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UNIFAN - UNIVERSIDADE ALFREDO NASSER - FACULDADE DE DIREITO MATÉRIA: DIREITO COMERCIAL 1 – 2019/ 1º SEMESTRE ALUNO: GUSTAVO DOS SANTOS, DM5 QUESTIONÁRIO (P1). Os bens e serviços de que precisamos para viver - ou seja, os que atendem às necessidades humanas de vestuário, alimentação, saúde, educação, lazer, etc. – são produzidos em organizações econômicas estruturadas por pessoas vocacionadas para tal tarefa. Considerando tal afirmativa, responda às perguntas seguintes sobre tal pessoa e atividade por ela exercida: 1) Como são denominadas tais pessoas? R. São denominados empresários. 2) Explicite a vocação destas pessoas. Isto é, como elas produzem os bens e serviços necessários para viver. R. Os empresários exercem a atividade empresarial, ou seja, articulam de forma organizada os fatores de produção, quais sejam, aporte de capital - próprio ou alheio-, compra de insumos, contratação de mão de obra e desenvolvimento ou aquisição de tecnologia que realizam. 3) A decisão de produzir bens ou prestar serviços, de forma organizada e profissionalmente, surge devido a quê? Melhor explicando, a pessoa que assim decidiu considerou que fundamentos para justificar tal decisão? R. Surge do aproveitamento da oportunidade de lucrar, atendendo à demanda de quantidade considerável de pessoas - quer dizer, uma necessidade, utilidade ou simples desejo de vários homens e mulheres -, de forma a estruturar uma organização que produza a mercadoria ou serviço correspondente, ou que os traga aos consumidores. 4) Exige-se desta pessoa alguma habilidade ou formação especial? Justificar. R. Pelo contrário, a pessoa que se propõe a realizar a atividade empresarial deve ter competência para isso, adquirida mais por experiência de vida que propriamente por estudos. 5) Sobre a possibilidade de risco desta atividade, analisar: a respectiva existência; hipóteses e formas de solução do risco porventura existente. R. Riscos sempre existem, tais como: crises políticas ou econômicas internas ou externas (nacional ou estrangeira), acidentes ou deslealdade, etc; não há como evitá-los, e é nesse momento que entra a vocação dos empresários, de demonstrar a competência de mensurar e atenuar riscos. 6) Explicitar o (s) nome (s) desta atividade e, a respeito do Direito que a disciplina, denominação (ões), objeto e nome referenciado na Constituição Republicana. R. Referenciada na Constituição como Direito Comercial - art. 22, I; também é conhecida por direito empresarial, mercantil, dos negócios etc; é o ramo do direito que muito além da disciplina jurídica do comércio, volta-se a questões próprias dos empresários ou das empresas; à maneira como se estrutura a produção e negociação dos bens e serviços de que todos precisamos para viver. 7) Esta atividade sempre existiu durante a história da humanidade? Citar exemplos de países e culturas que a praticavam, particularizando o modo de realização. R. Nem sempre existiu esta atividade; na Roma antiga, a exemplo, produzia-se para subsistência/consumo, sendo os excedentes trocados com vizinhos; os Fenícios destacam-se entre os povos da Antiguidade, por produzirem para fins de troca, com isto, estimularam a produção de bens destinados especificamente à venda. 8) Considerando o exercício desta atividade em escala mundial, quais os reflexos (positivos ou negativos) para o progresso da humanidade? R. Estabeleceu-se intercâmbios entre culturas distintas, desenvolveram-se tecnologias e meios de transporte, fortaleceram-se os estados, povoou-se o planeta de homens e mulheres; mas, também, em função do comércio, foram travados guerras, escravizaram-se povos, recursos naturais se esgotaram, etc. 9) Posteriormente, algumas pessoas incentivaram a produção de bens de que não necessitavam diretamente, passando a produzi-los para vender. Como foi denominada esta produção? R. Foi denominada de fabril ou industrial. 10) Qual a relação dos bancos e seguros com o desenvolvimento do comércio? Explicitar. R. Os bancos e seguros destinavam-se a atender necessidades dos comerciantes, quais sejam, facilitar a transação monetária (cheques, títulos de créditos) sem a necessidade de andar com ouro ou outros recursos, além de garantir as mercadorias de roubos, eventos naturais, etc. 11) O que seriam as Corporações de Ofício? Qual o tempo (época), local e modo de atuação no que diz respeito aos comerciantes. R. Trata-se de poderosas entidades burguesas, ou seja, sediadas em burgos, surgidas na Europa durante o Renascimento Comercial, que gozavam de significativa autonomia em face do poder real e dos senhores feudais. 12) Durante a Idade Média, qual o grau de influência (autonomia) das Corporações de Ofício para regular o exercício do comércio? R. O grau de influência expressa-se pelo surgimento de normas destinadas a disciplinar as relações entre as corporações de ofícios os seus filiados. 13) Na Era Moderna, qual a denominação das normas produzidas pelas Corporações de Ofício, a quem se destinava e, quanto à sua aplicação, o que tinha especial importância? R. Na Era Moderna estas normas pseudo-sistematizadas serão chamadas de Direito Comercial, sendo aplicável aos membros de determinada corporação dos comerciantes; tendo os usos e costumes de cada praça ou corporação especial importância na sua aplicação. 14) Napoleão Bonaparte, em França, no início do século XIX, visando regular a totalidade das relações sociais, promoveu a edição de diplomas jurídicos. Listar os diplomas jurídicos por ano de edição; matéria disciplinada, especificando tópicos; modo em que as normas foram estruturadas; eventuais distinções dos regimes propostos e, por fim, a importância e repercussão nos demais países. R. Código Civil (1804) e Comercial (1808); inaugura-se, então, um sistema para disciplinar as atividades dos cidadãos, que repercutirá em todos os países de tradição romana, inclusive o Brasil. De acordo com este sistema, classificavam-se as relações que hoje em dia são chamadas de direito privado em civis e comerciais. Para cadas regime, estabeleceram-se regras diferentes sobre contratos, obrigações prescrição, prerrogativas, prova judiciária e foros. 15) Como resultado desta iniciativa de Napoleão Bonaparte, inicia-se nova fase do comércio. Listar o nome, característica essencial, abordando a proteção prevista ao praticante regular de comércio. R. Inicia-se a fase objetiva, onde a delimitação do campo de incidência do Código Comercial era feita, no sistema francês, pela teoria dos atos do comércio. Sempre que alguém explorava atividade econômica que o direito considera ato de comércio (mercancia), submetia-se às obrigações do Código Comercial (escrituração de livros, por exemplo) e passava a usufruir da proteção por ele liderada (direito à prorrogação dos prazos de vencimento das obrigações em caso de necessidade, instituto denominado concordata) 16) No caso de Napoleão, em França, foi cumprida a finalidade de regular todas relações sociais? Caso negativo, justificar. R. Não, pois na lista dos atos de comércio não se encontravam algumas atividades econômicas que, com o tempo, passaram a ganhar importância equivalente às do comércio, banco, seguro e indústria. É o caso da prestação de serviços, cuja relevância é diretamente proporcional ao processode urbanização. Também da lista não constavam atividades econômicas ligadas à terra, como a negociação de imóveis, agricultura ou extrativismo. 17) Quais os reflexos, relativamente à evolução do comércio, da acirrada luta que a burguesia foi obrigada a travar com o feudalismo? R. Um dos reflexos disso na ideologia jurídica é a desconsideração das atividades econômicas típicas dos senhores feudais no conceito aglutinador do Direito Comercial do período. 18) Qual a característica do (s) diploma (s) jurídico (s) editados por Napoleão suficiente (s) o bastante para identificar nova fase do comércio? Nominar esta fase como também a fase a ela anterior. R. Anteriormente tínhamos a fase subjetiva caracteriza pelas vontades das partes, vindo a ser substituída pela fase objetiva caracterizada pela teoria dos atos do comércio, que acabou se revelando insuficiente para delimitar o objeto do Direito Comercial. 19) Discorra, de forma sintética, sobre a influência dos diplomas jurídicos editados por Napoleão Bonaparte em França e nos demais países até o final do século XIX, analisando o caso do Estado brasileiro ao editar o Código Civil em 1916. R. Na maioria dos países em que foi adotada, a teoria experimentou ajustes que, em certo sentido, a desnaturaram. Na Alemanha, em 1897, o Código Comercial definiu os atos de comércio como todos os que o comerciante, em sua atividade, pratica, alargando enormemente o conceito. O Brasil, ao editar o novel Código Civil recepcionou a teoria dos atos de comércio. 20) Atualmente, em França, qual a denominação do ramo do Direito que regula o comércio e respectivo objeto de regência? R. No direito francês, hoje, qualquer atividade econômica, independentemente de sua classificação, é regida pelo Direito Comercial se explorada por qualquer tipo de sociedade. 21) Em que consiste a Teoria da Empresa, indicando época, local e contexto do respectivo surgimento. R. Consiste em um novo sistema de regulação das atividades econômicas dos particulares, surgida em 1942, na Itália, num contexto nazi-fascista, em plena II GM. 22) Em que setores da Economia brasileira foram mais sentidas as defasagens entre a teoria dos atos de comércio (implantada pelo Napoleão Bonaparte em França e que influenciou o Código Comercial Brasileiro de 1850). R. As defasagens entre a teoria dos atos de comércio e a realidade disciplinada pelo Direito Comercial, foram sentidas especialmente no tratamento desigual dispensado à prestação de serviços, negociação de imóveis e atividades rurais. 23) Conceitue empresário. R. É definido na lei como o profissional exercente de “atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços”. 24) Caracterize a noção de exercício profissional de determinada atividade econômica listando as três ordens de consideração indicadas pela doutrina. R. A noção de exercício profissional de certa atividade é associada, na doutrina, a consideração de três ordens: habitualidade, pessoalidade e o monopólio das informações que o empresário detém sobre o produto ou serviço objeto de sua empresa. 25) Defina empresa. R. Empresa é a atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, com a finalidade de auferir lucros e atender necessidades humanas. 26) Explicitar o conceito de fatores de produção, enumerando-os. R. Fatores de produção são os elementos que reunidos definem a organização da atividade empresarial, quais sejam, capital, insumos, tecnologia e mão de obra. 27) Com o advento da Internet, houve prejuízo à identificação (caracterização) de bem ou serviço? Justificar. R. Houve, pois antes do advento da internet era fácil distinguir entre bens e serviços, um era corpóreo (bens) enquanto ou outro não tinha materialidade (serviços). Com a intensificação do uso da internet, para a realização de negócios e atos de consumo, certas atividades resistem à classificação nesses moldes. 28) A teoria da empresa altera o critério de delimitação do Direito Comercial (deixa de ser os atos de comércio e passa a ser a empresarialidade). Ela (teoria de empresa) também alterou a dicotomia (divisão em dois) do regime jurídico aplicável (civil e comercial)? R. Altera o critério de delimitação do objeto do Direito Comercial - que deixa de ser os atos de comércio e passa a ser a empresarialidade-, mas não suprime a dicotomia entre o regime civil e comercial. Assim, de acordo com o Código Civil, continuam excluídas da disciplina juscomercialista algumas atividades econômicas. São atividades civis, cujos exercentes não podem, por exemplo, requerer a recuperação judicial, nem falir. 29) Quais as hipóteses de atividades civis e qual o critério de distinção de atividades civis em relação às atividades comerciais? R. São quatro hipóteses de atividades econômicas civis; a primeira diz respeito às exploradas por quem não se enquadra no conceito legal de empresário (a exemplo reunir os fatores de produção); as demais atividades civis são as dos profissionais intelectuais, dos empresários rurais não registrados na Junta Comercial e a das Cooperativas. 30) As regras que se aplicam aos empresários individuais são aplicáveis aos sócios da sociedade empresária? Justificar a resposta. R. Não, pois os sócios da sociedade empresária não são empresários, quando pessoas (naturais) unem seus esforços para, em sociedade, ganhar dinheiro com a exploração empresarial de uma atividade econômica. 31) Qual o requisito jurídico exigido para ser empresário individual? R. Estar em pleno gozo de sua capacidade civil. 32) Existe hipótese em que o juiz pode autorizar menor não emancipado a ser empresário individual. Exemplificar. R. Em hipótese excepcional, o Juiz poderá autorizar menor por intermédio de expedição de alvará, a exercer atividade empresarial constituída por seus pais ou por pessoa de quem o incapaz é sucessor. 33) Quem são os prepostos do empresário? R. São eles, o gerente (art. 1.172, CC) e o contabilista (1.177 e 1.1778, CC). 34) Os atos praticados pelos prepostos no estabelecimento comercial, ao exercer a atividade comercial, obrigam o empresário (preponente) a indenizar eventual prejuízo do cliente? Exemplifique. R. As informações prestadas pelo empregado ou funcionário prestadas pelo empregado ou funcionário terceirizado, bem como os compromissos por eles assumidos, atendidos aqueles pressupostos de lugar e objeto, criam obrigações para o empresário (art. 1.178, CC). Ex.: Cliente adentra a loja, recebe informação de funcionário desta, obrigando o empresário a se responsabilizar por tal. 35) Quais são os dois prepostos cuja atuação é referida pelo Código Civil? R. São os pressupostos de lugar (praticados nos seus estabelecimentos) e objeto (relativos à atividade empresarial) - art. 1.178, CC). 36) De que decorre a autonomia do Direito Comercial, seja como disciplinar curricular, seja como campo de atuação profissional específico? R. Decorre dos conhecimentos extrajurídicos que professores e advogados devem buscar, quando o elegem como ramo jurídico de atuação. 37) A quem a Constituição Federal atribuiu o papel primordial de produção de bens ou serviços necessários a atender as necessidades humanas? Enunciar o dispositivo constitucional bem como a quem foi reservado o respectivo papel supletivo? R.Esse papel foi atribuído à iniciativa privada, aos particulares, e supletivamente ao Estado - art. 170, CF. 38) Considerando a finalidade do Direito de regular a conduta dos interessados perante a satisfação de determinadas necessidades próprias do ser humano, qual o regime jurídico escolhido pela Constituição para regular a atividade comercial? Listar os dois princípios mais relevantes. R. O regime jurídico-comercial, é o escolhido pela Constituição, adotando-se os princípios do liberalismo, ou de uma vertente neoliberal, no regramento da ordem econômica. 39) Estabelecido o regime jurídico constitucional com os princípios escolhidos pela Constituição, qual a função da legislação ordinária visando garantir tais princípios? R. Ao nível da legislação ordinária, o direito complementa tais pressupostos constitucionais, procurando garantir a livre iniciativa e a livre competição através da repressão ao abuso do poder econômico e à concorrência desleal. 40) Quais as duas categorias de mecanismos de coibição de práticas empresariais incompatíveis com o regime econômico adotado pela Constituição Brasileira. R. São eles: infração à ordem econômica e concorrência desleal. 41) Como se caracterizam as infrações contra a ordem econômica? R. Definidas na Lei nº 12.529/11 (LIOE), para sua caracterização, é necessário conjugarem-se dois dispositivos desse diploma legal: de um lado, o caput do art. 36, que estabelece o objetivo ou efeitos possíveis da prática empresarial ilícita; de outro, o seu §3º, que elenca diversas hipóteses em que a infração pode ocorrer. 42) Listar três condutas representativas de infração à ordem econômica? R. limitar, falsear ou de qualquer forma prejudicar a livre concorrência ou a livre iniciativa; dominar mercado relevante de bens ou serviços; aumentar arbitrariamente os lucros; 43) É relevante a existência ou não de culpa do empresário para caracterizar infração contra a ordem econômica? Justificar. R. É irrelevante a existência ou não de culpa do empresário, basta a prova de que alguém, agindo como o acusado agiu, produziria ou poderia produzir os efeitos considerados abusivos pela lei, em pesquisa do ânimo do empresário. 44) Identificar o órgão administrativo responsável pela repressão de infração contra a ordem econômica, enumerando, pelo menos, três medidas possíveis. R. O órgão competente é o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), autarquia federal vinculada ao Ministério da Justiça. Podendo como sanções ser aplicadas: multa, publicação pela imprensa do extrato da decisão condenatória, proibição de contratar com o Poder Público ou com instituições financeiras oficiais, etc. 45) O órgão administrativo responsável pela repressão de infração contra a ordem econômica atua na prevenção? Demonstre tal atuação com exemplo prático e respectivo objetivo pretendido. R. Atua na esfera administrativa, validando os contratos entre os particulares que possam limitar ou reduzir a concorrência. Algumas operações societárias (fusão ou aquisição de empresa) não são eficazes enquanto não forem aprovadas pelo CADE. O objetivo é evitar a concretização de atos que poderiam limitar ou reduzir a concorrência (LIOE, art. 88). 46) Quanto à concorrência desleal, listar os níveis de repressão pelo Direito. R. A repressão quanto a concorrência desleal ocorre a nível Penal, os comportamentos elencados no art. 195 da LPI, ou no plano Civil, os atos com fundamento contratual ou extracontratual. 47) Caso existente crime de concorrência desleal, listar duas hipóteses legalmente previstas. R. São exemplos desses crimes: publicar falsa afirmação em detrimento de concorrente, com objetivo de obter vantagem; empregar meio fraudulento para desviar, em seu proveito ou de terceiro, a clientela de um certo comerciante, etc. 48) Na omissão do contrato, qual a restrição prevista no Código Civil de observância obrigatória pelo alienante do estabelecimento comercial? Caso descumprido, qual a sanção aplicável? R. O alienante de estabelecimento empresarial não pode restabelecer-se na mesma praça, concorrendo com o adquirente, no prazo de 5 anos seguintes ao negócio, sob pena de ser obrigado a cessar suas atividades e indenizar este último pelos danos provenientes de desvio eficaz de clientela sobrevindos durante o restabelecimento (art. 1.147, CC). 49) De que depende a distinção entre concorrência regular e a concorrência desleal? R. A distinção entre a concorrência regular e a concorrência desleal é bastante imprecisa e depende de uma apreciação especial e subjetiva das relações costumeiras entre os empresários, não havendo, pois critério geral e objetivo para a concretização a concorrência desleal não criminosa. 50) Listar as três hipóteses de proibição ao exercício de empresa que interessam diretamente ao Direito Comercial. R. - falido não reabilitado (art. 102 e 181, Lei nº 11.101/05); - condenados pela prática de crime cuja pena vede o acesso à atividade empresarial (art. 35, II, LRE); - Leiloeiro (Decreto nº 21.981/32, art. 36, § 1º).
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