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Aula 2 e 3 - Organizacao do Estado

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Organização Estatal
Profº Ms. Walter Nóbrega
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Sumário da aula
1.1 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: Noções Preliminares
1.1.1. Elementos integrantes do Estado
1.1.2. Forma de governo, sistema de governo e forma de Estado
1.2. FORMAS DE ESTADO
1.3. FEDERAÇÃO
1.3.1. Histórico
1.3.2. Características da Federação
1.3.3. Federação brasileira
1.3.3.1. Breve histórico
1.3.4.2. Federação na CF/88 e princípios fundamentais: 
1.3.4.2.3. Objetivos fundamentais da República 
1.3.4.2.4. Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas relações internacionais
1.3.4.2.5. Idioma oficial e símbolos da República Federativa do Brasil (art. 13, CF)
1.3.4.2.6. Vedações impostas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios - art. 19 da CF/88
1.4. ENTIDADES COMPONENTES DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA
1.4.1 União Federal
1.4.1.1 Capital Federal
1.4.1.2. Bens da União (art. 20 CF)
1.4.2. ESTADOS
1.4.2.1. Formação dos Estados-Membros: regra geral
1.4.2.2. Bens dos Estados-Membros
1.4.2.3. Organização dos governos estaduais (CF, arts. 27, 28 e 125)
1.4.3. MUNICÍPIOS
1.4.3.1. Formação dos Municípios: art. 18, § 4.º, da CF/88
1.4.3.2. Lei orgânica municipal (CF, art. 29)
1.4.3.3. Fiscalização do Município (CF, art. 31, §§ 1º a 4º)
1.4.4. DISTRITO FEDERAL
1.4.4.2. Outras características importantes
1.4.5. TERRITÓRIOS FEDERAIS
1.4.5.1. Natureza jurídica
1.4.5.2. Criação de novos territórios
AULA 2- ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: divisão espacial do poder
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
Preâmbulo
Dos princípios fundamentais
O Título I da Constituição (do art. 1º ao art. 4º) inclui dispositivos de natureza bem variada, possuindo todos, porém, função ordenadora (Jorge Miranda) do Estado.
“Princípios fundamentais visam essencialmente a definir e caracterizar a colectividade política e o Estado, e enumerar as principais opções político-constitucionais… constituem, por assim dizer, a síntese ou matriz de todas as restantes normas constitucionais, que àquelas podem ser directa ou indirectamente reconduzidas.” 
J.J Gomes Canotilho e Vital Moreira. Constituição da República Portuguesa Anotada. 2ª ed. V.1, p.66.
1.1 ORGANIZAÇÃO DO ESTADO: Noções Preliminares
1.1.1. Elementos integrantes (componentes ou constitutivos) do Estado
A Constituição deve trazer em si os elementos integrantes (componentes ou constitutivos) do Estado, quais sejam:
 
■ governo (soberania/finalidade);
■ povo;
■ território.
1.1.2. Forma de governo, sistema de governo e forma de Estado
 A organização e a estrutura do Estado podem ser analisadas sob três aspectos: forma de governo, sistema de governo e forma de Estado.
 
■ forma de governo: República ou Monarquia;
■ sistema de governo: presidencialismo ou parlamentarismo;
■ forma de Estado: Estado unitário ou Federação. 
 
1.2. FORMAS DE ESTADO
FORMAS DE ESTADO
O modo de exercício do poder político em função do território dá origem ao conceito de FORMA DE ESTADO. 
i) Se existe unidade de poder sobre o território, pessoas e bens, tem-se Estado unitário. 
ii) Se, ao contrário, o poder se reparte, se divide, no espaço territorial (divisão espacial de poderes), gerando uma multiplicidade de organizações governamentais, distribuídas regionalmente, encontramo-nos diante de uma forma de Estado composto, denominado Estado federal ou Federação de Estados 
FORMAS DE ESTADO
A repartição regional de poderes autônomos constitui o cerne do conceito de Estado Federal. 
* Nisso é que ele se distingue da forma de Estado unitário (França, Chile, Uruguai, Paraguai e outros), que não possui senão um centro de poder que se estende por todo o território e sobre toda a população e controla todas as coletividades regionais e locais.
 
O Estado unitário possui um certo grau de DESCENTRALIZAÇÃO, mas essa descentralização não é de tipo federativo, como nas federações, mas de tipo autárquico, gerando uma forma de autarquia territorial, e não uma autonomia político-constitucional. 
 
FORMAS DE ESTADO
* Confederação - união de Estados soberanos, regidos por um tratado, que seguem a política comum de segurança interna e de defesa externa. 
Exemplos: Confederação dos Países Baixos, de 1579, e Confederação do Reno, de 1806. 
Atualmente a confederação é uma referência histórica, mas que deixou marcas importantes no plano organizatório dos Estados, passando por experiências positivas, como ocorreu na Alemanha, na Suíça e nos Estados Unidos. 
1.3. FEDERAÇÃO
1.3.1. Histórico
A forma federativa de Estado tem sua origem nos EUA, e data de 1787.
 
Anteriormente, em 1776, tivemos a proclamação da independência das 13 colônias britânicas da América, passando cada qual a se intitular um novo Estado, soberano, com plena liberdade e independência.
 
Os Estados resolveram formar, através de um tratado internacional, intitulado Artigos de Confederação, a Confederação dos Estados Americanos, um pacto de colaboração a fim de se protegerem das constantes ameaças da antiga metrópole inglesa. 
No aludido pacto confederativo, permitia-se a denúncia do tratado a qualquer tempo, consagrando-se, assim, o direito de retirada, de separação, de secessão do pacto.
 
1.3.1. Histórico
* A permissão do direito de secessão aumentava o problema das constantes ameaças e a fragilidade perante os iminentes ataques britânicos.
 
Nesse sentido, buscando uma solução para aquela situação em que se encontravam, os Estados Confederados (ainda era uma Confederação de Estados soberanos) resolveram reunir-se na cidade da Filadélfia onde, estruturaram as bases para a Federação norte-americana.
 
Nessa nova forma de Estado proposta não se permitiria mais o direito de secessão.
 
Cada Estado cedia parcela de sua soberania para um órgão central, responsável pela centralização e unificação, formando os Estados Unidos da América, passando, nesse momento, a ser autônomos entre si, dentro do pacto federativo.
 
1.3.1. Histórico
A formação da Federação dos EUA decorreu de um movimento centrípeto, de fora para dentro, ou seja, Estados soberanos cedendo parcela de sua soberania, em verdadeiro movimento de aglutinação. 
No Brasil a formação, por outro lado, resultou de um movimento centrífugo, de dentro para fora, ou seja, um Estado unitário centralizado descentralizando-se.
1.3.2. Características da Federação
Apesar de cada Estado federativo apresentar características peculiares, alguns (essenciais) pontos em comum podem ser apresentados:
 
i) descentralização política: a própria Constituição prevê núcleos de poder político, concedendo autonomia para os referidos entes;
ii) repartição de competência: garante a autonomia entre os entes federativos e, assim, o equilíbrio da federação;
iii) Constituição rígida como base jurídica: fundamental a existência de uma Constituição rígida no sentido de garantir a distribuição de competências entre os entes autônomos, surgindo, então, uma verdadeira estabilidade institucional;
1.3.2. Características da Federação
iv) inexistência do direito de secessão (CF, arts. 1º, caput, e 18, caput): não se permite, uma vez criado o pacto federativo, o direito de separação, de retirada. No Brasil, a CF/88 estabeleceu em seu art. 34, I, que a tentativa de retirada ensejará a decretação da intervenção federal no Estado “rebelante”. 
É o princípio da indissolubilidade do vínculo federativo, lembrando, inclusive, que a forma federativa de Estado é um dos limites materiais (cláusulas pétreas) ao poder de emenda, art. 60, § 4.º, I;
v) soberania do Estado federal (UNIÃO): a partir do momento que os estados ingressam na federação perdem soberania, passando a ser autônomos. 
Os entes federativos são, portanto, autônomos entre si, de acordo com as regras constitucionalmente previstas, nos limites de sua competência. 
A soberania, por seu turno, é característica do todo, do “país”, do Estado federal, no caso do Brasil, tantoé que aparece como fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1.º, I, da CF/88);
1.3.2. Características da Federação
vi) possibilidade de intervenção federal: diante de situações de crise, o processo interventivo surge como instrumento para assegurar o equilíbrio federativo e, assim, a manutenção da Federação;
vii) auto-organização dos Estados-Membros: através da elaboração das Constituições Estaduais (vide art. 25 da CF/88);
viii) órgão representativo dos Estados-Membros na União: no Brasil, de acordo com o art. 46, a representação dá-se através do Senado Federal;
ix) órgão guardião da Constituição: no Brasil, o STF;
x) repartição de receitas: assegura o equilíbrio entre os entes federativos (arts. 157 a 159).
Princípio Implícito da Simetria Federativa
Por meio da simetria federativa, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios procuram seguir o modelo traçado na Constituição da República, evitando, assim, lacunas, discrepâncias e, sobretudo, antagonismos.
 
O PRINCÍPIO DA SIMETRIA é implícito, porque não se encontra grafado no texto das constituições. 
É oriundo de vários princípios explícitos, tais como a legalidade, a isonomia, o devido processo legal, e, também, de inúmeros ditames implícitos, a exemplo da supremacia constitucional, da presunção de constitucionalidade dos atos normativos, da boa-fé, da razoabilidade (proporcionalidade ou proibição de excesso) etc.
1.3.3. Federação brasileirA
1.3.3.1. Breve histórico
 A Federação no Brasil surge com o Decreto n. 1, de 15.11.1889, decreto que instituiu também a forma republicana de governo. 
A consolidação veio com a primeira constituição republicana de 1891, que em seu art. 1.º estabeleceu: 
“A nação Brazileira adopta como fórma de governo, sob o regime representativo, a República Federativa proclamada a 15 de novembro de 1889, e constitue-se, por união perpetua e indissoluvel das suas antigas provincias, em Estados Unidos do Brazil”
1.3.4.2. Federação na CF/88 e princípios fundamentais: composição e sistematização conceitual
* art. 1.º, caput, da CF/88 
**caput do art. 18 da CF/88 
1.3.4.2. Federação na CF/88 e princípios fundamentais: fundamentos da República Federativa do Brasil
O art. 1.º , incisos e P.U da CF.
1.3.4.2.3. Objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil
 Os objetivos fundamentais vêm relacionados no art. 3.º da CF/88.
Não confundir “objetivos fundamentais” com “fundamentos” da República.  
1.3.4.2.4. Princípios que regem a República Federativa do Brasil nas relações internacionais
 
O art. 4.º da CF/88 dispõe que a República Federativa do Brasil é regida nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
 
■ independência nacional;
■ prevalência dos direitos humanos;
■ autodeterminação dos povos;
■ não intervenção;
■ igualdade entre os Estados;
■ defesa da paz;
■ solução pacífica dos conflitos;
■ repúdio ao terrorismo e ao racismo;
■ cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
■ concessão de asilo político.
1.3.4.2.5. Idioma oficial e símbolos da República Federativa do Brasil (art. 13, CF)
Idioma Oficial (art. 13, caput, c/c o art. 210, § 2.º).
 
Os símbolos da República Federativa do Brasil são: 
i) bandeira, 
ii) hino, 
iii) armas e; 
iv) selo nacional 
* os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter os seus próprios símbolos (art. 13, §§ 1.º e 2.º).
Bandeira Nacional
Armas Nacionais (Brasão de Armas)
Selo Nacional
Idioma oficial e símbolos da República Federativa do Brasil (art. 13, CF)
A preocupação em relação aos símbolos é tamanha que o legislador criminalizou certas condutas, destacando-se o art. 35 da Lei n. 5.700/71 (que caracteriza como contravenção penal violações às disposições da referida lei, sem, contudo, haver a definição específica do tipo penal, caracterizando norma penal em branco) e o art. 161 do CPM (que criminaliza o desrespeito — ultraje — a símbolo nacional).
 
Em relação ao crime previsto no Código Penal Militar, o STF analisou a conduta de militares que postaram na internet dança do Hino Nacional em ritmo de funk:
“A conduta desrespeitosa dos acusados foi imprópria e inadequada, constituindo verdadeiro ultraje ao Hino Nacional Brasileiro, amoldando-se, portanto, ao crime de desrespeito a símbolo nacional (art. 161 do CPM). Presentes o dolo de ultrajar e a potencial consciência da ilicitude da conduta, uma vez que os embargantes declararam que receberam instrução sobre como deveriam se comportar quando da execução do Hino Nacional” (STM, embargos infringentes, j. 26.11.2013).
 
“Apelação. Desrespeito a símbolo nacional (CPM, art. 161). Recrutas que, no interior da Organização Militar onde serviam, devidamente fardados, entram em formação e passam a dançar uma versão modificada do Hino Nacional em ritmo de ‘funk’. Conduta desrespeitosa filmada, com a anuência de todos os participantes, e divulgada na rede mundial de computadores” (STF, Apelação/RS n. 60-86.2011.7.03.0203, j. 07.05.2013).
1.3.4.2.6. Vedações constitucionais impostas à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios - art. 19 da CF/88
1.4. ENTIDADES COMPONENTES DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA
1.4. ENTIDADES COMPONENTES DA FEDERAÇÃO BRASILEIRA
As entidades componentes da federação brasileira são as pessoas políticas de Direito Público Interno, que integram a estrutura político-administrativa da República pátria.
 
Correspondem à União, Estados, Distrito Federal e Municípios, todos dotados de autonomia, nos termos da Constituição (art. 18, caput).
 
Adiante-se, desde já, que a autonomia dos entes federados está dentro da própria soberania do Estado Federal, exteriorizando-se pelas capacidades de 
auto-organização (ter constituição ou lei orgânica própria), 
autolegislação (criar normas gerais e abstratas), 
autogoverno (gerir negócios, prestar e manter serviços próprios).
* Esses atributos estão presentes na autonomia de todos os entes federativos, sem exceção.
1.4.1 União Federal
1.4.1 União Federal
União Internamente, é uma pessoa jurídica de direito público interno, componente da Federação brasileira e autônoma na medida em que possui capacidade de auto-organização, autogoverno, autolegislação e autoadministração, possuindo assim, autonomia financeira, administrativa e política
Internacionalmente, a União representa a República Federativa do Brasil (art. 21, I a IV). 
Observe-se que a soberania é da República Federativa do Brasil, representada pela União Federal.
 
1.4.1.1 Capital Federal
Brasília é a Capital Federal (art. 18, § 1.º). 
* Trata-se de inovação em relação à Carta anterior, que estabelecia ser o Distrito Federal a Capital da União.
 
1.4.1.2. Bens da União (art. 20 CF)
■ terrenos de marinha: aqueles “em uma profundidade de 33 metros, medidos horizontalmente, para a parte da terra, da posição da linha do preamar-médio de 1831: 
a) os situados no continente, na costa marítima e nas margens dos rios e lagoas, até onde se faça sentir a influência das marés; 
b) os que contornam as ilhas situadas em zona onde se faça sentir a influência das marés. Para os efeitos dessa definição, a influência das marés é caracterizada pela oscilação periódica de 5 centímetros pelo menos, do nível das águas, que ocorra em qualquer época do ano” (art. 2.º do Decreto-Lei n. 9.760/46);
 
■ mar territorial: “... faixa de 12 milhas marítimas de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar do litoral continental e insular brasileiro, tal como indicada nas cartas náuticas de grande escala, reconhecidas oficialmente no Brasil” (art. 1.º da Lei n. 8.617/93);
 
■ terras devolutas: bens públicos dominicais, pertencentes à União, por força do art. 20, II, desde que situadas na faixa de fronteira. 
Logo, são bens da União as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei. As demais terras devolutas, em regra, desde que não tenham sido trespassadas aos Municípios, são de propriedade dos Estados.1.4.1.2. Bens da União (art. 20 CF)
* Participação em recursos minerais (CF, art. 20, § 1º)
 
Pelo Texto de 1988, a participação produz benefícios, provenientes da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos hídricos para fins de geração de energia elétrica e de outros recursos minerais no respectivo território, plataforma continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva.
 
Já a compensação ocorre nas hipóteses de prejuízos advindos da exploração, sendo compreensível, nesses casos, que a entidade federativa não sofra investidas dentro do seu próprio território, razão pela qual deve ser compensada financeiramente. 
Ex: Royalties
1.4.2. ESTADOS
1.4.2. ESTADOS
Os Estados federados são autônomos, em decorrência da capacidade de auto-organização, autogoverno e autolegislação. 
■ auto-organização: art. 25, caput
  
■ autogoverno: os arts. 27, 28 e 125 estabelecem regras para a estruturação dos “Poderes”: Legislativo: Assembleia Legislativa; Executivo: Governador do Estado; e Judiciário: Tribunais e Juízes;
 
■ autolegislação: arts. 18 e 25 a 28.
1.4.2.1. Formação dos Estados-Membros: regra geral
O art. 18, § 3.º, da CF/88 prevê os requisitos para o processo de criação dos Estados-Membros que deverão ser conjugados com outro requisito, o do art. 48, VI:
 
■ plebiscito: por meio de plebiscito, a população interessada deverá aprovar a formação do novo Estado. Não havendo aprovação, nem se passará à próxima fase, na medida em que o plebiscito é condição prévia, essencial e prejudicial à fase seguinte;
■ propositura do projeto de lei complementar: o art. 4.º, § 1.º, da Lei n. 9.709/98 estabelece que, em sendo favorável o resultado da consulta prévia ao povo mediante plebiscito, será proposto projeto de lei perante qualquer das Casas do Congresso Nacional;
■ audiência das Assembleias legislativas: à Casa perante a qual tenha sido apresentado o projeto de lei complementar referido no item anterior compete proceder a audiência das respectivas Assembleias Legislativas (art. 4.º, § 2.º, da Lei n. 9.709/98, regulamentando o art. 48, VI, da CF/88);
■ aprovação pelo Congresso Nacional: após a manifestação das Assembleias legislativas, passa-se à fase de aprovação do projeto de lei complementar, proposto no Congresso Nacional, através do quorum de aprovação pela maioria absoluta, de acordo com o art. 69 da CF/88. 
Modificação dos Estados-Membros
• Fusão (ou incorporação) - dois, três, quatro, ou mais Estados se unem com outro nome. Nesse caso, eles perdem a sua personalidade originária, incorporando-a no novo Estado que surgiu pela reunião de todos eles.
• Subdivisão - um dado Estado se divide em vários outros Estados, desaparecendo por completo, e dando origem a unidades novas, com personalidades diversas e totalmente independentes entre si.
• Desmembramento por anexação - o Estado-membro originário, sem perder a sua personalidade primitiva, separa-se em uma ou mais partes, formando, assim, novos Estados. Como a parte desmembrada pode anexar-se a outro Estado-membro, diz-se que o desmembramento foi por anexação. Nesse caso, não teremos uma nova entidade federativa, mas simples ajuste de limites territoriais.
• Desmembramento por formação - a parte desmembrada do Estado-membro originário pode constituir um novo Estado, ou, ainda, formar um Território Federal. Foi o que aconteceu com o Estado do Tocantins.
* Novo Estado do Tocantins (CF, art. 13, §§ 1º a 7º, do ADCT). 
1.4.2.3. Organização dos governos estaduais (CF, arts. 27, 28 e 125)
A organização dos governos estaduais, ou melhor, as normas de funcionamento dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, encontram-se nos arts. 27, 28 e 125 da CFRB-88.
 
Composição do Poder Legislativo Estadual (CF, art. 27, § 12)
• Número de deputados estaduais - Regra (CF, art. 27, caput, 1ª parte) - o número de deputados estaduais deve corresponder ao triplo da representação do Estado na Câmara dos Deputados. 
 
A Constituição, portanto, estabeleceu a seguinte regra:
nº de deputados estaduais = 3 x nº de deputados federais
(eleitos pelo sistema proporcional, nos termos da lei complementar - CF, art. 45, § 1º).
 
Composição do Poder Legislativo Estadual (CF, art. 27, § 12)
Regra geral (art. 27, caput, 1ª parte): nº de deputados estaduais = 3 x nº de deputados federais
Exceção (CF, art. 27, caput, 2ª parte) - se for atingido, excepcionalmente, o número de 36 deputados estaduais, será acrescido de tantos quantos forem os deputados federais acima de 12. 
 
É o caso do Estado de São Paulo, com 36 deputados estaduais e 70 deputados federais. 
Somando 36 com 70, obteremos o total de 106 deputados. Diminuindo 12 de 106, chegaremos à composição máxima da Assembleia Legislativa Paulista, isto é, 94 deputados estaduais. 
 
Assim, a CF previu a seguinte exceção:
nº de deputados estaduais = nº de deputados federais – 12
1.4.3. MUNICÍPIOS
1.4.3. MUNICÍPIOS: entes federativos?
A análise dos arts. 1.º e 18, bem como de todo o capítulo reservado aos Municípios indica que eles são entes federativos, dotados de autonomia própria, materializada por sua capacidade de auto-organização, autogoverno e autolegislação. 
Ainda mais diante do art. 34, VII, “c”, que prevê a intervenção federal na hipótese de o Estado não respeitar a autonomia municipal.
 
1.4.3. MUNICÍPIOS
A peculiaridade é o Município participar, em termos jurídico-positivos, do elo federativo, algo desconhecido em todas as épocas da humanidade, divergindo, inclusive, da matriz norte-americana, precursora dessa forma de Estado. 
Prevaleceu, porém, no Texto de 1988 a tese de que os Municípios detêm as mesmas características dos Estados-membros.
A anomalia reside no fato de o Município não possuir representatividade no poder central, porque o nosso sistema é o bicameralista, ou seja, a Câmara dos Deputados, formada pelos eleitos proporcionalmente, representa o povo, ficando o Senado incumbido de representar os Estados e o Distrito Federal. 
* O Município, portanto, não logra tal representação.
1.4.3. MUNICÍPIOS
■ auto-organização: art. 29, caput — os Municípios organizam-se por meio de Lei Orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal, na Constituição do respectivo Estado e o preceituado nos incisos I a XIV do art. 29 da CF/88;
■ autogoverno: elege, diretamente, o Prefeito, Vice-Prefeito e Vereadores (incisos do art. 29);
■ autoadministração e autolegislação: art. 30 — regras de competência que serão oportunamente estudadas. 
O STF, ao destacar a essência da autonomia municipal, estabeleceu que a autoadministração implica a capacidade decisória quanto aos interesses locais, sem delegação ou aprovação hierárquica (ADI 1.842)
1.4.3.1. Formação dos Municípios: art. 18, § 4.º, da CF/88
■ lei complementar federal: determinará o período para a mencionada criação, incorporação, fusão ou desmembramento de Municípios, bem como o procedimento;
■ estudo de viabilidade municipal: deverá ser apresentado, publicado e divulgado, na forma da lei, estudo demonstrando a viabilidade da criação, incorporação, fusão ou desmembramento de municípios;
■ plebiscito: desde que positivo o estudo de viabilidade, far-se-á consulta às populações dos Municípios envolvidos (de todos os Municípios envolvidos), para aprovarem ou não a criação, incorporação, fusão ou desmembramento. Referido plebiscito será convocado pela Assembleia Legislativa, de conformidade com a legislação federal e estadual (art. 5.º da Lei n. 9.709/98);
■ lei estadual: dentro do período que a lei complementar federal definir, desde que já tenha havido um estudo de viabilidade e aprovação plebiscitária, serão criados, incorporados, fundidos ou desmembrados Municípios, através de lei estadual.
 
1.4.3.2. Lei orgânica municipal (CF, art. 29)
A LEI ORGÂNICA é diploma normativo hierarquicamente superior do Município. 
 
* Quando os vereadores a elaboram estão obrigados a respeitar osprincípios estabelecidos nas Constituições da República e do respectivo Estado-membro, sob pena de produzir uma lei inconstitucional.
 
Todo Município deve reger-se por lei orgânica própria, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias.
 
A Constituição de 1988 exigiu para a aprovação da lei orgânica a presença de 2/3 dos vereadores.
 
1.4.3.2. Lei orgânica municipal (CF, art. 29)
Quanto ao conteúdo, as leis orgânicas municipais devem trazer:
• a organização administrativa do Município;
• as competências legislativa, comum e suplementar da municipalidade;
• as regras do processo legislativo municipal;
• a disciplina contábil, financeira e orçamentária do Município; e
• assuntos de interesse local, desde que não confrontem com normas constitucionais federais e estaduais.
 
1.4.3.3. Fiscalização do Município (CF, art. 31, §§ 1º a 4º)
A fiscalização do Município é exercida mediante:
• Controle externo - realizado pela Câmara de Vereadores, com auxílio dos Tribunais de Contas estaduais e municipais, ou, ainda, dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios, onde houver; e
• Controle interno - desempenhado pelo Poder Executivo Municipal, na forma da lei ordinária.
1.4.4. DISTRITO FEDERAL
1.4.4. DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal é uma unidade federada autônoma, visto que possui capacidade de autoorganização, autogoverno, autoadministração e autolegislação:
 
■ auto-organização: art. 32, caput — estabelece que o Distrito Federal se regerá por lei orgânica, votada em dois turnos com interstício mínimo de dez dias e aprovada por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal;
■ autogoverno: art. 32, §§ 2.º e 3.º — eleição de Governador e Vice-Governador e dos Deputados Distritais;
■ autoadministração e autolegislação: regras de competências legislativas e não legislativas
1.4.4.2. Outras características importantes
Algumas outras regras devem também ser lembradas:
 
■ impossibilidade de divisão do Distrito Federal em Municípios: o art. 32, caput, expressamente, veda a divisão do Distrito Federal em Municípios, ao contrário do que acontece com os Estados e Territórios;
■ autonomia parcialmente tutelada pela União: 
a) o art. 32, § 4.º, declara inexistir polícias civil, militar e corpo de bombeiros militar, pertencentes ao Distrito Federal. Tais instituições, embora subordinadas ao Governador do Distrito Federal (art. 144, § 6.º), são organizadas e mantidas diretamente pela União (art. 21, XIV), sendo que a referida utilização pelo Distrito Federal será regulada por lei federal (cf. SV 39/STF); 
b) também observar que o Poder Judiciário e o Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios são organizados e mantidos pela União (arts. 21, XIII, e 22, XVII);
 
1.4.5. TERRITÓRIOS FEDERAIS
1.4.5. TERRITÓRIOS FEDERAIS
Na vigência da Constituição de 1891 se estabeleceu o primeiro Território Federal no Brasil, o do Acre, adquirido pelo Brasil pelo Tratado de Petrópolis, assinado em 17.11.1903 com a República da Bolívia. 
 
O Território do Acre foi organizado pelo Decreto n. 5.188, de 07.04.1904, tendo em vista a autorização concedida pelo Decreto Legislativo n. 1.181, de 25 de fevereiro do mesmo ano, e assim permaneceu até a edição da Lei n. 4.070/62, sancionada pelo Presidente da República João Goulart, que o elevou à categoria de Estado.
1.4.5.1. Natureza jurídica
Apesar de ter personalidade, o território não é dotado de autonomia política. 
Trata-se de mera descentralização administativo-territorial da União, (uma autarquia Territorial) que, conforme expressa previsão do art. 18, § 2.º, integra a União.
 
Não mais existem territórios federais no Brasil. Até o advento da Constituição de 1988 havia três territórios: Roraima, Amapá e Fernando de Noronha:
■ Roraima: foi transformado em Estado, de acordo com o art. 14, caput, do ADCT;
■ Amapá: também foi transformado em Estado, de acordo com o art. 14, caput, do ADCT;
■ Fernando de Noronha: foi extinto, sendo a sua área reincorporada ao Estado de Pernambuco (art. 15, ADCT, CF/88).
TERRITÓRIOS FEDERAIS: Fernando de Noronha
O parágrafo único do art. 1.º da Lei estadual n. 11.304, de 28.12.1995 (do Estado de Pernambuco), caracteriza o Distrito Estadual de Fernando de Noronha como uma entidade autárquica integrante do Poder Executivo Estadual, exercendo, sobre toda a extensão da área territorial do Arquipélago de Fernando de Noronha, jurisdição plena atribuída às competências estadual e municipal, bem como os poderes administrativos e de polícia próprios de ente público.
 
O Distrito Estadual tem por sede o Palácio São Miguel, situado na Vila dos Remédios, na Ilha de Fernando de Noronha, e por foro a Comarca do Recife.
O § 1.º do art. 96 da CE/PE determina que o Distrito Estadual de Fernando de Noronha será dirigido por um Administrador-Geral, nomeado pelo Governador do Estado, com prévia aprovação da Assembleia Legislativa.
O § 2.º estabelece a eleição direta, pelo voto secreto, concomitantemente com a eleição de Governador de Estado, pelos cidadãos residentes no Arquipélago, de 7 Conselheiros, com mandato de 4 anos, para formação do Conselho Distrital, órgão que terá funções consultivas e de fiscalização, na forma da lei.
1.4.5.2. Criação de novos territórios
 O processo de criação dar-se-á da seguinte forma:
■ lei complementar: a criação de novos territórios dar-se-á mediante lei complementar, conforme o art. 18,§ 2.º;
■ plebiscito: deve haver plebiscito aprovando a criação do território;
■ modo de criação: o art. 18, § 3.º, dispõe que os Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexar a outros, ou formar Territórios Federais, mediante aprovação da população diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei complementar.
CONCLUSÃO

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