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Aula 5 APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO MOTOR UNIP

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A Ampulheta Triangulada: um modelo para a vida inteira
	
	Com o que já estudamos da disciplina, podemos ver que os limites etários de cada fase do desenvolvimento devem ser vistos apenas como uma orientação e um critério a ser tomado para que possamos estudar as fases e distingui-las uma das outras. Tudo isso irá depender de uma ampla interação genética e ambiental que pode nos apresentar indivíduos com 2 anos que não sabem andar e nem falar; ou um garoto de 10 anos que já está na fase de movimentos especializados na ginástica, porém apenas no estágio elementar em tarefas manipulativas. Embora muito da educação física siga no sentido da especialização de movimentos esportivos - principalmente partindo da adolescência – temos que manter as crianças pareadas com as crianças de sua idade e desenvolvem uma amplitude em seu vocabulário motor.
	Durante o estudo dos principais autores e teorias do desenvolvimento humano pudemos observar apenas pontos de vista isolados e em alguns casos conflitantes. Vimos também que muitas teorias apresentam falhas em sua construção teóricas e que isso torna mais complicado a aplicação dessas informações na prática, durante o dia-dia de um profissional de Educação Física. Para tentar amenizar essa questão, o pesquisador Gallahue (autor de um dos livros da bibliografia básica da disciplina) sugeriu um modelo teórico que não busca a abrangência e sim um instrumento heurístico que fornece orientações de descrição e explicação gerais sobre o desenvolvimento motor.
Um instrumento heurístico é uma metáfora ou uma forma de resolver problemas complexos utilizando soluções mais simples (embora imperfeitas). É uma forma de caracterizar um fenômeno de forma ampla para ajudar na compreensão. Um ponto importante é que um instrumento heurístico não chega a conclusões como “certo” e “errado” e sim “mais úteis” ou “menos úteis”. Muito da construção desse instrumento heurístico é baseado em observações e na experiência pessoal. Para termos uma ideia melhor basta pensar no conceito de algoritmo que é uma sequência de informações que combinadas, chegarão em um resultado específico. Por exemplo, se digitar no google “musculação e emagrecimento” você chegará ao mesmo resultado todas as vezes até que alguma outra matéria seja publicada na internet sob esse tema. Isso acontece graças ao algoritmo de busca do google. O estudo do desenvolvimento humano através de interpretações heurísticas é muito comum e é uma forma de se desenvolver conhecimento para que em um momento as informações possam criar um algoritmo.
	Para compreendermos essa representação vamos observar novamente a ampulheta que representa as fases do desenvolvimento. Nessa ampulheta precisamos colocar o elemento principal que é a areia (no caso do desenvolvimento, a vida). A areia que vai preencher essa ampulheta vem de dois recipientes diferentes. Um recipiente é o hereditário (genético), esse recipiente tem uma tampa e sua quantidade de areia é fixa. O outro recipiente, o ambiental, já não tem tampa, de forma que pode ser acrescentada mais areia nessa ampulheta vinda desse recipiente. De forma figurativa, é possível ir ao monte de areia (vida), pegar mais areia e continuar enchendo a ampulheta.
Os dois recipientes são altamente influentes no desenvolvimento e não tem sentido a discussão sobre qual é o fator mais importante (genético ou ambiental), no final das contas a areia que vai preencher a ampulheta vai estar misturada e nunca iremos saber com precisão de onde veio cada característica apresentada pelo indivíduo em movimento.
Agora que já estudamos todas as etapas e fases do desenvolvimento, um ponto que pode ser discutido é que no início do desenvolvimento (fases reflexas e rudimentares), existe uma contribuição enorme da areia vinda da hereditariedade. A progressão sequencial do desenvolvimento motor é bem rígida durante seu início e pode ter vários aspectos previsíveis. Por exemplo, no mundo inteiro as crianças aprendem a sentar antes de ficar de pé, a ficar de pé antes de caminhar e a caminhar antes de correr. Porém, podemos imaginar situações extremas onde o fator ambiental pode interromper essa progressão. Cada tarefa (movimento) tem uma série de exigências mecânicas e físicas, caso uma criança nunca tenha uma forma de apoio para se segurar, puxar e ficar de pé (um fator condicionante ambiental) essa criança vai ter que esperar até tenha um equilíbrio suficiente (fator biomecânico) e força nos membros inferiores (fator físico) para poder ficar em pé sem auxílio.
Se observarmos o desenvolvimento de forma leviana, podemos nos enganar, pois a impressão que temos é que as crianças aprendem “naturalmente” a andar, correr, saltar e brincar. Com base no que já aprendemos sabemos que isso não é verdade e que a maior parte das crianças precisa de um ambiente seguro, estímulo e instrução para que isso aconteça.
Em um determinado ponto, a ampulheta é virada e essa virada depende mais de fatores sociais e culturais do que da condição física do indivíduo. Podemos imaginar o final da adolescência (por volta de 20 anos) para essa ampulheta virar e a areia começar a escoar. Esse é um período onde o indivíduo começa a ter maiores responsabilidades sobre a própria vida e não tem mais tempo para adquirir novas habilidades ou mesmo treinar para mantê-las.
Existem vários aspectos interessantes no momento de virada dessa ampulheta que precisamos considerar. Um desses é que a descida da areia vai passar por dois filtros. Um filtro é o hereditário, característica na qual não podemos alterar. Por exemplo, um indivíduo pode ter herdado uma predisposição para longevidade ou para uma doença neurodegenerativa. A areia que passa por esse filtro não volta mais, porém ela pode ser controlada por outro filtro chamado estilo de vida. A densidade desse filtro chamado estilo de vida é determinado por vários fatores como aptidão física, nutrição, exercício, gerenciamento de estresse, bem-estar social e espiritual. Esse filtro é todo construído com base ambiental e nós temos muito controle da taxa de escoamento da areia que passa por ele. 
Nós, profissionais de educação física, educadores, pais, profissionais que cuidam da saúde, temos a oportunidade de encher as ampulhetas das crianças em desenvolvimento e também auxiliá-las a desenvolver filtros mais densos para que o escoamento seja lento. Também devemos lembrar que temos a possibilidade de colocar areia na ampulheta mesmo quando ela virou de cabeça para baixo. Cada indivíduo deve ter a oportunidade de ter consciência, aprendizado e poder optar como vai gerenciar sua “ampulheta de vida”.
Um fator muito importante é considerarmos que o desenvolvimento a partir desse modelo ilustrativo da ampulheta é descontínuo. Um processo que pode ser dividido em fases e estágios para estudo, e que na realidade é muito variável. Imagine o formato que a areia vai tomando conforme ela vai caindo no fundo da ampulheta (como se fosse um monte), isso nos mostra que em alguns movimentos possamos estar em fases diferentes do que outros. Um indivíduo pode estar no estágio elementar em algumas habilidades e no estágio de proficiência em outras no mesmo ponto do desenvolvimento. O desenvolvimento motor visto como um processo descontínuo, é de fato um processo dinâmico (não linear) que ocorre em um sistema auto-organizado (ex.: a “ampulheta”).
Bibliografia Básica 
GALLAHUE, D. L.; OZMUN, J. C. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças, adolescentes e adultos. São Paulo: Phorte, 2005.
TANI, G. (ed). Comportamento motor: aprendizagem e desenvolvimento. Rio de Janeiro:Guanabara Koogan, 2005
SCHIMIDT, R. A. Aprendizagem e performance motora: dos princípios à prática. São Paulo: Movimento, 1993.
Bibliografia Complementar 
BARREIROS, J.; GODINHO, M.; MELO, F.; NETO, C. (eds). Desenvolvimento e aprendizagem: perspectivas cruzadas. Lisboa: FMH Eduções, 2004.
SCHIMIDT, R. A.; WRISBERG, C. A. Aprendizagem e performance motora: uma abordagem da aprendizagem baseada no problema. 2ª ed. Porto Alegre:Artmed, 2001.
SHEPHARD, R. J. Envelhecimento, atividade física e saúde. São Paulo: Phorte, 2003.
MAGIL, R. A. Aprendizagem motora: Conceitos e aplicações. 5 ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2000.
GUEDES, G. Aprendizagem motora. Problemas e contextos. Lisboa: Edições FMH, 2001.

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