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Microeconomia II Aula 3 Maximização de lucro em monopólio Adaptado de: Fernando e Yvonn Quijano (Pearson Education) Plano de ensino Conceitos introdutórios: teoria da produção, teoria dos custos Maximização de lucros em: • Concorrência perfeita • Monopólio • Concorrência monopolística e oligopólio Decisão de produção no oligopólio: modelos de Cournot, Bertrand, Stackelberg, Cournot para preços Teoria dos jogos Efeitos de políticas no mercado competitivo Modelo de equilíbrio geral Falhas de mercado Poder de mercado Poder de mercado: Capacidade do vendedor influir no preço de uma mercadoria. Monopólio: Mercado no qual existe apenas um vendedor. Monopólio Para entender o relacionamento entre receita total, receita média e receita marginal, considere uma empresa que se defronta com a seguinte curva da demanda: P=6-Q P = 6 – Q Preço - P Quantidade - Q Receita total - RT Receita marginal - RMg Receita média – RMe 6 0 0 6 6 5 1 5 4 5 4 2 8 2 4 3 3 9 0 3 2 4 8 -2 2 1 5 5 -4 1 Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) A receita média e a receita marginal são mostradas para a curva da demanda P = 6 – Q. Receita média e receita marginal Monopólio Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Q* é o nível de produção para o qual RMg = CMg. Se a empresa produzir uma q u a n t i d a d e m e n o r — digamos, Q1 —, então ela estará sacrificando parte dos lucros, pois a receita extra que poderia ser obtida com a produção e venda de quantidades entre Q1 e Q* e x c e d e r i a o c u s t o d e produção. De modo semelhante, um a u m e n t o n o n í v e l d e produção de Q* para Q2 resultaria em uma redução dos lucros, já que o custo a d i c i o n a l e x c e d e r i a a receita adicional. O lucro é maximizado quando a receita marginal iguala-se ao custo marginal Decisão de produção do monopolista Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) A parte (a) mostra a receita total, R, o custo total, C, e o lucro, que é a diferença entre R e C. A parte (b) apresenta a receita média, a receita marginal, o custo médio e o custo marginal. A receita marginal é a inclinação da curva de receita total e o custo marginal é a inclinação da curva de custo. O nível de produção capaz de maximizar os lucros é Q* = 10, ponto no qual a receita marginal se iguala ao custo marginal. Nesse nível de produção, a inclinação da curva de lucro é zero, e as inclinações da receita total e da curva de custo total são iguais. O lucro unitário é de $ 15, ou seja, a diferença entre a receita média e o custo médio. Como são produzidas 10 unidades, o lucro total é igual a $ 150. Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Exemplo de maximização de lucros Teste de conhecimento a) Encontre o preço e quantidade ótimos para o monopolista descrito pelas informações na tabela a seguir: b) Represente graficamente esse resultado determinado em (a). Q P RMg CMg CMe 0 100 100 - 150 15 86 71 91 107 25 75 50 41 84 34 66 44 44 72 50 50 0 63 63 O deslocamento da curva de demanda mostra que um mercado monopolístico não possui nenhuma curva de oferta, Em (a), a curva de demanda, D1, desloca-se, tornando-se a nova curva de demanda, D2. Entretanto, a nova curva da receita marginal, RMg2, cruza com a curva do custo marginal no mesmo ponto em que se situava a antiga curva do custo marginal, RMg1. Portanto, o nível de produção capaz de maximizar lucros permanece inalterado, embora o preço caia de P1 para P2. Em (b), a nova curva da receita marginal, RMg2, cruza com a curva do custo marginal em Q2, um nível de produção mais elevado. No entanto, como a demanda possui agora elasticidade maior, o preço permanece o mesmo. Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Deslocamentos da demanda U m a e m p r e s a é u m monopólio natural porque apresenta economias de escala (custo médio e custo marginal decrescentes) para toda a produção. Se o preço regulamentado fosse Pc, a empresa perderia d inhei ro e encerrar ia as atividades. O preço P r poss ib i l i t a o maior nível de produção possível, coerente com a permanência da empresa no mercado; o lucro excedente é zero. ●Empresa que tem capacidade de produção para todo o mercado com um custo menor ao que existiria caso houvesse várias empresas. Regulamentação do preço do monopólio natural Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Monopólio natural Havendo um imposto t por unidade, o custo marginal efetivo da empresa é aumentado em t para CMg + t. Neste exemplo, o aumento de preço, ΔP, é superior ao valor t do imposto. Efeito de um imposto de consumo sobre um monopolista Suponhamos que um imposto específico de t dólares por unidade passe a ser cobrado, de tal forma que o monopolista tenha de remeter t dólares ao governo para cada unidade vendida por ele. Sendo CMg o custo marginal original da empresa, a decisão do nível de produção ótimo será agora expressa por: RMg = CMg + t. Efeito de um imposto Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Lembre-se da importante diferença que existe entre a empresa perfeitamente competitiva e a empresa com poder de monopólio: para a empresa competitiva, o preço é igual ao custo marginal; para a empresa com poder de monopólio, o preço é superior ao custo marginal. ● Índice de Lerner de Poder de Monopólio Medida do poder de monopólio calculada como o excesso do preço sobre o custo marginal como uma fração do preço. Matematicamente: L = (P – CMg)/P Esse índice de poder de monopólio pode também ser expresso pela elasticidade da demanda com que a empresa se defronta. L = (P – CMg)/P = – 1/Ed Mensuração do poder de monopólio O markup (P – CMg)/P é igual ao negativo do inverso da elasticidade da demanda da empresa. Se a demanda da empresa for elástica, como mostrado em (a), o markup será pequeno e a empresa terá pouco poder de monopólio. Se a demanda for relativamente inelástica ocorrerá o oposto, como mostrado em (b). Elasticidade da demanda e preço de markup Mensuração do poder de monopólio Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Embora a elasticidade da demanda do mercado de a l imen tos se ja pequena (ce rca de –1 ) , os supermercados não poderiam elevar unilateralmente os preços sem que v iesse a perder mu i tos consumidores para outras lojas. Consequentemente, a elasticidade da demanda para um único supermercado em geral atinge o elevado valor de –10. O administrador de um supermercado típico deve determinar os preços cerca de 11% acima do custo marginal. Pequenas lojas de conveniência normalmente cobram preços mais elevados do que os supermercados porque os clientes são geralmente menos sensíveis ao preço. Como a e last ic idade da demanda de uma lo ja de conveniênc ia é de aproximadamente –5, a equação do markup implica preços cerca de 25% acima do custo marginal No caso dos jeans de marca, elasticidades da demanda na faixa de –2 a –3 são típicas para as mais famosas. Isso significa que o preço deve ficar 50% a 100% acima do custo marginal. Teste de conhecimento (ENADE, 2018) O Índice de Lerner proporciona uma análise do poder de mercado da firma, ou seja, quando uma empresa enfrenta uma curva de demanda negativamente inclinada, então tem capacidade para escolher o preço de mercado. Esse índice é dado por: L = (P – CMg)/P = – 1/Ed em que, L é o Índice de Lerner, tal que 0 ≤ L ≤ 1; P é o preço; CMg é o custo marginal da firma; Epd e é a elasticidade-preço da demanda. Quanto maior o Índice de Lerner, maior é a distância entre o preço praticado e o preço concorrencial. Assim, quanto menos elástica for a curva de demanda com a qual a firma se depara,maior será a diferença entre o preço e o custo marginal e, portanto, maior é o seu poder de mercado. Fonte: PINDYCK, R. S.; RUBINFELD, D. L. Microeconomia. São Paulo: Pearson, 2010 (adaptado). Teste de conhecimento Considerando as informações apresentadas, faça o que se pede nos itens a seguir. a) Supondo uma elasticidade-preço da demanda em módulo igual a 4, calcule o Índice de Lerner e, com base nesse resultado, explique a relação entre o custo marginal e o preço. b) Identifique dois fatores que afetam o poder de mercado das firmas. Questão 1 1a) Uma empresa monopolista defronta-se com uma elasticidade da demanda constante de -2.0. A empresa tem um custo marginal constante de $20 por unidade e estabelece um preço para maximizar o lucro. Se o custo marginal subisse 25%, o preço estabelecido pela firma também subiria 25%? 1b) O preço de um monopolista é $10 e, a esse preço, o valor absoluto da elasticidade da demanda é 2. Qual é o custo marginal do monopolista? E seu mark up? Fontes de poder do monopólio Três fatores determinam a elasticidade da demanda de uma empresa: 1. A elasticidade da demanda de mercado. Como a demanda da própria empresa será pelo menos tão elástica quanto a demanda do mercado, a elasticidade da demanda do mercado limita o potencial de poder de monopólio. 2. O número de empresas atuando no mercado. Se existirem muitas empresas, será pouco provável que qualquer uma delas tenha possibilidade de influenciar significativamente no preço de mercado. 3. A interação entre as empresas. Mesmo que apenas duas ou três empresas estejam atuando no mercado, nenhuma delas terá possibilidade de elevar o preço com lucro caso exista uma agressiva concorrência entre elas, com cada empresa procurando capturar a maior fatia possível de mercado. Custos sociais do poder de monopólio O retângulo e os tr iângulos s o m b r e a d o s m o s t r a m a s a l t e r a ç õ e s o c o r r i d a s n o s excedentes do consumidor e do produtor, quando passamos d o p r e ç o e q u a n t i d a d e competitivos, Pc e Qc, para o p r e ç o e q u a n t i d a d e d e monopólio, Pm e Qm. Em consequência do preço mais alto, os consumidores perdem A + B e o produtor ganha A – C. O peso morto é B + C. Peso morto decorrente do poder de monopólio Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Questão 2 Uma empresa monopolista (DD) no setor industrial de portas apresenta um custo de produção igual a CT=100-5Q+Q2, e sua demanda é representada por P = 55 - 2Q. 2a) Que preço a empresa DD deveria cobrar para maximizar lucros e qual a quantidade que seria, então, produzida? Quais seriam, respectivamente, os lucros e o excedente do consumidor gerados pela DD? 2b) Qual seria a quantidade produzida se a DD atuasse como um competidor perfeito, tendo CMg = P? Que lucro e que excedente do consumidor seriam, respectivamente, gerados? 2c) Qual é a perda bruta decorrente do poder de monopólio no item (a)? 2d) Suponha que o governo, preocupado com o alto preço dos limitadores de abertura de portas, defina um preço máximo de $27. De que forma isto afetaria o preço, a quantidade, o excedente do consumidor e o lucro da DD? Qual seria a perda bruta? Questão 3 Uma empresa defronta-se com a seguinte curva de receita média (demanda): P = 120 – 0,02Q Onde Q é a produção semanal e P é o preço, medido em centavos por unidade. A função de custo da empresa é expressa por C=60Q+25.000. Supondo que a empresa maximize seus lucros: 3a) Quais serão, respectivamente, em cada semana, seu nível de produção, seu preço e seu lucro total? 3b) O governo decide arrecadar um imposto de 10 centavos por un idade de um de te rminado p rodu to . Qua is deverão se r, respectivamente, o novo nível de produção, o novo preço e o novo lucro total, em consequência do imposto? Discriminação de preços Captura do excedente do consumidor Se uma empresa cobrar apenas um preço de todos os clientes, esse preço deverá ser P*, que corresponde à quantidade Q*. A empresa gostaria de cobrar mais dos consumidores que estejam dispostos a pagar mais do que P*, captando assim uma parte do excedente do consumidor situado s o b a r e g i ã o A d a c u r v a d a demanda. A empresa gostaria também de vender para os consumidores que estejam dispostos a pagar preços inferiores a P*, mas somente se isso não acarretar uma redução de preço para os demais clientes. Dessa forma, ela poderia também captar uma parte do excedente do consumidor situado sob a região B da curva da demanda. ● Discriminação de preço Prática de cobrança de preços diferentes de clientes diferentes por produtos similares. Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Discriminação de preços ● Preço de reserva Preço máximo que um consumidor está disposto a pagar por um produto. ● Discriminação de preço de primeiro grau Prática de cobrança do preço de reserva de cada consumidor. Lucro adicional gerado por meio da discriminação de preço perfeita de primeiro grau C o m o a e m p r e s a c o b r a d e c a d a consumidor o respectivo preço de reserva, torna-se lucrativo expandir a produção até Q**. Quando apenas um único preço P* é cobrado, o lucro variável da empresa é representado pela área situada entre as curvas de receita marginal e de custo marginal. Havendo uma discriminação de preço perfeita, esse lucro será expandido, passando a incorporar a área entre a curva da demanda e a curva do custo marginal. ● Lucro variável Soma dos lucros de cada unidade adicionalmente produzida por uma empresa, isto é, o lucro ignorando o custo fixo. Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Discriminação de preço de primeiro grau na prática As empresas geralmente não sabem qual é o preço de reserva de cada consumidor, mas às vezes os preços de reserva podem ser identificados de forma aproximada. Aqui, seis preços diferentes são praticados. Dessa forma, a empresa aufere l uc ros ma io res , po rém a lguns consumidores podem também se beneficiar. Com um preço único P*4 h a v e r á u m n ú m e r o m e n o r d e consumidores; os consumidores que agora pagam P5 ou P6 obtêm um excedente. Discriminação de preço perfeita e imperfeita Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Discriminação de preços ● Discriminação de preço de segundo grau Prática de cobrança de preços diferentes por unidade para quantidades diferentes da mesma mercadoria ou do mesmo serviço. ● Cobrança por ‘faixas de consumo’ Prática de cobrança de preços diferentes para certas quantidades ou ‘blocos’ de um produto. Discriminação de preço de segundo grau Preços diferentes são cobrados para quantidades diferentes, ou ‘faixas’, da mesma mercadoria. Neste exemplo, há três faixas com os respectivos preços, P1, P2 e P3. Há também economias de escala e o custo médio e marginal são declinantes. A discriminação de preço de segundo grau pode aumentar o bem-estar dos consumidores à medida que expande a produção e reduz o custo. Fonte: Pindyck e Rubinfeld (2010) Discriminação de preços ● Discriminação de preço de terceiro grau Prát ica de div id i r os consumidores em dois ou mais grupos com curvas de demanda separadas e cobrar preços diferentes de cada grupo. Criação de grupos de consumidores Se a discriminação de preço de terceiro grau for viável, de que forma a empresa pode determinar o preço a ser cobrado de cada grupo de consumidores? 1. Sabemos que, seja qual for a quantidade produzida, o nível total produzido deve ser dividido entre os grupos de consumidores de tal modo que as receitas marginais para cada grupo sejam iguais. 2. Sabemos que a produção total deve ser tal que a receita marginal de cadagrupo de consumidores seja igual ao custo marginal de produção. Discriminação de preços Bibliografia PINDYCK, Robert S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 7ª ed.: São Paulo, Pearson Education do Brasil, 2010. Cap. 10 e 11.