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UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
Estruturalismo, funcionalismo e behaviorismo
Sorocaba
2019
UNIVERSIDADE PAULISTA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
CURSO DE PSICOLOGIA
Ana Carolina Paneghini – C361BC8
Elton de Jesus Corrêa – C381GI-4
Rafael Alexandre Ferreira – C35631-0 
Rosemeire Gonçalves do Amaral – T26527-4 
Sandra Carla Bueno de Godoi – C31BEG-9
Yasmin Sunbale Ferraz – C34292-0
Estruturalismo, funcionalismo e behaviorismo
Trabalho bimestral da disciplina de História da Psicologia sob as orientações da Professora Mariella Passarelli.
Sorocaba
2019
INTRODUÇÃO
Desde os primórdios o ser humano demonstra uma característica intrínseca da sua natureza, a curiosidade. O interesse sobre si e sobre o outro impulsionaram questões como: Quem somos? O que produz os nossos pensamentos? Os nossos sentimentos? Nossas ações? Como entender e lidar com os que estão a nossa volta, e tantos outros questionamentos. A criação de um aparato experimental por Wilhelm Wundt e dois de seus alunos, no terceiro andar da Universidade de Leipzig, na Alemanha, estabelece pela primeira vez a Psicologia como ciência separada da filosofia e da biologia, logo, as discussões sobre a forma de descrever e explicar a mente humana e o comportamento teve início.
A nova ciência de Wundt, que pretendia medir os “átomos da mente”, os processos mentais mais rápidos e simples, além de dar início ao primeiro experimento da psicologia, com um aparelho que media o intervalo de tempo que as pessoas levavam para pressionar um botão de telégrafo após ouvirem uma bola bater em uma plataforma (Hunt, 1993), também inaugura o primeiro laboratório da psicologia. Não muito depois disso, essa nova ciência psicológica organizou-se em diferentes correntes ou escolas de pensamento, cada uma promovida por pensadores pioneiros.
Este trabalho vai apresentar as primeiras escolas que surgiram nesse contexto, o Estruturalismo e o Funcionalismo, seus precursores, bem como, uma visão behaviorista dessa ciência, que abandona a introspecção e redefine a psicologia como “o estudo científico do comportamento observável”. Neste trabalho será possível identificar também como cada escola de pensamento contribuiu para a história da Psicologia. Sobre outras correntes que surgiram contemporaneamente não falaremos pormenorizadamente.
FUNCIONALISMO
O movimento funcionalista surgiu a partir das obras de Darwin e de Galton nos Estados Unidos. Este movimento veio com o objetivo de compreender a atuação dos processos conscientes, e não a natureza ou conceitos da consciência. A central motivação dos psicólogos funcionais era a capacidade ou o benefício dos processos psíquicos para o indivíduo em suas inúmeras experiências de habituar-se ao meio em que vive. Estes processos psíquicos eram percebidos como exercícios que tornariam em efeitos práticos para o sujeito.
William James, desenvolveu um papel fundamental dentro do Funcionalismo acerca da Psicologia. Ele foi o pioneiro americano da psicologia funcional e considerado por muitos profissionais da Psicologia Americana como o maior Psicólogo que existiu no país. Durante um tempo, James passou a negar que era um profissional da Psicologia e que havia criado uma nova forma de ver a psicologia na época.
O autor era compreendido por muitos, como um exemplo negativo de uma psicologia científica, por causa do seu polêmico interesse pela clarividência, forças espirituais e pelo seu presente contato com os mortos em sessões espíritas, além de outras práticas cabalísticas.
Para o funcionalismo, o foco da consciência é nos guiar em relação as maneiras ordenadas pela sobrevivência. A consciência é fundamental para as necessidades de seres enigmáticos num espaço enigmático, ou seja, sem ela o percurso da evolução do indivíduo jamais poderia ter sido alcançado.
Para James (1962), os seres humanos não são criaturas inteiramente racionais. As pessoas são criaturas tanto de ação e paixão como de pensamento e razão. O intelecto opera sob as influências fisiológicas do corpo, e as crenças são determinadas por fatores emocionais, e a razão e formação de conceitos são afetadas pelos desejos e necessidades do homem. 
Em geral, o funcionalismo passou uma das principais correntes da psicologia americana. Sua forte crítica ao estruturalismo teve um enorme valor para a transformação da psicologia nos Estados Unidos. Além disso, o funcionalismo trouxe como contribuição para os profissionais da psicologia, os estudos de bebês, crianças e deficientes mentais. Contudo, o funcionalismo possibilitou que os psicólogos desenvolvessem a técnica da introspecção com outros métodos de coleta de informações, como a pesquisa fisiológica, os testes psíquicos, entre outros.
- ESTRUTURALISMO
O estruturalismo de Titchener é uma construção teórica de uma das correntes filosóficas que prosseguiram com as investigações na psicologia experimental. Titchener (1867-1927) foi um dos responsáveis em aproximar gradativamente uma psicologia fisiológica em que o sujeito é entendido como organismo de uma sociedade, contrapondo com a proposta de Wundt que pensava o homem como membro de uma sociedade. Os estruturalistas sustentam que a abordagem metodológica que aplicam é adequada a determinados objetos, ao desvelamento de estruturas não aparente, ocultas sob o que é manifesto e o que é intencional. Uma característica peculiar do estruturalismo é tratar o objeto como “posições em sistemas estruturados”, e não como “objetos existentes independentes de uma estrutura”. Se opõem à ênfase atomistas dos fenômenos e propõem que existam causas, relações causais e mudanças. De acordo com Goldmanm 1979, há estrutura quando os elementos estão reunidos em uma totalidade, apresentando algumas propriedades como totalidade e quando as propriedades dos elementos dependem, total ou parcialmente, dessas características de totalidade. Ou seja, o estruturalista procura encontrar as totalidades e não faz uso de análise em decomposição para encontrar elementos determinantes. 
 O estruturalismo nasceu em decorrência à pesquisas empíricas em uma tentativa de romper com as barreiras que aflige um grande número de estudiosos: o terreno da multiplicidade e divergências. contudo, entende-se que quanto maior o rigor na pesquisa, mais probabilidade em descrever a situação isolada, naquele espaço e naquele tempo. Para tanto, quando se propõe analisar as situações ou informações a partir de alguma premissa teórica, deixa-se de lado a originalidade e as particularidades reveladas pela investigação. Para Thiry-cherques(2006), a analise estrutural interpretativa depende da descrição, cujos modelos derivam de sistemas simbólicos que se mesclam na sociedade como parentescos, código de etiqueta, maneira de cozinhar etc. Para Parain-Vial(1972), as estruturas podem ser ou não redutíveis umas às outras, como organizações, linguagens, regras matrimoniais, relações econômicas, arte, ciência e religião e que a verificação pode levar a validação ou não da estrutura. Como aponta Lévi-Strauss(1973b), as estruturas não podem ser demonstradas como universais, já que o estruturalismo defende a subjetividade e que por definição são incomparáveis e incomunicáveis.
- BEHAVIORISMO:
O Behaviorismo do termo inglês “Behavior” que significa comportamento, é o conjunto de abordagens iniciadas nos séculos XIX e XX, que apresentam o comportamento como objeto de estudo da psicologia. O behaviorismo, também designado de comportamentalismo,é um ramo do estudo do comportamento que se baseia em experimentações de laboratório, inicialmente feitas com animais. Refere-se a um conjunto de teorias psicológicas que buscam postular o comportamento como o objeto mais adequado da psicologia, sendo este visível, passível de observação por uma ciência positivista. 
Para o behaviorismo, o serhumano é um ser ativo que opera no ambiente, provocando modificações em si. Essas modificações retroagem sobre o sujeito, alterando os seus padrões comportamentais. Diante disso, podemos notar que a concepção de aprendizagem do indivíduo é a ambientalista, pois tanto o comportamento quanto sua aprendizagem são influenciadas pelo meio ambiente.É uma abordagem baseada em estudos rigorosamente controlados, com base no levantamento de dados comportamentais, excluindo os conceitos subjetivos ligados à consciência, ao sentimento e à neurociência.
O behaviorismo também engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento dentro da psicologia, contrapondo-se ao mentalismo, ao introspecionismo e à psicanálise que operavam o lado interior e não observável da mente, sendo inicialmente utilizada em um artigo escrito por John B. Watson. Pode-se dizer quea abordagem behaviorista é uma ciência que possui como principal finalidade a previsão e o controle do comportamento, definida por meio das unidades analíticas “S” que corresponde ao estímulo produzido pelo meio, e “R” de resposta ou comportamentos. 
 Considerado o grande autor do behaviorismo clássico, J.B.Watson foi o principal protagonista desse movimento, bem como seu precursor ao escrever em 1913, o artigo “Psychology as the Behavioristviewsit“, que representava uma contraposição à tendência mentalista da psicologia do século XX. O behaviorismo deWatson defendia a psicologia como um ramo objetivo eexperimental, quepartia do princípio de que o comportamento era modelado pelo paradigma de estímulo e resposta. Conceito desenvolvido por Ivan Pavlov, que propôs o modelo de reflexo condicionado e que inspirou Watson em seus estudos sobre o comportamento, o qual se engajava em deixar os estudos dos processos mentais e da análise da mente de lado, pois achava que a psicologia deveria focar em prever e controlar o comportamento do indivíduo. 
Nas teorias de Watson, o psicólogo conhecendo o estímulo, deverá ser capaz de prever a resposta e se conhecer a resposta deverá poder identificar o estímulo. Dessa forma considera-se que a existência de fatores hereditários é irrelevante, e que os fatores do meio são determinantes no desenvolvimento da criança.
Essa ciência ainda fez diversas contribuições para o ramo cooperativo, sendo muito utilizada em vários estudos sobre o ambiente empresarial e o comportamento de seus indivíduos.
DISCUSSÃO
Segundo Terra (2003), para dispor sob os meios de produção da representação de mundo, da gênese dos modelos de concepção e atuação do Behaviorismo, faz-se importante uma reflexão epistemológica relacionada ao trajeto percorrido pela Psicologia em busca da sua definição como ciência, que correlaciona-se às visões de mundo e de homem dominantes em cada momento histórico da sociedade, condição essencial à compreensão do contexto de emergência do behaviorismo e dos tipos de demanda que a Psicologia procurou superar até chegar ao estágio de evolução em que se encontra na atualidade.
Em uma perspectiva histórica, das ciências humanas marcadas por três concepções de mundo e de homem, que apresentam características distintas: a cosmocêntrica, a teocêntrica e a antropocêntrica (FREITAS, 2000), até a revolução científica do século XVI, conforme afirma Santos (1997), instaura-se um modelo geral de racionalidade que veio a ser desenvolvido no futuro, embora que timidamente no século XVIII, porém alcança o âmbito das ciências sociais emergentes no século XIX. Um modelo totalitário, na medida em que nega o caráter racional a todas as formas de conhecimento que não se pautarem pelos seus princípios epistemológicos e pelas suas regras metodológicas, sendo esta a sua característica fundamental e que melhor simboliza a ruptura do novo paradigma científico com os que o precedem (p.11)
A Psicologia que até meados do século XIX constituía um ramo da Filosofia encontrava-se marcada por duas vertentes teóricas antagônicas e inconciliáveis, sendo uma de tendência objetivista e a outra de tendência subjetivista. Ambas herdadas das proposições de dois grandes filósofos: Bacon (1214-1292), fundador do materialismo inglês, cujas idéias valorizam o papel da experiência da ciência (FREITAS, op.cit.) e Descartes (1596-1659).
Freitas (2000,p.49) discorre que Descartes foi quem introduziu os conceitos de reflexo e de consciência. Segundo a autora, surge "o princípio da introspecção, da auto-reflexão da consciência, que teve influência sobre as tendências idealistas, enquanto a interpretação mecanicista ou naturalista da conduta humana representou a sua influência sobre as tendências materialistas", ela afirma que Emmanuel Kant, filósofo alemão cujas idéias filosófico-racionais derivam da incorporação de elementos como liberdade, individualismo e igualdade que constituíram a concepção de mundo da burguesia européia entre os séculos XII e XVIII, exerceu grande influência rumo ao subjetivismo "ao situar o mundo das idéias na consciência individual”, com a tendência materialista-mecanicista de Descartes foi refletida nos materialistas franceses do século XVIII e no materialismo sensualista de John Locke (1632-1704), na Inglaterra. Os seguidores de Locke desenvolveram sua visão empirista de mente dando conta de que as idéias eram constituídas a partir de sensações produzidas por estimulação ambiental. Comte (1798-1857) introduz a era da positividade, e a noção de introspecção, sendo as suas idéias seguidas por psicólogos empiristas que partiram para o estudo positivo.
Com Wundt (1832-1920) foi dado o passo definitivo para a constituição da Psicologia Experimental e, portanto, da Psicologia como ciência. Para Wundt importava uma Psicologia que só admitisse fatos e, dessa forma, o seu programa de estudos voltou-se à experimentação e à mensuração a fim de controlar os dados fornecidos pela introspecção. A trajetória de consolidação da Psicologia como ciência inclui, ainda, a influência da Biologia Evolucionista de Darwin (1809-1882), da Psicologia Experimental dos animais de Thorndike (1874-1949) e da Reflexologia russa de Pavlov (1849-1936).
A psicologia enquanto ciência foi marcada por variações entre as duas vertentes teóricas antagônicas, a objetivista priorizando o ambiente externo e a subjetivista priorizando o interno, sobretudo a consciência, que visaram atender às demandas configuradas em cada momento histórico que as originaram, ampliando o conhecimento com o surgimento da primeira geração do behaviorismo metodológico, a segunda geração com o behaviorismo radical, até chegar à terceira geração, do behaviorismo social, aproximadamente de 1913 a 1980.
PROCEDIMENTO
Para realizar esta pesquisa, utilizamos de artigos científicos, buscas acadêmicas, juntamente de nossos estudos da universidade sobre a história da psicologia, anexando essas informações com nossas concepções e a partir dessas ferramentas formulamos este estudo. 
CONCLUSÃO
O surgimento de escolas de pensamentos diferentes e, por vezes, simultâneas, e o seu subsequente declínio e substituição por outras, é uma das características mais marcantes da história da Psicologia.
William James investigou a utilidade/função dos processos mentais para o organismo nas suas permanentes tentativas de se adaptar ao meio ambiente. Seu objeto de estudo é a consciência, seu método vem da observação introspectiva e técnicas de obtenção de dados, como a pesquisa fisiológica, testes mentais, questionários e descrições objetivas do comportamento.
Edward Titchner, seguidor de Wundt propôs o estruturalismo, o qual pretende analisar a consciência nas suas partes constituintes para assim determinar a sua estrutura. Seu objeto de estudo é a estrutura da consciência, o método utilizado é a introspecção qualitativa que consistia em observadores descreverem o seu estado consciente após sujeitos a um dado estímulo.
John Watson Rompe com a Psicologia introspectiva e reafirma status de ciência ao propor o comportamento como objeto mensurável, observável e passível de reprodução, seu objeto de estudoé o comportamento observável, o método utilizado é o experimental.
Durante mais de 100 anos a Psicologia tem procurado, aceitado e rejeitado diferentes definições, mas nenhum sistema ou ponto de vista individual conseguiu unificar todas as posições. Cada escola adere à sua própria orientação teórica e metodológica, abordando o estudo da natureza humana a partir de diferentes técnicas. Todas as abordagens adquirem um valor indispensável para a construção da ciência psicológica e nenhuma possui todas as respostas ou é superior.
 A diversidade de teorias e/ou escolas de pensamento na Psicologia é condição e resultado de uma ciência que tem por objeto o ser humano em toda a sua complexidade.
Segundo Thomas Kuhn, o estágio mais avançado do desenvolvimento de uma ciência é alcançado quando ela já não se caracteriza por escolas de pensamento, ou seja, a maioria dos membros dessa disciplina chegam a um consenso acerca de questões teóricas e metodológicas. Concluindo a Psicologia é uma ciência em constante processo de construção.
BIBLIOGRAFIA
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FREITAS, M.T.A. de. Vygotsky e Bakhtin: Psicologia e Educação: um intertexto. 4.ed. São Paulo: Ática, 2000
GOLDMAN,L. (1979).OConceito de estrutura significativa da na história da cultura.In:L.Goldman (Ed). Dialética e cultura.Rio de Janeiro :Paz e Terra. (Obra ORIGINAL PUBLICADA EM 1958)
James, W., Psychology: Briefer Course, Nova York, Colher Books, 1962.
LEVI-STRAUS,C. (1973B) ANTROPOLOGIESTRUCTURALE II.PARIS:PLON
PARAIN-VIAL,J.(1972).Analisis e struturales e ideologias estruturalistas. Buenos Aires: Amorrurtu Editores.
SANTOS, BOAVENTURA DE SOUZA. Um discurso sobre as ciências. 9.ed. Ed. Afrontamento, 1997
SKINNER, B.F. Sobre o behaviorismo. São Paulo: Ed. Cultrix, 1974
TERRA, M. O Behaviorismo em discussão. Campinas, faculdade de Educação da UNICAMP, 2003.
THIRTY-CHERQUES(2006). O primeiro estruturalismo: método de pesquisa para ciências da gestão 
WATSON, J. B. Pysichology as the behaviorist views it. Review, pag.158-77, 1913.
WATSON, John B. Clássico traduzido: a psicologia como o behaviorista a vê. Temas psicol.,RibeirãoPreto, V. 16, n. 2, p.289-301, 2008.Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2008000200011&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 17 abr. 2019.

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