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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANA Dayanne Gasparin EFEITOS BIOLOGICOS DA RADIACAo 10NIZANTE CURITIBA 2010 EFEITOS BIOLOGICOS DA RADIACAo IONIZANTE CURITIBA 2010 Dayanne Gasparin EFEITOS BIOLOGICOS DA RADlAC;Ao IONIZANTE Trabalilo de Conclusao de Curso apresentado ao Curso de Especializa9ao em Radiologia Odontol6gica e Imaginologia da Universidade Tuiuti do Parana, como requisito parcial de obten9ao de titulo de especialista. Orientado por: Ligia Aracema Borsato. CURITIBA 2010 TERMO DE APROVACAO Dayanne Gasparin EFEITOS BIOLOGICOS DA RADIACAO IONIZANTE Esta monogralia loi julgada e aprovada para obten98o de titulo de Especialista em Radiologia Odontol6gica e Imaginologia da Univiversidade Tuiuti do Parana. Curitiba 31 de maio de 2010. Especializa9ao em Radiologia Odontol6gica e Imaginologia Universidade Tuiuti do Parana Orientadora: Ligia Aracema Borsato Ana Claudia Galv80 de Aguiar Koubik Tatiana Maria Folador Mattioli AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por me permitir ter saude para tornar esse sonho realidade. Aos meus familia res pela compressiio da ausencia em determinadas datas importantes e pelo apoio nos momentos dificeis em que pensei em desistir frente as dificuldades. Aos mestres pela paciencia em nos passar seus conhecimentos. A minha orientadora Ligia pela qual adquiri grande respeito e admirac;:iio por sua infinita paciencia. A professora Ana Claudia pelas dicas, conselhos e compartilhamento de experiencias vivid as. Aos colegas pelas horas de companheirismo, pelas trocas de conhecimento e principalmente pela companhia nos almoc;:os, passeios de domingo e caronas ao hotel. RESUMO Os raios X sao altamente energeticos, tendo capacidade de atravessar as estruturas que comp6e 0 corpo humano. Sao denominadas radia<;:6es ionizantes, radia<;:ao devido a energia contida, e ionizante relacionada a caracteristica de remover eletrons de atomos, tomando esses atomos instaveis. Os raios X possuem efeito genotoxico, ou seja, influem negativamente no DNA, cindindo as cadeias. Embora a maior parte desse dana seja reparado, reparos imperfeitos podem ser transmitidos para celulas- filhas e resultar em ciincer. Apesar de as estimativas mostrarem que os riscos da radia<;:ao utilizada em diagnosticos sao baixos, fica clara a necessidade de pesquisas mais aprofundadas para nao subestimarmos os efeitos dessa radia<;:ao. A radia<;:ao utilizada em radioterapia destroi, sobretudo, as celulas que se dividem rapidamente, porem a radiac;:ao tambem pode lesar os tecidos normais vizinhos ao tumor. A complicac;:ao mais seria da radioterapia e a osteorradionecrose, porem hoje e bem menos vista grac;:as aos cuidados de preven<;:ao e melhora na tecnica utilizada. Palavras-chave: radiac;:ao ionizante; efeitos biologicos da radiac;:ao; efeitos estocasticos; efeitos deterministicos. SUMARIO 1. INTRODU<;AO 2. OBJETIVOS 3. REVISAO DE LlTERATURA 06 07 08 08 10 12 18 22 27 34 35 3.1 Conceitos e propriedades das radiac;6es 3.2 Tipos e aplicac;6es das radiac;6es 3.3 Efeitos biol6gicos 3.3.1 Efeitos biol6gicos da radioterapia 3.3.2 Efeitos biol6gicos da radiac;ao em baixas doses 4. DISCUSSAO 5. CONCLUSAO 6. REFERENCIAS 1 INTRODU<;Ao o ser humano vive em um ambiente repleto de fontes de radia<;:oes naturais e artificiais. Os raios X sao alta mente energeticos, tendo capacidade de atravessar as estruturas que com poe 0 corpo humano. Sao denominadas radia<;:oes ionizantes, radia<;:ao devido a energia contida, e ionizante relacionada a caracteristica de remover eletrons de atomos, tomando esses atomos instaveis. A exposi<;:ao altera a materia, resultando em modifica<;:oes das moleculas biol6gicas ap6s segundos ou horas. Consequentemente, as altera<;:oes moleculares podem provocar modifica<;:oes em celulas e organismos que persistam por horas, decadas, e possivelmente gera<;:oes. Os campos de aplica<;:oes da radia<;:ao sao varias tanto na area da odontologia como na medicina, principalmente, para tratamentos e diagn6sticos. (PANELLA 2006; PHAROAH 2007; ALVARES 1998) A radia<;:ao utilizada em radioterapia destr6i, sobretudo, as celulas que se dividem rapidamente. Em geral, isto significa que se trata de um cancer, mas a radia<;:ao tambem pode lesar os tecidos normais. A radioterapia promove altera<;:oes da mucosa oral, papilas gustativas, glandulas salivares, dentes e altera<;:oes no osso. A osteorradionecrose e a complica<;:ao mais grave que pode ocorrer no osso irradiado. (MAGALHAES 2002; PHAROAH 2007) Os riscos inerentes a pequenas doses, efeitos estocasticos da radiayao, podem ser: embrionarios e fetais, geneticos e carcinogenicos Os efeitos somaticos sao bastante conhecidos e os efeitos geneticos, pouco se sabe e este dizem respeito a popula<;:ao como um todo. Os canceres sao os efeitos somaticos tardios mais importantes, sao lesoes de efeitos estocasticos da radia<;:ao, no qual a probabilidade de um individuo desenvolver cancer depende da quantidade de exposiyao a radiayao, mas a gravidade da doenya nao esta relacionada com a dose. (AGUIAR 1994; PHAROAH 2007) 20BJETIVOS o Objetivo geral: - Analisar os efeitos biol6gicos da radia<;:ao ionizante atraves de uma revisao de literatura e descrever a radia<;:ao ionizante, suas principais caracteristicas e os efeitos deleterios desta radia<;:ao. o Objetivos especificos: - Estudar 0 referencial te6rico das radia<;:6es ionizantes; - Estudar os efeitos biol6gicos da radia<;:ao em altas e baixas doses; - Descrever qual 0 limiar de dose da radia<;:ao utilizada na odontologia. 3 REVISAo DE LlTERATURA 3.1 Conceitos e propriedades das radiaif6es. A radiaifaO ionizante sao ondas eletromagneticas de alta energia (raios X ou raios gama) que, ao interagirem com a materia, desencadeiam uma serie de ionizac;:6es, transferindo energia aos atomos e moleculas presentes no campo irradiado e promovendo, assim, alterac;:6es fisico-quimicas intracelulares. (BIRAL, 2002) As chamadas radiaif6es ionizantes sao constituidas por dois grupos principais: 1)corpusculares e 2)eletromagneticas. Como exemplo de radiac;:6es corpusculares temos as particulas (Alfa) e (Beta), protons, neutrons, particulas subatomicas, sendo dotadas de carga e massa. Os raios X e gama fazem parte das radiac;:6es eletromagneticas, diferindo na sua origem, sendo os raios X por meio de aparelho e gama por instabilidade nuclear. As radiac;:6es eletromagneticas mais conhecidas sao: luz, microondas, ondas de radio AM e FM, radar, laser, raios X e radiaifaO gama. A transformac;:ao de atomos em ions-pares tem repercussao de ordem quimica, acarretando efeitos biologicos, alem de ionizaifao, as radiaif6es pod em provocar tambem 0 fenomeno da excitac;:ao ou ativac;:ao, fazendo os eletrons elevarem-se as camadas mais externas em relac;:ao as que ocupam no chamado estado fundamental. (FREITAS, 2004) o ser humane vive em um ambiente repleto de fontes de radiaif6es naturais e artificiais. Como fonte de radiaif6es naturais temos a radiaifaO cosmica, que incorpora 0 organismo, junto ao DNA, 0 carbona 14; a radiac;:ao solar; elementos radiativos presentes no solo e na agua, como urEmio, torio e seus produtos de desintegrac;:ao, alem daqueles decorrentes de acidentes em edificac;:6es nucleares. As fontes artificiais sao representadas pelos raios X dos aparelhos medicos e odontologicos, radioisotopos artificiais, pesquisas cientificas e industriais, aparelhos de radio, televisao e microondas, relogios e placas luminosas, interruptores de luz e inumeras outras. Todo tipo de radiac;:ao possui certa dose de energia, que varia conforme sua frequencia. A energia contida nas ondas de radio, por exemplo, e pequena, ja os raios gama sao os8 mais energeticos. Os raios X sao altamente energeticos, tendo capacidade de atravessar as estruturas que compoe 0 corpo humano. Sao denominadas radiac;oes ionizantes, radiac;ao devido a energia contida, e ionizante relacionada a caracteristica de remover eletrons de Momos, tornando esses atomos instaveis.( PANELLA, 2006) o termo radiac;ao e entendida como ondas eletromagneticas ou particulas que se propagam com alta velocidade e portando energia, eventualmente carga eletrica e rnagnetica, e que, ao interagir podem produzir variados efeitos sobre a materia. Ela pode ser gerada por fontes naturais ou por dispositivos construidos pelo homem. Possuem energia variavel desde valores pequenos ate muito elevados. Produzem ions, radicais e eletrons livres na materia que sofreu a interac;ao. Ao interagir com a materia, os diferentes tipos de radiac;ao podem produzir variados efeitos que, podem ser simplesmente a sensac;ao de cor, a percepc;ao de uma mensagem codificada e manipulada em audio e video numa televisao, a sensac;ao de calor provocada por feixes de lasers, 0 aquecimento de alimentos num forno de microondas, uma imagem obtida numa pelicula radiogratica ou entao, a produc;ao de ions e eletrons livres devido a ionizac;ao. A ionizac;ao se deve ao fato das radiac;oes possuirem energia alta, 0 suficiente para quebrar as ligac;oes quimicas ou expulsar eletrons dos atomos apes colisoes. Sob 0 ponto de vista dos sentidos humanos, as radiac;oes ionizantes sao: invisiveis, inodoras, inaudiveis, insipidas e indolores. Alem da capacidade de ionizac;ao, as radiac;oes ionizantes sao bastante penetrantes, quando comparadas com os demais tipos. e) 3.2 Tipos e aplicac;oes das radiac;oes Os campos de aplicac;oes da radiac;ao sao: 1- Radiologia, usada para diagnestico em medicina e odontologia, e tambem tratamento de neoplasias, 2- Terapeutica industrial, para exame de estruturas metalicas, 3- Arte, para verificac;ao de autenticidade de pec;as, 4- Espectroscopia, para identificac;ao dos elementos quanta ao numero atomico, 5 - Fotoquimica, ionizac;ao de substancias quimicas, 6- Radiobiologia, para produzir modificac;oes 9 experimentais em celulas e tecidos, 7 - Cristalografia e 8 - Esteriliza<;:ao. (ALVARES, 1998) As radia<;:6es do tipo X e gama, sao as mais penetrantes e, dependendo de sua energia, podem atravessar varios centimetros do tecido humane ate metros de blindagem de concreto. A Radia<;:ao gama (y) e uma radia<;:ao bastante penetrante e, conforme sua energia, e capaz de atravessar grandes espessuras. Por isso, e bastante utilizada em aplica<;:6es medicas de radioterapia e aplica<;:6es industriais. As radia<;:6es beta (13) tem poder de penetra<;:ao pequeno e depende de sua energia. Para 0 tecido humano, consegue atravessar espessura de alguns milimetros. Esta propriedade, permite aplica<;:6es medicas em superficies da pele ou na acelera<;:ao da cicatriza<;:ao de cirurgias plasticas ou do globo ocular. Sao pouco penetrantes, em rela<;:ao as anteriores. Dependendo de sua energia, podem atravessar milimetros e ate centimetr~s de tecido humano. Ja as particulas alfa (0) possuem um poder de penetra<;:ao muito pequeno., mesmo radia<;:6es com 5 MeV, nao conseguem atravessar a espessura de uma folha de papel, entretanto, 0 seu poder de ioniza<;:ao e muito grande, para exposi<;:6es externas, sao inofensivas pois, nao conseguem atravessar as primeiras camadas epiteliais, porem, quando os radionuclideos sao ingeridos ou inalados, por mecanismos de contamina<;:ao natural ou acidental, as radia<;:6es alfa, quando em grande quantidade podem causar danos significativos na mucosa que protege 0 sistema respirat6rio e gastrointestinal e nas celulas dos tecidos adjacentes. A radia<;:ao infravermelha e uma radia<;:ao eletromagnetica invisivel, emitida por corpos aquecidos. Pode ser detectada por meio de celulas fotoeletricas, possui muitas aplica<;:6es, desde 0 aquecimento de interiores ate tratamentos de doen<;:as de pele e musculos. (') Quanto as aplica<;:6es, a radiac;:ao pode ser usada na Saude, como terapia: Radioterapia, 0 principio basico da radioterapia e eliminar as celulas cancerigenas e evitar sua proliferac;;ao, e estas serem substituidas por celulas sadias, os pacientes irradiados nao ficam radioativos e, assim, podem ser manipulados e carregados normalmente; Braquiterapia, Trata-se de uma radioterapia localizada para tipos especificos de tumores e em locais especificos do corpo humano, para isso sao utilizadas fontes radioativas 10 emissores de radialfao gama de baixa e media energia; Aplicadores, sao fontes radioativas beta emissoras distribuidas sobre uma superficie , cuja geometria depende do objetivo do aplicador, 0 principio de operalfao e a aceleralfao do processo de cicatrizalfao de tecidos submetidos a cirurgias, evitando sangramento e queloides (cirurgia plastica), de modo semelhante a uma cauterizalfao superficial; Radiois6topos, alguns tratamentos utilizam medicamentos contendo radioisotopos, inoculados no paciente por meio de ingestao ou injelfao, com a garantia de sua deposilfao preferencial em determinado orgao ou tecido do corpo humano. C) Ainda na area da saude, e usada para diagnostico: Radiografia, imagem obtida apos um feixe de raios X ou raios gama atravessar a regiao de estudo e interagir com uma emulsao fotografica ou tela fluorescente, 0 cuidado que se deve ter e que, devido ao carater acumulativo da radialfao ionizante para fins de produlfao de efeitos biologicos, nao se deve tirar radiografia sem necessidade e, principalmente, com equipamentos fora dos pad roes de operalfao; Tomografia, 0 principio da tomografia consiste em ligar 0 tubo de raios X a uma filme radiogrilfico por um bralfo rigido que gira ao redor de um determinado ponto, situ ado num plano paralelo a pelicula, assim, durante a rotalfao do bralfo, produz-se a translalfao simultanea e homotetica do foco (alvo) e do filme, os pontos do plano de corte dao uma imagem nitida, enquanto que nos demais pianos, a imagem sai "borrada", desta forma, obtem- se imagens de pianos de cortes sucessivos, como se observassemos fatias seccionadas, na tomografia convencional nao consegue diferenciar adequadamente tecidos moles, ja na tomografia computadorizada esta deficiencia e superada com a melhoria da colimalfao, introdulfao de centenas de detectores no lugar do filme radiografico e varios recursos de melhoria, contrastes e reconstrulfao da imagem; Mamografia, como 0 tecido da mama e dificil de ser examinado com 0 usc de radialfao penetrante, devido as pequenas diferenlfas de densidade e textura de seus componentes como, tecido adiposo e fibroglandular, a mamografia possibilita somente suspeitar e nao diagnosticar um tumor maligno, a imagem e obtida com 0 usc de um feixe de raios X de baixa energia, produzidos em tubos especiais, apos a mama ser comprimida entre duas placas; Mapeamento com radiofarmacos, ou traqador 11 radioativo tem 0 mesmo objetivo, porem OS elementos "marcados" sao moleculas de substancias que se incorporam ou sao metabolizadas pelo organismo do homem, de uma planta ou animal, nestes exames, a irradiar;;ao da pessoa e inevitavel, mas deve-se cuidar para que seja a menor possivel, 0 paciente fica emitindo radiar;;ao enquanto a atividade administrada nele for significativa e os enfermeiros e pessoas que se aproximam tambem ficam sujeitos a irradiar;;ao. Os raios X tambem tem aplicar;;ao na industria como na radiografia industrial, medidores nucleares, irradiadores industriais de grande porte, aceleradores de eletrons, agricultura e pesquisa biol6gica, geocronologia e datar;;ao, gerar;;ao de energia entre outros. (') 3.3 Efeitos biol6gicos As alterar;;6es sofridas pelas celulaspodem ser morfol6gicas e funcionais. A intensidade das rear;;6es provocadas nos tecidos vai depender da dose, da area irradiada, da sensibilidade do tecido e do estagio de desenvolvimento das celulas. Quanto menor 0 grau de diferenciar;;ao celular dos tecidos maior a sua sensibilidade as radiar;;6es ionizantes. Existe uma escala dos tecidos mais sensiveis para os menos sensiveis que e a seguinte: sangue, epitelio, endotelio, conjuntivo, nervos e musculos. Adicionando-se ainda 0 fato que as celulas sao mais sensiveis durante seus period os de mitose, de aumento de metabolismo e durante estagios embrionarios. (ALVARES, 1998) Primeiramente para se entender os efeitos relacionados a exposir;;ao a radiar;;ao ionizante deve-se definir as grandezas fisicas utilizadas para quantifica-Ia. Com 0 objetivo de se medir a energia depositada p~r um feixe de f6tons de alta energia (raios X ou raios gama) em um tecido biol6gico e os seus efeitos sobre este tecido, foi criada a grandeza "dose absorvida". A dose absorvida de radiar;;ao e a energia depositada por quilograma de tecido e e expressa m "rad" ("radiation absorbed dose", ou dose de radiar;;ao absorvida). (')Radia.,ao nao ionizante .. Fisicos_radiacoes_nao_ionizantes.php. Disponivel em: http://VNlw.saudeetrabalho.com.brlt- ~. Acesso em: abril de 2009 12 Pelo sistema internacional de medidas utiliza-se a unidade "gray" (Gy), que equivale a 100 rad. Ela e adotada para qual quer tipo de radia!(ao ionizante e nao especificamente para 0 uso de raios-X (RX). Os efeitos biologicos nao dependem apenas da dose de radia!(ao absorvida (Gy), mas tambem das caracteristicas da radia!(ao ionizante e da sua capacidade de produzir ions e dissipar energia em sua trajetoria no meio ou tecido. Por esta razao foi proposta, para 0 usa clinico de exames radiologicos, a grandeza "dose equivalente", usando-se a unidade "rem" ("roentgen equivalent man", ou equivalente em roentgen no homem), que leva em considera!(ao a qualidade da radia!(ao e como a energia se transfere ao tecido. Para as radia!(oes eletromagneticas X ou gama, 1 rem equivale a 1 rad. No sistema internacional de medidas, a unidade de dose equivalente foi denominada "sievert" (Sv) e 1 Sv equivale a 100 rem, assim como 1 Gy equivale a 100 rad. Podemos dizer que a dose absorvida de 1 Gy proporcionara uma dose equivalente de 1 SV. Resumindo, a dose absorvida pode ser medida, atualmente, em Gy e corresponde a dose equivalente, que e medida em SV. Na dosimetria das radia!(oes utilizam- se freqilentemente os submultiplos mili (m) e micro (IJ) para indicar valores que correspondem a 0,001 Gy (1 mGy) e 0,000001 Gy (1 IJGy). (BIRAL 2002). As radia!(oes ionizantes tem a capacidade de alterar as caracteristicas fisico-quimicas das moleculas de um determinado tecido biologico. As celulas com alta taxa de prolifera!(ao sao mais sensiveis a radia!(ao ionizante e sao encontradas em tecidos de alta atividade mitotica ou tecidos denominados de resposta rapida. A radiossensibilidade e inversamente proporcional ao grau de diferencia!(ao celular (quanto menos diferenciada e a celula, mais radiossensivel ela e) e diretamente proporcional ao numero de divisoes celulares necessarias para que a celula alcance a sua forma "madura". Portanto, as celulas humanas mais radiossensiveis sao as celulas da epiderme, os eritroblastos, as celulas da medula ossea e as celulas imaturas dos espermatozoides. Ao contrario, celulas nervosas ou musculares, que nao se dividem e sao bem diferenciadas, sao muito radiorresistentes. Os efeitos biologicos decorrentes das radia!(oes ionizantes podem ser divididos em 13 deterministicos e estocasticos. Os efeitos deterministicos sao aqueles consequentes a exposi9ao a altas doses de radia9ao e dependem diretamente desta exposi9ao, como a morte celular (de celulas malignas submetidas a radioterapia), as queimaduras de pele, a esterilidade ou a ocorrencia de cataratas. Os efeitos estocasticos ou aleat6rios sao aqueles nao aparentes e que se manifestam ap6s meses ou anos da exposi9ao a radia9ao, nao pennitindo estabelecer claramente uma rela9ao de "causa e efeito". Estao relacionados a baixas doses de radia9ao, como aquelas decorrentes de exposi90es frequentes as quais os profissionais que trabalham com radia9ao estao sujeitos. A probabilidade da ocorrencia do efeito estocastico e proporcional a dose e os efeitos mais relevantes sao a muta9ao e a carcinogenese. (BIRAL, 2002) o estudo dos fenomenos decorrentes do contato das radia90es com os sistemas biol6gicos pode ser analisado apartir de fragmentos de moleculas, celulas e suas organelas, tecidos, 6rgaos e organismos. Um fator e primordial: a necessidade de absor<;ao de energia para manifesta9ao de radiolesao. Assim teriamos a sequencia: exposi<;ao, absor9ao e efeito, este sendo so matico ou genetico. Os efeitos somaticos sao condicionados pelos fatores: dose, ritmo de aplica9ao, tamanho da area irradiada, tipo de radia9ao, idade e tipo de celula irradiada. A dose de toler<3ncia atualmente esta em 5 R por ano, ou 0,1 R por semana. A dose nao deve ser atingida, e niveis pr6ximos ou aquem nao tornam os individuos inc61umes aos efeitos danosos, mas diminuem as probabilidades de riscos. Uma dose de 600 R e fatal com aplica9ao no corpo todo de uma s6 vez, mas quando localizada em uma area restrita podera provocar uma queimadura. Os efeitos geneticos sao as altera90es sobre as estruturas chamadas cromossomos, que existem nas celulas. Sob a a9ao da radia9ao, um cromossomo se parte e 0 fragmento nao se une, gerando uma muta9ao genetica. Os efeitos acumulados na infiincia, nas celulas germinativas menos diferenciadas, espermatogonias e ovogonias, poderao ser transmitidos posteriormente no cruzamento dos gametas. (FREITAS, 2004) o mecanisme de a<;ao das radia90es ionizantes sobre as celulas podera ocorrer de duas formas: direta quando a a9ao da radia9ao e diretamente sobre a celula, quebrando liga90es quimicas de moleculas biol6gicas, principal mente 14 das macromoleculas, e indireta pelo mecanismo da radi6lise, quando uma molecula de agua e atingida por um f6ton de raios X podendo perder um eletron de um dos atomos e se transformar em um ion instavel, 0 eletron livre podera se ligar a outra molecula de agua, originando outro ion instavel. Dentre os fatores que regulam os efeitos das radialfoes ionizantes estao: Dose, ritmo de aplicalfao, tamanho da area irradiada, tipos de radialfao, idade e tipo do 6rgao, tecido ou celula irradiada. Considerando todos esses fatores e mecanismos relacionados, os efeitos biol6gicos propriamente ditos pod em ser de ordem somatica ou genetica sendo que os efeitos somaticos afetam apenas o individuo atingidos em sua estrutura ou funlfoes imediatamente, podendo ter efeitos precoces, que surgem em ate 90 dias, ou retardados, que podem levar ate 25 anos para serem notados, ja os efeitos geneticos podem ocorrem em descendentes do individuo irradiado, devido a radialfao das celulas germinativas, levando a mutalfoes em geralfoes futuras. (PANELLA 2006) Os efeitos biol6gicos ainda pod em pertencer a duas categorias: deterministicos ou estocasticos. Os efeitos deterministicos dizem a respeito da relalfao causa e efeito imediato entre a exposilfao ao tecido e 0 sintoma. Ocorrem para doses acima de certo nivel, e seu grau de dana aumenta com a dose absorvida. Geralmente as manifestalfoes ocorrem dentro de um periodo de latencia curto, horas ou semanas e caracterizam a chamada sind rome aguda de radialfao, havendo chance de morte em 50 % dos casos em 60 dias se nao for tratado. As doses de radialfao capazes de desencadear efeitos deterministicos nao se enquadram dentro da faixa utilizada em diagnostico, mas nas aplicadas em radioterapia.Dentre efeitos deterministicos causados por irradialfao localizada teriamos a morte celular ou mesmo do organismo, podendo ser entao usada para controle de neoplasias malignas em radioterapia. Podemos relacionar tambem como efeitos localizados a esterilidade temporaria ou permanente; catarata; eritema; osteorradionecrose. Ja os efeitos estocasticos nao sao aparentes e dependem de long os periodos de latencia, meses ou anos. Estao relacionados a exposilfao a baixas doses, cuja probabilidade de ocorrencia aumenta com 0 aumento da dose absorvida, nao ha relalfao entre dose e gravidade e nao ha limiar de dose. A probabilidade 15 do aparecimento dos efeitos dependera do valor total da dose a cumulada, sem que esse valor determine a gravidade do efeito.( PANELLA, 2006) Radiobiologia e 0 estudo dos efeitos da radiaCfao ionizante nos seres vivos. A exposiCfao altera a materia, resultando em modificaCfoes das moleculas biol6gicas ap6s segundos ou horas. Consequentemente, as alteraCfoes moleculares podem provocar modificaCfoes em celulas e organismos que persistam por horas, decadas, e possivelmente geraCfoes. Os efeitos biol6gicos da radiaCfao ionizantes podem ser divididos em duas categorias: deterministicos e estocasticos. Os efeitos deterministicos sao aqueles no qual a gravidade da resposta e proporcional a dose. Esses efeitos, geralmente morte celular, ocorrem em todas as pessoas caso a dose seja suficientemente alta. Os efeitos deterministicos tem um limiar de dose baixo do qual nao se observa resposta, sao exemplos, alteraCfoes orais em decorrencia da radioterapia. Por sua vez, os efeitos estocasticos sao aqueles nos quais a probabilidade do desenvolvimento de alteraCfao, em vez de sua gravidade, e dose-dependente. Efeitos estocasticos sao tudo ou nada: a pessoa apresenta ou nao essa condiCfao. Por exemplo, cancer induzido por radiaCfao e um efeito estocastico, uma vez que a exposiCfao do individuo ou da populaCfao aumenta a probabilidade de cancer, mas nao sua gravidade. Acredita-se que nao haja limiares de dose para efeitos estocasticos. (PHAROAH, 2007) Quanto a quimica da radiaCfao 0 autor diz que a radiaCfao age nos seres vivos por meio de efeitos diretos e indiretos. Diretos quando a energia de um f6ton ioniza macromoleculas biol6gicas, e indireto quando 0 f6ton e absorvido pela agua do organismo, ionizando a molecula de agua. Quando comenta sobre a radiossensibilidade, 0 autor divide 0 assunto em cinco categorias, de acordo com as caracteristicas histol6gicas de morte celular precoce. 1 - celulas intermit6ticas vegetativas, sao as mais sensiveis, sao celulas-tronco que mantem suas caracteristicas primitivas e cuja funCfao e repor a si mesmas. Como por exemplo: celulas espermatogenicas e celulas basais da mucosa oral. 2 - Celulas intermit6ticas diferenciadas se dividem regularmente e sofrem alguma diferenciaCfao entre as divis6es, como os espermat6citos e ov6citos. 3 - celulas pluri potenciais do tecido conjuntivo se dividem irregularmente, com capacidade limitada de diferenciaCfao, como as celulas endoteliais vasculares, 16 fibroblastos. 4 - Celulas p6s-mit6ticas reversas, radiorresistentes, se dividem raramente, especializadas em sua fun9ao, como as celulas acinares e ductais das glandulas salivares e do pancreas. E 5 - Celulas p6s- mit6ticas, sao as mais radioresistentes. Sao as celulas mais diferenciadas, uma vez maduras, sao incapazes de se dividir, como os neuronios, celulas musculares estriadas. Dentre os fatores modificantes das respostas celulares frente a radia9ao estao: dose, frequencia da aplica9ao, oxigenio e transferencia linear de energia (TLE). Para esclarecer estes dois ultimos itens, 0 autor fala que a radiorresistencia dos tecidos biol6gicos aumenta duas a tres vezes quando a irradia9ao e realizada com baixas taxas de oxigenio (hipoxia). Isso tem importancia clinica, uma vez que a oxigenoterapia hiperbarica pode ser utilizada durante a radioterapia de tumores contendo celulas em hipoxia. 0 aumento da TLE reduz a dose necessaria para produzir determinado efeito biol6gico. Dessa forma, radia90es com maior TLE sao mais eficientes em lesar sistemas biol6gicos porque essa radia9ao, por ter maior densidade ionizante em rela9ao aos raios X, apresenta maior probabilidade de induzir quebra de ambas as bandas de DNA. Radia90es de baixo TLE, como os raios X, depositam sua energia uniformemente pelo objeto e, portanto, tem maior probabilidade de causar quebra de uma unica banda de DNA e menor efeito biol6gico. (PHAROAH, 2007) Quando todo corpo e exposto a doses baixas ou moderadas de radia9ao desenvolvem-se altera90es especfficas chamadas de sfndrome aguda da radia9ao. Os sintomas clfnicos isoladamente nao sao exclusivos da exposi9ao a radia9ao, mas quando considerados em conjunto constituem uma entidade distinta. 0 autor descreve perfodos referentes a irradia9ao ao corpo inteiro a doses relativamente altas, sao eles: 1 - Perfodo prodromico, ap6s os primeiros minutos a horas da exposi9ao do corpo inteiro com dose por volta de 1,5 Gy, pod em ocorrer sintomas caracterfsticos de disturbios gastrointestinais. 0 indivfduo pode apresentar anorexia, nausea, vomito, diarreia, fraqueza e fadiga. A gravidade e 0 momenta do surgimento dos sintomas podem ter valor significativo no progn6stico por estarem relacionados a dose: quanto maior a dose, mais rapido aparecem os sintomas e maior a sua gravidade. 2 - Perfodo de latencia, ap6s ° periodo prodromico, tem-se um periodo de bem estar, durante 0 qual nao se observam sinais ou sintomas. A dura9ao do perfodo de 17 latencia tambem esta relaciona a dose. 3 - Sfndrome hematopoetica, exposi<;:oes de corpo inteiro entre 5 a 7 Gy provocam lesoes na celulas-tronco hematopoeticas da medula ossea e do ba<;:o. Como consequencia, doses nessa faixa causam queda rapida e profunda do numero de granulocitos, plaquetas e eritrocitos circundantes. As consequencias clinicas da redu<;:ao desses elementos celulares tornam-se evidentes a medida que caem os nfveis circulantes. Portanto, surge primeiro a infec<;:ao seguida de anemia podendo ocorrer hemorragias e morte. 4 - Sfndrome gastrointestinal, irradia<;:ao do corpo inteiro com faixa entre 7 a 15 Gy. Essa exposi<;:ao, no entanto, causa consideravel Iesao as celulas basais altamente proliferativas do epitelio das vilosidades intestinais e levam a perda da camada de epitelio da mucosa intestinal. Bacterias endogenas prontamente invadem a regiao onde houve perda da superffcie, levando a septicemia. Os efeitos combinados levam a morte em torno de 2 semanas. 5 - Sfndrome dos sistemas nervoso central e cardiovascular, exposi<;:ao que excedem 50 Gy levando a morte em 1 a 2 dias. Leva a necrose do musculo cardfaco. As viti mas tambem podem apresentar estupor intermitente, falta de coordena<;:ao, desorienta<;:ao e convulsoes sugestivas de extensa injuria ao sistema nervoso. (PHAROAH, 2007) 3.3.1 Efeitos biologicos radioterapia A morte clonogenica ou falencia reprodutiva da celula esta associada a resposta lenta ao reparo apos irradia<;:ao dos tecidos, enquanto a suscetibilidade a morte celular por apoptose e associada aos tecidos de resposta rapida. (SEGRETO, 2000) A radia<;:ao utilizada em radioterapia destroi, sobretudo, as celulas que se dividem rapidamente. Em geral, isto significa que se trata de um cancer, mas a radia<;:ao tambem pode lesar os tecidos norma is, especialmente aqueles em que as celulas se reproduzem normal mente de forma rapida, como a pele, os folfculos capilares, a parede interna dos intestinos, os ovarios, os testfculos e a medula ossea. Definir com a maxima precisao 0 foco de irradia<;:ao e 0 que mais protege as celulas normais. As celulas que tem uma oxigena<;:ao adequada sao maissusceptiveis aos efeitos da radia<;:ao. As celulas pr6ximas 18 do centro de um tumor muito grande, por vezes, chega pouco sangue e, portanto, pouca quantidade de oxigenio. A medida que 0 tumor se torna menor, as celulas sobreviventes parecem obter maior fornecimento de sangue, 0 que as torna mais vulneraveis a dose seguinte de radia~ao. Assim, distribuindo a radia~ao em doses repetidas durante um periodo prolongado, aumenta 0 efeito letal sobre as celulas do tumor e diminui 0 efeito t6xico sobre as celulas normais. 0 plano de tratamento aponta para a maxima repara~ao das celulas e tecidos norma is, ja que as celulas tem a capacidade de recuperar por si mesmas depois de terem sido expostas a radia~ao. (MAGALHAES, 2002) A radiomucosite e define sendo uma sensibilidade da mucosa bucal a radioterapia depende do estagio do cicio de suas celulas. As celulas epiteliais da mucosa bucal se dividem rapidamente, tendo assim, baixa resistencia a radia~ao. A mucosite geralmente se desenvolve a partir da segunda semana do inicio da terapia. A mucosite durante a radioterapia merece aten~ao muito antes do seu surgimento, ja que com 0 agravamento do quadro 0 paciente nao consegue alimentar-se 0 que pode levar a suspensao da radioterapia e, consequentemente, em um avan~o do tumor. 0 usa do laser terapeutico de baixa intensidade, entre outras formas terapeuticas, esta indicado nesses casos, com a~ao analgesica, antiinflamat6ria e de repara~ao tecidual. Quando o autor cita a carie de radia~ao afirma que, com a radioterapia ha uma mudan~a na flora bucal que se torna acida, promovendo 0 aumento de S. mutans, lactobacillus e candida. A saliva sofre diminui~ao de seu volume e altera~ao de suas qualidades. Tais altera~6es propiciam 0 desenvolvimento de um tipo de carie que ocorre principal mente no ter~o cervical, iniciando-se pela face vestibular e posteriormente pela lingual progredindo ao redor do dente, como uma Iesao anelar, que pode levar a amputa~ao da coroa. A carie de radia~ao se desenvolve de maneira lenta e sem sintomatologia dolorosa e pode surgir ate ap6s 1 ana da terapia. A radioterapia tambem tem efeito direto sobre as estruturas dentarias facilitando 0 progresso da carie. 0 tratamento mais eficaz nesses casos e a preven~ao. Assim 0 paciente deve ser orientado quanto a higiene bucal, restri~ao de a~IJcares na dieta, usa de saliva artificial ou goma de mascar para estimular a secreyao salivar e aplica~ao t6pica de fluor. A hipossaliva~ao aparece durante 0 tratamento do cancer de cabeya e 19 pescoc;;o, atraves da radioterapia, as glEmdulas salivares estao usualmente dentro da zona de irradiac;;ao, provocando alterac;;6es morfofisiol6gicas das mesmas com consequente diminuic;;ao do fluxo salivar. Quando as glandulas saliva res maiores sao afetadas pela radiac;;ao, 0 fluxo salivar pode diminuir em ate 90%. (SANTOS, 2004) Nenhum tratamento sistemico anticancer disponivel no momenta esta apto a destruir as celulas tumorais sem causar morle de pelos menos algumas celulas normais, e os tecidos com rapida renovac;;ao sao especialmente susceptiveis. A boca e um sitio comum para complicac;;6es relacionadas ao tratamento de cancer. A mucosite aguda e dermatite sao os efeitos secundarios mais frequentes. Dependendo dos campos de radiac;;ao, da dose e da idade do paciente tambem sao possiveis encontrarmos como consequencia a xerostomia, hipogeusia ou perda do paladar, trismos, espasmos musculares tonicos e osteorradionecrose. Esta ultima patologia e uma das complicac;;6es mais serias da radiac;;ao de cabec;;a e pescoc;;o, porem e vista com menor frequencia hoje em dia, devido a melhores modalidades de tratamento e prevenc;;ao. Ainda que 0 risco seja baixo, ela aumenta consideravelmente se um procedimento cirurgico local e realizado em ate 21 dias do inicio do tratamento radioterapico ou entre 4 e 12 meses ap6s 0 tratamento. A radiac;;ao 6ssea resulta em danos permanentes aos oste6citos e ao sistema microvascular. 0 osso alterado torna-se hip6xico, hipovascular e hipocelular. 0 autor tambem cita como complicac;;6es as anormalidades de desenvolvimento e defende a ideia de que 0 tratamento antineoplasico durante a infancia pode afetar 0 crescimento e 0 desenvolvimento. A radiac;;ao pode afetar ossos da face e resultar em micrognatia, retrognatia e ma oclusao. (NEVILLE, 2004) Os avanc;;os das tecnicas de radioterapia nos ultimos anos que permitiu a reduc;;ao dos seus efeitos indesejaveis sobre os tecidos normais. A utilizac;;ao da radiac;;ao de alta energia (megavoltagem), de colimadores mais avanc;;ados, como multi-folhas e 0 planejamento radioterapico computadorizado tridimensional tem permitido cada vez mais a concentrac;;ao de radiac;;ao sobre 0 tumor, enquanto as estruturas pr6ximas normais recebem menor dose. (GAZDA, 2004) 20 Oependendo dos campos de radia<;:ao, do tipo, da dose e da idade do paciente sao possiveis as seguintes consequE!ncias: 1 - Esterilidade, podendo ser tempor<3ria ou permanente; 2 - Catarata: 0 cristalino e um dos tecidos mais radiossensiveis e se encontra desprotegido de barreiras contra fontes extemas, a opacifica<;:ao do cristalino tem rela<;:ao direta com idade e dose recebida, e 0 limiar de dose e de 500 mGy em exposi<;:ao aguda. 3 - Eritema: a dose unica de 2 Gy pode provocar eritema em poucas horas; 4 - Alopecias: geralmente provocadas por doses agudas podendo ser temporaria ou permanente. 5 - Osteorradionecrose, e a complica<;:ao mais seria, porem hoje menos frequente. Resulta em osso nao cicatrizado, morto. (PANELLA, 2006) o tratamento especifico de escolha para uma lesao depende de muitas variaveis relacionadas ao tumor, como radiossensibilidade, caracteristicas histol6gicas, tamanho, localiza<;:ao, invasao a estruturas adjacentes e dura<;:ao dos sintomas. A radioterapia para tumores malignos na cavidade oral normalmente indicada quando a lesao e radiossensivel, avan<;:ada, ou profundamente invasiva e nao pode ser removida cirurgicamente. Em geral, 0 tratamento de excelencia e a combina<;:ao de cirurgia e radioterapia. Adicionalmente, a quimioterapia vem sendo utilizada em conjunto com a cirurgia e a radioterapia. 0 fracionamento da dose total de raios X em multiplas doses menores provoca maior destrui<;:ao do tumor do que quando se utiliza uma unica dose maior. 0 fracionamento tambem permite um maior reparo celular dos tecidos normais, os quais se acredita que tenham uma maior capacidade de recuperac;ao do que as celulas tumorais. 0 autor descreve seis regioes de alterac;oes da radiac;ao aos tecidos orais: alterac;oes da mucosa oral, papilas gustativas, glandulas salivares, dentes, caries de radiac;ao e alterac;oes no osso. A osteorradionecrose e a complica<;:ao mais grave que pode ocorrer no osso irradiado. A radia<;:ao tambem age destruindo osteoblastos e, em menor grau, osteoclastos. Ap6s a irradiac;ao, a medula 6ssea normal pode ser substituida por tecido 6sseo medular adiposo e tecido conjuntivo fibroso. 0 tecido medular toma-se hipovascular, hip6xico e hipocelular. Quanto maior a dose de radiac;ao absorvida pelo osso, maior 0 risco de osteorradionecrose. (PHAROAH,2007) 21 A osteorradionecrose da mandibula tem sido extensivamente estudada desde 1930, contudo, estes estudos sao menos relevantes para os casos atuais devido a substituilfao da radialfao de quilovoltagem pelo tratamento com megavoltagem. 0 primeiro tipo de radialfao esta associado a altas doses de absorlfao 6ssea e, consequentemente, a um alto de risco de desenvolver esta alteralfao. Ja os f6tons de megavoltagem sao uniformemente absorvidos por tecido mole e 6sseo, reduzindo este risco. A exposilfao a radialfao, independente do tipo de administralfao ou caracteristica, induz alteralfoes notecido conhecidos pelos tres "H": hipoxia, hipocelularidade e hipovascularidade. o tecido 6sseo exposto a altos niveis de radialfao sofre alteralfoes fisiol6gicas irreversiveis. A osteorradionecrose e um processo que pode ser desencadeado por um trauma, representando aproximadamente 90% dos casos, ou ocorrer espontaneamente, especialmente nos pacientes irradiados com doses totais acima de 65Gy. (DANIEL,2009) 3.3.2 Efeitos biol6gicos da radialfao em baixas doses Os riscos inerentes a pequenas doses podem ser: 1- embrionarios e fetais, 2- geneticos e 3- carcinogenicos. Os efeitos adversos se fazem presentes diretamente ao nivel celular, tendo como alvos principais as proteinas nucleares, os cromossomas e 0 DNA, podendo alterar a informalfao genetica das celulas. Caso as gonadas sejam expostas a doses suficientes para provocar efeitos adversos mas nao a morte das celulas germinativas, os danos serao transferidos a futuras geralfoes. Eo evidente que estes riscos sao relacionados a idade do paciente irradiado, assim homens e mulheres que ultrapassaram a idade de gerar filhos nao constituem riscos geneticos. 0 autor tambem cita as dificuldades interpostas ao estudo dos efeitos e riscos da radialfao usada em baixas doses: 1 - muitos milhoes de exames radiograficos sao executados anualmente e inexiste uma unica injuria referida por paciente, clara e inequivocamente relacionada a radialfao usada em diagn6stico; 2 - para constatalfao estatisticamente valida de efeitos nocivos de radialfoes de baixa intensidade ha necessidade de se observar uma populalfao constituida 22 por um universo de bilhoes de pessoas por varias gera'toes expostas a radia'tao diagn6stica; 3 - apesar de uma consideravel parcela da popula'tao procurar assistencia odontol6gica, nem toda ela e exposta a radia'tao diagn6stica; 4 - existem milhares de pessoas que nunca foram expostas a procedimentos de diagn6stico algum que utilizasse radia'tao; e 5 - nao existe popula'tao totalmente isenta de exposi'tao a radia'tao e que possa, assim, servir de pan'imetro de controle. (AGUIAR, 1994) Na odontologia, as gonadas do paciente recebem exposi'tao atraves de radia'tao secundaria emitida pelos tecidos irradiados de sua face. Para um paciente adulto, do sexo masculino, a dose que atinge as gonadas num exame periapical de boca toda, estimado em 5 R a face, e de 0,0005 R. Sabe-se por outro lado que a exposi'tao que cada pessoa recebe normalmente de radia'tao natural e de 0,0004 R. Nota-se portanto que se recebe nas gonad as em um exame periapical, e irris6ria. A respeito dos efeitos biol6gicos das radia'toes, e muito mais preocupante os efeitos geneticos do que os somaticos. Os efeitos somaticos sao bastante conhecidos e passiveis de serem controlados, alem de envolverem individuos separadamente, ou grupos de individuos, enquanto com rela'tao aos efeitos geneticos, pouco se sa be e estes dizem respeito a popula'tao como um todo. (ALVARES, 1998) Utilizando um tempo de exposi'tao de 0,5 segundos, que e a media empregada pelos profissionais, com filmes ultra-rapidos por calculos simplistas, notamos a necessidade de 500 exposi'toes radiograticas num curto espa'to de tempo, para remota possibilidade da produ'tao de um eritema. 0 autor afima que existem trabalhos que associam a incidencia de leucemias entre crian'tas que sofreram irradia'tao in utero com finalidades de radiodiagnostico. Doses fracionadas sao mais danosas que doses simples, nas manifesta'toes de leucemias. A leucemia tambem e relacionada como sendo frequente nos profissionais que operam com radia'toes. Existe um conceito de diminui'tao de sobrevivencia, ou longevidade dos radiologistas, vivendo estes cinco anos menos. (FREITAS, 2004) PANELLA (2006), afirma que os exemplos mais comuns relacionados aos efeitos estocasticos, ou efeitos de baixos niveis de radia'tao sao: 1- A 23 radiodermite, que se inicia como um eritema e pode evoluir se persistir a exposi<{ao levando a amputa<{ao de membros; 2 - Probabilidade de indu<{ao de cancer, 0 que e muito dificil de determinar se foi ou nao causado pela radia<{ao ja que se trata de uma doen<{a comum, porem, 0 trato digestiv~, os pulmoes, a medula ossea, a tireoide e as mamas sao considerados orgaos criticos quando se considel·a a indu<{ao de tumores como possiveis efeitos da radia<{ao. 3 - Efeitos geneticos, altera<{ao do conteudo do DNA, pod endo ser transmitidos para gera<{oes futuras. As altera<{oes pod em se manifestar varias gera<{oes depois. A radia<{ao nao e 0 unico agente que pode causar muta<{oes geneticas, nao podendo ser relacionada a exposi<{ao a radia<{ao dos pais que leve a um defeito genetico na crian<{a. 4 - Efeitos teratogenicos sao os efeitos produzidos no feto ou embriao durante a gestac;:ao. 0 feto e particularmente sensivel a radia<{ao, principalmente da 2" a g" semana. Para as gestantes a dose maxima permissivel e de 2 mSv. Os canceres sao os efeitos somaticos tardios mais importantes, sao lesoes de efeitos estocasticos da radia<{ao, no qual a probabilidade de um individuo desenvolver cancer depende da quantidade de exposi<{ao a radia<{ao, mas a gravidade da doen<{a nao esta relacionada com a dose. A radiac;:ao causa cancer ao modificar 0 DNA da celula. Embol"a a maior parte desse dane seja repara, reparos imperfeitos podem ser transmitidos para celulas-filhas e resultar em cancer. Eo dificil estimar 0 numero de canceres induzidos pela radia<{ao. A maior parte dos estudados receberam doses acima das doses de diagnostico. Portanto, a probabilidade de um cancer resultar de uma pequena dose pode ser estimada somente a partir da interpola<{ao de taxas observadas apos exposi<{ao a doses maiores. Alem disso, canceres radioinduzidos nao sao distinguiveis de canceres produzidos por outras causas. As estimativas indicam que uma unica e breve exposi<{ao de 100 mgy (em torno de 30 vezes a media da exposi<{ao anual) em 100 mil pessoas resultaria em um acrescimo de 500 mortes por cancer ao longo da vidas dos individuos expostos. Isso seria um acrescimo aos 20 mil que iriam ocorrer espontaneamente. Tal calculo de baseia em uma rela<{ao dose-resposta linear e na inexistencia de um limiar abaixo do qual nao existe risco. Essas premissas podem estar erradas. Superestimando 0 risco real. Dentre os canceres com maior incidencia, 0 autor 24 enfoca 0 cancer de tiroide, 0 cancer esofagico, cancer no cerebro e no sistema nervoso e cancer nas glandulas saliva res. Apenas aqueles individuos que receberam uma dose cumulativa estimada de 500 mGy ou mais nas parotidas apresentam uma correla9ao entre radiograficas odontologicas e tumores de glandulas salivares. A incidencia de leucemia aumenta apos a exposi9ao da medula ossea a radia<;:ao. Outros efeitos somaticos tardios como altera<;:6es no crescimento e desenvolvimento, retardo mental e catarata tambem sao citados pelo autor. (PHAROAH, 2007) Recentes publica<;:6es de cancer causado por raios-X diagnosticos, especialmente aqueles oriundos dos procedimentos de tomografia computadorizada, tornou-se um dos artigos mais lidos por radiologistas dos Estados Unidos. 0 autor adota a extrapola<;:ao que tem side efetuada dos efeitos biologicos de elevados e medios niveis de radia<;:ao ionizante para baixos niveis. Esta rela<;:ao e de natureza linear e nao admite dose de seguran<;:a: qualquer nivel de radia<;:ao pod era causar efeito danoso, isto e, cancer. (2) Ha, todavia, um volume significativ~ de publica<;:6es mostrando que a celula reage a a9ao de baixos niveis da radia<;:ao ionizante, acionando uma serie de mecanismos de prote<;:ao oportunamente analisados por Feinendegen e Pollycove (2004,2007). BRITTON (2004) resume essa serie de mecanisme com a seguinte rea<;:ao biologica: 1)neutraliza<;:ao dos radicais oxidantes; 2) ativa<;:ao do reparo nas altera<;:6es estruturais que possam ter ocorrido no DNA; 3) indu<;:ao da apoptose caso haja sinais de inviabilidade celular; 4) ativa<;:ao das respostas imunes, reconhecendo a celula danificada como estranha, por altera<;:6es da membrana. o uso do raio-X na odontologia, mesmo em baixa intensidade, pode provocar danos ao DNA das celulas que revestem internamente a boca. Em pesquisas realizadas no Instituto de Ciencias Biomedicas (ICB) da USP, 0 grupo da professora Glaucia Maria Machado-Santelli colheu amostras da mucosa oral de pessoas que passaram por radiografias panoramicas a arcada e periapicais, por determina<;:ao de dentistas, e observou que parte das celulas teve seu nucleo atingido por alguma especie de altera<;:ao - relacionadas a 25 morte celular e, de algum modo, ao cancer. De acordo com 0 estudo essas alterac;:6es nao provocam, de imediato, grandes impactos na saude das pessoas. No entanto, ela alerta para 0 fato de que as pequenas mutac;:6es geneticas ocorridas na mucosa oral por conta do raio-X, principal mente os micronucleos, podem estar ligadas ao aumento do risco de cancer. 0 raio-X possui efeito genot6xico, ou seja, influi negativamente no DNA, cindindo as cadeias. 0 habito de fumar e beber em excesso possui propriedade semelhante e contribui para 0 aumento de mutac;:6es malignas. Segundo a professora do ICB, celulas cancerigenas normalmente originam-se de pequenas alterac;:6es geneticas que VaG se somando conforme as celulas atingidas se dividem e se diferenciam. "Por nao estar isento de riscos, 0 usa do raio-X na odontologia deve ser recomendado criteriosamente, somente quando necessario". (') Em 2005 a comissao Nacional de Energia Nuclear, por recomendac;:6es internacionais, dirninuiu a dose anual efetiva de 50 mSv para 20 mSv nos individuos expostos ocupacionalmente e de 5 mSv para 1 mSv para a populac;:ao geral. (4) CALEGARO (2007) defende em seu artigo que, se nossas estruturas administrativas transformarem em lei recomendac;:6es internacionais sobre radiac;:ao em baixos niveis, ou nossa estrutura politica utilizar posturas de conveniencia, ou ate mesmo a estrutura cientifica vigente adotar e divulgar conceitos te6ricos sem fundamento cientifico, estaremos alimentando a paranoia histri6nica que se estabeleceu erroneamente com 0 efeito biologico de baixos niveis de radiac;:ao ionizante. E fundamental que se estabelec;:a discussao baseada em evidencias cientificas para evitar distorc;:6es como as que se observam quando esse tema e abordado. (2)Semelka Re. Imaging x-rays cause cancer: a call 10 action for care{Jivers and patients. Disponivel em: vI\vw.medscape.com/viev@rlicle/523000 1. Acesso em: abril de 2009. (.1) Disponivel em: http://vIVNJ.odontolooia.cQITl.br/nolicias.asp?id=741&idesp=20&ler=s. Acesso em: (lg05tO de 2009. (4) Comiss~o Nacional de Energia Nuclear. Diretrizes basicas de prote<;:ao radiol6gica. Resoluv8o nO 27. jan. 2005. Oiario Oficial da Uniao. 6/1/2005. Disponfvel em: hlto:l!www.scielo.brlpdflrbiv40n4/03.odf .. Acesso em agosto de 2009 26 4 DISCUSSAO PANELLA (2006), FREITAS (2004), BIRAL (2002) E MIRANDA (2009), concordam que a radia<;:ao X, sao ondas eletromagneticas altamente energeticas e interagem com a materia, acarretando ioniza<;:ao, que esta relacionada com a caracteristica de remover eletrons de atomos, tornando-os instaveis, e produzindo assim altera<;:6es celulares ao organismo irradiado. FREITAS (2004) tambem afirma que alem da ioniza<;:ao, a radia<;:ao X pode provocar os efeitos de excita<;:ao ou ativa<;:ao, fazendo os eletrons elevarem-se as camadas mais externas em rela<;:aoas que ocupam no estado fundamental. MIRANDA (2009) diz que as radia<;:6es do tipo X e gama, sao as mais penetrantes e, dependendo de sua energia, podem atravessar varios centimetros do tecido humano ate metros de blindagem de concreto. As radia<;:6es beta (~) tem poder de penetra<;:ao pequena, podem atravessar milimetros e ate centimetros de tecido humano, isto possibilita ser usada em aplica<;:6es medicas em superficies da pele ou na acelera<;:ao da cicatriza<;:ao de cirurgias plasticas ou do globo ocular. Ja as particulas alfa (a) possuem um poder de penetra<;:ao muito pequeno, nao conseguem atravessar a espessura de uma folha de papel, entretanto, 0 seu poder de ioniza<;:ao e muito grande. A radia<;:ao infravermelha e uma radia<;:ao eletromagnetica invisivel, possui muitas aplica<;:6es, desde 0 aquecimento de interiores ate tratamentos e doen<;:as de pele e musculos. Quanto as aplica<;:6es, a radia<;:ao pode ser usada na saude, para fins de terapia ou diagnostico. Para terapia a area de maior interesse para nos e a radioterapia, que consiste em eliminar celulas cancerigenas e evitar sua prolifera<;:ao. Na area de diagnostico os de maior interesse para nos, sao a radiografia e a tomografia. A radiografia e uma imagem obtida apos um feixe de raios X ou raios gama atravessar a regiao de estudo e interagir com uma emulsao fotogratica ou tela fluorescente. Ja na tomografia, 0 principio consiste em ligar 0 tubo de raios X a um filme radiogratico por um bra<;:o rigido que gira ao redor de um determinado ponto, situado num plano paralelo a pelicula, assim, durante a rota<;:ao do bra<;:o, produz-se a transla<;:ao simultanea e homotetica do foco (alvo) e do filme, os pontos do plano de corte dao uma 27 imagem nitida, enquanto que nos demais pianos, a imagem sai "borrada", desta forma, obtem-se imagens de pianos de cortes sucessivos, como se observassemos fatias seccionadas. BIRAL (2002) com 0 objetivo de se medir a energia depositada por um feixe de f6ton de alta energia (raios X ou raios gama) em um tecido biol6gico e os seus efeitos sobre este tecido, foi criada a grandeza "dose absorvida". A dose absorvida de radia9ao e a energia depositada por quilograma de tecido e e expressa em "rad". Pelo sistema internacional de rnedidas utiliza-se a unidade "gray" (Gy), que equivale a 100 rad. Os efeitos biol6gicos nao dependem apenas da dose de radia9ao absorvida (Gy), mas tambem das caracteristicas da radia9ao ionizante e da sua capacidade de produzir ions e dissipar energia em sua trajet6ria no meio ou tecido. Por esta razao foi proposta, para 0 usa clinico de exames radiol6gicos, a grandeza "dose equivalente", usando-se a unidade "rem", que leva em considera9ao a qualidade da radia9ao e como a energia se transfere ao tecido. Para as radia90es eletromagneticas X ou gama, 1 rem equivale a 1 rad. No sistema internacional de medidas, a unidade de dose equivalente foi denominada "sievert" (Sv) e 1 Sv equivale a 100 rem, assim como 1 Gy equivale a 100 rad. Podernos dizer que a dose absorvida de 1 Gy proporcionara uma dose equivalente de 1 Sv. Resumindo, a dose absorvida pode sel" medida, atualmente, em Gy e corresponde a dose equivalente, que e medida em Sv. Na dosimetria das radia90es utiliza-se frequentemente os submultiplos mili (m) e micro (11) para indicar valores que correspondem a 0,001 Gy (1 mGy) e 0,000001 Gy (1 IlGy). FREITAS (2004) E PHAROAH (2007) concordam que 0 mecanisme de a9ao das radia90es ionizantes sobre as celulas podera ocorrer de duas formas: direta quando a a9ao da radia9ao e diretamente sobre a celula, quebrando Iiga90es quimicas de moleculas biol6gicas, principal mente das macromoleculas, e indireta pelo mecanisme da radi6lise, quando uma molecula de agua e atingida por um f6ton de raios X podendo perder um eletron de um dos atomos e se transformar em um ion instavel, 0 eletron livre podera se ligar a outra molecula de agua, originando outro ion instavel. FREITAS (2004), ALVARES (1998), PANELLA (2006) e PHAROAH (2007) concordam que a 28 intensidade dasrea<;6es provocadas pela radia<;ao nos tecidos vai depender da dose, da area irradiada e da frequencia de aplica<;ao. FREITAS (2004) E PANELLA (2006), adicionam tamanho da area irradiada, tipo de radia<;ao, idade e tipo de celula ou tecido irradiado. PHAROAH (2007) e 0 unico autor que comenta sobre 0 oxigenio e a transferencia linear de energia como fatores modificantes das respostas celulares. BIRAL (2002), FREITAS (2004), ALVARES (1998) E PHAROAH(2007), concordam que a radiossensibilidade celular esta diretamente relacionada com o seu grau de diferencia<;ao e prolifera<;ao. As celulas com alta taxas de prolifera<;ao e baixo grau de diferencia<;ao sao mais sensiveis. De uma maneira resumida, as celulas mais sensiveis sao as celulas da epiderme, os eritroblastos, as celulas da medula 6ssea e as celulas imaturas dos espermatoz6ides. As mais radioresistentes sao as celulas nervosas e musculares. PANELLA (2006), FREITAS (2004), PHAROAH (2007) concordam que os efeitos biol6gicos propriamente ditos podem ser de ordem somatica ou genetica sendo que os efeitos somaticos afetam apenas 0 individuo atingido em sua estrutura ou fun<;6es imediatamente, ja os efeitos geneticos podem ocorrem em descendentes do individuo irradiado, devido a radia<;ao das celulas germinativas, levando a muta<;6es em gera<;6es futuras. BIRAL (2002), PHAROAH (2007) E PANELLA (2006), dividem os efeitos biol6gicos em deterministicos e estocasticos. Os efeitos deterministicos sao aqueles no qual a gravidade da resposta e proporcional a dose. Esses efeitos, geralmente morte celular, ocorrem em todas as pessoas caso a dose seja suficientemente alta. Sao exemplos, altera<;6es orais em decorrencia da radioterapia. Por sua vez, os efeitos estocasticos sao aqueles nos quais a probabilidade do desenvolvimento de altera<;ao, em vez de sua gravidade, e dose-dependente. Estao relacionados a baixas doses de radia<;ao, como aquelas decorrentes de exposi<;6es frequentes as quais os profissionais que trabalham com radia<;ao estao sujeitos. A probabilidade da ocorrencia do efeito estocastico e proporcional a dose e os efeitos mais relevantes sao a muta<;ao e a carcinogenese. Uma vez que ha exposi<;ao do individuo ou da popula<;ao, 29 aumenta a probabilidade de cancer, mas nao sua gravidade. Acredita-se que nao haja limiares de dose para efeitos estocasticos. MAGALHAES (2002) e NEVILLE (2004) concordam que, nenhum tratamento sistemico pra tratamento de neoplasias disponivel no momenta esta apto a destruir as celulas tumorais sem causar morte de pelos menos algumas celulas normais, e os tecidos com rapida renovac;;ao sao especialmente susceptiveis. Em geral, isto significa que trata de um cancer, mas a radiac;;ao tambem pode lesar os tecidos normais, especialmente aqueles em que as celulas se reproduzem normalmente de forma rapida. De acordo com PHAROAH (2007) a radioterapia para tumores malignos na cavidade oral normal mente indicada quando a lesao e radiossensivel, avanc;;ada, ou profundamente invasiva e nao pode ser removida cirurgicamente. A cavidade oral e um sitio comum para complicac;;oes relacionadas ao tratamento de cancer. NEVILLE (2004) E PHAROAH (2007) concordam que as alterac;;oes na mucosa oral como a mucosite aguda e dermatite sao os efeitos secundarios mais frequentes. Dependendo dos campos de radiac;;ao, da dose e da idade do paciente tambem sao possiveis encontrarmos como consequencia altera<;:oes nas glandulas salivares resultando em xerostomia, hipogeusia, alterac;;oes dentarias, trismo, espasmos musculares t6nicos e alterac;;oes no osso, a principal delas a osteorradionecrose. A radiac;;ao 6ssea resulta em danos permanentes aos oste6citos e ao sistema microvascular, PHAROAH (2007), NEVILLE (2004) E DANIEL (2009) concordam que a exposic;;ao do tecido 6sseo a radiac;;ao induz alterac;;oes conhecidas pelos tres "H": hipoxia, hipoceluridade e hipovascularidade. A osteorradionecrose e um processo que pode ser desencadeado apartir de um trauma, representando aproximadamente 90% dos casos, ou ocorrer espontaneamente, especial mente nos pacientes irradiados com doses totais acima de 65Gy. Quanto maior a dose de radiac;;ao absorvida pelo osso, maior 0 risco de osteorradionecrose. DANIEL (2009), diz em seu artigo que a osteorradionecrose da mandibula tem sido extensivamente estudada desde 1930, contudo, estes estudos sao menos relevantes para os casos atuais devido a substituic;;ao da radiac;;ao de quilovoltagem pelo tratamento com megavoltagem. 0 primeiro tipo de radiac;;ao esta associ ado a altas doses de absorc;;ao 6ssea e, consequentemente, a um alto de risco de desenvolver esta alterac;;ao. Ja os 30 f6tons de megavoltagem sao uniformemente absorvidos por tecido mole e 6sseo, reduzindo este risco. GAZDA (2004) pesquisou a utilizar;:ao da radiar;:ao de alta energia (megavoltagem), de colimadores mais avanr;:ados, como multi- folhas e 0 planejamento radioterapico computadorizado tridimensional, isto tem permitido cada vez mais a concentrar;:ao de radiar;:ao sobre 0 tumor, enquanto as estruturas pr6ximas normais recebem menor dose. MAGALHAES (2002) e PHAROAH (2007) concordam que, definir com a maxima precisao 0 foco de irradiar;:ao e 0 que mais protege as celulas normais. Assim, distribuindo a radiar;:ao em doses repetidas durante um periodo prolongado, aumenta 0 efeito letal sobre as celulas do tumor e diminui 0 efeito t6xico sobre as celulas norma is. 0 fracionamento da dose total de raios X em multiplas doses menores provoca maior destruir;:ao do tumor do que quando se utiliza uma unica dose maior. 0 fracionamento tambem permite um maior reparo celular dos tecidos normais, os quais se acredita que tenham uma maior capacidade de recuperar;:ao do que as celulas tumorais. SEGRETO (2000) diz que a morte clonogenica ou falencia reprodutiva da celula esta associada a resposta lenta ao reparo ap6s irradiar;:ao dos tecidos, enquanto a suscetibilidade a morte celular por apoptose e associada aos tecidos de resposta rapida. Os efeitos biol6gicos estocasticos sao os efeitos nao aparentes, dependem de longos periodos de latencia, meses ou anos. AGUIAR (1994) e PANELLA (2006) concordam que os efeitos a baixas doses podem ser: embrionarios e fetais, geneticos e carcinogenicos. PANELLA (2006) tambem comenta sobre a radiodermite, que se inicia como um eritema e pode evoluir se persistir a exposir;:ao levando a amputar;:ao de membros. ALVARES afirma que sao muito mais preocupantes os efeitos geneticos do que os somaticos. Os efeitos somaticos sao bastante conhecidos e passiveis de serem controlados, alem de envolverem individuos separadamente, ou grupos de individuos, enquanto com relar;:ao aos efeitos geneticos, pouco se sa be e estes dizem respeito a popular;:ao como um todo. Os canceres sao os efeitos somaticos tardios mais importantes, sao les6es de efeitos estocasticos da radiar;:ao, no qual a probabilidade de um individuo desenvolver cancer depende da quantidade de exposir;:ao a radiac;:ao, mas a gravidade da doenc;:a nao esta relacionada com a dose. PHAROAH 31 (2007) enfoca 0 cancer de tiro ide, 0 cancer esofagico, cancer no cerebro e no sistema neNOSO e cancer nas glandulas salivares. A incidencia de leucemia aumenta apos a exposic;:ao da medula ossea it radiac;:ao. PANELLA (2006) adiciona como orgao criticos os pulmoes e a mama. De acordo com FREITAS (2004) a leucemia tambem e relacionada como sendo frequente nos profissionais que operam com radiac;:oes. Existe um conceito de diminuic;:ao de sobrevivencia, ou longevidade dos radiologistas, vivendo estes cinco anos menos. Existem controversias sempre que 0 assunto dos efeitos biologicos a baixas doses e enfocado. PHAROAH (2007), SEMELKA (2009), FREITAS (2004),PANELLA (2006) concordam que nao existe limiar de dose, e nao ha relac;:ao entre dose e gravidade. Alem do mais, canceres radioinduzidos sao indistinguiveis de canceres causados por outras causas. Em pesquisas realizadas no Instituto de Ciencias Biomedicas (ICB) da USP, 0 grupo da professora Glaucia Maria Machado-Santelli colheu amostras da mucosa oral de pessoas que passaram por radiografias panoramicas e periapicais por determinac;:ao de dentistas, e observou que parte das celulas teve seu nucleo atingido por alguma especie de alterac;:ao - relacionadas it morte celular e, de algum modo, ao cancer. De acordo com 0 estudo essas alterac;:oes nao provocam, de imediato, grandes impactos na saude das pessoas. No entanto, alerta para 0 fato de que as pequenas mutac;:oes geneticas ocorridas na mucosa oral por conta do raio-X, principalmente os micronucleos, podem estar ligadas ao aumento do risco de cancer. 0 raio-X possui efeito genotoxico, ou seja, influi negativamente no DNA, cindindo as cadeias. 0 habito de fumar e beber em excesso possui propriedade semelhante e contribui para 0 aumento de mutac;:oes malignas. Segundo a professora do ICB, celulas cancerigenas normalmente originam-se de pequenas alterac;:oes geneticas que vao se somando conforme as celulas atingidas se dividem e se diferenciam. "Por nao estar isento de riscos, 0 uso do raio-X na odontologia deve ser recomendado criteriosamente, somente quando necessario". (0) 32 CALEGARO (2007) alerta a necessidade em nao divulgar conceitos teoricos sem fundamento cientifico, evitando alimentar a paranoia histrionica que se estabeleceu erroneamente com 0 efeito biologico de baixos niveis de radia<;ao ionizante. Eo fundamental que se estabele<;a discussao baseada em evidencias cientificas para evitar diston;;oes como as que se observam quando esse tema e abordado. Com tantas divergencias dos autores, fica clara a necessidade de pesquisas sobre 0 assunto, AGUIAR (1998) cita em seu artigo as dificuldades interpostas ao estudo dos efeitos e riscos da radia<;ao usada em baixas doses: 1 - muitos milhoes de exames radiograficos sao executados anualmente e inexiste uma unica injuria referida por paciente, clara e inequivocamente relacionada a radia<;ao usada em diagnostico; 2 - para constata<;ao estatisticamente valida de efeitos nocivos de radia<;oes de baixa intensidade ha necessidade de se observar uma popula<;ao constituida por um universo de bilhoes de pessoas por varias gera<;oes expostas a radia<;ao diagnostica; 3 - apesar de uma consideravel parcela da popula<;ao procurar assistencia odontologica, nem toda ela e exposta a radia<;ao diagnostica; 4 - existem milhares de pessoas que nunca foram expostas a procedimentos de diagnostico algum que utilizasse radia<;ao; e 5 - nao existe popula<;ao totalmente isenta de exposi<;ao a radia<;ao e que possa, assim, servir de parametro de controle. 33 5 CONCLUsAo Apos todas as considerac;:6es, parece ser adequado concluir que e falso o conceito de que pequenas doses de radiac;:6es de baixa intensidade energetica, como e 0 caso especifico das utilizadas em odontologia, sejam totalmente inofensivas. Ao contrario, a verdade reside na afirmativa de que toda e qualquer radiac;:ao, em qualquer nivel ou grau, causam alterac;:6es na materia, induzindo efeitos e danos. Podemos dizer que se todos os parametros para maximo beneficio com minimo de riscos forem seguidos, podemos afirmar que os raios x diagnosticos sao seguros, constituindo na mais vantajosa troca, quando 0 conceito risco\beneficio e enfocado. Fica clara a necessidade de pesquisas aprofundadas sobre 0 assunto, ainda que a longo prazo, para nao corrermos 0 risco de subestimar os efeitos deleterios da radiac;:ao ionizante em baixas doses. A radiac;:ao utilizada em radioterapia e muito mais profundamente estudada em vista da radiac;:ao em baixas doses, podendo ter melhores controle dos efeitos atraves das doses, e assim houve uma diminuic;:ao dos efeitos da radioterapia sobre os tecidos vizinhos ao tumor. 34 6 REFERENCIAS (') Radiayao nao ionizante. Fisicos_radiacoes_nao_ionizantes.php. 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