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Apostila 21 - Ameaça

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AMEAÇA (ART. 147) – apostila 21
Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave:
        Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
        Parágrafo único - Somente se procede mediante representação.
1 – conceito
É a promessa da prática de mal e grave injusto feita a alguém restringindo sua liberdade psíquica; busca perturbar a paz do sujeito passivo. 
2 – objeto jurídico
A liberdade das pessoas no que tange à sua tranquilidade ou sossego, na medida em que a pessoa ameaçada tende a alterar seus hábitos com receio de que o mal prometido se concretize.
3 – sujeito ativo
Crime comum;
No caso de conduta praticada por funcionário público no exercício de suas funções, pode a ameaça configurar o crime de abuso de autoridade (art. 4º da Lei 4.898/65).
4 – sujeito passivo
Pessoa física determinada que tenha capacidade de entendimento e, portanto, esteja sujeita a intimidação.
Só podem ser vítimas as pessoas físicas;
O sujeito passivo deve ser determinado, ou ao menos, pelo conteúdo da ameaça, ser identificado;
Se a incapacidade de entendimento for total ocorrerá crime impossível; se relativa, ocorrerá o crime em tela;
A ameaça por motivação política contra os Presidentes da República, Senado, Câmara dos Deputados e STF configura crime contra a segurança nacional (art. 28 d a Lei 7.170/83);
A ameaça contra a mulher, de acordo com a Lei Maria da penha, não pode ser alcançada pelos benefícios da Lei 9.099/95, como a transação penal e a suspensão condicional do processo. O crime continua sendo de ação penal pública condicionada, porém para se retratar, a mulher deverá fazer em juízo, em audiência preliminar especialmente designada para esse fim. Ademais, o art. 17 da Lei 11.340/06 veda a substituição de PPL por cestas básicas, prestação pecuniária e multa, aplicada isoladamente.
5 – tipo objetivo
A conduta típica é ameaçar, que significa intimidar, anunciar ou prometer castigo ou malefício;
Os meios de execução da ameaça são os expressamente previstos em lei: PALAVRAS, ESCRITOS, GESTOS OU QUALQUER OUTRO MEIO SIMBÓLICO;
Segundo a doutrina, a ameaça pode ser:
Direta – a promessa do mal refere-se à vítima ou ao seu patrimônio;
Indireta – a promessa se refere à 3ª pessoa ligada à vítima;
Explícita – quando manifestada de forma expressa, clara, induvidosa;
Implícita – quando, embora não formulada de modo expresso e induvidoso, pode ser depreendida do comportamento, gesto ou palavra do agente
(Ex: o destino dos meus desafetos geralmente é o cemitério/ Jesus está preste a recebê-lo; a última pessoa que o tratou assim, não comeu peru no natal);
 e) Condicional – quando o mal prometido estiver na dependência de um acontecimento futuro e incerto (se você cruzar de novo o meu caminho, te mato; se o meu time perder, eu te mato!; se você casar de novo, eu te mato!)
Obs: diferença de ameaça condicional e constrangimento ilegal: neste, há intimidação como meio compulsivo para uma determinada ação ou omissão; ao passo que na ameaça condicional, o principal fim do agente não deixa de ser a intimidação, pôr medo.
6 – elemento normativo do tipo: MAL INJUSTO E GRAVE
São imprescindíveis, pois sua ausência acarreta a atipicidade da conduta, pois o fato não se amoldaria ao tipo penal;
Mal injusto – quando o agente não tiver qualquer apoio legal para realizá-lo;
Obs: se o mal prometido é justo, não há configuração do tipo penal, pois a injustiça do mal prenunciado constitui elemento do tipo (se não pagar o aluguel, eu vou propor ação de despejo; dizer que vai protestar o cheque não honrado; anunciar que vai demitir o empregado)..
b) Mal Grave – o dano anunciado (econômico, físico ou moral) deve ter relevância à vítima, de forma a intimidá-la; Ex: dizer à vítima que vai matá-la; que irá desfigurar-lhe o rosto);
sustenta-se que o poder intimidatório deve ser avaliado conforme as circunstâncias pessoais da vítima (condições físicas e psíquicas);
Obs: a ameaça deve ser verossímil, isto é, que o mal possa ser concretizado: não configura ameaça a promessa de mal impossível de ser realizado ou que o mal anunciado configure praga.
7 – tipo subjetivo
* É o dolo direto ou eventual, consistente na vontade livre e consciente de ameaçar alguém de causar-lhe mal injusto e grave;
Exige-se a consciência de que o mal é injusto e grave;
A intenção de brincar não caracteriza o crime de ameaça;
A ameaça é delito subsidiário, de modo que sempre que houver uma finalidade específica, o delito será outro;
Ex: apontar uma faca para uma pessoa pode configurar ameaça, mas também tentativa de homicídio ou lesão corporal;
Não se exige que exista no espírito do sujeito ativo a intenção de cumprir o mal anuncaido;
Não é necessário que o agente esteja calmo durante a prática da ameaça.
8 – consumação
É crime formal;
Consuma-se no momento em que a vítima toma conhecimento da ameaça, independentemente de sentir-se de fato ameaçada e de se concretizar o mal prenunciado.
9 – tentativa
Apesar de ser crime formal, a tentativa é possível, como p. ex, no extravio de carta ameaçadora.
Assim, é possível a tentativa na ameaça por escrito, simbólica ou por gestos.
10 – ação penal
Pública condicionada à representação.

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