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Radioatividade APS

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Introdução 
A radioatividade pode proporcionar uma qualidade de vida melhor: emprego na medicina, obtenção de energia elétrica dos reatores nucleares, produção de bens de consumo a partir da energia nuclear, e assim por diante. No entanto a radioatividade tem resíduos que são perigosos quando mal manipulados. O uso da radiação para a obtenção de um serviço (como energia elétrica) ou de um produto (como armas nucleares) produz resíduos que estão se acumulando como lixo nuclear numa velocidade acelerada. A presença do lixo nuclear, em todo o mundo, geralmente concentrado nas proximidades dos reatores, oferece risco à população. 
Estamos sempre expostos à radioatividade, normalmente conhecida como a radiação que vem do espaço ou emana da terra. De toda a radiação que recebemos, 87% tem origem natural. O restante provém principalmente de tratamentos médicos, dentre eles os raios X. 
Até o final do século XIX, se acreditava que o átomo era a menor partícula de qualquer matéria e se assemelhava a esferas sólidas. A emissão espontânea de radiações pelos núcleos atômicos mostrou que o átomo era composto de partículas menores: os prótons , os elétrons e os nêutrons. O núcleo é constituído por prótons e nêutrons e ao seu redor giram os elétrons. Descobriu-se que os átomos não são todos iguais. O átomo de hidrogênio, por exemplo, o mais simples de todos, possui 1 próton e 1 elétron (e nenhum nêutron). Já o átomo de Urânio-235 conta com 92 prótons e 143 nêutrons. 
Todas as coisas existentes na natureza são constituídas de átomos ou suas combinações. O núcleo do átomo, é onde fica concentrada a massa, como o Sol, e em partículas girando em seu redor, denominadas elétrons, equivalentes aos planetas, que ficam na eletros fera. Como o Sistema Solar, o átomo possui grandes espaços vazios, que podem ser atravessados por partículas menores do que ele. 
O número de prótons (ou número atômico) identifica um elemento químico, comandando seu comportamento em relação aos outros elementos. O núcleo do átomo é formado, basicamente, por partículas de carga positiva (Prótons) e de partículas de mesmo tamanho mas sem carga, denominadas nêutrons. A radioatividade ocorre porque as forças de ligações do núcleo são insuficientes para manter suas partículas perfeitamente ligadas.
Revisão bibliográfica 
A descoberta da Radioatividade é atribuída basicamente a três pessoas, o físico francês Antoine Henri Becquerel e ao casal Pierre Curie e Marie Curie, ganhadores do Prêmio Nobel de Física em 1903. Em 1895, Becquerel ao deixar acidentalmente uma rocha de urânio em um filme fotográfico notou que o filme havia sido marcado por algo que era emitido pela rocha, essa nova propriedade da matéria foi denominada de raios ou radiações. Notou que os sais de urânio emitiam uma radiação capaz de atravessar papéis negros e outras substâncias opacas a luz. 
Só então em 1896 incentivada por Antoine Henri Becquerel, a cientista Marie Curie começou a estudar o material que produzia tais radiações. Posteriormente tais estudos seriam introduzidos em sua tese de doutorado e então os termos radioativos e radioatividade seriam denominados para caracterizar a energia liberada espontaneamente por este novo elemento químico. Através de um equipamento que seu marido e professor Pierre Curie havia inventado para detectar cargas elétricas ao redor de amostras de minerais deu inicio ao seu estudo. Em 1898 ganhou um minério de Urânio chamado “pechblenda”, que através de testes, percebeu que tal material apresentava mais emissões radioativas do que se podia esperar de certa quantidade de urânio. Assim, notou que essa amostra deveria conter outra substancia para emitir radiação a mais. Verificou que quanto mais purificava o material removendo as substancias conhecidas, mais a “pechblenda” ficava radioativa. Através desses estudos, detectou dois novos elementos radioativos, o Radium e o Polonium em 1901.
Marie Curie ao revelar suas descobertas, apresentou uma minúscula partícula de puro sal de radio que pesava aproximadamente 0,1g e era um milhão de vezes mais radioativo do que o urânio. Até esse momento, era desconhecido os perigos da radioatividade.
No urânio, o núcleo do átomo possui 92 prótons, sendo por isso o elemento químico natural mais pesado conhecido. 
Em 1899, o físico inglês Rutherford identificou a natureza de dois tipos distintos de radiações emitidas por elementos naturais: as partículas alfas (α) e as partículas betas (β). Nesse mesmo ano o físico francês Villard descobriu um terceiro tipo de radiação, que passou a ser denominado raios gama (y) 
Comprovou-se que um núcleo muito energético, por ter excesso de partículas ou de carga como, por exemplo, o próprio Urânio, tende a estabilizar-se, emitindo algumas partículas. 
Assim, as radiações emitidas pelas substâncias radioativas são principalmente partículas alfa, partículas beta e raios gama.
A energia inicial com que essas partículas são emitidas pelos núcleos radioativos varia de um isótopo – emissor para outro. Quanto maior for a energia com que as partículas alfa são emitidas, maior será o seu poder de penetração quando bombardeia outras matérias. Em consequência, o poder de penetração das partículas no ar atmosférico varia de um para outro isótopo emissor. 
As partículas alfa são um dos resultados de estabilização de um núcleo com excesso de energia, constituído de um grupo de partículas positivas, contendo dois prótons e dois nêutrons, e da energia a elas associada. Por terem massa e carga elétrica maior que as outras, podem ser facilmente detidas, até mesmo por uma folha de papel; elas em geral não conseguem ultrapassar as camadas externas de células mortas da pele de uma pessoa, sendo assim praticamente inofensivas. Entretanto, podem ocasionalmente penetrar no organismo através de um ferimento ou por aspiração, provocando lesões graves. 
As partículas beta são constituídas de partículas emitidas por um núcleo, quando da transformação de nêutrons em prótons ou de prótons em nêutrons. São capazes de penetrar cerca de um centímetro nos tecidos, ocasionalmente danos à pele, mas não aos órgãos internos, a não ser que sejam engolidas ou aspiradas.
Raios gama, após a emissão de uma partícula alfa ou beta, o núcleo resultante desse processo, ainda com excesso de energia, procura estabilizar-se, emitindo esse excesso em forma de onda eletromagnética, da mesma natureza da luz, denominada radiação gama. São extremamente penetrantes, podendo atravessar o corpo humano, sendo detidos somente por uma parede grossa de concreto ou metal. As radiações gama são semelhantes ao Raios X.
Os elementos radioativos possuem um período de tempo que seu átomo precisa para desintegrar-se. Assim surgiu o termo Meia-Vida ou Período de Semidesintegração como o tempo necessário para desintegrar a metade dos átomos radioativos.
Após um tempo t, considerando o número de átomos radioativos inicial no, e a meia-vida P, tem-se:
1. o número de átomos não desintegrados n, será : n = no / 2x 
2. o tempo total decorrido: t = XP 
A radioatividade esta presente naturalmente no meio ambiente através da radiação que vem do espaço e em algumas substancias. Sua aplicação estende-se ao campo da medicina, agricultura, indústria, produção de energia, radioterapia, raio-x, e também porém menos benéfico na produção de armas nucleares. O uso crescente pelo homem desse tipo de material aumenta o risco de exposição, principalmente quando há acidentes com materiais radioativos. 
A contaminação por um composto radioativo é um processo químico de difusão desse composto no ar, de sua dissolução na água, de sua reação com outro composto ou substância, de sua entrada no corpo humano ou em outro tecido vivo. Os acidentes nucleares ocorridos em Windscale (Reino Unido – 1957), Chelyabinsk (Rússia – 1957), Three Mile Island (Estados Unidos – 1979 e Chernobyl (Rússia – 1986), contribuíram significativamente para a liberação de radionuclídeos no meio ambiente. 
No Brasil, o caso mais conhecidoocorreu em Goiânia. Devido ao “esquecimento” de forma irregular e irresponsável de um equipamento para tratamento de câncer em uma clinica desativada. O equipamento foi retirado do local por duas pessoas e aberto, ocasionando a morte de quatro pessoas de um total de duzentos e quarenta e nove contaminadas que tiveram contato direto ou indiretamente com o material. Pesquisas revelam que a poluição radioativa compreende mais de 200 nuclídeos, sendo que do ponto de vista de impacto ambiental, destacam-se o césio-137 e o estrôncio-90, devido às suas características nucleares como alto rendimento de fissão e meia-vida longa. O césio, por ser semelhante quimicamente ao potássio, tende a acompanhá-lo depositando-se parcialmente nos músculos e o estrôncio, semelhante ao cálcio, deposita-se nos ossos. 
Os materiais radioativos que não são utilizados em virtude dos riscos que representam são tratados de acordo com seu grau de periculosidade. Esses rejeitos radioativos, são classificados quanto a rejeitos de baixa, média e alta atividade. Os rejeitos de meia-vida curta são armazenados até atingirem os níveis de radiação semelhante ao do meio ambiente e só então são liberados. Rejeitos de baixa atividade, como luvas, aventais são colocados em sacos plásticos e guardados em tambores ou caixas de aço, após classificação e respectiva identificação. Os produtos de fissão, resultantes do combustível nos reatores nucleares, sofrem tratamento especial em Usinas de Reprocessamento. Os materiais radioativos restantes sofrem tratamento químico e são vitrificados, guardados em sistemas de contenção e armazenados em depósitos de rejeitos radioativos. 
Assim, radioatividade é definida como a capacidade que alguns elementos fisicamente instáveis possuem de emitir energia sob forma de partículas ou radiação eletromagnética. O trifólio, é o símbolo internacional que indica a presença de radiação no entorno, este símbolo deve ser respeitado e não temido.
Símbolo Internacional da Radioatividade
Aplicação na ciência e tecnologia 
No início do século XX após a descoberta de Marie Curie, as pessoas achavam que a radiação fazia bem para saúde. Acreditava-se que essa forma de energia tinha propriedades curativas, energizantes, renovadoras, afrodisíacas, etc. Isso porque era desconhecido até então seus efeitos a longo, médio e curto prazo. Assim devido a falta de informação, logo surgiram os mais diversos produtos radioativos à venda. 
Este anúncio incluía os dizeres “100% natural” pois continha Radio puro não refinado. Atualmente, o uso da radioatividade estende-se a áreas diversificadas e suas aplicações são as variadas possíveis.
Saúde 
Terapia 
A terapia estuda e coloca em prática os meios necessários para aliviar ou curar os doentes. Radioterapia, braquiterapia, aplicadores e radioisótopos são exemplos de terapia. 
A Radioterapia consiste em eliminar tumores malignos (cancerígenos) utilizando radiação gama, raios X ou fontes de elétrons. O princípio básico é eliminar as células cancerígenas e evitar sua proliferação, e estas serem substituídas por células sadias. O tratamento é feito com aplicações programadas de doses elevadas de radiação, com a finalidade de “matar” as células alvo e causar o menor dano possível aos tecidos sadios intermediários. Como as doses aplicadas são muito altas, os pacientes sofrem danos orgânicos significativos e ficam muito debilitados. Por isso são cuidadosamente, acompanhados por terapeutas, psicólogos, apoio quimioterápico e de medicação. 
A radioterapia destrói o tumor, absorvendo energia da radiação. Os irradiadores, denominados de bomba de cobalto, nada mais são que uma fonte radioativa de cobalto-60 utilizada para tratar câncer de órgãos mais profundos. As fontes de césio-137, já foram bastante utilizadas na radioterapia, mas estão sendo desativadas, pois a energia da radiação gama emitida pelo césio-137 é relativamente baixa. Graças à radioterapia, muitas pessoas com câncer são curadas hoje em dia, ou se não, têm a qualidade de vida melhorada durante o tempo que lhe resta de vida. 
A Braquiterapia é um tratamento com elemento radioativo “perto” dos tecidos e em locais específicos do corpo humano. Para isso são utilizadas fontes radioativas emissoras de radiação gama de baixa e média energia, encapsuladas em aço inox ou em platina, com atividade da ordem de dezenas de Curies. Os isótopos mais utilizados são Irídio-192, Césio-137, Rádio-226. As fontes são colocadas próximas aos tumores, por meio de aplicadores, durante cada sessão de tratamento. Sua vantagem é afetar mais fortemente o tumor, devido à proximidade da fonte radioativa, e danificar menos os tecidos e órgãos próximos. Devem ser manipuladas por técnicos bem treinados e oferecem menor risco que a Bomba de Co-60. 
Os Aplicadores são fontes radioativas betas emissoras distribuídas sobre uma superfície, cuja geometria depende do objetivo do aplicador. O Estrôncio-90 é um radionuclídeo, muito usado em aplicadores dermatológicos e oftalmológicos. O princípio de operação é a aceleração do processo de cicatrização de tecidos submetidos a cirurgias, evitando sangramentos. Alguns tratamentos utilizam medicamentos contendo radioisótopos, inoculados no paciente por meio de ingestão ou injeção, com a garantia de sua deposição preferencial em determinado órgão ou tecido do corpo humano. Por exemplo, isótopos do iodo para o tratamento de câncer na tireóide. Um paciente submetido a este tratamento torna-se uma fonte radioativa, pois as radiações gama, além de acertar os tecidos alvos, podem sair com intensidade significativa da região de deposição e atingir pessoas nas proximidades. Neste caso, deve-se utilizar radioisótopos de meia-vida curta, para facilitar o breve retorno do paciente à sua casa, sem causar irradiação significativa a seus familiares ou pessoas próximas. 
Diagnóstico 
O diagnóstico é responsável pela determinação e conhecimento da doença através de seus sintomas. Radiografia, tomografia, mamografia e o mapeamento com radiofármacos são muito úteis na medicina. 
A radiografia é uma imagem obtida, após um feixe de raios X ou raios gama, atravessar a região de estudo e interagir com uma emulsão fotográfica ou tela fluorescente. Existe uma grande variedade de tipos, tamanhos e técnicas radiográficas. As mais conhecidas são as de radiologia oral (periapicais, panorâmicas), radiologia de tórax (pulmão, trato intestinal), de membros, de crânio, cérebro e coluna. Para essas aplicações utilizam-se raios X com energia adequada. 
O cuidado que se deve ter é que, devido ao caráter cumulativo da radiação ionizante para fins de produção de efeitos biológicos, não se deve tirar radiografia sem necessidade e, principalmente, com equipamentos fora dos padrões de operação. O risco de dano é maior para o operador, que executa rotineiramente muitas radiografias por dia. Para evitar exposição desnecessária, ele deve fica o mais distante possível no momento do disparo do feixe ou protegido por um biombo com blindagem de chumbo. 
O princípio da tomografia consiste em ligar o tubo de raios X a um filme radiográfico por um braço rígido que gira ao redor de um determinado ponto, situado num plano paralelo à película. Assim, durante a rotação do braço, produz-se a translação simultânea do foco e do filme. Os pontos do plano do corte dão uma imagem nítida, enquanto que nos demais planos, a imagem sai “borrada”. Desta forma, obtém-se imagens de planos de cortes sucessivos, como se fossem observadas fatias secionadas, por exemplo, do cérebro. 
A mamografia é um instrumento poderoso para a redução de mortes por câncer de mama. Como o tecido da mama é difícil de ser examinado com o uso de radiação penetrante, devido às pequenas diferenças de densidade e textura de seus componentes como tecido adiposo e fibroglandular, a mamografia possibilita apenas suspeitar e não diagnosticar um tumor maligno. O diagnóstico é complementado com o uso de biópsia e ultra-sonografia. 
O Mapeamento com Radiofármacos écomum. A marcação de aves e peixes pela fixação de anéis identificadores em seu corpo, é usado para estudar os seus hábitos migratórios e reprodutivos. O traçador radioativo tem o mesmo objetivo, porém os elementos marcados são moléculas de substâncias que se incorporam ou são metabolizadas pelo organismo do homem, de uma planta ou animal. 
O Iodo-131 é usado para seguir o comportamento do Iodo-127, estável, no transcurso de uma reação química in vidro ou no organismo. A molécula da vitamina B-12 marcada com Cobalto-57, glóbulos vermelhos marcados com Cromo-51, podem ser identificadas externamente por detectores, pois em termos metabólico tudo é igual ao material estável. 
Utilizando o radioisótopo Tecnécio-99, em diferentes moléculas químicas, pode-se realizar exames de medula óssea, pulmão, coração, tireóide, rins e cérebro. Nestes exames, a radiação é emitida pelo paciente enquanto a atividade administrada nele for significativa. Por isso, devem ser usados radioisótopos de meia vida e tempo de residência pequeno.
Indústria 
Radiografia Industrial 
Os radioisótopos se mostraram extremamente úteis na indústria e, como detectores eficazes, são atualmente empregado em muitos processos. Um dos primeiros uso dos radioisótopos foi a radiografia. O conhecido aparelho de raios X foi substituído por um emissor de raios gama, que é mais facilmente manejado, embora deva ser contida numa espessa blindagem de chumbo, quando não está em uso. Utilizam-se fontes de radiação gama, como o Césio-137 e o Cobalto-60 para produzir uma imagem sobre um filme adequado, formada pelos raios que passam através do objeto em exame. Uma radiografia industrial, que é obtida em poucos segundos com o aparelho de raios X, pode exigir algumas horas com os raios gama. Essa técnica permite testar um produto sem danificá-lo. 
Medidores Nucleares 
É uma técnica que se baseia na atenuação dos raios gama, quando estes passam através de um material qualquer. Pode-se assim determinar a espessura do material e os dados obtidos podem ser retransmitidos às máquinas para controlar a espessura dentro dos limites desejados. Entre os materiais produzidos por esse método incluem-se vários tipos de papéis e metais, forros de vinil para paredes, adesivos cirúrgicos, lonas para pneus, borrachas, zinco galvanizado, materiais para assoalhos, adesivos, lixas, etc. As folhas de muitos desses materiais passam pelos medidores a uma velocidade de centenas de metros por minuto. 
Usando o mesmo princípio, medidores de densidade servem para medir e controlar a produção e manufatura de tipos semelhantes de materiais. Outro tipo de medidor é o medidor de nível, que emprega a refração dos raios gama por parte da superfície envernizada de um tubo a fim de medir a espessura do verniz, ou a do tubo, ou as superfícies em que só um lado é acessível. Esse tipo de medição pode ser também usado para controlar a espessura da camada enferrujada de vigas e colunas de aço. Muitas indústrias se defrontam com o problema de verificar se as embalagens foram devidamente enchidas com os produtos. 
A altura atingida pelo metal fundido nos altos-fornos tem sido controlada com raios gama de Cobalto-60. Muitas indústrias usam processos de mistura, e usam elementos traçadores, para determinar qual o grau de eficiência desses processos. 
A indústria alimentícia usa muito os radioisótopos Manganês-56 e o Sódio-24 para testar seus produtos. O Sódio-24 também é usado para verificar se há vazamentos em oleoduto. Ele é introduzido no oleoduto e seguido a aproximadamente um quilômetro de distância por um detector preso a uma bóia. O detector contém um contador Gêiser e um pequeno gravador. No lugar do vazamento terá saído um pouco do líquido radioativo. O contador registra a radioatividade, gravando-a na fita. 
A radioatividade permite medir exatamente o desgaste das máquinas, pode-se até medir o desgaste de um automóvel que rodou 10 metros. As engrenagens são antes colocadas num reator, para se tornarem radioativas, e depois recolocadas no carro. Se este rodar numa pista de testes, uma parte mínima das engrenagens se desgasta e os fragmentos são recolhidos no óleo e medindo a radioatividade do óleo, pode-se determinar o grau de desgaste. 
Agricultura 
Atualmente, os radioisótopos são importantes para os agricultores, não como algo usado diretamente no cultivo da terra, mas devido a diversas possibilidades de aplicação. Por exemplo, empregam-se elementos radioativos traçadores para estudar os fertilizantes e o metabolismo dos minerais nas plantas, usam-se fertilizantes marcados com Fósforo-32 para medir a quantidade de fosfato existente no solo e o consumo de fósforo pelas plantas. 
As radiações têm sua utilidade na luta contra os insetos. O método usado é o da esterilização dos machos, e consiste no seguinte: insetos são criados em massa e, antes que cheguem à maturidade, são esterilizados por meio de radiação controlada. Em seguida são libertados na região infestada. O acasalamento improdutivo dos machos com as fêmeas que estavam em liberdade acaba por levar a extinção da espécie. Esta técnica foi empregada para acabar com as moscas das frutas, que danificavam laranjas e outros frutos. 
Os recursos mundiais de alimentos serão aumentados por meio de alterações genéticas produzidas em algumas plantas pelas radiações. Entre as plantas assim modificadas se incluem a soja, o arroz e o trigo. As radiações também servem para impedir a deterioração dos cereais nos armazéns. Usa-se radiação controlada para matar ou esterilizar insetos que atacam os grãos reduzindo a infestação. 
Geocronologia e Datação 
Utilizando isótopos radioativos pode-se determinar a idade de formação e modificação de elementos geológicos como rochas, cristalização, idade de fósseis e formação de petróleo. Os principais isótopos utilizados em geocronologia e paleontologia são: Urânio-238, Tório-232, Rubídio-87, Carbono-14 e Potássio-40. 
Geração de Energia 
Os radioisótopos são utilizados como elementos para gerar energia térmica ou elétrica. Além das baterias que geram corrente elétricas, existem os reatores nucleares que podem gerar muita energia. O choque de um nêutron livre com o isótopo Urânio-235 causa a divisão do núcleo desse isótopo em duas partes – dois outros átomos – e ocasiona uma liberação relativamente alta de energia. Esse fenômeno é a fissão nuclear. 
Pesquisas 
Um ótimo exemplo de sua aplicação em pesquisa, foi a produção do acelerador de partículas, pelo Laboratório Europeu de Pesquisa Nuclear (CERN), com objetivo é estudar e recriar o Big Bang, em escala reduzida. Esta pesquisa pode confirmar ou mudar toda a teoria da Física sobre a estrutura da matéria. O acelerador de partículas é um instrumento essencialmente construído utilizando uma fonte de partículas carregadas expostas a campos elétricos que as aceleram. Após a aceleração passam em seguida por um campo magnético que as desvia de suas trajetórias focalizando-as e controlando as direções(defletindo-as).
Impactos produzidos e efeitos da radiação 
Devido ao poder penetrante, as radiações podem provocar lesões no sistema nervoso, na medula óssea e até a morte dos seres vivos, pois elas alteram a estrutura celular. O grau de intensidade de alteração no interior da célula dependerá do tipo de radiação incidente, da natureza do tecido ou do órgão afetado, da dose de radiação aplicada e do tempo de exposição do tecido a uma mesma dose de radiação. As partículas alfa (α) são praticamente inofensivas, uma vez que elas em geral não conseguem ultrapassar as camadas externas de células mortas da pele de uma pessoa. Entretanto, podem penetrar no organismo através de um ferimento ou por aspiração, provocando lesões graves. As partículas beta (β) penetram cerca de um centímetro na pele e podem danificá-la, mas não os órgãos internos, a não ser que sejam engolidas ou aspiradas. Os raios gama (y) penetram o corpo humano, sendo detidos somente por uma parede grossa de concreto ou metal. 
Quando uma radiação atravessandoum meio transforma os átomos em íons, diz-se que é uma radiação ionizante. Esse tipo de radiação provoca queimadura, câncer, defeitos genéticos em gerações futuras e até a morte. 
O estudo dos efeitos das radiações vem sendo feito em pessoas expostas à radiação em tratamentos médicos (radioterapia), que foram vítimas de acidentes nucleares (acidente de Chernobyl), sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki dentre outros. A radiação atua de forma diferente, dependendo do tipo de célula. As células cancerosas, que se dividem rapidamente e não são especializadas, são bastante sensíveis, as nervosas, que se dividem mais lentamente e são altamente especializadas, são mais resistentes. As crianças são vulneráveis à radiação, e são mais susceptíveis antes do nascimento, pois nessa fase suas células se multiplicam rapidamente. 
Os efeitos das radiações são medidas em REM (Roentgen Equivalent Man). O REM mede o efeito, sobre um dado organismo, provocado pela absorção de certa quantidade de energia. Ele se refere a quantidade de radiação necessária para produzir danos no tecido vivo. Um REM equivale a 0,01J/Kg (Joule por Quilograma). Podem ser divididos em duas partes: efeitos somáticos e efeitos hereditários. Os efeitos hereditários surgem somente no descendente da pessoa irradiada. Resultam do dano causado pela radiação em dos órgãos reprodutores. Os efeitos somáticos resultam de danos nas células do corpo e aparecem na própria pessoa irradiada, mas não é fatal. A dosagem excessiva de radiação pode causar efeitos imediatos como perda de apetite, emagrecimento, garganta dolorida ou ainda efeitos tardios como úlcera, câncer, catarata, leucemia, esterilidade e envelhecimento precoce. 
Um dos impactos produzidos e gerados, que trazem bastante transtorno, são os materiais radioativos produzidos em Instalações Nucleares (Reatores Nucleares, Usinas de Beneficiamento de Minério de Urânio e Tório, Unidades do Ciclo do Combustível Nuclear), Laboratórios e Hospitais, nas formas sólida, líquida ou gasosa, que não têm utilidade, não podem ser simplesmente “jogados fora” ou “no lixo”, por causa das radiações que emitem. Esses materiais, que não são utilizados em virtude dos riscos que apresentam, são chamados de Rejeitos Radioativos. 
Os rejeitos radioativos precisam ser tratados, antes de serem liberados para o meio ambiente, se for o caso. Eles podem ser liberados quando o nível de radiação é igual ao do meio ambiente e quando não apresentam toxidez química. Rejeitos sólidos, líquidos ou gasosos podem ser, ainda, classificados, quanto à atividade, em rejeitos de baixa, média e alta atividade. 
Os de meia-vida curta são armazenados em locais apropriados (preparados), até sua atividade atingir um valor semelhante ao do meio ambiente, podendo, então, ser liberados. Esse critério de liberação leva em conta somente atividade do rejeito. É evidente que materiais de atividade ao nível ambiental mas que apresentam toxidez química para o ser humano ou que são prejudiciais ao ecossistema não podem ser liberados sem um tratamento químico adequado. 
Rejeitos sólidos de baixa atividade, como partes de maquinário contaminadas, luvas usadas, sapatilhas e aventais contaminados, são colocados em sacos plásticos e guardados em tambores ou caixas de aço, após classificação e respectiva identificação. 
Já os produtos de fissão, resultantes do combustível nos reatores nucleares, sofrem tratamento especial em Usinas de Reprocessamento, onde são separados e comercializados, para uso nas diversas áreas de aplicação de radioisótopos. Os materiais radioativos restantes, que não têm justificativa técnica e/ou econômica para serem utilizados, sofrem tratamento químico especial e são vitrificados, guardados em sistemas de contenção e armazenados em Depósitos de Rejeitos Radioativos. 
No Brasil, o acidente de Goiânia que envolveu uma contaminação radioativa, isto é, existência de material radioativo em lugares onde não deveria estar presente foi o mais expressivo até hoje no país. Segundo investigação, uma fonte radioativa de césio-137 era usada em uma clínica da cidade de Goiânia, para tratamento de câncer. Nesse tipo de fonte, o césio-137 fica encapsulado, na forma de um sal, semelhante ao sal de cozinha, e “guardado” em um recipiente de chumbo, usado como uma blindagem contra as radiações. Após vários anos de uso, a fonte foi desativada, isto é, não foi mais utilizada, embora sua atividade radioativa ainda fosse muito elevada, não sendo permissível a abertura do invólucro e o manuseio da fonte sem cuidados especiais. A Clínica foi transferida para novas instalações mas o material radioativo não foi retirado, contrariando a Norma da CNEN. Toda firma que usa material radioativo, ao encerrar suas atividades em um local, deve solicitar o cancelamento da autorização para funcionamento (operação), informando o destino a ser dado a esse material. A simples comunicação do encerramento das atividades não exime a empresa da responsabilidade e dos cuidados correspondentes, até o recebimento pela CNEN. 
Na época, duas pessoas “retiraram sem autorização” o equipamento do local abandonado, que servia de abrigo e dormitório para mendigos. A blindagem foi destroçada, deixando à mostra um pó azul brilhante, muito bonito, principalmente no escuro. E o “pozinho brilhante” foi distribuído para várias pessoas, inclusive crianças...O material que servia de blindagem foi vendido a um ferro velho. O material radioativo foi-se espalhando pela vizinhança e várias pessoas foram contaminadas. A CNEN foi chamada a intervir e iniciou um processo de descontaminação de ruas, casas, utensílios e pessoas. 
Esse acidente radioativo resultou na morte de quatro pessoas, dentre 249 contaminadas. As demais vítimas foram descontaminadas e continuaram em observação, não tendo sido registrados, até o momento, efeitos tardios provenientes do acidente. Quanto aos objetos (móveis, eletrodomésticos etc.), foram tomadas providências drásticas, em razão da expectativa altamente negativa e dos temores da população. Móveis e utensílios domésticos foram considerados rejeitos radioativos e como tal foram tratados. As casas foram demolidas e seus pisos, após removidos, passaram também a ser rejeitos radioativos. Parte da pavimentação das ruas foi retirada. Estes rejeitos radioativos sólidos foram temporariamente armazenados em embalagens apropriadas, enquanto se aguardava a construção de um repositório adequado. 
A CNEN estabeleceu, em 1993, uma série de procedimentos para a construção de dois depósitos com a finalidade de abrigar, de forma segura e definitiva, os rejeitos radioativos decorrentes do acidente de Goiânia. O primeiro, denominado Contêiner de Grande Porte (CGP), foi construído em 1995, dentro dos padrões internacionais de segurança, para os rejeitos menos ativos. O segundo depósito, visando os rejeitos de mais alta atividade, concluído em 1997, deverá ser mantido sob controle institucional da CNEN por 50 anos, coberto por um programa de monitoração ambiental, de forma a assegurar que não haja impacto radiológico no presente e no futuro. 
Efeito do trabalho na formação do aluno 
O acelerado crescimento do conhecimento nos últimos anos tornou impraticável o ensino tradicional baseado exclusivamente na transmissão oral de informação. Em muitas disciplinas já não é possível, dentro das cargas horárias, transmitir todo o conteúdo importante. Mais importante ainda, o conhecimento não é acabado, e muito do que o estudante precisará saber em sua vida profissional ainda está por ser descoberto. 
O desafio da universidade hoje é formar indivíduos capazes de buscar conhecimentos e de saber utilizá-los. Ao contrário de outrora, quando o importante era dominar o conhecimento, hoje penso que o importante é "dominar o desconhecimento", ou seja, estando diante de um problema para o qual ele não tem a resposta pronta, o profissional deve saber buscar o conhecimento pertinente e, quando não disponível, saber encontrar, ele próprio, as respostas por meio de pesquisa.Não será fazendo dos alunos meros depositários de informações que estaremos formando os cidadãos e profissionais de que a sociedade necessita. Para isto, as atividades, curriculares ou extracurriculares, voltadas para a solução de problemas e para o conhecimento da nossa realidade, tornam-se importantes instrumentos para a formação dos nossos estudantes. É dentro desta perspectiva que a inserção precoce do aluno de graduação em projetos de pesquisa se torna um instrumento valioso para aprimorar qualidades desejadas em um profissional de nível superior, bem como para estimular e iniciar a formação daqueles com mais vocação para a pesquisa. Para desenvolver um projeto de pesquisa é necessário buscar o conhecimento existente na área, formular o problema e o modo de enfrentá-lo, coletar e analisar dados, e tirar conclusões. Aprende-se a lidar com o desconhecido e a encontrar novos conhecimentos. Os mecanismos institucionais para esta inserção são os estágios curriculares e a iniciação científica. Precisamos ampliar a iniciação científica como uma atividade curricular, valendo crédito e devidamente avaliada, para possibilitar uma melhor formação dos nossos estudantes. 
Conclusão 
Apesar dos efeitos nocivos à saúde, a radioatividade está presente em muitas áreas. Muitas pessoas fazem a associação da radioatividade com apenas coisas negativas como bombas atômicas ou armas nucleares, mas a energia nuclear é mais do que isso. Apesar de a radioatividade estar presente de diversas formas no nosso cotidiano, muitas pessoas não têm conhecimento do que se trata, com isso é necessária uma maior divulgação sobre a mesma, pois através desta muitos acidentes podem ser evitados. Esta consciência deve partir dos líderes governamentais, pois hoje muitos governos vêm utilizando a radioatividade de forma indevida, gerando conflitos mundiais e comprometendo a vida da população. 
Utilizando a radioatividade de maneira consciente e saudável, podem-se adquirir muitos benefícios, por exemplo, combater doenças como o câncer através de vários métodos usados na medicina, auxiliar na indústria alimentícia, na agricultura, entre outros. 
Referência Bibliográfica 
KENDALL, H. 100 Maiores descobertas científicas de todos os tempos: tradução Sergio Viotti. 2ed. São Paulo: Ediouro Publicações, 2007. 
CARDOSO, E.M. Radioatividade. Rio de Janeiro: Ministério da Ciência e Tecnologia/Comissão Nacional de Energia Nuclear, 2003. 19p. Apostila educativa. 
CARVALHO, A.R.; OLIVEIRA, M.V.C. Princípios básicos do saneamento do meio. 9 ed. São Paulo: Senac Editora, 2007. 
ALMEIDA, E.V. A RADIOATIVIDADE E SUAS APLICAÇÕES. São Carlos: USP/Instituto de Química, 2004. 23p. Trabalho de Conclusão de Curso

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