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PUC - Campinas CEATEC 61395 – Estruturas Metálicas Barras Submetidas à Flexão Simples Prof. Dr. Rodrigo Cuberos Vieira Flexão Simples 2 - Barras submetidas à flexão simples estão sujeitas somente à esforços de flexão em relação a um dos eixos principais de inércia do perfil; - Normalmente a flexão simples ocorre em vigas com cargas aplicadas no plano da alma do perfil, tendendo a curvar o eixo longitudinal da peça: - Os perfis mais utilizados para barras submetidas à flexão são: Flexão Simples 3 - Nas vigas submetidas à flexão simples, quando a mesa superior é comprimida, a inferior é tracionada, e vice-versa; - Como parte da seção transversal do perfil está comprimida, existe a possibilidade de ocorrência de flambagem, que deve ser levada em conta na determinação do momento resistente de cálculo (MRd) do perfil submetido à flexão simples; - O momento resistente de cálculo (MRd) depende de: - Momento de plastificação; - Flambagem lateral com torção (instabilidade lateral); - Flambagem local de alma; - Flambagem local de mesa; - Tensões residuais; Momento de Plastificação 4 - A seguir temos o comportamento de uma viga de aço bi-apoiada sob carga distribuída (relação momento X curvatura da seção mais solicitada), admitindo-se que não há flambagem local ou flambagem lateral da viga: - O comportamento é linear enquanto a máxima tensão é menor que a tensão de escoamento do aço, até ser atingido o momento My: Mpl Início da plastificação Momento de Plastificação 5 Onde: ymáx = distância do centro de gravidade até a borda do perfil; I = momento de inércia em torno do eixo de flexão; W = módulo elástico da seção; - Porém, o momento My de início da plastificação não representa a capacidade resistente da viga. É possível continuar aumentando a carga, só que, a partir de My, o comportamento passa a ser não linear, pois as fibras mais internas da seção começam a atingir a plastificação progressivamente; - Quando a plastificação total da seção é atingida, temos o momento de plastificação total da seção (Mpl), que corresponde ao momento resistente da viga quando não há flambagem local ou lateral; Momento de Plastificação 6 fy yypl fWZfM 5,1 s s s s yy fWM ypl fZM fy s<fy fy Onde: Z = módulo plástico da seção; Exemplos h b 4 6 2 2 bh Z bh W I 305 (60,7 kg/m) W = 743 cm3 Z = Wpl = 870 cm 3 Z = 1,17 W Z=1,50 W Instabilidade Lateral da Viga 7 - Envolve flexão do perfil, torção e empenamento da seção; - Em uma viga fletida, cuja mesa superior está comprimida e sua mesa inferior está tracionada, a parte comprimida do perfil (mesa superior e um trecho da alma) tende a sofrer flambagem por flexão, semelhante a um perfil totalmente comprimido; - Porém, a mesa tracionada é estabilizada pelas tensões de tração, dificultando a flambagem da mesa comprimida. Desse modo, o fenômeno se processa com torção da viga (flambagem lateral com torção): P P Instabilidade Lateral da Viga 8 - Modelo físico: viga bi-apoiada com carga concentrada no meio do vão Instabilidade Lateral da Viga 9 - Viga bi-apoiada: apenas extremidades com giro e deslocamento lateral impedidos Instabilidade Lateral da Viga 10 - Viga bi-apoiada: impedimento de giro e deslocamento lateral também em uma seção ao longo da viga Instabilidade Lateral da Viga 11 - De maneira semelhante ao observado nas barras comprimidas, na flambagem lateral com torção (FLT), o momento resistente de cálculo (MRd) depende do seguinte índice de esbeltez: y b r L Onde: Lb = comprimento destravado (distância entre seções contraventadas, isto é, seções que tenham impedidos deslocamento lateral e giro no plano da seção transversal); ry = raio de giração da seção em relação ao eixo principal de inércia perpendicular ao eixo de flexão; Instabilidade Lateral da Viga 12 - Vimos que para uma barra comprimida, em condições ideais, existe uma carga crítica (carga crítica de Euler, Ncr) a partir da qual ocorre a flambagem da barra; - De maneira semelhante, nas barras submetidas à flexão existe um momento crítico (Mcr) a partir do qual ocorre a flambagem lateral com torção; - Suponha uma viga I duplamente simétrica, bi-apoiada com contenção lateral e torcional nos extremos e sujeita a um momento fletor constante no plano da alma, sem restrição ao empenamento nos apoios: M x M x Lb y z x Instabilidade Lateral da Viga 13 - Para um material elástico linear, o momento fletor crítico é dado por: w b y w b y cr C LJ I C L IE M 2 2 2 039,01 y b r L w b y w b y cr C LJ I C L IE M 2 2 2 039,01 RnM Onde: Lb = comprimento destravado; Iy = momento de inércia da seção em torno do eixo y; E = módulo de elasticidade longitudinal do aço; G = módulo de elasticidade transversal do aço; J = constante de torção da seção transversal; Cw = constante de empenamento da seção transversal; Instabilidade Lateral da Viga 14 - Para vigas sujeitas a um momento fletor não uniforme, basta multiplicar o valor de Mcr pelo coeficiente Cb: 0,3 3435,2 5,12 039,01 max max 2 2 2 m CBA b w b y w b bcr R MMMM M C C LJ I C L IE CM Mmax MA MB MC Lb/4 Lb/4 Lb/4 Lb/4 Instabilidade Lateral da Viga 15 Instabilidade Lateral da Viga 16 - Devido a utilização de um material inelástico e a existência das tensões residuais, a curva que utilizamos para determinar o momento fletor resistente não é exatamente aquela do momento crítico (Mcr): MRn Mpl Mr λ λr λp Mcr MRn = Mcr Tensões Residuais 17 - Efeito das tensões residuais: Diagrama de tensões residuais em um perfil laminado tipo I WfM ryr s yr f30,0s Flambagem Local 18 - Em vigas com contenção lateral contínua, que não estão sujeitas ao fenômeno de flambagem lateral com torção, a resistência à flexão pode ser reduzida devido ao efeito da flambagem local das chapas que constituem o perfil; - Como já observado nas barras comprimidas, a flambagem local pode ocorrer nos elementos comprimidos do perfil (mesas e alma), dependendo da esbeltez do elemento; - Nas barras submetidas a flexão simples, a flambagem local pode ocorrer na mesa comprimida ou na alma parcialmente comprimida do perfil; Flambagem Local 19 - As seções das vigas podem ser classificadas da seguinte maneira conforme a influência da flambagem local no momento resistente: - Seção compacta: atinge o momento de plastificação total (Mpl); - Seção semicompacta: a flambagem local ocorre após ter desenvolvido plastificação parcial; - Seção esbelta: a flambagem local impede que seja atingido o início da plastificação; Mpl Mpl Mpl Flambagem Local 20 - Para a flambagem local, o momento resistente de cálculo (MRd) depende do seguinte índice de esbeltez: b/2 b h t w t flambagem local - Para flambagem local de alma (FLA): - Para flambagem local de mesa (FLM): wt h t b 2 Flambagem Local 21 - De maneira semelhante à flambagem lateral com torção (FLT), para a flambagem local de mesa ou de alma (FLM ou FLA),obtemos o momento fletor resistente através do seguinte diagrama: MRn Mpl Mr λ λr λp Mcr Obs.: a formulação de Mcr para FLM e FLA é diferente da formulação de Mcr para FLT. Flexão Simples 22 - O dimensionamento da seção transversal de barras submetidas à flexão simples deve seguir as prescrições da NBR 8800:2008 – Projeto de estruturas de aço e de estruturas mistas de aço e concreto de edifícios; - Para as barras fletidas, deve-se fazer as seguintes verificações: - Flexão; - Força Cortante; - Deformações: flecha; Verificação da Flexão 23 - Segundo o item 5.4 da NBR 8800:2008, no dimensionamento à flexão deve ser atendida a condição: RdSd MM MSd: é o momento fletor solicitante de cálculo; MRd: é momento fletor resistente de cálculo; Onde: Momento Resistente 24 - Segundo o item 5.4.2 da NBR 8800:2008, o momento fletor resistente de cálculo deve ser determinado conforme os anexos G ou H. Devem ser verificados os seguintes estados limites últimos: - Flambagem lateral com torção - FLT; - Flambagem local de mesa - FLM; - Flambagem local de alma - FLA; - Deve-se atender a seguinte condição, para assegurar a validade da análise elástica: 1, 5,1 a y Rd Wf M Onde: W = momento resistente elástico; fy = tensão de escoamento do aço; γa1 = 1,1; 25 Verificação de flambagem lateral com torção (FLT) segundo a NBR 8800:2008 (Anexo G): 1a Rn RdSd M MM WfM ryr s yyypl fWMfZM 5,15,1 y w y y r y I C Jr JI f E 2 1 1 p 27 11 38,1 76,1 simétricos duplamente I perfis para r a pl a cr Rd rp a pl pr p rplpl a b Rd p a pl Rd para MM M para M MMM C M para M M , ,)( , 11 11 1 w b y w b bcr C LJ I C L IE CM 2 2 2 039,01 yr bL plM RnM p r rM w b y w b bcr C LJ I C L IE CM 2 2 2 039,01 reta: pr p rplplbRn MMMCM )( t xry EI Wf s 1Momento Resistente 26 Verificação de flambagem local de mesa (FLM) segundo a NBR 8800:2008 (Anexo G): y p f E 38,0 simétrico duplamente I perfil para b t NBR8800/08 da G1Tabela segundo crM reta: pr p rplplRn MMMM )( plM RnM p r rM b t WfM ryr s yyypl fWMfZM 5,15,1 1a Rn RdSd M MM 76,035,0, 4 k onde / 95,0 , W kE0,90 soldados perfis Para 83,0 , W E0,69 :laminados perfis Para c rc2 c rc2 c w cry cr ry cr ksendo th kf E M f E M s s r a cr Rd rp pr p rplpl a Rd p a pl Rd para M M paraMMMM para M M , ,)( 1 , 1 1 1 Wc = Módulo de resistência elástico com relação ao lado comprimido da seção, relativo ao eixo de flexão. Wc = Wx para seções I simétricas fletidas em torno do eixo x Momento Resistente 27 Verificação de flambagem local de alma (FLA) segundo a NBR 8800:2008 (Anexo G): yyypl fWMfZM 5,15,1 y r y p f E f E 70,5 e 76,3 simétrico duplamente I perfil para h tw reta: M M M Mn pl pl r p r p ( ) M Mn pl Mn p r M Mn r O anexo G não se aplica para r (ver Anexo H - vigas de alma esbelta) h tw WfM ryr s 1a Rn RdSd M MM HanexoVerpara paraMMMM para M M r rp pr p rplpl a Rd p a pl Rd ,)( 1 , 1 1 Momento Resistente 28 Tabela G.1 – Parâmetros referentes ao momento fletor resistente Momento Resistente 29 Tabela G.1 – continuação Momento Resistente 30 Momento Resistente 31 32 Momento Resistente 33 Força Cortante 34 - Em uma viga submetida à flexão simples, o carregamento provoca também, além das tensões de flexão, tensões de cisalhamento na viga, devido ao esforço cortante, que tendem a fazer uma porção da peça em relação à outra porção da mesma peça: Cisalhamento - A distribuição das tensões de cisalhamento dependem da seção transversal da viga: Seção retangular Seção I Força Cortante 35 - Nota-se que nas seções I, a alma é a principal responsável por resistir às tensões de cisalhamento, sendo essas tensões praticamente constantes ao longo de toda a alma; - Deve-se verificar se a alma sofre flambagem (flambagem local) sob ação de tensões de cisalhamento; - Almas pouco esbeltas (grossas) têm boa resistência à flambagem, de modo que a resistência é determinada pelo escoamento ao cisalhamento do material (plastificação). Já as almas esbeltas (finas) têm a sua resistência determinada pela flambagem da alma - Portanto, a verificação da resistência à força cortante de um perfil I se resume à verificar se a sua alma resiste ao esforço cortante; Força Cortante 36 - Nos perfis de alma esbeltas podem ser empregados enrijecedores transversais para aumentar a resistência à flambagem das almas: Força Cortante 37 - Segundo o item 5.4 da NBR 8800:2008, no dimensionamento de barras submetidas à força cortante, deve ser atendida a condição: RdSd VV VSd: é a força cortante solicitante de cálculo; VRd: é a força cortante resistente de cálculo; Onde: - A determinação de VRd é feita de acordo com o item 5.4.3 da NBR 8800:2008, de maneira semelhante à determinação de MRd: Força Cortante 38 1,11 Rn a Rn Sd VV V ywywpl ftd60,0fA60,0V h tw plV RnV p r pl p Rn VV pl p Rn VV 2 24,1 h tw d a h casos outros os para 5 + 5 =k th 260 h a paraou 3> h a para 5=k 37,1 e 10,1 2 2 w h a f Ek f Ek t h v v y v r y v p w para almas sem enrijecedores transversais, d = altura total da seção transversal; h = altura da alma: distância entre as faces internas das mesas nos perfis soldados, esse mesmo valor menos os dois raios de concordância nos perfis laminados; a = distância entre linhas de centro de dois enrijecedores transversais. r 1a pl 2 p Rd rp 1a plp Rd p 1a pl Rd para, V 24,1V para, V V para, V V Verificação da flecha 39 - Segundo o item 5.4.1.3 da NBR 8800:2008, devem ser verificados todos os estados limites de serviço aplicáveis; - O estado limite de serviço mais encontrado em vigas submetidas à flexão é a verificação da flecha; - A formulação de determinação da flecha em vigas depende da vinculação e do carregamento aplicado: Verificação daflecha 40 - Os carregamentos da tabela anterior (p, P, M) devem ser determinados através da combinação das ações atuantes na viga; - Exceto quando indicado o contrário, a combinação que deve ser utilizada para a análise de flechas é a Combinação Quase Permanente de Serviço (ELS): kQj n j j m i kGiserd FFF , 2 2 1 ,, - O anexo C da NBR 8800:2008 apresenta uma tabela de deslocamentos máximos, onde podemos encontrar os valores da flecha limite (flim): - A flecha da viga deve ser menor que um valor de flecha limite: limff 41 NBR 8800:2008 42 Continuação da tabela C.1 Resumo de verificações 43 - Flexão: - Flambagem lateral com torção (FLT); - Flambagem local de mesa (FLM); - Flambagem local de alma (FLA); - Força Cortante - Verificação da flecha Exercício 44 Verificar a viga a seguir (momento, cortante e flecha), constituída por um perfil I soldado VS 900 x 124 de aço ASTM A36. A viga possui 16,0 m de vão com uma contenção lateral no meio do vão. O carregamento distribuído atuante na viga é de 6,0 kN/m, e já está combinado (carregamento de cálculo para ELU). A viga possui enrijecedores transversais espaçados a cada 4,0 m. Para a análise da flecha, utilizar um carregamento distribuído de 5,0 kN/m, já combinado (carregamento de cálculo para ELS). A viga faz parte do piso de uma estrutura. 4 x 400 = 1600 cm = 16 m Perfil VS 900 x 124 d = 900 mm t w = 8 mm b f = 350 mm t f =12,5 mm aço ASTM A36: fy = 250 MPa = 25 kN/cm² E = 200000 MPa = 20000 kN/cm² A g = 157,5 cm2 I x = 216973 cm4 I y = 8936 cm4 W x =4822 cm3 r y =7,53 cm d b f qd=6 kN/m Z x = 5413 cm 3 J = 60,72 cm4 C w = 17596241 cm 6 x x y y
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