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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 15: PROCESSO LEGISLATIVO 1) ESPÉCIES LEGISLATIVAS O art. 59 da Constituição apresenta o rol de atos normativos primários que integram nosso processo legislativo federal. Nos seus termos, o processo legislativo é composto de: 1) emendas à Constituição; 2) leis complementares; 3) leis ordinárias; 4) leis delegadas; 5) medidas provisórias; 6) decretos legislativos; 7) resoluções. Desde logo, vale destacarmos que este artigo não enumera todos os atos normativos primários que integram nosso ordenamento. Entendendo-se por atos normativos primários aqueles que têm por fonte normativa direta a Constituição e que possuem aptidão para inovar na ordem jurídica, criando Direito novo. Aos atos normativos do art. 59, temos que acrescentar os decretos autônomos, previstos no art. 84, VI, da Constituição, e os regimentos de Tribunais, previstos no art. 96 da Carta. Ambos são atos que retiram sua força normativa diretamente no texto constitucional e que, nos seus termos, possuem aptidão para inovar na ordem jurídica. Logo, são atos normativos primários. Além destes atos normativos, temos os atos normativos secundários, também ditos infralegais, pois retiram sua força jurídica não da Constituição, mas de um dos atos normativos primários (leis complementares, leis ordinárias, medidas provisórias etc.), não gozando de aptidão para inovar na ordem jurídica. Enfim, são atos de hierarquia inferior aos atos normativos primários, não podem ultrapassar os seus limites, podendo-se aqui citar, exemplificativamente, os decretos regulamentadores, os regulamentos e os atos administrativos normativos, em geral, a exemplo das instruções normativas e das portarias normativas. O processo legislativo não compreende os atos normativos secundários. Nessa unidade, trataremos apenas dos atos normativos primários listados no art. 59 da Carta, deixando para examinar os decretos autônomos, quando do estudo do Poder Executivo, e os regimentos de Tribunais, quando da análise do Poder Judiciário. À exceção das emendas à Constituição, que se encontram em patamar hierárquico superior ao dos demais atos listados no art. 59, pois, quando regularmente editadas, têm peso de norma constitucional, todos os outros atos normativos citados no art. 59 da Carta localizam-se no mesmo patamar hierárquico, não havendo precedência entre eles. A utilização CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 2 dessas espécies normativas se dá pelo critério da aptidão material, ou seja, a Constituição estabelece quais as matérias que cabe a cada uma dessas espécies disciplinar, e é dentro desse critério que se deve dar seu uso, sob pena de incostitucionalidade. Desse modo, leis complementares e ordinárias; medidas provisórias e leis delegadas; decretos legislativos e resoluções são atos normativos de idêntica hierarquia jurídica, definindo-se seu uso pelo conteúdo a ser disciplinado, a partir das regras postas na Constituição. Nessa parte inicial da unidade apresentaremos rapidamente as características básicas dessas espécies normativas, reservando-nos para aprofundar o tema, na oportunidade em que tratarmos de seus respectivos processos legislativos. Num primeiro plano, encabeçando a lista do art. 59, temos as emendas à Constituição, atualmente o único instrumento previsto na Constituição para a alteração de seus dispositivos. São obra do poder constituinte derivado reformador, e seu processo legislativo está previsto no art. 60 da Carta Política. A tramitação é bicameral, uma vez que a proposta de emenda deve ser aprovada em dois turnos em cada Casa do Congresso Nacional, pelo voto de três quintos de seus membros; ao seu processo aplicam-se uma série de limitações circunstanciais, formais e materiais, como será visto oportunamente. Em seguida, temos as leis complementares, cujos casos de aplicação estão taxativamente prescritos na Constituição, tendo já o STF decidido que é exaustivo o rol das hipóteses constitucionais que exigem disciplinamento por lei complementar. Sua tramitação, na esfera federal, é bicamera, e estão sujeitas à sanção do Presidente da República. Como principais diferenças da lei ordinária, as leis complementares exigem maioria absoluta para sua aprovação e, como já indicado, devem obrigatoriamente ser utilizadas apenas nas taxativas hipóteses em que a Constituição exige expressamente essa espécie normativa. Se uma lei complementar eventualmente tratar de matéria típica de lei ordinária, o STF entende que o ato normativo, apesar de válido, é lei complementar apenas em termos formais, pois em termos materiais tem natureza de lei ordinária, de modo que pode ser alterado por lei ordinária. As leis ordinárias devem ser vistas como o ato legislativo típico, mais genérico da Constituição, pois aplicável ao regramento da grande maioria das matérias tratadas na Carta. Representa a espécie legislativa a ser utilizada em todas as hipóteses em que a Constituição exige simplesmente "lei" para regular certa matéria, ou para se criar obrigações de fazer ou não fazer (CF, art. 5°, II). Sua tramitação, na esfera federal, é bicameral e está sujeita à sanção do Presidente da República, tendo como principais diferenças, relativamente à lei comlementar, além da sua maior incidência, o fato de que sua aprovação exige apenas maioria relativa. Não devemos conferir uma amplitude excessiva ao âmbito de aplicação da lei ordinária, uma vez que há hipóteses constitucionalmente definidas de utilização dos outros atos normativos primários, como, por exemplo, o art. 49 da Carta, que traz matérias a serem disciplinadas por decreto legislativo, ou os art. 51 e 52, que trazem temas a serem tratados por resolução. Nessas hipóteses, entre outras prescritas na Constituição, CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 3 eventual regulação da matéria por lei ordinária caracterizaria vício formal de constitucionalidade. Por outro lado, a doutrina afirma que há um domínio constitucionalmente reservado às leis ordinárias, ou seja, um rol de matérias que devem ser disciplinadas somente por esta espécie legislativa (ou mediante medida provisória, ressalvadas as vedações do art. 62, § 1°, da CF), que se encontra prescrito no art. 68, § 1°, I, II e III da Constituição, que traz as matérias para as quais não se admite o uso da lei delegada. A lei delegada é o ato normativo primário editado pelo Presidente da República em virtude de expressa delegação de competência feita pelo Congresso Nacional, por resolução. Representa efetivo exercício de atividade legislativa pelo Presidente da República, a partir de uma delegação externa corporis do Congresso, que fixa os termos e limites para sua edição. Temos a delegação própria ou incondicionada, que se verifica quando a lei delegada não está sujeita à aprovação do Congresso Nacional; e a delegação imprópria ou condicionada, quando há necessidade dessa aprovação pelo Congresso, em votação conjunta e em turno único. Essa espécie legislativa é disciplinada no art. 68 da Constituição, e pode ser utilizada para todas as matérias em que se admite o uso de lei ordinária, à exceção das listadas no art. 68, § 1°. As medidas provisórias, que têm seu regramento constitucional no art. 62, são atos normativos editados, na esfera federal, pelo Presidente da República, em situações de relevância e urgência. Uma vez editadas entram desde já em vigor, com força de lei, devendo ser imediatamente levadas à apreciação das Casas do Congresso. Seu prazo de vigência é de 60 dias, admitindo-se sua prorrogação,uma única vez, por igual período. São idôneas para tratar das mesmas matérias que podem ser disciplinadas por lei ordinária, à exceção daquelas especificadas no art. 62, § 1° e no art. 246 da Constituição. Os decretos legislativos são atos normativos de competência exclusiva do Congresso Nacional. Tramitam de forma bicameral, por suas duas Casas, não estando sujeitos à sanção do Presidente da República. Para sua aprovação, é suficiente maioria relativa, e devem ser utilizados para tratar das matérias enumeradas no art. 49 da Constituição. As resoluções são atos normativos editados pelo Congresso Nacional, na hipótese do art. 68, § 2°; pela Câmara dos Deputados, nas matérias do art. 51; pelo Senado Federal, nas matérias do arts. 52; 155, § 1º, IV; 155, § 2°, IV e V; 155, § 6º, I, todos da Constituição. Tramitam exclusivamente nas respectivas Casas, não se sujeitando à sanção do Presidente da República. Para sua aprovação, basta maioria relativa. O art. 59, após apresentar o rol não-taxativo de atos normativos primários, encerra-se em um parágrafo único, segundo o qual caberá à lei complementar dispor sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis. Esse comando constitucional já foi efetivado pelo legislador, tendo originado as leis complementares 95/98 e 107/2000. 2) PROCESSO LEGISLATIVO: NOÇÕES GERAIS CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 4 Segundo Alexandre de Moraes, em sentido jurídico, o processo legislativo "consiste no conjunto coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser obedecido pelos órgãos competentes na produção das leis e atos normativos que derivam diretamente da própria Constituição". Em termos teóricos, a doutrina vislumbra quatro espécies de processo legislativo: (a) o autocrático; (b) o direto; (c) o indireto ou representativo e (d) o semidireto. O processo legislativo autocrático é aquele em que os atos normativos primários (daqui por diante designados simplesmente por leis) são elaborados pelo próprio governante, não havendo qualquer participação direta ou indireta do povo no processo. O processo legislativo direto é aquele em que as leis são discutidas e votadas pelo próprio povo, sem a intermediação de representantes. O povo, reunido em assembléias públicas, diretamente delibera sobre o projeto de lei e procede à sua votação. O processo legislativo semidireto é aquele em que a lei é elaborada por um órgão composto de representantes do povo, mas está sujeita à posterior aprovação popular, por meio de referendo. E o processo legislativo indireto ou representativo é aquele em que povo participa diretamente apenas da escolha dos seus representantes, cabendo a estes elaborar a lei. A lei é assim, produzida pelo órgão legislativo, havendo participação popular direta somente na escolha de seus membros. É este o modelo adotado no Brasil. Nossa Constituição prevê três modalidades de processo legislativo: o processo legislativo ordinário, o processo legislativo sumário e o processo legislativo especial. O processo legislativo ordinário ou comum tem previsão nos art. 61 e 63 a 67 da Constituição, sendo detalhado nos Regimentos Internos das Casas Legislativas. É o processo adotado para a elaboração das leis ordinárias e, em linhas gerais, das leis complementares. Essencialmente, ele é composto dos atos de iniciativa, emenda, votação, sanção ou veto, promulgação e publicação. Tais atos são produzidos no âmbito de três fases, a introdutória, a constitutiva e a complementar, como veremos oportunamente. O conjunto dessas fases, dentro das quais são produzidos os atos acima citados, corresponde ao processo legislativo ordinário. O processo legislativo sumário tem previsão do art. 64 da Constituição. Os atos e fases que o compõem são idênticos ao do processo legislativo ordinário, com a diferença de que seu trâmite está sujeito a um regime constitucional de urgência, por determinação do Presidente da República, pelo qual são impostos prazos peremptórios para a tramitação. E os processos legislativos especiais são aqueles que, em maior ou menor grau, afastam-se do modelo prescrito pela Constituição para a elaboração das leis ordinárias. Em outros termos, são os processos que seguem regramento distinto do processo legislativo ordinário. Submetem- se a processo legislativo especial as emendas à Constituição, as leis delegadas, as medidas provisórias, os decretos legislativos, as resoluções e, para alguns, as leis complementares. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 5 O desrespeito a qualquer das regras constitucionais relativas ao processo legislativo federal caracteriza inconstitucionalidade formal do ato legislativo assim editado, passível de reconhecimento em sede de controle difuso ou de controle concentrado de constitucionalidade. Todavia, tais regras não constituem cláusula pétrea, sendo suscetíveis de alteração no âmbito do poder constituinte derivado, a exemplo do que ocorreu em 2001, quando foi modificado drasticamente o art. 62 da Constituição, que regula as medidas provisórias. Isto posto, passemos à análise do processo legislativo ordinário. 3) PROCESSO LEGISLATIVO ORDINÁRIO OU COMUM O processo ou procedimento (usaremos indistintamente as duas expressões) ordinário ou comum é aquele que se destina à produção de leis ordinárias. Como acima afirmamos, em linhas gerais, podemos considerá-lo aplicável também às leis complementares. O que caracteriza esse processo legislativo, comparativamente aos demais, é sua maior amplitude. Trata-se do processo legislativo mais extenso e completo, motivo pelo qual ele é analisado em primeiro lugar, sendo os demais analisados a partir da sua compreensão. São três as fases em que este se decompõe: (a) a fase introdutória; (b) a fase constitutiva e (c) a fase complementar. A introdutória, que é a fase inicial do processo, consiste na apresentação do projeto de lei ordinária, e neste ponto se exaure. É a fase dentro da qual destaca-se a iniciativa para a apresentação de projeto de lei em função da matéria nele tratada. A fase constitutiva é composta pela votação e discussão do projeto de lei, em ambas as Casas do Congresso, e pela manifestação do Presidente da República, mediante sanção ou veto. Em caso de sanção, encerra-se no ato a fase constitutiva. Em caso de veto, essa fase é composta por mais uma etapa, a apreciação do veto pelo Congresso Nacional. A fase complementar é formada pela promulgação e pela publicação da lei. Embora possa se criticar o enquadramento da promulgação e da publicação como fases do processo legislativo, pois aqui já temos uma lei pronta, é usual o trato da matéria desta forma, que será, em função disso, mantida nessa unidade. 3.1) FASE INTRODUTÓRIA A fase introdutória corresponde à fase em que se desecadeia o processo legislativo, em que se incia o processo de formação das leis ordinárias. Sobreleva, nesta fase, o estudo da iniciativa legislativa, a qual pode ser definida como o poder conferido pela Constituição a certo órgão, autoridade ou grupo de indivíduos para a apresentação de projetos de lei ao Poder Legislativo. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 6 É no art. 61 da Constituição que encontramos a disposição mais genérica da matéria. Nos termos da norma, "a iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da Repúblicae aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição". A partir desta norma, e de outras dispostas ao longo do texto constitucional, podemos especificar as diversas hipóteses de iniciativa legislativa adotadas na Constituição. Inicialmente, há a iniciativa parlamentar e a extraparlamentar. A iniciativa é dita parlamentar, quando a competência para a apresentação de projetos de lei é outorgada indistintamente a qualquer membro ou comissão do Poder Legislativo Federal. Por outro lado, a iniciativa é dita extraparlamentar, quando tal competência é conferida a pessoas ou órgãos não integrantes do Poder Legislativo. Nos termos do art. 61, a nível federal, a iniciativa parlamentar alcança qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional; ao passo que a iniciativa extraparlamentar tem por destinatários o Presidente da República, o Supremo Tribunal Federal, os Tribunais Superiores, o Procurador-Geral da República, os cidadãos e, apesar de não relacionados no artigo, os Tribunais de Justiça (CF, art. 96, II). Numa análise apressada do artigo, ora analisado, poderíamos concluir que todos os listados na norma teriam competência para apresentar projetos de lei sobre quaisquer matérias. Mas, se atentarmos, na sua parte final consta a expressão "na forma e nos casos previstos nesta Constituição", o que indica claramente que o dispositivo contempla uma outorga geral de competência, sendo necessária a análise das demais disposições constitucionais sobre a matéria, para que só então, ao final, possamos definir a amplitude da iniciativa legislativa em cada caso. A análise desses diversos dispositivos permite que estabeleçamos quatro modalidades de competência em matéria de inciativa legislativa. A iniciativa é dita geral quando se outorga a certa autoridade, órgão ou grupo de indivíduos competência para a apresentação de projetos de lei sobre matérias indeterminadas. A Constituição outorgou essa modalidade de competência ao Presidente da República, a qualquer Deputado ou Senador, a qualquer comissão das Casas do Congresso Nacional e aos cidadãos, estes, atuando coletivamente. Não devemos entender que a iniciativa geral significa que seus destinatários podem apresentar projetos de lei sobre quaisquer assuntos, embora não exista um rol taxativo de matérias sobre as quais eles possam exercer sua competência. Em síntese, não devemos entender geral com o significado de irrestrita, pois há matérias sujeitas à competência reservada, em que só se admite a atuação de certo órgão ou autoridade. A iniciativa é restrita quando se outorga a determinado órgão ou autoridade competência para iniciar o processo legislativo só em certas matérias, especificamente indicadas no texto constitucional. É a que CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 7 ocorre com o Procurador-Geral da Republica, o qual só tem competência para elaborar e apresentar ao Legislativo projetos de lei tratando das matérias indicadas no art. 128, § 5°, da CF; com o STF, quanto às matérias prescritas no art. 93 e 96, II, da CF; e com os Tribunais Superiores e os Tribunais de Justiça, com relação às matérias especificadas no art. 96, II, da Constituição. A iniciativa é reservada, também chamada de exclusiva ou privativa quando somente determinado órgão ou autoridade tem poder para apresentar projetos de lei sobre certas matérias, especificamente indicadas na Constituição. Exemplificativamente, como hipóteses constitucionais de iniciativa legislativa reservada, podemos citar o art. 61, § 1° e o art. 165, I, II e III, que outorgam tal competência ao Presidente da República; o art. 93, que atribui tal poder ao Supremo Tribunal Federal; o art. 96, II, que confere esta faculdade ao STF, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça e o art. 127, § 2°, que confere tal competência ao Procurador-Geral da República. A iniciativa é concorrente quando a matéria só pode ser tratada em projeto de lei apresentado por determinados órgãos ou autoridades. Não se confunde com a iniciativa reservada, que é atribuída a certo órgão ou autoridade, pois aqui temos mais de um legitimidado. Em uma hipótese, esta modalidade de iniciativa legislativa decorreu do trabalho hermenêutico do STF sobre os arts. 61, § 1°, II, d, e 128, § 5°, ambos da CF, daí resultando o entendimento de que tanto o Presidente da República quanto o Procurador-Geral da República têm legitimidade para apresentar projeto de lei complementar que disponha sobre a organização do Ministério Público da União. Como ambas as autoridades têm o mesmo grau de competência, não havendo, aqui, qualquer precedência de uma delas sobre a outra, estamos perante uma hipótese de iniciativa legislativa concorrente. Outra hipótese que pode ser destacada refere-se às leis sobre matéria tributária, que na esfera federal são de iniciativa concorrente do Presidente e dos membros do Congresso. Nesse ponto, podemos destacar também a iniciativa popular, a qual, apesar de não ser considerada pela doutrina uma modalidade especial de iniciativa legislativa, é inegavelmente uma hipótese peculiar de iniciativa legislativa. Essa hipótese é prevista no art. 61, § 2°, da CF, nos termos do qual, na esfera federal, a "a iniciativa popular pode ser exercida pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacional, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não menos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles". Facilmente, percebe-se que, apesar de o art. 61, em seu caput, ter mencionado genericamente os cidadãos, estes, individualmente, não gozam de legitimidade para a apresentação de projetos de lei ordinária ou complementar, em visto do regramento específico do art. 61, § 2°, da CF. Na esfera dos Estados-membros e do Distrito Federal, a Constituição Federal limitou-se a prever que caberá à lei dispor sobre a iniciativa popular no processo legislativo estadual (CF, art. 27, § 4°, e art. 32, § 3°). No que toca aos Municípios, a Constituição foi mais minuciosa, prevendo a possibilidade de iniciativa popular de projetos de lei de interesse específico CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 8 do Município, da cidade ou de bairros, através de manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleitorado (CF, art. 29, XIII). 3.1.1) Iniciativa reservada do Presidente da República O § 1º do art. 61 arrola as matérias sob iniciativa legislativa reservada do Chefe do Poder Executivo Federal. Nos seus termos: § 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que: I - fixem ou modifiquem os efetivos das Forças Armadas; II - disponham sobre: a) criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e autárquica ou aumento de sua remuneração; b) organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios; c) servidores públicos da União e Territórios, seu regime jurídico, provimento de cargos, estabilidade e aposentadoria; d) organização do Ministério Público e da Defensoria Pública da União, bem como normas gerais para a organização do Ministério Público e da Defensoria Pública dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública, observado o disposto no art. 84, VI; f) militares das Forças Armadas, seu regime jurídico, provimento de cargos, promoções, estabilidade, remuneração, reforma e transferência para a reserva. Conforme entendimento pacífico do STF, o dispositivo constitucionalem questão é de observância obrigatória pelos demais entes federados, por representar manifesta aplicação do princípio da separação dos Poderes, já que elenca um rol exaustivo de matérias sob iniciativa legislativa reservada ao Chefe do Poder Executivo. Portanto, é obrigatório aos Estados, ao DF e aos Municípios, que, ao disporem sobre seus processos legislativos, reservem aos respectivos chefes do Poder Executivo a iniciativa legislativa privativa nas mesmas matérias que a Constituição Federal reserva ao Presidente da República. Ademais, o caráter vinculatório do § 1º, do art. 61, da CF veda também que as matérias nele contidas sejam tratadas exaustivamente nas Constituições estaduais e nas Leis Orgânicas do DF e dos Municípios, pois isso representaria ofensa à competência do Chefe do Poder Executivo para iniciar o processo legislativo a elas pertinente. 3.1.2) Iniciativa reservada do STF, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justiça CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 9 Dispõe a Constituição Federal que é de iniciativa privativa do Supremo Tribunal Federal lei complementar que disporá sobre o Estatuto da Magistratura (CF, art. 93), ou seja, nos termos deste artigo, compete exclusivamente ao STF elaborar o projeto de lei complementar que conterá as normas relativas ao Estatuto da Magistratura. E, segundo o art. 96, II, da CF, compete reservadamente ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169, os projetos de lei que versem sobre: (a) alteração do número de membros dos tribunais inferiores; (b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhe forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (c) a criação e extinção de tribunais inferiores e (d) a alteração da organização e da divisão judiciárias. 3.1.3) Iniciativa concorrente da Lei de Organização do Ministério Público Como anotado acima, numa interpretação harmônica do art. 61, § 1°, II, d com o art. 128, § 5°, ambos da CF, podemos concluir que a iniciativa para a propositura do projeto de lei complementar que trate da organização do Ministério Público da União é concorrente entre o Presidente da República e o Procurador-Geral da República. Esse foi o entendimento do STF na questão, que podemos ampliar para as demais esferas de Governo. Desse modo, a iniciativa de lei complementar versando sobre a organização de cada Ministério Público estadual é concorrente entre o Governador do Estado e o Procurador-Geral de Justiça. E a iniciativa de lei complementar tratando da organização do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios é concorrente entre o Procurador- Geral da República e o Presidente da República (lembrando que o MPDFT é um dos ramos do MPU, a teor do art. 128, I, d, da CF, e que cabe à União organizar e manter o órgão, nos termos do art. 21, XIII, da CF). A matéria só se altera no caso do Ministério Público que atua junto aos Tribunais de Contas, pois este órgão, segundo entendimento do STF, não integra a estrutura do Ministério Público, mas sim a do respectivo Tribunal de Contas (CF, art. 130). Logo, compete reservadamente à respectiva Corte de Contas apresentar ao Poder Legislativo o projeto de lei sobre suas normas gerais de organização. 3.1.4) Iniciativa legislativa concorrente em matéria tributária O art. 61, § 1°, II, b, da CF confere privativamente ao Presidente da República a iniciativa para apresentar ao Congresso Nacional os projetos de lei que disponham sobre organização administrativa e judiciária, matéria tributária e orçamentária, serviços públicos e pessoal da administração dos Territórios. O STF, analisando o preceito, entendeu que ele deve ser interpretado em sua literalidade, de modo a abranger apenas os Territórios. Assim sendo, CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 10 os projetos de lei que tratem de matéria tributária dos Territórios são de iniciativa reservada do Presidente da República, mas é de iniciativa concorrente entre o Presidente e os membros e comissões da Câmara, do Senado e do Congresso os demais projetos de lei em matéria tributária federal. Assim, o Presidente da República não goza de iniciativa privativa para a apresentação de projetos de lei que tratem de temas relacionados a Direito Tributário. A única hipótese em que compete privativamente a esta autoridade oferecer projeto de lei que trate de matéria tributária está prevista no 61, § 1°, II, b, da CF. Da mesma forma, em matéria tributária, na esfera estadual, a iniciativa legislativa é concorrente entre o Governador do Estado e os membros e Comissões da Assembléia Legislativa; na esfera distrital, entre o Governador do DF e os membros e Comissões da Câmara Legislativa; na esfera municipal, entre o Prefeito e os membros da Câmara de Vereadores. Além disso, os cidadãos também podem apresentar projetos de lei em matéria tributária, ressalvada a iniciativa legislativa privativa do Presidente quanto aos Territórios Federais. 3.1.5) Outros temas relacionados à iniciativa legislativa reservada Em tema de iniciativa legislativa reservada três indagações ainda se impõem: a) há prazo para o exercício da competência? b) eventual vício de iniciativa é sanado se o projeto de lei for sancionado pelo Chefe de Poder Executivo? c) cabe emenda parlamentar nos projetos de iniciativa reservada? A resposta é negativa nas duas primeiras perguntas, e positiva na terceira, sempre com base nos posicionamentos do STF a respeito. Quanto à primeira questão, entende a Corte que nenhum dos Poderes da República pode impor ao órgão ou autoridade competente prazo para a feitura do projeto de lei, pois a concessão constitucional da competência privativa traz ínsita a discricionariedade para a decisão acerca da oportunidade do seu exercício, não podendo o órgão ou autoridade contemplados serem coagidos a tanto por meio de determinação de prazo. Assim, exemplificativamente, não pode o Congresso Nacional ou o STF estipular prazo para que o Presidente da República edite projeto de lei nas matérias de sua iniciativa privativa, nem pode o Presidente ou o Congresso proceder a tal fixação quanto aos projetos de lei de iniciativa privativa dos Tribunais. Os únicos prazos na matéria cuja determinação é válida são aqueles prescritos no próprio texto constitucional, a exemplo do prazo fixado no art. 35, § 2°, do ADCT. Quanto à segunda indagação, o STF também tem posição plenamente consolidada: eventual sanção (tácita ou expressa) do Chefe do Poder Executivo não convalida vício de iniciativa no projeto de lei, nem mesmo CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 11 se, no caso, a competência para a apresentação era do próprio Chefe do Executivo que, veio a convalidar o projeto expressa ou tacitamente. Se nem mesmo nesta hipótese a sanção corrige o vício de iniciativa anterior, com muito mais razão devemos considerá-la totalmente ineficaz se a iniciativa legislativa reservada, no caso, não foi conferida ao Chefe do Executivo, mas a outro órgão ou autoridade como, por exemplo, aos Tribunais do Poder Judiciário. Enfim, a inobservância da norma constitucional que estipula a iniciativa legislativa reservada caracteriza vício de constitucionalidade formal, que pode ser reconhecido em sede de controle de constitucionalidade concentrado ou difuso. Por fim, a terceira questão, que deveser respondida positivamente. Entende o STF que, mesmo nas hipóteses de iniciativa reservada a órgãos e autoridades de outros Poderes da República, é facultada aos Deputados Federais e Senadores a apresentação de emendas. Tal prerrogativa, entretanto, está sujeita a duas limitações: - em primeiro lugar, deve a emenda parlamentar ter pertinência temática com relação à matéria objeto do projeto de lei, ou seja, não podem os parlamentares federais, via emenda, pretender acrescentar ao projeto matérias não compreendidas no seu objeto. - em segundo, não se admite que a emenda implique em aumento da despesa prevista no projeto de lei, à exceção das emendas que alteram os projetos de lei orçamentária (CF, art. 63, I e art. 166, §§ 3° e 4°). Se as emendas apresentadas não preencherem um desses requisitos padecerão de vício de constitucionalidade, o qual não é sanado por eventual sanção do Chefe do Executivo ao projeto de lei. 3.2) FASE CONSTITUTIVA A fase constitutiva corresponde à etapa mais extensa do processo legislativo ordinário. Nesta fase, o projeto de lei será discutido e votado em ambas as Casas do Congresso Nacional. Se aprovado, será enviado para a sanção ou veto do Presidente da República. Se o Presidente, expressa ou tacitamente, sancionar o projeto de lei, encerra-se a fase constitutiva. Se o Presidente vetar o projeto, esta fase constitui-se em mais uma etapa, a apreciação do veto pelo Congresso Nacional. O detalhamento desse trâmite processual é, pois, nosso objeto de estudo nesse tópico. 3.2.1) Atuação das Comissões Parlamentares O projeto de lei não é remetido diretamente ao plenário da Casa Legislativa, para fins de deliberação e votação. Antes, ele é objeto de apreciação pelas Comissões Parlamentares competentes da Casa iniciadora, que sobre o mesmo deliberarão, daí resultando a emissão de pareceres, com os quais se objetiva instruir o plenário da Casa na futura discussão e votação. Também é nas Comissões que os parlamentares CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 12 interessados têm oportunidade de apresentar suas emendas ao projeto de lei. Em regra, o projeto será num primeiro momento objeto de discussão e instrução em uma das Comissões Temáticas da Casa Legislativa, assim denominadas porque são compostas em função de certos temas. Podemos ter, exemplificativamente, a Comissão de Finanças e Tributação, a Comissão de Saúde, a Comissão de Educação e Cultura, e assim por diante. São Comissões geralmente de caráter permanente, com suas atribuições previstas no regimento de cada Casa Legislativa, a quem cabe, especificamente, opinar sobre o conteúdo, em si mesmo considerado, do projeto. Indagarão sobre sua conveniência e oportunidade, analisarão se o conteúdo do projeto está em conformidade com as necessidades públicas, verificarão suas potencialidades e dificuldades de implementação etc. Enfim, discutirão o conteúdo do projeto, seus méritos e deméritos, aceitarão a apresentação de emendas e concluirão seus trabalhos com a emissão de um parecer (salvo quando a Comissão tem poder conclusivo, nos termos do art. 58 da CF). Em prosseguimento, enviarão o projeto, acompanhado do parecer e das emendas eventualmente apresentadas, para a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a quem caberá avaliar a conformidade material e formal do projeto com a Constituição, e, de um modo mais amplo, com todas as normas legais a ele aplicáveis, inclusive as regimentais, além de analisar se a forma como está redigido o projeto adequa-se à técnica legislativa. Encerrada sua análise, durante a qual é admitida a propositura de emendas, é elaborado seu parecer, e o projeto, acompanhado das emendas e dos parceres, é enviado para o plenário da Casa Legislativa respectiva, para fins de discussão e votação, adentrando o trâmite, então, em outra etapa da fase constitutiva. De se observar que há atuação das Comissões Parlamentares nas duas Casas Legislativas pelas quais tramita o projeto de lei, a iniciadora e a revisora, ou seja, a análise prévia, tanto em relação ao conteúdo do projeto quanto à sua conformidade material e formal com a Constituição, é realizada em ambas as Casas. Desde logo, é relevante salientar que, segundo o art. 64, caput, da CF, a discussão e votação dos projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores terão início na Câmara dos Deputados e, nos termos do art. 61 § 2°, da CF, nesta mesma Casa terão início a discussão e votação dos projetos de lei oriundos da iniciativa popular. Em conseqüência, em todas essas hipóteses o Senado Federal atuará como Casa revisora, e somente atuará como Casa iniciadora quanto aos projetos de lei de inciativa de seus próprios membros ou de suas Comissões. A importância dessas disposições será esclarecida no tópico subseqüente. 3.2.2) Atuação do Plenário das Casas Legislativas Após a apresentação do projeto de lei e sua passagem pelas Comissões, é o mesmo enviado, devidamente instruído, ao plenário da Casa iniciadora (em regra, a Câmara dos Deputados), que, após sobre ele deliberar, pode CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 13 aprová-lo sem alterações, com alterações, ou rejeitá-lo. Nesta última hipótese, o projeto é arquivado; nas duas primeiras, será remetido à Casa revisora (geralmente o Senado). Na Casa revisora, após a passagem do projeto pelas competentes Comissões, é ele enviado ao plenário da Casa, para discussão e votação, da qual pode resultar sua aprovação com alterações (emendas), sem alterações ou sua rejeição. Na primeira hipótese (aprovação com alterações), o projeto retorna ao plenário da Casa iniciadora, que analisará somente as alterações por emenda nele promovidas, podendo aprová-las, total ou parcialmente, ou rejeitá-las. De qualquer forma, concluída a votação, é o projeto, nos moldes definidos pela Casa iniciadora, enviado ao Presidente da República, dando-se seguimento ao trâmite processual (aqui, não há mais possibilidade de rejeição do projeto na íntegra, pois, na segunda apreciação a Casa iniciadora vota apenas as alterações por emenda apresentadas e aprovadas na Casa revisora). Na segunda hipótese (aprovação pela Casa revisora sem alterações), o projeto de lei é enviado pela própria Casa revisora ao Presidente. E, na última hipótese (rejeição pela Casa revisora), o projeto é simplesmente arquivado, encerrando-se o processo sem nova oportunidade de manifestação da Casa iniciadora (CF, arts. 65 e 66, caput). Em caso de rejeição, seja na Casa iniciadora, seja na revisora, incide o princípio da irrepetibilidade, segundo o qual a matéria objeto do projeto de lei rejeitado somente poderá constituir objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa, mediante proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas do Congresso Nacional (CF, art. 67). Nesse ponto, deve-se destacar que a Casa iniciadora tem uma evidente vantagem sobre a Casa revisora no processo legislativo ordinário. Como vimos acima, em caso de aprovação do projeto com emendas na Casa revisora, esta deve enviar as emendas (e apenas as emendas) para a apreciação da Casa iniciadora, a quem cabe apreciá-las. Se esta aprovar as emendas inseridas na Casa revisora, é o projeto nestes termos enviado ao Presidente da República. Mas, se a Casa iniciadora rejeitar, no todo ou em parte as emendas (pois é possível a rejeição de parte das emendas e a aprovação do restante), irá para veto ou sanção do Presidente, nos termos pela Casa iniciadora definidos, sem que seja exista qualquer instrumento por meio do qual possa a Casa revisora fazer valer suas emendasfrente à sua rejeição pela Casa Iniciadora. É a esta que compete, pois, a decisão do texto final do projeto de lei a ser remetido para sanção ou veto pelo Chefe do Poder Executivo. Como geralmente, a teor do art. 64, parágrafo único, da CF, quem atua na condição de Casa iniciadora, pela aplicação do art. 66, caput, da CF, é a Câmara dos Deputados, esta ocupa posição de preponderância sobre o Senado, no processo legislativo federal. Uma vez aprovado o projeto de lei por ambas as Casas, segue o mesmo para a fase do autógrafo, que constitui o documento que formaliza, com precisão, o texto do projeto de lei aprovado pelo Legislativo federal. No documento constam, além do texto fiel do projeto de lei, o resultado da CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 14 discussão nas Casas Legislativas. Após isto, é o projeto de lei enviado para o Presidente da República, para veto ou sanção. 3.2.3) Atuação do Presidente da República Conforme o art. 66, caput, §§ 1°, 2° e 3°, da CF, recebido o projeto de lei, o Presidente da República pode concordar com ele na íntegra, sancionando-o expressamente (este é o único momento em que se pode dar a sanção expressa presidencial), no prazo de quinze dias úteis, após o que procederá à sua promulgação e publicação; deixar transcorrer o prazo de quinze dias úteis sem qualquer manifestação, caso em que ocorrerá a sanção tácita (segundo o art. 66, § 7°, da CF, nessa hipótese, o Presidente da República terá o prazo de quarenta e oito horas para promulgar a lei; se não o fizer nesse período, a incumbência passa para o Presidente do Senado, em igual prazo; se este também se omitir, caberá ao Vice-Presidente do Senado promulgar a lei); ou, ainda, vetar o projeto de lei, parcial ou totalmente. Tanto o veto total quanto o parcial que podem ser justificados por motivos de caráter material (contrariedade ao interesse público) ou formal (inconstitucionalidade), têm o prazo de quinze dias úteis para ser proferidos, a contar do recebimento do projeto de lei, sob pena de sanção tácita, e devem ter seus motivos comunicados ao Presidente do Senado em quarenta e oito horas, a contar do veto. 3.2.3.1) Sanção Sanção é o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo manifesta sua concordância material e formal com o projeto de lei, completando a fase constituiva de seu ciclo de formação e transformando o projeto em lei propriamente dita. Assim, a sanção recai sobre o projeto de lei, e com ela nasce a lei. Em outros termos, podemos considerar a sanção como o ato pelo qual o Chefe do Executivo conforma sua vontade à do Poder Legislativo, daí resultando o nascimento da lei. Como exposto acima, a sanção poderá se dar de forma expressa ou tácita. A sanção expressa consiste em uma manifestação formal do Chefe do Poder Executivo, a ser exarada em quinze dias úteis a contar do recebimento do projeto de lei. A sanção tácita se verifica quando o Chefe do Poder Executivo deixa escoar esse prazo sem manifestar formalmente sua concordância (no caso de sanção expressa) ou discordância, total ou parcial (no caso de veto total ou parcial). Podemos concluir, pelo regramento constitucional da matéria, que nossa Constituição não adota o veto tácito, que seria uma manifestação de discordância implícita do Chefe do Poder Executivo para com o projeto de lei, pelo decurso de certo prazo sem sua manifestação. A solução, no caso, é justamente a oposta: o silêncio do Chefe do Poder Executivo por quinze dias úteis equivale à concordância tácita com o projeto de lei. Em nosso sistema constitucional a sanção, quando cabível, é competência exclusiva dos chefes de Poder Executivo. Nenhuma outra autoridade, dos Poderes Legislativo e Judiciário, ou mesmo do Poder Executivo, tem CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 15 competência para sancionar projetos de lei, nem o Chefe do Poder Executivo pode delegar a terceiros o exercício desta competência. Dizemos que a sanção quando cabível insere-se na competência exclusiva do Chefe do Poder Executivo, pois vários dos atos normativos que compõem nosso processo legislativo prescrindem de sanção. Nessa condição estão as leis delegadas, os decretos legislativos, as resoluções, as emendas à Constituição e as medidas provisórias, salvo quando no transcurso de seu procedimento são transformadas em projetos de lei de conversão. Entretanto, mesmo quando a sanção é prevista no processo de formação do ato normativo, sua eventual ausência não é impedimento para que ele seja concluído com sucesso. Em outros termos, é possível que uma lei ordinária ou complementar venha a ingressar em nosso ordenamento jurídico sem que tenha sido sancionada, expressa ou tacitamente, pelo Chefe do Poder Executivo. Isso se verifica quando a autoridade veta o projeto de lei, e este vem a ser derrubado pelo Poder Legislativo. Neste caso, completa-se o ciclo de formação da lei, pois a rejeição do veto substitui a sanção, e o ato normativo pronto é enviado para o Chefe do Poder Executivo para fins de promulgação e publicação (não mais para sanção). 3.2.3.2) Veto O veto é o contraposto à sanção, podendo ser definido como o ato pelo qual o Chefe do Poder Executivo manifesta sua discordância formal ou material com o projeto de lei aprovado pelo Poder Legislativo. Assim, nos termos do § 1º, do art. 66, da CF, no caso de entender o Presidente que um projeto de lei aprovado no Congresso é, no todo ou em parte, inconstitucional ou contrário ao interesse público, deve exercer sobre ele seu poder de veto, no prazo de quinze dias úteis a contar do seu recebimento (tendo seu silêncio, ao final deste prazo, o mesmo efeito jurídico da sanção), após o que deverá comunicar ao Presidente do Senado Federal, dentro de quarenta e oito horas, os motivos do veto. Ensina a doutrina que o veto é um ato composto, pois, nas palavras de Vicente Paulo, (...) compreende a manifestação de vontade negativa do Presidente da República mais a comunicação fundamentada dessa discordância ao Presidente do Senado. A manifestação negativa do Presidente da República, nos quinze dias úteis seguidos ao recebimento do projeto, inibe a sanção tácita; a comunicação fundamentada ao Presidente do Senado, no prazo de quarenta e oito horas, aperfeiçoa o veto. A Constituição institui dois fundamentos para que o Presidente da República possa exercer seu poder de veto: inconstitucionalidade (que origina o chamado veto formal ou jurídico) e contrariedade ao interesse público (que origina o chamado veto material ou político). Em face desses dois taxativos motivos justificadores do veto, sobressai que seu regular exercício exige a expressa e adequada motivação, que constará no CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 16 comunicado que o Presidente da República remeterá ao Presidente do Senado. Na primeira hipótese – inconsitucionalidade – o Presidente da República está atuando na condição de protetor da Constituição, exercendo um juízo preventivo de constitucionalidade. Na segunda – contrariedade ao interesse público – não há nenhum vício propriamente dito no projeto de lei, mas o Presidente considera que seu conteúdo é destoante dos interesses da coletividade. De qualquer modo, seja qual for o motivo do veto, sua conseqüência é mesma: impede, ao menos temporariamente, que o projeto de lei converta-se em lei. Ademais, o veto do Presidente, seja qual for seu fundamento, é insuscetível de controle pelo Poder Judiciário. O veto, uma vez exarado, é irrevogável. Não é conferida ao Presidente a faculdade de, num primeiro momento, exercer o vetototal ou parcial de um projeto de lei e, em momento posterior, revogar o seu anterior posicionamento e declarar o projeto sancionado. Tanto o veto como a sanção de projeto de lei, atos exclusivos do Chefe do Poder Executivo, são definitivos. Uma vez pronunciados, não podem ser alterados ou desconstituídos pela autoridade prolatora. O veto pode ser total, abrangendo todo o texto do projeto de lei; ou parcial, alcançando parcela de suas disposições. Na matéria, o art. 66, § 2º, da CF, impõe uma relevante restrição ao veto parcial, asseverando que o mesmo somente poderá abranger texto integral de artigo, de parágrafo, de inciso ou alínea. É a chamada proibição ao veto mínimo. Ao analisar um dispositivo de um projeto de lei, o Presidente poderá vetá-lo parcialmente, desde que o veto não incida sobre orações, palavras ou expressões isoladas do dispositivo. Por exemplo, se um artigo tiver dois parágrafos, o primeiro estatuindo que “os indivíduos do grupo A não farão jus à indenização prevista no art. 18”, e o segundo prescrevendo que “os indivíduos do grupo B farão jus à indenização prevista no art. 18”, o Presidente poderá exercer o veto parcial, opondo-se a apenas um dos parágrafos (não é necessário vetar os dois, nem o artigo inteiro), mas ele necessariamente deverá abranger o texto integral do parágrafo, não podendo incidir, digamos, apenas sobre a palavra “não” contida no primeiro parágrafo. Pelo exemplo podemos concluir que, se ao Presidente fosse autorizado excluir somente a expressão não, a autoridade estaria distorcendo completamente o sentido da norma. Foi para evitar esse tipo de atuação da autoridade presidencial que a Constituição veio a instituir a vedação ao veto mínimo, nos moldes aqui explicitados. Importante salientar que a parte não vetada do projeto está, por contraposição, sancionada, e deve ser enviada, de pronto, para promulgação e publicação, de forma totalmente desvinculada da parte vetada, que seguirá para apreciação do Poder Legislativo. Fechando esse tópico, a partir da obra de Vicente Paulo, podemos sintetizar as características do veto no seguinte elenco: expresso; formal; motivado; supressivo; superável ou relativo; irretratável; insuscetível de apreciação judicial. O veto resulta de uma manifestação taxativa do Presidente, pois seu silêncio pelo prazo constitucional importa sanção CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 17 tácita (expresso); o veto é sempre por escrito (formal), devendo constar também por escrito seus motivos – inconstitucionalidade e contrariedade ao interesse público – (motivado); pode apenas retirar, jamais acrescentar algo ao projeto de lei (supressivo); pode ser superado pelo Congresso Nacional, por maioria absoluta (superável ou relativo); uma vez expresso, não pode mais ser desconstituído pelo Presidente (irretratável); não admite controle jurisdicional, nem mesmo quando praticado sob a alegação de inconstitucionalidade do projeto de lei. 3.2.4) Apreciação do veto pelo Congresso Nacional Nos termos do art. 66, §§ 4°, 5° e 6°, da CF, o veto parcial e o total serão apreciados pelo Congresso, em sessão conjunta (os Deputados e Senadores votam no mesmo instante processual, computando-se seus votos separadamente), no prazo máximo de trinta dias, a contar do seu recebimento. Desrespeitado o prazo, o veto é colocado em votação no dia imediatamente posterior, dando-se o sobrestamento de todo o restante da pauta do Congresso até que se ultime a sua apreciação. De se notar que fica obstruída a pauta subseqüente do Congresso, não havendo alteração na pauta da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Para a rejeição do veto é necessário o voto da maioria absoluta dos Deputados e Senadores, em escrutínio secreto. Em se tratando de veto total, se mantido (para tanto, basta que não se atinja a maioria absoluta a favor da rejeição), o projeto de lei é arquivado; se rejeitado, é remetido ao Presidente da República para promulgação (aqui não cabe mais sanção). Quando o veto for parcial e for mantido (ficando o texto de acordo com a vontade do Presidente da República), a lei é promulgada pelo próprio Congresso; quando o veto for parcial e for rejeitado (ficando o texto com a redação apresentada originariamente ao Presidente), o texto é enviado para o Presidente para promulgação. Ademais, nada na Constituição impede a rejeição parcial do veto pelo Congresso, o que se verifica quando o Congresso mantém o veto em relação a certos dispositivos e o derruba em relação a outros, o que é prática rotineira na Casa. Levando em conta as hipóteses de superação total e parcial do veto, podemos ter: a) rejeição total de um veto total: neste caso, o Presidente vetou todo o projeto de lei, e o Congresso derrubou integralmente o veto da autoridade presidencial; b) rejeição parcial de um veto total: neste caso, o Presidente da República vetou integralmente o projeto de lei, e o Congresso manteve seu veto com relação à parte dos dispositivos e o derrubou com relação a outros; c) rejeição total de um veto parcial: neste caso, o Presidente vetou apenas parte dos dispositivos, mas o Congresso superou integralmente seu veto parcial, mantendo todos os dispositivos vetados; d) rejeição parcial de um veto parcial: neste caso, o Presidente da República vetou somente parte dos dispositivos do projeto de lei, e o CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 18 Congresso Nacional derrubou seu veto apenas com relação a alguns dos dispositivos vetados, mantendo-o com relação aos demais. No caso de ocorrer a rejeição do veto do Presidente, a disciplina é a mesma da sanção tácita: o Presidente da República tem quarenta e oito horas para promulgar a lei. Escoado o prazo sem promulgação, cabe ao Presidente do Senado, no mesmo prazo, efetivá-la. Se também não o fizer, cabe ao Vice-Presidente do Senado fazê-lo, também em quarenta e oito horas (CF, art. 66, § 7°). A Constituição não estabelece um prazo para a atuação do Vice-Presidente do Senado, o que leva a doutrina a concluir que, ao contrário das demais autoridades citadas no dispositivo, para as quais a promulgação é discricionária, para o Vice-Presidente do Senado trata-se de uma obrigação, ou seja, de uma competência plenamente vinculada. 3.3) FASE COMPLEMENTAR A fase complementar é formada de duas etapas: a promulgação e a publicação da lei. Como incidem sobre a lei pronta, não correspondem propriamente a etapas do processo legislativo, mas, de qualquer modo, sucedem à fase constitutiva. 3.3.1) Promulgação Promulgação é o ato pelo qual se atesta formalmente a existência de uma lei. É um ato que declara um fato preexistente, uma vez que a lei nasce com a sanção ou com a rejeição do veto. Trata-se, pois, de um ato que declara a existência de um ato normativo apto a inovar na ordem jurídica, constituindo requisito para sua publicação. Nas palavras de Vicente Paulo: A promulgação é um ato de execução, é a autenticação de que uma lei foi regularmente elaborada, de que juridicamente existe e de que, portanto, está apta a produzir efeitos. Por meio dela, o órgão competente verifica a adoção da lei pelo Legislativo, atesta a sua existência e afirma a sua força imperativa e executória. Em regra, cabe ao Chefe do Executivo promulgar a lei. Mas nem sempre isso acontece, pois, como já analisamos, nas hipóteses de sanção tácita e de rejeição do veto pelo Congresso, o Presidente da República dispõe do prazo exíguo de quarenta e oito horas para promulgar a lei, após o que a competência transfere-se para o Presidente do Senado, o qual deve exercê-la em igual prazo. Inerte também esta autoridade, cabe ao Vice-Presidente do Senado promulgar a lei. Ademais, deve-se frisar, apesar de estarmos aqui analisando o processo legislativo ordinário, que existem hipóteses em que a competência para a promulgação é outorgada originariamente ao Poder Legislativo. Isso ocorre nas emendas à Constituição, cuja promulgação é realizada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal (CF, art. 60, § 3°); nos decretos legislativos, cuja promulgação compete ao Presidente do Congresso Nacional; e nas resoluções, cuja promulgação compete ao Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, conforme a Casa que houver editado o ato normativo. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 19 3.3.2) Publicação Publicação é a divulgação oficial da lei para todos os seus destinatários, constituindo requisito para a produção de seus efeitos jurídicos. A promulgação atesta que a lei existe; a publicação leva a todos o conhecimento da existência da lei. A publicação se dá pela divulgação do ato na Imprensa Oficial, e não está sujeita a nenhum prazo específico na atual Constituição. 4) PROCEDIMENTO LEGISLATIVO SUMÁRIO O art. 64 da Constituição, em seus §§ 1º ao 4º, regula o processo legislativo sumário, que segue, em linhas gerais, as regras do processo legislativo ordinário, com a diferença de que se sujeita a prazos constitucionalmente fixados para a deliberação e votação pelas Casas do Congresso Nacional. Nos termos do art. 64, § 1º, da CF, poderá o Presidente solicitar urgência para a apreciação de projetos de lei de sua iniciativa. É essa solicitação de urgência do Chefe do Poder Executivo federal que dá início ao processo legislativo sumário. De se notar que o Presidente pode socilitar a tramitação sob regime de urgência para quaisquer projetos de sua iniciativa, e não somente para aqueles que tratam de matérias sob sua iniciativa legislativa reservada. Uma vez apresentada a solicitação, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal terão, cada um, o prazo de 45 dias para apreciar o projeto de lei. Se a Câmara não se manifestar sobre o projeto de lei, em até 45 dias, serão sobrestadas, ou seja, terão seu curso interrompido, todas as demais deliberações legislativas que tramitam na Casa, com exceção daquelas que tenham prazo constitucionalmente fixado, até que a Câmara encerre a votação (CF, art. 62, § 2º, na redação dada pela EC nº 32, de 2001). Devemos notar que, como o sobrestamento de pauta não se aplica às deliberações que tenham prazo constitucionalmente fixado, portanto, não incide sobre as medidas provisórias, e nem sobre outros projetos de lei que tramitem sob o regime de urgência. Se aprovado o projeto na Câmara dos Deputados (pois, em caso de rejeição, encerra-se o processo legislativo, aplicando-se o princípio da irrepetibilidade), é o mesmo enviado ao Senado, que disporá de outros 45 dias para apreciar o projeto. Caso ultrapasse este prazo, a conseqüência também será o sobrestamento de todas as demais deliberações que tramitam na Casa, com exceção das que tenham prazo constitucionalmente fixado. Se o Senado rejeitar o projeto, ele é arquivado, sobre ele incidindo o princípio da irreppetibilidade. Se o Senado aprová-lo sem alterações, o projeto é remetido ao Presidente da República, para veto ou sanção. Se a aprovação se der com alterações, estas enviadas à Câmara dos Deputados, que deverá apreciá-las no prazo de dez dias. Se for CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 20 ultrapassado o decêndio sem que a Câmara tenha concluído a votação das emendas, dar-se-á, novamente, o sobrestamento das demais deliberações em curso na Casa Legislativa, exceto aquelas que tenham prazo constitucional determinado (CF, art. 64, § 3º). Os prazos referentes ao processo legislativo sumário não transcorrem nos períodos de recesso do Congresso, e o próprio processo legislativo não é aplicável aos projetos de código (CF, art. 64, § 4º). São duas situações distintas: na primeira, dado projeto está tramitando sob regime de urgência, e apenas os prazos são suspensos durante o recesso parlamentar; na segunda, há uma vedação à utilização do próprio processo legislativo sumário, que não pode compreender projetos de código, em virtude da extensão e da complexidade dos assuntos neles tratados. A Constituição só trata do regime de urgência por solicitação do Chefe do Poder Executivo, havendo nos regimentos internos das Casas legislativas a previsão de pedido de urgência a ser formulado pelos membros do Congresso. 5) LEI COMPLEMENTAR As leis complementares são atos normativos primários cujas hipóteses de aplicação estão taxativamente prescritas na Constituição e que exigem para sua aprovação maioria absoluta. Entende nossa doutrina que o objetivo que norteou o legislador constituinte a instituir a lei complementar como espécie legislativa própria foi a intenção de conferir maior estabilidade a certas matérias, em função da necessidade de quorum qualificado para a aprovação dessa espécie legislativa, em ambas as Casas do Congresso. Este quorum qualificado para aprovação situa a lei complementar num ponto intermediário entre a lei ordinária, que exige apenas maioria relativa para sua aprovação, e as emendas à Constituição, que exigem para sua aprovação três quintos dos votos dos membros da Câmara e do Senado, em dois turnos de votação. Ao estabelecer que determinadas matérias serão reguladas por lei complementar, o legislador constituinte lhes outorga uma rigidez intermediária. De um lado, impede que elas sejam alteradas mais facilmente, ao excluí-las da esfera de incidência da lei ordinária, mas, por outro, não torna demasiadamente difícil sua modificação, o que ocorreria se estas matérias estivessem prescritas na própria Constituição, caso em que somente seriam alteráveis via emenda à Constituição. É em função dessa finalidade – assegurar a determinados temas maior estabilidade – que o campo de incidência das leis complementares é precisamente delimitado pela Constituição: só cabe sua aplicação para o regramento das matérias em que a Constituição exige expressamente esta espécie legislativa. Nas demais, em que a Carta Política vale-se genericamente do termo lei, a espécie legislativa adequada é a lei oridnária. O STF tem entendimento pacífico na matéria, no sentido de que CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 21 é exaustivo o rol das hipóteses constitucionais que exigem disciplinamento por lei complementar. Assim, duas são as diferenças básicas entre as leis ordinárias e as leis complementares: (a) o quorum de aprovação, que é de maioria relativa para a primeira e de maioria absoluta para a segunda e (b) seu campo de incidência, que é mais amplo para as leis ordinárias, aplicáveis sempre que a Constituição referir-se genericamente à lei para o regramento de certa matéria, e mais específico para as leis complementares, que são passíveis de uso apenas nas hipóteses taxativa e exaustivamente prescritas na Constituição. Apesar dessas diferenças, o STF entende que essas espécies legislativas situam-se em idêntico patamar hierárquico, sem sobreposição da lei complementar sobre a lei ordinária. O máximo que a Corte afirmou até hoje é que a lei complementar goza de uma "especial dignidade", comparativamente à lei ordinária. Porém, se eventualmente uma matéria sob reserva de lei complementar vier a ser regulada por lei ordinária, esta lei ordinária apresenta defeito formal de constitucionalidade, que pode ser reconhecido em controle difuso ou concentrado, uma vez queo quorum de aprovação da lei complementar é mais rigoroso. O mesmo se aplica às demais espécies legislativas que exigem somente maioria relativa para sua aprovação: se adentrarem em matérias sob reserva de lei complementar, sofrem de inconstitucionalidade formal. A mesma conclusão não se aplica caso uma matéria passível de disciplinamento por lei ordinária vier a ser tratada em lei complementar. Nessa hipótese, entende o STF que este diploma legislativo tem natureza de lei complementar apenas em termos formais (foi produzido segundo o procedimento prescrito para essa espécie legislativa, inclusive quanto ao quórum de maioria absoluta para aprovação) mas em termos materiais ostenta a condição de lei ordinária (já que tratou de matéria sujeita a regramento por essa espécie legislativa). A diferença se fará sentir no momento de alteração dessa matéria, o qual poderá ser promovido por meio de lei ordinária. No que toca ao processo legislativo da lei complementar, a Constituição limitou-se a estatuir que a iniciativa legislativa coincide com a da lei ordinária (art. 61), e que sua aprovação exige maioria absoluta (art. 69). Podemos daí concluir que, em termos de disciplinamento constitucional, aplicam-se às leis complementares as regras do processo legislativo ordinário estudadas anteriormente (atuação das Comissões, deliberação e votação, sanção, veto e sua superação, promulgação, publicação, apresentação de emendas etc). De se ressaltar, todavia, que os regimentos das Casas do Congresso estabelecem regras processuais diferenciadas para os projetos de lei complementar e de lei ordinária. 6) PROCESSOS LEGISLATIVOS ESPECIAIS CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 22 Os processos legislativos especiais aplicam-se às espécies legislativas cujo processo de produção segue regras distintas do processo legislativo ordinário. Na sistemática adotada pela atual Constituição, sujeitam-se a processos legislativos especiais as emendas à Constituição, as medidas provisórias, as leis delegadas, os decretos legislativos e as resoluções. 6.1) PROCESSOS DE MODIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO Nossa Constituição é do tipo rígida, estabelecendo um processo legislativo mais solene e dificultoso para a alteração de seus dispositivos, comparativamente ao processo legislativo prescrito para a instituição e alteração da legislação ordinária. A instauração desse processo legislativo, visando à modificação de seus preceitos, é manifestação do poder constituinte derivado reformador, um poder de caráter jurídico, que tem as regras de seu exercício previstas no próprio texto constitucional. Se nos limitarmos ao corpo permanente da Constituição, encontraremos o processo legislativo para sua alteração definido no art. 60, que trata do processo de reforma constitucional. Todavia, nossa Constituição tem previsto mais um processo legislativo para a alteração de seu texto, no art. 3º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, que trata do processo de revisão constitucional. Esses são dois processos formais de modificação da Constituição. Há, todavia, uma terceira forma de alteração constitucional, que não implica modificação formal de seu texto, a que a doutrina denomina mutação constitucional. Neste ponto, portanto, analisaremos os três processos de modificação da Constituição: a mutação constitucional, a revisão constitucional e a reforma constitucional. A mutação constitucional é um processo informal de mudança da Constituição, pelo qual, sem haver qualquer alteração no texto constitucional, modifica-se a interpretação, até então, conferida a algum de seus dispositivos. Trata-se, pois, de um processo decorrente da própria evolução do corpo social, de seus valores e paradigmas de atuação, bem como das pressões decorrentes de seu processo de desenvolvimento econômico, social e cultural. No Brasil, a aplicação real deste processo, no que toca à Constituição Federal, ocorre quando o Supremo Tribunal Federal, o intérprete por excelência da nossa Carta Política, modifica seu posicionamento com relação a algum de seus dispositivos, sem que sua redação, em si mesmo, tenha sofrido qualquer alteração. Foi o que se observou, por exemplo, quando o STF modificou seu entendimento no que toca à extensão temporal do foro especial por prerrogativa de função. Inicialmente, logo após a entrada em vigor da Constituição de 1988, entendia a Corte que as autoridades detentoras de foro especial por prerrogativa de função continuavam a fazer jus à prerrogativa, em certas hipóteses, mesmo depois que tivessem deixado de exercer a função em face da qual gozavam de foro especial. Em momento posterior, entretanto, a Corte alterou radicalmente sua interpretação acerca do CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 23 alcance temporal do foro especial por prerrogativa de função, passando a considerar que ele é passível de invocação apenas enquanto o agraciado efetivamente está exercendo as funções em virtude das quais o foro lhe é outorgado, ou está apto a exercê-las, cessando imediatamente de incidir quando isso não mais ocorre. No caso, não houve alteração formal dos dispositivos constitucionais que tratavam da matéria, mas eles passaram a ser interpretados com significado diferente. Enfim, passou-se a conferir um significado diverso aos dispositivos constitucionais que prevêem os foros especiais por prerrogativa de função, sem que sua redação tenha sofrido alteração formal. É, pois, um exemplo de alteração da Constituição decorrente do processo de mutação constitucional. Além desse processo informal de modificação constitucional, temos dois processos formais, a reforma e a revisão. Ambos têm previsão expressa na Constituição, e representam exercício do poder constituinte derivado, mediante o qual se dá a alteração do texto constitucional por meio da aprovação de emendas à Constituição. O processo de revisão constitucional foi previsto no art. 3º do ADCT para permitir uma alteração mais fácil da Constituição Federal, em função da maior simplicidade das regras a ele aplicáveis, comparativamente às do processo de reforma, que estudaremos a seguir. Apesar disso, sobre ele incidem as limitações instituídas pelo constituinte para o processo de reforma, em especial as limitações circunstanciais e materiais. É um processo de aplicação única, pois, pelo dispositivo em questão, só foi prevista a instauração de um processo de revisão, a ocorrer no prazo de cinco anos da promulgação da Constituição. O dispositivo em questão é vazado nos seguintes termos: Art. 3º. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. A maior facilidade do processo de revisão, comparativamente ao de reforma, é a tramitação unicameral (a deliberação e a votação se dá em conjunto, computando-se o total dos votos dos Deputados Federais e dos Senadores, sem diferença de Casa) e o quorum de maioria absoluta necessário para a aprovação das emendas, em votação única. No processo de reforma, analisado a seguir, a tramitação é bicameral, e é necessário para a aprovação da proposta de emenda o voto de três quintos dos membros de cada uma das Casas do Congresso, ocorrendo duas votações em cada Casa. O processo de revisão já foi iniciado e encerrado no primeiro semestre de 1994, e dele resultaram seis emendas, denominadas Emendas Constitucionais de Revisão, cuja numeração é diversa das emendas decorrentes do processo de reforma constitucional. Ademais, no processo de revisão a promulgação da emenda é feita pela Mesado Congresso; ao passo que no processo de reforma a promulgação da emenda é feita pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 24 Desde esta época exauriu-se a eficácia da regra transitória prevista no art. 3º do ADCT, entendendo-se que não pode ser previsto, pelo constituinte derivado, um novo processo de revisão da Constituição Federal. Atualmente, portanto, existe apenas um processo de modificação formal da Constituição Federal passível de utilização, o processo de reforma constitucional, prescrito no art. 60, sendo inconstitucional qualquer tentativa de se inserir na Carta a previsão de um novo processo simplificado para a alteração de seus dispositivos. Isso se aplica também aos Estados, que somente poderão prever em suas respectivas Constituições o processo de reforma constitucional, e nos mesmos moldes definidos pelo art. 60 da CF (quorum de três quintos, duas votações, promulgação pelo próprio Legislativo, ausência de veto ou sanção etc). O processo de modificação das Constituições estaduais tem que seguir estritamente os termos do art. 60 da CF, no que couber, não podendo ser nem mais nem menos rigoroso, nem mais nem menos formal. Não poderão os Estados instituir em suas Cartas um processo simplificado de revisão, nem um processo de reforma diverso do prescrito na Constituição Federal. E, finalmente, temos o processo de reforma constitucional, disciplinado pelo art. 60 da CF, um processo legislativo mais formal e dificultoso que o previsto para a instituição e a alteração da legislação infraconstitucional. É um processo de caráter permanente, no sentido de que, desde a promulgação da Constituição Federal, em 5 de outubro de 1988, e enquanto esta permanecer em vigor, pode ser ele exercido pelos legitimados a tanto estabelecidos pela Carta. É, assim, o processo normal, regular, de alteração do texto constitucional, o único processo formal que atualmente tem aplicação. Podemos sintetizar suas principais fases e regras nos seguintes termos: 1°) o processo é instaurado mediante a apresentação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) por um dos legitimidados para tanto pelo art. 60; 2°) a seguir, a proposta é discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos de votação, considerando-se aprovada se atingir, em todas as votações, o voto de três quintos dos membros da Casa; 3°) se aprovada a proposta de emenda, será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem; 4°) se a proposta for rejeitada ou tida por prejudicada, será arquivada, não podendo a matéria dela constante ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 6.1.1) Limitações ao poder constituinte derivado reformador O poder constituinte originário é aquele que, em termos jurídicos, inaugura o Estado, ao intituir sua Constituição. É um poder de natureza política, extrajurídica, não sujeito a quaisquer limitações. Já o poder constituinte derivado é instituído pelo poder constituinte originário, sendo, portanto, um poder de natureza jurídica, sujeito às limitações impostas pelo poder constituinte originário. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 25 Uma de suas modalidades é o poder constituinte derivado reformador, objeto de nosso interesse nesse momento, que se desmembra, em termos de Constituição Federal, em poder de reforma constitucional e poder de revisão constitucional. Deste modo, as limitações a seguir estudadas aplicam-se a ambos os poderes de modificação constitucional, dentro de suas peculiaridades. Vale ressaltar que as emendas à Constituição, desde que observados todos os seus requisitos materiais e formais de produção, uma vez promulgadas e publicadas, gozam em nosso ordenamento do mesmo nível hierárquico das normas originalmente constantes da Constituição. São, pois, normas da Constituição, sobrepondo-se a qualquer norma de natureza subconstitucional. A diferença entre as normas oriundas de emenda e as normas originárias da Constituição é que aquelas, justamente porque estão sujeitas aos limites que agora estudaremos, podem ser discutidas em controle de constitucionalidade, difuso ou concentrado e, se forem consideradas contrárias à Constituição, serão expurgadas de nosso ordenamento; ao passo que as normas que constam originariamente do texto constitucional, por serem obra do poder constituinte originário, são insuscetíveis de qualquer controle acerca de sua constitucionalidade. Isto posto, podemos enumerar as quatro espécies de limitações impostas ao poder constituinte derivado reformador (que, mais uma vez, engloba tanto o processo de reforma quanto o de revisão): 1°) limitações temporais; 2°) limitações circunstanciais; 3°) limitações processuais ou formais; 4°) limitações materiais. 6.1.1.1) Limitações temporais As limitações temporais correspondem a um período de tempo durante o qual a Constituição não pode sofrer alterações em seus dispositivos. Dentro desse lapso temporal o texto Constitucional é simplesmente imutável. Na atual Constituição não temos limitações temporais incidentes sobre o processo de reforma constitucional. Desse modo, desde a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988, pode seu texto sofrer modificações desde que observado o procedimento prescrito em seu art. 60. No que toca ao processo de revisão, acima analisamos que a Constituição somente autorizou sua instauração após decorridos cinco anos de sua promulgação. Podemos perceber isto como uma limitação temporal ao processo de revisão, ou considerar que este prazo não é propriamente uma limitação, mas uma característica do processo de revisão, uma vez que a Constituição autorizou uma única vez a sua instauração, após decorrido esse lapso temporal. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 26 6.1.1.2) Limitações circunstanciais As limitações circunstanciais impedem alterações no texto constitucional em determinadas situações de anormalidade institucional, que poderiam ameaçar a independência dos órgãos e autoridades envolvidos na modificação da Constituição. Na Constituição Federal foi prevista esta espécie de limitação para o processo de reforma, pois o art. 60, § 1°, da CF, proíbe a votação e a promulgação de emendas à Constituição na vigência de estado de defesa, de estado de sítio e de intervenção federal. Ocorrendo uma dessas situações excepcionais, é possível a apresentação e a discussão de propostas de emenda, que não configuram atos decisórios, mas impede- se sua votação pelas Casas do Congresso. Por outro lado, se quando da instauração do estado excepcional a emenda já havia sido aprovada, impede-se sua promulgação. A doutrina entende que as limitações circunstanciais, apesar de previstas expressamente apenas para o processo de reforma, incidiram em termos idênticos sobre o processo de revisão. Desse modo, não seria possível a votação e promulgação de emendas de revisão se, à época em que foi instaurado processo legislativo, primeiro semestre de 1994, estivesse em vigor o estado de defesa, o estado de sítio ou a intervenção federal. 6.1.1.3) Limitações processuais ou formais As limitações processuais referem-se ao processo legislativo especial prescrito na Constituição para sua alteração, mais solene e dificultoso que o previsto para a modificação da legislação ordinária. A CF, no art. 60, I, II e II, e §§ 2º, 3º e 5º, prevê esse regramento especial para o processo de reforma, que apresenta como peculiaridades, relativamente
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