Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JOSICLER KLUG WEIGERT TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC): ANESTESIA VETERINÁRIA EM PACIENTES NEONATOS CURITIBA 2013 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JOSICLER KLUG WEIGERT TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC): ANESTESIA VETERINÁRIA EM PACIENTES NEONATOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária. Orientador: Prof. Dr. Diogo Motta Ferreira CURITIBA 2013 Reitor Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos Pró-Reitor Administrativo Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos Pró Reitora Acadêmica Prof.ª Carmem Luiza da Silva Pró-Reitor de Planejamento Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão Profa. Elizabeth Brunini Sbardelini Diretor da Faculdade de Ciência Biológica e da Saúde Prof. João Henrique Faryniuk Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Prof.ª Ana Laura Angeli CAMPUS SYDNEI LIMA SANTOS Rua: Sidney A. Rangel dos Santos 238 - Santo Inácio CEP: 82010-330- Curitiba- Paraná 3331-7700 Fone: (41) 3331-7700 TERMO DE APROVAÇÃO JOSICLER KLUG WEIGERT TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC): ANESTESIA VETERINÁRIA EM PACIENTES NEONATOS Este trabalho foi julgado e aprovado para a obtenção do titulo de Medico veterinário no curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná Curitiba, data da defesa ____________________________________________________ Curso de Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná Orientador: Prof. Dr. Diogo Motta Ferreira Universidade Tuiuti do Paraná Membro: Prof. Médica Veterinária Luciane Popp Universidade Tuiuti do Paraná Membro: Médica Veterinária Residente Silvia Pereira Bueno Universidade Tuiuti do Paraná DEDICATÓRIA DEDICO ESTE TRABALHO A TODAS AS PESSOAS QUE SE DEDICAM E ACREDITAM NA MEDICINA VETERINÁRIA... AGRADECIMENTO A Deus, que me deu o dom da vida e sempre esteve presente nos momentos mais difíceis, e que direcionou meu caminho para a escolha da Medicina Veterinária, esta que hoje é mais do que uma profissão é um ideal de vida. Aos meus queridos e amados pais, Glacy e Raul e minha irmã, Silvelise, pela compreensão e amor e por me incentivarem e me apoiarem sempre na conquista de novos desafios, sem eles com certeza já havia desistido a tempo. A Clínica Veterinária Doctorvet, da qual participei da sua criação e crescimento até os dias de hoje, principalmente ao Médico veterinário Henri, que além de ser meu amor, não posso negar que foi o meu inspirador à Medicina Veterinária. Aos meus amigos e colegas de profissão, por todo apoio, pela ajuda, e pelas lições de conduta profissional e pessoal que cada um me proporcionou. Aos parentes e amigos, por somente saber das suas existências, para mim já era um grande incentivo. Aos meus mestres que durante toda a minha vida acadêmica me ensinaram e compartilharam comigo os seus conhecimentos me incentivando sempre. Ao meu professor orientador Dr. Diogo Motta pela atenção e colaboração durante a execução deste trabalho. Aos amados animais de estimação, pois sem eles nada disso seria possível. EPÍGRAFE "Nós seres humanos, estamos na natureza para auxiliar o progresso dos animais, na mesma proporção que os anjos estão para nos auxiliar. Portanto quem maltrata um animal é alguém que não aprendeu a amar" Chico Xavier. RESUMO WEIGERT J.K. Trabalho de Conclusão de Curso. 2013. 95f. [Curso de Graduação em Medicina Veterinária] – Universidade Tuiuti do Paraná, Curitiba. Orientador Acadêmico: Professor Médico Veterinário Diogo Ferreira Orientadores Profissionais: Residente Médica Veterinária Bruna Berardi e Médico Veterinário Henri Kipgem Neto O presente trabalho é uma revisão bibliográfica de Anestesia Veterinária em Pacientes Neonatos, estudado durante o período do estágio curricular na Clinica Escola Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP) e na Clinica Veterinária Doctorvet. A Neonatologia tem despertado o interesse de diversos Médicos Veterinários, principalmente daqueles que trabalham em gatis ou canis. O acompanhamento da gestante e um cuidado pré-natal adequado estão intimamente relacionados ao nascimento de filhotes sadios e à redução da mortalidade neonatal, além disso, ter conhecimento das diferenças anatomofisiológicas dos neonatos é imprescindível para uma adequada anestesia e analgesia caso seja necessário o paciente neonatal passar por um procedimento cirúrgico. Palavras-Chave: revisão de literatura; anestesia; neonatologia. ABSTRAT WEIGERT J.K. Course Conclusion Work, 2013. 95f. [Graduation course in Veterinary Medicine] - Tuiuti University of Paraná, Curitiba - Brazil. Academic Mentor: Teacher Diogo Ferreira Professional Mentor: Resident Veterinarian Doctor Bruna Berardi e Veterinarian Doctor Henri Kipgem Neto This paper is a literature review of Veterinary Anesthesia in Patients Neonates, studied during the period of internship at Veterinary Clinic School University Tuiuti (UTP) and the Veterinary Clinic Doctorvet. Neonatology is claiming the interest of several veterinarian practitioners, specially those who work in kennels. Follow-up the pregnant female and adequate prenatal care are closely related to the production of healthy puppies and consequently with reduction of newborn mortality. Additionally, be aware of the anatomical and physiological differences of neonates is essential for adequate anesthesia and analgesia if the patient is required neonatal undergo a surgical procedure Key-Words: literature review; anesthesia; neonatology LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 CAMPUS TUIUTI BARIGUI – BLOCO A 13 FIGURA 2 CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA UTP 14 FIGURA 3 SALA DE RX DA CVE-UTP 15 FIGURA 4 SALA PARA ATENDIMENTOS EMERGENCIAIS DA CVE- UTP 16 FIGURA 5 SALA DE ULTRASSOM DA CVE-UTP 16 FIGURA 6 SALA DE TÉCNICA CIRÚRGICA DA CVE- UTP 17 FIGURA 7 CONSULTÓRIO 01 – ATENDIMENTO DE CÃES, DA CVE- UTP 18 FIGURA 8 CONSULTÓRIO 02 – ATENDIMENTO DE CÃES, DA CVE- UTP 18 FIGURA 9 CONSULTÓRIO03 – ATENDIMENTO DE CÃES, DA CVE- UTP 19 FIGURA 10 CONSULTÓRIO PARA ATENDIMENTO DE FELINOS, DA CVE-UTP 19 FIGURA 11 FARMÁCIA DA CVE-UTP 20 FIGURA 12 SALA DE INTERNAMENTO PARA CÃES DA CVE-UTP 20 FIGURA 13 LABORATÓRIO DA CVE-UTP 21 FIGURA 14. LABORATÓRIO DA CVE-UTP 21 FIGURA 15 APARELHO DE ANESTESIA INALATÓRIA COM MONITOR MULTIPARAMÉTRICO DA CEV-UTP 22 FIGURA 16. BISTURI ELETRÔNICO DA CVE-UTP 23 FIGURA 17 APARELHO PARA VIDEOCIRURGIA DA CVE-UTP 23 FIGURA 18 SALA DE CIRÚRGIA DA CEV-UTP 24 FIGURA 19 ENTRADA DA CV-DVET 25 FIGURA 20 RECEPÇÃO DA CV-DVET 25 FIGURA 21 PET SHOP DA CV-DVET 26 FIGURA 22 CONSULTÓRIO DA CV-DVET 26 FIGURA 23 BALANÇA PARA PESAGEM DOS PACIENTES DA CV- DVET 27 FIGURA 24 APARELHO DE ULTRASSOM VETERINÁRIODA SALA DE DIAGNÓSTICO DA CV-DVET 27 FIGURA 25 SALA DE EXAMES DA CV-DVET 27 FIGURA 26 SALA DE INTERNAMENTO DA CV-DVET 29 FIGURA 27 SALA DE INTERNAMENTO DE FELINOS DA CV-DVET 29 FIGURA 28 SALA DE INTERNAMENTO PARA PACIENTES INFECTO- CONTAGIOSOS DA CV-DVET 30 FIGURA 29 SALA DE CIRURGIA DA CV-DVET 30 FIGURA 30 HOSPEDAGEM DA CV-DVET 31 FIGURA 31 BANHO E TOSA DA CV-DVET 32 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 QUADRO 2 PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA E FREQUÊNCIA CARDÍACA EM FILHOTES DE CÃES ACORDADOS DIFERENÇAS FISIOLÓGICAS APRESENTADAS POR FILHOTES CANINOS E FELINOS RELATIVAS AOS CINCO PRINCIPAIS SISTEMAS ORGÂNICOS, QUE DIFEREM EM RELAÇÃO AOS INDIVÍDUOS ADULTOS 57 63 QUADRO 3 DIFERENÇAS NOS PADRÕES FARMACOCINÉTICOS DE DISTRIBUIÇÃO DE DROGAS QUE DETERMINAM ALTERAÇÕES NA RESPOSTA CLÍNICA DE CÃES E GATOS NEONATOS 67 QUADRO 4 VALORES FISIOLÓGICOS PEDIÁTRICOS 70 QUADRO 5 DOSES DE ANALGÉSICOS OPIÓIDES E SEDATIVOS PARA PACIENTES PEDIÁTRICOS 75 LISTA DE ABREVIAÇÕES AINE Antiinflamatório não esterioidal AVAC bpm Anestesia Veterinária de Animais de Companhia Batimentos por minuto CAM CCAC Concentração Alveolar Mínima Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia CEV-UTP Clínica Escola Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná COX COX 1 COX 2 CPD Cicloxigenase Cicloxigenase 1 Cicloxigenase 2 Concentração Plasmática da Droga CV-DVET Clinica Veterinária Doctorvet cm Centímetro ˚C Fluído/lb/h Grau Celsius Fluído por libra por hora G Milímetros de Diâmetro Externo g/dL gotas/mL Gramas por Decilitros Gotas por mililitro IM Intramuscular ITC Infusão em Taxa Contínua IV Kg Intravenoso Quilograma Lb Libra mg/kg Miligrama por quilo min Minuto mL/minuto ml/Kg/min mm Mililitro por minuto Mililitro por quilo por minuto Milimetro mmHg Milímetro de mercúrio MPA Medicação Pré-Anestésica OSH pH Ovariosalpingoesterectomia Potencial Hidrogeniônico SC SID Subcutâneo Uma vez por dia TCC Trabalho de Conclusão de Curso TIC VO Taxa de Infusão Contínua Via Oral LISTA DE GRAFICOS GRÁFICO 1 RELAÇÃO MACHO E FÊMEA, DE ACORDO COM A ESPÉCIE 33 GRÁFICO 2 CIRURGIAS REALIZADAS DIVIDIDAS POR SISTEMAS EM % 38 GRÁFICO 3 RELAÇÃO MACHO E FÊMEA, DE ACORDO COM A ESPÉCIE 39 LISTA DE TABELAS TABELA 1 RELAÇÃO DE CÃES E GATOS ATENDIDOS E ACOMPANHADOS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 33 TABELA 2 CIRURGIAS DO SISTEMA TEGUMENTAR ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 34 TABELA 3 CIRURGIAS DO SISTEMA OFTALMICO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 34 TABELA 4 CIRURGIAS DO SISTEMA REPRODUTIVO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 35 TABELA 5 CIRURGIAS DO SISTEMA DIGESTIVO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 35 TABELA 6 CIRURGIA DO SISTEMA URINÁRIO ACOMPANHADA NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 36 TABELA 7 CIRURGIAS DO SISTEMA NEUROLÓGICO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 36 TABELA 8 CIRURGIAS DO SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 37 TABELA 9 CIRURGIA DO SISTEMA AUDITIVO ACOMPANHADA NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO 37 TABELA 10 RELAÇÃO DE CÃES E GATOS ATENDIDOS E ACOMPANHADOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET ENTRE AGOSTO A OUTUBRO 38 TABELA 11 CASUÍSTICA DE AFECÇÕES CLÍNICAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 39 TABELA 12- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES DERMATOLÓGICAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 40 TABELA 13 CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES DIGESTÓRIAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 41 TABELA 14. CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES MÚSCULO ESQUELÉTICAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 42 TABELA 15 CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES INFECCIOSAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 43 TABELA 16. CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES REPRODUTIVAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 43 TABELA 17 CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES ONCOLÓGICA DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 44 TABELA 18 CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES OFTÁLMICAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 45 TABELA 19 CASOS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÕES DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 45 TABELA 20 CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 46 TABELA 21 CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES CARDIACAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 47 TABELA 22 CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES REPRODUTIVAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE 47 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 12 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 13 2.1 CLÍNICA VETERINÁRIA ESCOLA DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ 13 2.2 CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET 24 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS 32 3.1 CASUÍSTICA 32 3.1.1 Casuística da CEV-UTP 32 3.1.2 Casuística da CV-DVET 38 3.1.2.1 Afecções Dermatológicas 40 3.1.2.2 Afecções Digestórias 40 3.1.2.3 Afecções Músculo-esqueléticas 41 3.1.2.4 Afecções Infecciosas 42 3.1.2.5 Afecções Reprodutivas 43 3.1.2.6 Afecções Oncológicas 44 3.1.2.7 Afecções Oftálmicas 44 3.1.2.8 Intoxicações45 3.1.2.9 Afecções Respiratórias 46 3.1.2.10 Afecções Cardíacas 46 3.1.2.11 Afecções Neurológicas 47 4 ANESTESIA VETERINÁRIA EM PACIENTES NEONATOS 48 4.1 INTRODUÇÃO EM ANESTESIA EM NEONATOS 48 4.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 48 4.2.1 Definição de Paciente Veterinário Neonato 48 4.2.2 Características gerais dos neonatos a serem avaliados 50 4.2.2.1 Abertura dos olhos 50 4.2.2.2 Abertura de ouvidos 51 4.2.2.3 Outros sentidos 51 4.2.2.4 Avaliação Neurológica 52 4.2.2.5 Avaliação dos principais reflexos 52 4.2.3 Características fisiológicas e anatômicas de um paciente Neonato 54 4.2.3.1 Termorregulação 54 4.2.3.2 Sistema Cardiovascular 56 4.2.3.3 Sistema Respiratório 58 4.2.3.4 Sistema Hepático 59 4.2.3.5 Sistema Renal 60 4.2.3.6 Sistema nervoso central 60 4.2.4 Farmacocinética em Neonatos 63 4.2.5 Distribuição de Drogas 64 4.2.6 Metabolismo de Drogas nos Neonatos (Biotransformação) 65 4.2.7 Excreção de Medicamentos nos Neonatos 66 4.2.8 Considerações Pré-operatórias 67 4.2.9 Medicação Pré- Anestésica 70 4.2.10 Colocação do Cateter em pacientes neonatos 76 4.2.11 Fluidoterapia em pacientes neonatos 77 4.2.12 Indução anestésica 77 4.2.13 Entubação em neonatos 80 4.2.14 Manutenção da Anestesia dos Neonatos 81 4.2.15 Anestesia local 83 4.2.16 Monitoração Anestésica 84 4.2.17 Ressuscitação Cardiopulmonar 87 4.2.17.1 Cloridrato de Doxapram 87 4.2.17.2 Sulfato de Atropina 88 4.2.17.3 Epinefrina 88 4.2.18 Analgesia em pacientes neonatos 88 4.2.19 Recuperação anestésica 89 5 CONCLUSÃO 91 REFERENCIAS BIBLÍOGRAFICAS 92 12 1 INTRODUÇÃO O estágio curricular supervisionado tem por objetivo aprimorar os conhecimentos adquiridos pelo acadêmico durante a graduação. O presente relatório refere-se ao período de estágio curricular supervisionado, realizado em duas clinicas distintas, a Clinica Veterinária Escola da Universidade Tuiuti do Paraná (CEMV-UTP) e na Clinica Veterinária Doctorvet (CV- DVET). O período compreendeu de 05 de agosto a 10 de outubro de 2013, totalizando 360 horas, na área de Anestesia Veterinária de Animais de Companhia (AVAC), sob orientação profissional da Médica Veterinária Residente Bruna Berardi na CEMV-UTP, e na área de Clinica Geral de animais de companhia, sob orientação profissional do Médico Veterinário Henri Kipgem Neto, na CV-DVET. A orientação acadêmica foi realizada pelo Médico Veterinário e Professor Diogo Ferreira. Os atendimentos oferecidos tanto pela CV-UTP como pela CV-DVET, aos animais de companhia, são dividido em dois setores: Clínica Medica de Animais de Companhia (CMAC) e Clínica Cirúrgica de Animais de Companhia (CCAC), sendo a primeira com atendimento de rotina realizado de segunda à sexta-feira das 8:00 às 12:00 e das 14:00 às 18:00 horas, e os atendimentos clínicos e cirúrgicos são feitos pelos professores e por residentes, sendo auxiliados pelos estagiários curriculares. Já a segunda o atendimento é vinte e quatro horas diariamente. Nesse relatório está citada a casuística anestésica acompanhada durante o período de estagio e o relato de um caso anestésico em um paciente canino neonato. A finalidade do relatório é descrever, revisar e discutir o caso acompanhado durante o período de estágio. O estágio curricular tem como objetivos aprimorar o conhecimento e estimular o aprendizado e o profissionalismo. 13 2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 2.1 CLÍNICA VETERINÁRIA ESCOLA DA UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ A CEMV-UTP faz atendimentos clínicos e cirúrgicos de pequenos animais, cães e gatos, localiza-se na Universidade Tuiuti do Paraná no Campus Barigui, na Rua Sydnei Antonio Rangel Santos, 238 no bairro Santo Inácio em Curitiba, Paraná, onde o atendimento é feito com horário previamente agendado, dando preferência aos atendimentos emergenciais que eventualmente podem ocorrer. (FIGURA 1, 2) FIGURA 01 – CAMPUS TUIUTI BARIGUI – BLOCO A Fonte: Arquivo pessoal 14 FIGURA 02 – CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA UTP Fonte: Arquivo pessoal A entrada da CEMV-UTP é composta por uma recepção na qual é realizado o cadastro dos pacientes e clientes, e uma área de espera para os mesmos. Logo passando a porta de entrada do lado esquerdo estão localizados os vestiários, feminino e masculino, que tem acesso ao centro cirúrgico. Do lado direito esta localizada a Sala de Exame de Radiografia, composta de um aparelho de radiografia, e em anexo uma sala de revelação das radiografias. Ao lado da porta da Sala de Radiografia encontra-se uma balança, onde os animais são pesados antes de entrarem para a consulta nos consultórios. (FIGURA 3). 15 FIGURA 03 – SALA DE RX DA CVE-UTP Fonte: Arquivo pessoal Adentrando o corredor de acesso aos consultórios, do lado esquerdo encontra-se a Sala de Emergência, equipada com aparatos e medicamentos para um pronto atendimento (FIGURA 4) e do lado direito encontra-se a sala destinada a exames de Ultrassonografia, a qual possui um aparelho de ultrassom, uma mesa de inox, calhas de espumas, um Negatoscópio, uma mesa, duas banquetas, um armário e duas cadeiras (FIGURA 5) 16 FIGURA 04 – SALA PARA ATENDIMENTOS EMERGENCIAIS DA CVE-UTP Fonte: Arquivo pessoal FIGURA 05 – SALA DE ULTRASSOM DA CVE-UTP Fonte: Arquivo pessoal 17 Esta sala tem uma saída para a Sala de Técnica Operatória, onde são realizados aulas para os alunos de graduação em Medicina Veterinária e procedimentos odontológicos. Nesta sala existem mesas e banquetas, além de um aparelho de anestesia inalatória e um monitor multiparamétrico (FIGURA 6). FIGURA 6 – SALA DE TÉCNICA CIRÚRGICA DA CVE-UTP Fonte: Arquivo pessoal A CEMV-UTP conta com quatro consultórios sendo um deles especial para atendimentos de felinos. Todos eles possuem mesa de atendimento, mesa para o veterinário, cadeiras, armário com luvas, termômetro, entre outros utensílios, e pia para lavagem das mãos (FIGURA 7,8 e 9). No consultório de felinos temos ainda balança para pesá-los e duas gaiolas (FIGURA 10). 18 FIGURA 07 – CONSULTÓRIO 01 – ATENDIMENTO DE CÃES DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal FIGURA 08 – CONSULTÓRIO 02 – ATENDIMENTO DE CÃES DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal 19 FIGURA 9 – CONSULTÓRIO 03 – ATENDIMENTO DE CÃES DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal FIGURA 10 – CONSULTÓRIO PARA ATENDIMENTO DE FELINOS DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal A CEMV-UTP possui uma farmácia, que fornece todo o medicamento e produtos hospitalares para uso interno. (FIGURA 11) 20 FIGURA 11 – FARMÁCIA DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal A sala de procedimentos, como curativos, e internamento, também possui mesa para atendimento, um armário, pia, gaiolas, aquecedor e suporte para fluídos (FIGURA 12). FIGURA 12 – SALA DE INTERNAMENTO PARA CÃES DA CEV-UTP Fonte: Arquivopessoal 21 A Clínica escola conta com uma sala de laboratório, onde encontram-se microscópios, estufa, centrífugas, geladeira, câmara de extração, armários, pia, e um computador (FIGURA 13 e 14). FIGURA 13 – LABORATÓRIO DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal FIGURA 14 – LABORATÓRIO DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal 22 O complexo cirúrgico é composto por três salas, uma sala pré-operatória, onde é feita a preparação dos pacientes para a cirurgia, lá existe uma mesa de inox para preparação dos pacientes, duas gaiolas, uma pia, e uma mesa, onde se encontram materiais para assepsia, esta sala só tem acesso por fora do hospital, ficando isolada da sala de cirurgia. Na sala de cirurgia temos duas mesas de cirurgia, dois focos cirúrgicos, dois aparelhos de anestesia inalatória com monitores multiparamétrico, (FIGURA 15) duas mesas para o instrumental cirúrgico, bisturi eletrônico (FIGURA 16), aspirador cirúrgico, aparelhagem para vídeocirurgia (FIGURA 17) e um negatoscópio (FIGURA 18). FIGURA 15- APARELHO DE ANESTESIA INALATÓRIA COM MONITOR MULTIPARAMÉTRICO DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal 23 FIGURA 16- BISTURI ELETRÔNICO DA CVE-UTP Fonte: Arquivo pessoal FIGURA17- APARELHO PARA VIDEOCIRURGIA DA CVE-UTP Fonte: Arquivo pessoal 24 FIGURA 18 – SALA DE CIRÚRGIA DA CEV-UTP Fonte: Arquivo pessoal E por fim, a CEMV-UTP tem a sala dos residentes e a sala dos professores. 2.2. CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET A CV-DVET é uma Clinica Veterinária com atendimento vinte e quatro horas por dia, prestando serviço em várias especialidades veterinárias, inclusive emergências, internamento, banho e tosa, pet shop e hospedagem canina e felina. Ela esta localizada no Bairro São Lourenço na cidade de Curitiba, no Paraná (FIGURA 19). 25 FIGURA 19- ENTRADA DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal A estrutura conta com uma recepção aos clientes, um Petshop com produtos variados para cães e gatos, além de medicamentos (FIGURA 20 e 21). FIGURA 20- RECEPÇÃO DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal 26 FIGURA 21- PET SHOP DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal O início do atendimento ao paciente se dá no consultório, onde se encontra uma mesa de atendimento, uma mesa para o veterinário, cadeiras, uma pia, um armário com medicamentos, uma mesa de instrumentais e aparelhos médicos usados pelo veterinário no atendimento inicial (FIGURA 22). FIGURA 22- CONSULTÓRIO DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal 27 O paciente é pesado antes da entrada no consultório em uma balança que se encontra à porta do próprio (FIGURA 23). FIGURA 23- BALANÇA PARA PESAGEM DOS PACIENTES DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal Uma sala de exames fica bem ao lado do consultório, onde podemos observar um microscópio óptico, um negatoscópio,uma mesa uma cadeira e um aparelho de ultrassom veterinário. (FIGURA 24 e 25). FIGURA 24- APARELHO DE ULTRASSOM VETERINÁRIODA SALA DE DIAGNÓSTICO DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal 28 FIGURA 25- SALA DE EXAMES DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal O complexo de cuidados intensivos é dividido em três internamentos, um chamado comum, com algumas gaiolas, pedestal para fluído, uma mesa de inox, dois armários com medicações e produtos hospitalares, aquecedor de ambiente, bomba de infusão, e um cilindro de oxigênio (FIGURA 26). Outra destinada à pacientes felinos, (FIGURA 27) e a terceira destinada à pacientes com doenças infecto-contagiosas. (FIGURA 28) Todas elas contam com a mesma estrutura e os mesmos aparatos veterinários. 29 FIGURA 26-SALA DE INTERNAMENTO DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal FIGURA 27- SALA DE INTERNAMENTO DE FELINOS DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal 30 FIGURA 28- SALA DE INTERNAMENTO PARA PACIENTES INFECTO- CONTAGIOSOS DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal A sala de cirurgia esta equipada com uma mesa cirúrgica, uma mesa para instrumentos, uma pia, um aparelho de anestesia inalatória, um monitor multiparamétrico, pedestal para fluídos, uma bomba de infusão, cilindro de oxigênio, banquetas e ar condicionado (FIGURA 29). FIGURA 29- SALA DE CIRURGIA DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal 31 A CV-DVET conta ainda com uma estrutura de Hospedagem, com aproximadamente cinquenta canis, apropriados para cães de portes variados (FIGURA 30). FIGURA 30- HOSPEDAGEM DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal O local de banho e tosa dos animais possui duas banheiras, três mesas para secar os animais, dois secadores, dois sopradores, duas máquinas de tosa, além de tesouras, rasqueadeiras e lâminas. O horário de funcionamento do Banho e Tosa é de segunda a sábado das nove horas da manhã às dezoito horas da tarde. (FIGURA 31) 32 FIGURA 31- BANHO E TOSA DA CV-DVET Fonte: Arquivo pessoal 3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS Nas duas Clínicas onde foi realizado o estágio, foi acompanhada a rotina de todos os atendimentos, auxiliando nos atendimentos de clínica cirúrgica e clínica médica, assim como, nos atendimentos normais e de enfermaria. A rotina contava com os seguintes procedimentos: limpeza de curativos, administração de medicamentos, preparação de animais para cirurgia (efetivando depilação e medicação pré-anestésica (MPA)) e levando animais para passear. Na CV-UTP a ênfase no acompanhamento foi nos procedimentos anestésicos, desde a MPA até a analgesia prescrita para casa. 3.1 CASUÍSTICA 3.1.1 Casuística da CEV-UTP Durante o período de estágio, o foco foi realizado na área de Anestesiologia, onde foram acompanhados 92 casos de procedimentos anestésicos que no presente relatório estão descritos em tabelas divididas por sistemas (Tabela 2 a 9). 33 Os casos relatados nas tabelas e gráficos de casuísticas foram somente os casos acompanhados durante o período de estágio. A ocorrência de pacientes que foram submetidos à cirurgia de Mastectomia por presença de Neoplasias Mamárias durante o estágio, foi bastante significativa. A casuística de cirurgias ortopédicas na CEV-UTP também foi grande. A maior casuística de atendimentos cirúrgicos correspondeu à espécie canina, compreendendo 81% dos casos. TABELA 1- RELAÇÃO DE CÃES E GATOS ATENDIDOS E ACOMPANHADOS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO ESPÉCIE TOTAL n % Caninos 74 81 Felinos 18 19 Total 92 100 Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP Em relação ao sexo, na espécie canina a maior frequência de atendimento cirúrgicos foi em fêmeas (47), entretanto em felinos, a maioria foi em machos (10) (Gráfico-1). GRÁFICO 1- RELAÇÃO MACHO E FÊMEA, DE ACORDO COM A ESPÉCIE 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 CANINO FELINO PA CI EN TE S FEMEA MACHO Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP 34 Dentro do total de atendimentos cirúrgicos da CEV-UTP, 6 corresponderam a afecções dermatológicas, conforme Tabela 2. Com maior ocorrência de Biopsia de pele (4). TABELA 2– CIRURGIAS DOSISTEMA TEGUMENTAR ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO CIRURGIA NÚMERO DE CASOS ESPÉCIE PORCENTAGEM Exérese de Nódulo Abdominal 1 Canina Otohematoma 1 Canina Biópsia de Pele 4 Canina TOTAL 6 CANINA 6,5%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=92) Já para o Sistema Oftálmico houve apenas três casos, um deles de Prolapso da Glândula da Terceira Pálpebra, onde foi necessário o seu sepultamento cirúrgico e dois casos de Prolapso de Globo Ocular, sendo necessário a Enucleação. (Tabela 3) TABELA 3 – CIRURGIAS DO SISTEMA OFTALMICO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO CIRURGIA NÚMERO DE CASOS ESPÉCIE PORCENTAGEM Sepultamento da Glândula da Terceira Pálpebra 1 Canina Enucleação 2 Canina TOTAL 3 CANINA 3,2%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=92) O Sistema Reprodutivo foi o que apresentou maior demanda cirúrgica, com metade das cirurgias realizadas. (Tabela 4) 35 TABELA 4 – CIRURGIAS DO SISTEMA REPRODUTIVO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO CIRURGIA NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINA FELINA Ovariohisterectomia 11 5 Orquiectomia 3 5 Mastectomia Parcial 13 - Mastectomia Total - 2 Cesariana 1 1 Piometra 4 - Exérese de Nódulo Vulvar 1 - TOTAL 33 13 50%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=92) Para o sistema digestivo, os procedimentos anestésicos foram realizados a maioria para tratamento Periodontal. (Tabela 5) TABELA 5 – CIRURGIAS DO SISTEMA DIGESTIVO ACOMPANHADOS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO CIRURGIA NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Tratamento Periodontal 14 5 Gastrotomia 1 - Ressecção e Enteroanastomose 1 - TOTAL 16 5 22.8%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=92) 36 No período de estágio, foi acompanhado apenas um caso de cirurgia do sistema urinário, com a realização de uma Cistotomia para retirada de uma massa hiperplásica da parede da Vesícula Urinária (Tabela 6). TABELA 6 – CIRURGIA DO SISTEMA URINÁRIO ACOMPANHADA NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO CIRURGIA NÚMERO DE CASOS ESPÉCIE PORCENTAGEM Cistotomia 1 Canina TOTAL 1 CANINA 1,1%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=92) O Sistema Neurológico as cirurgias acompanhadas concentraram-se em cirurgias da coluna vertebral em seus diferentes segmentos. (Tabela 7) TABELA 7 – CIRURGIAS DO SISTEMA NEUROLÓGICO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO CIRURGIA NÚMERO DE CASOS ESPÉCIE PORCENTAGEM Laminectomia com fixação de Pinos 3 Canina Luxação de Fratura de Vértebra Fixação 2 Canina TOTAL 5 CANINA 5.5%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=92) As cirurgias do Sistema Músculo esquelético acompanhadas compreendeu nove cirurgia como podemos observar na Tabela 8, já do Sistema Auditivo foi acompanhada apenas uma cirurgia (Tabela 9). 37 TABELA 8– CIRURGIAS DO SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO ACOMPANHADAS NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO CIRURGIA NÚMERO DE CASOS ESPÉCIE PORCENTAGEM Osteossíntese de Fêmur 3 Canina Osteossíntese Mandibular 1 Canina Osteossíntese de radio e ulna 1 Canina Osteossíntese de tíbia e fibula 1 Canina Osteossíntese de Pélvis 1 Canina Ressecção da cabeça do fêmur 1 Canina Amputação de membro torácico 1 Canina TOTAL 9 CANINA 9,8%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=92) TABELA 9 – CIRURGIA DO SISTEMA AUDITIVO ACOMPANHADA NA CLÍNICA ESCOLA VETERINÁRIA – UTP, NO ESTAGIO CIRURGIA NÚMERO DE CASOS ESPÉCIE PORCENTAGEM Ressecção do conduto Auditivo 1 Canina TOTAL 1 CANINA 1,1%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=92) 38 GRÁFICO 2 – CIRURGIAS REALIZADAS DIVIDIDAS POR SISTEMAS EM % 0 10 20 30 40 50 Si st. Re pr od uti vo Si st. M us c. Es qu elé tic o Si st. S ist . D ije sti vo Si st. T eg um en tar Si st. N eu ro lóg ico Si st. U rin ár io Si st. A ud itiv o Si st. O ftá lm ico Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária UTP 3.1.2 Casuística da CV-DVET No período de estágio foram realizados procedimentos relacionados com a clínica médica e cirúrgica de pequenos animais, sendo acompanhado um total de 58 animais, caninos e felinos, conforme está representado na Tabela 10. A maior casuística de atendimentos correspondeu à espécie canina, compreendendo 86,2% dos casos. Os casos relatados nas tabelas e gráficos de casuísticas, não são os números reais de ocorrência no hospital, somente os casos acompanhados durante o período de estágio. TABELA 10- RELAÇÃO DE CÃES E GATOS ATENDIDOS E ACOMPANHADOS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET ENTRE AGOSTO A OUTUBRO ESPÉCIE TOTAL n % Caninos 50 86,2 Felinos 8 13,8 TOTAL 58 100 Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Escola Veterinária Doctorvet 39 GRÁFICO 3- RELAÇÃO MACHO E FÊMEA, DE ACORDO COM A ESPÉCIE 0 5 10 15 20 25 30 CANINO FELINO PA CI EN TE S MACHO FEMEA Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet TABELA 11- CASUÍSTICA DE AFECÇÕES CLÍNICAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE. AFECÇOES CLINICAS NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Dermatológica 10 3 22,3% Digestórias 6 2 13,7% Afecções músculo esqueléticas 6 2 13,7% Infecciosas 6 1 12.1% Reprodutivas 5 - 8,7% Oncológicas 5 - 8,7% Oftálmicas 4 - 6,9% Intoxicações 3 - 5.2% Respiratórias 2 - 3,5% Cardíacas 2 -3,5% Neurológicas 1 - 1,7% TOTAL 50 8 100% Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet 40 3.1.2.1 Afecções dermatológicas Dentro do total de atendimentos da CV-DVET, treze casos corresponderam a afecções dermatológicas, conforme Tabela 12. Com grande ocorrência de infecções no pavilhão auricular e dermatites alérgicas, o tratamento realizado foi clínico em todos os casos, com evolução clínica e prognóstico favorável. TABELA 12- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES DERMATOLÓGICAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE. AFECÇÕES DERMATOLÓGICAS NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Otite externa 3 - Dermatite Alérgica 3 1 Otocaríase - 1 Piodermite Superficial 2 - Demodiciose 2 - Dermatite Úmida Aguda 1 - TOTAL 11 2 22,3%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio(n=58) 3.1.2.2 Afecções digestórias Entre os oito atendimentos realizados com alterações do trato gastrintestinal em caninos e felinos, representado na Tabela 13, mais da metade estava relacionada com alterações alimentares. Nesses atendimentos foi realizado tratamento clínico. Entretanto, alguns casos necessitaram de internamento e fluidoterapia, na totalidade houve evolução boa e prognóstico favorável. 41 TABELA 13- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES DIGESTÓRIAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE. AFECÇÕES DIGESTÓRIAS NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Gastroenterite alimentar 3 2 Enterite parasitária 1 - Gastrite 1 - Corpo estranho na cavidade oral 1 - TOTAL 6 2 13,7%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 3.1.2.3 Afecções Músculo-Esqueléticas Dos oito pacientes atendidos com alterações Músculo-Esqueléticas, conforme está representado na Tabela 14, sete casos estão relacionados com traumas e um com Miíase. No caso de fratura, houve a necessidade de encaminhá- los a outra clínica veterinária para a realização de correção cirúrgica específica. 42 TABELA 14- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES MÚSCULO ESQUELÉTICAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES MUSCULO ESQUELÉTICA NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Lesão por mordedura 3 - Miíase 1 - Displasia coxo-femoral 1 - Fratura de tíbia e fíbula 1 - Hérnia de disco 1 - Luxação de patela 1 - TOTAL 8 0 13,7%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 3.1.2.4 Afecções Infecciosas Dos animais atendidos com doenças infecciosas, conforme descritos na Tabela 15, a maioria dos diagnósticos compreendeu casos de Cinomose e Parvovirose. 43 TABELA 15- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES INFECCIOSAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES INFECCIOSA NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Parvovirose 2 - Cinomose 2 - Tosse dos canis 1 - Rinotraqueite - 2 TOTAL 5 2 12,1%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 3.1.2.5 Afecções Reprodutivas Foram atendidos, cinco casos de afecções reprodutivas, envolvendo caninos (Tabela 16). De todos estes pacientes, dois casos corresponderam a um quadro de Piometra. O tratamento foi cirúrgico na totalidade dos casos e o prognóstico favorável. TABELA 16- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES REPRODUTIVAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES REPRODUTIVAS NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Piometra 2 - Distocia 1 - Criptorquidismo 1 - Pseudociese 1 - TOTAL 5 0 8,7%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 44 3.1.2.6 Afecções Oncológicas Dentro dos cinco casos clínicos Oncológicos (Tabela 17) ocorreu maior casuística de neoplasia mamária. TABELA 17- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES ONCOLÓGICA DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES ONCOLÓGICA NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Neoplasia mamária 3 - Neoplasia esplênica 1 - Lipoma 1 - TOTAL 5 0 8,7%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 3.1.2.7 Afecções Oftálmicas Foram atendidos durante o período descrito, quatro casos clínicos de alterações oftálmicas nas duas espécies, um caso para cada enfermidade, descritas na Tabela 18. 45 TABELA 18- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES OFTÁLMICAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES OFTALMICAS NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Úlcera de córnea 1 - Hipertrofia da glândula da 3ª pálpebra 1 - Prolapso de globo ocular 1 - Cerato conjuntivite seca 1 - TOTAL 4 0 6,9%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 3.1.2.8 Intoxicações Durante o período de estudo foram acompanhados três casos clínicos de intoxicações em caninos, conforme a Tabela 19. A ocorrência mais comum foi de intoxicação por raticida, com maior frequência nos meses de estágio. TABELA 19- CASOS CLÍNICOS DE INTOXICAÇÕES DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES POR INTOXICAÇÕES NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Intoxicação por raticidas 2 - Intoxicação por fármaco 1 - TOTAL 30 5,2%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 46 3.1.2.9 Afecções Respiratórias Dentro dos dois pacientes atendidos com distúrbios envolvendo o trato respiratório (Tabela 20), os dois correspondem a um quadro de Traqueobronquite, sendo a evolução clínica e o prognóstico favorável. TABELA 20- CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES RESPIRATÓRIAS NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Traqueobronquite 2 - TOTAL 2 0 3,5%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 3.1.2.10 Afecções Cardíacas No período estudado foram atendidos dois casos clínicos envolvendo afecções cardíacas, representando apenas 3,5% do total dos atendimentos, sendo todos os casos na espécie canina, conforme a Tabela 21. A Miocardiopatia Dilatada foi à enfermidade de maior frequência, todos os casos ocorreram em pacientes idosos, que compreendem os animais com mais de oito anos de idade e o tratamento realizado foi clínico em todos os casos, com evolução clínica boa e prognóstico reservado. 47 TABELA 21. CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES CARDIACAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES CARDIÁCAS NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Miocardiopatia dilatada 2 - TOTAL 2 0 3,5%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 3.1.2.11 Afecções Neurológicas No período foram atendidos nove casos de alterações neurológicas em caninos, como mostra a Tabela 22, representando apenas 1,7% das consultas realizadas, o tratamento foi na totalidade clínico, com retornos periódicos, visto a necessidade de acompanhamento do animal, pois em alguns casos houve o uso contínuo de medicamentos. O prognóstico foi reservado em todos os casos. TABELA 22. CASOS CLÍNICOS DE AFECÇÕES REPRODUTIVAS DIAGNOSTICADAS NA CLÍNICA VETERINÁRIA DOCTORVET, DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO, CONFORME A ESPÉCIE AFECÇÕES NEUROLÓGICAS NÚMERO DE CASOS PORCENTAGEM CANINO FELINO Epilepsia 1 - TOTAL 1 0 1,7%* Fonte: Dados do Estágio Curricular acompanhado na Clínica Veterinária Doctorvet *: Porcentagem referente ao numero total de casos acompanhados durante o estágio (n=58) 48 4. ANESTESIA VETERINÁRIA EM PACIENTES NEONATOS 4.1 INTRODUÇÃO EM ANESTESIA EM NEONATOS O conhecimento do processo anestésico vem evoluindo rapidamente. A informação disponível para veterinários também acompanhou tal evolução. Novos fármacos, equipamentos e técnicas tornaram-se acessíveis. A atualização a respeito de todas as pesquisas anestésicas existentes, no entanto, é impossível para a maioria dos veterinários de pequenos animais, pelo voluma de informações já existentes. Procedimentos e técnicas anestésicas desenvolvidas para pequenos animais são destinadas a produzir resultados seguros, eficazes e economicamente viáveis. Técnicas prévias, que usam apenas um tipo de fármaco têm sido amplamente abandonadas. O sucesso da anestesia de um paciente depende da escolha correta das drogas, das técnicas anestésicas, da experiência do anestesista e do conhecimento sobre as condições patofisiológicas do paciente e a influência que essa condição trás para o procedimento anestésico. Fisiologicamente falando a idade do paciente é um dos fatores chaves para uma anestesia bem sucedida, visto que pacientes neonatos, pediátricos, adultos e geriátricos possuem diferenças metabólicas e fisiológicas marcantes. 4.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.2.1 Definição de Paciente Veterinário Neonato O período neonatal não apresenta uma definição clara na literatura (JONES, 1987), representando comumente a fase transicional entre a vida fetal e adulta, podendo variar entre as diferentes espécies animais (PLUMB, 2004). Em cães e gatos recém nascidos, o termo pediátrico geralmente refere-se às primeiras doze semanas de vida (BOOTLE & HOSKINS, 1997). No entanto, as importantes diferenças fisiológicas que ocorrem nesse período justificam outra sub- divisão em períodos de crescimento neonatal, conforme revisão de Moore e Sturgess (2000), Sorribas (2004) e Prats (2005), apresentadas a seguir: 49 Fase neonatal Estende-se do nascimento até a segunda semana de vida no cão e até o 10° dia ou o momento da abertura dos olhos para os gatos (PRATS, 2005). É o período caracterizado por uma pobre função neurológica, desenvolvimento inicial dos reflexos espinhais e total dependência materna. Nessa fase, os animais comumente dedicam 30% do seu tempo diário à alimentação e os 70% restantes ao sono (SORRIBAS, 1995). Observa-se no início dessa fase a dominância flexora do posicionamento corporal, sendo paulatinamente substituída pelo domínio extensor. Nesse período encontram-se presentes alguns reflexos espinhais simples como o Extensor cruzado, Magnus e Flexor, além das respostas sensoriais como ao estímulo doloroso, anogenital e de sucção (SORRIBAS, 2004), este último já presente a partir do 50° dia de gestação em felinos (MINOVICH, 2004). Fase de transição Corresponde à fase entre a 2 a e 4 a semana no cão e entre o 10° e 20° dia no gato (Prats, 2005). Observa-se a competência do sistema audiovisual (da abertura dos olhos à resposta ao estímulo luminoso e a objetos em movimento) e desenvolvimento neurológico mais amplo, embora os outros sentidos e as habilidades motoras ainda estejam pouco desenvolvidos. A abertura do canal auditivo também ocorre ao final desse período, observando-se o início da resposta sensorial aos estímulos sonoros e maior independência materna (SORRIBAS, 2004). Fase de socialização Ocorre entre a 4 a e 12 a semana de vida no cão e entre a 3 a e 8 a semana no gato (Prats, 2005). Durante este período, o tempo dedicado à alimentação e ao sono reduz-se progressivamente, observando-se o início das atividades sociais dos filhotes, relacionadas ao contato com outros cães e humanos. Essas experiências permitem o aprendizado dos animais, definindo os padrões de comportamento futuro (SORRIBAS, 1995). A fase de socialização caracteriza-se também pelo completo desenvolvimento neurológico marcado pelo término da mielinização medular e a observação de um padrão normal ao Eletroencefalograma (SORRIBAS, 2004). Observa-se também nesse período a erupção dentária decídua, iniciada por volta da 6 a semana de vida para gatos (Minovich, 2004), e ao redor de 30 dias para cães (SORRIBAS, 1995). O desmame e o consequente início das dietas sólidas ocorre também nesse período. 50 Fase juvenil Compreende o intervalo que vai da 12 a semana de vida (8 a para os gatos) à puberdade. Observa-se o aperfeiçoamento das destrezas motoras e o crescimento corporal, representando a fase mais ativa de exploração do ambiente, segundo citações de Beaver (1997). De maneira geral, a fase juvenil é marcada por mudanças graduais nas quais se estabeleceo padrão de comportamento e conformação característicos do indivíduo adulto. Já Greene (2004) se refere ao animal neonato até 6 a 8 semanas de idade. Os pacientes veterinários até três meses de idade são considerados neonatos ou pacientes pediátricos. A anestesia de pacientes com menos de três meses de idade é geralmente considerada de maior risco e requer atenção especial para as suas necessidades. Segundo Mosley (2001) os pacientes de pequenos animais são considerados neonatos para propósitos de anestesia durante as primeiras seis semanas e pacientes pediátricos até doze semanas de vida. Durante as primeiras doze semanas, e além desse período, existe uma continuidade de alterações no desenvolvimento. É importante considerar o impacto dessas alterações fisiológicas e anatômicas no tratamento anestésico desses pacientes. Em adição, é importante observar que a taxa de maturidade orgânica varia entre as espécies (cães e gatos), raças e indivíduos; portanto, as estimativas de tempo para maturidade dos órgãos e do desenvolvimento devem ser encaradas somente como diretrizes e não como valores com significado absoluto. 4.2.2 Características gerais dos neonatos a serem avaliados Durante o exame físico dos cães e dos gatos neonatos, características gerais devem ser consideradas no intuito de avaliar a viabilidade dos filhotes. 4.2.2.1 Abertura dos olhos Tanto os cães quanto os gatos nascem com os olhos fechados e, provavelmente, essa seja a maior expressão de sua fragilidade e de sua dependência estreita com os cuidados externos, seja da mãe ou dos seres humanos 51 para sua sobrevivência. Pode-se, portanto, deduzir que o limite desse período esteja relacionado com a abertura dos olhos. Os filhotes do cão abrem os olhos entre o 12° e o 15° dias, enquanto que os filhotes do gato entre o 6° e o 14° dias (em média, no 8° dia) (MOSLEY; MOSLEY, 2011). Ao nascer, os filhotes não enxergam porque as pálpebras estão fechadas e a retina pouco desenvolvida – esta apenas estará totalmente formada após 28 dias de vida. Outras estruturas desenvolvem-se gradativamente, como os nervos ópticos. A íris, inicialmente cinza-azulada, muda para a cor normal por volta de quatro a seis semanas e a visão não é considerada normal até três a quatro semanas de vida (MOSLEY; MOSLEY, 2011). 4.2.2.2 Abertura de ouvidos Assim como para os olhos, cães e gatos também nascem com o conduto auditivo fechado. Nos cães, a abertura acontece entre o 14° e o 17° dias e, nos gatos, entre o 6° e 14° dias (em média no 9° dia), porém a orientação sonora aparece de forma mais tardia. Outros autores afirmam que a abertura ocorre por volta de 10 a 14 dias nos cães, e a reação sonora só é eficaz por volta da terceira a quarta semana de vida. Ao nascimento, embora os cães possam perceber o som, a audição em geral é deficiente. Uma certa audição funcional ocorre por volta de três semanas (MOSLEY; MOSLEY, 2011). 4.2.2.3 Outros sentidos O tato, o olfato e o paladar são sentidos funcionais desde o nascimento e são imprescindíveis para a sobrevivência dos filhotes nos primeiros dias, pois, sem os mesmos, a alimentação e a percepção do calor da mãe seria dificultada (MOSLEY; MOSLEY, 2011). O olfato é um parâmetro pouco avaliado quando se examina um filhote. O olfato está presente ao nascimento, embora pouco desenvolvido, e a anosmia (ausência de olfato) relaciona-se a lesões da mucosa nasal (MOSLEY; MOSLEY, 2011). . 52 4.2.2.4 Avaliação Neurológica O sistema nervoso é, muitas vezes, de todos os sistemas do organismo, o menos entendido pela maioria dos clínicos. Diversas doenças podem afetar o sistema nervoso central de cães e gatos jovens. Muitas delas são hereditárias ou congênitas, enquanto outras se desenvolvem logo após o nascimento ou durante o crescimento do animal (SORRIBAS, 2004). O sistema nervoso não está completamente desenvolvido ao nascimento, de modo que alguns testes não podem ser realizados imediatamente em animais recém nascidos. Durante as duas primeiras semanas de vida, os recém nascidos passam a maioria de seu tempo dormindo (90%), e tendem ficar próximos a mãe e aos irmãos. Noventa e cinco por cento do sono nesta fase é paradoxal, ou seja, acompanhado de movimentos, tremores e, ocasionalmente, vocalização, sendo esta última característica da primeira semana de vida. A partir da segunda semana, o padrão do sono torna-se mais “tranqüilo” (SORRIBAS, 2004). O estado mental é determinado pela resposta a estímulos externos, resposta de acordar subitamente quando o animal é retirado da mãe e a qualidade do choro do neonato. Durante a primeira semana, os filhotes mamam a cada uma ou duas horas e, periodicamente, a mãe os lambe estimulando os reflexos de micção e defecação (reflexo anogenital). Esses reflexos ocorrem desde o primeiro dia e os gatinhos costumam apegar-se a uma mama em particular (SORRIBAS, 2004). Devem-se observar os filhotes em vários momentos do dia, para determinar com precisão seu estado mental, porque seu comportamento é muito influenciado por fatores como fome e frio. Se estiver saciado e quente, ele permanece quieto, mesmo em ambientes estranhos, caso contrário, mesmo estando com a mãe ou o resto da ninhada, acordará e começará a se movimentar e vocalizar (SORRIBAS, 2004). 4.2.2.5 Avaliação dos principais reflexos Os reflexos devem ser cuidadosamente avaliados nos recém-nascidos, não apenas porque alguns se desenvolvem mais lentamente do que outros, mas também porque o tamanho pequeno do animal pode tornar-se um impedimento para 53 demonstrar o reflexo. Por isso, será dada ênfase em reflexos exclusivos dos recém nascidos: Termotropismo positivo talvez seja o primeiro a se desenvolver. Esse reflexo significa dirigir-se em direção ao calor e dura os quatro primeiros dias de vida, sendo essencial para o estabelecimento do vínculo com a mãe e os outros filhotes da ninhada. Esse é responsável pela permanência dos filhotes em grupo e junto com a mãe, proporcionando menor risco de esfriamento ou desnutrição. Reflexo de estimulação do focinho permite que o filhote empurre com o focinho quando este é estimulado por contato em seu redor. É fundamental para que o filhote empurre o focinho na direção dos mamilos da mãe até localizar um do qual possa se alimentar. Desaparece aos 15 dias quase coincidindo com a abertura dos olhos. Reflexo de sucção está presente desde o nascimento, mas não é muito pronunciado nas primeiras 24-48 horas. O período em que se apresenta mais fortemente corresponde ao de maior produção de leite na cadela. Manifestado até a quarta semana de vida, observa-se a tentativa de sucção quando se introduz um dedo na boca do filhote. Este reflexo labial inicia-se diante do contato dos lábios com um objeto que possa lembrar o mamilo. Neonatos sugam qualquer objeto, desde que este seja pequeno ou quente, tal qual um dedo. Durante a avaliação desse reflexo, pode-se perceber a coloração da mucosa oral, além de alterações como má formação da língua, fenda palatina entre outras. O primeiro reflexo perdido quando o filhote apresenta aspiração de líquido devido à presença de fenda palatina é o de sucção. Reflexo ano-genital e controle da defecação e micção os neonatos não defecam ou urinam espontaneamente. Esses reflexos são estimulados pelos atos de lambedura da mãe. No entanto, toda vez que o animal se alimentar ou no caso de estar muito debilitado, estes reflexos podem ser estimulados mediante suaves massagens com um pano úmido na região perianal ou abdominal, ou através da estimulação doânus e da genitália externa do neonato com um cotonete úmido. Após a terceira ou a quarta semana de vida, o filhote passa a apresentar um controle cortical sobre estas funções. Outros autores afirmam que isto pode ocorrer entre o 16° e o 20° dias. 54 Aprumo vestibular é utilizado para testar a capacidade do filhote em voltar ao decúbito esternal quando colocado em decúbito lateral, sendo feitas avaliações de ambos os lados – os membros do lado que está em decúbito devem ser flexionados e os do lado oposto estendidos. Muito utilizado logo após o nascimento e no período da amamentação. Reflexo de dor confundindo com o reflexo de flexão, baseia-se na aplicação de um estímulo doloroso ou de uma pressão mediana no espaço interdigital dos membros anteriores e posteriores. A resposta fisiológica esperada é a flexão do membro, e ocorre até três semanas de vida. Esta abordagem representa uma avaliação empírica e pode ser realizada no ambulatório cirúrgico logo após a cesariana, no intuito de avaliar o estado neurológico do filhote (SORRIBAS, 2004). 4.2.3 Características fisiológicas e anatômicas de um paciente Neonato É importante considerar o impacto das alterações fisiológicas e anatômicas no tratamento anestésico dos pacientes neonatos (Quadro 2). 4.2.3.1 Termorregulação Até a terceira semana de vida, os filhotes de cão e de gato não possuem um sistema termorregulador maduro, portanto são dependentes do calor irradiado do corpo da mãe para manutenção de sua temperatura corporal normal. Eles não têm o controle hipotalâmico necessário para a manutenção da temperatura (MOSLEY; MOSLEY, 2011). A mensuração pode ser realizada com um termômetro digital, porém alguns ainda a fazem com o termômetro de vidro até a terceira semana por não confiarem na acurácia deste instrumento. A temperatura retal de um recém-nascido está entre 34,5 e 36°C no primeiro dia de vida e se mantém entre 36 e 37°C durante as duas primeiras semanas e pode haver variação de acordo com o ambiente. Após uma ou duas semanas, há um aumento gradativo até atingir 37,5°C, na quarta semana (MOSLEY; MOSLEY, 2011). Alguns autores afirmam que o cão nasce com a temperatura corporal da mãe, que decresce rapidamente até 35-36°C pela evaporação dos líquidos fetais e sua 55 relação com o meio ambiente. A mesma oscila, na primeira semana, entre 35 e 37,2°C e, na segunda, entre 36,1 e 37,8°C para ser semelhante a do adulto na quarta semana (MOSLEY; MOSLEY, 2011). Segundo Rocha et al (2003), a temperatura retal normal de filhotes de cão e gato na primeira semana de vida varia de 35 a 37,2°C e de 36,1 a 37,7°C na 2ª e 3ª semana e ao desmame a temperatura retal se aproxima a do adulto. No cão e gato adulto, a hipotermia é divida em classes, segundo sua gravidade, em leve (temperatura >32°C), moderada (temperatura entre 28°C e 32°C) e severa (temperatura < 28°C). Pacientes pediátricos apresentam uma ausência de uma quantidade significativa de gordura corporal isolante, predispondo-os a hipotermia. No período perianestésico, os pacientes jovens são ainda mais suscetíveis à hipotermia devido aos efeitos dos agentes anestésicos sobre o centro termorregulatório e à perda de tônus vasomotor periférico. Durante a anestesia, a produção de calor é reduzida, e a perda de calor através da condução, convecção, evaporação e irradiação, é facilitada (MOSLEY; MOSLEY, 2011). A hipotermia pode resultar em alterações cardiovasculares como bradicardia, hipotensão, diminuição do débito cardíaco e arritmias; além de maior tempo de metabolização dos fármacos; aumento da incidência de infecções e atraso na cicatrização das feridas cirúrgicas (GRANDY; DUNLOP, 1991; MEYER, 2012, MOSLEY; MOSLEY, 2011). Pode afetar ainda a resposta do sistema imune celular e humoral, além de causar desconforto e inquietude na recuperação anestésica (PETTIFER; GRUBB, 2007). Cortopassi & Carvalho (2009) concorda que a hipotermia pode resultar em bradicardia e hipotensão arterial, as quais podem prolongar a eliminação do fármaco e a recuperação completa da anestesia. Os fatores que contribuem para seu desenvolvimento no paciente pediátrico incluem superfície corporal extensa em relação ao peso do corpo, incapacidade de produzir tremores, isolamento térmico deficiente, capacidade limitada de produzir vasoconstrição e imaturidade do sistema de termorregulação. Além disso, a redução da atividade muscular e o uso de soluções antissépticas na pele, principalmente soluções alcoólicas, podem colaborar com redução da temperatura. Diversas técnicas e medidas para prevenir e minimizar as perdas de calor podem ser tomadas durante todo o período perianestésico, como o fornecimento de 56 fonte de calor por meio do uso de colchões aquecidos, insuflação de ar quente, aquecimento dos fluidos de infusão, aquecimento das soluções de antissepsia, uso de soluções de antissepsia sem álcool, aquecimento dos panos de campo, restrição da área de depilação, redução da área e do tempo de exposição dos tecidos e cavidades no trans-cirúrgico ao ambiente, além de menor tempo cirúrgico (GRANDY; DUNLOP, 1991; HOSGOOD, 1992; ROCHA et al., 2003; MOSLEY; MOSLEY, 2011). A prevenção da hipotermia é preferível ao seu tratamento já que a tentativa do organismo em recuperar a temperatura normal tem consequências negativas visto que os neonatos não conseguem fazer isso sozinhos. Os tremores podem causar importante aumento no consumo de oxigênio (200 a 300%) que pode não ser acompanhado de uma adequada oferta de oxigênio principalmente se ocorrer hipoventilação por depressão anestésica (PETTIFER; GRUBB, 2007). A energia utilizada para restaurar a temperatura corporal normal pode consumir uma reserva crítica de glicose e predispor à hipoglicemia (PASCOE; MOON, 2001). O reaquecimento externo ou periférico rápido de um paciente com hipotermia grave pode provocar vasodilatação periférica e síndrome de reperfusão levando até mesmo a fibrilação, por este motivo, o reaquecimento deve ser central e gradual (ROCHA et al., 2003). Segundo Ardelean et al. (2008), intervenções cirúrgicas para ovariosalpingohisterectomia (OSH) em gatas filhotes com amplas áreas depiladas tricotomia, sobre a superfície fria da mesa cirúrgica, com grande incisão e exposição da cavidade abdominal, apresentam maior queda da temperatura corporal e que pode evoluir para complicações pós-cirúrgicas. 4.2.3.2 Sistema Cardiovascular A auscultação é a maneira eficiente de avaliar a qualidade da função cardíaca. Devido à freqüência cardíaca muito rápida, é difícil auscultar cães e gatos recém nascidos. Uma campânula (2cm) e um diafragma (3cm) de tamanho infantil adaptado a um estetoscópio padrão aumentam a possibilidade de ouvir um murmúrio cardíaco anormal. A palpação torácica também pode ser realizada como forma de avaliar os batimentos, levando em consideração a dificuldade de se localizar os sons cardíacos e avaliação dos pulsos. Segundo Moon et al. (2001) e Crissiuma et al. (2005), a freqüência cardíaca nas primeiras 24 horas de vida varia 57 de 200 a 250 batimentos por minuto (bpm), sofrendo alteração com o tempo: 220bpm na primeira semana; 212bpm na segunda semana e assim por diante, até alcançar o número de batimentos de um animal adulto. (Quadro 1) Para Hoskins (1997), a freqüência cardíaca é superior a 200bpm em cães e gatos neonatos até duas semanas de idade; Prats (2005) descreve que os batimentos cardíacos oscilam entre 210-220bpm, enquanto Leal et al. (2005) afirmaram que a freqüência normal é de aproximadamente 200bpm. Em relação aos adultos, os animais jovens possuem musculaturacardíaca menos contrátil, complacência ventricular menor e os barorreceptores não estão desenvolvidos adequadamente. Ao nascimento, a inervação simpática ainda é imatura, e continua a se desenvolver. Como resultado, o coração é incapaz de aumentar a força de contração, e o débito cardíaco depende principalmente da freqüência cardíaca. Dessa forma a bradicardia (menos de 150bpm) é um grave problema, uma vez que interfere indiretamente também na pressão arterial. (CORTOPASSI; CARVALHO, 2009) Os pacientes pediátricos são menos capazes de compensar perdas agudas de sangue; volumes pequenos (5 a lO mililitro por quilo (mL/kg) de sangue perdido) podem resultar em taquicardia e hipotensão em porcos com uma semana de idade. É importante ressaltar que a administração de fluidos é imprescindível, mas como os ventrículos são menos complacentes, os animais jovens têm habilidade limitada em aumentar o débito cardíaco em resposta ao volume administrado. (CORTOPASSI; CARVALHO, 2009) QUADRO 1- PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA E FREQUÊNCIA CARDÍACA EM FILHOTES DE CÃES ACORDADOS Idade (semanas) Pressão arterial média (mmHg) Frequência cardíaca (bpm) Até 2 45 200-250 4 49 173 8 55 150 12 62 130 16 74 120 20 75 110 24 83 95 28 92 85 36 94 71 Fonte: Magrini, 1978. 58 4.2.3.3 Sistema Respiratório A taxa de consumo de oxigênio no neonato é de duas a três vezes maior que nos adultos. Como o volume corrente de cães e gatos com mais de um mês é aproximadamente o mesmo que o do adulto, a freqüência respiratória deve ser duas a três vezes maior para aumentar o volume/minuto necessário para essa maior demanda de oxigênio (CORTOPASSI; CARVALHO, 2009). Hoskins (1997) descreveu que valores de 15 a 35 respirações por minuto (freqüência respiratória) persistem até a terceira semana de vida, enquanto que para Poffenbarger et al. (1990) esses valores apresentam-se apenas na primeira semana de vida. Como a maioria dos agentes anestésicos deprime a ventilação, é necessária a manutenção de freqüência respiratória elevada para que não ocorram hipoxia e hipercapnia. Dessa forma, com a ventilação alveolar alta, há aumento das trocas gasosas e a indução e a recuperação da anestesia inalatória são rápidas. Os neonatos têm menos alvéolos que os adultos (um terço da área alveolar) com pressão pleural no final da expiração zero devido à complacência da parede torácica. Assim, as forças que mantém o alvéolo preenchido no final da expiração são menores que no adulto. Além disso, a parede torácica do neonato colapsa na inspiração, a qual limita o grau de desenvolvimento da pressão pleural negativa. Portanto os neonatos têm dificuldade em gerar pressão suficiente para superar a pressão crítica necessária para reexpandir os alvéolos colapsados (CORTOPASSI; CARVALHO, 2009). Os quimioreceptores são menos sensíveis que nos adultos, de modo que apresentam redução na resposta aos níveis elevados de pressão parcial de dióxido de carbono no sangue arterial e níveis reduzidos de pressão parcial de oxigênio no sangue arterial. A resposta do recém-nascido à hipóxia é caracterizada por hiperpnéia transitória seguida de uma menor frequência respiratória ou mesmo apnéia (GRUNDY, 2006). Pode ocorrer bradicardia no cão neonato com o decréscimo da pressão parcial de oxigênio ao invés de taquicardia, a qual seria a resposta esperada após hipoxemia nos adultos (POFFENBARGER, et al., 1990) Os riscos de ocorrer obstrução de via área são maiores nos animais jovens que nos adultos e a intubação traqueal é mais difícil, uma vez que a laringe e a traquéia são estreitas e a cartilagem é menos rígida. Essas obstruções, assim como 59 qualquer outra causa de apneia, são bastante deletérias, uma vez que os neonatos têm maior suscetibilidade à hipóxia. (CORTOPASSI; CARVALHO, 2009) Ainda, o uso criterioso de ventilação com pressão positiva previne a hipoventilação e a atelectasia, mas deve ser cuidadosa para evitar o barotrauma (GRANDY; DUNLOP, 1991). Grandy e Dunlop (1991) sugerem que filhotes de cães e gatos entre 4 a 12 semanas de vida permaneçam com respiração espontânea durante a anestesia. 4.2.3.4 Sistema Hepático As imaturidades hepática contribue para a diferença entre os jovens e os adultos na biotransformação e na eliminação de fármacos. Para a biotransformação de salicilatos em cães jovens, por exemplo, é necessário aguardar 30 dias após o nascimento para que haja o desenvolvimento máximo das enzimas microssomais hepáticas. Entretanto, há indicação de que os cães necessitam de cerca de 145 dias para maturação de sistemas enzimáticos. (MOSLEY; MOSLEY, 2011). A gliconeogênese hepática, a glicogenólise hepática, a síntese protêica e o metabolismo de ácidos biliares estão reduzidos nos filhotes e alcançam valores de adulto após a 8ª semana de vida. (MATA; PAPICH, 2011). Estes decréscimos podem contribuir nas alterações do metabolismo e alterar a distribuição de fármacos que se ligam as proteínas plasmáticas (MATA; PAPICH, 2011). A hipoalbuminemia resulta no aumento da fração livre dos fármacos que se ligam a estas proteínas no plasma e consequentemente há uma maior intensidade dos efeitos, como ocorre com os barbitúricos, a cetamina, o etomidato e os AINEs (PETTIFER; GRUBB, 2007). Embora o animal em jejum possa manter níveis estáveis de glicemia por 24 horas, o fígado do neonato tem estoques mínimos de glicogênio, que declinam rapidamente com o jejum. Em estudo em cães recém-nascidos, observou-se que as concentrações de glicogênio hepático reduziram-se cerca de 31% em relação ao nascimento após 24 horas de jejum. A neoglicogênese, entretanto, ocorre no fígado do neonato após 9 horas sem alimento. Desta forma, jejum pré-operatório longo ou atraso no retorno ao alimento no pós-operatório devem ser evitados (HOSGOOD, 1992). 60 Concentrações mais baixas de albumina plasmática também estão presentes nas primeiras 8 a 12 semanas de vida. Isso pode ser uma consideração importante para os fármacos com alta ligação proteÍca que podem exercer um efeito clínico maior como resultado da quantidade maior de fármacos livres ativos no plasma. Entretanto, isso é raramente observado com os anestésicos comumente utilizados, isso pode ser parcialmente devido ao fato de que a maioria das substâncias anestésicas são tituladas para fazer efeito, ao invés de serem administradas como uma única dose intravenosa em bolus. Em geral, é prática comum é evitar drogas que requeiram um grande metabolismo hepático em neonatos, ou aumentar significativamente os intervalos entre as doses (MOSLEY; MOSLEY, 2011). 4.2.3.5 Sistema Renal A função renal também está imatura, o desenvolvimento da filtração glomerular continua por 2 a 3 semanas e a secreção tubular, 4 a 8 semanas após nascimento, resultando em excreção renal inadequada dos fármacos, principalmente anti-inflamatórios não esteroides (AINE) e as benzodiazepinas, baixo fluxo sanguíneo renal e baixa a capacidade de concentração da urina (MOSLEY; MOSLEY, 2011). Os valores de referência da urinálise incluem baixa densidade urinária, enquanto a glicose e a proteína urinaria podem estar mais elevadas. Geralmente, isto significa que, durante este periodo de vida, os animais podem não ser capazes de tolerar grandes cargas de fluidos e não ter a capacidade de poupar fluídos quando se encontrar diante de uma ingestão diminuída. Uma atenção cuidadosa ao estado de hidratação é muito importante no período perianestésico. Como às vezes é mais difícil avaliar a hidratação nos neonatos com base nos sinais clínicos como o teste cutâneo, avaliações de peso em série
Compartilhar