrativa do Brasil.
Continuará existindo com uma porção de território física e geograficamente menor.
Exemplos: 
Goiás em relação a Tocantis e;
Mato Grosso em relação a Mato Grosso do Sul. 
5.3 - DESMEMBRAMENTO 
5.3.1 Anexação 
Quando a cessão ocorre para que um território se anexe a outro Estado, tem-se o desmembramento-anexação, pois não há criação de um novo Estado.5.3.2 Formação 
Quando a cessão de território ocorre para que se transforme em um novo Estado ou em novos territórios, trata-se do desmembramento-formação. 
5.4- Procedimento de alteração do desenho dos entes federativos
1º) Aprovação mediante plebiscito da “população diretamente interessada”(art.18§4º)
Considera-se como referência apenas a população da área específica na qual ocorrerá a mudança.
2º) Oitiva da Assembleia Legislativa interessada (art. 48, VI, da CF)
3º) Lei complementar editada pelo Congresso Nacional, sancionada pelo Presidente, aprovando a alteração.
DOS MUNICÍPIOS 
1- Considerações iniciais:
O município integra o Estado Federal. É uma entidade político-administrativa estatal dotada de autonomia. 
 Entidade intraestadual rígida como o Estado (Pontes de Miranda).
O traço mais marcante da autonomia política é que o Município elabora sua própria lei orgânica. Anteriormente, a CF outorgava aos Estados o poder de criar e organizar seus Municípios, que contavam com todas as capacidades, exceto a de auto-organização. 
A autonomia municipal tinha, no regime pretérito, um sentido remissivo (José Afonso da Silva).
Observação:
Com o advento da EC n. 46, que alterou o art. 20,IV, da CF, referentes a um dos bens da União, majorou-se a autonomia municipal. 
- Isso porque se retirou da alçada da União as ilhas fluviais e lacustres que estavam contidas na sede do Município (ilhas de Florianópolis, São Luís e Vitória).
2 – LEI ORGÂNICA MUNICIPAL E NORMAS CONSTITUCIONAIS DIRIGIDAS AOS MUNICIPIOS
 Os municípios se constituem por meio de Lei Orgânica Municipal, a qual, segundo a CF, inclina-se a organização (“orgânica”) dos “Poderes” locais.
 Necessária maioria qualificada, de 2/3 dos membros da Câmara Municipal para sua aprovação, em dois turnos de votação:
 Art. 29 da CF:
 O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: (...)
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito até noventa dias antes do término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de municípios com mais de duzentos mil eleitores;
II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil eleitores;
III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de janeiro do ano subsequente ao da eleição;
Art. 29 - O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos: 
Art. 29 da CF: O Município reger-se-á por lei orgânica, (...) atendidos os seguintes preceitos:
IV - número de Vereadores proporcional à população do Município, observados os seguintes limites:
mínimo de nove e máximo de vinte e um nos Municípios de até um milhão de habitantes; 
OBSERVAÇÕES:
Quem fixa o número de vereadores é a lei orgânica municipal, respeitados os parâmetros mínimos e máximos (art. 29,IV, da CF)
- Observar a proporção 1000.000 e 21. Dividindo-se esses números, obteremos 47.619. Para cada grupo de 47.619 munícipes deverá haver 1 vereador, mas a CF, fixou em 9 o número mínimo, logo, a proporção é 1 para nove. (RE 197. 917-8/SP
 
Art. 29 da CF: O Município reger-se-á por lei orgânica, (...) atendidos os seguintes preceitos: 
IV - número de Vereadores proporcional à população do Município, observados os seguintes limites:
b) mínimo de trinta e três e máximo de quarenta e um nos Municípios de mais de um milhão e menos de cinco milhões de habitantes;
c) mínimo de quarenta e dois e máximo de cinquenta e cinco nos Municípios de mais de cinco milhões de habitantes;
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Municipal (...). 
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: (...). 
 
VII - o total da despesa com a remuneração dos vereadores não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento da receita do município;
 
 
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Art. 29 da CF: O Município reger-se-á por lei orgânica, (...) atendidos os seguintes preceitos:
(...)
VIII- inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, palavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição do Município
IX- proibições e incompatibilidades, no exercício da vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Constituição para os membros do Congresso Nacional e na Constituição do respectivo Estado para os membros da Assembleia Legislativa; 
X- julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça
XI- organização das funções legislativas e fiscalizadoras da Câmara Municipal
XII- cooperação das associações representativas no planejamento municipal
XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado 
XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art. 28, parágrafo único
3 - Formação DOS MUNICÍPIOS 
- O art. 18, § 4º, da Constituição, consagra as regras para a formação e alteração circunscrições municipais. 
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do período determinado por Lei Complementar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados na forma da lei.
3.1 – Etapas para a Formação DOS MUNICÍPIOS 
1º) lei complementar federal, que determinará o período dentro do qual poderá ser realizada a alteração;
2º) publicação, na forma da lei, dos estudos de viabilidade municipal;
3º) realização de plebiscito: deverá haver consulta prévia à população diretamente interessada;
4º) com o plebiscito favorável, será necessária ainda lei ordinária estadual que crie o Município, definindo seus limites geográficos. 
_________________________________________________________________
OBS.: A EC nº 15/96, passou a exigir lei novos requisitos para alteração dos limites territoriais dos municípios, quais sejam: lei estadual, dentro do período determinado por lei complementar federal, além do plebiscito, às populações dos municípios envolvidos e do estudo de viabilidade municipal, apresentados e publicados na forma da lei. A mudança para Lei complementar federal foi uma tentativa para obstar articulações políticas eleitoreiras regionais com o fito de multiplicar o número de municípios no Brasil. 
3.2 - O número alarmante de municípios no BRASIL 
Grande parte dos municípios contam com menos de 20 mil habitantes e alguns foram criados com intuito eleitoreiro, obtendo o número de prefeitos, vereadores e funcionários públicos sustentados pelo Governo Federal. 
Consoante noticiado pelo STF, em 2008, 57 municípios estavam “pendentes de regularização”, passíveis de serem extintos (como Mesquita, no RJ, e Luís Eduardo Magalhães, na Bahia). 
3.2.1- a EC N. 57, de 18/12/08
Solução adotada: aprovação de emenda constitucional procedendo à “regularização” desses municípios criados sem atendimento das condições constitucionais.
Assima EC n. 57, acrescentou o art. 96 ao ADCT e fez constar que: 
“Ficam convalidados os atos de criação, fusão, incorporação e desmembramento de Municípios, cuja lei tenha sido publicada até 31 de dezembro de 2006, atendidos os requisitos estabelecidos na legislação do respectivo Estado à época de sua criação”. 
DO DISTRITO FEDERAL E BRASÍLIA
ORIGEM DO DISTRITO FEDERAL
Iniciado incialmente como “Município neutro”. Possuía organização própria diversa dos demais Municípios.
Não pertencia a nenhuma província.
 No império, o Rio de Janeiro, era a sede do Governo e estabelecimento da família real.
 A Constituição anterior (CF/1969), estabelecia o DF (e não Brasília como a capital da União.
A partir do advento da Constituição de 1988, Brasília, inserta no DF, passou a ser a capital federal do Brasil (CF, art. 18§ 1º) e, portanto, a sede do governo federal.
2- NATUREZA
A CF assegurou ao DF a natureza de federativo autônomo, assentada na sua capacidade de:
Auto-organização e normatização própria;
Autogoverno;
Autoadministração.
 
2.1 Auto-organização e normatização
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
2.2. Autoverno
- Poder Executivo: Materializa-se na eleição do Governador e Vice Governador, segundo as regras de eleição para Presidente da República.
- Poder Legislativo: Se perfaz por meio dos deputados distritais, integrantes do Poder Legislativo local (Câmara Legislativa), segundo as regras da eleição para deputados estaduais.
Poder Judiciário: O DF apenas não dispõe de competência para organizar e manter o Poder Judiciário local, haja vista que essa competência é atribuída à União. 
OBS.: A relativa ingerência da União sobre o DF, justifica a tratativa “autonomia tutelada” feita por José Afonso da Silva.
Art. 21. Compete à União:
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; (EC nº 69, de 2012)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. (EC nº 19, de 1998).
Observação (1):
- OBS.: A relativa ingerência da União sobre o DF, justifica a tratativa “autonomia tutelada” feita por José Afonso da Silva.
Art. 21. Compete à União:
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defensoria Pública dos Territórios; (EC nº 69, de 2012)
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio. (EC nº 19, de 1998).
Observação (2):
O DF goza de autonomia (art.32). Rege-se por Lei Orgânica, mas lhe é vedada a subdivisão em municípios. 
Em respeito a essa vedação, o STF declarou a inconstitucionalidade de lei distrital ( Lei 1713/97) que facultava a administração das quadras residenciais do Plano Piloto, em Brasília, por associações de moradores ou prefeituras comunitárias. Entendeu a corte que tal lei promovia, em afronta à CF, uma subdivisão do território do DF em entidades relativamente autônomas.
Apontamentos relevantes:
 No DF o Poder Legislativo local recebe o nome de “Câmara Legislativa”, seus integrantes são os Deputados Distritais.
Regime pretérito, o Senado Federal é que legislava para o Distrito Federal.
 O número de integrantes do Legislativo distrital e seu mandato obedecem às regras para Deputados Estaduais, no art. 27 (art. 32, § 3º) 
Art. 32, CF: O Distrito Federal, vedada sua divisão em municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços da câmara legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta constituição.
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador, observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para mandato de igual duração.
§ 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-se o disposto no art. 27.
§ 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de bombeiros militar.
OBS.: Note que inexiste previsão constitucional para a alteração dos limites territoriais do DF. 
2.3 Autoadministração
O DF obteve as competências legislativas, tributárias e materiais estaduais somadas às municipais (art. 32, §1º e 147).
Possui competência específica e, por isso, se afasta da competência dos Estados por dois fatores:
1º) Engloba a competência municipal;
2º) Afasta a competência sobre certas instituições de responsabilidade direta da União (polícia, Ministério Público, Poder Judiciário e Defensoria)
________________________________________________________________
OBS.: O DF, atrai as competências municipais dos arts. 30, 155 e 156, bem como, o direito de participar das receitas tributárias nos arts. 157, 159, I, a e c, e II, da CF e detém a competência remanescente estadual (explorar diretamente, ou mediante concessão, os serviços de gás canalizado. 
TERRITÓRIOS FEDERAIS
Art. 18. A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua criação, transformação em Estado ou reintegração ao Estado de origem serão reguladas em lei complementar.
TERRITÓRIOS FEDERAIS
Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios.
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municípios, aos quais se aplicará, no
que couber, o disposto no Capítulo IV deste Título.
§ 2º As contas do Governo do Território serão submetidas ao Congresso Nacional,
com parecer prévio do Tribunal de Contas da União.
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil habitantes, além do Governador, nomeado na forma desta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e segunda instâncias, membros do Ministério Público e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a Câmara Territorial e sua competência deliberativa. 
TERRITÓRIOS FEDERAIS
Os territórios pertencem à União;
São descentralizações administrativo- territoriais da União;
Somente por Lei Complementar poderão ser criados, transformados em Estado ou reintegrados ao Estado de origem;
Não existem no Brasil. Os territórios de Roraima e Amapá foram transformados em Estados (art. 14 do ADCT) e o de Fernando de Noronha, incorporado pelo Estado de Pernambuco (art. 15, ADCT);
Se forem criados possuirão governador, nomeado pelo Presidente da República e seu nome deverá ser aprovado previamente, após arguição pública pelo Senado Federal (art. 52, III, “c”);
Poderão ou não ser divididos em Municípios; caso sejam divididos em municípios, estes gozarão de autonomia política e poderão ser objeto de intervenção federal. 
TERRITÓRIOS FEDERAIS
Art. 147. Competem à União, em Território Federal, os impostos estaduais e, se o Território não for dividido em Municípios, cumulativamente, os impostos municipais; ao Distrito Federal cabem os impostos municipais. 
TERRITÓRIOS FEDERAIS
Competem à União os impostos, nos Territórios Federais, os impostos estaduais e municipais, desde que com relação a estes, os territórios não sejam divididos em municípios. 
Compete à União organizar e manter o Poder judiciário, o Ministério Público e a Defensoriados Territórios (art. 21, XIII).
Cada Território elegerá quatro deputados federais (art. 45§ 2º).
Caberá ao Congresso Nacional, por Lei complementar, dispor sobre incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios, ouvidas as assembleias legislativas dos estados envolvidos (arts. 18§ 2º e 48, VI)

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