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RECURSO EXTRAORDINÁRIO

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Autos nº...
JOSÉ CARLOS, já qualificado nos autos originários, por seu advogado (a) que esta subscreve nos autos da ação nº …, vem, com o devido respeito à presença de Vossa Excelência, em razão do acórdão proferido às fls..., com fundamento nos arts. 102, III, da Constituição Federal c/c art. 1.029 e ss do Código de Processo Civil, interpor
RECURSO EXTRAODINÁRIO
pelas razões a seguir expostas.
Requer seja recebido o presente recurso no seu regular efeito devolutivo, conforme preconiza o art. 1.030, do CPC, com posterior remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal.
Requer desde já, a juntada da inclusa guia de preparo devidamente recolhida.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Rio de Janeiro, data.
ADVOGADO (A)
OAB/nº
RAZÕES DO RECURSO EXTRAODINÁRIO
Recorrente: José Carlos
Recorrido: Instituição Financeira
Autos nº …
Egrégio Supremo Tribunal Federal,
Colenda Câmara,
Eméritos Ministros
I – RAZÕES RECURSAIS 
A) DA TEMPESTIVIDADE
O presente recurso encontra-se tempestivo, em razão do que dispõe o art. 1.003, § 3º do CPC, por estar este dentro do prazo previsto em lei.
B) DO CABIMENTO
Da análise dos autos, o acórdão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro que deu provimento ao recurso de agravo de instrumento do recorrido, sendo decisão de última instância, e dispõe a Cf que cabe Recurso Extraordinário para o Supremo Tribunal Federal, quando a decisão recorrida contrariar o disposta da Carta Magma, conforme prevê o art. 5º, inciso LXVII. Cumpre salientar, que a decisão recorrida, viola a interpretação do art. 5º da Constituição Federal, e a súmula vinculante nº 25.
Sendo assim, a decisão proferida pelo acórdão não merece prosperar, razão pelo qual necessário que se admita o presente recurso, com sua consequente remessa ao Egrégio Supremo Tribunal Federal, para que seja o recurso conhecido, e provido.
C) DA REPERCUSSÃO GERAL
O recorrente, atentando ao disposto no art. 103, § 3º da CF, assim como o art. 1.035, § 2º do CPC, em preliminar de mérito, demonstra a existência de repercussão geral no em comento.
Da análise do acórdão vergastado, extrai-se, que a decisão feriu o conteúdo do art. 5º, inciso LXVII, da CF, e o entendimento que foi fundado na Súmula Vinculante nº 25.
II – DOS FATOS
Extrai-se dos autos que o recorrente é devedor da recorrida, por crédito de título extrajudicial. Iniciada a execução, foi penhorado um veículo de JOSÉ CARLOS, que figurou como depositário. Diante do perecimento do bem (em um acidente veicular com perda total), o banco requereu a prisão civil do devedor por considerá-lo depositário infiel.
O juiz de 1º grau indeferiu o pedido, ao argumento de inexistência de culpa do devedor. Inconformado, o banco interpôs agravo de instrumento, afirmando que houve culpa do depositário (imprudência), mas que o juiz de 1º grau não permitiu que fosse produzida prova nesse sentido e que, portanto, a prisão seria cabível.
O TJRJ, em decisão colegiada, deu parcial provimento ao agravo, para determinar nova análise da questão pelo juízo de origem, de modo a se produzir prova em 1º grau para verificar se, de fato, teria havido culpa. 
III – DO DIREITO
A Constituição Federal, em seu art. 5º, inciso LXVII, e o entendimento firmado pela súmula vinculante nº 25, in verbis:
Art. 5º […]
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
[…]
Súmula vinculante nº 25 do STF:
É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. 
Ao analisar detidamente o que dispõe estes dois dispositivos legais, vê-se que é clara a afronta ao que dispõe a CF.
A) DO PREQUESTIONAMENTO
Diante dos fatos narrados, resta claro que a decisão deve ser anulada, diante do pedido que visa autorizar o debate quanto á ocorrência de culpa no perecimento de bem depositado, a decisão recorrida acabou por permitir também o debate a respeito da prisão civil do depositário infiel.
Nesse sentido, o entendimento do art. 5º, inciso LXVII, da CF, é de que só se permite a prisão civil do devedor de alimentos. Entendimento este, que foi fundado na súmula vinculante nº 25.
Vê-se que após a evolução jurisprudencial, a partir da incorporação do Pacto de San José da Costa Rica, ao sistema jurídico pátrio, ocorreu o afastamento da possibilidade de ser detido por dívidas, ou seja, afastou a possibilidade de prisão civil do depositário infiel.
Com efeito, por haver possibilidade de debate a respeito da culpa, para a realização da avaliação de prisão civil, é possível encontrar óbices em jurisprudências do STF.
Nesse sentido, é o posicionamento jurisprudencial:
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. PRELIMINAR DE INÉPCIA DA INICIAL AFASTADA. JULGAMENTO EXTRA PETITA. INOCORRÊNCIA. POSSIBILIDADE DE PURGAÇÃO DA MORA E VENDA DO VEÍCULO. QUESTÕES JÁ ANALISADAS E RESOLVIDAS EM SEDE DE AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRECLUSÃO. PRISÃO CIVIL. DEPOSITÁRIO INFIEL. SÚMULA VINCULANTE N° 25. PLEITO RECONVENCIONAL DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. IMPROCEDÊNCIA. EFEITOS DA REVELIA. PRESUNÇÃO RELATIVA. APREENSÃO DEVIDA. EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO. RESTITUIÇÃO DE PARCELAS PAGAS. IMPOSSIBILIDADE. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ AFASTADA. ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA. MANUTENÇÃO. 1. Correto se mostra o afastamento da preliminar de inépcia da inicial, quando, da análise dos autos, constata-se que o pedido guarda consonância com os fatos narrados, obedecendo ainda aos requisitos dos artigos 282 e 283, ambos do CPC/73 (aplicável à época da publicação da sentença). 2. Não ocorre julgamento extra petita, quando a sentença abrange os limites do pedido, nos termos da Lei. 3. Ao teor do artigo 473 do Código de Processo Civil/73 (aplicável à época), é vedado à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujo respeito se operou a preclusão. 4. O Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 25, que preceitua: "é ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito", portanto, inadmissível tal hipótese. 5. Os efeitos da revelia (presunção de veracidade dos fatos alegados pelo Autor na reconvenção) são relativos e não conduzem necessariamente à procedência dos pedidos, devendo o nobre juiz atentar-se para os elementos probatórios presentes nos autos, formando livremente sua convicção, para, só então, decidir pela procedência, ou improcedência do pedido. 6. Comprovada a constituição do devedor em mora, a busca e apreensão do veículo, por inadimplência contratual, não gera o dever de indenizar, por não configurar dano moral, sendo a manutenção da sentença medida imperativa. 7. Nos contratos de aquisição de veículo com garantia de alienação fiduciária não há previsão de devolução de valores já pagos, tendo o devedor apenas o direito do recebimento do saldo apurado com a venda do veículo, se houver, contudo, tal medida deve ser pleiteada em via própria. 8. Inexistindo, no feito, elemento probante da prática, pela Autora da ação, de litigância de má-fé, não merece prosperar o pleito do Apelante de imposição das sanções a ela, a este título. 9. Tendo em vista a sucumbência mínima da parte Autora, ora Apelada, deve ser mantida a verba sucumbencial, conforme fixada na sentença. APELAÇÃO CÍVEL CONHECIDA E DESPROVIDA. (TJGO, Apelação (CPC) 0417838-92.2012.8.09.0049, Rel. MARCUS DA COSTA FERREIRA, 5ª Câmara Cível, julgado em 07/08/2018, DJe de 07/08/2018)
Sendo assim, é evidente que o acórdão proferido, não está em conformidade com o que dispõe a legislação vigente.
O recurso extraordinário visa reformar a decisão do acórdão guerreado, reconhecendo a não possibilidade de ser o recorrente detido por dívidas, por afrontar os dispositivos legais mencionados. Assim, impõe-se o provimento do presente recurso.
IV – DOS PEDIDOS
Diante de todo o exposto, requer:
a) que seja o presente recurso admitido de origem ao STF, por se tratar de repercussão geral, em que contraria o disposto no art. 102, inciso III, da CF;
b) que posteriormente após o provimento do presente recurso, pede-se para que seja realizado o conhecimento do recurso pela repercussão geral sobre questão constitucional, sendo reconhecido o mérito em si, afastando desde logo a possibilidade de prisão civil sem qualquer possibilidade de discussão.
Termos em que,
Pede e espera deferimento.
Rio de Janeiro, data.
ADVOGADO
OAB/nº

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