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Prof. Herbert Espuny UNIDADE II Recursos Materiais e Patrimoniais A gestão de estoques tem por objetivo fazer os registros, estabelecer a fiscalização e controlar a entrada e saída dos produtos, seja numa indústria ou num estabelecimento varejista. Preocupa-se tanto com os materiais que serão utilizados para a fabricação (matéria-prima) quanto com as mercadorias que serão vendidas (OLIVEIRA, SILVA, pp.2-3). Gestão de Estoques Segundo esses autores, as principais funções do estoque são: garantir o abastecimento de materiais à empresa, prevenindo possíveis demoras de fornecimento, problemas originados em sazonalidades, entre outros; proporcionar economias através de compras adequadas, pela eficiência no atendimento às necessidades ou outras razões do próprio processo produtivo. Gestão de Estoques A utilização de estoques sempre será uma questão controversa, na medida em que as organizações discutem a utilização de ferramentas como Just In Time, conforme foi abordado na unidade anterior. Contudo, há situações em que a manutenção de certo estoque pode ser estratégica para a organização. Tadeu e Rocha (2017, p.15) avaliam que há vantagens e desvantagens na utilização de estoques e que isso está vinculado às “necessidades, capacidades e restrições reais da empresa, ou seja, sua condição atual de operações”. Gestão de Estoques Quantidade de produtos (matérias-primas para a produção ou mercadorias prontas para serem comercializadas) necessária para que o gestor evite riscos operacionais. Autores como Pozo (2010, pp. 55-62) citam vários métodos de cálculos para o estoque de segurança. Há alguns bem complexos, como o Método com Grau de Atendimento Definitivo (MGAD). Contudo, o gestor pode se utilizar de um modelo mais simples, baseado num fator de risco observável no mercado, que é o Método do Grau de Risco (MGR). Claro que se a organização trabalhar com produtos de alto valor agregado ou de grande complexidade, o gestor deverá implantar métodos mais precisos. Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo Outro método bastante simples é aquele que calcula em função do histórico de consumo: o estoque mínimo é calculado com a multiplicação entre a diferença do consumo máximo e o consumo médio de determinado período pelo tempo de ressuprimento (HARA, 2012, p.87). Outros autores preferem um cálculo bastante simplificado, que leve em conta tão somente a demanda e o tempo de espera (lead time para o fornecimento). Observe a seguinte fórmula: ES = DMD X TE Ou seja: ES = Estoque de Segurança DMD = Demanda Média Diária TE = Tempo de Entrega (em dias) Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo Exemplos: a) Uma empresa qualquer produz 200 produtos por dia e os vende no mesmo dia. O tempo de entrega das matérias-primas para confeccionar cada um desses produtos é de 3 dias. Qual seria o estoque mínimo recomendado? ES = DMD X TE ES = 200 X 3 ES = 600 Resposta: O Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo seria de 600 produtos. Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo b) Uma empresa vende 300 produtos por dia. Trata-se de um varejista que compra no atacado esses produtos de um distribuidor. Considerando que o distribuidor demora 10 dias para entregar as encomendas para o varejista, qual seria o estoque de segurança recomendado? ES = DMD X TE ES = 300 X 10 ES = 3000 Resposta: O Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo seria de 3000 produtos. Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo Nem sempre o gestor deve se basear nas margens da fórmula recomendada. Ávilla (2015) fornece um exemplo bastante pertinente, com a representação gráfica do estoque de segurança. A lógica para entender o estoque mínimo é simples. No gráfico a seguir você vai ver que o eixo x (horizontal) corresponde ao tempo e que o eixo y (vertical) corresponde à quantidade em estoque de determinado produto. Vamos dizer que estamos falando aqui de uma loja de roupas e que esse seja o gráfico de estoque mínimo de bonés. Vamos ver alguns dados: Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo Estoque máximo: 200 bonés Estoque médio (ou mínimo): 150 bonés Estoque de reserva: 100 Prazo de abastecimento: 5 dias Prazo de renovação: 8 dias Vendas diárias: 10 bonés Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo Figura 9: Gráfico Estoques Fonte: Adaptado de Ávilla (2015). Quantidade em estoque Estoque Máximo Estoque Médio Estoque de Reserva TempoPrazo de renovação Prazo de abastecimento 8 dias 5 dias Recebimento Pedido Pedido Pedido Recebimento Recebimento Recebimento EMáx EMe ER 200 150 100 0 Q Q Q Dois outros conceitos foram agregados neste exemplo que o autor esclarece: Prazo de abastecimento: é o tempo de reposição de itens entre o pedido realizado, a entrega, o recebimento e os procedimentos finais para deixar o item disponível para uso ou venda. Também é conhecido como lead time. Estoque máximo: vai variar de acordo com o espaço para armazenamento disponível, o custo de ter o estoque, prazo de validade e cuidados especiais necessários. Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo Observando o gráfico (figura 8), o autor comenta: Observe que em um mundo ideal e com vendas constantes, teríamos o processo se repetindo continuamente. A partir do momento do primeiro recebimento de 80 bonés, o nosso estoque sobe de 100 para 180 bonés. Depois de 3 dias (e vendendo 30 bonés nesse período), atingimos 150 bonés, que é o nosso estoque mínimo, também conhecido como o ponto de pedido. Nesse momento uma nova remessa é solicitada para os fornecedores. Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo Como o prazo de entrega é de 5 dias (50 bonés vendidos), veja que o nosso estoque sai de 150 até chegar a 100. Nesse momento acaba ocorrendo mais uma reposição e o estoque volta para os 180 bonés. A partir desse ponto, no gráfico, tudo se repetirá normalmente (já na vida real, sabemos que essas linhas não seriam tão uniformes). Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo No exemplo apresentado, o tempo total de reposição é de oito dias, considerando que o comerciante faz o pedido e 3 dias depois recebe o pedido de reposição. Contudo, o tempo que o mesmo espera para o recebimento é de 5 dias. No total, ao longo de 8 dias ele já vendeu 80 bonés. Observe que, nesse caso, o estoque mínimo ou de segurança será de 150 bonés, 70 a mais do que a fórmula inicial estipula ou quase duas vezes a quantidade vendida durante o prazo de reposição (80 unidades = 10 vendas ao dia X 8 dias). As organizações podem estabelecer margens de segurança adequadas de acordo com o contexto em que estiverem inseridas. Gestão de Estoques – Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo A gestão de estoques tem por objetivo: I. Estabelecer fiscalização das atividades. II. Controlar a entrada e saída dos produtos. III. Garantir o abastecimento de materiais à empresa. Estão corretas as afirmativas: a) I, II e III. b) I e III. c) II e III. d) I e II. e) Nenhuma das alternativas anteriores. Interatividade Pozo (2010, pp.30) estabelece 5 tipos de estoque. Podem ser mantidos num mesmo almoxarifado ou em almoxarifados diferentes. São eles: Matérias-primas: componentes que serão utilizados no processo de fabricação da organização, que vão gerar o produto acabado. Por exemplo, uma chapa metálica que será utilizada para fabricar um carro. Gestão de Estoques – Tipos de Estoque Materiais auxiliares:materiais que ajudam na fabricação. Por exemplo, óleos lubrificantes. Materiais de manutenção: peças que servem de apoio à manutenção geral. Por exemplo, parafusos, pregos, ferramentas, entre outros. Materiais intermediários: conhecidos como peças em processos (WIP – Work in Process). Constituem-se em produtos ainda não acabados. Por exemplo, a carcaça de um veículo. Materiais acabados: estoque de produtos prontos. Já podem ser enviados aos clientes. Por exemplo, uma caixa de refrigerantes. Gestão de Estoques – Tipos de Estoque Gestão de Estoques – Tipos de Estoque Fonte: http://www.imageafter.com/ image.php?image=b13objects015.jpg A organização precisa e depende de seus estoques para que possua um bom desempenho no mercado. A questão básica é a da competitividade. Uma empresa competitiva deve ser capaz de oferecer produtos de qualidade com bons preços. Cada setor da organização deve estar empenhado nesse objetivo. Monks (1987 apud Hara, 2012, p.19) elenca alguns fatores pelos quais os estoques existem: Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Atender aos clientes com demandas variáveis (imediatas e sazonais): o autor pretendeu com esse item demonstrar que a flexibilidade deve ser uma vertente. O cliente deve ser atendido em suas expectativas, mesmo que tenha uma demanda diferente da habitual. Proteger contra erros de suprimento, faltas e estoque esgotado: subentende-se aqui que o planejamento, a execução e o controle precisam acompanhar as atividades de gestão de estoques. O gestor deve corrigir eventuais erros de forma imediata. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Auxiliar o nivelamento das atividades de produção, estabilizar o emprego e melhorar as relações de trabalho: à medida em que o setor produtivo esteja bem alinhado com a demanda da organização, o relacionamento fica facilitado, tanto entre os diversos departamentos, quanto em relação às pessoas. É importante a troca constante de informações para que o gestor de materiais e patrimônio possa atender e ser atendido pelos clientes internos. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Decompor o processo em etapas sucessivas, de modo que interrupções não parem todo o sistema: organizar a área produtiva de modo compartimentado, de modo que problemas pontuais possam ser resolvidos sem repercutir em toda a produção. Facilitar a produção de produtos diferentes nas mesmas instalações: aproveitar e valorizar o escopo da organização. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Fornecer um meio de obter e manusear materiais em lotes econômicos e de ganhar descontos por quantidade: obter através de estudos internos, dados e informações que possam gerar otimizações no processo de produção. Fornecer um meio de proteção contra as incertezas de entregas e preços futuros, tais como greves, aumentos de preços e inflação. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Pozo (2010, pp.28-29) também salienta alguns pontos relevantes, entre outros, que se constituem nas políticas de estoque: assegurar o suprimento adequado a todos os estoques (matéria-prima, auxiliar, produtos acabados etc.); manter o nível de estoque mais baixo possível (o objetivo é não dispender dinheiro de forma inútil, porém sempre atendendo adequadamente o cliente); Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques verificar e eliminar itens defeituosos ou obsoletos; prevenção contra danos, perdas, extravios ou mau uso. Observe-se que um ponto de grande importância é o treinamento de pessoal envolvido com o trabalho em estoques. Ênfase especial deve ser dada com estoques de medicamentos ou de produtos alimentícios. Além das especificidades próprias desses segmentos, que podem incluir: Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Cuidados especiais de manuseio: determinados produtos precisam de cuidados especiais ao ser manuseados, sob risco de se danificarem ou de se tornarem impróprios para o consumo. Por exemplo, caixas de ovos em empilhamento inadequado. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Prazos de validade: este aspecto envolve, inclusive, problemas legais. Observe-se que um determinado produto, com data de validade vencida, que esteja exposto à venda ou esteja em estoque junto a outros produtos disponíveis para a venda incorre em crime previsto no artigo 7º da Lei 8.137/90: Art. 7° Constitui crime contra as relações de consumo: I. favorecer ou preferir, sem justa causa, comprador ou freguês, ressalvados os sistemas de entrega ao consumo por intermédio de distribuidores ou revendedores; Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques II. vender ou expor à venda mercadoria cuja embalagem, tipo, especificação, peso ou composição esteja em desacordo com as prescrições legais ou que não corresponda à respectiva classificação oficial; III. misturar gêneros e mercadorias de espécies diferentes, para vendê-los ou expô-los à venda como puros; misturar gêneros e mercadorias de qualidades desiguais para vendê-los ou expô-los à venda por preço estabelecido para os de mais alto custo; Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques IV. fraudar preços por meio de: a) alteração, sem modificação essencial ou de qualidade, de elementos tais como denominação, sinal externo, marca, embalagem, especificação técnica, descrição, volume, peso, pintura ou acabamento de bem ou serviço; b) divisão em partes de bem ou serviço habitualmente oferecido à venda em conjunto; Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques c) junção de bens ou serviços, comumente oferecidos à venda em separado; d) aviso de inclusão de insumo não empregado na produção do bem ou na prestação dos serviços; V. elevar o valor cobrado nas vendas a prazo de bens ou serviços, mediante a exigência de comissão ou de taxas de juros ilegais; Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques VI. sonegar insumos ou bens, recusando-se a vendê-los a quem pretenda comprá-los nas condições publicamente ofertadas, ou retê-los para o fim de especulação; VII. induzir o consumidor ou usuário a erro, por via de indicação ou afirmação falsa ou enganosa sobre a natureza, qualidade do bem ou serviço, utilizando-se de qualquer meio, inclusive a veiculação ou divulgação publicitária; Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques VIII.destruir, inutilizar ou danificar matéria-prima ou mercadoria, com o fim de provocar alta de preço, em proveito próprio ou de terceiros; IX. vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria em condições impróprias ao consumo; Pena: detenção, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, ou multa. Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II, III e IX pune-se a modalidade culposa, reduzindo-se a pena e a detenção de 1/3 (um terço) ou a de multa à quinta parte. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques O inciso IX deixa claro que “vender, ter em depósito para vender ou expor à venda ou, de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria, em condições impróprias ao consumo”. A questão enfocada pela lei é complementada pela Lei 8.078/90, Lei de Proteção ao Consumidor, que estabelece, no parágrafo 6º, do inciso III, do artigo 18 que: Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques § 6° São impróprios ao uso e consumo: I. os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos; II. os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados, corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou ainda aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação, distribuiçãoou apresentação; III. os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a que se destinam. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Isto quer dizer que independentemente do estado em que o produto se encontre (mesmo que não esteja deteriorado), o simples fato de estar com a data de validade vencida já está na condição de produto impróprio para o consumo, condição esta que constitui crime contra as relações de consumo, com base na Lei 8.137/90. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Juridicamente há uma discussão bastante recente a respeito deste problema. Por exemplo, o Supremo Tribunal de Justiça tem considerado que o simples fato do prazo de validade estar vencido não deve configurar o crime. Mas, o tema é controverso. Reis (2016) pontua: Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques O Superior Tribunal de Justiça, no que se refere ao crime tipificado no art. 7°, IX, da Lei 8.137/90, tem decidido no sentido de que não basta a venda ou exposição à venda de mercadoria com prazo de validade vencido para a configuração de crime contra a relação de consumo, devendo haver, necessariamente, a realização de perícia para confirmar se tal produto é realmente impróprio ao consumo (assim, p. ex., RHC 60.937/RJ, Rel. Ministro Sebastião Reis Júnior, 6ª T, DJe de 01/03/2016). Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Ocorre que pelo teor da lei, bem como pela natureza do delito em questão, não se pode concordar com a atual jurisprudência do STJ. O art. 7°, inciso IX, da Lei 8.137/90, dispõe que “constitui crime contra as relações de consumo vender, ter em depósito para vender ou expor à venda, ou de qualquer forma, entregar matéria-prima ou mercadoria em condições impróprias ao consumo”. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Portanto, o gestor de materiais e patrimônio, por cautela, deve adotar dois procedimentos básicos: Não permitir qualquer produto com validade vencida na prateleira de vendas ou no estoque de produtos para vender. Inspecionar sempre o estoque. Caso encontre um ou mais produtos com validade vencida (ou com outros problemas que o tornem impróprios para o consumo) retire imediatamente o(s) mesmo(s) e, se não descartá-lo(s) imediatamente, deixe-o(s) acomodados em locais com a inscrição: Produtos para Descarte ou Produtos Inadequados para a Venda ou, ainda, Produtos para Descarte. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques A segunda recomendação é que o gestor deve – sempre – atualizar-se em relação à legislação. Mudanças podem ocorrer e é sempre importante que a administração de materiais tenha conhecimento delas para tomar as providências pertinentes. Aspectos Importantes no Gerenciamento de Estoques Em relação à gestão de estoques: I. A verificação do prazo de validade da mercadoria estocada é obrigação do cliente. II. Uma boa administração de estoques ajuda na competitividade da empresa. III. Demandas sazonais não são problemas do gestor de estoques. Estão corretas as afirmativas: a) I, II e III. b) Somente a III. c) Somente a II. d) Somente a I. e) Nenhuma das alternativas anteriores. Interatividade Vários são os métodos de previsão de demanda. Hara (2012, pp.25-40) cita os métodos baseados em séries temporais históricas, os modelos baseados em regressões e os métodos qualitativos de previsão. Entre os métodos baseados em séries temporais históricas estão: Previsão de Demanda Método do último período, Método da Média Aritmética Móvel, Método da Média Ponderada Móvel, Método da Ponderação Exponencial e a Previsão Sazonal. Os modelos baseados em regressão, conhecidos como modelos causais ou de causa-efeito são confeccionados com o auxílio de ferramentas estatísticas. Já os métodos qualitativos de previsão são: opinião de especialistas, método Delphi (ou Delfos) e pesquisas de mercado. A seguir, detalhes de alguns desses métodos. Previsão de Demanda Método da média aritmética móvel: É um método simples. Para prever a demanda do período seguinte, basta tirar a média aritmética simples de um determinado número de períodos anteriores. O método é expresso pela equação representada na figura a seguir: Previsão de Demanda A equação relaciona: PC = previsão de consumo Ci = consumo (ou vendas) em cada i período n = número de períodos considerados Exemplo de aplicação: Previsão de Demanda Previsão de Demanda Meses Unidades Janeiro 100 Fevereiro 110 Março 120 Abril 110 Maio 100 Junho 120 Na tabela anterior observam-se seis meses de consumo de um determinado produto. Pela equação do método da média aritmética móvel, nota-se que a soma dos valores das vendas de um determinado número de meses, dividido por este mesmo número, serve de previsão de demanda para o mês seguinte. Por exemplo, a título de exercício serão considerados os primeiros seis meses do ano (de janeiro a junho) e o objetivo é prever a demanda de julho. Logo, a soma dos produtos vendidos nos seis meses, dividida por seis, daria a previsão de demanda: Previsão de Demanda Portanto, a previsão de demanda para o mês de julho é de 110. Previsão de Demanda Classificação ABC O termo classificação ABC foi originado de um gráfico chamado de Curva ABC. Essa ferramenta permite identificar certas prioridades nas quais o gestor deve agir, de acordo com sua importância. Historicamente, o conceito da classificação ABC está vinculado ao chamado princípio de Pareto, homenagem ao sociólogo e economista italiano Vilfredo Pareto, que nasceu em 1848 e morreu em 1923 (FRAZÃO, 2015). Em termos práticos, o princípio estabelece uma relação de 80/20, explicada por Luiz (2012): Previsão de Demanda A Lei de Pareto, nascida dentro da economia, quando levada para o campo pessoal, adverte que 80% dos resultados que se alcança é consequência de apenas 20% dos esforços empregados. Em outras palavras, determinadas ações estratégicas podem oferecer um retorno muito maior do que muitas outras. O princípio pode ser aplicado por estudantes que desejem ser bem sucedidos, principalmente no que diz respeito à gestão do tempo e da produtividade na trajetória para a preparação para vestibulares ou concursos públicos. Previsão de Demanda O princípio dos 80/20 nos leva a entender que existe um desequilíbrio muito significativo entre ações realizadas e objetivos alcançados. Esse é o primeiro ensinamento que um estudante tem que ter em mente para se preparar bem para o desafio principal, que é a aprovação. Uma realidade irrefutável é que, no cenário dos vestibulares e concursos, menos de 20% nos candidatos consegue êxito nos resultados das provas. Previsão de Demanda Sem desconsiderar os demais fatores importantes que interferem em tal resultado, podemos dizer que quase a totalidade desses candidatos tem um bom nível de conhecimentos em geral, mas que somente um pequeno percentual desse universo consegue alcançar o preparo necessário para conquistar sua vaga, ou seja, alcança o nível de eficácia nos estudos adequado para o desafio da aprovação. De modo geral, muitos estudantes (80%) não se preparam como deveriam. Previsão de Demanda A parte mais importante é que 20% de todas as causas geram 80% dos efeitos. Em outras palavras, se o gestor priorizar corretamente as ações corretivas, consegue resolver um número maior de problemas, agindo sobre as causas da relação 80/20. Para isso, é necessário relacionar as ocorrências e classificá-las em três grupos sugeridos pelo processo, conforme esclarece Dias (2017, p.94): Previsão de Demanda Classe A: grupo de itens maisimportantes que devem ser tratados com uma atenção bem especial da administração. Classe B: grupo de itens em situação intermediária. Classe C: grupo de itens menos importantes que justificam pouca atenção por parte da administração. Previsão de Demanda Exemplo: Curva ABC Tipo de reclamação Número de ocorrências Falta de cortesia dos atendentes 80 Telefones ocupados 75 Demora no atendimento telefônico 32 Demora na entrega 28 Demora nas providências 12 Problemas de embalagem 09 Exemplo: Curva ABC Item Tipo de reclamação Número de ocorrências % Ocorrências % Acumulada 1 Falta de cortesia dos atendentes 80 33,90 33,90 2 Telefones ocupados 75 31,78 65,68 3 Demora no atendimento telefônico 32 13,56 79,24 4 Demora na entrega 28 11,86 91,10 5 Demora nas providências 12 5,08 96,19 6 Problemas de embalagem 9 2,81 100,00 Total 236 100,00 Exemplo: Curva ABC Tipo de Reclamação Falta de cortesia dos atendentes Telefones ocupados Demora no atendimento telefônico Demora na entrega Demora nas providências Problemas de embalagem 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 N ú m e ro d e o c o rr ê n c ia s Já com os itens reunidos nas respectivas classes, conforme já especificado: Classe A: Falta de cortesia dos atendentes e telefones ocupados. Classe B: Demora no atendimento telefônico e demora na entrega. Classe C: Demora nas providências problemas de embalagem. Exemplo: Curva ABC Exemplo: Curva ABC Falta de cortesia dos atendentes Telefones ocupados Demora no atendimento telefônico Demora na entrega Demora nas providências Problemas de embalagem Curva ABC 120,00 100,00 80,00 60,00 40,00 20,00 0,00 P o rc e n ta g e m % Ocorrências % Acumulada A curva ABC auxilia o gestor no sentido de: a) Priorizar ações. b) Analisar com mais referências. c) Administrar insumos. d) Administrar a produção. e) Todas as afirmações anteriores. Interatividade O gestor de materiais e patrimônio precisa lembrar que manter estoque sempre gera custos. Os custos devem ser administrados na medida da necessidade. Estoques enxutos, sempre recomendados, administrados pela filosofia do Just in Time nem sempre resolvem totalmente o problema, haja vista questões como a sazonalidade, vendas não esperadas, entre outras. Dias (2017, pp.69-70) aborda os custos relativos à manutenção de estoques: Custos de capital; Custos com pessoal; Custos com edificação; Custos de manutenção. Custos de Estoques Custos de capital Os custos de capital estão relacionados a itens como o pagamento de juros ou a depreciação, por exemplo. Se a organização investe capital na aquisição de insumos (para a fabricação dos produtos) ou de estoques do próprio produto (seja comprando de terceiros, seja produzido na organização), o custo relativo do dinheiro empregado faz parte dos custos de capital. Se a empresa usa financiamento bancário, este é mais um ônus que deve ser contabilizado. Custos de Estoques Já a depreciação é a perda de valor de determinado bem em função do seu uso. Tecnicamente, pode ser definida como: Depreciação corresponde ao encargo periódico que determinados bens sofrem, por uso, obsolescência ou desgaste natural. A taxa anual de depreciação de um bem será fixada em função do prazo durante o qual se possa esperar utilização econômica (Portal de Contabilidade). Custos de Estoques O controle da depreciação é importante por razões fiscais e contábeis. É importante na declaração de bens ao fisco e na apresentação dos resultados contábeis da empresa. A taxa de depreciação é calculada em função da vida útil estimada do bem. Padoveze (2014, p.287) aponta os bens mais comumente depreciados nas organizações. Observe a tabela a seguir: Custos de Estoques Custos de Estoques Imobilizado Vida útil estimada Taxa anual de depreciação Terrenos Indeterminada Não existe Edifícios 25 anos 4% Instalações 10 anos 10% Máquinas 10 anos 10% Móveis e utensílios 10 anos 10% Veículos 5 anos 20% Equipamentos de informática 5 anos 20% O cálculo da taxa anual de depreciação é feito dividindo-se o percentual de 100% pela vida útil estimada. Por exemplo, veículos têm a vida útil calculada em 5 anos. Logo, a taxa anual é de 20%. Em cinco anos, o bem está totalmente depreciado. De uma forma geral, pode-se definir: Valor Residual = Valor inicial – (Depreciação × tempo de utilização). Custos de Estoques Exemplo: um carro que custou R$10.000,00 e já está sendo utilizado há três anos, qual o seu valor, levando em consideração a depreciação, segundo a tabela 15? Solução: Valor Inicial = R$10.000,00 Depreciação: 20% Tempo de utilização: 3 anos Logo: Valor residual = 10.000,00 – (2.000,00 x 3) Valor residual = 10.000,00 – 6.000,00 Valor residual = 4.000,00. Custos de Estoques Observações importantes A tabela de depreciação pode ser mudada. Sempre consulte o setor contábil da organização. A Receita Federal emite tabela oficial de depreciação de bens. Consulte no link: http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action?idArquivoBi nario=36085 Procure sempre a atualização dos temas aqui tratados. Custos de Estoques Custo de armazenagem O custo de armazenagem pode ser calculado a partir da fórmula seguinte: CA= (Q/2) T.P.I. Observe que: CA = Custo de armazenagem Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado T = Tempo considerado de armazenagem I = Taxa de armazenamento (pode ser expressa em valor unitário ou porcentagem) Custos de Estoques Uma observação importante é que o item I é obtido a partir de diversos cálculos que são as variáveis obtidas em cada organização pelas especificidades concretas de cada caso. Itens que podem ser mensurados são a taxa de retorno do capital, a taxa de seguro, a taxa de movimentação, além de outros custos, como os fixos (aluguel, condomínio, etc.). Custos de Estoques Custos de Estoques Box 1 – Etapas de custeio da armazenagem Identificar os itens de custo Alocar os custos a cada produto ou cliente Calcular os itens de custos Agrupar itens de custos relativos a cada função ou atividade Quais são os custos relacionados ao estoque? a) Custos de capital. b) Custos com pessoal. c) Custos com edificação. d) Custos de manutenção. e) Todas as alternativas anteriores. Interatividade ATÉ A PRÓXIMA!
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