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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 1 AULA 18: PODER JUDICIÁRIO 1) INTRODUÇÃO O Capítulo III, do Título IV, da Constituição Federal trata do Poder Judiciário e começa com a estrutura orgânica do poder, cujos órgãos são apresentados no art. 92. Em seguida, são lançadas as pedras angulares da magistratura. De fato, o espírito do Judiciário são os seus juízes e sobre eles disporá o Estatuto da Magistratura, observados os princípios dos arts. 93 a 95. Em prosseguimento, temos os arts. 96 e 99, onde o constituinte, através da autogestão, tratada nos referidos dispositivos, quis demonstrar o quanto os tribunais são independentes. Mal localizados em termos topográficos, entre os arts. 96 e 99, que tratam da autonomia e independência, existem dois artigos sobre assuntos distintos: o art. 97, que trata da declaração de inconstitucionalidade, e o art. 98, que cuida dos juizados especiais e da justiça de paz. Antes de começar a discorrer sobre cada um dos órgãos do Judiciário, o que se inicia no art. 101, a Constituição ainda trata, no art. 100, da execução contra a fazenda pública, ou seja, de como o Estado efetuará o pagamento dos débitos a que foi condenado por decisão judicial transitada em julgado. Estamos, aqui, falando dos casos em que o pagamento é feito por precatório e dos casos em que a parte consegue livrar-se desse regime de quitação de débitos oriundos de decisão judicial. Adiante trataremos do tema. 2) FUNÇÕES DO PODER JUDICIÁRIO A função típica do Poder Judiciário é a prestação da tutela jurisdicional, que consiste em aplicar a norma (que é abstrata) a um caso concreto, a um litígio (lide) que lhe foi apresentado, dizendo quem tem razão de acordo com o Direito. O ato jurisdicional produz a coisa julgada, a decisão judicial contra a qual não cabe mais recurso, tornando-se imutável. Jurisdição significa “dizer o Direito”, e qualquer cidadão tem direito a esta prestação (art. 5º, XXXV). Além dessa atividade, atipicamente, o Judiciário administra e legisla. Administra quando gere sua economia interna (art. 96, I, b e e) e legisla quando cria normas gerais, em determinados casos (art. 96, I, a). Assim como aos demais Poderes, cabe ao Judiciário cumprir e defender a Constituição, sendo que neste mister cabe-lhe função especial, pois o seu órgão máximo, o Supremo Tribunal Federal, é quem tem a palavra final sobre a interpretação da constitucionalidade das leis. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 2 3) ESTATUTO DA MAGISTRATURA O Estatuto da Magistratura, como indica a expressão, é a Lei Geral dos Magistrados, que conterá as normas e princípios aplicáveis à organização da categoria. É veiculado em lei complementar, de iniciativa exclusiva do Supremo Tribunal Federal, e ao dispor sobre a organização da magistratura, deverá observar, dentre outros, os seguintes princípios (CF, art. 93, na redação dada pela EC nº 45, de 2004): a) ingresso na carreira, cujo cargo inicial será o de juiz substituto, mediante concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as fases, exigindo-se do bacharel em direito, no mínimo, três anos de atividade jurídica e obedecendo-se, nas nomeações, à ordem de classificação; b) promoção de entrância para entrância, alternadamente, por antigüidade e merecimento; c) aferição do merecimento conforme o desempenho e pelos critérios objetivos de produtividade e presteza no exercício da jurisdição e pela freqüência e aproveitamento em cursos oficiais ou reconhecidos de aperfeiçoamento; d) na apuração de antigüidade, o tribunal somente poderá recusar o juiz mais antigo pelo voto fundamentado de dois terços de seus membros, conforme procedimento próprio, e assegurada ampla defesa, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; e) não será promovido o juiz que, injustificadamente, retiver autos em seu poder além do prazo legal, não podendo devolvê-los ao cartório sem o devido despacho ou decisão; f) o acesso aos tribunais de segundo grau far-se-á por antigüidade e merecimento, alternadamente, apurados na última ou única entrância; g) previsão de cursos oficiais de preparação, aperfeiçoamento e promoção de magistrados, constituindo etapa obrigatória do processo de vitaliciamento a participação em curso oficial ou reconhecido por escola nacional de formação e aperfeiçoamento de magistrados; h) o juiz titular residirá na respectiva comarca, salvo autorização do tribunal; i) o ato de remoção, disponibilidade e aposentadoria do magistrado, por interesse público, fundar-se-á em decisão por voto da maioria absoluta do respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça, assegurada ampla defesa; j) todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 3 à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; l) as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; m) nos tribunais com número superior a vinte e cinco julgadores, poderá ser constituído órgão especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e cinco membros, para o exercício das atribuições administrativas e jurisdicionais delegadas da competência do tribunal pleno, provendo-se metade das vagas por antigüidade e a outra metade por eleição pelo tribunal pleno. 4) JUIZADOS ESPECIAIS E JUSTIÇAS DE PAZ A Constituição previu instrumentos alternativos de solução dos litígios, apostando nos juizados especiais e na justiça de paz. Nos termos do inc. I, do art. 98, da Carta, caberá à União, no Distrito Federal e Territórios, e aos Estados instituir juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumariíssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau. Caberá à lei federal dispor sobre os juizados especiais na esfera da Justiça Federal (CF, § 1º). Já o inc. II, do art. 98, da Carta trata da justiça de paz, a qual, remunerada, é composta de cidadãos eleitos pelo voto direto, universal e secreto, com mandato de quatro anos e competência para, na forma da lei, celebrar casamentos, verificar, de ofício ou em face de impugnação apresentada, o processo de habilitação e exercer atribuições conciliatórias, sem caráter jurisdicional, além de outras previstas na legislação. 5) INDEPENDÊNCIA E AUTONOMIA A independência e autonomia do Judiciário são consideradas exigências basilares para que exista um Estado Democrático de Direito. Estes valores exigem providências relativas à gestão do Poder e às garantias de seus membros. Para assegurar a independência e autonomia, duas são as principais providências: CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 4 1º) assegurar a gestão própria, que abrange a auto-administração e verba própria. Aqui, estarão em jogo as garantias institucionais da autonomia funcional, administrativa e financeira; 2º)assegurar proteção aos magistrados, a fim de que tenham segurança e serenidade para julgar. Aqui, estarão em jogo as garantias que, direcionadas aos membros da magistratura, pretendem de modo mediato garantir a qualidade dos julgamentos, razão pela qual acabam sendo garantias aos jurisdicionados. Por essa razão são entendidas como prerrogativas, e não como privilégios. A autonomia financeira do Poder Judiciário é prevista no art. 99, e é assegurada pela capacidade de autogestão em lugar da dependência dos favores financeiros dos demais Poderes, em especial do Executivo. Em relação ao orçamento, os tribunais devem elaborar suas propostas, dentro dos limites acordados juntamente com os demais Poderes da lei de diretrizes orçamentárias, e encaminhá-las ao Poder Executivo respectivo, para que este elabore o projeto de lei orçamentária e o encaminhe ao Legislativo. Nessa hora será preciso que todos os Poderes cheguem a um razoável consenso. Permitir cortes na proposta de orçamento do Judiciário poderá resultar na limitação de sua independência. Por outro lado, o Judiciário também deve ser responsável por seus gastos, evitando desperdício do dinheiro público. Assim, será preciso um consenso, o qual é determinado pelo art. 99, § 1º. O encaminhamento da proposta, ouvidos os outros tribunais interessados, compete: a) no âmbito da União, aos Presidentes do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, com a aprovação dos respectivos tribunais; b) no âmbito dos Estados e no do Distrito Federal e Territórios, aos Presidentes dos Tribunais de Justiça, com a aprovação dos respectivos tribunais. A Emenda Constitucional nº 45/04 acrescentou mais três parágrafos ao art. 99, buscando preencher lacunas relativas à autonomia orçamentária do Poder Judiciário. Assim, por exemplo, se os órgãos responsáveis não procederem ao encaminhamento da proposta orçamentária dentro do prazo estabelecido pela lei de diretrizes orçamentárias, o Poder Executivo estará autorizado constitucionalmente a manter os valores aprovados na lei orçamentária vigente, evitando-se, assim, atrasos na aprovação no orçamento. O Poder Executivo também está autorizado a proceder aos ajustes necessários, quando a proposta orçamentária anual encaminhada pelo Judiciário estiver em desacordo com os limites estabelecidos pela lei de diretrizes orçamentárias. E, finalmente, durante a execução orçamentária do exercício, não poderá haver a realização de despesas ou a assunção de obrigações que extrapolem CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 5 os limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias, exceto se previamente autorizadas, mediante abertura de créditos suplementares ou especiais. Para assegurar independência é preciso auto-administração e esta não se esgota na autonomia orçamentária. É preciso que o próprio Poder Judiciário escolha os seus dirigentes, faça seus concursos de seleção, organize suas secretarias e serviços auxiliares, proponha e controle seus recursos, sua estrutura interna etc. Neste sentido, dispõe o art. 96, em seu inc. I, que compete privativamente aos Tribunais integrantes do Poder Judiciário: a) eleger seus órgãos diretivos e elaborar seus regimentos internos, com observância das normas de processo e das garantias processuais das partes, dispondo sobre a competência e o funcionamento dos respectivos órgãos jurisdicionais e administrativos; b) organizar suas secretarias e serviços auxiliares e os dos juízos que lhes forem vinculados, velando pelo exercício da atividade correicional respectiva; c) prover, na forma prevista nesta Constituição, os cargos de juiz de carreira da respectiva jurisdição; d) propor a criação de novas varas judiciárias; e) prover, por concurso público de provas, ou de provas e títulos, obedecido o disposto no art. 169, parágrafo único, os cargos necessários à administração da Justiça, exceto os de confiança assim definidos em lei; f) conceder licença, férias e outros afastamentos a seus membros e aos juízes e servidores que lhes forem imediatamente vinculados; Por sua vez, o inc. II, do art. 96 declara ser de competência privativa do Supremo Tribunal Federal, dos Tribunais Superiores e dos Tribunais de Justiça apresentar ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169, projetos de lei sobre: a) a alteração do número de membros dos tribunais inferiores; b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes forem vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; c) a criação ou extinção dos tribunais inferiores; d) a alteração da organização e da divisão judiciárias. 6) CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA 6.1) Considerações Iniciais CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 6 É inegável que a Constituição de 1988 fortaleceu sobremaneira o Poder Judiciário. Para se ter uma idéia do que isso significa, basta pesquisar um pouco as decisões judiciais prolatadas desde a entrada em vigor da Carta e perceberemos que o Judiciário, por exemplo, tem adentrado em questões de mérito do ato administrativo, rompendo a tradicional barreira que limitava a sua ação à análise de forma e deixando o conteúdo discricionário do ato por conta do administrador público. Esse alargamento do controle judicial sobre os atos de gestão pública tem, eventualmente, causado atritos entre o Poder Judiciário e os demais Poderes do Estado, em especial o Poder Executivo. Nesse contexto, uma maior fiscalização do Poder Judiciário foi uma das diretrizes que norteou a elaboração da EC nº 45/04, denominada de Emenda da Reforma do Judiciário. Passamos à análise de alguns aspectos atinentes ao novo sistema de controle do Poder Judiciário, nos moldes traçados pela EC nº 45, que instituiu o Conselho Nacional de Justiça. 6.2) Composição O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) integra a estrutura do Poder Judiciário, conforme determina o art. 92, I-A, da Constituição. Sua natureza jurídica, portanto, é de órgão judicial com sede na Capital Federal (CF, art. 103-B). É composto por quinze membros, com mais de 35 e menos de 65 anos de idade, com mandato de dois anos, admitida uma recondução. Destes membros, nove integram o Judiciário e seis serão recrutados entre representantes do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da sociedade civil, estes últimos indicados pelo Senado Federal e pela Câmara dos Deputados. O representante do Supremo Tribunal Federal exercerá a presidência do Conselho, que votará somente em caso de empate, ficando excluído da distribuição de processos. Todos os membros serão nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. Para dar mais transparência às decisões do CNJ, o Procurador Geral da República e o Presidente do Conselho Federal da OAB vão oficiar junto ao órgão, funcionando como uma espécie de custos legis dentro das atribuições do Conselho. A seguir, apresentamos na íntegra da Composição do Conselho: a) um Ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo respectivo tribunal; b) um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; c) um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 7 d) um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; e) um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal;f) um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; g) um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; h) um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; i) um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; j) um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República; l) um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; m) dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; n) dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Deputados e outro pelo Senado Federal. Se as indicações previstas neste artigo não forem efetuadas no prazo legal, a escolha caberá ao Supremo Tribunal Federal (CF, art. 103, § 3º). As ações contra o Conselho Nacional de Justiça serão julgadas pelo Supremo Tribunal Federal, nos termos do art. 102, I, r, da Constituição. Já ao Senado Federal compete julgar os membros do Conselho Nacional de Justiça nos crimes de responsabilidade (CF, art. 52, II). 6.3) Atribuições O CNJ tem como função primordial o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes. Sua atuação terá caráter dúplice, ora funcionando preventivamente como, por exemplo, quando zelar pela autonomia do Poder Judiciário; ora repressivamente quando, por exemplo, conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa. O § 4º do art. 103-B arrola as competências do Conselho, podendo outras serem estabelecidas no Estatuto da Magistratura. Nos termos do referido dispositivo, compete ao Conselho: CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 8 a) zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências; b) zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; c) receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa; d) representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade; e) rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano; f) elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário; g) elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa. O § 5º confere ao Ministro do Superior Tribunal de Justiça a função de Ministro-Corregedor do Conselho, excluindo-o da distribuição de processos e outorgando-lhe as seguintes atribuições: a) receber as reclamações e denúncias, de qualquer interessado, relativas aos magistrados e aos serviços judiciários; b) exercer funções executivas do Conselho, de inspeção e de correição geral; c) requisitar e designar magistrados, delegando-lhes atribuições, e requisitar servidores de juízos ou tribunais, inclusive nos Estados, Distrito Federal e Territórios. O § 7º encerra o art. 103-B, determinando que a União, inclusive no Distrito Federal e nos Territórios, criará ouvidorias de justiça, competentes para receber reclamações e denúncias de qualquer interessado contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, ou contra seus serviços auxiliares, representando diretamente ao Conselho Nacional de Justiça. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 9 7) CELERIDADE PROCESSUAL A EC nº 45 adotou diversas medidas, com a finalidade promover a celeridade no transcurso dos processos judiciais. Dentre elas, vale destacar o fim do recesso forense, tornando ininterrupta a tutela jurisdicional. Agora, apenas o Poder Legislativo não trabalha ininterruptamente. A interpretação do art. 93, XII, não deixa margens para dúvidas, ao estatuir que "a atividade jurisdicional será ininterrupta, sendo vedado férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente". Outra alteração ocorreu com a inserção do inciso XV ao art. 93, o qual assevera que “a distribuição de processos será imediata, em todos os graus de jurisdição”. Também cabe enunciar a regra contida no inc. XIII do art. 93, pela qual o número de juízes na unidade jurisdicional será proporcional à efetiva demanda judicial e à respectiva população. Por fim, o inc. XIV do mesmo artigo, segundo o qual os servidores receberão delegação para a prática de atos de administração e atos de mero expediente sem caráter decisório. 8) SÚMULA VINCULANTE Nesse mesmo contexto – busca de maior eficiência na prestação jurisidicional – a EC nº 45 instituiu a súmula vinculante. Súmula é o resultado do julgamento tomado pelo voto da maioria absoluta dos membros de um tribunal, condensando em um enunciado o que se traduzirá em um precedente, buscando a uniformização da jurisprudência do tribunal. A súmula não se confunde com a lei. A lei é ato que obriga, dotado de alto coeficiente de generalidade e abstração. A súmula, por sua vez, é uma interpretação que o Poder Judiciário dá à lei quando da sua aplicação em casos concretos. A lei tem caráter coercitivo. A súmula apenas denota-lhe o alcance, dando um significado mais concreto à abstração legal. A lei é legislativa porque, em regra, emana do Poder Legislativo. A súmula é judicial porque sempre emana do Poder Judiciário. A lei comporta várias formas de interpretações. A súmula jamais comporta interpretação analógica. Esta diferenciação, corrente na doutrina, já não se mostra mais tão exata com a inserção da súmula vinculante em nosso ordenamento jurídico, pelo acréscimo do art. 103-A ao texto constitucional, asseverando: Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovarsúmula que, a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 10 em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica. § 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade. § 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso. Sem dúvida, de todas as inovações trazidas pela EC nº 45/04, a súmula vinculante é a mais controversa e polêmica. Criticada por diversos de nossos doutrinadores, principalmente por ser considerada como ofensiva à independência funcional dos membros da magistratura, sua instituição tem por finalidade precípua ampliar a celeridade processual, bem como reduzir a insegurança jurídica decorrente de diversos posicionamentos existentes no âmbito do Poder Judiciário sobre a mesma matéria. Nos termos do caput do art. 103-A, observado o procedimento ali descrito, é conferido ao Ministros do STF um poder semelhante ao do legislador, pois, ao editar uma súmula vinculante, estará a Corte efetivamente cristalizando o entendimento em certa matéria, tornando de todo o Judiciário e de toda Administração a sua interpretação do assunto objeto da súmula. 9) GARANTIAS DOS MAGISTRADOS As garantias dos magistrados são basicamente previstas no art. 95. São elas: a de vitaliciedade, a inamovibilidade e a irredutibilidade de subsídio. O propósito é garantir a independência dos magistrados, dando-lhes segurança e serenidade para julgar, protegendo-o da pressão de forças externas, sejam de caráter político ou econômico. 9.1) Vitaliciedade Significa que só haverá perda do cargo, em virtude de sentença judicial transitada em julgado. Para os juízes que ingressam por concurso público, ou CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 11 seja, os de primeira instância, a vitaliciedade só é alcançada após dois anos de exercício. Durante este período, a perda do cargo deve se dar por decisão do tribunal a que estiver vinculado. Nos tribunais, a vitaliciedade é concomitante com a posse. A sentença que decidir pela perda do cargo será proferida pelo tribunal competente, de acordo com a espécie de juiz que estiver sendo julgado. Um juiz federal será julgado pelo TRF, um estadual pelo TJ, e assim por diante. No caso dos ministros do STF, a decisão nos crimes de responsabilidade caberá ao Senado (art. 52, II). 9.2) Inamovibilidade É a garantia de que o juiz não será removido do seu local de atuação compulsoriamente, como medida indispensável para que possa gozar da tranqüilidade necessária para o exercício independente de suas funções. A garantia não goza, todavia, de caráter absoluto, uma vez que o magistrado, independentemente de sua vontade, poderá ser removido por motivo de interesse público, pelo voto de dois terços dos membros do Tribunal a que estiver vinculado (CF, art. 93, VIII). O Conselho Nacional de Justiça, a teor do inc. III, do § 4º, do art. 103-B, da CF, também goza de competência para determinar a remoção de ofício de magistrados. 9.3) Irredutibilidade de subsídios É a garantia pela qual os magistrados não terão o valor nominal de seu subsídio reduzido, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Na matéria, vale transcrever o inc. V, do art. 93, da Constituição segundo o qual: V - o subsídio dos Ministros dos Tribunais Superiores corresponderá a noventa e cinco por cento do subsídio mensal fixado para os Ministros do Supremo Tribunal Federal e os subsídios dos demais magistrados serão fixados em lei e escalonados, em nível federal e estadual, conforme as respectivas categorias da estrutura judiciária nacional, não podendo a diferença entre uma e outra ser superior a dez por cento ou inferior a cinco por cento, nem exceder a noventa e cinco por cento do subsídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, obedecido, em qualquer caso, o disposto nos arts. 37, XI, e 39, § 4º. Deve-se relembrar, também, que os magistrados estão atualmente sujeitos ao mesmo regime previdenciário que os titulares de cargos efetivos, cujas normas básicas encontram-se prescritas no art. 40 da Constituição. 9.4) Vedações CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 12 Além das garantias, a Constituição estabelece vedações aos magistrados (CF, art. 95, parágrafo único), buscando assegurar a imparcialidade em seus julgamentos. Assim, aos juízes é vedado: (a) exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou função, salvo uma no magistério; (b) receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo; (c) dedicar-se a atividade político-partidária; (d) receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (e) exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. A última vedação tem o evidente objetivo de impedir que o magistrado se valha de suas relações pessoais, ao menos durante este período, para obter decisões favoráveis aos interesses daqueles que representa na condição de advogado. 10) ESTRUTURA ORGÂNICA Conforme já mencionado, o art. 92 elenca os órgãos do Poder Judiciário. Temos, em resumo, um Tribunal estabelecido no cume do sistema e que é seu órgão de cúpula, o STF (art. 101). Ao lado dele, assumindo parte das antigas funções do STF e servindo de unificador da interpretação da legislação no país, encontramos o STJ (art. 104). O STJ também tem o papel de pacificador de interpretação, no âmbito da Justiça Comum, tanto Federal quanto Estadual. Podemos estabelecer uma simples divisão entre Justiça Comum e Justiças Especiais. As Justiças Especiais são aquelas que disciplinam e cuidam de matérias jurídicas específicas, existindo a Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar. A Justiça Comum assume a decisão de todas as causas que não estiverem sujeitas às Justiças Especiais. Aqui haverá uma nova subdivisão: Justiça Comum Federal e Justiça Comum Estadual. A Justiça Federal cuida das causas referidas no art. 109, que define os feitos que por algum motivo são de interesse para a União. As causas que não forem atinentes às Justiças Especiais nem à Justiça Federal compõem o universo de competência da Justiça Estadual. A pirâmide estrutural judiciária tem, em regra, três níveis: a 1ª Instância, a 2ª Instância e um Tribunal Superior incumbido de revisar as decisões e unificar a jurisprudência. O Tribunal Superior funciona como verdadeira 3ª Instância e o STF, às vezes, como uma 4ª Instância. De um modo geral, ascausas são apreciadas pela 1a instância, onde o juiz colhe as provas, tem contato pessoal com os litigantes e seus advogados e decide a causa. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 13 Existe a possibilidade de que aquele que estiver insatisfeito com a decisão recorra da mesma para o Tribunal de 2ª Instância. A partir daí, será possível em alguns casos, se recorrer a um Tribunal Superior. O STF ficará sempre como Tribunal Constitucional, zelando pelo respeito à Lei das Leis e sendo acionável, direta ou indiretamente, quando violada a Carta Magna. A Constituição relaciona os casos em que as causas já se iniciam nos Tribunais. Dentro da Justiça Comum, teremos as Justiças Federal e Estadual. A Justiça Federal tem sua 1ª Instância composta pelos Juízes Federais e a 2ª pelos Tribunais Regionais Federais (art. 106). A Justiça Estadual (art. 125) possui as 1ª e 2ª Instâncias compostas, respectivamente, pelos Juízes de Direito e pelos Tribunais de Justiça. O Tribunal Superior que uniformizará as decisões é o STJ. Na Justiça Comum Estadual, funcionam os Juizados Especiais, regulamentados pela Lei nº 9.099/95, que têm, entre outras particularidades, o julgamento de seus recursos feito por turmas recursais compostas por juízes de primeira instância. Com a EC nº 22/99 foi aberto o caminho para os Juizados Especiais Federais, de que falaremos adiante. A estrutura das Justiças Especiais também é organizada em três graus. Após essa exposição, cabe apresentarmos o quadro geral da estrutura judiciária nacional: a) o Supremo Tribunal Federal; b) o Conselho Nacional de Justiça; c) na Justiça Comum: - o Superior Tribunal de Justiça; - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais, na Justiça Federal; - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios, na Justiça local. d) na Justiça do Trabalho: - o Tribunal Superior do Trabalho; - os Tribunais Regionais do Trabalho; - os Juízes do Trabalho. e) na Justiça Eleitoral: - o Tribunal Superior Eleitoral; - os Tribunais Regionais Eleitorais - os Juizes Eleitorais; - as Juntas Eleitorais. e) na Justiça Militar: - o Superior Tribunal Militar - os Tribunais e Juízes Militares criados por lei. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 14 11) ESCOLHA DOS MAGISTRADOS Em termos teóricos, existem diversas formas de se escolherem os magistrados. Em princípio, o constituinte pode escolher entre a eleição, a nomeação direta pelo chefe do Executivo e o concurso público. Todos os sistemas têm suas vantagens e desvantagens. No Brasil, a opção principal foi pelo concurso público, que atinge em especial a primeira instância. Nos tribunais de segunda instância da Justiça Comum existe o acesso de 80% de juízes de carreira (concursados) e 20% de juízes oriundos da advocacia e do Ministério Público. Nos tribunais superiores (STJ, TST), o acesso tem muito maior influência política, prevalecendo a nomeação dentre juízes dos tribunais de 2ª instância, advogados e membros do Ministério Público através de listas formuladas pelas respectivas instituições. O STM tem nomeação bastante peculiar (art. 123). Por fim, no STF a nomeação é de livre escolha do Presidente da República, sequer exigindo-se que o agraciado seja bacharel em Direito, pois, em tese, é possível que alguém que não o seja possua notável saber jurídico (CF, art. 101). A EC nº 45/04, muito oportunamente, estabeleceu uma nova exigência para o ingresso na magistratura de carreira: exigindo do bacharel em Direito no mínimo três anos de atividade jurídica (art. 93, I). Requisito que também passou a ser exigido para ingresso na carreira do Ministério Público, conforme faz ver o artigo 129, § 3º, da Constituição. Chama-se quinto constitucional a regra contida no art. 94, pela qual um quinto dos lugares dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e do Distrito Federal e Territórios será composto de membros, do Ministério Público, com mais de dez anos de carreira, e de advogados de notório saber jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional, indicados em lista sêxtupla pelos órgãos de representação das respectivas classes. Recebidas as indicações, caberá ao tribunal formar uma lista tríplice, enviando-a ao Poder Executivo, que, nos vinte dias subseqüentes, escolherá um de seus integrantes para nomeação. Vista a matéria em suas linhas mais gerais, resta apresentar como se dá a escolha dos membros dos diferentes órgãos do Poder Judiciário: a) Supremo Tribunal Federal (CF, art. 101): é formado de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos de idade, de notável saber jurídico e reputação ilibada. Os Ministros do STF são nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal; b) Superior Tribunal de Justiça (CF, art 104, parágrafo único): O STJ é formado por, no mínimo, trinta e três Ministros, nomeados pelo Presidente da República, dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, depois de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 15 - um terço dentre juízes dos Tribunais Regionais Federais e um terço dentre desembargadores dos Tribunais de Justiça, indicados em lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; - um terço, em partes iguais, dentre advogados e membros do Ministério Público Federal, Estadual, do Distrito Federal e Territórios, alternadamente, indicados na forma do art. 94. da Constituição; c) Tribunais Regionais Federais (CF, art. 107): serão compostos por, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público Federal com mais de dez anos de carreira; - os demais, mediante promoção de juízes federais com mais de cinco anos de exercício, por antigüidade e merecimento, alternadamente. d) Tribunal Superior do Trabalho (CF, art. 111-A): é composto de vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; - os demais dentre juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da magistratura da carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior. e) Tribunais Regionais do Trabalho (CF, art. 115): Os TRTs são formados por, no mínimo, sete juízes, recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de sessenta e cinco anos, sendo: - um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; - os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por antigüidade e merecimento, alternadamente. f) Tribunal Superior Eleitoral (CF, art. 119): o TSE é composto por, no mínimo, sete membros, escolhidos: -mediante eleição, por voto secreto: (a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; (b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça e - por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 16 O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. g) Tribunais Regionais Eleitorais (CF, art. 120, § 1º): os TREs são formados: (a) por eleição, pelo voto secreto, de (a.1) dois juízes dentre os desembargadores do Tribunal de Justiça, (a.2) dois juízes, dentre juízes de direito, escolhidos pelo Tribunal de Justiça; (b) um juiz do Tribunal Regional Federal com sede na Capital do Estado ou no Distrito Federal, ou, não havendo, de juiz federal, escolhido, em qualquer caso, pelo Tribunal Regional Federal respectivo; (c) por nomeação, pelo Presidente da República, de dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Tribunal de Justiça. O Tribunal Regional Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os desembargadores. h) O Superior Tribunal Militar (CF, art. 123): será formado por quinze Ministros vitalícios, nomeados pelo Presidente da República, depois de aprovada a indicação pelo Senado Federal, sendo três dentre oficiais- generais da Marinha, quatro dentre oficiais-generais do Exército, três dentre oficiais-generais da Aeronáutica, todos da ativa e do posto mais elevado da carreira, e cinco dentre civis. Os Ministros civis serão escolhidos pelo Presidente da República dentre brasileiros maiores de trinta e cinco anos, sendo: - três dentre advogados de notório saber jurídico e conduta ilibada, com mais de dez anos de efetiva atividade profissional; - dois, por escolha paritária, dentre juízes auditores e membros do Ministério Público da Justiça Militar. 12) COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL A competência do Supremo Tribunal Federal vem prescrita no art. 102 da Constituição, compreendendo funções próprias de uma Corte Constitucional e algumas funções (por exemplo, art. 102, I, g) que bem podiam ser delegadas a instâncias inferiores. Vislumbra-se claramente a primordial posição do STF no controle da constitucionalidade das leis e atos normativos, que é sua missão natural. Por ser a corte mais alta, terá que resolver alguns conflitos especiais, como aqueles entre Estados-membros, com entidades estrangeiras. Além disso, o próprio STF terá que decidir se ele mesmo errou (p. ex., art. 102, I, j), já que não tem outra corte que lhe seja superior. O rol do art. 102 é taxativo, não podendo o intérprete acrescer outras hipóteses. Pela análise do dispositivo, pode-se concluir que três são suas áreas básicas de atuação: CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 17 a) Inciso I – Ações que processa e julga originariamente, ou seja, aquelas em que o processo já começa no STF. Aqui teremos as ações diretas versando sobre inconstitucionalidade, o julgamento das mais altas autoridades, litígios envolvendo entes federativos ou Estados estrangeiros ou organismos internacionais etc; b) Inciso II – Recursos ordinários, ou seja, situações em que o STF funcionará como 2ª instância. Isto acontecerá em duas hipóteses: ações constitucionais decididas em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão, e nos crimes politicos; c) Inciso III – Recursos extraordinários, ou seja, casos em que se justifica a apreciação de uma causa pelo STF em homenagem ao princípio da supremacia da Constituição. Assim, se ocorrer qualquer das hipóteses listadas neste inciso, a questão será levada até o STF para o fim de que este, como guardião supremo da Constituição, estabeleça qual a interpretação correta a respeito da constitucionalidade de alguma norma. É importante frisar que este recurso só será possível após esgotada a última instância ou se tiver sido decidido em instância única. Para existir o Recurso Extraordinário (RE) é necessário que haja o pré-questionamento, ou seja, que a decisão recorrida tenha se manifestado sobre alguma das alíneas do art. 102, III. A Emenda Constitucional nº 45/04 criou uma nova hipótese de recurso extraordinário pressupondo um conflito entre lei municipal em face de lei federal. Desta forma o recurso extraordinário passa a ser possível fora dos casos de controle difuso de constitucionalidade, conforme veremos em aula posterior. Ademais, veio instituir, no § 3º do art. 102, mais um requisito de admissibilidade para o recurso extraordinário: a demonstração da repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso. Ao Tribunal caberá examinar a existência de tais questões, para fins de admissão ou não do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros. Ainda sobre as competências do STF, são cabíveis as seguintes considerações: - julgamento de autoridades: diante das mais altas autoridades do país, o STF tem função relevante. Ele não só julga casos em que as mesmas são acusadas de infrações penais comuns ou de crimes de responsabilidade (art. 102, I, b e c), como também julga as hipóteses em que estas autoridades são vítimas (pacientes) ou autoras (coatoras) de violações de direitos fundamentais (art. 102, I, d e i). Se estas autoridades forem omissas na regulamentação da Constituição, também caberá ao STF originariamente apreciar o caso (art. 102, I, q). - ações não relacionadas no art. 102 em que figurem como partes altas autoridades. Repare que o art. 102, cujo rol é taxativo, não menciona o julgamento da ação popular, da ação civil pública, da ação por ato de improbidade administrativa e mesmo das ações ordinárias. Assim, diante CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 18 destes instrumentos processuais não se caracteriza o foro privilegiado, razão por que estas ações devem começar pela 1ª instância, podendo até chegar ao STF, mas apenas pelas vias recursais próprias; - atualidade do mandato ou cargo: no que respeita à competência penal originária, o STF já entendeu que a mesma não alcança pessoas que não estejam mais exercendo o mandato ou cargo. A idéia é de que prerrogativa do foro privilegiado acompanha o cargo ou mandato e não seus eventuais titulares. Assim, não prevalece a Súmula nº 394 do próprio Supremo. O lógico seria que se o crime foi cometido durante o exercício do cargo, deveria prevalecer a prerrogativa de foro. Mas não foi esta a posição vencedora na Corte Suprema. Prevaleceu a idéia de que a prerrogativa de foro é ligada ao exercício do mandato ou cargo. Se a pessoa deixou de exercer o mandato ou cargo, o processo vai para a 1a instância assim como, se passar a exercê-los ao tempo em que possuir algum processo contra si correndo em instância inferior, qualquer que seja ela, deve o mesmo ser remetido ao Supremo. - a Emenda nº 22/99 e a competência para o Julgamento de habeas corpus: a Emenda nº 22/99 veio contribuir para reduzir o volume de processos a cargo do STF. Pelo antigo art. 102, I, alínea i, ao STF cabia o julgamento de habeas corpus quando o coator fosse “tribunal”. A redação dada pela Emenda nº 22 acrescentou o termo “Superior”. Assim, o STF apenas julgará habeas corpus quando o coator for Tribunal Superior. Retirou-se de sua competência ações dessa natureza vindas de todos os Tribunais de Justiça dopaís e também dos cinco Tribunais Regionais Federais. Isto posto, só nos resta transcrever o art. 102 da Carta, que arrola, como competências do STF: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice- Presidente, os membros do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República; c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplomática de caráter permanente; d) o habeas-corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o mandado de segurança e o habeas-data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República e do próprio Supremo Tribunal Federal; e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 19 f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta; g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; h) (Revogada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância; j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados; l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de atribuições para a prática de atos processuais; n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam direta ou indiretamente interessados; o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal; p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal; r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministério Público; II - julgar, em recurso ordinário: a) o habeas-corpus, o mandado de segurança, o habeas-data e o mandado de injunção decididos em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão; b) o crime político; III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 20 c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. 13) COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA O Superior Tribunal de Justiça foi instituído pela Carta de 1988 para assumir algumas das competências até então do STF, e também para servir como tribunal da federação, unificando a interpretação da lei federal no país. De fato, até a Constituição de 1988 era comum haver decisões diametralmente opostas sobre um mesmo dispositivo legal, editadas por Tribunais de Justiça de Estados diversos. Como nem sempre as questões chegavam ao STF, o país convivia com esta situação desagradável. Com a extinção do Tribunal Federal de Recursos e a criação de cinco Tribunais Regionais Federais, o problema iria espraiar-se também pela Justiça Federal. No que diz respeito à competência, o art. 105 segue sistema similar ao art. 102, que trata da competência do STF. Há um inciso cuidando da competência originária, ou seja, das causas que já começam no STJ, outro cuidando dos recursos ordinários e um terceiro inciso cuidando do recurso especial. No que toca ao recurso especial, é o mesmo instrumento análogo ao recurso extraordinário. O RE é julgado pelo STF e o REsp pelo STJ. O RE cabe nas hipóteses do art. 102, III, alíneas a, b, c e d, ao passo que o REsp tem lugar nas hipóteses do art. 105, III, alíneas a, b e c. Estas atribuições eram do STF e foram repassadas pela carta de 1988 ao STJ. O art. 105, I, c, da CF, também foi modificado pela EC nº 22/99, para incluir na competência do STJ o julgamento dos habeas corpus quando for coator tribunal sujeito à sua jurisdição. O mesmo dispositivo também foi alterado pela EC nº 23/99. Anote-se que é possível que um habeas corpus que seria julgado pelo STF e agora será julgado pelo STJ, ainda chegue ao Supremo. Bastará que o paciente, não obtendo a ordem no STJ, ingresse com novo habeas corpus, dirigido à Corte Maior, agora indicando como coator o próprio STJ, Tribunal Superior que lhe negou o primeiro pedido. No mais, compete ao Superior Tribunal de Justiça (art. 105): I - processar e julgar, originariamente: a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 21 b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal; c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea "a", ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, "o", bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos; e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados; f) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões; g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre autoridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste e da União; h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuadosos casos de competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e da Justiça Federal; i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias; II - julgar, em recurso ordinário: a) os habeas-corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória; b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão; c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País; III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 22 c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. O parágrafo único do art. 105, alterado pela EC nº 45/04, dispõe que atuarão junto ao STJ: - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira; - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante. 14) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL A Justiça Federal é composta pelos Tribunais Regionais Federais (TRFs), em segunda instância, e pelos Juízes Federais, em primeiro grau de jurisdição. O art. 108 arrola as competências dos TRFs, que podem ser desmembradas em originárias e recursais. Em grau de recurso, aos TRFs cabe apreciar as causas decididas pelos juízes federais e pelos juízes estaduais no exercício da competência federal da área de sua jurisdição. Em caráter originário, cabe aos TRFs processar e julgar: a) os juízes federais da área de sua jurisdição, incluídos os da Justiça Militar e da Justiça do Trabalho, nos crimes comuns e de responsabilidade, e os membros do Ministério Público da União, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral; b) as revisões criminais e as ações rescisórias de julgados seus ou dos juízes federais da região; c) os mandados de segurança e os habeas-data contra ato do próprio Tribunal ou de juiz federal; d) os habeas-corpus, quando a autoridade coatora for juiz federal; e) os conflitos de competência entre juízes federais vinculados ao Tribunal; A competência dos juízes federais, por sua vez, vem definida no art. 109 da Constituição. Como os juízes federais correspondem ao primeiro grau da Justiça Federal, não lhes cabe qualquer competência recursal, apenas originária. Nestes termos, o art. 109 confere aos juízes federais competência para processar e julgar: a) as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 23 exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho; b) as causas entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e Município ou pessoa domiciliada ou residente no País; c) as causas fundadas em tratado ou contrato da União com Estado estrangeiro ou organismo internacional; d) os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da Justiça Eleitoral; e) os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente; f) as causas relativas a direitos humanos a que se refere o § 5º do artigo; g) os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira; h) os habeas-corpus, em matéria criminal de sua competência ou quando o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam diretamente sujeitos a outra jurisdição; i) os mandados de segurança e os habeas-data contra ato de autoridade federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais; j) os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a competência da Justiça Militar; l) os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade, inclusive a respectiva opção, e à naturalização; m) a disputa sobre direitos indígenas. Com relação à competência referida à letra f, adveio a mesma de mais uma alteração promovida ao texto constitucional pela EC nº 45, de 2004. Referida emenda alterou o art. 109 da Carta, acrescendo ao mesmo o inc. V- A e o § 5º. Assevera esse último dispositivo que "nas hipóteses de grave violação de direitos humanos, o Procurador-Geral da República, com a finalidade de assegurar o cumprimento de obrigações decorrentes de tratados internacionais de direitos humanos dos quais o Brasil seja parte, poderá suscitar, perante o Superior Tribunal de Justiça, em qualquer fase do inquérito ou processo, incidente de deslocamento de competência para a Justiça Federal". Trata-se, pois, da federalização dos crimes contra direitos humanos, a exemplos da tortura e do homicídio praticado por grupos de extermínio, os quais poderão ser julgados pela Justiça Federal, desde que o Procurador- Geral da República manifeste interesse perante o Superior Tribunal de Justiça. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 24 Também fruto da EC nº 45, o § 2º do art. 107 traz uma determinação para que os Tribunais Regionais Federais instalem em suas respectivas circunscrições a justiça itinerante, a qual caberá a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. Por sua vez, o § 3º, do mesmo artigo, oriundo da mesma emenda, prevê a possibilidade de que os Tribunais Regionais Federais venham a funcionar descentralizadamente, mediante a constituição de Câmaras regionais, com a finalidade de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. Cabe frisar, por fim, o parágrafo único do art. 110, segundo o qual, nos Territórios Federais, a jurisdição e as atribuições cometidas aos juízes federais caberão aos juízes da justiça local, na forma da lei. 15) JUSTIÇA DO TRABALHO A Justiça do Trabalho é composta pelo Tribunal Superior do Trabalho, pelos Tribunais Regionais do Trabalho e pelos Juízes do Trabalho (CF, art. 111). Inicialmente, antes de destacarmos as competências da Justiça do Trabalho, vamos apresentar algumas inovações na organização da Justiça do Trabalho trazidas pela EC nº 45/04. O § 2°, do art. 111-A determina que funcionarão junto ao Tribunal Superior do Trabalho a Escola Nacional de Formaçãoe Aperfeiçoamento de Magistrados do Trabalho e o Conselho Superior de Justiça do Trabalho (CSJT), a quem compete exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa, orçamentária, financeira e patrimonial da Justiça do Trabalho de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema, cujas decisões terão efeito vinculante. O CSJT exercerá o controle da Justiça do Trabalho, nos moldes do Conselho Nacional de Justiça. O § 1º do art. 115 traz para os TRTs regra análoga à existente para os TRFs, ao dispor os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. O § 2º do mesmo artigo segue a mesma sistemática, asseverando que os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. Essas são apenas algumas novidades trazidas pela EC nº 45/04 ao regramento constitucional da Justiça do Trabalho. Mas a grande alteração promovida pela Emenda na matéria é, indiscutivelmente, a significativa ampliação da competência da Justiça do Trabalho. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 25 O art. 114 da Constituição trata do assunto, e nos seus atuais termos cabe à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios; II - as ações que envolvam exercício do direito de greve; III - as ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores; IV - os mandados de segurança, habeas corpus e habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua jurisdição; V - os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o; VI - as ações de indenização por dano moral ou patrimonial, decorrentes da relação de trabalho; VII - as ações relativas às penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de fiscalização das relações de trabalho; VIII a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que proferir; IX - outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei. Apesar de não se tratar propriamente de uma novidade, já que a modificação já data de 07 anos, não é demais lembrar que a EC nº 24/99 extinguiu a representação classista, com a eliminação dos ministros e juízes classistas temporários, na composição do TST, dos TRTs e dos órgãos judiciários de primeira instancia da Justiça Trabalhista. Já apresentamos anteriormente as regras de composição do TST e dos TRTs. No que toca à primeira instância da Justiça Trabalhista, a regra encontra-se no art. 116 da Carta, segundo o qual nas Varas de Trabalho (os órgãos jurisidicionais de primeira instância), a jurisdição será exercida por um juiz singular (cujo ingresso se dá mediante aprovação em concurso público de provas e títulos). 16) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ELEITORAL A Constituição não define a competência da Justiça Eleitoral, remetendo a matéria à lei complementar (art. 121). As únicas regras sobre competência inscritas na Constituição encontram-se no § 3º, do art. 121, que determina serem irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem a Constituição e as denegatórias de habeas-corpus ou mandado de segurança; e no § 4º do CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 26 mesmo artigo, o qual prescreve que somente cabe recurso contra as decisões dos TREs quando: - forem proferidas contra disposição expressa da Constituição ou de lei; - ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais tribunais eleitorais; - versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas eleições federais ou estaduais; - anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou estaduais; - denegarem habeas-corpus, mandado de segurança, habeas-data ou mandado de injunção. 17) COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA MILITAR Aqui a Carta Política é ainda mais econômica, limitando-se a determinar que cabe à Justiça Militar processar e julgar os crimes militares definidos em lei. Caberá, portanto, à lei dispor sobre a competência da Justiça Militar, bem como sobre sua organização e funcionamento (art. 124). 18) JUSTIÇA ESTADUAL Nos termos do art. 125 da Constituição Federal, cabe a cada Estado a estruturação de sua organização judiciária, respeitados os princípios estabelecidos na Constituição, sendo de iniciativa do Tribunal de Justiça a lei que trate de tal organização. Já a competência dos tribunais estaduais será definida na própria Constituição do Estado. Dentro do exercício dessa competência legislativa, caberá também o tratamento da representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. A EC nº 45/04 acrescentou cinco parágrafos ao art. 125 da CF, os quais são a seguir transcritos: § 3º A lei estadual poderá criar, mediante proposta do Tribunal de Justiça, a Justiça Militar estadual, constituída, em primeiro grau, pelos juízes de direito e pelos Conselhos de Justiça e, em segundo grau, pelo próprio Tribunal de Justiça, ou por Tribunal de Justiça Militar nos Estados em que o efetivo militar seja superior a vinte mil integrantes. § 4º Compete à Justiça Militar estadual processar e julgar os militares dos Estados, nos crimes militares definidos em lei e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, ressalvada a competência do júri CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 27 quando a vítima for civil, cabendo ao tribunal competente decidir sobre a perda do posto e da patente dos oficiais e da graduação das praças. § 5º Compete aos juízes de direito do juízo militar processar e julgar, singularmente, os crimes militares cometidos contra civis e as ações judiciais contra atos disciplinares militares, cabendo ao Conselho de Justiça, sob a presidência de juiz de direito, processar e julgar os demais crimes militares. § 6º O Tribunal de Justiça poderá funcionar descentralizadamente, constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo. § 7º O Tribunal de Justiça instalará a justiça itinerante, com a realização de audiências e demais funções da atividade jurisdicional, nos limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos públicos e comunitários. O art. 126 da Carta Política, também alterado pela EC nº 45/04, traz regra específica para a solução de conflitos fundiários, determinando a cada Tribunal de Justiça que proponha à Assembléia Legislativa respectiva a criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões agrárias. Ademais, é obrigatória a presença do magistrado competente no local do conflito, quando essa medida for necessária para uma eficiente resolução jurisdicional. 19) REGIME DE PRECATÓRIOS O art. 100 da Constituição da República discorre sobre a forma através da qual a fazenda pública (expressão que compreende as entidadespolíticas e autárquicas) irá pagar seus credores nos casos em que for vencida em ações judiciais. O dispositivo em questão sofreu alterações pelas Emendas nos 20, 30 e 37, como será esclarecido adiante. O art. 100 cria o sistema do precatório, asseverando, em seu caput: Art. 100. À exceção dos créditos de natureza alimentícia, os pagamentos devidos pela Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, em virtude de sentença judiciária, far-se-ão exclusivamente na ordem cronológica de apresentação dos precatórios e à conta dos créditos respectivos, proibida a designação de casos ou de pessoas nas dotações orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para este fim. Anote-se desde logo que, apesar de alguns entenderem que o dispositivo autorizaria o pagamento de créditos alimentares independentemente de expedição de precatório, não foi este o entendimento do STF na matéria, afirmando a Corte que os débitos alimentares também se sujeitam a precatório, tendo apenas preferência sobre os débitos não alimentares. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 28 § 1º. É obrigatória a inclusão, no orçamento das entidades de direito público, de verba necessária ao pagamento de seus débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários, apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente. Esse dispositivo foi alterado pela EC nº 30, de 2000. Comparando sua redação atual com sua redação anterior, duas diferenças se impõem: 1ª modificação: antes se falava em débitos constantes de precatórios judiciais e agora se fala em “débitos oriundos de sentenças transitadas em julgado, constantes de precatórios judiciários”. 2a modificação: antes se falava em débitos apresentados até 1º de julho, data em que teriam seus valores atualizados, e agora se fala em “apresentados até 1º de julho, fazendo-se o pagamento até o final do exercício seguinte, quando terão seus valores atualizados monetariamente”. Ao fazer menção à atualização monetária no momento do pagamento, o legislador constitucional finalmente corrige grave defeito do texto, uma vez que por menor que seja a inflação, a falta de atualização monetária do valor do precatório entre 1º de julho de um ano e a data do pagamento (que podia ocorrer até 31 de dezembro do ano seguinte) resultava em uma diferença que prejudicava o credor e tornava necessário o processamento de um novo precatório (chamado de complementar ou suplementar). § 1º-A. Os débitos de natureza alimentícia compreendem aqueles decorrentes de salários, vencimentos, proventos, pensões e suas complementações, benefícios previdenciários e indenizações por morte ou invalidez, fundadas na responsabilidade civil, em virtude de sentença transitada em julgado. O novo parágrafo, inserido pela EC nº 30/2000, e que recebeu a numeração de § 1º-A, inovou ao procurar discriminar o que se considera como débito de natureza alimentícia para efeito de aplicação do art. 100 da Carta. Desde o início, alguns consideraram o rol como taxativo (numerus clausus) e, assim, obrigatório, enquanto outros entendem que este rol é meramente exemplificativo, caso em que se permitiria ao magistrado considerar, em sua decisão, como de natureza alimentícia outros débitos não mencionados. Predomina, dentre as duas posições, a primeira, que considera o rol como taxativo, insuscetível de ampliação por força de interpretação jurisidicional. § 2º. As dotações orçamentárias e os créditos abertos serão consignados diretamente ao Poder Judiciário, cabendo ao Presidente do Tribunal que proferir a decisão exeqüenda determinar o pagamento segundo as possibilidades do depósito, e autorizar, a requerimento do credor, e exclusivamente para o caso de preterimento de seu direito de precedência, o seqüestro da quantia necessária à satisfação do débito. A modificação aqui ocorrida é a seguinte: até a EC nº 30/2000, os créditos eram consignados ao Poder Judiciário, porém recolhendo-se as importâncias CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 29 respectivas à repartição competente; agora, serão consignados diretamente ao Poder Judiciário. Assim, não há mais a descentralização de antes, mas sim um pagamento direto. A vantagem é o maior controle e a desvantagem a maior sobrecarga de trabalho para o Judiciário. Seja como for, estão mantidos os princípios básicos relativos ao preterimento do direito de preferência. §3º. O disposto no caput deste artigo, relativamente à expedição de precatórios, não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em lei como de pequeno valor que a Fazenda Federal, Estadual, Distrital ou Municipal deva fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. Este parágrafo foi inserido pela EC nº 20/98 e alterado pela EC nº 30/2000, que se limitou a acrescentar a Fazenda Distrital. De qualquer modo, o que de relevo contém o dispositivo é a exclusão dos débitos de pequeno valor do pagamento pelo regime de precatórios. § 4º São vedados a expedição de precatório complementar ou suplementar de valor pago, bem como fracionamento, repartição ou quebra de valor da execução, afim de que seu pagamento não se faça, em parte, na forma estabelecida no § 3º deste artigo e, em parte, mediante expedição de precatório. Este parágrafo foi acrescentado pela EC nº 37/02. Sua finalidade é evitar que os créditos maiores sejam recebidos parte em precatório, parte sem precatório. Como não há possibilidade de fracionamento, repartição ou quebra do valor da execução, todo o crédito que não for de pequeno valor será pago integralmente mediante a expedição do precatório. § 5º. A lei poderá fixar valores distintos para o fim previsto no § 3º deste artigo, segundo as diferentes capacidades das entidades de direito público. Este parágrafo foi acrescentado pela EC n° 30/2000 como § 4º e remunerado para § 5º pela EC nº 37/02. Sua intenção é compatibilizar os valores com a multiplicidade de nossa Federação, onde alguns entes podem considerar como de pequeno valor quantias que para outros entes serão considerados elevados. § 6º. O Presidente do Tribunal competente que, por ato comissivo ou omissivo, retardar ou tentar frustrar a liquidação regular de precatório incorrerá em crime de responsabilidade. Este § 6º foi também acrescido pela EC nº 30/2000 e renumerado pela EC nº 37/02, tipificando como crime de responsabilidade qualquer ação ou omissão do Presidente do Tribunal que de qualquer modo impedir ou retardar a liquidação regular do precatório. CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR PROFESSOR GUSTAVO BARCHET www.pontodosconcursos.com.br 30 QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES 1) CESPEQUESTÃO 54 1 (Técnico Judiciário - TJDFT – 2003) - Estênio ajuizou ação contra o Banco do Brasil S.A. (BB), com o objetivo de obter reparação por dano moral decorrente de indevida inclusão de seu nome no cadastro de devedores de cheques sem fundos. Acerca dessa situação hipotética, é correto afirmar que a ação deve ser proposta na A justiça federal, mas o dano moral só será indenizável se houver prova do prejuízo material. B justiça estadual, porque o BB não é ente da administração pública direta nem indireta da União. C justiça federal, sendo perfeitamente possível requerer reparação de dano moral pela ofensa à honra, sem prova do prejuízo material. D justiça estadual, porque, embora o BB pertença à administração pública indireta da União, as sociedades de economia mista não possuem foro na justiça federal. E justiça federal ou na justiça do DF,
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