Buscar

Assassinato em Primeiro Grau

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Assassinato em Primeiro Grau
Análise do filme "Assassinato em Primeiro Grau" à luz do Direito Brasileiro
2
0
COMENTAR1
COMPARTILHAR
FacebookTwitterCopiar Link
ImprimirReportar
Publicado por Mário Campos
ano passado
634 visualizações
1 SINOPSE
Inspirado num fato verídico, essa é a história de Henri Young (Kevin Bacon), um jovem que rouba 5 dólares para comprar comida para sua irmã menor e acaba preso e condenado. Seu destino é Alcatraz, cujo diretor, Milton Glenn (Gary Oldman), sabe que tem poder para dominar cruelmente a vida de todos. Mas Young resolve envolver-se em um fracassado plano de fuga, por isso, é mandado à solitária por três anos. Apanhando diariamente, ele aprende a cultivar um sentimento que jamais imaginou: um ódio mortal pelo colega de cela que o delatou. Ao sair da solitária, Young se vinga assassinando-o. A sua vida agora está nas mãos do advogado James Stamphill (Christian Slater), que durante o processo vai aos poucos descobrindo as barbaridades que o diretor da penitenciária fazia com os prisioneiros.
Título Original: Murder in the First.
Estreia: 20/01/1995.
Gênero: Drama, Suspense.
Duração: 122 min.
Origem: França e Estados Unidos.
Direção: Marc Rocco.
Roteiro: Dan Gordon.
Distribuidor: Universal Pictures.
Classificação: 18 Anos.
Ano: 1995.
2 INTRODUÇÃO
O filme Assassinato em Primeiro Grau, é baseado em uma história verídica que ocorreu em Alcatraz e busca apresentar e detalhar que, as normas e sanções penais aplicadas na época eram, simplesmente, um ato de transgressão contra a dignidade humana dentro de um sistema carcerário onde prevalecia a tortura física e mental.
Alcatraz foi inaugurada na primavera de1934 em uma ilha a 750 metros de São Francisco, ficando conhecida como a prisão mais temida do mundo, e foi desativada em 1963.
O filme relata a história de Henry, um garoto de 17 anos que, por não conseguir emprego, rouba cinco dólares do correio e é condenado a passar alguns anos de sua vida em Alcatraz. Quanto tenta escapar é capturado e punido pela tentativa de fuga a ficar confinado na solitária. O tempo máximo permitido por lei, para que um preso ficasse trancafiado na solitária era de 19 dias, porém, Henry é esquecido por longos três anos e dois meses, com direito a apenas trinta minutos de banho de sol por ano. Era constantemente espancado e torturado, deixado sem roupa e sem banheiro para atender as suas necessidades, sofrendo todo tipo de constrangimento físico e psicológico, o que acabou por deixá-lo com transtornos mentais e com dificuldade para andar.
Quando a prisão é visitada pelo Superintendente Hudson em 11 de Junho de 1941, Henry é retirado da solitária e permitido conviver com os outros detentos. No mesmo dia, durante o jantar, McCain, um dos detentos que tentara fugir com Andrew mas o traiu, entregando o esquema de fuga, encontrava-se no refeitório. Provocado por Glenn, diretor da penitenciária, Henry o ataca na garganta com uma colher causando a sua morte.
Em 29 de Junho de 1941, Henry é levado a julgamento por assassinato em primeiro grau (“murder in the first degree”) por júri popular. O jovem advogado designado para a sua defesa, James Stamphill, surpreende a todos acusando corajosamente o Superintendente Hudson, o diretor Glenn e o sistema penitenciário como os principais culpados pelo enlouquecimento de Henry, num caso que todos consideravam impossível de ganhar. O júri acaba por não considerar Henry culpado da acusação, porém, o condena por homicídio involuntário.
Após as revelações de Stamphill no Tribunal, o Superintendente Hudson e o diretor Glenn são acusados e condenados por crime contra a humanidade e nunca mais voltaram a trabalhar no Sistema.
Henry voltou para Alcatraz e alguns meses depois foi encontrado morto. Após sete meses, foi ordenado que as solitárias fossem lacradas pois, o tratamento dado aos presos confinados era considerado desumano.
3 ANÁLISE
3.1 A Penitenciária
Alcatraz é uma ilha localizada no meio da Baía de São Francisco na Califórnia, Estados Unidos. Inicialmente, foi utilizada como base militar e mais tarde convertida em prisão de segurança máxima.
Após o estouro da crise de 1929, abalo econômico que atingiu em cheio os Estados Unidos, houve uma súbita elevação das atividades criminosas no país. Contudo, na região de São Francisco havia um pequeno “monte de terra” capaz de causar arrepios em muitos bandidos da época. A pequena ilha de Alcatraz, entre 1934 e1963, foi uma das prisões mais seguras do planeta. No dia 1 de Janeiro de 1934, James A. Johnston, primeiro administrador do presidio federal, viria a estabelecer as rígidas regras que transformariam Alcatraz em uma prisão de segurança máxima. Ao mesmo tempo, um programa disciplinar foi estabelecido como intuito de regenerar seus presos com uso do trabalho e uma rotina cheia de restrições. Entre outras imposições, os presos não deveriam cantar, ouvir rádio e só tomariam banho duas vezes por semana.
Sob a autoridade de Johnston, cada detido ganhou uma cela individual. A medida não se tratou de um luxo. O confinamento solitário era uma forma de evitar complôs e tentativas de fuga. A mais severa regra em vigor, segundo relatavam os detentos, era ter de manter silêncio extremo. Os presidiários só podiam conversar durante os intervalos nos finais de semana. E os que demonstravam conduta considerada inapropriada eram enviados ao chamado "buraco", um espaço subterrâneo onde os punidos chegavam a ficar confinados por semanas inteiras.
Ao longo de todo período que esteve sobe controle do governo norte-americano, Alcatraz não teve sua reputação manchada por nenhuma fuga bem sucedida. Contudo, alguns planos mirabolantes tentaram trespassar as muralhas e as gélidas águas que cercavam aquela ilha. Em geral, os planos envolviam um número reduzido de detentos, sendo que das 14 tentativas de fuga registradas, houve o envolvimento de somente 36 deles.
Em todas as tentativas, os fugitivos foram mortos ou afogaram-se nas águas da baia de São Francisco. Três fugitivos, Frank Morris, os irmãos John e Clarence Anglin, desapareceram de suas celas em 11 de junho de 1962. Somente algumas provas que levam a crer que os prisioneiros morreram foram encontradas, mas, oficialmente, ainda estão na lista dos possíveis desaparecidos ou afogados.
A primeira tentativa de fuga ocorreu ainda em 1936, só dois anos após a inauguração da penitenciária. Jow Bowers escalou o muro de segurança, mas acabou sendo baleado. Em 1945, John Giles chegou a sequestrar um barco militar e chegar ao continente, mas também foi detido. Os últimos atentarem fugir foram Frank Morris, Clarence Angline e Jogn Anglin, em 1962, e John Scott e Darl Parker, no mesmo ano.
Três fatores garantiam a fama rígida de Alcatraz: a localização do presídio, suas regras disciplinares e a grande quantidade de guardas. Alcatraz é uma ilha rodeada por águas muito frias e fortes correntes marítimas o que dificultava as fugas. Porém, o mais importante era o número de guardas, que estavam em proporção muito maior do que em outras prisões. Havia, em média, um guarda para cada sete detentos. Em 1963, graças aos esforços do promotor Robert Kennedy, a penitenciária de Alcatraz chegou ao seu fim. Kennedy demonstrou que o custo gerado para a manutenção dos presos e funcionários naquela ilha era três vezes maior do que em qualquer outro local. Os presos e funcionários foram removidos para a Penitenciária de Marion, no estado do Illinois.
Atualmente, a ilha de Alcatraz é um dos pontos mais visitados de São Francisco, com cerca de 1,3 milhão de turistas por ano, e serve também de ponto de partida para uma competição anual de triatlo, conhecido como "Fuga de Alcatraz", em que centenas de atletas provam que, com treinamento e equipamento apropriados, é possível sair da ilha e chegar são e salvo em terra.
3.2 Das penas aplicadas e dos erros cometidos pela defesa
Conforme art. 26, par. único, do Código Penal Brasileiro, é isento de pena aquele cuja debilidade mental impede a compreensão da ilicitude do fato que praticou.O agente não tem poder de compressão e não reconhece a magnitude de suas ações, por ser incapaz, e nessa situação, a pena deveria ser reduzida devido aos transtornos. Henry Young não se enquadrava nessa norma, pois quando praticou o roubo era considerado um cidadão totalmente lúcido e capaz de entender seus atos.
Entretanto, conforme o art. 27 do mesmo Código, que trata dos menores de idade, o fato do agente não compreender plenamente que sua conduta é criminosa, o isenta de sofrer as punições previstas no Código Penal, isto é, mesmo que o ato praticado, seja típico e antijurídico, é como tal um delito, conforme a teoria finalista. Segundo Capez, “se ao agente falta discernimento ético para entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se com esse entendimento, o juiz proferirá sentença absolutória, com fulcro no art. 26 do Código Penal e do art. 386, V, do Código de Processo Penal, impondo-lhe, contudo, medida de segurança, tal como dispõe os arts. 97 do Código Penal e 386, par. único, III do Código de Processo Penal". O legislador trata da imputabilidade subjetivamente, preferindo elencar quem são os inimputáveis.
O Código Penal traz em seus arts. 26,"caput", 27 e 28, § 1º, os inimputáveis, que são os doentes mentais, menores de 18 anos e em casos onde o agente está sob estado de embriaguez acidental. Verificamos uma preocupação do legislador em prever situações nas quais, mesmo estando presentes os elementos formais do delito, o agente não sofreria o peso da sanção, por sua conduta. Henry se enquadra no artigo 27, do CP, pois quando no tempo da ação, possuía dezessete anos de idade, o que o tornava inimputável. No entanto, ele foi colocado em um lugar onde a possível função seria a reabilitação para que pudesse voltar à sociedade como um cidadão comum, com direito e garantias, o que não ocorreu.
O filme comenta a definição de reabilitar: “restabelecer a saúde física mental e moral com tratamento e treinamento”, o que não foi fornecido à Henry Young, comparado a criminosos de crimes hediondos.
Henry também deveria ter sido acolhido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069/90). Criado em decorrência de exigência prevista na Constituição Federal de 1988 e em substituição ao Código de Menores, o ECA tem como objetivos, de um lado, garantir direitos fundamentais – vida, saúde, educação, recreação, trabalho, assistência social, reconhecendo os direitos dos jovens, e de outro, estabelecer responsabilidade estatutária juvenil (enquanto os maiores de 18 anos têm responsabilidade penal, os adolescentes têm responsabilidade estatutária juvenil), e sujeitando adolescentes a medidas socioeducativas. O Estatuto da Criança e do Adolescente objetiva, também, como medida preventiva da delinquência, assegurar os direitos fundamentais de saúde, educação, recreação, profissionalização e assistência social, através de ações que podem ser movidas contra os pais, responsáveis e inclusive contra o Estado.
3.2.1 Da doença mental
Segundo o art. 41, do CP, a norma impede a permanência do condenado acometido de doença mental em estabelecimento penal comum, devendo ser encaminhado a hospital de custódia ou tratamento psiquiátrico, caso sobrevenha tal enfermidade no curso do cumprimento da pena. Não pode ele permanecer na companhia dos apenados comuns. No filme, Henry Young estava mentalmente transtornado, sendo considerado doente mental completo e conforme o artigo citado, não poderia cumprir pena na instituição. Não era humano, que ainda, fosse mantido aprisionado. Um hospital especializado para tratamento deveria ter sido designado, visto que Henry encontrava-se inimputável.
Uma vez instaurado o processo penal e havendo dúvida sobre a integridade mental do acusado, a lide deve ser interrompida com a instauração do incidente de insanidade mental que, se positivo, impõe a absolvição do autor do crime sujeitando-o, no entanto, a uma medida de segurança, que o manterá por prazo indeterminado em uma instituição integrante das agências de cumprimento de pena, por se tratar de uma absolvição imprópria. Assim, afastados os casos de sentenças declaratórias, o processo penal pode ser encerrado com a absolvição, que se traduz na garantia de liberdade; com a condenação, que enseja uma das modalidades de pena previstas no art. 32 do Código Penal e, como se adiantou, com a absolvição imprópria, que fica no meio termo em que o agente é absolvido, mas deverá permanecer custo dia do em situação semelhante à do condenado que cumpre pena em penitenciária, conforme previsão expressa da combinação decorrente dos arts. 99, par. Único, e 88, par. único, ambos da Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84). Desse modo, o agente só será considerado inimputável se conjugar as duas condições, de modo que, estando em um intervalo de lucidez, ainda que doente mental, não será mais tido como inimputável, pois não estará caracterizado o requisito da doença mental ou do desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o que se mostra absurdo, diante de princípios mais elevados que justificam a criação do próprio Estado Democrático de Direito em que vivemos que é o da humanidade e o da dignidade, conforme o art. 1º, III, da CF.
É importante lembrar que, para se chegar à medida de segurança, o legislador criou um caminho cuja explicação dogmática está na adoção do critério biopsicológico da culpabilidade, que permite, de forma excepcional ao princípio da culpabilidade, submeter o doente mental à privação da liberdade por tempo indeterminado em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, desde que conjugadas as duas condições previstas no caput do art. 26 do Código Penal, ou seja, que ao tempo da ação seja portador de doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado e, como segunda condição que, ainda ao tempo da ação, seja incapaz de entender o caráter ilícito.
O que aconteceu com Henry Young foi totalmente injusto e contra a lei penal brasileira, devido a inimputabilidade e condenação sem prévio julgamento pelo roubo. Caso possuísse a idade superior a 18 anos, ele seria enquadrado no artigo 151, do CP, por violação de correspondência, que incorre em pena de detenção, de um ano a seis meses e multa. O ocorrido é ilegal e contra as regras da dignidade da pessoa humana, visto que afetou o psicológico e a moral de Henry.
3.3 Das falhas em relação ao dever do Estado
Os direitos dos presos estão garantidos em lei que conserva todos os seus direitos não atingidos pela perda da liberdade, impondo a todas as autoridades o respeito à sua integridade física e moral. Assegurado nos termos do art. 41, da Lei de Execução Penal, são direitos do preso:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - previdência social;
IV- constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento, salvo quanto às exigências da individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade em defesa de direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes.
No decorrer do processo que irá responder por ter sido acusado de assassinato em primeiro grau, Henry tem em sua defesa e no combate contra a acusação, o advogado, recém- formado James Stamphill, que mantendo convívio com o prisioneiro do qual colecionou diversas tentativas frustradas de comunicação vem a perceber que Henrypossui sequelas deixadas pela solitária devido à condenação. Com devida maestria o advogado elabora nova interpretação dos fatos alegando que os maus tratos sofridos na prisão o enlouqueceram e que os verdadeiros responsáveis são aqueles que realizavam a gestão do presídio e o Estado. Portanto, a inversão dos fatos coloca no banco dos réus o diretor da prisão, o coordenador do sistema penitenciário local e a própria instituição de Alcatraz.
Complementando a tese de que a penitenciária e o tratamento recebido por Young, enquanto lá segregado, foram determinantes para os fatos que resultaram no assassinato, não há que se negar que houve um crime de dano e outro comissivo, tendo em vista que, ocorreu uma efetivação que acarretou na lesão de um bem jurídico protegido, ofendido pelo furto e posteriormente pelo homicídio.
O filme narra a responsabilização judicial de agentes públicos que descumprem o dever de tutelar pela saúde e higidez mental dos detentos sobre guarda durante a reclusão. E tomando por base o princípio da culpabilidade ou corresponsabilidade, é possível justificar que a responsabilidade pela prática de uma infração penal deve ser compartilhada entre o infrator e a sociedade, quando essa não lhe tiver proporcionado oportunidades.
Dentre outros aspectos, ressalta-se que muitas concepções teóricas procuram justificar a pena de morte e tais justificativas variam de valores como vingança, segurança pública e retribuição. Esses aspectos são criticados por movimento humanitário que se identifica com tendências menos conservadoras, típicas de uma sociedade agressiva, distante de parâmetros humanísticos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A reflexão realizada neste trabalho buscou, com base na arte do cinema, ressaltar a comparação de um sistema jurídico penal desproporcional e irracional, sem foco no respeito aos direitos humanos comuns constitucionalmente garantidos. Este princípio, estampado no art. 1º, III, de nossa Carta Magna, reflete em todo ordenamento jurídico brasileiro, em razão da supremacia jurídica que aquela possui e, portanto, rege todos os ramos do direito que, por sua vez, dela decorrem.
Foi possível constatar isto através da abordagem do princípio da bagatela ou insignificância, originário do Direito Romano, introduzido no sistema penal em 1964 por Claus Roxin, trazendo a exigibilidade de um mínimo de lesividade ao bem jurídico causada pelo fato típico, traduzido perfeitamente pelo nosso Código Penal, quando alguns tipos de delitos são considerados contravenções, condutas reprováveis que não são tão graves e acabam recebendo uma penalização mais branda como na cominação da pena, apenas de multa, para o crime de furto, quando o bem subtraído é de pequeno valor ou o réu é primário.
Foram abordadas outras questões relevantes e correntes do aludido princípio regente de nossa Constituição, como a pena de morte, a qual é explicitamente vetada e banida de nossas normas, com fundamento no art. 5º da aludida Carta, a inimputabilidade, que no caso exposto pelo filme, aconteceria em dois momentos sob égide de nossas normas penais, sendo que no primeiro a excludente de culpabilidade se daria pelo fato do agente não ter alcançado a maioridade penal e, no segundo, ocorreria pelo agente ter se tornado doente mental em decorrência das torturas sofridas e não ter a capacidade volitiva e intelectiva de suas ações, dois casos previstos no art. 26, do CP.
Por fim, com base na história do filme Assassinato em Primeiro Grau, foi possível trazer à tona aspectos relevantes que vigoram no ordenamento jurídico penal brasileiro, sem os quais estariam todos a ele submetidos, condenados a ficarem em condições de tratamento sub-humanas, e que garantem a preservação da dignidade da pessoa humana, condição ímpar para que de fato se concretize um sistema íntegro de justiça para cada nação.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRECCO, Rogerio. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 10ª ed.Vol. 1. Impetus, 2008.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Manual de Direito Penal – Parte Geral. 17ª ed.Vol. 1. Atlas, 2013.
SARAIVA, Denise Cardia. Direito Penal Ilustrado – Parte Geral. 5ª ed. Vol.1. Ilustradas, 2003.
Constituição da Republica Federativa do Brasil. Vade Mecum. 13ª ed. SãoPaulo: Saraiva, 2013.
Código Penal Brasileiro. Vade Mecum. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
Lei de Execução Penal nº 7.210/1984. Vade Mecum. 13ª ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. Ridendo Castigat Mores, 1764.
GRECCO, Rogerio. Código Penal Comentado. 5ªed. Impetus, 2011.
NUCCI, Guilherme Souza. Manual de Direito Penal - Parte Geral e Especial. 7ªed. Editora Revista dos Tribunais Ltda, 2011.

Outros materiais