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Inquérito Policial e Ação Penal

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DIREITO PENAL
MATERIAL DE APOIO
SUMÁRIO
INQUÉRITO POLICIAL
Conceito: trata-se de um procedimento inquisitorial, ou seja, que não observa o devido processo legal, especificamente no que toca a preservação dos direitos e garantias fundamentais.
Natureza Jurídica: é uma instrução provisória, preparatória e informativa, em que se colhem elementos por vezes difíceis de obter na instrução judiciária, como auto de flagrante, exames periciais, entre outros.
Finalidade: o inquérito tem como finalidade principal instruir a ação penal, apurando os fatos que vieram configurar o delito. Servirá tão só para fornecer elementos informativos para o Ministério Público, não tendo finalidade punitiva, mas apenas investigativa.
Presidência: conforme a Constituição Federal, em seu art. 144, § 4º, o inquérito é presidido por uma autoridade pública, no caso, a autoridade policial que é o delegado de polícia.
Características: o inquérito policial será analisado conforme suas características, desta forma será: 
Escrito: o art. 9º do CPP define que: “Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.”;
Instrumental: pois não precisa integrar como um todo a persecução penal;
Dispensável: no caso de o Ministério Público já possuir os elementos necessários para promover a ação, art. 39, §5º, do CPP;
Sigiloso: conforme o art 20 do CPP, que dispõe que “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.”. O sigilo não se estende ao juiz, Ministério Público e aos advogados, conforme a súmula vinculante 14, do STF, que só terão acesso aquilo que está documentado;
Inquisitivo: o inquérito é por sua própria natureza, inquisitivo, ou seja, não concede ao indiciado ou suspeito a ampla oportunidade de defesa, produzindo e indicando provas, oferecendo recursos, apresentando alegações, entre outras atividades que, como regra, possui durante a instrução judicial (NUCCI, 2015, p.124);[1: NUCCI, Guilherme de Souza, Manual de processo penal e Execução penal.12.ª ed. rev. atual. ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2015.]
Informativo: pois ele fornece informações ao Ministério Público, mas os elementos nele colhidos só importam para iniciar a ação penal e não podem ser utilizados para a condenação;
Indisponível: conforme o art. 17, do CPP, o delegado não pode arquivar o inquérito policial, pois uma vez instaurado, tende de ir até o fim. O arquivamento é feito pelo juiz a pedido do Ministério Público;
Temporário: o inquérito policial possui um prazo para sua conclusão, que varia de acordo com a natureza da infração penal cometida. Conforme a regra contida no art. 10, do CPP, a conclusão do inquérito deverá ocorrer no prazo de 10 dias quando o indiciado tiver sido preso em flagrante ou preventivamente. Ou, quando estiver solto (mediante fiança ou sem ela), no prazo de 30 dias.
Formas de instauração do inquérito policial – art 5º, do CPP
Art. 5o  Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
I - de ofício;
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 1o  O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência.
§ 2o  Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia.
§ 3o  Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.
§ 4o  O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.
§ 5o  Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la.
De ofício – art. 5º, inc. I, do CPP: pode ser mediante portaria ou A.P.F (Auto de Prisão em Flagrante). Ao tomar conhecimento da prática de um fato delituoso a autoridade tem a obrigação de instaurar o inquérito policial, independente de provocação, seja uma denúncia verbal ou por escrito feito por qualquer do povo.
Mediante requisição do juiz ou MP  – art. 5º, inc. II, (1ª parte) do CPP: pelo sistema acusatório não se mostra adequado a requisição feita pelo magistrado. Nesses casos os juízes devem comunicar ao MP a ocorrência de uma infração penal na qual tenham tomado conhecimento no exercício de suas funções, sob pena de incorrerem em crime de prevaricação. Cabe ao MP não só exercer o direito de ação penal cabível como também efetuar o controle externo da polícia, zelando por sua eficiência e legalidade. Logo, não só compete propor a respectiva ação, como também preservar seu início e desenrolar.
Requerimento do ofendido ou representante legal – art. 5º, inc. II, (2º parte) do CPP: ao contrário da requisição, o requerimento não obriga o delegado de polícia a instaurar o inquérito policial, art. 5º, §2º, do CPP. Compete à autoridade policial no, uso de suas atribuições avaliar o cabimento da solicitação e, em caso de haver dúvidas quanto ao requerido, poderá verificar a procedência das informações. 
O requerimento para instauração de inquérito policial pode ser feito em crimes de ação pública ou privada. No último caso, o requerimento não interrompe o curso do prazo decadencial.
Se o crime for de ação pública, mas condicionada à representação do ofendido ou do seu representante legal (art. 31 do CPP), o inquérito não poderá ser instaurado senão com o oferecimento desta.
Prisão em flagrante: é a chamada de cognição coercitiva, onde o inquérito policial é instaurado mediante a A.P.F (auto de prisão em flagrante) e não através de portaria. Neste caso, o A.P.F será a primeira peça do inquérito.
Qualquer do povo – art. 5º,§ 3º, do CPP: qualquer pessoa do povo, muitas vezes, sem um interesse jurídico específico, terá o direito de informar à autoridade policial, de forma verbal ou por escrito, a respeito de um ato de infracional, que receberá essa notícia com resguardo e verificará a prodedência de tais informações.
Indiciamento – Lei 12.850/13: é o ato pelo qual a autoridade policial reconhece formalmente os indícios de autoria e a materialidade que recai sobre o suspeito. O indiciamento pode ser direto, é o feito na presença do indiciado, e o indireto quando ausente o indiciado.
AÇÃO PENAL
Conceito: é o direito subjetivo público autônomo e abstrato de invocar a tutela jurisdicional do Estado para que este resolva conflitos provenientes da prática de condutas definidas em lei como crime.
Natureza Jurídica: tem natureza jurídica de Direito Processual Penal (arts. 24 a 62, CPP), e é oferecida de acordo com o Código Penal (arts. 100 a 106, CP), apresentando caráter penal e estando relacionada ao Direito de Punir do Estado. Sendo, assim, deve-se observar o princípio da retroatividade da lei mais benigna ou da irretroatividade da lei mais gravosa (art. 5º, inc. XL, da CF).
Condições da Ação: são aquelas condições mínimas que a lei prevê (art. 395, CPP).
O direito de ação só poderá ser exercido se preenchidas as condições para tal, que são:
Possibilidade jurídica do pedido: a pretensão do autor da ação deve versar sobre providência admitida pelo direito objetivo. Sendo assim, é indispensável para a propositura da ação que a causa de pedir constitua fato típico (previsto no ordenamento jurídico como crime).
Interesse de agir: a viabilidade da ação penal está também condicionada à sua necessidade - que refere-se ao processo, meio fundamental para obtençãoda pretensão e imposição da pena (quando houver extinção da punibilidade, por exemplo, não há mais necessidade da ação); utilidade - é inerente à eficácia da prestação jurisdicional, que não estará presente no caso da prescrição retroativa, por exemplo (tal entendimento não é totalmente pacífico); e adequação entre o pedido e o processo penal condenatório.
 Legitimação para agir: a ação penal só poderá ser iniciada se proposta pela parte que tenha o direito de punir. Assim, na ação penal exclusivamente pública, por exemplo, somente o Ministério Público pode ocupar o pólo ativo da demanda. Além disso, somente deve figurar no pólo passivo o provável autor da infração penal (suspeito). Sendo assim, na ação privada o ofendido possui legitimação extraordinária, posto que possui apenas o direito de acusar o suspeito, e não de puni-lo.
Espécies de Ação Penal: a divisão é subjetiva, em função da qualidade do sujeito que detém a sua titularidade. De acordo com esse critério, as ações são classificadas em ação penal de iniciativa pública e ação penal de iniciativa privada. A primeira subdivide-se em ação penal pública condicionada que pode ser por representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça e a ação penal pública incondicionada, prevista no art. 129, inc. I, da CF, que é função institucional do Ministério Público. Já a ação penal privada pode ser principal (ou exclusiva), personalíssima e subsidiária da pública.
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