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Poder Constituinte Derivado nos Estados

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18/08/2015 Untitled Document
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DISCIPLINA: Direito Constitucional I
 
Semana 4
IV­ PODER CONSTITUINTE DECORRENTE (IGUALMENTE DERIVADO)
A Constituição Federal determina aos Estados Federados a organização por meio de uma
Constituição Estadual abre aos estados a incumbência de organizarem­se a partir de Pelas
características o Poder Constituinte estadual é derivado, pois deve sua existência à Constituição
Federal (art. 25).
É limitado, pois não pode violar a Constituição, segue as regras de exercício previsto na
Constituição, assim, é limitado e condicionado.
O Poder Constituinte Derivado poder Reformado ou Decorrente.
Na Federação existe a modalidade presente nos Estados, por isso que a doutrina usa o termo
para denominar o Poder Constituinte Derivado Típico (que reforma a Constituição) e chama de
Poder Constituinte Derivado Decorrente o poder estadual para elaboração das Constituições
estaduais.
O Poder Constituinte Decorrente é derivado em virtude de suas características. É um poder
limitado pela própria Constituição Federal, pois sua existência deve­se a ela, além do que não
escapa a certos comandos de observância obrigatória, mormente pela unidade que caracteriza a
federação, aliás, alicerçada nos mesmos princípios fundamentais (art. 1º a 4º da Constituição
Federal) .
O art. 25 da Constituição Federal prevê a existência do Poder Decorrente e já deixa clara a
natureza limitada desse poder. Eis que o próprio caput diz que os estados farão suas
constituições observados os limites impostos na Constituição Federal.
A doutrina costuma apresentar uma classificação desses princípios que os Estados devem
respeitar no uso do Poder Constituinte Decorrente, que são:
A­                Princípios Constitucionais Estabelecidos
B­                Princípios Constitucionais Sensíveis
C­                Princípios Constitucionais Extensíveis
Os Princípios Constitucionais Estabelecidos são aqueles que impõe ao Poder Decorrente
limitações implícitas ou explícitas, diretas ou indiretas.
As limitações diretas (explícitas) impõe textualmente aos Estados certas vedações, por exemplo,
o art. 19, que diz:
É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I ­ estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná­los, embaraçar­lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de dependência
ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse público;
II ­ recusar fé aos documentos públicos;
III ­ criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si.
Nas limitações indiretas (implícitas) é possível concluir a vedação aos Estados por exclusão,
porque a Constituição faz referência aos outros entes, por exemplo, o art. 21 da CF, que prevê
as competências exclusivas da União, assim, se compete à União, por exclusão, a matéria não
poder ser tratada pelos Estados.
Os Princípios Constitucionais Sensíveis são expressamente relacionados pela Constituição, e
se forem violados pelos Estados provocam a Intervenção Federal da União no Estado
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transgressor.
Os princípios são os do art. 34, VII, da CF que diz a
União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
VII ­ assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático;
b) direitos da pessoa humana;
c) autonomia municipal;
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta.
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais,
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.
Os Princípios Constitucionais Extensíveis são aqueles que disciplinam a organização
somente da União Federal e que pela importância que possuem devem ser reproduzidos pelas
Constituições estaduais, por isso extensíveis.
A doutrina reconhece a importância que esses princípios tem, sobretudo para o Federalismo,
mesmo no silêncio, os Estados devem reproduzir, por exemplo, as normas da Constituição
Federal que tratam do processo legislativo (art. 59 e seguintes), pela importância que tem essa
matéria de serem uniformizadas, porém, o Estado não precisa reproduzir exatamente, mas ser
similar.
É claro, que, quando houver essa transposição deve­se aplicar aos Estados de acordo com suas
próprias características. O Poder Legislativo dos Estados é unicameral e não bicameral. Essa
forma de adaptação dos princípios extensíveis às constituições estaduais, às características
típicas do Estado chama­se princípio da simetria.
O Supremo Tribunal Federal mantém essa aplicação em nome da uniformidade da estrutura
federativa brasileira.
 
V­ PODER CONSTITUINTE  E A POSIÇÃO DOS MUNICÍPIOS e DO DISTRITO FEDERAL
A Constituição Federal considerou o Município e o Distrito Federal também como entes da
Federação; componentes caracterizadores da Federação brasileira. No concernente aos
municípios foi uma inovação, tanto que é a única Constituição do mundo que tomou essa
posição, de acordo com seus arts. 1o e 18:
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
e Municípios e do Distrito Federal, constitui­se em Estado Democrático de Direito e
tem como fundamentos:
I ­ a soberania;
II ­ a cidadania
III ­ a dignidade da pessoa humana;
IV ­ os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V ­ o pluralismo político.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de
representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.
...
Art. 18. A organização político­administrativa da República Federativa do Brasil
compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
nos termos desta Constituição.
 
A­ MUNICÍPIOS
Ocupando, portanto, esse status, o Município passou a ser reconhecido como ente da federação
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de terceiro grau, a União seria de primeiro grau, e os Estados e o Distrito Federal seriam de
segundo grau, isso provocou o surgimento de uma discussão, como os Municípios passariam a
ser entes da Federação e tendo competência para elaborar as LEIS ORGÂNICAS, teriam ou não
poder constituinte (decorrente)? Imediatamente antes da Constituição Federal de 1988, portanto,
sob a égide da Constituição anterior (1967/69) não era conferida autonomia aos municípios, uma
vez que os Estados é que faziam as leis orgânicas dos seus municípios.
A Constituição Federal deixou claro e atribui o poder de elaborar as leis orgânicas aos próprios
municípios.
O que é lei orgânica? É algo semelhante a uma Constituição municipal, entretanto, a posição que
tem prevalecido na Jurisprudência é a de não reconhecer o status de Constituição à Lei Orgânica
municipal. O que significa, na prática, e com muita importância, que a violação à Lei Orgânica
municipal gera ilegalidade e não inconstitucionalidade.
 
B­ DISTRITO FEDERAL
O Distrito Federal é um ente sui generis, organizado por Lei Orgânica, e como o próprio
Supremo Tribunal Federal já decidiu, a parte da Lei Orgânica que trata de matéria que seria
estadual tem status de norma constitucional, pode, inclusive, ser impugnada por Ação Direta de
Inconstitucionalidade; mas a parte da Lei Orgânica que trata de matéria que seria do Município
não tem status de norma constitucional, e não pode ser impugnada por ADIN. É um modelo
misto em virtude da natureza híbrida deste ente.
 
VI­ PODER CONSTITUINTE REFORMADOR NA CF/88
Atualmente, o único instrumento previsto para a reforma da ConstituiçãoFederal é a emenda
prevista, a propósito, no art. 60 da Carta Magna.
Também já existiu no atual ordenamento jurídico um outro mecanismo denominado Revisão
Constitucional prevista no art. 3o dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, porém,
não existe mais, porque foi prevista uma única revisão, já ocorrida em 1994. Isto gerou
polêmicas, até mesmo a natureza da revisão dos ADCT, pois o art. 3o é sucinto, sem
informações detalhadas, diz ele
“A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da
Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em
sessão unicameral”.
Não previu data específica, nem prazo final, e o sistema de votação interna e o quorum, por ser
sucinto gerou controvérsia.
Até mesmo os Governos que queriam fazer outra Revisão já quedaram, afinal, a previsão estava
nas Disposições Transitórias, e a norma está no singular, mas como o dispositivo é sintético,
houve na época que antecedia à sua aprovação, em 1994, uma outra polêmica doutrinária, sobre
a natureza do Poder de Revisão.
A dúvida era que, para alguns a revisão seria manifestação do Poder Constituinte Originário
(José Afonso da Silva), como o art. 3o não mencionou que a revisão deveria respeitar as
cláusulas pétreas tratava de Poder Originário (ilimitado), esta posição não prevaleceu. Também,
não fosse isso a alteração daquilo que é estrutural na Constituição outra coisa não significaria
senão a revogação de uma Constituição por outro cravada pela rubrica da revisão ao invés da
ruptura com a ordem anterior.
A segunda posição, que prevaleceu, foi a que sustentou a natureza de Poder Derivado
Reformador, portanto, será a segunda modalidade de poder reformado no Brasil. E já estaria
implícita a necessidade de respeito às cláusulas pétreas. Como chegaram a essa conclusão?
Dizia a corrente, se a própria Constituição impôs a Emenda Constitucional o dever de respeitar
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cláusula pétrea, que é aprovada por quorum qualificado, o que se dirá da Revisão que tem um
quorum menor (maioria absoluta).
A Constituição Federal é um sistema de normas, devendo ser interpretado no seu conjunto, por
isso prevaleceu que a Revisão tem natureza de Poder Constituinte Derivado.
 
VI­ A NOVA CONSTITUIÇÃO, A CONSTITUIÇÃO ANTERIOR E A LEGISLAÇÃO
INFRACONSTITUCIONAL ANTERIOR
Se a Constituição é suprema, o que acontece com a Constituição anterior? Haverá a revogação
total da Constituição anterior. Há uma alternativa, mas deveria constar na Constituição nova
(não é aplicado no Brasil), é a chamada desconstitucionalização. Nesta as normas da
Constituição anterior que não contrariarem a nova Constituição continuam valendo, mas com a
natureza de Lei Ordinária. Na França, houve um período de 1791 a 1850 que foi aplicado o
fenômeno da desconstitucionalização, pois o número de constituições era muito grande.
O que acontece com a Legislação infraconstitucional anterior à constituição nova? A lei
infraconstitucional anterior que não contraria a nova constituição continuará valendo, em vigor,
aplica­se o princípio da recepção.
Agora, a lei infraconstitucional que não for compatível com a nova constituição é considerada
como revogada. Assim entende o Supremo Tribunal Federal. Para nós seria mais interessante
compreender que a norma infraconstitucional perdeu fundamento de validade.
 
PARA RESPONDER, PESQUISAR E REFLETIR.
1)                 O que significa poder Constituinte Decorrente?
2)                 Fale os princípios a serem observados pelo poder constituinte decorrente? Fale sobre a
simetria.
3)                 Qual a situação constitucional dos municípios no que tange à sua organização
fundamental?
4)                 O que significa desconstitucionalização?
5)                 O que significa o fenômeno da recepção no âmbito da aula estudada?

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