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INTRODUÇÃO À ENGENHARIA
CAPÍTULO 1 – POR QUE SER UM 
PROFISSIONAL DE ENGENHARIA?
Daniel Melo Martins de Góis
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Introdução
Neste nosso primeiro capítulo, vamos compreender a engenharia enquanto profissão. Para isso, é interessante
refletir sobre alguns pontos iniciais: o que é engenharia? Como a engenharia evoluiu e quais são as perspectivas
para o futuro dessa profissão? Quais são as atividades e as habilidades técnicas necessárias para um engenheiro?
Por que existem várias engenharias? Como é possível lidar com a linguagem técnica, os trabalhos, individuais e
em equipe, e tomar decisões gerenciais?
Ingressar em um curso de Engenharia é como embarcar em um avião. Tudo já funciona. Existem regras,
hierarquia, história, conceitos, linguagem técnica, procedimentos, enfim, um equipamento repleto de
engrenagens que se movimentam, cumprindo seus papéis bem definidos.
A engenharia sempre surpreende. É uma arte de conhecimentos incalculáveis que desafia seus profissionais a
cada novo problema. São surpresas que ativam nossas mentes em busca de novas ideias que embalam os sonhos
humanos.
Aqui, vamos contar a história da engenharia, abordando a evolução, contextualizando a atualidade e
direcionando às perspectivas de seu futuro. Em seguida, vamos entender as atividades de um engenheiro,
expressando suas competências e o know-how essencial para sua profissão. Apresentaremos todas as
engenharias e responderemos o porquê de haver tantas especialidades na profissão.
Ao final, compreenderemos o uso da comunicação técnica para elaboração de relatórios e trabalhos técnicos e a
importância da tomada de decisões técnicas e gerenciais competentes a um engenheiro.
E então? Vamos embarcar nesse universo fantástico da engenharia? Acompanhe com atenção e bons estudos!
1.1 A Engenharia como profissão
Você sabe o que é engenharia?
A engenharia é a arte de aplicar os conhecimentos científicos, econômicos, sociais e práticos à invenção,
aperfeiçoamento ou utilização da técnica industrial, em todas as suas determinações para o bem-estar das
pessoas e o desenvolvimento da sociedade (BAZZO; PEREIRA, 2013). 
Em outras palavras, também pode ser entendida como a arte da concepção e execução de algo por alguém,
dotado de aptidões e habilidades técnicas com o intuito de inventar, desenhar, construir, manter e melhorar
máquinas, equipamentos, edificações, sistemas, estruturas, processos e materiais.
Nesse contexto, questionamentos devem ser esclarecidos: como a engenharia tornou-se uma profissão? Como
ela se desenvolveu até os dias atuais? E o que esperar de um engenheiro para o futuro?
Para começar a responder esses questionamentos, vamos ao primeiro registro oficial do emprego do termo
engenheiro, feito na França, numa ordem régia de Carlos V (1337-1380). A palavra é proveniente do latim 
, que significa engenho ou habilidade. Porém, apenas no século XVIII, é que o termo começou a seringenium
utilizado para identificar aqueles que utilizavam técnicas baseadas em princípios científicos. Antes disso, a
terminologia de engenheiro era atribuída àqueles que se dedicavam ao invento e à construção de engenhos. Em
1814, o termo engenharia foi inserido no dicionário da língua portuguesa (BAZZO; PEREIRA, 2013).
Segundo a Encyclopaedia Britannica (2018), o primeiro título de engenheiro foi usado pelo inglês John Smeaton
(1724-1792), que teria se autointitulado engenheiro civil para diferenciar-se dos engenheiros militares, durante
o período da revolução industrial.
Anos depois, Smeaton fundou a Sociedade Britânica dos Engenheiros Civis e, por conta disso, ficou conhecido
como o “pai e patrono da engenharia”. Dentre suas muitas obras, a mais conhecida foi o Farol de Eddystone,
construído com blocos de pedras Portland para suportar as variações das ondas. Essa técnica tornou-se um
marco na pesquisa do cimento e foi padronizada para estruturas varridas por ondas (BAZZO; PEREIRA, 2013).
Tomando para si a responsabilidade pelo desenvolvimento e bem-estar da sociedade, a história da Engenharia se
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Tomando para si a responsabilidade pelo desenvolvimento e bem-estar da sociedade, a história da Engenharia se
confunde diretamente com a da humanidade. Por isso, discorrer sobre ela, com profundidade, exigiria muito
tempo. Ela é significativa, convidativa, empolgante e envolvente. 
Apresentaremos a seguir apenas alguns dos principais marcos dessa jornada, resumindo sua história aos fatos
marcantes até o início do século XX, mostrando a força da profissão e sua relevância social.
1.1.1 Síntese histórica
A humanidade evolui constantemente, seja no contexto histórico, social ou cultural. Tecnologicamente não é
diferente, mas nesse ponto da evolução, a humanidade tem observado saltos de maior transformação. Se o
desenvolvimento da engenharia ocorre conjuntamente com a evolução humana, durante estes saltos evolutivos,
os engenheiros sempre se farão presentes como peça imprescindível à concretização de ideias e à busca de
soluções. Em consequência, fica fácil o entendimento de que a engenharia se aplica a todas as outras áreas do
conhecimento humano.
A comprovação disso pode ser vista no controle do fogo e na descoberta da alavanca, na criação da agricultura e
domesticação animal, no controle dos ventos e criação das cidades, nos meios de transporte e comunicação
existentes. Essas tecnologias permitiram ao homem organizar-se em sociedade, dedicar-se a novas descobertas e
realizar obras de maior parte. Exemplos disso são:
• Çatal Hüyÿka construção da cidade de , na Turquia, construída há 6.500 anos;
• as construções das famosas pirâmides do Egito antigo, há 4 mil anos;
• as famosas construções de Stonehenge em 3.100 a.C., no sul da Inglaterra;
• a eolípila, a primeira máquina a vapor, inventada por Héron de Alexandria (150 a 100 a.C.).
Figura 1 - As pirâmides de Gizé, no Egito, e Stonehenge, no Reino Unido, são obras antigas de engenharia que, 
ainda hoje, causam curiosidade quanto à sua construção.
Fonte: Dudarev Mikhail, donsimon, Shutterstock, 2018.
Em relação às invenções, a evolução das civilizações foi constante: canalização de água para irrigação, técnicas
para a construção de navios, invenção da pólvora e da bússola magnética. As construções de muros e fortalezas,
templos e palácios, estradas e pontes, conectou, pela primeira vez, a engenharia e a ciência.
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1.1.2 Surgimento da Engenharia Moderna
A Engenharia Moderna surge no século XVIII, apoiada no desenvolvimento da física, matemática e química, a
partir da rápida evolução do conhecimento científico associado à sua aplicação prática.
No século XXI, a nova era da Engenharia, está bem amparada com o conhecimento sistêmico, a estrutura da
matéria, a composição química dos materiais, os fenômenos eletromagnéticos, as leis da mecânica, os modelos
matemáticos dos fenômenos físicos e a transferência de energias, se somam à prática da Engenharia Moderna.
Nessa nova “onda” da revolução industrial, surge a , caracterizada pela Inteligência Artificial, na Indústria 4.0
automação industrial, e a transformação da mão de obra humana pela robotizada. Nisso, toda a gama de
profissões da área tecnológica e o empreendedorismo são, cada vez mais, estimulados e motivados.
1.1.3 A engenharia no Brasil
Os primórdios da engenharia no Brasil estão associados à engenharia civil, caracterizada pelo início da
colonização dos portugueses e construções de casas e fortificações.As primeiras construções no Brasil, segundo
Telles (1984), surgiram em 1549, com Luiz Dias (mestre de obras), Diogo Perez (mestre pedreiro) e Pedro Góis
(mestre pedreiro arquiteto), trazidos por Tomé de Souza (primeiro Governador Geral do Brasil), para
construírem uma fortaleza de pedra e cal em Salvador. 
Mas, durante o período colonial e imperial, a engenharia brasileira manteve-se atrasada, sem grandes desafios, e
usando mão de obra escrava, que não envolvia grandes custos.A Academia Real Militar, criada em 1810 pelo príncipe Regente, o futuro Rei D. João VI, foi a primeira escola de
Engenharia brasileira que, em outubro de 1823, passou a permitir a matrícula de alunos civis. Em 1874, foi
criada a Escola Politécnica do Rio de Janeiro, sucessora da antiga Escola Real. Também no Segundo Império, em
1876, foi criada a Escola de Minas de Ouro Preto (TELLES, 1984).
Ainda no século XIX, já na era republicana brasileira (1889), mais cinco escolas de Engenharia foram
implementadas: em 1893, a Politécnica de São Paulo; em 1896, a Politécnica do Mackenzie e a Escola de
Engenharia do Recife; em 1897, a Politécnica da Bahia e a Escola de Engenharia de Porto Alegre (TELLES, 1993).
1.1.4 A Engenharia nos dias de hoje
Você já se perguntou: o que não foi projetado por um engenheiro?
Existe engenharia em tudo que nos rodeia, mas muitas pessoas frequentemente as consideram como coisas
comuns. William A. Wulf, que presidiu a Academia Nacional de Engenharia dos Estados Unidos (National
Academy of Engineering, NAE), entre os anos de 1996 e 2007, declarou em um evento (CONCIAN, 2009, p. 26):
Engenheiros desenvolvem e distribuem bens de consumo, possibilitam viagens aéreas e terrestres,
VOCÊ SABIA?
Leonardo da Vinci, Galileu Galilei e Isaac Newton são exemplos de cientistas que garantiram a
afirmação da Engenharia Moderna. Da Vinci, idealizou a roda d’água horizontal, dentre muitos
outros maquinários. Galilei oficializou o experimento científico, e Newton descreveu a lei da
gravitação universal.
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Engenheiros desenvolvem e distribuem bens de consumo, possibilitam viagens aéreas e terrestres,
desenvolvem redes de comunicação como a Internet, produzem antibióticos, criam válvulas
artificiais de coração, constroem e aparelhos com tecnologia antes inimagináveis. Em resumo,lasers
os Engenheiros tornam possível a nossa qualidade de vida.
Em 2003, essa organização lançou o livro: “Um século de inovação: 20 conquistas da engenharia que
transformaram nossas vidas” (CONSTABLE; SOMERVILLE, 2003) Na tabela a seguir, podemos ver a lista das 20.
conquistas, que nos ajuda a refletir sobre o valor da engenharia no dia a dia.
Tabela 1 - As vinte maiores conquistas da engenharia no século XX.
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de CONSTABLE; SOMERVILLE, 2003.
Você conseguiu se identificar com alguma dessas fantásticas invenções da engenharia? É possível imaginar uma
sociedade, nos dias de hoje, vivendo sem essas magníficas descobertas, frutos da engenharia? Certamente, não.
O engenheiro de hoje é um profissional que busca e compartilha conhecimentos e competências. Informação,
marketing digital e empreendedorismo, são conceitos que caminham ao lado dos engenheiros, que devem estar
sempre conectados e atualizados para desenvolver novos produtos e ferramentas, e encontrar novas soluções
para os problemas atuais da sociedade.
VOCÊ O CONHECE?
Joaquim Maria Moreira Cardozo (1897-1979) foi o engenheiro civil que concretizou as
inusitadas formas arquitetônicas de Oscar Niemeyer em Brasília, deixando, assim, um
patrimônio técnico inestimável para a engenharia de estruturas. Ainda hoje algumas de suas
obras desafiam a compreensão e o raciocínio lógico de arquitetos e engenheiros. (CONCIAN,
2009).
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1.1.5 A engenharia do futuro
A engenharia sempre foi um campo profissional muito estável e, por isso mesmo, muito visado por quem busca
boas perspectivas profissionais. Mudanças recentes no mercado de trabalho e nas inovações tecnológicas
revolucionaram esse cenário, tornando-o ainda melhor. Mas, quais são as características da engenharia do
futuro? Diante de tanta inovação tecnológica e de mudanças cotidianas no modo de fazer e de criar técnicas, o
que esperar do engenheiro que deseja melhorar sua empregabilidade?
Cada profissional de engenharia que pretende ter uma boa empregabilidade, deve se atualizar constantemente
sobre todas as tecnologias e avanços tecnológicos disponíveis na era digital em que vivemos, além de observar e
trabalhar as tendências apresentadas abaixo.
1. Engenharia Sustentável: saneamento, resíduos, transporte e reaproveitamento de água, materiais,
equipamentos e bens produzidos pelas indústrias serão pontos valorizados na engenharia do futuro. As normas
de controle ambiental existentes, farão com que profissionais e empresas de engenharia trabalhem imersos em
projetos e produtos ambientalmente corretos.
2. Profissionais multidisciplinares: o futuro engenheiro terá a necessidade plena de permear seu
conhecimento técnico por outras áreas de atuação, para que seu trabalho se torne mais preciso e eficaz. Estudar
a necessidade das pessoas, empreender e especializar-se continuamente, farão parte da rotina diária desse
profissional, que buscará ofertar ao mercado um serviço ainda mais técnico e qualificado.
3. Utilizar as tecnologias da informação emergentes: a engenharia continuará baseada nas tecnologias da
informação. Novos , linguagens de programação, sistemas produtivos e soluções tecnológicassoftwares
(realidade virtual, Inteligência Artificial, , e internet das coisas) contribuirão,machine learning bigdata
aumentando a produtividade e o controle de indicadores, além de possibilitar uma visão sistêmica e o
compartilhamento de informações.
4. Habilidades gerenciais e de comunicação: além de suas habilidades técnicas, o desenvolvimento de
habilidade como: diálogo e predisposição para a promoção do trabalho em equipe, multidisciplinaridade e
comunicação em diversos níveis hierárquicos serão base para o engenheiro, entendendo que um processo ou
projeto sempre necessitarão de um bom trabalho em equipe.
1.2 As atividades do engenheiro
Quando se fala em uma profissão tradicional, como a engenharia, nos remetemos às características de uma
pessoa que decide por uma determinada área. É aí que pensamos em vocação. As vocações são comumente
associadas a essas profissões, dentre as quais podemos citar: a medicina, o direito, a arquitetura, o sacerdócio, o
ensino, e também a engenharia. Segundo Concian (2017), as vocações têm quatro características comuns:
• estão associadas com uma grande área específica do conhecimento;
• a preparação profissional inclui a aplicação prática de tal conhecimento;
• regulamentações legais e opinião pública elevam os padrões da profissão ao seu mais alto nível; e
• todo profissional reconhece suas responsabilidades sociais e profissionais.
Neste tópico, vamos entender quais são as áreas de atuação de um engenheiro, as aptidões necessárias para a
engenharia e as habilidades desejáveis para um profissional da área. Acompanhe a seguir.
1.2.1 As áreas de atuação e as aptidões (talentos) para a engenharia
Certamente você já ouviu que o mercado de trabalho precisa de profissionais especializados. Isso se deve ao
avanço contínuo do conhecimento humano. Para atender a essa necessidade, as escolas de engenharia estão
ampliando e especializando suas áreas de atuação.
Engenharia é mais que uma ciência ou uma arte, pois a técnica nela aplicada também depende de muita
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Engenharia é mais que uma ciência ou uma arte, pois a técnica nela aplicada também depende de muita
inteligência perceptiva. A engenharia requer perspicácia e habilidade de decisão na adaptação de seus
conhecimentos para aplicação em propósitos práticos.
Na Resolução n. 1.048 do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA, 2013), as áreas de atuação,
atribuições e as atividades profissionais de um engenheiro, são definidas e caracterizadas pela realização de
interesse social e humano, em empreendimentos do tipo:
I – aproveitamento e utilização de recursos naturais;
II – meios de locomoção e comunicações;
III – edificações, serviços e equipamentos urbanos, rurais e regionais, nos seus aspectos técnicos e artísticos;
IV – instalações e meios de acesso a costas, cursos e massa de água e extensões terrestres; e
V – desenvolvimento industriale agropecuário.
De uma forma geral, todas as engenharias apontam para uma aptidão natural por matemática, física e química.
Porém, novas engenharias como a biomédica e a ambiental denotam que nem só de cálculo vive um engenheiro.
1.2.2 As atividades do engenheiro
Conhecendo brevemente as áreas em que os engenheiros podem atuar, você agora pode se perguntar: e dentro
dessas áreas? Quais atividades um engenheiro pode exercer?
A Resolução n. 1.073 (CONFEA, 2016), descreve, em termos genéricos, as atividades das diferentes modalidades
profissionais da engenharia e agronomia, a fim de criar parâmetros que permitam a fiscalização do exercício
profissional, e também designa as atividades: que vemos no quadro a seguir. 
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Quadro 1 - Atividades do exercício profissional de engenharia.
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado da Resolução n. 1.073 (CONFEA, 2016).
Percebam que o universo de áreas e atividades, que um engenheiro pode realizar, determina a importância desse
profissional para o desenvolvimento da sociedade. Esse é o laço que une o desenvolvimento da engenharia ao
desenvolvimento da humanidade. Identificar problemas, planejar e propor soluções são os pilares da engenharia
que podem ser fortalecidos pela realização de experimentos, análise de resultados, execução e atuação
multidisciplinar.
Basicamente, são profissionais solucionadores de problemas. Profissionais que pesquisam a maneira correta e
menos onerosa de utilizar as leis da natureza e os materiais. Ser engenheiro é ser responsável pelo progresso das
civilizações.
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A engenharia é composta de uma ampla gama de atividades que podem ser mais bem descritas em termos de
funções. Enquanto os ramos das engenharias estão geralmente relacionados às áreas de interesse do engenheiro,
as funções estão relacionadas a suas aptidões e treinamentos. Algumas funções estão descritas a seguir e podem
demonstrar de forma mais simples e prática, as atividades de um engenheiro.
• Engenheiros na pesquisa;
• Engenheiros na concepção e desenvolvimento;
• Engenheiros no projeto;
• Engenheiros na construção e na instalação;
• Engenheiros na operação;
• Engenheiros na produção;
• Engenheiros de vendas, aplicações e serviços;
• Engenheiros na gestão;
• Engenheiros na consultoria;
• Engenheiros na academia.
E para poder atuar em todas essas atividades, são necessárias habilidades técnicas. Apresentaremos, a seguir,
alguns pontos importantes que um futuro engenheiro precisa saber para ser atuante no mercado de trabalho.
1.2.3 As competências desejáveis
A engenharia é e continuará sendo uma profissão voltada para o futuro, oferecendo vastas alternativas de
carreira e remuneração. Alguns pré-requisitos poderão facilitar o exercício dessas atribuições. Então, quais
conhecimentos prévios poderão lhe ajudar na carreira de engenheiro?
Os engenheiros convertem suas ideias em gráficos, logo, ter o poder de visualizar os seus problemas ou
processos em três dimensões torna-se essencial.
Outro ponto importante é a necessidade do futuro profissional desenvolver ou aperfeiçoar competências
bastante específicas, algumas exclusivas da engenharia, o que faz dessa profissão adequada a um grupo seleto de
pessoas.
Tomando como base Concian (2017), listaremos a seguir, as competências desejáveis para o exercício pleno da
engenharia, conectadas às constantes mudanças e complexidades do mercado de trabalho. Vamos conhecê-las?
1. Analisar tudo em detalhes
A pessoa que exerce a engenharia deve desenvolver sua capacidade de observação e senso crítico, já que
projetos, desenhos e estruturações fazem parte de sua rotina diária e deverão ser criteriosamente desdobrados e
postos em prática. Ser analítico ajuda a enxergar erros, etapas incorretas ou incompletas, apontar oportunidades
de melhoria e de eventuais mudanças, durante a execução de um projeto ou empreendimento.
2. Ser criativo
Ser original, inovador, inventor ou descobridor, é uma capacidade que toda pessoa tem, mas, em alguns casos,
VOCÊ QUER LER?
A CONFEA e o Conselho Regional, CREA, de cada estado, regulamenta e fiscaliza a profissão dos
engenheiros em nosso país. Nesses órgãos, encontramos tudo que rege a profissão. Acesse o
site e conheça um pouco mais sobre as engenharias no Brasil. Lá vocêwww.confea.org.br
também encontrará o endereço para o CREA do seu Estado.web
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Ser original, inovador, inventor ou descobridor, é uma capacidade que toda pessoa tem, mas, em alguns casos,
uma boa fundamentação teórica e conhecimentos sobre os materiais e as energias são indispensáveis no
processo de criação.
3. Pensar de forma convergente
Os engenheiros devem ser hábeis na tomada de decisões, para minimizar o risco de fracasso em seus projetos.
Portanto, devem ser capazes de avaliar as informações disponíveis, estimar os dados indisponíveis e os possíveis
fatores de risco que todo o conjunto acarreta, e definir de forma clara as prioridades.
4. Pensar de forma divergente
Todo problema de engenharia apresenta inúmeras soluções. Sempre existirá mais de uma solução possível.
Assim, o conhecimento do maior número de alternativas aumentará a probabilidade de alcançar a solução mais
eficiente.
5. Perfil de liderança e pensamento humanístico
O profissional de engenharia naturalmente é cobrado para ter um caráter de liderança, proatividade e saber
conduzir projetos e equipes. É fato que nem todos os engenheiros apresentam essas habilidades. Porém, estando
à frente de um grande projeto ou empreendimento, o engenheiro precisará motivar e manter a produtividade de
seu grupo de trabalho, acompanhar os resultados, demonstrar praticidade na resolução de conflitos e manter a
ordem das pessoas e suas atividades.
Isso não quer dizer, apenas, demandar tarefas e chefiar. Um bom líder mapeia e entende as dificuldades de sua
equipe e promove esforços e reconhecimento para transpor esses obstáculos.
6. Comunicação eficiente
Um engenheiro precisa saber se comunicar, escrever textos técnicos, manuais de especificações e de
manutenção, e ser capaz de trabalhar em conjunto com outros profissionais e outras áreas. Daí a necessidade de
saber ouvir e compreender os utilizar o como ferramenta de melhorias, e conseguir expor comstaffs, feedback,
clareza suas ideias e metodologias. Tudo isso, objetivando empenho da equipe para alcançar a positividade nos
resultados.
7. Ser útil e ter visão de mercado
A função principal do engenheiro é ser útil para a sociedade, devendo ter habilidade na apresentação e
publicação dos resultados.
Uma boa visão de mercado para identificar possibilidades de inovação e competitividade, comumente levam o
profissional de engenharia a posições estratégicas dentro de suas empresas ou instituições.
Por suas inúmeras habilidades, também é muito comum um engenheiro passar da área técnica para o âmbito
gerencial dentro das instituições ou empresas, que vai lhes exigir ainda mais habilidade de compreensão,
entendimento e negociação para atender às expectativas da sociedade e de seus clientes.
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Muitas das competências são abordadas ao longo da formação em engenharia e poderão ser desenvolvidas por
meio da formação contínua. Já na formação geral dos engenheiros existem algumas competências específicas que
são desenvolvidas nos currículos e estão apresentadas no quadro abaixo.
Quadro 2 -
Competências desenvolvidas nos currículos de Engenharia.
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de CONCIAN, 2017.
Você já deve estar se perguntando: será que conseguirei desenvolver todas essas competências durante minha
formação profissional? Saiba que essas competências não são construídas imediatamente. Estudos, aulas
laboratoriais, estágios profissionais, especializações e experiências, vão lapidar o bom profissional que deve
desenvolver suas competências de forma proativa.
CASO
Engenheiro Mecânico, com dez anos de formação, é gerente de pós-venda numa fábricade
geradores e se identifica muito com a parte técnica da profissão: “iniciei na empresa montando
geradores para os clientes. Hoje, mesmo na área gerencial, vejo os técnicos reunidos
trabalhando sobre um defeito e não resisto, me envolvo até que o caso seja resolvido”.
Para atuar na área comercial, ele precisou desenvolver habilidades que não aprendeu na
faculdade, mas deixou claro que conhecer tecnicamente o produto, sempre o ajudava no
atendimento: “o contato com os clientes me ajudou a mesclar meus conhecimentos técnicos
com a comunicação negocial. Hoje me comunico bem com os técnicos e com os clientes”.
Comandando uma equipe de 50 técnicos, respeitado por ser um gestor que compreende e
motiva sua equipe, e busca solução para os problemas de seus clientes, está cotado para
assumir a gerência de inovações da empresa após vislumbrar esse mercado e se especializar
em Inovações Tecnológicas: “mesmo sendo engenheiro, preciso me atualizar. Quem se
acomoda fica para trás”.
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1.3 As especialidades da engenharia
Você já deve ter se perguntado: por que existem tantas engenharias? O que cada uma delas faz? E como elas são
criadas?
As especialidades da engenharia estão diretamente relacionadas com o conhecimento técnico específico dos
engenheiros. Elas foram surgindo na medida em que o volume de conhecimentos foi se alargando e a sociedade
foi se tornando cada vez mais abstrata e complexa.
Cada novo problema requer uma nova solução e, por conseguinte, gera novas necessidades, tornando impossível
acumular todas as expectativas de soluções em uma única função. Assim, a engenharia foi se ramificando para
várias áreas do conhecimento, com o objetivo de aprofundar as possibilidades de ação de cada campo de atuação.
Neste tópico, veremos a origem histórica das especialidades da engenharia, suas classificações, atividades e
atribuições de cada especialidade.
1.3.1 As origens das especialidades da engenharia
Considerando os possíveis campos de atuação da engenharia, é perceptível que eles são amplos demais para que
uma única pessoa possa dominar a tecnologia, o embasamento científico, as técnicas de cálculo, os experimentos
laboratoriais e as experiências vinculadas às possíveis soluções para todas as múltiplas atividades. Além das
questões sociais, ambientais e econômicas que envolvem todos as soluções de problemas. Por isso, existem as
várias modalidades de engenharia.
Com a especialização em diversos campos da ciência, uma pessoa acaba dominando conhecimentos específicos
para atividades que exigem um grau de profundidade maior.
A seguir, apresentaremos um breve histórico, com base em Concian (2017), sobre a evolução das especialidades
da engenharia. Vamos explorá-las?
Até o século XVIII, as técnicas de engenharia eram desenvolvidas nos institutos militares. As primeiras escolas
para aplicações civis da engenharia surgiram na França (1747), Espanha (1764) e Alemanha (1765).
Em 1771, ao se autoproclamar engenheiro civil, o inglês John Smeaton fundou a Smeatonian Society of Civil
Engineers, junto com alguns colegas. A sociedade formada serviu de base para a fundação da Instituição de
Engenheiros Civis (Institution of Civil Engineers), em 1818, que recebeu do Rei George IV, a Carta Real, em 1828,
reconhecendo formalmente a Engenharia Civil como profissão.
Essa época marca o início da Revolução Industrial, quando as máquinas se tornaram elementos ativos da
produção de bens e serviços. O desenvolvimento da máquina a vapor e o entendimento mais profundo da
conversão de energia térmica em mecânica, fez surgir em 1847 (após 76 anos da criação da Smeatonian) a
Instituição de Engenheiros Mecânicos (Institution of Mechanical Engineers), tornando-se, na prática, a primeira
especialização da Engenharia Civil, no mundo.
O desenvolvimento das utilidades elétricas, e de comunicação, levou à fundação da Sociedade de Engenheiros
Telegráficos (Society of Telegraph Engineers), em 1871, 24 anos após a especialização em mecânica que,
futuramente, passaria a ser chamada de Instituição de Engenheiros Elétricos (Institution of Electrical Engineers).
Em seguida, surgem a Instituição de Engenheiros Estruturais (Institution of Structural Engineers), em 1908, e
Instituição de Engenheiros Químicos (Institution of Chemical Engineers), em 1922 (CONCIAN, 2017). Daí em
diante as especialidades não pararam mais de surgir e de se diversificar.
1.3.2 Classificação das especialidades
A maioria dos engenheiros se especializa em uma determinada área. As engenharias podem ser agrupadas de
diversas formas de acordo com os critérios escolhidos para a sua classificação. O processo contínuo de
diferenciação de uma subespecialidade com a sua especialidade original, resulta na criação de novas
especialidades de engenharia e se torna natural, na medida em que novas técnicas, materiais e conhecimentos
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especialidades de engenharia e se torna natural, na medida em que novas técnicas, materiais e conhecimentos
são criados ou descobertos pelos cientistas e engenheiros.
Segundo Concian (2017), usando o critério de atividade-fim, as especialidades da engenharia podem ser
divididas em oito grandes áreas:
extração, processamento e uso dos recursos naturais;
• infraestrutura e urbanismo;
• máquinas, mecanismos, manufatura, energia térmica e mecânica;
• processos químicos, de alimentos, de tecnologia dos materiais e de energia nuclear;
• eletroeletrônica, computação, iluminação, instrumentação, energia elétrica e magnética;
• aplicações para sistemas biológicos;
• saúde e segurança;
• aplicações militares.
Vamos tratar de conhecer um pouco mais cada uma dessas áreas da engenharia? A seguir serão detalhadas as
oito grandes áreas, de acordo com Concian (2017).
1. Extração, processamento e uso dos recursos naturais
A humanidade depende diretamente dos recursos naturais. Alguns deles se renovam rapidamente, outros não.
Muitos ainda são limitados e na medida em que seu consumo aumenta, vão se exaurindo. Os profissionais de
engenharia que objetivam resolver esses problemas, mantendo a sustentabilidade da exploração desses recursos
estão nas áreas de:
• Engenharia de Agrimensura;
• Engenharia Ambiental;
• Engenharia Agrícola;
• Engenharia Florestal;
• Engenharia Geológica;
• Engenharia de Minas;
• Engenharia de Pesca;
• Engenharia de Petróleo.
2. Infraestrutura e urbanismo
Diariamente as cidades crescem e, com seu crescimento, surge a necessidade de organização e de uma
infraestrutura que facilite o fluxo de pessoas, veículos, alimentos e os demais produtos e serviços indispensáveis
para uma vida urbana e atual. As carreiras de engenharia, responsáveis por solucionar esses problemas, são:
• Engenharia Civil;
• Engenharia de Estruturas;
• Engenharia de Geodésia e Cartografia;
• Engenharia Geotécnica;
• Engenharia Sanitária;
• Engenharia de Transporte.
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3. Máquinas, mecanismos, produção, energia térmica e mecânica
O avanço e otimização dos processos criou a necessidade de operar máquinas mais eficientes para a produção de
bens e serviços. Desenvolver automação para a produção em grande escala, a sistematização de controle de
robôs, automóveis e aviões, sistemas de refrigeração e climatização. Os setores de engenharia, que têm como
objetivo, resolver esses problemas são:
• Engenharia Mecânica;
• Engenharia Aeronáutica;
• Engenharia Industrial;
• Engenharia Naval;
• Engenharia de Produção.
4. Processos químicos, alimentos, tecnologia de materiais e energia nuclear
A humanidade precisa se alimentar de forma eficiente e suficiente, além de necessitar diariamente da criação e
transformação de materiais essenciais à vida, e para tanto, precisa de sistemas de produção rápidos e de boa
qualidade. Isso implica na utilização de materiais com características mecânicas, químicas, ópticas, magnéticas e
elétricas, suficientes para aplicações emdispositivos e máquinas. Os profissionais de engenharia que objetivam
resolver esses problemas estão nas seguintes áreas:
• Engenharia de Alimentos;
• Engenharia Bioquímica;
• Engenharia de Materiais;
• Engenharia Metalúrgica;
• Engenharia Nuclear;
• Engenharia de Petróleo;
• Engenharia Têxtil;
• Engenharia Química.
VOCÊ QUER VER?
O programa , transmitido pelo canal Discovery Channel, é uma sérieMegaconstruções
educativa que demonstra a ousadia e a capacidade técnica dos engenheiros em solucionar
problemas na sociedade mundial. No canal Documentários Discovery Channel, disponível no
YouTube, você pode assistir aos vídeos abertos do programa e ver do que a engenharia é
capaz: < >.https://www.youtube.com/user/Dcnosferahcorp
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Figura 2 - O setor de petróleo é um campo que requer conhecimentos bastante específicos da engenharia.
Fonte: Leo Francini, Shutterstock, 2018.
5. Eletroeletrônica, computação, iluminação, instrumentação, energia elétrica e magnética
A eletricidade tem uma característica que a torna bastante eficiente, se comparada às outras energias, pela
possibilidade de ser transformada e transportada com o mínimo de perda. Atualmente, temos a energia elétrica
presente em todas as nossas atividades e dependemos dela para movimentar máquinas, transportes, iluminação,
sistemas computacionais e muitos outros. Os setores de engenharia que têm por objetivo resolver esses
problemas, são:
• Engenharia Elétrica;
• Engenharia de Automação e Controle;
• Engenharia de Computação;
• Engenharia Eletrônica;
• Engenharia de Telecomunicações.
6. Aplicações para sistemas biológicos
Por definição, os humanos são seres biológicos. As aplicações científicas, para o diagnóstico e o prognóstico,
podem ser aprimoradas com o uso de equipamentos eletrônicos, químicos e mecânicos. Os engenheiros que
resolvem esses problemas, são:
• Engenharia Biomédica;
• Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia.
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Figura 3 - A bioengenharia tem como objetivo desenvolver tecnologia para sistemas biológicos.
Fonte: Sebastian Kaulitzki, Shutterstock, 2018.
7. Saúde e Segurança
A necessidade de garantir as aplicações das técnicas e atividades de engenharia com segurança, se tornaram
essenciais com a quantidade de utilidades práticas e ferramentas tecnológicas criadas pela engenharia, fazendo
com que mais de uma especialidade surgisse. A engenharia que têm por objetivo resolver problemas de
segurança é a Engenharia de Segurança do Trabalho.
8. Aplicações militares
Em tempos de paz, o trabalho dos militares se resume ao controle das fronteiras. Para garantir a soberania do
território nacional de forma eficiente, os militares dependem de armas, sistema de comunicação, sistemas de
transporte, detecção, computação e logística para atendimento das tropas. Essas são as responsabilidades da
engenharia militar. É notório que o leque de subdivisões das áreas de engenharia é variado e não para de
expandir. O contínuo desenvolvimento da sociedade demandará o aparecimento de novos problemas e,
consequentemente, de novas soluções, possibilitando a criação de novas subdivisões e especialidades de
engenharia.
1.3.3 Processo de formação profissional
Se sintetizarmos os cursos de Engenharia em uma visão geral, podemos observar que qualquer engenheiro
profissional deverá atuar competentemente em diversas áreas de conhecimentos e atividades. Nesse contexto,
desenvolver disciplinas teóricas bem fundamentadas, aplicar a teoria em aulas práticas e laboratoriais, e estagiar
no mercado de trabalho, se tornaram pontos fortes na formação desse profissional.
Uma representação simplificada, na qual, cada elemento representa um conjunto de matérias com o mesmo
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Uma representação simplificada, na qual, cada elemento representa um conjunto de matérias com o mesmo
propósito, pode ser apresentada a seguir.
Figura 4 - Blocos de disciplinas comuns para um curso de Engenharia.
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptado de BAZZO; PEREIRA, 2013.
Cada um desses elementos expressos, representa uma área dos cursos de engenharia que, por meio de um
conjunto de disciplinas, contemplam os conteúdos necessários e favoráveis para uma boa formação.
O dever de um curso de Engenharia não é simplesmente ensinar respostas prontas para problemas já resolvidos.
Ele deve instigar o questionamento e a reflexão crítica e direcionar as possibilidades e limites dos
conhecimentos atuais, demostrando a sua eterna provisoriedade na solução de problemas cotidianos,
permitindo aos futuros profissionais, o crescimento intelectual e o estímulo à criatividade.
Para ser um bom profissional de engenharia, devemos ser ativos na formação e na aquisição de conhecimentos.
Os conteúdos de formação básica passam por bases de estudos bastante amplas e são comuns a todos os cursos
de Engenharia.
Já as matérias específicas delimitam um conjunto temático de conteúdos e aprofundamentos profissionais. Cada
especialidade da engenharia, direciona seu conteúdo para os temas profissionalizantes que representarão
extensões práticas dos conhecimentos científicos e tecnológicos de cada área da engenharia.
Para a complementação dos conhecimentos no seu campo de interesse, existem as atividades complementares
ou extracurriculares, tais como trabalhos de iniciação científica, projetos multidisciplinares, visitas teóricas,
trabalhos em equipe, desenvolvimento de protótipos, monitorias, participação em empresas juniores e outras
atividades empreendedoras, que permitirão ao engenheiro, ampliar ainda mais o seu leque de conhecimentos e
transitar por outras áreas além da engenharia.
1.4 O engenheiro e a comunicação
Uma qualidade que não pode ser deslocada para segundo plano na engenharia é a comunicação. E atualmente, a
forma de comunicação, seja ela escrita, falada, digitada ou digitalizada, assume caráter ainda mais importante do
que em outros tempos. É possível imaginar um engenheiro que não sabe fazer um relatório técnico? Ou, mesmo,
que não saiba fazer gráficos e tabelas para mostrar o acompanhamento de processos ou equipamentos? Ou
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que não saiba fazer gráficos e tabelas para mostrar o acompanhamento de processos ou equipamentos? Ou
ainda, que não discuta com sua equipe detalhes de um projeto?
Neste tópico, vamos abordar de forma rápida a importância da comunicação para o engenheiro, a forma de uso
da linguagem técnica e a tomada de decisão do engenheiro baseado no processo de comunicação.
1.4.1 A importância da comunicação para a engenharia
Tanto para o engenheiro, quanto para qualquer profissional, a habilidade em comunicação é fundamental para
um bom desempenho. Pessoas que não se comunicam não evoluem profissionalmente (BAZZO; PEREIRA, 2013).
Com frequência, um engenheiro vale-se da comunicação técnica que lhes exige atenção especial, principalmente
quanto aos aspectos da escrita e das representações gráficas e matemáticas. E não são poucos os momentos em
que somos colocados à prova para demonstrar a nossa capacidade de comunicação: seminários, mesas redondas,
apresentação de relatórios, palestras, entrevistas e auditorias.
Assim, observamos que o sucesso profissional de um engenheiro não depende somente da qualidade do trabalho
realizado, mas também da habilidade de fazer com que as pessoas entendam o que foi feito por ele (BAZZO;
PEREIRA, 2013).
1.4.2 O uso da linguagem técnica
Os profissionais da engenharia devem ter domínio sobre diferentes formas de discursos para que possam
interagir com clientes, equipe de apoio e gestores. A leitura, a escrita e a oralidade, fazem parte das práticas
sociais no campo profissional das engenharias. No entanto, a linguagem técnica não deve ser figurada. Ela deve
ser simples, clara e precisa, para ser prontamente compreendida por quem a vai executar e facilmente entendida
por quem a recebe.
Captar, compreender e saber fazeruso da linguagem técnica e das terminologias usuais relativas ao seu campo
de trabalho, farão parte do sucesso no momento de redigir seus trabalhos técnicos. E isso também vai depender
do seu público-alvo, tendo em vista que os jargões técnicos podem não ser claramente interpretados pelos leigos,
e utilizar linguagem coloquial, pode não cair bem profissionalmente. Assim, um trabalho técnico deve ser:
impessoal, objetivo, modesto e assertivo (BAZZO; PEREIRA, 2013). Vamos desenvolver essas características a
seguir.
Impessoal, pois os textos deverão estar escritos em terceira pessoa, evitando-se expressões do tipo: “meu
relatório” ou “minhas conclusões”. Ao invés disso, expressões como: “o presente relatório” ou “conclui-se que”,
deverão ser utilizadas. Para uma redação técnica essa forma de comunicação é altamente desejável, pois
demonstra precisão nas informações.
Objetivo. Os trabalhos e relatórios técnicos devem ser precisos, evitando o uso exagerado de vocábulos de
VOCÊ SABIA?
Um profissional eficiente, inicialmente, é aquele que domina seus conhecimentos e os põe em
prática, utiliza sua memória, o seu raciocínio e sua capacidade de busca e pesquisa. Mas
também é o profissional que consegue expressar as suas soluções e resultados de forma clara e
direta, fazendo bom uso de sua comunicação (CONCIAN, 2017).
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Objetivo. Os trabalhos e relatórios técnicos devem ser precisos, evitando o uso exagerado de vocábulos de
reserva ou ressalvas. Fazer uso de expressões do tipo "é provável que" ou "possivelmente" só deve ocorrer em
casos excepcionais, pois podem ser interpretadas, por quem as lê, como pontos de dúvida. Nesses casos, a
indicação de textos, estudos ou projetos complementares, tornam o relatório mais objetivo.
Modesto, já que os textos técnicos registram resultados e análises no contexto em que as atividades foram
realizadas, não para deslumbrar o leitor com colocações presunçosas.
Assertivo, uma vez que a precisão e a clareza não podem ficar de fora dos textos e registros técnicos. Portanto,
antes de finalizar a escrita do texto técnico, é imprescindível que o registro das ideias já esteja claro, com base
em dados objetivos e verificados, a partir dos quais se analisa, sintetiza, argumenta e conclui.
Mapas, tabelas, gráficos e outros recursos de fácil visualização e entendimento são instrumentos robustos de
comunicação.
Citações técnicas, teóricas ou referenciais de outros autores também são bem-vindas nos relatórios e demais
trabalhos técnicos de engenharia, devendo estar todas elas devidamente referenciadas.
Outro poderoso instrumento de trabalho, e possante forma de comunicação para o engenheiro, é o desenho.
Você já viu algum trabalho de engenharia no qual não fossem apresentadas plantas, esboços, esquemas, vistas
em perspectivas ou explodidas, cortes, cotas e dimensões?
Ainda, segundo Bazzo e Pereira (2013), o mais importante não é o fato de saber desenhar, mas sim:
• visualizar os sistemas espacialmente;
• conseguir interligar os diversos componentes;
• imaginar as suas compatibilidades e disposições espaciais.
1.4.3 Desenvolvimento da liderança e a tomada de decisões
A engenharia frequentemente encontra-se diante de problemas amplos e complexos, que exigem do profissional,
liderança e certeza na tomada de decisão, muitas vezes, envolvida por riscos e incertezas.
Para uma boa liderança, a comunicação eficiente é destacada por Chiavenato (1994) que a define como: a arte de
influenciar as pessoas a fazerem aquilo que devem fazer, estimulando-as a desempenhar suas tarefas com zelo e
correção.
Na engenharia não é diferente. Diariamente, o engenheiro estará à frente de um projeto, um processo, ou até
mesmo de uma empresa, motivando e influenciando sua equipe a cumprir determinações e obrigações para
realizarem suas tarefas em busca de um objetivo.
Trabalhar o desenvolvimento da liderança é essencial para que o engenheiro se torne um bom profissional. Além
de motivar seus liderados, ser um bom líder exige outras características. São elas:
• ter visão do sistema (processo) como um todo;
• acreditar no que faz e confiar em si próprio;
• enxergar claramente os objetivos a serem alcançados;
• apresentar boa capacidade de comunicação;
• avaliar e fortalecer sua equipe fazendo com que as pessoas certas ocupem os lugares adequados em 
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VOCÊ QUER LER?
Muitos engenheiros passarão por cargos de gestão durante suas carreiras. Mas nem todos
estarão preparados para liderar com confiança. O livro “Liderança para engenheiros”
(BENNETT; MILLAN, data?) compartilha narrativas de líderes emergentes e suas experiências
para que você busque sua capacidade de liderança inexplorada. Boa leitura.
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• avaliar e fortalecer sua equipe fazendo com que as pessoas certas ocupem os lugares adequados em 
momentos exatos;
• ter tranquilidade para tomar decisões em momentos de crise.
Na engenharia, por essência profissional, a tomada de decisão é tão somente o processo de identificar
problemas, apontar soluções e, em seguida, executá-las. Para Simon (1997), esse processo de decisão é
complexo, porque deve considerar as contribuições de muitos indivíduos e premissas incontáveis, o que torna a
questão de centralizar ou descentralizar, um arranjo para que se chegue a um esquema eficiente.
A tomada de decisão é, portanto, uma ação que exige firmeza na solução do problema, com a finalidade que
conquistar resultados positivos. Ela se baseia em três etapas:
• diagnóstico – que tem a função de identificar e clarear o problema;
• levantamento de alternativas – que busca enumerar as possíveis soluções;
• análise – que vai analisar e ponderar cada uma das alternativas levantadas.
Finalizamos, afirmando que, na engenharia, o aprendizado é diário e contínuo. O nosso poder de abstração,
análise e síntese, permitirá o acúmulo de conhecimentos e técnicas capazes de solucionar muitos problemas do
cotidiano da sociedade. Àqueles que surgirem como novidade, serão trabalhados pelas nossas habilidades, 
 e multidisciplinaridade, em busca de novas soluções. Assim, continuaremos desenvolvendo aexpertises
engenharia, alinhados com o desenvolvimento da humanidade.
Síntese
Chegamos ao final do capítulo. Aprofundamos nosso conhecimento sobre o profissional que tem a função de
desenvolver projetos de engenharia, planejar, orçar e executar, coordenar a operação e a manutenção, controlar
a qualidade dos suprimentos e dos serviços comprados e executados. As áreas, atividades e habilidades fizeram,
fazem e farão do engenheiro, uma figura essencial e envolvida no desenvolvimento de uma sociedade.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• compreender vários termos da engenharia por meio de exemplos e de breves comentários sobre a 
história da profissão;
• entender o futuro que os próximos engenheiros enfrentarão e as vantagens de optar por uma carreira na 
área;
• observar quais são as características desejáveis de uma pessoa que pretende seguir a profissão, bem 
como as áreas de conhecimento nas quais se dividem as engenharias e os diferentes campos de 
atividades, nos quais o futuro engenheiro poderá se inserir;
• identificar as habilidades necessárias ao bom desempenho das atividades profissionais de engenharia;
• conhecer um pouco mais sobre as muitas especialidades da engenharia, suas subdivisões em resposta à 
complexidade da globalização;
• compreender a importância da comunicação e o desenvolvimento da liderança como ferramentas para o 
exercício profissional da engenharia.
Bibliografia
ALEXANDER, C.; WATSON, J. Bookman, 2015.Habilidades para uma Carreira de Sucesso na Engenharia.
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BENNETT, R. MILLAN, E. . 1. ed. Mc Graw Hill, 2014. 192 p.Liderança Para Engenheiros
BAZZO, W. A.; PEREIRA, L. T. V. : conceitos, ferramentas e comportamentos. 4. ed. rev.Introdução à Engenharia
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BAZZO,W. A.; PEREIRA, L. T. V. : conceitos, ferramentas e comportamentos. 4. ed. rev.Introdução à Engenharia
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BOTELHO, M. H. C. Vol.1. 2. ed. rev. São Paulo:Manual de Primeiros Socorros do Engenheiro e do Arquiteto.
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TELLES, P. C. S. : séculos XVI a XIX. Rio de Janeiro: Livros Técnicos eHistória da Engenharia no Brasil
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TELLES, P. C. S. : século XX. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1993.História da Engenharia no Brasil
	Introdução
	1.1 A Engenharia como profissão
	1.1.1 Síntese histórica
	1.1.2 Surgimento da Engenharia Moderna
	1.1.3 A engenharia no Brasil
	1.1.4 A Engenharia nos dias de hoje
	1.1.5 A engenharia do futuro
	1.2 As atividades do engenheiro
	1.2.1 As áreas de atuação e as aptidões (talentos) para a engenharia
	1.2.2 As atividades do engenheiro
	1.2.3 As competências desejáveis
	1.3 As especialidades da engenharia
	1.3.1 As origens das especialidades da engenharia
	1.3.2 Classificação das especialidades
	1.3.3 Processo de formação profissional
	1.4 O engenheiro e a comunicação
	1.4.1 A importância da comunicação para a engenharia
	1.4.2 O uso da linguagem técnica
	1.4.3 Desenvolvimento da liderança e a tomada de decisões
	Síntese
	Bibliografia

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