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PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica MONTAGEM DO SISTEMA GLOBAL Antes do sistema global ser montado, deve-se estabelecer um esquema de numeração global para especificar a topologia do sistema. A tabela abaixo define a conectividade dos elementos da malha da figura da página 55. Como trata-se de um caso unidimensional o esquema de numeração pode parecer trivial, mas para problemas de duas ou três dimensões é o único meio de se especificar quais nós pertence a quais elementos. TOPOLOGIA DO SISTEMA PARA O ESQUEMA DE SEGMENTAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS DO PROBLEMA DA PÁGINA 55 Numeração dos nós Elementos Local Global 1 1 1 2 2 2 1 2 2 3 3 1 3 2 4 4 1 4 2 5 Uma vez que a topologia é fixada, a equação do elemento pode ser escrita para cada elemento usando coordenadas globais. Pode-se então adicioná-las uma a uma para montar o sistema global. O processo é ilustrado abaixo: PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica CONDIÇÕES DE CONTORNO Note que quando as equações são montadas as condições de contorno se cancelam. Dessa maneira, o resultado final de [F] nas equações acima tem condições de contorno presentes apenas no primeiro e no último nó. Como T1 e T5 são dados, essas condições naturais nas extremidades das barras, dT(x1)/dx e dT(x5)/dx, são incógnitas do problema. Portanto as equações podem ser reescritas como: SOLUÇÃO A solução para a equação acima é a seguinte: ( ) ( ) 3475.25324575.17366 54321 −===== xdx dTTTTx dx dT PÓS PROCESSAMENTO Os resultados podem ser exibidos graficamente. A figura abaixo mostra a comparação dos resultados da solução do problema pelo MEF e da solução exata. Note que o MEF acompanha a tendência geral da solução exata e, nesse caso fornece uma solução exata nos nós. Entretanto há uma discrepância no interior de cada elemento devido à natureza linear das funções de forma. PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica PROBLEMAS BIDIMENSIONAIS Embora o desenvolvimento matemático aumente consideravelmente, a extensão dos conceitos do MEF de uma para duas dimensões é imediata. Deve-se seguir os mesmos passos apresentados até agora. DISCRETIZAÇÃO Em duas dimensões utilizam-se basicamente dois tipos de elementos simples: triângulos e quadriláteros. Nossa análise será limitada a elementos triangulares do tipo apresentados na figura abaixo. y x 2 3 1 MATRIZ DO ELEMENTO Analogamente ao caso unidimensional, o próximo passo é desenvolver as equações para aproximar a solução dentro do elemento. Para um elemento triangular, a solução mais simples é uma função polinomial de 1a ordem: u(x,y) = a0 + a1,1 x + a 1,2 y (32) sendo u(x,y) a variável de estado, ai,j, os coeficientes e x e y, as variáveis independentes. Os valores dessa função u nos nós do triângulo (x1,y1), (x2,y2) e (x3,y3) são: u1 = a0 + a1,1 x1 + a1,2 y1 u2 = a0 + a1,1 x2 + a1,2 y2 (33) u3 = a0 + a1,1 x3 + a1,2 y3, ou em forma matricial: = 3 2 1 2,1 1,1 0 33 22 11 1 1 1 u u u a a a yx yx yx , cuja solução é PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ]1233122312,1 2131323211,1 1221331132233210 2 1 2 1 2 1 xxuxxuxxu A a yyuyyuyyu A a yxyxuyxyxuyxyxu A a e e e −+−+−= −+−+−= −+−+−= (34) sendo Ae a área do elemento triangular, dada por: ( ) ( ) ( )[ ]1221311323322 1 yxyxyxyxyxyxAe −+−+−= (35) As equações (34) podem ser substituídas em (32). Após agrupamento de termos, chega-se a: u = N1u1 + N2u2 + N3u3 , (36) sendo ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ]yxxxyyyxyx A N yxxxyyyxyx A N yxxxyyyxyx A N e e e 122112213 311331132 233223321 2 1 2 1 2 1 −+−+−= −+−+−= −+−+−= Como no caso unidimensional, a equação (36) fornece uma maneira de se estimar valores de u internos ao elemento com base nos valores nodais. A figura abaixo mostra as funções de forma e as funções de interpolação. Note que a soma das funções de interpolação é sempre igual a 1. Analogamente ao caso unidimensional, há vários métodos disponíveis para se desenvolver as equações nos elementos baseado na EDP e nas funções de aproximação. As equações resultantes são consideravelmente mais complicadas que a (26). Entretanto, como as funções de aproximação são normalmente polinômios de ordem 1, os termos da matriz elementar final consistirão de polinômios de ordem baixa e constantes. CONDIÇÕES DE CONTORNO E MONTAGEM DO SISTEMA GLOBAL A imposição das condições de contorno e a montagem dos sistema global também ficam mais complicadas quando o MEF é aplicado em problemas bi e tridimensionais. Entretanto, como com a construção da matriz do elemento, a dificuldade se concentra mais na mecânica do processo que na complexidade conceitual. Por exemplo, o estabelecimento da topologia dos sistema que era trivial para uma dimensão torna-se um passo importantíssimo em duas e três dimensões. Em particular, a escolha de um dado esquema de numeração irá definir a estrutura de banda da matriz global e portanto a eficiência com a qual ele poderá ser resolvido. A figura abaixo mostra um esquema de numeração que foi desenvolvido para a solução, pelo MEF, de um problema de uma placa aquecida. PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica TOPOLOGIA DO SISTEMA PARA O ESQUEMA DE SEGMENTAÇÃO POR ELEMENTOS FINITOS DO PROBLEMA AO LADO Numeração dos nós Elementos Local Global 1 1 2 21 3 7 1 1 2 72 3 6 1 2 2 33 3 8 etc. APLICAÇÃO DO MÉTODO DE RESÍDUOS PONDERADOS E GALERKIN EM DUAS DIMENSÕES Seja a equação de Poisson em duas dimensões, sendo T a função temperatura: 0),(2 =+∇ yxfT Solução aproximada: T~ Substituindo na equação de Poisson resulta o resíduo: RyxfT =+∇ ),(~2 Aplicação do M.R.P. e Galerkin (Wi = Ni): ∫∫ = eA i dARN 0 , i =1, 2, ..., m, sendo m, o número total de nós. Então ( ) 0),(~2 =+∇∫∫ dAyxfTN eA i , i =1, 2, m ( ) ∫∫∫∫ −=∇ ee A iA i dAyxfNdATN ),(~2 Para se obter a forma fraca, aplica-se o Teorema de Green (integração por partes vetorial): ( ) ( ) ( )∫∫∫∫∫ ∇⋅∇−⋅∇=∇ S TCS dSvudnvudSvu l r2 Então PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica ( ) ( ) ( )∫∫∫∫∫ ∇⋅∇−⋅∇=∇ eee A T iC iA i dATNdnTNdATN ~~~2 lr O primeiro termo do lado direito corresponde a uma integral de linha sobre o contorno de cada elemento, sendo que: ( ) n T nT ∂ ∂ =⋅∇ ~ ~ r ( ) ( ) n c b T A TnNnTTNT j j j j ej jj j jj rrr ⋅ =⋅∇=⋅∇⇒= ∑∑∑ === 3 1 3 1 3 1 2 1~~ Esse termo fornece a condição de contorno natural do problema (condição de Neumann, ou derivada normal). Do segundo termo resultará a matriz de rigidez (“stiffness matrix”) do elemento, que para elementos triangulares de primeira ordem possui solução analítica, como segue: [ ]ycxba A N iii e i ++= 2 1 , 12321312213 31213231132 23132123321 ,, ,, ,, xxcyybyxyxa xxcyybyxyxa xxcyybyxyxa −=−=−= −=−=−= −=−=−= =∇ i i e i c b A N 2 1 , ∑∑∑ === =∇=∇⇒= 3 1 3 1 3 1 2 1~~ j j j j ej jj j jj cb T A TNTTNT ( ) ( ) [ ] [ ]∫∫∫∫ ∑∫∫ + + ⋅= ⋅=∇⋅∇ = eee A ii e A j j j jii e A T i dA c b T c b T c b Tcb A dA c b Tcb A dATN 3 3 3 2 2 2 1 1 12 3 1 2 4 1 4 1~ O termo dentro do integrando não depende de x e y, podendo ser colocado para fora da integral, e eA AdA e =∫∫ . Portanto a expressão acima fica: [ ] ( ) ( ) ( )[ ]333222111 3 3 3 2 2 2 1 1 1 4 1 4 1 ccbbTccbbTccbbT Ac b T c b T c b Tcb A iiiiiie ii e +++++= + + ⋅ . Para cada elemento triangular, i = 1, 2, 3, e tem-se três equações, como segue: ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ] ( ) ( ) ( )[ ] +++++ +++++ +++++ 333332323213131 323232222212121 313132121211111 4 1 4 1 4 1 ccbbTccbbTccbbT A ccbbTccbbTccbbT A ccbbTccbbTccbbT A e e e PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica que escritas em forma matricial ficam: ⋅ + ++ +++ 3 2 1 3333 32322222 313121211111 . 4 1 T T T ccbbsim ccbbccbb ccbbccbbccbb Ae , sendo 1, 2 e 3 os vértices de cada triângulo da malha de elementos finitos. O vetor de carregamento dado por: ∫∫ eA idANyxf ),( , admitindo que f(x,y) é constante dentro de cada elemento e vale f, fica: [ ] [ ] eeee e eeeee GiGiieGieGiei e A A iA ii e A iii e A iA i YcXbafAYcAXbAa A f ydAcxdAbdAa A fdAycxba A fdANfdANyxf ++=++= = ++=++== ∫∫ ∫∫∫∫∫∫∫∫∫∫ 22 2 )( 2 ),( onde: 3 ; 3 321321 yyyYxxxX ee GG ++ = ++ = Substituindo na equação acima e após alguma álgebra, temos que: =∫∫ = 1 1 1 3 ),( 3,2,1 eA ii fAdANyxf e . ou seja, o carregamento uniforme é distribuído eqüitativamente pelos nós do elemento no caso do elemento triangular. Somando-se o termo de contorno, que dá as condições de contorno naturais do problema, chega-se a: ∫ ∑ ⋅ ⋅ + = eC j j j j e i e dn c b T A NfA lr 3 12 1 1 1 1 3 (37) Como a normal nr aponta sempre para fora do elemento, para elementos internos ao domínio, com suas arestas não pertencendo ao contorno externo, ou seja, na interface entre dois elementos, o segundo termo acima se anula. Ele permanecerá apenas nas arestas que estão sobre o contorno externo do domínio. Se o contorno externo C do domínio é isolado termicamente do meio externo, ou seja, não há troca de calor com o exterior, então a integral acima é nula, e sobra apenas o primeiro termo. PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica MONTAGEM DA MATRIZ GLOBAL A montagem da matriz global é realizada de forma expedita a partir das matrizes de cada elemento finito, de maneira análoga ao caso unidimensional. Para cada um dos elementos associamos duas numerações para seus vértices: uma global, resultante da numeração seqüencial de todos os vértices do domínio, e outra local, de 1 a 3, seguindo o sentido horário, como mostrado na figura abaixo. y x 2 3 1 r s t Duas matrizes serão construídas: a matriz de rigidez e o vetor de carregamento locais do elemento, como descrito no item anterior. A matriz do elemento é transportada para a matriz global de dimensão m×m (sendo m o número total de nós do domínio) seguindo a relação de correspondência entre as numerações local e global, isto é, o elemento (1,1) da matriz local é somado ao elemento (r,r) da matriz global; o elemento (1,2) é somado ao elemento (r,s), e assim sucessivamente. A matriz resultante, assim como a matriz local, resulta simétrica. O exemplo a seguir ilustra esse processo. 1 2 3 4 1 2 3 4 5 6 Numeração local 1 2 3 Elemento 1 1 2 4 Elemento 2 1 4 3 Elemento 3 3 4 6 Elemento 4 3 6 5 PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica A figura a seguir mostra as configurações da matriz global e do vetor de carregamento para o problema acima. PMR3401 - Mecânica Computacional para Mecatrônica INTRODUÇÃO DAS CONDIÇÕES DE CONTORNO DE DIRICHLET Após a montagem do sistema global de equações algébricas torna-se necessária a imposição das condições de contorno no problema do tipo Dirichlet, ou seja, valores conhecidos de T em alguma porção do contorno do domínio, o que não foi realizado até então. Para impormos tal condição devemos efetuar algumas alterações no sistema original de modo que, após a solução desse sistema, resulte nos vértices de triângulos situados nas fronteiras o valor de T imposto. Seja p um nó cujo valor de T é conhecido e vale T . Para que após a solução do sistema tenhamos Tp = T basta fazermos na matriz global e no vetor de ações as seguintes alterações. Sendo Kij um termo genérico da matriz de rigidez e Fj um termo genérico do vetor de carregamento, faz-se: Kpp = 1, Kpj = 0 e Fp = T , para j ≠ p O procedimento anterior elimina a simetria da matriz global, o que não é interessante do ponto de vista da solução do sistema. Para se recuperar a simetria basta fazer: Fjnovo = Fjantigo − Kjp .T , Kjp = 0, para j ≠ p Como exemplo, suponhamos que o nó 4 do exemplo anterior tenha um valor de T conhecido igual a T . O sistema de equações após a introdução das condições de contorno será ( T=Φ no esquema): T1 T2 T3 T4 T5 T6 T
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