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Notas de Aula de F´ısica 2 Da´fni Fernanda Zenedin Marchioro Setembro de 2014 i O que e´ F´ısica?∗ Como todas as outras cieˆncias, a f´ısica e´ baseada em observac¸o˜es experimentais e medidas quantitativas. O principal objetivo da f´ısica e´ encontrar o nu´mero limitado de leis fundamentais que governam os fenoˆmenos naturais, e usa´-las para desenvolver teorias que podem prever os resultados de experimentos futuros. As leis fundamentais usadas nas teorias desenvolvidas sa˜o expressas na linguagem da matema´tica, a ferramenta que fornece a ponte entre teoria e experimento. Quando uma discrepaˆncia entre teoria e experimento surge, novas teorias devem ser formuladas para remover a discrepaˆncia. Muitas vezes uma teoria e´ satisfato´ria apenas sob certas condic¸o˜es limitadas; uma teoria mais geral deve ser satisfato´ria sem tais li- mitac¸o˜es. Por exemplo, as leis de movimento descobertas por Isaac Newton (1642 - 1727) no se´culo 17 descrevem acuradamente o movimento de corpos a velocidades normais, mas na˜o se aplicam a objetos se movendo a velocidades compara´veis com a velocidade da luz. Em contraste, a teoria especial da relatividade desenvolvida por Albert Einstein (1879 - 1955) no in´ıcio dos anos 1900 fornece os mesmos resultados que as leis de Newton a baixas velocidades, mas tambe´m descreve corretamente movimento a velocidades que se aproximam da velocidade da luz. Assim, a teoria de Einstein e´ uma teoria mais geral do movimento. F´ısica Cla´ssica, o que significa toda a f´ısica desenvolvida antes de 1900, inclui as teorias, conceitos, leis e experimentos em mecaˆnica cla´ssica, termodinaˆmica e eletromagnetismo. Contribuic¸o˜es importantes a` f´ısica cla´ssica foram fornecidas por Newton, que desen- volveu a mecaˆnica cla´ssica como uma teoria sistema´tica e foi um dos pioneiros no uso do ca´lculo como uma ferramenta matema´tica. Grandes desenvolvimentos em mecaˆnica ∗traduc¸a˜o das primeiras pa´ginas do livro Fundamentals of Physics, autor Halliday. i ii continuaram no se´culo 18, mas os campos da termodinaˆmica e eletricidade e magnetismo na˜o foram desenvolvidos ate´ a parte final do se´culo 19, principalmente porque antes deste tempo, o aparato para experimentos controlados era ou muito cru ou indispon´ıvel. Uma nova era na f´ısica, geralmente chamada de f´ısica moderna, comec¸ou perto do final do se´culo 19. A f´ısica moderna se desenvolveu principalmente pela descoberta de que muitos fenoˆmenos f´ısicos na˜o poderiam ser explicados pela f´ısica cla´ssica. Os dois mais importantes desenvolvimentos em f´ısica moderna sa˜o as teorias da relatividade e da mecaˆnica quaˆntica. A teoria da relatividade de Einstein revolucionou os tradicio- nais conceitos de espac¸o, tempo e energia; a mecaˆnica quaˆntica, que se aplica ao mundo macrosco´pico e microsco´pico, foi originalmente formulada por um nu´mero de distintos cientistas para fornecer descric¸o˜es de fenoˆmenos f´ısicos a n´ıvel atoˆmico. Cientistas constantemente trabalham na melhora de nosso entendimento dos fenoˆmenos e leis fundamentais, e novas descobertas sa˜o feitas todos os dias. Em muitas a´reas de pes- quisa, uma grande quantidade de superposic¸a˜o existe entre f´ısica, qu´ımica, geologia e biologia, assim como com a engenharia. Alguns dos mais nota´veis desenvolvimentos sa˜o (1) va´rias misso˜es espaciais e a aterrissagem de astronautas na Lua, (2) microcircuitos e computadores de alta velocidade, e (3) te´cnicas sofisticadas de imagem usadas em pes- quisa cient´ıfica e medicina. O impacto que tais desenvolvimentos e descobertas tem tido em nossa sociedade tem sido de fato grande, e e´ muito prova´vel que descobertas e de- senvolvimentos futuros sera˜o tambe´m ta˜o excitantes e desafiadores e de grande benef´ıcio para a humanidade. ii iii Passos para resolver problemas † Ale´m do que voceˆ poderia esperar aprender sobre conceitos de f´ısica, uma habilidade muito valiosa que voceˆ deve esperar adquirir no seu curso de f´ısica e´ a capacidade de resolver problemas complicados. A forma como os f´ısicos abordam situac¸o˜es complexas e as quebram em partes gerencia´veis e´ extremamente u´til. Reu´na a informac¸a˜o A primeira coisa a fazer ao abordar um problema e´ entender a situac¸a˜o. Leia cuida- dosamente o enunciado do problema, procurando por frases-chave como “em repouso” ou “cai livremente”. Que informac¸a˜o e´ dada? Qual e´ exatamente a questa˜o pedida? Na˜o esquec¸a de juntar informac¸a˜o de suas pro´prias experieˆncias e senso comum. Como uma resposta razoa´vel deveria se parecer? Voceˆ na˜o esperaria calcular a velocidade de um automo´vel como sendo 5 × 106 m/s. Voceˆ sabe que unidades esperar? Ha´ casos limites que voceˆ pode considerar? O que acontece quando um aˆngulo se aproxima de 0o ou 90o ou quando uma massa se torna grande ou tende a zero? Certifique-se tambe´m de estudar cuidadosamente quaisquer desenhos que acompanham o problema. Organize sua abordagem Uma vez que voceˆ tenha realmente uma boa ideia do que se trata o problema, voceˆ pre- cisa pensar no que fazer a seguir. Voceˆ ja´ tinha visto este tipo de questa˜o anteriormente? Ser capaz de classificar um problema pode tornar muito mais fa´cil estabelecer um plano para resolveˆ-lo. Quase sempre voceˆ deve fazer um desenho ra´pido da situac¸a˜o. Classifique †traduc¸a˜o da pa´gina 47 do livro Fundamentals of Physics, autor Halliday. iii iv eventos importantes com letras circuladas. Indique quaisquer valores conhecidos, talvez numa tabela ou diretamente no esboc¸o do desenho. Analise o problema Porque voceˆ ja´ caracterizou o problema, na˜o deveria ser muito dif´ıcil selecionar equac¸o˜es relevantes que se aplicam a este tipo de situac¸a˜o. Use a´lgebra (e ca´lculo, se necessa´rio) para resolver para a varia´vel desconhecida em termos do que e´ dado. Substitua os nu´meros apropriados, calcule o resultado, e arredonde-o para o nu´mero apropriado de algarismos significativos. Aprenda a partir de seus esforc¸os Esta e´ a parte mais importante. Examine sua resposta nume´rica. Ela corresponde a`s suas expectativas do primeiro passo? E quanto a` forma alge´brica do resultado - antes de voceˆ substituir os valores nume´ricos? Faz sentido? (Tente olhar para as varia´veis nela para ver se a resposta mudaria de forma relevante fisicamente se elas fossem drasticamente aumentadas ou diminu´ıdas ou ainda se tornassem zero). Pense em como este problema se compara com outros que voceˆ tenha feito. Como foi similar? De que maneira cr´ıtica eles diferem? Por que este problema foi proposto? Voceˆ deve ter aprendido alguma coisa ao fazeˆ-lo. Voceˆ consegue entender o queˆ? Quando for resolver problemas complexos, voceˆ pode precisar identificar uma se´rie de sub-problemas e aplicar os passos acima a cada um. Para problemas muito simples, provavelmente voceˆ na˜o precisara´ dos passos acima. Mas quando voceˆ olhar para um problema e na˜o souber o que fazer a seguir, lembre-se dos passos acima e use-os como guia. iv Conteu´do 1 Movimento Oscilato´rio 1 1.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Revisa˜o ra´pida de trigonometria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.3 Movimento Harmoˆnico Simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3 1.3.1 Velocidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.3.2 Acelerac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8 1.3.3 Condic¸o˜es iniciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10 1.4 Energia do oscilador harmoˆnico simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 1.5 O peˆndulo simples . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 1.6 Movimentocircular uniforme e MHS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 1.7 Oscilac¸o˜es amortecidas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 1.8 Oscilac¸o˜es forc¸adas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 1.9 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.9.1 Nı´vel “coloque na fo´rmula” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 1.9.2 Nı´vel “pense, enta˜o coloque na fo´rmula” . . . . . . . . . . . . . . . 27 1.9.3 Elaboradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 2 Ondas: parte 1 30 2.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 2.1.1 Tipos de ondas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 2.1.2 Caracter´ısticas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 i ii Conteu´do 2.2 Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o . . . . . . . . . . . . . 36 2.2.1 Func¸a˜o de onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 2.2.2 Trem de onda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 2.2.3 Velocidade de ondas em cordas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 2.2.4 Reflexa˜o e transmissa˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 2.3 Energia e poteˆncia de uma onda progressiva numa corda . . . . . . . . . . 47 2.4 Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 2.4.1 Ondas estaciona´rias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56 2.4.2 Ondas estaciona´rias numa corda fixa em ambas as extremidades . . 60 2.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 2.5.1 Nı´vel “coloque na fo´rmula” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62 2.5.2 Nı´vel “pense, enta˜o coloque na fo´rmula” . . . . . . . . . . . . . . . 62 2.5.3 Elaboradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64 3 Ondas: parte 2 65 3.1 Ondas em duas e treˆs dimenso˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 3.2 Ondas sonoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 3.2.1 Intensidade de ondas sonoras e n´ıvel sonoro . . . . . . . . . . . . . 69 3.2.2 Efeito Doppler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71 3.2.3 Ondas estaciona´rias em colunas de ar . . . . . . . . . . . . . . . . . 73 3.2.4 Propriedades musicais e quantidades f´ısicas . . . . . . . . . . . . . . 75 3.3 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 3.3.1 Nı´vel “coloque na fo´rmula” . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79 3.3.2 Nı´vel “pense, enta˜o coloque na fo´rmula” . . . . . . . . . . . . . . . 79 3.3.3 Elaboradas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 80 4 Gravitac¸a˜o 83 4.1 As treˆs leis de Kepler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83 ii Conteu´do iii 4.2 Lei da Gravitac¸a˜o Universal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 84 4.2.1 Acelerac¸a˜o de queda livre e a forc¸a gravitacional . . . . . . . . . . . 85 4.3 Campo gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 86 4.4 Energia Potencial Gravitacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 4.5 Considerac¸o˜es de energia no movimento planeta´rio e de sate´lite . . . . . . . 91 4.5.1 Revendo a Terceira Lei de Kepler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93 4.5.2 Velocidade de escape . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94 4.6 Forc¸a gravitacional entre um objeto extenso e uma part´ıcula . . . . . . . . 96 4.6.1 Forc¸a gravitacional entre uma part´ıcula e uma massa esfe´rica . . . . 98 4.7 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 101 5 Mecaˆnica dos Fluidos 103 5.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103 5.2 Pressa˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 104 5.2.1 Variac¸a˜o da pressa˜o com a profundidade e lei de Pascal . . . . . . . 105 5.2.2 Medic¸a˜o de pressa˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109 5.3 Forc¸a de Empuxo e Princ´ıpio de Arquimedes . . . . . . . . . . . . . . . . . 110 5.4 Dinaˆmica de fluidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 5.4.1 Definic¸o˜es que caracterizam um fluido . . . . . . . . . . . . . . . . . 114 5.4.2 Modelo de fluido ideal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 116 5.4.3 Linhas de fluxo e a equac¸a˜o da continuidade . . . . . . . . . . . . . 116 5.4.4 Equac¸a˜o de Bernoulli . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 118 5.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 121 6 Termodinaˆmica - Parte 1 125 6.1 Introduc¸a˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125 6.2 Equil´ıbrio te´rmico e Lei Zero da Termodinaˆmica . . . . . . . . . . . . . . . 126 6.2.1 Aplicac¸a˜o da Lei Zero da Termodinaˆmica: termoˆmetros . . . . . . . 128 iii iv Conteu´do 6.2.2 Escalas de temperatura . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 130 6.2.3 Expansa˜o te´rmica de so´lidos e l´ıquidos . . . . . . . . . . . . . . . . 133 6.3 Calor, capacidade te´rmica e calor espec´ıfico . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 6.3.1 Calor e energia interna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135 6.3.2 Capacidade te´rmica, calor espec´ıfico e calor latente . . . . . . . . . 137 6.3.3 Transfereˆncia de calor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 141 6.4 Primeira Lei da Termodinaˆmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143 6.4.1 Trabalho e Calor em Processos Termodinaˆmicos . . . . . . . . . . . 143 6.4.2 A Primeira Lei da Termodinaˆmica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148 6.4.3 Aplicac¸o˜es da Primeira Lei da Termodinaˆmica . . . . . . . . . . . . 148 6.5 Exerc´ıcios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 150 iv Cap´ıtulo 1 Movimento Oscilato´rio 1.1 Introduc¸a˜o O movimento oscilato´rio e´ descrito em termos de modelos matema´ticos de func¸o˜es trigo- nome´tricas, justamente por sua caracter´ıstica perio´dica. Podemos encontrar movimento oscilato´rio nos seguintes fenoˆmenos e situac¸o˜es f´ısicas: • Movimento de um peˆndulo; • Ondas eletromagne´ticas (luz, por exemplo); • Mole´culas num so´lido; • Mu´sica (vibrac¸o˜es dos instrumentos de corda e sopro); • Teoria de cordas. 1.2 Revisa˜o ra´pida de trigonometria C´ırculo trigonome´trico - ver figura 1.1. Para transformar de radianos para graus e vice-versa, usamos o fato de que pi rad ≡ 180o (1.1) 1 2 1.2. Revisa˜o ra´pida de trigonometria Figura 1.1: C´ırculo trigonome´trico. e usamos uma regra de treˆs, como abaixo: pi rad→ 180o pi 3 → x graus (1.2) Figura 1.2: Gra´fico da func¸a˜o seno. Func¸a˜o seno - ver figura 1.2. A func¸a˜o seno e´ perio´dica, ou seja, a cada 2pi, seu gra´fico se repete. Por esta raza˜o, 2 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples 3 sen (θ + 2pi) = sen θ (1.3) Figura 1.3: Gra´fico da func¸a˜o cosseno. Func¸a˜o cosseno - ver figura 1.3. A func¸a˜o cosseno tambe´m e´ perio´dica, e portanto, cos (θ + 2pi) = cos θ (1.4) 1.3 Movimento Harmoˆnico Simples Ver figura 1.4. Na disciplina de F´ısica 1, voceˆs viram que a forc¸a responsa´vel por restaurar a posic¸a˜o da massa m a` posic¸a˜o de equil´ıbrio e´ F = −kx (1.5) Esta forc¸a e´ chamada de forc¸a restauradora da mola ou lei de Hooke. Esta equac¸a˜o e´ va´lida para pequenos deslocamentos x da massa m em torno da posic¸a˜o de equil´ıbrio, de tal forma que a mola na˜o e´ deformada e k (constante da mola) e´ de fatouma constante. Tambe´m podemos escrever (1.5) como 3 4 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples Figura 1.4: Movimento Harmoˆnico Simples no sistema bloco-mola. ma = −kx (segunda lei de Newton) m d2x dt2 = −kx d2x dt2 = − k m x (1.6) Queremos saber como e´ a func¸a˜o posic¸a˜o x = x(t) de tal forma que a equac¸a˜o (1.6) seja satisfeita. Primeiro vamos considerar uma equac¸a˜o mais simples: d2x(t) dt2 = −x(t) (1.7) Como deveria ser a func¸a˜o x(t) para que a equac¸a˜o (1.7) seja satisfeita? Precisamos escolher uma func¸a˜o do tempo tal que, se derivada duas vezes, resulte na mesma func¸a˜o com sinal negativo. Primeiro chute: 4 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples 5 x = x(t) = cos t (1.8) Derivando a func¸a˜o (1.8) duas vezes em relac¸a˜o a t, temos d2(cos t) dt2 = d dt (−sen t) = − cos t = −x(t) = d 2x(t) dt2 (1.9) que e´ a equac¸a˜o (1.7). No entanto, a func¸a˜o x(t) = A cos t , A = constante (1.10) tambe´m satisfaz (1.7), pois d2(A cos t) dt2 = A d2(cos t) dt2 = A d dt (−sen t) = −A cos t = −x(t) = d 2x(t) dt2 (1.11) e e´ mais geral que 1.8). No entanto, queremos resolver a equac¸a˜o (1.6), e a equac¸a˜o (1.10) na˜o a satisfaz: d2x dt2 = − k m x −A cos t = − k m x −x = − k m x → ERRADO! (1.12) A func¸a˜o que satisfaz (1.6) e´ a func¸a˜o x(t) = A cos(ωt) , A = constante , ω = constante (1.13) pois d2(A cosωt) dt2 = A d2(cosωt) dt2 = A d dt (−ωsen ωt) = Aω d dt (−sen ωt) = −Aω2 cosωt = −ω2x(t) = d 2x(t) dt2 , com ω2 = k m (1.14) 5 6 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples No entanto, a func¸a˜o mais geral que satisfaz (1.6) e´ (verifique em casa!) x(t) = A cos(ωt+ φ) , A = constante , ω = constante , φ = constante (1.15) sendo que ω2 = k/m, como no caso da equac¸a˜o (1.14). A equac¸a˜o (1.15) descreve o deslocamento sofrido pelo corpo de massa m preso a` mola de constante de mola k quando o mesmo recebe um impulso inicial externo e sai de sua posic¸a˜o de equil´ıbrio. Poder´ıamos chegar a esta mesma conclusa˜o olhando para o gra´fico x× t do experimento feito no laborato´rio, que tem a forma de uma seno´ide. Agora, o que sa˜o as quantidades A, ω e φ? • A → amplitude → ma´ximo deslocamento da part´ıcula, tanto no sentido positivo como negativo. Como entender isso? Bom, olhando para a func¸a˜o cosseno, sabemos que o maior e o menor valor dela e´ ±1. Enta˜o, para a func¸a˜o x = cos t, a amplitude A e´ um (compare com a equac¸a˜o (1.10)). Agora, para a func¸a˜o x = 2 cos t, se eu quiser saber seu maior valor, preciso pegar o maior valor do cosseno, que e´ +1, e portanto A = 2. E para o menor valor do cosseno, ou seja, −1, enta˜o A = −2. • ω → e´ dado pela equac¸a˜o ω = √ k m (1.16) e´ a frequeˆncia angular do movimento. Tem unidade de radianos/segundo. • φ → e´ chamada de fase constante ou aˆngulo de fase. Determinado pelas condic¸o˜es iniciais do problema, como veremos a seguir. A func¸a˜o (1.15), sendo uma “func¸a˜o” cosseno, e´ perio´dica: ela se repete, ou melhor, volta a` posic¸a˜o inicial, passado um tempo T , que chamamos de per´ıodo. O per´ıodo e´ o 6 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples 7 tempo que demora para fazer uma oscilac¸a˜o. Equivale a dizer que o argumento ωt + φ aumenta de 2pi quando completa uma oscilac¸a˜o completa, ou seja, ω(t+ T ) + φ = ωt+ φ+ 2pi ωt+ ωT + φ = ωt+ φ+ 2pi ωT = 2pi T = 2pi ω (1.17) O inverso do per´ıodo e´ o que chamamos de frequeˆncia, que representa o nu´mero de oscilac¸o˜es da part´ıcula por unidade de tempo: f = 1 T = ω 2pi (1.18) sua unidade e´ s−1 = Hz (Hertz). A quantidade ωt+ φ e´ chamada de fase do movimento. 1.3.1 Velocidade Sabemos da disciplina de F´ısica 1 que v ≡ dx(t) dt (1.19) Portanto, usando a equac¸a˜o acima e a func¸a˜o x(t) que descreve o movimento harmoˆnico simples (equac¸a˜o (1.15), temos v(t) = d dt (A cos(ωt+ φ)) = −Aωsen (ωt+ φ) (1.20) Qual e´ o valor ma´ximo da velocidade? Sera´ quando ωt+φ for tal que o seno e´ ±1, ou seja, vmax = ±Aω (1.21) 7 8 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples 1.3.2 Acelerac¸a˜o Da F´ısica 1, a acelerac¸a˜o e´ a ≡ d 2x(t) dt2 (1.22) e da mesma forma que fizemos na sec¸a˜o anterior, temos que a acelerac¸a˜o para o movimento harmoˆnico simples e´ a(t) = d2 dt2 (A cos(ωt+ φ)) = d dt (−Aωsen (ωt+ φ)) = −Aω2 cos(ωt+ φ) (1.23) e a acelerac¸a˜o ma´xima e´ amax = ±Aω2 (1.24) Um caso especial: φ = 0 Figura 1.5: Movimento Harmoˆnico Simples para φ = 0. Digamos que, em t = 0, a massa m esta´ na posic¸a˜o x = A. Sabemos que a soluc¸a˜o do movimento harmoˆnico simples, para qualquer t, e´ dada pela equac¸a˜o (1.15). Portanto, temos, para t = 0, 8 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples 9 x(0) = A = A cos(ω · 0 + φ) A = A cosφ (1.25) Para satisfazer a equac¸a˜o acima, cosφ = +1, e o menor aˆngulo com este valor para o cosseno e´ φ = 0. Assim, a soluc¸a˜o neste caso e´ somente x(t) = A cosωt (1.26) e a velocidade e acelerac¸a˜o sa˜o v = −Aωsen ωt a = −Aω2 cosωt (1.27) Em t = 0, a velocidade sera´ v = 0 pois sen 0 = 0. A velocidade sera´ ma´xima quando sen ωt = ±1, ou seja, quando ωt = pi/2, 3pi/2, 5pi/2, . . ., que sa˜o os valores para os quais x(t) = 0. Veja na figura 5 os gra´ficos de deslocamento e velocidade, sendo xm = A. Com relac¸a˜o a` acelerac¸a˜o, em t = 0 ela e´ dada por a = −Aω2, ou seja, e´ ma´xima no sentido negativo. Ela sera´ ma´nima (a = 0) quando cosωt = 0, que e´ quando ωt = pi/2, 3pi/2, 5pi/2, . . ., ou seja, nos valores onde a velocidade e´ ma´xima. Veja a tabela 1 com as quantidades posic¸a˜o, velocidade e acelerac¸a˜o para uma oscilac¸a˜o completa. ωt x v a 0 A 0 −Aω2 pi 2 0 −Aω 0 pi -A 0 +Aω2 3pi 2 0 +Aω 0 2pi A 0 −Aω2 Tabela 1.1: MHS para φ = 0. 9 10 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples 1.3.3 Condic¸o˜es iniciais Figura 1.6: Condic¸o˜es iniciais. Veremos agora que as quantidades A e φ esta˜o relacionadas com as condic¸o˜es iniciais do problema. Digamos que, em t = 0, a posic¸a˜o e´ x(0) = xi e a velocidade e´ v(0) = vi. Assim, as equac¸o˜es (1.15) e (2.20) em t = 0 sa˜o x(0) = A cos(ω · 0 + φ)→ xi = A cosφ (1.28) v(0) = −Aωsen (ω · 0 + φ)→ vi = −Aωsen φ (1.29) Dividindo (1.29) por (1.28), temos 10 1.3. Movimento Harmoˆnico Simples 11 vi xi = −Aωsen φ A cosφ vi xi = −ωtg φ tg φ = − vi ωxi φ = arctg ( − vi ωxi ) (1.30) Ou seja, φ e´ determinado pelas condic¸o˜es iniciais em t = 0. Agora, vamos elevar ao quadrado as equac¸o˜es (1.28) e (1.29): x2i = A 2 cos2 φ (1.31) v2i = A 2ω2sen2φ (1.32) e dividiremos v2i por ω 2: v2i ω2 = A2ω2sen2φ ω2 v2i ω2 = A2sen2φ (1.33) Somando termo a termo as equac¸o˜es (1.31) e (1.33), temos x2i + v2i ω2 = A2 cos2 φ+ A2sen2φ x2i + v2i ω2 = A2(cos2 φ+ sen2φ) A2 = x2i + v2i ω2 (pois cos2 φ+ sen2φ = 1) A = √ x2i + v2i ω2 (1.34) Ou seja, A tambe´m e´ determinado pelas condic¸o˜es iniciais em t = 0. Veja na figura 6 como ficam os gra´ficos de x(t), v(t) e a(t) sendo as condic¸o˜es iniciais em t = 0: x(0) = xi e v(0) = vi. 11 12 1.4. Energia do oscilador harmoˆnico simples 1.4 Energia do oscilador harmoˆnico simples Figura 1.7: Sistema bloco-mola. Veja a figura 1.7. Consideramos que na˜o ha´ atrito entre o bloco e o solo, ou seja, na˜o ha´ forc¸as dissipativas, e a forc¸a resultante atuando sobre o bloco e´ a forc¸a restauradora da mola (equac¸a˜o (1.5)). Como a forc¸a restaudarora da mola e´ uma forc¸a conservativa, a energia mecaˆnica do sistema se conserva, ou seja, e´ constante. A energia cine´tica e´ dada por K = mv2 2 = m 2 (−Aωsen (ωt+ φ))2 = m 2 A2ω2sen2(ωt+ φ) (1.35) A energia potencialdo sistema e´ devida a` forc¸a restauradora da mola - e´ a energia potencial ela´stica, dada por U = kx2 2 = k 2 (A cos(ωt+ φ))2 = k 2 A2 cos2(ωt+ φ) (1.36) A energia mecaˆnica e´ a soma da energia cine´tica com a potencial. Portanto, usando as equac¸o˜es (1.35) e (1.36), temos E = K + U = m 2 A2ω2sen2(ωt+ φ) + k 2 A2 cos2(ωt+ φ) (1.37) Usando o fato que ω2 = k/m na equac¸a˜o acima, temos 12 1.4. Energia do oscilador harmoˆnico simples 13 E = m 2 A2 × k m sen2(ωt+ φ) + k 2 A2 cos2(ωt+ φ) E = kA2 2 [sen2(ωt+ φ) + cos2(ωt+ φ)] E = kA2 2 (1.38) pois sen2(ωt+ φ) + cos2(ωt+ φ) = 1. Portanto, a energia mecaˆnica total de um oscilador harmoˆnico simples e´ constante (pois na˜o depende de t) e e´ proporcional ao quadrado da amplitude. Figura 1.8: Energia no MHS. Note que, pelo fato de K depender de seno e U depender de cosseno, K e´ grande quando U e´ pequeno, e U e´ grande quando K e´ pequeno. No entanto, E sempre sera´ dada pela equac¸a˜o (4.19). Veja na figura 1.8, para o caso em que φ = 0, os gra´ficos de K e U em relac¸a˜o a t (figura 1.8a) e em relac¸a˜o a` amplitude (figura 1.8b). 13 14 1.4. Energia do oscilador harmoˆnico simples ωt x v a K U 0 A 0 −Aω2 0 1 2 kA2 pi 2 0 −Aω 0 1 2 kA2 0 pi -A 0 +Aω2 0 1 2 kA2 3pi 2 0 +Aω 0 1 2 kA2 0 2pi A 0 −Aω2 0 1 2 kA2 Tabela 1.2: MHS para φ = 0. Agora, vejamos a tabela 1.2, que e´ a tabela 1.1 acrescida dos valores para energia em alguns instantes t, para o caso em que φ = 0. Perceba que, quando x e a sa˜o ma´ximos, U e´ ma´ximo (pois depende de x), e v e K sa˜o mı´nimos. Por outro lado, quando v e K sa˜o ma´ximos (pois K depende de v), as quantidades x, a e U sa˜o mı´nimas. No entanto, E e´ sempre kA2/2. Podemos encontrar a velocidade do oscilador numa posic¸a˜o arbitra´ria x, pois a energia mecaˆnica se conserva: E = K + U = mv2 2 + kx2 2 = kA2 2 (1.39) Isolando v2: mv2 2 = kA2 2 − kx 2 2 v2 = kA2 m − kx 2 m v2 = k m (A2 − x2) v = ± √ k m (A2 − x2) = ± √ ω2(A2 − x2) = ±ω √ (A2 − x2) (1.40) Aplicac¸a˜o: Potencial de Lennard-Jones. Este potencial esta´ relacionado a` forc¸a que mante´m os a´tomos juntos, formando as mole´culas. Veja figura 1.9. Para pequenos deslocamentos a partir da posic¸a˜o de equil´ıbrio, a curva da energia potencial pode ser aproximada por uma para´bola, como na figura 1.8b. Sendo assim, podemos descrever o 14 1.5. O peˆndulo simples 15 Figura 1.9: Modelo para mole´culas. movimento de a´tomos em mole´culas, considerando-os como aproximac¸a˜o o fato de que eles sa˜o osciladores harmoˆnicos simples. Outros sistemas que podem usar as ideias do MHS: bungee jumping, sintonia de uma estac¸a˜o de TV, luz emitida por um laser. 1.5 O peˆndulo simples Vejam figura 1.10. O peˆndulo simples exibe comportamento oscilato´rio. Temos um prumo de massa m suspenso por uma corda leve de comprimento L. O movimento ocorre no eixo vertical, e e´ executado devido a` forc¸a da gravidade. Vamos mostrar que, se θ < 10o, o movimento e´ de um oscilador harmoˆnico simples (OHS). As forc¸as envolvidas: • ~T - tensa˜o da corda, que se equilibra com a componente ~Fp = mg cos θ da forc¸a da gravidade. • ~FT - componente tangente ao movimento da forc¸a gravitacional. E´ responsa´vel pelo movimento, que sempre e´ na direc¸a˜o de θ = 0, ou seja, contra´ria ao deslocamento. 15 16 1.5. O peˆndulo simples Figura 1.10: Peˆndulo simples. Esta e´ uma forc¸a restauradora. Enta˜o, pela segunda lei de Newton, temos ∑ FT = −mg sen θ = md 2s dt2 (1.41) onde s e´ o deslocamento do prumo medido ao longo do arco e o sinal de menos indica que a forc¸a tangente atua em direc¸a˜o a` posic¸a˜o de equil´ıbrio. Relac¸a˜o arco - aˆngulo Figura 1.11: Relac¸a˜o arco-aˆngulo. 16 1.5. O peˆndulo simples 17 Veja figura 1.11. Seja s = AP a medida do segmento de arco definido pelo aˆngulo α, e r = OP o raio da circunfereˆncia ao qual o arco pertence. Temos que s = rα (1.42) relac¸a˜o que vem da regra de treˆs abaixo: 2pir → 2pi rad s→ α rad (1.43) Para o nosso caso, ou seja, a figura 10, temos que s = Lθ (1.44) e assim, em (1.41), temos m d2(Lθ) dt2 = −mg sen θ (1.45) Como na equac¸a˜o acima apenas θ = θ(t), ou seja, θ e´ uma func¸a˜o do tempo e L e´ constante (na˜o muda com o tempo), enta˜o L d2θ dt2 = −g sen θ d2θ dt2 = − g L sen θ (1.46) Do lado direito da equac¸a˜o acima aparece sen θ, portanto o movimento esperado na˜o e´ de um OHS - compare com a equac¸a˜o (1.6). No entanto, se θ e´ pequeno, sen θ ≈ θ (1.47) e enta˜o 17 18 1.6. Movimento circular uniforme e MHS d2θ dt2 = − g L θ , para θ pequeno (1.48) que e´ ana´logo a` equac¸a˜o (1.6) e, portanto, representa um movimento harmoˆnico simples (MHS). Assim, podemos escrever a soluc¸a˜o para θ como sendo θ = θmax cos(ωt+ φ) (1.49) sendo θmax o ma´ximo deslocamento angular (amplitude) e a velocidade angular dada por ω = √ g L (1.50) O per´ıodo do movimento sera´ T = 2pi ω = 2pi √ L g (1.51) mostrando-nos que, neste caso, o per´ıodo do movimento depende apenas do comprimento da corda e da acelerac¸a˜o da gravidade. Como na˜o depende da massa do prumo, conclu´ımos enta˜o que todos os peˆndulos simples que tem comprimentos iguais e esta˜o no mesmo local (com mesmo ~g) oscilam com o mesmo per´ıodo! Como aplicac¸a˜o, o peˆndulo pode ser usado como um relo´gio - e de fato e´ usado assim, nos relo´gios antigos. 1.6 Movimento circular uniforme e MHS Veja figura 1.12. A` medida que a placa roda com velocidade angular constante, a sombra da bola se move para frente e para tra´s em MHS. Vamos analisar em detalhes o que esta´ acontecendo. Na figura 1.13a, mostramos uma part´ıcula localizada no ponto P numa circunfereˆncia de raio A. Chamamos o c´ırculo de “c´ırculo de refereˆncia” para comparar o Movimento Circular Uniforme (MCU) e o MHS, 18 1.6. Movimento circular uniforme e MHS 19 Figura 1.12: Experimento para mostrar relac¸a˜o entre MHS e MCU. e a posic¸a˜o de P em t=0, quando o segmento OP faz um aˆngulo φ com o eixo x, e´ a “posic¸a˜o de refereˆncia”. Digamos que a part´ıcula se move ao longo do circulo com velocidade angular constante ω. Na figura 1.13b, para t > 0, a part´ıcula se moveu ao longo do circulo, e o segmento OP agora forma um aˆngulo θ com o eixo x. Do MCU, temos que θ = ωt+ φ (1.52) A` medida que a part´ıcula se move ao longo do circulo, o ponto P projeta uma sombra no eixo x, representada pelo ponto Q; ele se move para frente e para tra´s ao longo do eixo x, entre os limites x = ±A. Como P e Q teˆm a mesma coordenada x, temos que, pelo triaˆngulo OPQ da figura 1.13b, 19 20 1.6. Movimento circular uniforme e MHS Figura 1.13: C´ırculo de refereˆncia. cos θ = x A → x = A cos θ = A cos(ωt+ φ) (1.53) Ou seja, Q se move de acordo com um MHS ao longo do eixo x. Assim, MHS ao longo de uma linha reta pode ser representado pela projec¸a˜o do MCU ao longo do diaˆmetro de um circulo de refereˆncia. 20 1.6. Movimento circular uniforme e MHS 21 Note que tambe´m podemos fazer estas considerac¸o˜es para a projec¸a˜o de P ao longo do eixo y, e concluimos que tambe´m esta projec¸a˜o se movimenta de acordo com um MHS. Podemos concluir, enta˜o, que o MCU e´ uma combinac¸a˜o de dois MHS (um ao longo do eixo x e outro ao longo do eixo y), com os dois diferindo por uma fase de pi/2, ou seja, 90o. A velocidade angular ω de P e´ a frequeˆncia angular ω do MHS ao longo do eixo x, pois o tempo para uma revoluc¸a˜o completa de P no c´ırculo de refereˆncia e´ igual ao per´ıodo do movimento T para o MHS entre x = A e x =−A. O aˆngulo inicial φ corresponde a` fase constante do MHS e o raio A do MCU corresponde a` amplitude do MHS. Com relac¸a˜o a` velocidade, no MCU a relac¸a˜o da velocidade linear e da angular e´ v = rω (1.54) sendo r o raio do circulo do MCU. No nosso caso, v = Aω. Veja a figura 14c). Esta velocidade e´ tangente a` circunfereˆncia, como deveria ser. Sua componente em relac¸a˜o ao eixo x e´ vx = v cos(90 o − θ) = ωA[cos 90o cos θ + sen 90o sen θ] = ωA sen θ = ωA sen (ωt+ φ) (1.55) mas como a velocidade tem a direc¸a˜o contra´ria ao movimento, vx = −ωA sen (ωt+ φ) (1.56) Da mesma forma, pensando na posic¸a˜o de Q ao longo do eixo x: vx = dx dt = d(A cos θ) dt = d(A cos(ωt+ φ)) dt = −Aωsen (ωt+ φ) (1.57) 21 22 1.7. Oscilac¸o˜es amortecidas e chegamos a` mesma conclusa˜o. Pode-se fazer a mesma ana´lise para acelerac¸a˜o, olhando para a figura 14d). Fica como exerc´ıcio mostrar que a componente x da acelerac¸a˜o linear do MCU corresponde a` acelerac¸a˜o do MHS! 1.7 Oscilac¸o˜es amortecidas Observamos oscilac¸o˜es amortecidas na presenc¸a de uma forc¸a dissipativa (ou resistiva, como atrito e resisteˆncia do ar), que cessa o movimento em algum momento. A energia mecaˆnica do sistema diminui com o tempo e o movimento e´ chamado de amortecido. Se considerarmos que a forc¸a e´ proporcional a` velocidade do objeto que se move (este e´ um modelo poss´ıvel para forc¸a resistiva), ~R = −b~v (1.58) sendo b o coeficiente de amortecimento, e sabendo que a forc¸a restauradora e´ dada por ~F = −k~x, enta˜o ∑ Fx = −kx− bv = max −kx− bdx dt = m d2x dt2 (1.59) que e´ uma equac¸a˜o diferencial ordina´ria de segunda ordem, cuja soluc¸a˜o, para b pequeno (forc¸a resistiva menor que a forc¸a restauradora), e´ x = A exp ( − bt 2m ) cos(ωt+ φ) (1.60) sendo ω = √ k m − ( b 2m )2 (1.61) 22 1.7. Oscilac¸o˜es amortecidas 23 que e´ a frequeˆncia angular de oscilac¸a˜o. Agora a amplitude de oscilac¸a˜o e´ dada por A exp (− bt 2m ) , ou seja, ela na˜o e´ constante no tempo, mas diminui exponencialmente a` medida que o tempo passa, como pode ser visto pelo gra´fico da figura 1.14. Portanto, quando a forc¸a resistiva e´ menor que a forc¸a restauradora, o cara´ter oscilato´rio do movi- mento e´ preservado, mas a amplitude diminui com o tempo, ate´ que o movimento cesse finalmente. Um sistema que se comporta desta forma e´ chamado de oscilador amortecido. Figura 1.14: Oscilac¸a˜o amortecida. Chamando de frequeˆncia natural do sistema a quantidade ωo = √ k m (1.62) podemos reescrever a equac¸a˜o (1.61) como ω = √ ω2o − ( b 2m )2 (1.63) E´ importante destacar que a frequeˆncia natural do sistema e´ a frequeˆncia do MHS na auseˆncia de forc¸as resistivas atuando no sistema. Vamos analisar treˆs casos do movimento amortecido: • 1) Sub-amortecido: o maior valor da magnitude da forc¸a resistiva Rmax e´ menor que o maior valor da forc¸a restauradora, ou seja 23 24 1.7. Oscilac¸o˜es amortecidas Rmax = bvmax < kA (1.64) A` medida que o valor de R se aproxima de kA, as amplitudes de oscilac¸a˜o decrescem mais e mais rapidamente. • 2) Amortecido cr´ıtico: quando ω = 0, ou seja, bc 2m = ω0 (1.65) O sistema na˜o oscila: quando o sistema e´ solto de alguma posic¸a˜o de na˜o equil´ıbrio, ele retorno ao equil´ıbrio e permanece la´. • 3) Super amortecido: o maior valor da magnitude da forc¸a resistiva Rmax e´ maior que o maior valor da forc¸a restauradora, ou seja Rmax = bvmax > kA (1.66) Aqui tambe´m temos que b/2m > ω0. Neste caso, o sistema tambe´m na˜o oscila: quando liberado de uma posic¸a˜o de na˜o equil´ıbrio, ele retorna a` posic¸a˜o de equil´ıbrio. No entanto, a` medida que o amortecimento aumenta, o tempo que o sistema leva para chegar ao equil´ıbrio tambe´m aumenta. Vejam na figura 1.15 o gra´fico de x× t, que mostra o comportamento do sistema nos 3 casos acima: a - sub-amortecido, b - amortecido cr´ıtico, c - super amortecido. Nos treˆs casos, a energia mecaˆnica e´ dissipada, ou seja, na˜o e´ conservada. Aplicac¸a˜o: amortecedores. 24 1.8. Oscilac¸o˜es forc¸adas 25 Figura 1.15: Oscilac¸a˜o amortecida. 1.8 Oscilac¸o˜es forc¸adas Resultante da aplicac¸a˜o de uma forc¸a externa no sistema, que faz trabalho positivo, compensando a perda de energia devido ao movimento amortecido. Exemplo: crianc¸a no balana˜o do parque. A amplitude do movimento se mante´m constante se a energia aplicada por ciclo se iguala a` energia perdida pelo amortecimento. O movimento e´ chamado de oscilac¸a˜o forc¸ada. Vamos pensar num oscilador amortecido impulsionado por uma forc¸a externa que varia periodicamente: F = Fext cos(ωt) (1.67) sendo ω a frequeˆncia angular da forc¸a perio´dica e Fext e´ constante. enta˜o, da Segunda Lei de Newton, ∑ F = ma Fext cos(ωt)− kx− bdx dt = m d2x dt2 (1.68) Apo´s um per´ıodo de tempo suficientemente longo, quando a energia fornecida por ciclo 25 26 1.9. Exerc´Icios se iguala a` energia perdida por ciclo, o sistema atinge a condic¸a˜o de estado estaciona´rio, onde as oscilac¸o˜es seguem com amplitude constante. Neste esta´gio, a soluc¸a˜o de (1.68) e´ x = A cos(ωt+ φ) (1.69) sendo A = Fext/m√ (ω2 − ω20)2 + ( bω m )2 (1.70) e ω0 dada pela equac¸a˜o (1.62). O movimento do oscilador forc¸ado na˜o e´ amortecido neste caso, pois o agente externo contribui com a energia necessa´ria para compensar a energia perdida devido a` forc¸a resistiva. O sistema oscila com frequeˆncia angular ω, ou seja, a frequeˆncia angular da forc¸a externa. No caso de amortecimento pequeno, a amplitude se torna muito grande quando ω esta´ perto da frequeˆncia natural ω0. Podemos ver isto olhando para a equac¸a˜o (1.70): o termo ( bω m )2 pode ser desprezado no denominador por ser pequeno em relac¸a˜o ao termo (ω2 − ω20)2, e como ω → ω0, enta˜o ω2 − ω20 → 0, e assim A→∞. O aumento dra´stico da amplitude quando ω → ω0 e´ chamado de ressonaˆncia, e por esta raza˜o ω0 e´ tambe´m chamada de frequeˆncia de ressonaˆncia do sistema. Ou seja, podemos relacionar ressonaˆncia → oscilac¸o˜es de amplitudes muito grandes. Veja a figura 1.16, que e´ o gra´fico da amplitude A em func¸a˜o da frequeˆncia ω. A curva em preto e´ para amortecimento grande (b grande), a curva em azul para amortecimento pequeno (b pequeno) e a curva em laranja para amortecimento nulo (b = 0). 1.9 Exerc´ıcios 1.9.1 Nı´vel “coloque na fo´rmula” 1. Para o MHS descrito pela equac¸a˜o x = (2, 0) cos(4pit+pi), sendo x em metros e t em segundos, encontre: a) amplitude; b) frequeˆncia angular; c) frequeˆncia; d) per´ıodo; 26 1.9. Exerc´Icios 27 Figura 1.16: Oscilac¸a˜o forc¸ada. e) fase constante. 2. Para o mesmo MHS do exerc´ıcio anterior, calcule: a) velocidade em qualquer ins- tante de tempo; b) acelerac¸a˜o em qualquer instante de tempo; c) velocidade ma´xima; d) acelerac¸a˜o ma´xima; e) velocidade em t = 0; f) posic¸a˜o em t = 0. 3. Ainda no mesmo MHS, calcule: a) energia cine´tica em t = 0; b) energia potencial em t = 0; c) energia mecaˆnica em t = 0. Assuma que na˜o ha´ forc¸as dissipativas atuando no sistema. 4. Para um peˆndulo que tem comprimento de 1,0 m, encontre a) seu per´ıodo e b) sua frequeˆncia de oscilac¸a˜o. 1.9.2 Nı´vel “pense, enta˜o coloque na fo´rmula” 1. Um objeto que executa um movimento harmoˆnico simples leva 0,25 s para se deslocar de um ponto de velocidade nula para o ponto seguinte do mesmo tipo. A distaˆncia entre esses pontos e´ 36 cm. Calcule a) o per´ıodo, b) a frequeˆncia e c) a amplitude do movimento. 27 28 1.9. Exerc´Icios 2. Quando o deslocamento em um MHS e´ metade da amplitude A, que frac¸a˜o da energia total e´ a) energia cine´ticae b) energia potencial? c) Para que deslocamento, como frac¸a˜o da amplitude, a energia do sistema e´ metade energia cine´tica e metade energia potencial? 3. O fato de g variar com o local sobre a superf´ıcie da Terra despertou a atenc¸a˜o quando, em 1672, Jean Richer levou um relo´gio de peˆndulo de Paris para Caiena, na Guiana Francesa, e constatou um atraso de 2,5 min/dia. Se g = 9, 81 m/s2 em Paris, calcule seu valor em Caiena. 1.9.3 Elaboradas 1. O gra´fico da figura 1.17 mostra a acelerac¸a˜o a(t) de uma part´ıcula que executa um MHS. a) Qual dos pontos indicados corresponde a` part´ıcula na posic¸a˜o −A? b) No ponto 4, a velocidade da part´ıcula e´ positiva, negativa ou nula? c) No ponto 5, a part´ıcula esta´ em −A, em +A, em zero, entre −A e zero ou entre zero e +A? IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 1.17: Exerc´ıcio 1. 2. Na figura 1.18, um sistema massa-mola e´ colocado em MHS em dois experimentos. No primeiro, o bloco e´ puxado ate´ sofrer um deslocamento d1 em relac¸a˜o a` posic¸a˜o de equil´ıbrio e depois liberado. No segundo, e´ puxado ate´ sofrer um deslocamento maior d2 e depois liberado. a) A amplitude, b) o per´ıodo, c) a frequeˆncia, d) a energia cine´tica ma´xima e e) a energia potencial ma´xima do movimento no segundo experimento e´ maior, menor ou igual a` do primeiro experimento? 28 1.9. Exerc´Icios 29 IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 1.18: Exerc´ıcio 2. 3. Um oscilador e´ formado por um bloco preso a uma mola (k = 400 N/m). Em um certo instante t, a posic¸a˜o (medida a partir da posic¸a˜o de equil´ıbrio do sistema), a velocidade e a acelerac¸a˜o do bloco sa˜o x = 0, 100 m, v = −13, 6 m/s e a = −123 m/s2. Calcule a) a frequeˆncia de oscilac¸a˜o, b) a massa do bloco e c) a amplitude do movimento. 29 Cap´ıtulo 2 Ondas: parte 1 2.1 Introduc¸a˜o Num sentido amplo, uma onda e´ qualquer sinal que se transmite de um ponto a outro de um meio com velocidade definida. Em geral, fala-se de uma onda quando a transmissa˜o do sinal entre dois pontos distantes ocorre sem que haja transporte direto de mate´ria de um desses pontos ao outro. Figura 2.1: Ondas na superf´ıcie da a´gua. Exemplo: onda na superf´ıcie da a´gua; veja figura 2.1. O sinal pode ser associado com uma crista, onde a elevac¸a˜o da a´gua e´ ma´xima. A onda transporta energia e momento, 30 2.1. Introduc¸a˜o 31 pois uma onda provocada por uma lancha deslocando-se sobre a superf´ıcie tranquila de um lago sacode um barco distante ao atingi-lo. No entanto, na˜o ha´ transporte direto de uma dada massa de a´gua da lancha ate´ o barco. Um pequeno objeto flutuante mostra como se move a superf´ıcie da a´gua na passagem da onda: para cima e para baixo, para frente e para tra´s, mas permanecendo, em me´dia, na mesma posic¸a˜o. E´ a forma da onda (no caso, a crista) que se propaga de ponto a outro sobre a superf´ıcie. Ate´ o momento, trabalhamos nas disciplinas ba´sicas de F´ısica com part´ıculas, e e´ u´til neste momento mostrar as diferenc¸as entre ondas e part´ıculas na F´ısica Cla´ssica: • part´ıculas sa˜o localizadas no espac¸o, ou seja, teˆm posic¸a˜o definida. Ja´ ondas na˜o esta˜o localizadas numa posic¸a˜o definida do espac¸o, mas “espalhadas” no espac¸o. • duas part´ıculas na˜o podem ocupar o mesmo lugar no espac¸o, ja´ duas ondas podem coexistir na mesma localizac¸a˜o. • ha´ fenoˆmenos que sa˜o tipicamente ondulato´rios, ou melhor, que caracterizam o com- portamento de ondas: interfereˆncia e difrac¸a˜o. Part´ıculas na˜o sofrem interfereˆncia nem difrac¸a˜o. No entanto, a` luz do que chamamos Mecaˆnica Quaˆntica, estas diferenc¸as na˜o fazem sentido microscopicamente (ou seja, na escala atoˆmica), pois os objetos quaˆnticos (luz e ele´trons, por exemplo) apresentam comportamentos de part´ıcula ou de onda dependendo do experimento. 2.1.1 Tipos de ondas Podemos classificar as ondas de va´rias maneiras, dependendo da caracter´ıstica que se quer evidenciar para distingui-las. 1. Meio em que se propagam: de acordo com este crite´rio temos 31 32 2.1. Introduc¸a˜o (a) ondas mecaˆnicas: precisam de um meio para se propagar. Sa˜o as ondas que veremos neste curso. Exemplos: ondas sonoras, ondas na a´gua. (b) ondas eletromagne´ticas: na˜o precisam de um meio para se propagar, ou seja, se propagam no va´cuo tambe´m. Todas as ondas eletromagne´ticas se propagam no va´cuo com a mesma velocidade, ou seja, c = 299.792.458 m/s. Sera˜o tratadas na disciplina de F´ısica 3. Exemplos: luz vis´ıvel, ondas de ra´dio, sinais de TV, raio X. 2. Direc¸a˜o de movimento das part´ıculas do meio: de acordo com este crite´rio temos (a) ondas longitudinais: veja figura 2.2, que mostra a propagac¸a˜o de regio˜es de compressa˜o ao longo de uma mola. Note que a onda se propaga no sentido horizontal, e as espiras da mola sa˜o comprimidas e estendidas tambe´m nesta direc¸a˜o. Uma onda propagante que faz as part´ıculas do meio de propagac¸a˜o moverem-se paralelamente ao movimento da onda e´ chamada de onda longi- tudinal. Exemplo: ondas sonoras. Figura 2.2: Ondas longitudinais. (b) ondas transversais: Veja a figura 2.3. A onda se propaga pela corda no sentido horizontal, mas as part´ıculas da corda sa˜o perturbadas na direc¸a˜o perpendicu- lar ao de propagac¸a˜o da onda. Uma onda propagante que faz as part´ıculas do meio de propagac¸a˜o moverem-se perpendicularmente ao movimento da onda e´ 32 2.1. Introduc¸a˜o 33 chamada de onda transversal. Exemplos: ondas numa corda, ondas eletro- magne´ticas. Figura 2.3: Ondas transversais. Ha´ ondas que exibem uma combinac¸a˜o de deslocamentos transversos e longitudinais. Exemplo: ondas na a´gua (figura 2.4), ondas s´ısmicas. 3. Nu´mero de dimenso˜es: de acordo com este crite´rio, temos (a) ondas unidimensionais: se propagam em uma dimensa˜o, como as ondas na mola da figura 2.2 ou na corda da figura 2.3. (b) ondas bidimensionais: se propagam em duas dimenso˜es, como as ondas na superf´ıcie da a´gua da figura 2.1. 33 34 2.1. Introduc¸a˜o Figura 2.4: Ondas na a´gua: o movimento na˜o e´ somente transversal ou longitudinal. (c) ondas tridimensionais: se propagam em treˆs dimenso˜es, como a luz (onda eler- tromagne´tica) e o som (onda sonora). 4. Periodicidade: este crite´rio esta´ relacionado com a forma com a qual as part´ıculas do meio se movem com o tempo. Na figura 2.3, a corda foi balanc¸ada para cima e para baixo apenas uma vez, enviando assim apenas um pulso de onda. Se conti- nuarmos a balanc¸a´-la para cima e para baixo periodicamente, como na figura 2.5, produziremos um trem de ondas perio´dico. IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 2.5: Trem de ondas numa corda. 5. Perfil da frente de onda: vamos analisar a situac¸a˜o da figura 2.6, que novamente mostra a formac¸a˜o de ondas na superf´ıcie da a´gua. Percebemos que, de um ponto espec´ıfico (em geral, onde caiu uma pedra ou um graveto, iniciando enta˜o a per- turbac¸a˜o na a´gua), partem ondas circulares. Todos os pontos de uma mesma onda teˆm o mesmo estado de movimento, e definem uma superf´ıcie chamada de frente de onda. As frentes de onda podem ser de diferentes perfis ou formas. Por exemplo,34 2.1. Introduc¸a˜o 35 a frente de onda relacionada a` figura 2.6 tem a forma circular; ja´ a frente de onda de uma onda plana (figura 2.7), tem a forma de um plano. IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 2.6: Frentes de onda circulares na superf´ıcie da a´gua. IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 2.7: Uma onda plana: as frentes de onda sa˜o na forma de planos. 2.1.2 Caracter´ısticas Tomando como base a figura 2.8 e pensando no exemplo das ondas na a´gua, temos as seguintes definic¸o˜es: • Crista - e´ o ponto no qual o deslocamento de a´gua a partir do seu n´ıvel normal e´ maior. • Vale - e´ o ponto no qual o deslocamento de a´gua a partir do seu n´ıvel normal e´ menor. 35 36 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o Figura 2.8: Caracter´ısticas gerais de uma onda. • Comprimento de onda (λ) - e´ a distaˆncia de uma crista a` pro´xima crista, ou de um vale ao pro´ximo vale. Em geral, e´ a distaˆncia mı´nima entre quaisquer dois pontos ideˆnticos (como as cristas e os vales) de ondas adjacentes. • Per´ıodo (T) - e´ a contagem do nu´mero de segundos entre as chegadas de duas ondas adjacentes. Em geral, o per´ıodo e´ o tempo necessa´rio para dois pontos ideˆnticos (como as cristas e os vales) de ondas adjacentes passarem por um ponto. • Frequeˆncia (f) - e´ o inverso do per´ıodo. Em geral, a frequeˆncia de uma onda perio´dica e´ o nu´mero de cristas (ou vales, ou qualquer outro ponto na onda) que passam por um dado ponto num intervalo de tempo unita´rio. • Amplitude (A) - e´ o deslocamento ma´ximo de uma part´ıcula do meio por onde a onda se propaga. 2.2 Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o Uma onda progressiva e´ um pulso de onda com velocidade definida. Veja a figura 2.9, que mostra va´rias “fotografias instantaˆneas” de uma onda progressiva numa corda (meio de propagac¸a˜o). Note que a forma do pulso permanece praticamente inalterada a` medida 36 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o 37 Figura 2.9: Onda progressiva. que a onda se propaga pela corda. Para a descric¸a˜o da onda na figura 2.9, precisamos de uma func¸a˜o que fornec¸a a forma da onda; e´ o que veremos a seguir. 2.2.1 Func¸a˜o de onda Vamos analisar o movimento de uma onda progressiva em uma corda. Para isto, vejamos as figuras 2.10. O pulso de onda se move ao longo do eixo x, e o deslocamento das part´ıculas da corda (deslocamento vertical) e´ medido ao longo do eixo y. As figuras 2.10 retratam dois instantes diferentes de propagac¸a˜o da onda. Na figura 2.10a), temos a forma do pulso em t = 0; na figura 2.10b), a forma do pulso no instante t. Concentrando-se primeiramente na figura 2.10a), temos que, em t = 0, a forma do 37 38 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o Figura 2.10: Onda progressiva numa corda. Em a), temos a fotografia instantaˆnea do pulso em t = 0; em b), num instante posterior t. pulso, seja la´ qual for, e´ dada pela func¸a˜o y = f(x), ou seja, y (a posic¸a˜o vertical de qualquer ponto da corda) e´ alguma func¸a˜o definida de x. O deslocamento y, chamado de func¸a˜o de onda, e´ uma func¸a˜o de x e de t, ou seja, y = f(x, t). Considere agora o ponto P assinalado nas figuras 2.10a) e 2.10b). Na figura 2.10a), vemos que a coordenada y deste ponto e´ zero, pois o pulso de onda na˜o chegou ate´ o ponto P . A` medida que o pulso de onda se propaga, passando pelo ponto P (como na figura 2.10b)), a coordenada y deste ponto aumenta, alcanc¸a seu valor ma´ximo e enta˜o diminui, voltando a ser zero. Portanto, a func¸a˜o de onda y representa a coordenada y de qualquer part´ıcula (ou ponto) do meio de propagac¸a˜o em qualquer instante de tempo t. Da figura 2.10, temos que a onda tem velocidade de propagac¸a˜o v, e esta´ se propagando para a direita. Passados t segundos, a onda se propagou para a direita uma distaˆncia x = vt. Se a forma do pulso na˜o muda com o tempo, podemos representar a func¸a˜o de onda y para todos os instantes de tempo apo´s t = 0. Medido a partir de um referencial estaciona´rio com origem em O, a func¸a˜o de onda e´ dada por 38 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o 39 y = f(x− vt) (2.1) Se o pulso de onda esta´ se propagando para a esquerda, enta˜o a func¸a˜o de onda sera´ y = f(x+ vt) (2.2) Para qualquer t, a func¸a˜o de onda y como func¸a˜o de x define uma curva representando a forma do pulso neste instante de tempo. Esta curva e´ equivalente a uma fotografia instantaˆnea da onda neste instante de tempo. Para um pulso que se move sem mudar a forma, a velocidade do pulso e´ a mesma para qualquer caracter´ıstica da onda; por exemplo, para a crista ou para o vale. Podemos, enta˜o, calcular a velocidade da onda acompanhando o movimento de uma crista da onda num intervalo de tempo curto, medindo o quanto ela se moveu na direc¸a˜o x e dividindo, enta˜o, pelo intervalo de tempo. Encontraremos que a velocidade da crista e´ dada por v = dx dt (2.3) que representa, portanto, a velocidade da pro´pria onda. Ondas propagam-se com velocidade espec´ıfica, e esta velocidade depende das proprie- dades do meio sendo perturbado (constataremos este fato nas sec¸o˜es seguintes). Exemplo: no ar a velocidade das ondas sonoras e´ de 343 m/s; na maioria dos so´lidos, a velocidade de propagac¸a˜o do som e´ maior que 343 m/s. 2.2.2 Trem de onda Vamos considerar agora as ondas produzidas numa corda estendida que e´ sacudida conti- nuamente para cima e para baixo por uma fonte que se move verticalmente em Movimento Harmoˆnico Simples - MHS (veja figura 2.11). Do que vimos no cap´ıtulo sobre MHS, a posic¸a˜o vertical y da extremidade da corda conectada a` fonte e´ dada por 39 40 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o Figura 2.11: Produc¸a˜o de um trem de ondas numa corda. y = A cos(ωt) = A cos(2pift) (2.4) sendo que f e´ o nu´mero de vezes por segundo que o oscilador repete seu ciclo de oscilac¸a˜o, ou seja, a frequeˆncia. A posic¸a˜o y = 0 corresponde a` posic¸a˜o de equil´ıbrio do MHS, e A corresponde ao ma´ximo deslocamento do oscilador a partir da posic¸a˜o y = 0, ou seja, a amplitude. Escolhemos o momento t = 0 para ser aquele em que y = A (portanto, φ = 0). Como a corda esticada se comporta ao ser sacudida pela fonte? Cada sacudida na corda produz um pulso de onda, e como a fonte esta´ continuamente sacudindo a corda, ora para cima, ora para baixo, ha´ uma produc¸a˜o de pulsos de onda, cada pulso seguindo imediatamente o outro. Esta se´rie de pulsos de onda produzidos e que se propagam pela corda e´ chamada de trem de ondas. As figuras 2.11a), b), c) e d) mostram fotografias instantaˆneas da corda, cada uma em um instante de tempo particular. Percebemos na figura 2.11b) que a distaˆncia entre duas cristas da corda e´ chamada de λ, que e´ o que 40 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o 41 chamamos de comprimento de onda; esta e´ a distaˆncia entre dois pontos de mesma coordenada y 6= 0 da corda, ou seja, de mesma localizac¸a˜o correspondente no trem de ondas. IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 2.12: Movimento de um ponto de coordenada x da corda ao longodo tempo. E se observa´ssemos um ponto espec´ıfico da corda, com uma dada coordenada x ao longo de um per´ıodo de tempo? O que ver´ıamos? Veja a figura 2.12. Agora, estamos analisando o movimento de apenas um ponto da corda a` medida que o tempo passa. O gra´fico y × t da figura 2.12 e´ muito parecido com os gra´ficos y × x da figura 2.11, com a diferenc¸a que agora a distaˆncia entre duas cristas e´ uma medida de tempo, ou seja, e´ chamada de per´ıodo (T ), que e´ o per´ıodo de oscilac¸a˜o da part´ıcula - o tempo que ela leva para realizar um ciclo completo de deslocamentos y. E´ importante notar que as figuras 2.11 sa˜o gra´ficos de y × x com tempo fixo (um “instantaˆneo” do movimento do trem de ondas) e o gra´fico da figura 2.12 e´ y × t com o deslocamento horizontal fixo (x fixo - acompanhamento do movimento de um dos pontos da corda). O movimento da onda, portanto, varia tanto no tempo como no espac¸o - x e t sa˜o varia´veis. Portanto, a func¸a˜o de onda e´ uma func¸a˜o de duas varia´veis, x e t. Neste curso, trabalharemos com as ondas senoidais, que sa˜o as ondas cuja func¸a˜o de onda e´ dada por uma func¸a˜o seno ou cosseno (a forma da onda parece o gra´fico do seno ou do cosseno, ou de forma mais geral, de uma seno´ide). A func¸a˜o de onda de um trem de ondas senoidais e´ dada por 41 42 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o y(x, t) = A cos ( 2pix λ ∓ ωt+ φ1 ) (2.5) ou y(x, t) = A sen ( 2pix λ ∓ ωt+ φ2 ) (2.6) sendo φ1 e φ2 aˆngulos de fase, que dependem do valor de y e x quando comec¸amos a observar o movimento em t = 0. O sinal de menos e´ usado para ondas que se propagam no sentido positivo do eixo x, e o sinal de mais para ondas que se propagam no sentido negativo do eixo x. Definindo a quantidade k = 2pi λ (2.7) que e´ chamada de nu´mero de onda, podemos reescrever (2.5) e (2.6) como y(x, t) = A cos(kx∓ ωt+ φ1) (2.8) e y(x, t) = A sen(kx∓ ωt+ φ2) (2.9) No texto, ora usaremos a forma com o cosseno, ora a forma com o seno, de acordo com a necessidade. A velocidade da onda e´ dada por v = λf (2.10) 42 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o 43 Figura 2.13: Segmento de arco formado pelo pulso que se propaga na corda esticada. 2.2.3 Velocidade de ondas em cordas Vamos analisar o movimento de um pequeno segmento da corda a` medida que a onda esta´ passando por ela. Na figura 2.13, o segmento tem comprimento ∆s, e estamos considerando o referencial que esta´ junto com a onda. Veja que o pequeno segmento forma, aproximadamente, um arco de c´ırculo de raio R, e que ele esta´ se movendo para a esquerda com velocidade v e acelerac¸a˜o centr´ıpeta dada por v2/R. Esta acelerac¸a˜o e´ causada pelas componentes verticais da tensa˜o na corda (~T ), que sa˜o tangentes ao arco; as componentes horizontais se cancelam. Cada componente vertical e´ dada por Ty = T sen θ (2.11) e a somato´ria das forc¸as resultantes na direc¸a˜o vertical e´ ∑ Fr = 2T sen θ (2.12) 43 44 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o Considerando que o segmento de arco e´ pequeno e, portanto, o aˆngulo θ e´ pequeno, podemos fazer a seguinte aproximac¸a˜o: sen θ ≈ θ (2.13) e reescrevemos (2.12) como ∑ Fr = 2T sen θ ≈ 2Tθ (2.14) Por outro lado, aplicando a segunda lei de Newton, temos ∑ Fr = ma = m v2 R (2.15) Sendo µ a massa da corda por unidade de comprimento, enta˜o a massa do segmento de arco e´ m = µ∆s (2.16) O comprimento do arco e´ dado por ∆s = R(2θ) (2.17) e, portanto, m = µR(2θ) (2.18) Substituindo (2.18) em (2.15), temos ∑ Fr = µR(2θ) v2 R (2.19) Finalmente, comparando (2.14) e (2.19), temos 44 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o 45 2Tθ = µR(2θ) v2 R → v = √ T µ (2.20) ou seja, a velocidade da onda depende de uma propriedade “ela´stica” do meio e de uma propriedade de ine´rcia do meio. Essa forma v = √ propriedade ela´stica propriedade de ine´rcia (2.21) se aplica para qualquer onda mecaˆnica. 2.2.4 Reflexa˜o e transmissa˜o Vamos examinar situac¸o˜es em que um pulso de onda encontra uma “barreira” ou “fron- teira”, que pode ser representada pela mudanc¸a de meio. Primeiro, para descrever a situac¸a˜o em que ocorre reflexa˜o de uma onda, vamos considerar dois casos: • 1) Uma corda com uma das extremidades fixas na parede, como na figura 2.14. Neste caso, o pulso de onda, ao ser refletido pela parede, volta “invertido”. Isso ocorre pelo seguinte motivo: quando o pulso alcanc¸a a extremidade fixa, a corda exerce uma forc¸a na parede no sentido para cima. Pela terceira lei de Newton, a parede enta˜o “reage” a esta forc¸a, com igual magnitude mas sentido contra´rio, produzindo um pulso no sentido contra´rio ao pulso incidente e para baixo. • 2) Uma corda com uma extremidade presa a um anel na parede, que pode se mover no sentido vertical, como na figura 2.15. Neste caso o pulso, ao ser refletido, volta sem ser invertido. Isto ocorre porque o anel esta´ livre para se mover verticalmente, enta˜o na˜o havera´ forc¸a de reac¸a˜o da parede. A tensa˜o da corda se encarrega de puxar o anel para baixo e transmitir o pulso sem inverteˆ-lo. 45 46 2.2. Ondas progressivas em uma dimensa˜o: propagac¸a˜o Figura 2.14: Reflexa˜o de um pulso de onda ao chegar a` extremidade fixa da corda. No caso de transmissa˜o, vamos analisar duas situac¸o˜es: • Duas cordas grudadas, com massas diferentes, e o pulso incidente se propaga da corda mais leve para a corda mais pesada. Veja a figura 2.16. Parte do pulso e´ transmitido, ou seja, ultrapassa a fronteira entre as duas cordas, e parte e´ refletido como na figura 2.14, pois a corda de massa maior age como a extremidade fixa na parede. • Duas cordas grudadas, de massas diferentes, e o pulso incidente se propaga da corda mais pesada para a corda mais leve. Veja a figura 2.17. Novamente ha´ transmissa˜o de parte da onda e reflexa˜o ocorrendo nos moldes da 46 2.3. Energia e poteˆncia de uma onda progressiva numa corda 47 Figura 2.15: Reflexa˜o de um pulso de onda ao chegar a` extremidade da corda com o anel mo´vel. figura 2.15, pois a corda mais leve age como a extremidade mo´vel da corda na parede. Note que, nas situac¸o˜es em que ha´ transmissa˜o, a velocidade da onda e´ diferente em cada corda, pois as cordas leve e pesada de mesmo comprimento teˆm µ diferente (veja a expressa˜o para a velocidade da onda numa corda, equac¸a˜o (2.20)). 2.3 Energia e poteˆncia de uma onda progressiva numa corda Uma propriedade fundamental das ondas e´ que elas transportam energia. Isso pode ser visto na seguinte situac¸a˜o: quando se deixa cair uma pedra num lago, formam-se ondas 47 48 2.3. Energia e poteˆncia de uma onda progressiva numa corda Figura 2.16: Transmissa˜o de um pulso de onda de uma corda com menor massa para uma corda com maior massa. Figura 2.17: Transmissa˜o de um pulso de onda de uma corda com maior massa para uma corda com menor massa. nesse lago que, ao atingir, por exemplo, uma bo´ia que esteja flutuante sobre o lago, faz com que a bo´ia se movimente - a energia da pedra que caiu no lago foi transportada pela onda ate´ a bo´ia. Outros exemplos: ondas s´ısmicas, transporte de energia do Sol ate´ a Terra atrave´s da luz. Na figura 2.18, energia e´ transportada pela onda para o objeto de massa m pois, para se mover para cima, e´ necessa´rio que ele receba energia (trabalho e´ feito sobre o objeto). 48 2.3. Energia e poteˆncia de uma onda progressiva numa corda 49 Figura 2.18: O objeto de massa m recebe trabalho para se movimentar para cima. Nosso objetivo sera´ calcular qual a taxa de transfereˆncia de energia devido a` propagac¸a˜o de uma onda numacorda. Figura 2.19: Uma onda se propagando numa corda devido a` oscilac¸a˜o da extremidade em MHS. Considere a figura 2.19: temos uma corda pela qual um trem de ondas esta´ sendo propagado devido a` oscilac¸a˜o da fonte externa numa das extremidades. Portanto, a fonte externa faz trabalho na corda para produzir o trem de ondas - ha´ uma transfereˆncia de energia da fonte externa para a corda, que e´ transferida ao longo da corda pela propagac¸a˜o da onda. A onda transporta energia. Para deduzir a expressa˜o da taxa de transfereˆncia de energia para a corda devido a` 49 50 2.3. Energia e poteˆncia de uma onda progressiva numa corda propagac¸a˜o da onda, vamos analisar um segmento da corda de comprimento ∆x e massa ∆m. Cada segmento da corda se move em movimento harmoˆnico simples (MHS) no sentido vertical; portanto, cada segmento oscilara´ a` mesma frequeˆncia angular ω e tera´ o mesmo deslocamento ma´ximo (ou amplitude) A. Do cap´ıtulo de MHS, temos que a energia potencial associada a uma part´ıcula oscilando em MHS e´ U = ky2 2 (2.22) onde y e´ a direc¸a˜o do movimento, ao redor da posic¸a˜o de equil´ıbrio y = 0, no caso que estamos analisando. Usando que ω2 = k m (2.23) escrevemos U enta˜o como U = mω2y2 2 (2.24) Usando a equac¸a˜o acima apenas para o segmento de massa ∆m, temos ∆U = (∆m)ω2y2 2 (2.25) Como µ e´ massa por unidade de comprimento µ = ∆m ∆x (2.26) enta˜o ∆m = µ∆x (2.27) Substituindo (2.27) em (2.25), temos ∆U = (µ∆x)ω2y2 2 (2.28) 50 2.3. Energia e poteˆncia de uma onda progressiva numa corda 51 e esta e´ a energia potencial de um segmento da corda devido a` propagac¸a˜o da onda por ela. Agora, se fizermos este segmento da corda ta˜o pequeno quanto se queira, ou seja, ∆x→ 0, a expressa˜o (2.28) acaba sendo uma relac¸a˜o de diferenciais, dU = (µdx)ω2y2 2 (2.29) e ao substituir a func¸a˜o de onda y para uma onda progressiva (y = A cos(kx−ωt)), temos a expressa˜o dU = µω2A2 cos2(kx− ωt)dx 2 (2.30) Considerando o movimento da onda pela corda no instante t = 0, temos que a energia potencial num segmento de tamanho dx e´ dU = µω2A2 cos2(kx)dx 2 (2.31) Agora queremos calcular a energia potencial devido a` propagac¸a˜o da onda num segmento do tamanho de um comprimento de onda (λ) no instante t = 0. Para isso, basta que integremos a expressa˜o (2.31) de 0 a λ, para levarmos em conta toda a extensa˜o do segmento: Uλ = ∫ U = λ∫ 0 µω2A2 cos2(kx)dx 2 = µω2A2 2 λ∫ 0 cos2(kx)dx = µω2A2 2 [ x 2 + 1 4k sen (2kx) ]λ 0 = µω2A2 2 [ λ 2 + 1 4k sen (2kλ)− 0 2 − 1 4k sen (2k0) ] Uλ = µω2A2 2 λ 2 = µω2A2λ 4 (2.32) Ale´m de energia potencial, cada segmento da corda tambe´m tem energia cine´tica, visto que os segmentos da corda esta˜o se movendo para cima e para baixo em MHS a` 51 52 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas medida que a onda se propaga por ela. Usando um procedimento ana´logo ao usado aqui para deduzir a expressa˜o da energia potencial, encontramos que a energia cine´tica de um segmento da corda de tamanho λ no instante t = 0 e´ igual a` energia potencial do segmento de mesmo tamanho, ou seja, Kλ = µω2A2λ 4 (2.33) e, portanto, a energia mecaˆnica para o segmento da corda de tamanho λ e no instante de tempo t = 0 e´ Eλ = µω2A2λ 2 (2.34) Esta tambe´m e´ a quantidade de energia que passa por um dado ponto da corda durante o tempo de uma oscilac¸a˜o (ou seja, um per´ıodo T) a` medida que a onda se propaga pela corda. Assim, a poteˆncia, que e´ a taxa de transfereˆncia de energia por tempo, e´ dada por P = Eλ ∆t = µω2A2λ 2 T = µω2A2 2 ( λ T ) P = µω 2A2v 2 (2.35) Note que a taxa de transfereˆncia de energia (poteˆncia) e´ proporcional ao quadrado da frequeˆncia angular ω e ao quadrado da amplitude A: esta e´ uma caracter´ıstica de qualquer onda senoidal. 2.4 Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas Duas ou mais ondas podem estar na mesma regia˜o do espac¸o ao mesmo tempo. Este fato e´ o oposto do que acontece com dois corpos r´ıgidos, por exemplo, que na˜o podem estar na mesma posic¸a˜o ao mesmo tempo. Vamos estudar que tipos de fenoˆmenos ocorrem quando duas ou mais ondas esta˜o na mesma regia˜o do espac¸o no mesmo instante de tempo. 52 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas 53 Figura 2.20: Superposic¸a˜o de ondas na superf´ıcie da a´gua. Podemos pensar neste problema colocando a seguinte situac¸a˜o: seja um lago que conte´m uma bo´ia flutuando sobre ele. Jogamos uma pedra neste lago, que resulta na formac¸a˜o de frentes de onda circulares, centradas no ponto onde foi jogada a pedra. Em seguida jogamos uma segunda pedra no lago, em outro ponto, o que resulta na formac¸a˜o de frentes de onda centradas naquele ponto. O que acontecera´ com a bo´ia que esta´ flutuando neste lago mediante a influeˆncia combinada dos dois conjuntos de frentes de onda circulares? Ou, de forma mais geral, o que acontecera´ com qualquer bo´ia localizada em qualquer lugar do lago quando um nu´mero qualquer de pedras for jogado no mesmo em instantes arbitra´rios? (veja a figura 2.20) Em termos matema´ticos, esta pergunta seria a seguinte: qual a forma da func¸a˜o de onda resultante da superposic¸a˜o de duas ou mais func¸o˜es de onda? A resposta e´ o que chamamos de princ´ıpio da superposic¸a˜o: a func¸a˜o de onda resultante sera´ a soma alge´brica das func¸o˜es de onda individuais. Exemplo: se na mesma regia˜o do espac¸o e do tempo eu tenho treˆs ondas, cada uma representada pelas func¸o˜es de onda individuais f1(x, t), f2(x, t) e f3(x, t), enta˜o a func¸a˜o de onda resultante f(x, t) da superposic¸a˜o das treˆs sera´ f(x, t) = f1(x, t) + f2(x, t) + f3(x, t) (2.36) 53 54 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas Este princ´ıpio e´ va´lido se a amplitude das ondas na˜o e´ muito grande, e a seguinte hipo´tese seja correta: cada onda individual e´ inalterada pela presenc¸a simultaˆnea das outras ondas (ou seja, a func¸a˜o de onda individual de cada onda na˜o e´ alterada pela presenc¸a das outras ondas, representadas cada uma por uma func¸a˜o de onda individual). Por exemplo, quando estamos ouvindo uma orquestra tocar, o som resultante e´ uma superposic¸a˜o dos trens de onda de uma se´rie de instrumentos diferentes. No entanto, podemos captar, com ouvido treinado, o som de um instrumento individualmente - seria como usar o ouvido e a mente como um filtro para distinguir a func¸a˜o de onda t´ıpica do instrumento. Isso so´ e´ poss´ıvel porque a func¸a˜o de onda de cada instrumento e´ inalterada na presenc¸a das outras func¸o˜es de onda. Interfereˆncia construtiva e destrutiva Dois fenoˆmenos bastante conhecidos de superposic¸a˜o de ondas sa˜o os chamados inter- fereˆncia construtiva e interfereˆncia destrutiva. Veremos a seguir quando eles ocor- rem. Vamos considerar, por simplicidade, duas ondas de mesma frequeˆncia, mesmo compri- mento de onda e mesma amplitude, se propagando para a direita, mas diferindo de uma fase φ. Sejam as func¸o˜es de onda que as representam: y1(x, t) = A cos(kx− ωt) , y2(x, t) = A cos(kx− ωt+ φ) (2.37) A func¸a˜o de onda resultante y(x, t) da superposic¸a˜o das duas ondas sera´ a soma alge´brica das func¸o˜es de onda y1(x, t) e y2(x, t), segundo o princ´ıpio da superposic¸a˜o; portanto y(x, t) = y1(x, t) + y2(x, t) = A cos(kx− ωt) + A cos(kx− ωt+ φ) = A(cos(kx− ωt) + cos(kx− ωt+ φ)) (2.38) 54 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas 55 Usando a identidade trigonome´trica cos a+ cos b = 2 cos ( a+ b 2 ) cos ( a− b 2 ) (2.39) na equac¸a˜o (2.38), temos y(x, t) = 2A cos ( φ 2 ) cos ( kx− ωt+ φ 2 ) (2.40)e chamando A′ = 2A cos ( φ 2 ) (2.41) a func¸a˜o de onda resultante e´ y(x, t) == A′ cos ( kx− ωt+ φ 2 ) (2.42) ou seja, a nova func¸a˜o de onda tem amplitude A′ e aˆngulo de fase φ/2. Dependendo do valor de φ, poderemos ter: • interfereˆncia construtiva - quando a amplitude da onda resultante e´ a ma´xima, ou seja, |A′| = 2A; • interfereˆncia destrutiva - quando a amplitude tem valor mı´nimo, ou seja, |A′| = 0; • superposic¸a˜o com func¸a˜o de onda resultante com amplitude 0 < |A′| < 2A. Da equac¸a˜o (2.41), vemos que a interfereˆncia sera´ construtiva quando cos(φ/2) = ±1, ou seja, φ = 0, 2pi, 4pi, . . . e destrutiva quando cos(φ/2) = 0, ou seja, φ = pi, 3pi, 5pi . . . Quando φ assume outros valores, temos o caso da superposic¸a˜o com amplitude 0 < |A′| < 2A. A figura 2.21 ilustra os treˆs tipos de superposic¸a˜o mencionados. 55 56 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas Figura 2.21: (a) Interfereˆncia construtiva. (b) Interfereˆncia destrutiva. (c) Superposic¸a˜o de duas ondas ideˆnticas com diferenc¸a de fase de φ = 600. 2.4.1 Ondas estaciona´rias De forma geral, as ondas estaciona´rias sa˜o formadas pela superposic¸a˜o de duas ondas iguais que se propagam em sentidos opostos num meio. Veremos a seguir as caracter´ısticas deste tipo de ondas e suas implicac¸o˜es. 56 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas 57 IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 2.22: Produc¸a˜o de ondas estaciona´rias. (a) Onda senoidal que se propaga para a esquerda. (b) Onda senoidal que se propaga para a direita. (c) Superposic¸a˜o das duas ondas, formando ondas estaciona´rias. Seja um trem de ondas propagando-se numa corda com ambas as extremidades fixas, produzido por uma fonte oscilando em MHS com frequeˆncia angular ω, localizada na extremidade esquerda (veja figura 2.22). Quando o trem de ondas chega a` extremidade direita, ele e´ refletido, mudando-se a orientac¸a˜o do pulso, como vimos no caso da reflexa˜o de uma onda numa corda com a extremidade fixa a` parede. Enquanto esta onda refletida propaga-se pela corda no sentido contra´rio ao que foi emitida, a fonte oscilato´ria continua a produzir ondas que se propagam da esquerda para a direita. As ondas produzidas pela fonte e refletidas pela extremidade direita enta˜o se sobrepo˜em, produzindo uma onda estaciona´ria. Como e´ a func¸a˜o de onda de uma onda estaciona´ria? Digamos que a onda produzida pela fonte oscilato´ria possa ser descrita pela func¸a˜o de onda y1(x, t) = Asen (kx− ωt) (2.43) A onda refletida tem as mesmas caracter´ısticas que a onda produzida pela fonte, ou seja, mesma amplitude, frequeˆncia e comprimento de onda, mas se propaga no sentido 57 58 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas contra´rio. Portanto, sua func¸a˜o de onda e´ y2(x, t) = Asen (kx+ ωt) (2.44) Pelo princ´ıpio de superposic¸a˜o, a func¸a˜o de onda resultante sera´ y(x, t) = y1(x, t) + y2(x, t) = Asen (kx− ωt) + Asen (kx+ ωt) = A[sen (kx− ωt) + sen (kx+ ωt)] (2.45) Usando a identidade trigonome´trica sen (a± b) = sen a cos b± sen b cos a (2.46) enta˜o sen (kx− ωt) = sen (kx) cos(ωt)− sen (ωt) cos(kx) sen (kx+ ωt) = sen (kx) cos(ωt) + sen (ωt) cos(kx) (2.47) e substituindo em (2.45), teremos y(x, t) = A[sen (kx) cos(ωt)− sen (ωt) cos(kx) + sen (kx) cos(ωt) + sen (ωt) cos(kx) = 2Asen (kx) cos(ωt) (2.48) A equac¸a˜o acima representa a func¸a˜o de onda de uma onda estaciona´ria. Perceba que, pelo fato de na˜o conter nos argumentos das func¸o˜es seno e cosseno o fator kx − ωt, ela na˜o e´ uma onda progressiva. Na verdade, ela se move de acordo com um tipo especial de MHS: cada part´ıcula do meio oscila em MHS com a mesma frequeˆncia ω (por causa do termo cos(ωt)), mas a amplitude do MHS de uma dada part´ıcula do meio depende da 58 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas 59 Figura 2.23: Ondas estaciona´rias em va´rios instantes de tempo. posic¸a˜o x em que se encontra (por causa do fator 2Asen (kx)). Veja a figura 2.23, que mostra o movimento da onda estaciona´ria em va´rios instantes de tempo. Na figura 2.23 tambe´m vemos pontos especiais chamados de no´s e anti-no´s. Os no´s sa˜o pontos na corda com posic¸a˜o definida que na˜o sa˜o deslocados pela onda estaciona´ria, ou seja, sua amplitude e´ sempre zero - na˜o varia com a passagem do tempo. As posic¸o˜es em que ocorrem os no´s sa˜o aquelas em que 2Asen (kx) = 0 → sen (kx) = 0 → kx = 0, pi, 2pi, 3pi, . . . (2.49) Lembrando que k = 2pi/λ, enta˜o 59 60 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas 2pix λ = 0, pi, 2pi, 3pi, . . . x = 0, λ 2 , λ, 3λ 2 , . . . = nλ 2 , com n = 0, 1, 2, 3, . . . (2.50) Ja´ os anti-no´s sa˜o aqueles pontos que tera˜o deslocamento ma´ximo |2A| em algum instante do tempo. Para que isso acontec¸a e´ necessa´rio que 2Asen (kx) = ±1 → sen (kx) = ±1 → kx = pi 2 , 3pi 2 , 5pi 2 . . . (2.51) e, portanto, x = λ 4 , 3λ 4 , 5λ 4 , . . . = (2n+ 1)λ 4 , com n = 0, 1, 2, 3, . . . (2.52) 2.4.2 Ondas estaciona´rias numa corda fixa em ambas as extre- midades IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 2.24: Fotografias estrobosco´picas de ondas estaciona´rias em uma corda excitada por um oscilador na extremidade esquerda. Neste caso, temos que se as extremidades sa˜o fixas, elas na˜o se movem e, portanto, sa˜o no´s. Isto restringe quais sa˜o as configurac¸o˜es poss´ıveis de onda estaciona´ria; veja a figura 2.25. Estes sa˜o os padro˜es de oscilac¸a˜o poss´ıveis para a corda fixa em ambas as extremidades, e cada padra˜o de oscilac¸a˜o tem uma frequeˆncia caracter´ıstica. Chamamos estes padro˜es de oscilac¸a˜o de modos normais. De acordo com a figura 2.25, podemos escrever uma expressa˜o geral do comprimento de onda dos modos normais para uma corda de comprimento fixo L como 60 2.4. Superposic¸a˜o de ondas mecaˆnicas 61 IMPRESSO POR: dafni marchioro <dafnizenedin@gmail.com>. A impressão é apenas para uso pessoal e privado. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou transmitida sem prévia autorização do editor. Os violadores serão processados. Figura 2.25: Padro˜es de ondas estaciona´rias numa corda fixa em ambas as extremidades. (a) Primeiro harmoˆnico (n = 1). (b) Segundo harmoˆnico (n = 2). (c) Terceiro harmoˆnico (n = 3). λn = 2L n , com n = 1, 2, 3, . . . (2.53) sendo que n representa o modo normal ao qual estamos nos referindo. Da relac¸a˜o v = λf , temos que as frequeˆncias associadas aos modos normais, as quais chamamos de frequeˆncias naturais, tambe´m podem ser escritas de forma geral como fn = v 2L n = nv 2L , com n = 1, 2, 3, . . . (2.54) A velocidade e´ a mesma para todos os modos normais visto que o meio e´ o mesmo (a corda), e e´ dada pela equac¸a˜o (2.20). Substituindo (2.20) na equac¸a˜o acima, temos fn = n 2L √ T µ , com n = 1, 2, 3, . . . (2.55) O modo de frequeˆncia mais baixa (n=1) e´ dado por f1 = 1 2L √ T µ (2.56) e e´ chamado de frequeˆncia fundamental, visto que as frequeˆncias de todos os outros modos sa˜o mu´ltiplos inteiros dela. Quando os modos normais exibem uma relac¸a˜o de mu´ltiplo inteiro com a frequeˆncia fundamental (f2 = 2f1, f3 = 3f1, f4 = 4f1, . . .) formam o que chamamos de se´rie harmoˆnica, e os modos normais sa˜o chamados de harmoˆnicos. 61 62 2.5. Exerc´Icios Para produzir um harmoˆnico particular numa corda
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