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1 Economia para Engenharia Florestal Aspectos Introdutórios “Apostila” Organizado pela Professora Vanessa Maria Basso Aplicado ao Curso de Engenharia Florestal Disciplina de Economia Florestal – IF 231 Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro 2019/1 2 Sumário 1. Notas Introdutórias .......................................................................................................... 3 2. Sistema Econômico ......................................................................................................... 6 2.1 O problema econômico .......................................................................................... 6 2.2 As necessidades, os bens econômicos e os serviços .................................. 6 2.3 Curva de Possibilidades de Produção ............................................................... 7 2.4 Fatores de Produção ............................................................................................. 10 2.5 Agentes Econômicos ............................................................................................ 12 3. Mercado ............................................................................................................................ 15 3.1 Estruturas de Mercado .......................................................................................... 15 3.2 Demanda/Procura ................................................................................................... 20 3.3 Oferta ......................................................................................................................... 30 3.4 Equilíbrio de Mercado ........................................................................................... 37 4. Função de produção...................................................................................................... 41 4.1 Eficiência técnica e econômica .......................................................................... 43 4.2 Função de Produção Clássica ............................................................................ 44 4.3 Produção Total, Média e Marginal ..................................................................... 45 4.4 As três fases da produção ................................................................................... 52 5. Função Custo .................................................................................................................. 55 5.1 Custo Médio e Marginal. ....................................................................................... 56 5.2 Maximização do Lucro .......................................................................................... 61 6. Matemática Financeira .................................................................................................. 64 6.1 Juros .......................................................................................................................... 65 6.2 Sistemas de capitalização .................................................................................... 67 6.3 Séries de pagamentos .......................................................................................... 79 7. Principais Custos de uma empresa florestal .......................................................... 91 7.1 Atividades florestais ....................................................................................................... 94 7.2 Detalhamento custos importantes na atividade florestal ......................................... 97 8. Avaliação de Projetos Florestais ............................................................................. 101 8.2 Métodos de Avaliação Econômica................................................................... 103 3 1. Notas Introdutórias Como disciplina, a Economia tem pouco mais de dois séculos de idade, tendo como marco a publicação pioneira de Adam Smith, A riqueza das Nações, 1776 (FONTES, et. al 2010). Daí em diante, a economia passou a ser uma ciência importante, com a criação de várias correntes de pensamentos. Adam Smith – Liberalismo econômico (Escola Clássica) Mão invisível: metáfora criada por Adam Smith, que significa que mesmo quando o individuo busca apenas o seu próprio interesse, os resultados acabam gerando benefícios para sociedade. Smith foi o grande defensor do mecanismo autorregulador do mercado, enfatizando os benefícios da laissez faire e da não intervenção do governo na economia para a sociedade como um todo. Um sistema econômico dessa natureza gera, segundo ele, maiores mercados e consequentemente, maior riqueza para as nações. A competição seria o principal mecanismo do sistema de mercado, impondo naturalmente disciplina aos agentes econômicos. “laissez faire: politica econômica liberal que estimula a competição e condena o controle e a regulação excessiva do governo na economia” (FONTES, et. al 2010). Segundo essa escola de pensamento econômico a geração de riqueza está diretamente relacionada com a produtividade da mão-de-obra, e esta produtividade será constantemente crescente, decorrentes da especialização das tarefas produtivas e da divisão do trabalho. Entre as teorias da escola Clássica, destaca-se também a Teoria da Renda da Terra de David Ricardo, onde o valor dos aumentos e da renda das terras com maior produtividade aumentam simultaneamente de acordo com o aumento da sociedade, que exige que seja produzida uma maior quantidade de alimentos. Neste caso existe a necessidade de utilização de terras com menor produtividade e como resultado tem-se o aumento dos custos de produção que serão repassados aos alimentos (custos representados pelo transporte, insumos, etc), causando um aumento na renda das terras com mais produtividade. 4 Karl Marx – Comunismo (Escola Marxista) Em contraste com modelo anterior proposto por Smith, sistema liberal capitalista, Marx propôs o bloqueio da liberdade empresarial, o coletivismo e o dirigismo estatal. Em lugar dos mecanismos livres antes propostos, seriam implantados sistema centralizados de controle, capaz de coordenar as metas de produção da economia, a alocação dos recursos e a repartição do produto. Em suas obras Marx analisava criticamente as leis do movimento da sociedade capitalista. Pregava que uma sociedade justa sem a imensa diferença entre proletários e capitalistas ocorreria através de uma sociedade que não existisse classes sociais diferenciadas, sem um organismo centralizador e normatizador. Para que se chegasse a este estágio seria necessário uma revolução promovida pelas classes pobres da sociedade. Não definiu especificamente como seria a organização desta sociedade. Para alguns autores a economia Marxista era uma fase preparatória ao Comunismo (AIUB, 2009). Para Marx o mercado era visto como uma poderosa força negativa de acumulação de capital e riqueza. Os lucros excessivos eram obtidos porque os empresários remuneravam a mão de obra menos do que deveriam, daí originando a teoria da mais valia. “Mais valia: refere-se a diferença entre o valor produzido pelo trabalho e o valor pago ao trabalhador, sendo considerada a base da exploração do sistema capitalista.” (FONTES, et. al 2010). O Marxismo é uma escola de pensamento econômico muito semelhante com o socialismo e o comunismo, entretanto diferencia-se destas por não criar uma estrutura econômica definida. John Keynes – Intervenção Governamental / Economia Mista (Escola Keysiana) Antes de 1930, prenominou na economia aEscola Clássica, cujo o principal expoente foi Adam Smith, que defendia o ajuste automático da economia sem qualquer intervenção do governo. O fenômeno da Grande Depressão em 1929/30 contribuiu decisivamente para modificar essa situação. Com a Grande Depressão, a produção caiu, o desemprego cresceu, bancos fecharam, e as economias não conseguiram 5 retornar a normalidade ao “Pleno Emprego”, como propunha a teoria clássica liberal. Foi nessa época que o livro de Keynes ganhou notoriedade, Teoria Geral do emprego, do juro e da moeda (FONTES, et. al 2010).. Esta obra de grande impacto foi lançada em 1936 onde consegue mostrar que as teorias adotadas já não funcionavam e aponta soluções que poderiam tirar o mundo da recessão (AIUB, 2009). Keynes mostrava que contrariamente aos resultados apontados pela teoria clássica e neoclássica, as economias capitalistas não tinham a capacidade de promover automaticamente o pleno emprego. Assim, abria-se a oportunidade para a ação governamental, através de seus clássicos instrumentos (política monetária ou fiscal) para direcionar a economia rumo à utilização total dos recursos. Enquanto para os economistas neoclássicos a ação governamental deveria restringir-se à produção dos chamados bens públicos (como, por exemplo, segurança, educação etc.), a partir de Keynes, o governo tinha não apenas a oportunidade, mas também a necessidade de orientar sua política econômica no sentido de promover a plena utilização dos recursos disponíveis na economia (AIUB, 2009). O Governo teve um papel fundamental no pensamento keynesiano, por ele acreditar que o problema do desemprego poderia ser resolvido através da intervenção estatal. Medidas de incentivo ao investimento privado, aumento dos investimentos públicos e da redução das taxas de juros estimulariam a atividade produtiva, diminuindo, consequentemente, o desemprego. Em síntese, a ideologia capitalista é resgatada no cenário keynesiano intervencionista, mas de forma substancialmente diferente da visão smithiana liberal (neoclássico). Para melhor entendimento assistir: Masters of Money – Documentário BBC 2015 Doutores da Economia: Keynes - Episódio 1 Doutores da Economia: Hayek - Episódio 2 Doutores da Economia: Marx - Episódio 3 . 6 2. Sistema Econômico 2.1 O problema econômico O problema econômico por excelência é a escassez. Surgiu porque as necessidades humanas são virtualmente ilimitadas, e os recursos econômicos, limitados, incluindo também os bens. Esse não é problema tecnológico, e sim de disparidade entre os desejos humanos e os meios disponíveis para satisfazê-los. A escassez é um conceito relativo, pois existe desejo de adquirir uma quantidade de bens e serviços maior que a disponibilidade (AIUB, 2009). Assim, a partir das necessidades dos individuais e necessidades da sociedade o setor produtivo precisa fazer escolhas: O QUE produzir? - Isto significa quais os produtos deverão ser produzidos (carros, móveis, milho, café, vestuários etc.) e em que quantidades deverão ser colocados à disposição dos consumidores. COMO produzir? - Isto é, por quem serão os bens e serviços produzidos, com que recursos e de que maneira ou processo técnico. PARA QUEM produzir? - Ou seja, para quem se destinará a produção. QUAIS, QUANTO, COMO e PARA QUEM produzir não seriam problemas se os recursos utilizáveis fossem ilimitados. Mas na realidade existem ilimitadas necessidades e limitados recursos disponíveis e técnicas de fabricação. Com isso podemos definir economia como: “Economia é a ciência que estuda a alocação de fatores de produção escassos entre diferentes alternativas de produção de bens e serviços, ao longo do tempo, para uma distribuição destes, no presente e no futuro, entre a sociedade.” (SAMUELSON, 1970). 2.2 As necessidades, os bens econômicos e os serviços O conceito de necessidade humana, isto é, a sensação de carência de algo unida ao desejo de satisfazê-la é algo relativo, pois os desejos dos indivíduos não são fixos. Assim, pois, o fato real que enfrenta economia é que em todas essas sociedades, tanto nas ricas como nas pobres, os desejos dos indivíduos não podem ser completamente satisfeitos (AIUB, 2009). 7 Nesse sentido, bens escassos são aqueles que nunca se tem em quantidade suficiente para satisfazer os desejos dos indivíduos. Os bens econômicos caracterizam-se pela utilidade, pela escassez e por serem transferíveis. Os bens livres – como, por exemplo, o ar - são aqueles cuja quantidade é suficiente para satisfazer a todo o mundo. Nenhum sistema econômico até hoje conseguiu satisfazer todas as necessidades da coletividade. A escassez é a mais severa das leis milenares. Para explorar a natureza e extrair dela os bens, toda a sociedade defronta com as limitações de seus recursos produtivos humanos e patrimoniais. O suprimento desses recursos sempre foi limitado, pois “à medida que os recursos produtivos se expandem e se aperfeiçoam, os desejos e as necessidades crescem mais que proporcionalmente” (DALLAGNOL, 2008). Considerando, nas modernas economias, a incorporação da ciência e da tecnologia na produção, poderia dizer que o problema da escassez estaria superado, pois provavelmente, o suprimento de bens destinados a atender as necessidades biofisiológicas dos habitantes das economias mais afluentes estaria solucionado. Mas não é assim, pois as necessidades primárias, de natureza biofisiológica, renovam-se dia-a-dia e exigem contínuo suprimento de bens destinados a atendê-los; e, a constante criação de novos desejos e necessidades, motivados pela perspectiva que se abre a todos os povos de sempre aumentarem o seu padrão de vida e o seu bem-estar material, faz o problema da produção ser perpetuado pela contínua necessidade, e o problema da escassez torna se mais grave que nas economias primitivas. 2.3 Curva de Possibilidades de Produção A curva de possibilidades de produção é um recurso que os economistas utilizam para ilustrar o problema da escassez. Por ser um conhecimento abstrato, vamos fazer uma aproximação do que seria esta curva numa situação mais próxima da realidade: suponhamos que uma empresa tenha 10 máquinas e 40 trabalhadores e que tenha apenas dois produtos na sua linha de fabricação: móvel tipo A e móvel tipo B. Adicionalmente, suponhamos que a empresa, por um determinado prazo de tempo, não possa mais comprar máquinas e nem contratar mais trabalhadores adicionais e que não haja nenhuma inovação tecnológica no processo de fabricação do produto. 8 Assim, os pressupostos são: a) Os recursos produtivos são fixos ou constantes; b) O conhecimento tecnológico é constante; c) Somente dois produtos são passíveis de fabricação. O Diretor da empresa encomenda ao engenheiro responsável pelo Departamento de Produção faça um levantamento de quais são as possibilidades de produção da empresa utilizando-se plenamente e da forma mais eficiente possível todos os fatores de produção da empresa (ou seja, os 40 trabalhadores e as 10 máquinas da empresa). O engenheiro, obedecendo tais ordens, faz o seguinte levantamento de produção: Produto A Produto B 20 0 16 1 12 2 8 3 4 4 0 5 O gráfico a seguir poderia ser montado para ilustrar as possibilidades de produção contidas no mapa levantado pelo engenheiro, colocando-se no eixo das abscissas a produção de A e no das ordenadas, a de B. 9 Algumas constatações podem ser tiradas da análise do gráfico da empresa: a) A produção do móvel B é mais difícilde ser feita do que a do móvel A; b) Os pontos da curva de possibilidade de produção expressam a quantidade máxima possível da produção de um dos bens, dada a produção do outro. Por exemplo, se a empresa desejar produzir 11 unidades do bem A, ela poderá fabricar no máximo, utilizando todos os fatores de produção da forma mais eficiente possível, 3 unidades do bem B; c) Um ponto dentro da curva significa uma produção abaixo ou aquém das possibilidades da empresa; d) Um ponto fora da curva significa uma produção acima ou além das possibilidades de produção; e) O fato mais importante a ser constatado é de que aumentos na produção de um bem, se a empresa estiver trabalhando em pontos situados na curva de possibilidades de produção, só poderão ser efetuados à custa de decréscimos na produção do outro. Como regra geral, o aumento da produção de dada classe de bens implica, necessariamente, a redução da produção de uma outra classe, a não ser que tenha ocorrido um aumento nos recursos acumulados. Por isso não tem como aumentar a produção de um bem sem sacrificar a do outro, pois qualquer combinação envolverá custo de oportunidade, ou seja, a transferência dos fatores de produção de um bem A para produzir um bem B implica em um custo de oportunidade que é igual ao sacrifício de deixar de produzir parte do bem A para produzir mais do bem B. 10 2.4 Fatores de Produção Para responder aquelas três questões a respeito da escolha e decisão de produção será necessário dimensionar os fatores de produção, que são: terra, trabalho, capital, tecnologia e capacidade empresarial. a) Terra Podemos associar esse fator as reservas naturais (renováveis ou não) e que constituem a base de todo processo produtivo. No significado econômico, este recurso é constituído pelo conjunto dos elementos na natureza utilizados no processamento da produção. O solo e a parte explorável do subsolo, as terras agricultáveis e de manejo de pastagem, os cursos d’água, flora, fauna, e ainda o próprio clima e o índice pluviométrico incluem-se entre os recursos naturais de que toda economia deve dispor, face às necessidades de suprimento manifestadas pela sociedade. (POSSAMAI, 2001; ROSSETI, 2013). A disponibilidade das reservas naturais não depende apenas das suas quantidades físicas disponíveis, mas ainda de outros fatores que viabilizam o seu efetivo aproveitamento. Para Possamai (2001), o estágio dos conhecimentos tecnológicos, associado à disponibilidade de recursos de capital, tem ligações diretas com o volume das reservas naturais economicamente aproveitáveis. As formas e a extensão da ocupação territorial também influenciam o nível em que as reservas naturais disponíveis serão efetivamente empregadas no processamento básico da produção – quer através da extração de matérias primas, quer aproveitando os potenciais energéticos existentes. Sendo assim, o próprio conhecimento de sua existência e o pré-levantamento de suas potencialidades condicionam as disponibilidades econômicas das reservas. b) Trabalho (Mão de obra) Aplicando aos instrumentos, num dado espaço físico, o trabalho humano resultará na transformação do meio em que habita e a produção de bens segundo suas próprias necessidades. O sistema econômico depende fundamentalmente da qualidade do trabalho humano (MOREIRA e JORGE, 2009). Assim, podemos dizer que o fator trabalho é constituído de uma parcela da população, delimitado pela faixa etária apta para o exercício de atividades de produção: a população economicamente mobilizável (ativa e inativa/desempregado). 11 c) Capital Esse fator compreende o conjunto das riquezas acumuladas pela sociedade, e é o emprego delas que a população ativa se equipa para o exercício das atividades de produção. Esse conjunto de riquezas dá suporte às operações produtivas existentes em todas as sociedades economicamente organizadas, independente do estágio econômico. Todo bem destinado a produção de outro bem se classifica como recurso de capital. Por capital entende-se, portanto, a infraestrutura produtiva, máquinas, ferramentas, estoques, dentre outros. Podemos dividir o capital em: Capital imobilizado; Capital de giro; Capital de investimento. Assim, a formação de capital decorre da acumulação de riqueza destinada à obtenção de novas riquezas. É essa capacidade de geração de riqueza, somada aos investimentos, isto é, a capacidade de aumentar os meios de produção, que irá determinar o ritmo de desenvolvimento econômico de um empreendimento, setor ou mesmo nação. Isso porque o emprego eficiente de bens de capital possibilita elevação do rendimento do trabalho humano e da produtividade real do sistema econômico (MOREIRA e JORGE, 2009). d) Tecnologia Constitui-se pelo conjunto de conhecimento e habilidades que dão sustentação ao processo produtivo unindo os fatores de produção terra, trabalho e capital. Esta capacidade acumula-se, transforma-se e evolui pela permanente transmissão de conhecimento. De geração a geração evolução dos processos de produção, decorrentes do extraordinário desenvolvimento de recursos de capital cada vez mais avançados e sofisticados. Dependente da capacidade de: pesquisa e desenvolvimento da área; desenvolvimento e implantação de novos projetos (invenção e inovação); operação das atividades produtivas. Podemos dizer que a tecnologia é o estudo das técnicas de produção com o intuito de aprimoramento do conhecimento humano. 12 e) Capacidade empresarial À semelhança da capacidade tecnológica, a capacidade empresarial é também um fator de natureza qualitativa. Trata-se do espírito empreendedor que movimenta, combina e anima os demais recursos de produção do sistema. Tanto empreendedorismo de caráter privado ou público. Assume-a o Estado, ao mobilizar recursos para atividades econômicas de produção ou de formação da infraestrutura de apoio. Assume-a, dentro das condições institucionais da livre iniciativa, o empresário privado ou os grupos de constituição privada, quando a implantação, ampliação e operação de seus empreendimentos econômicos de produção. E, tanto, num caso com no outro, a capacidade empresarial enquadra-se no domínio dos agentes dinâmicos da vida econômica. A forma de gestão/condução empresarial de um negócio é determinante para seu crescimento no atual mundo capitalista. A necessidade de análises de diversas variáveis na produção implica nas decisões da escolha da aplicação dos demais fatores de produção. 2.5 Agentes Econômicos Atividade econômica caracteriza-se na produção de ampla gama de bens e serviços, cujo destino último é a satisfação das necessidades humanas. Os homens, mediante sua capacidade de trabalho, são os organizadores e executores da produção. Com isso s agentes econômicos são - as famílias, as empresas e o setor público - os responsáveis pela atividade econômica. Na economia, os diversos papéis que desempenham os agentes econômicos, isto é, as famílias ou unidades familiares, as empresas e o setor público, podem ser agrupados em três grandes setores. O setor primário abrange as atividades que se realizam próximas às bases dos recursos naturais, isto é, as atividades agrícolas, pesqueiras, pecuárias e extrativas. O setor secundário inclui as atividades industriais, mediante as quais são transformados os bens. O setor terciário ou de serviços reúne as atividades direcionadas a satisfazer as necessidades de serviços produtivos que não se transformam em algo material. 13 a) As empresas ouorganizações produtivas: produzem e oferecem praticamente totalidade dos bens e serviços. A empresa é a unidade de produção básica. Contrata trabalho e compra fatores com o fim de fazer e vender bens e serviços. b) As famílias: as funções das famílias constituem em, por um lado, consumir bens e serviços; por outro, oferecer seus recursos, isto é, trabalho e capital as empresas. Entretanto as famílias que pretendem maximizar a satisfação obtida no consumo são limitadas pelo orçamento de que dispõem. c) O setor público/governo: de forma ampla, o governo é um agente coletivo que contrata diretamente o trabalho de unidades familiares e que adquire uma parcela da produção das empresas para proporcionar bens e serviços úteis à sociedade como um todo. Trata-se, pois, de um centro de produção de bens e serviços coletivos. Suas receitas resultam de retiradas compulsórias do poder aquisitivo das unidades familiares e das empresas, feitas por meio do sistema tributário. Além de interagir com os demais agentes econômicos, o governo é um centro de geração, execução e julgamento de regras básicas para a sociedade como um todo. Fluxo Real da Economia Como pode ser observadas na figura acima, família e empresa exercem um duplo papel. No mercado de bens e serviços, as famílias demandam bens e serviços, enquanto as empresa os oferecem; no mercado de fatores de produção, as famílias oferecem os serviços dos fatores de produção (que são de sua propriedade), enquanto as empresas os demandam. No entanto, o fluxo real da economia só se torna possível com a presença da moeda, que é utilizada para remunerar os fatores de produção e para o pagamento dos bens e serviços. 14 Desse modo, paralelamente ao fluxo real, temos um fluxo monetário da economia. Em cada um dos mercados atuam conjuntamente as forças da oferta e da demanda, determinando o preço. Assim, no mercado de bens e serviços formam-se os preços dos bens e serviços, enquanto no mercado de fatores de produção, são determinados os preços dos fatores de produção (salários, juros, aluguéis, lucros, royalties etc). O fluxo completo incorpora o setor público, adicionando-se os efeitos dos impostos e dos gastos públicos ao fluxo anterior, bem como com o setor externo, que inclui todas as transações com mercadorias, serviços e movimento financeiro com o resto do mundo. 15 3. Mercado Mercado é o local onde os agentes econômicos fazem a troca de bens por uma unidade monetária ou por outros bens. De forma geral, podemos dizer que o mercado é formado por grupos de vendedores e compradores de um produto ou serviço. O sistema de preços é o mecanismo pelo qual são tomadas decisões com referência à alocação de recursos, objetivando satisfazer simultaneamente produtores e consumidores. 3.1 Estruturas de Mercado Os mercados de bens e serviços estão estruturados de formas diferentes. As várias estruturas são resultado da influência de alguns fatores que, combinados, definem as mesmas. Dentre os fatores que determinam as estruturas de mercado, destaca-se: a) O número de organizações produtivas; b) O tamanho ou dimensão de produção dessas organizações; c) A extensão da interdependência entre as organizações produtivas; d) A homogeneidade ou o grau de heterogeneidade do produto das diferentes produtoras; e) A natureza e o número dos compradores; f) A quantidade de informações que compradores e vendedores dispõem dos preços das transações de outros produtos; g) A habilidade das organizações produtivas dispõem para influenciar a procura do mercado por meio da promoção do produto, melhoria na sua qualidade, facilidades especiais de comercialização etc. 16 h) A facilidade com que as organizações produtivas podem entrar e sair do mercado. 3.1.1 Concorrência Perfeita Uma estrutura de mercado descrita como de concorrência perfeita deve preencher todas as seguintes condições: Atomização: o número de agentes compradores e vendedores é de tal ordem que nenhum deles possui condições para influenciar o mercado. A expressão de cada um é insignificante. Homogeneidade: o bem o serviço, no mercado de produtos, o fator de produção, no mercado de fatores, é perfeitamente homogêneo. Nenhuma empresa pode diferenciar o produto. O produto vindo de qualquer produtor é um substituto perfeito do que é a ofertados por quaisquer outros produtos. Mobilidade: cada agente comprador e vendedor atua independente de todos os demais. A mobilidade é livre e não há quaisquer acordos entre os que participam do / no mercado. Permeabilidade: não há quaisquer barreiras para entrada ou saída dos agentes que atuam ou querem atuar no mercado. Barreiras técnicas, financeiras, legais, emocionais ou de qualquer outra ordem não existem. Preço limite: nenhum vendedor de produto pode praticar preços acima daquele que está estabelecido no mercado, resultante da livre atuação das forças de oferta e da procura. Em contrapartida, nenhum comprador pode impor um preço abaixo dos de equilíbrio, o preço limite é dada pelo mercado. Preço extra: não há qualquer eficácia em formas de concorrência fundamentadas em mecanismos preço extra. A oferta de quaisquer vantagens adicionais, associáveis o produto ou fator, não faz qualquer sentido. Essa característica é subproduto da homogeneidade. Transparência: por fim, o mercado é absolutamente transparente. Não há qualquer agente que tenha informações privilegiadas ou diferentes daquelas que todos detêm. As informações que possam influenciar o mercado são perfeitamente acessíveis a todos. 17 3.1.2 Monopólio O monopólio situa-se em outro extremo. Essa estrutura se situa no extremo oposto do da concorrência perfeita. As condições que caracterizam são: Unicidade: há apenas um vendedor, dominando inteiramente a oferta. Sob monopólio, os conceitos de empresa e de atividade sobrepõem-se. A indústria monopolista é constituída por uma única firma ou empresa. Insubstitutibilidade: o produto da empresa monopolista não tem substituto. A necessidade que ela atende não tem como ser igualmente satisfeita por qualquer similar ou sucedâneo. Barreira: a entrada de um novo concorrente no mercado monopolista é, no limite, impossível. As barreiras de entrada são rigorosamente impedidas. Podem decorrer de disposições legais, de direitos de exploração outorgado pelo poder público a uma única empresa, do domínio de tecnologias de produção e de condições operacionais exigidas pela própria atividade. Poder: a expressão poder de monopólio é empregada para a caracteriza a situação privilegiada em que se encontram com monopolista, quanto as duas importantes variáveis do mercado preço e quantidades. Preço extra: devido a seu pleno domínio sobre o mercado, os monopólios dificilmente recorrem às formas convencionais de mecanismos preço extra, para estimular ou desestimular comportamentos de compradores. Opacidade: os monopólios são, por definição, opacos. O acesso a informações sobre fontes supridoras, processos de produção, níveis de oferta e resultados alcançados dificilmente são abertos e transparentes. A empresa monopolista e caracteriza-se por ser impenetrável. 3.1.3 Oligopólio As estruturas oligopolistas não se caracterizam por fatores determinantes puros e extremados. Os tipos possíveis, de fato, observadas na realidade são de alta variabilidade. Em todas as características desta estrutura de mercado, os conceitos são mais flexíveis, comparativamente aos casos extremados de concorrência perfeita e de monopólio. O número de concorrentes: geralmente, é pequeno. Palavras como limitados, poucos, alguns, vários, são empregadas para indicar o número de concorrentes nas estruturas oligopolistas. 18 Diferenciação: outra característica de alta variabilidade se refere a fatores como homogeneidade, substitutibilidade e padronização dos produtos. Isto por que tanto podem ocorrer oligopólios de produtos diferenciados, como de produtos não diferenciáveis. Rivalização: tipicamente, os concorrentes que atuam sob condições de oligopólio são fortes rivais entre si. Há casos até de rivalizações que transparecem campanhas publicitárias e em práticas comerciais desviadas de padrões de ética e a lealdade. Mas, no outro extremo, encontra-se também situações de oligopólio em que os concorrentes se unem em acordos setoriais, todos respeitando rigorosamente as regras negociadas e definidas. 3.1.4 Concorrência Monopolista Esta estrutura contém características que se encontram nas definições usuais de mercados perfeitamente competitivos e monopolizados. Na concorrência monopolística, o número de concorrentes é grande. O consumidor encontra facilmente substitutos, não ocorrendo dessa forma à caracterização essencial do monopólio puro. As características principais desta estrutura de mercado são: Competitividade: é elevado o numero de concorrentes, com capacidade de competição relativamente próximas. Diferenciação: o produto de cada concorrente apresenta particularidades capazes de distingui-lo dos demais e de criar um mercado próprio para ele. Substitutibilidade: embora cada concorrente tenha um produto diferenciado os produtos de todos os concorrentes substituem-se entre si. Obviamente, a substituição não é perfeita, mas é possível, conhecida e de fácil acesso. Preço-prêmio: a capacidade de cada concorrente controlar o preço depende do grau de diferenciação percebido pelo comprador. A diferenciação quando percebida e aceita, pode dar origem a um preço-prêmio, gerando resultados favoráveis e estimuladores. Baixas barreiras: as barreiras de entrada em mercados monopolisticamente competitivos tendem a ser baixas. Há relativa facilidade para ingresso de novas empresas no mercado. 19 Resumindo: Principais características das quatro estruturas básicas de mercado Características Concorrência Perfeita Monopólio Oligopólio Concorrência Monopolista Quanto ao no de empresas Muito grande 1 só empresa Pequeno Grande Quanto ao produto Padronizado. Não há diferenças. Não há substitutos satisfatórios Pode ser padronizado ou diferenciado Diferenciado Quanto ao controle das empresas sobre os preços Não há possibilidades de manobras pelas empresas. Considerável, sobretudo quando não há intervenções restritivas. Dificultado pela interdependência. Pode ser amplo, com práticas conspirativas. Há possibilidades, porém limitadas. Quanto à concorrência de preço extra Não é possível, nem seria eficaz. A empresa geralmente recorre a campanhas institucionais para salvaguardar sua imagem. É vital, sobretudo, quando não há diferenciação do produto. É considerável, exercendo-se através de marcas, patentes e prestação de serviços complementares. Quanto às condições de entrada no mercado Não qualquer obstáculo. O ingresso é impossível. O aparecimento de uma nova empresa implica no fim do monopólio. Há consideráveis obstáculos. São relativamente fáceis. Fonte: Possamai (2001, p.42) Oferta, Demanda e o preço dos bens e serviços são o elementos essenciais do conceito econômico de mercado. As formas como cada uma desses elementos se manifesta, as forças dos agentes envolvidos nas transações, as características intrínsecas, fatores de produção ou a propagando dos produtos e serviços; e os poderes de negociação variam de acordo com as diferentes estruturas de mercado. 20 3.2 Demanda/Procura A demanda ou procura pode ser definida como a quantidade de certo bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir, em de vários possíveis preço, em determinado período de tempo, enquanto tudo mais permanece constante. Para estudar-se a influência isolada dessas variáveis utiliza-se a hipótese ceteris paribus. Condição “ceteris paribus”: é impossível compreender a influência e importância de cada uma das variáveis, se elas sofrerem todas uma alteração ao mesmo tempo. Assume-se que o estudo da função procura é determinada por uma variável, sendo todas as demais constantes. Esta condição é conhecida em economia como a condição ceteris paribus (AIUB, 2009). - Essa definição significa que a demanda é dada por uma série de possibilidades alternativas, correlacionando Preço e Quantidade. - Pelo comportamento padrão dos consumidores, essas duas variáveis (Preço e Quantidade) correlacionam-se inversamente. Ou seja, preços menores tendem a atrair mais os consumidores. - Partindo dessa relação típica, dizemos que a quantidade procurada/demandada Qd, dependem inversamente dos preços P, estabelecendo então uma relação de dependência entre essas variáveis. Q d = f(P) Exemplo Preços unitários Quantidades Procuradas 2,00 20 4,00 18 6,00 16 8,00 14 10,00 10 21 Chama-se Lei da procura a variação da Quantidade demandada em função da variação do preço dos produtos e serviços. Observações É importante fazer a distinção entre “demanda” e “quantidade demandada”, segundo Botteon (2009): A demanda descreve o comportamento do consumidor diante dos diferentes preços. É composta por um conjunto de pares de preços e quantidades demandadas. A quantidade demandada só faz sentido se referente a um determinado preço. Por exemplo: o gráfico mostra que o preço é P0, e o consumidor deseja comprar X0. Então, quando o preço for P0 a “quantidade demandada” será X0. Portanto, quando se fala de aumento da demanda, toda a curva é movida para a direita. Uma variação na quantidade demandada faz referência a um movimento sobre (ou ao longo de) a curva de demanda. Se o desejo é determinar a demanda de mercado, as demandas individuais são somadas em forma horizontal. Isto porque a demanda de mercado indica, a cada preço, a quantidade que o conjunto de consumidores está disposto a adquirir (que é a soma das quantidades individuais). 0 2 4 6 8 10 12 12 14 16 18 20 P re ç o ( R $ ) Quantidade Demandada 22 O que poderia alterar a curva da demanda? De uma forma geral, a escolha do consumidor é influenciada por algumas variáveis que em geral serão as mesmas que influenciarão sua escolha em outras ocasiões. Essas variáveis ou fatores de influência são: i- Preço do bem; ii- Preços dos outros bens (bens substitutos e complementares); iii- Renda do consumidor; iv- Gosto ou preferência do indivíduo; v- Número de consumidores (algumas demandas crescem em função do crescimento vegetativo da população) A curva de demanda é traçada para gostos, preços dos bens, população e renda de um determinado grupo de consumidores. Mudando dos valores dessas variáveis provoca uma mudança na curva de demanda (Botteon, 2009). Em linguagem matemática se expressa estas relações da seguinte forma: Dx= f(Px,P1,P2...Pn−1,R,G) Dx = a demanda do bem x Px = o preço do bem xPi = o preço dos outros bens, i = 1, 2, ... n-1 R = renda G = preferências 23 Deslocamento da Curva da Demanda Caso 1 Nesse caso com a diminuição do Preço P0 para P1, espera-se o aumento da quantidade demandada X0 para X1. Assim assume-se a função: Xn = f (Pn) (Modificações na quantidade demandada ao longo de uma curva de demanda) Caso 2 Nesse caso o Preço do bem não se altera, mas a quantidade comprada se altera, X0 para X1. A mudança na curva da demanda foi provocada por outros fatores, portanto utiliza-se a função: Xn = f(P1,P2...Pn−1,R,G). 24 Observações Bens inferiores: bens inferiores são aqueles os quais apresentam uma resposta negativa às variações na renda, ou seja, caso haja um aumento na renda, haverá uma queda na sua demanda a qualquer preço dado, assim como, a uma diminuição na renda do consumidor, haverá um aumento no seu consumo. Bens normais: bens normais, em contrapartida, são aqueles que respondem positivamente a variações na renda do consumidor. Logo, quando há um aumento na renda, há um aumento na sua demanda a qualquer preço dado. Bens relacionados: são bens que, analisando o comportamento do consumidor típico, possuem uma relação de substituição ou de complementação. No primeiro caso, são bens substitutos, ou seja, caso haja um aumento no preço de um, haverá um aumento na demanda pelo outro – isso se dá em produtos com utilidade semelhante, como manteiga e margarina. Já no segundo caso, temos que dois bens em que o consumo de um pressupõe que o outro também seja consumido, carros e combustível. Portanto, caso haja uma diminuição no preço de um, haverá um aumento da demanda de ambos. 3.2.1 Definição algébrica Uma curva de demanda típica tem forma descendente porque, quanto maior o preço unitário, menor o interesse dos compradores em adquirir o produto. O modelo mais simples de função de demanda é a função afim ou polinomial de primeiro grau. O modelo deve ter coeficiente angular negativo, isto é: x = f(p) = ap + b, a < 0. Se p = 0, temos que x = b é o número de unidades demandadas, quando o produto é grátis. Exemplo: 25 Um vendedor de mourão verificou que quando cobra R$ 6,00 pela peça de 10 cm de diâmetro, a média de vendas no mês é 720 unidades e quando o preço é de R$ 11,00, a média de vendas é de somente 320 unidades. Determine a função de demanda, se ela for afim. Como deve ser afim: x = f(p) = ap + b; logo, resolvemos o sistema: f (6) = 720 6a + b = 720 f(11) = 320 11a + b = 320 Resolvendo temos a = −80, b = 1200 Logo: x = f(p) = −80p + 1200. Note que x ≥ 0 se, e somente se 0 ≤ p ≤ 15. Considerando que: −80p + 1200 = 0 P = 15 A função preço para esta demanda é: 𝑃 = − 𝑥 80 + 15 Tal que 0 ≤ x ≤ 1200. 26 3.2.2 Elasticidade do Preço da Procura/Demanda As quantidades procuradas caem com o aumento do preço dos produtos/serviços, mas o grau de sensibilidade não é igual para todos os produtos/serviços. Cada produto/serviço ou cada família tem uma curva de procura própria. E assim, as curvas de diferentes conformações decorrem das diferentes sensibilidades das quantidades procuradas em relação ao preço. A elasticidade – preço da demanda mede a intensidade da variação da quantidade demandada de um bem diante da variação do seu preço. 𝐸𝑑 = Δ % Quantidade demandada Δ% 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐸𝑑 = ∆ 𝑄𝑑 𝑄 ∆𝑃 𝑃 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑖 𝑄𝑖 𝑃𝑓 − 𝑃𝑖 𝑃𝑖 Exemplo: Período Preço Quantidade Dez/2017 10,00 500 Jan/2018 10,50 480 𝑬𝒑 = 𝟒𝟖𝟎 − 𝟓𝟎𝟎 𝟓𝟎𝟎 ∗ 𝟏𝟎 𝟏𝟎, 𝟓 − 𝟏𝟎 = −𝟎, 𝟖 Obs. O sinal negativo da elasticidade indica que a variação na quantidade será em sentido contrário da variação de preço. Como isso é o esperado da Lei da Demanda, admite-se o uso de módulo, omitindo o sinal. Entendendo o resultado: para cada variação percentual de 1% no preço do produto, a quantidade variará em 0,8%. Se o preço aumentar em 1% a quantidade demandada cairá em 0,8%. No nosso exemplo o preço aumentou em 5% (passou de R$10,00 para R$10,50) enquanto nossa quantidade caiu em 4% (passando de 500 para 480). Para verificar a quantidade demandada para as diferentes variações de preço basta multiplicar a variação de preço pela elasticidade. Se variássemos o preço em 15%, a variação na quantidade seria de 12% (15%*0,8). 27 3.2.3 Classificação da Elasticidade Preço da Procura/Demanda a) Demanda Elástica (Ed > 1) Quando o resultado do coeficiente de elasticidade da demanda é maior que 1: 𝐸𝑑 = ∆ 𝑄𝑑 𝑄 ∆𝑃 𝑃 > 1 Significa que uma mudança em termos percentuais do preço do bem provoca uma mudança em termos percentuais na quantidade demandada maior que a mudança de preço. Por exemplo, suponhamos que o preço dos painéis de madeira tenha diminuído 10%, provocando uma elevação de 40% na quantidade demandada. Podemos calcular o coeficiente de elasticidade-preço como: 𝐸𝑑 = Δ % Quantidade demandada Δ% 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 Para este exemplo, resulta em: 𝐸𝑑 = 40% 10% = 4 O resultado indica que o produto tem grande sensibilidade a variações do preço, já que a relação da variação percentual da quantidade demandada é quatro vezes maior que a variação percentual do preço que a ocasionou. Então, quando temos o coeficiente de elasticidade da demanda Ed > 1, consideramos o bem com demanda elástica. b) Demanda Inelástica (Ed < 1) Quando o resultado do coeficiente de elasticidade da demanda é menor que 1: 𝐸𝑑 = ∆ 𝑄𝑑 𝑄 ∆𝑃 𝑃 < 1 Significa que uma mudança em termos percentuais do preço do bem provoca uma mudança em termos percentuais na quantidade demandada menor que a mudança de preço. 28 Por exemplo, suponhamos que o preço do arroz tenha diminuído 10%, provocando uma elevação de 5% na quantidade demandada. Podemos calcular o coeficiente de elasticidade-preço como: 𝐸𝑑 = Δ % Quantidade demandada Δ% 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 Para este exemplo, resulta em: 𝐸𝑑 = 5% 10% = 0,5 O resultado indica que o produto tem pouca sensibilidade a variações do preço, uma vez que a relação da variação percentual da quantidade demandada é menor que a variação percentual do preço que a ocasionou. Então, quando temos o coeficiente de elasticidade da demanda Ed < 1, consideramos o bem com demanda inelástica. c) Demanda com Elasticidade Unitária (Ed =1) Quando o coeficiente de elasticidade da demanda é igual a 1: 𝐸𝑑 = ∆ 𝑄𝑑 𝑄 ∆𝑃 𝑃 = 1 Significa que uma mudança em termos percentuais do preço do bem provoca uma mudança em termos percentuais na quantidade demandada igual à mudança de preço. Por exemplo, suponhamos que o preço de um produto tenha diminuído 10%, provocando uma elevação de 10% na quantidade demandada. Podemos calcular o coeficiente de elasticidade-preço como: 𝐸𝑑 = Δ % Quantidade demandada Δ% 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 Para este exemplo, resulta em 𝐸𝑑 = 10% 10% = 1 29 O resultado indica que a variação percentual da quantidade é igual à variação percentual do preço que a ocasionou. Então, quando temos o coeficiente de elasticidade da demanda Ed = 1, consideramos o bem com demanda com elasticidade unitária. d) Fatores que influenciam a elasticidade da demanda Algumas características dos produtos podem influenciaro tipo de elasticidade de determinado bem ou serviço, como: Essencialidade do produto: quanto é necessário o produto ou serviço para o consumidor? Por exemplo: o gás de cozinha é um bem essencial para a maioria dos lares urbanos, assim mesmo que seu preço aumente o consumidor não deixará de adquiri-lo, tornando sua curva de demanda inelástica. Substitubilidade: Quando não existem substitutos do produto ou serviço, o consumidor fica sem opções, sendo impulsionado a adquiri-lo independente do preço, conforme sua necessidade, tornando a demanda mais inelástica. Se por outro lado houver no mercado muitos substitutos para ele, a demanda torna-se mais elástica. Se o produto for extremamente necessário, a demanda será unitária, como por exemplo uma medicação/remédio. Periodicidade de aquisição: quanto mais frequente e necessário for o produto ou serviço, mais inelástica será a demanda. Importância no orçamento: da mesma forma que quando mais essencial for o produto ou serviço no seu orçamento, também mais inelástica será a demanda. Por exemplo: entre suas contas fixas do mês o que pode ser reduzido ou deixar de pagar? Normalmente, o que será reduzido serão suas compras de supermercado, compras de utensílios e roupas, e possivelmente algum serviço menos necessário, como telefone, TV a cabo, internet, etc. Restando como mais essenciais: aluguel, luz e água. 30 3.3 Oferta A oferta de determinado produto ou serviço é determinada pelas várias quantidades que os produtores estão dispostos e aptos a oferecer no mercado, em função de vários possíveis preços, em determinado período de tempo, enquanto tudo mais permanece constante (condição ceteris paribus). A relação direta entre a quantidade ofertada de um bem e o preço desse bem deve-se ao fato de que, ceteris paribus, um aumento do preço no mercado estimula as empresas a elevar a produção; novas empresas serão atraídas, aumentando assim a quantidade ofertada do produto. Diferentemente da função demanda, a função oferta mostra uma correlação direta entre as quantidades ofertadas e nível de preços. - Partindo dessa relação típica, dizemos que a quantidade ofertadas Qs, dependem diretamente dos preços P, estabelecendo então uma relação de dependência entre essas variáveis. Q s = f (P) Exemplo Preço unitário Quantidades Ofertadas 2,00 10 4,00 20 6,00 30 8,00 40 10,00 50 0 2 4 6 8 10 12 10 20 30 40 50 P re ç o ( R $ ) Quantidade Ofertada 31 Chama-se Lei da Oferta a variação diretamente proporcional da quantidade ofertada em função das variações nos preços dos produtos ou serviços. Observações É importante fazer a distinção entre “oferta e “quantidade ofertada”, segundo Botteon (2009): a oferta descreve o comportamento do produtor diante dos diferentes preços possíveis. É composta por um conjunto de pares de preços e quantidades ofertadas. A quantidade ofertada só faz sentido se referente a um determinado preço. Por exemplo: o gráfico mostra que o preço é P0, e o produtor deseja oferecer X0. Então, quando o preço for P0 a “quantidade ofertada” será X0. Portanto, quando se fala de aumento da oferta, toda a curva é movida para a direita. Uma variação na quantidade ofertada faz referência a um movimento sobre (ou ao longo de) a curva de oferta. O que poderia alterar a curva da oferta? Assim como na demanda, alguns fatores também podem influenciar a alteração da curva da oferta, além da variação do preço, e os principais são: Custo de produção (fatores de produção) Disponibilidade dos fatores de produção Tecnologia Preço de bens relacionados Expectativas do produtor Impostos/Subsídios Condições climáticas Em linguagem matemática se expressa estas relações da seguinte forma: Sx= f(Px,P1,P2...Pn−1,C, T, E) Sx = a oferta do bem x Px = o preço do bem x Pi = o preço dos outros bens, i = 1, 2, ... n-1 C = Custo de produção T = Tecnologia E = Expectativa do produtor N = Número de empresas aptas a produção 32 Deslocamento da Curva da Oferta Caso 1 Nesse caso com a diminuição do Preço P0 para P1, espera-se também a diminuição da quantidade ofertada de X0 para X1. Assim assume-se a função: Xs = f (Ps) (Modificações na quantidade ofertada ao longo de uma curva de oferta. Caso 2 Nesse caso o Preço do bem não se altera, mas a quantidade ofertada se altera, X0 para X1. A mudança na curva da oferta foi provocada por outros fatores, portanto utiliza- se a função: Sx = f(Px,P1,P2...Pn−1,C, T, E). 33 3.3.1 Definição algébrica Uma curva de oferta típica tem forma ascendente, porque quanto maior o preço unitário, maior o interesse dos empresários em fabricar o produto. O modelo mais simples de função de oferta é o de função afim ou polinomial de primeiro grau. É bastante intuitivo que quando o preço de um bem aumenta, a oferta aumenta e decresce se o preço decresce. Logo, o modelo afim deve ter coeficiente angular não negativo, isto é: p = f(x) = ax + b, a ≥ 0. O caso a = 0, indica um preço constante independente da oferta. Se a reta for vertical, isto é, se o coeficiente angular não é definido, isto implica em que a oferta é constante, independente do preço. Exemplo Quando o preço de mercado de certo produto atinge R$ 300,00 por unidade, a fábrica não produz este produto; quando o preço do produto aumenta R$ 20,00 a fábrica disponibiliza 600 unidades do produto no mercado. Ache a função de oferta se ela for afim. Como a função deve ser afim: p = f(x) = ax + b; para x = 0, 300 = b 300 +20 = 600 a +300 P = ax+ 300 logo a = 1/30 Então a curva de oferta é: 𝑝 (𝑥) = 𝑥 30 + 300 34 3.3.2 Elasticidade do Preço da Oferta Podemos também aplicar o conceito de elasticidade na resposta da variação da quantidade ofertada à variação do preço de um produto ou serviço. Ou seja, a elasticidade – preço da oferta é a medida da sensibilidade da quantidade ofertada em resposta a mudanças de preço do produto ou serviço. A elasticidade – preço da oferta mede a intensidade da variação da quantidade ofertada/produzida de um bem diante da variação do seu preço. 𝐸𝑜 = Δ % Quantidade ofertada Δ% 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 𝐸𝑜 = ∆ 𝑄𝑠 𝑄 ∆𝑃 𝑃 = 𝑄𝑓 − 𝑄𝑖 𝑄𝑖 𝑃𝑓 − 𝑃𝑖 𝑃𝑖 Exemplo: Período Preço Quantidade produzida Dez/2015 10,00 500 Jan/2016 11,00 560 𝑬𝒐 = 𝟓𝟔𝟎 − 𝟓𝟎𝟎 𝟓𝟎𝟎 ∗ 𝟏𝟎 𝟏𝟏 − 𝟏𝟎 = 𝟏, 𝟐 Entendendo o resultado: para cada variação percentual de 1% no preço do produto, a quantidade variará em 1,2 %. Se o preço aumentar em 1% a quantidade demandada cairá em 0,8%. No nosso exemplo o preço aumentou em 10% (passou de R$10,00 para R$11,00) enquanto nossa quantidade ofertada aumentou em 12% (passando de 500 para 560). Para verificar a quantidade ofertada para as diferentes variações de preço basta multiplicar a variação de preço pela elasticidade. Se variássemos o preço em 15%, a variação na quantidade seria de 18% (15%*1,2). 3.3.3 Classificação da Elasticidade Preço da Oferta a) Oferta elástica (Eo > 1) Quando o resultado do coeficiente de elasticidade da oferta é maior que 1: 35 𝐸𝑜 = ∆ 𝑄𝑜 𝑄 ∆𝑃 𝑃 > 1 Significa que uma mudança em termos percentuais do preço do bem provoca uma mudança em termos percentuais na quantidade ofertada maior que a mudança de preço. Por exemplo, suponhamosque o preço do carvão vegetal tenha diminuído 10%, provocando uma diminuição de 30% na quantidade ofertada. Podemos calcular o coeficiente de elasticidade-preço como: 𝐸𝑜 = Δ % Quantidade produzida Δ% 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 Para este exemplo, resulta em: 𝐸𝑜 = 30% 10% = 3 O resultado indica que a produção tem grande sensibilidade a variações do preço, já que a relação da variação percentual da quantidade ofertada é três vezes maior que a variação percentual do preço que a ocasionou. Então, quando temos o coeficiente de elasticidade da demanda Eo > 1, consideramos o bem com oferta elástica. b) Oferta Inelástica (Eo < 1) Quando o resultado do coeficiente de elasticidade da oferta é menor que 1: 𝐸𝑜 = ∆ 𝑄𝑜 𝑄 ∆𝑃 𝑃 < 1 Significa que uma mudança em termos percentuais do preço do bem provoca uma mudança em termos percentuais na quantidade demandada menor que a mudança de preço. Por exemplo, suponhamos que o preço do dos painéis de madeira tipo OSB tenha aumentado 10%, provocando uma elevação de 5% na quantidade ofertada. Podemos calcular o coeficiente de elasticidade-preço como: 𝐸𝑜 = Δ % Quantidade produzida Δ% 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 36 Para este exemplo, resulta em: 𝐸𝑜 = 5% 10% = 0,5 O resultado indica que a produção tem pouca sensibilidade a variações do preço, uma vez que a relação da variação percentual da quantidade ofertada é menor que a variação percentual do preço que a ocasionou. Então, quando temos o coeficiente de elasticidade da oferta Ed < 1, consideramos o bem com oferta inelástica. c) Oferta com elasticidade unitária (Eo = 1) Quando o coeficiente de elasticidade da oferta é igual a 1: 𝐸𝑜 = ∆ 𝑄𝑜 𝑄 ∆𝑃 𝑃 = 1 Significa que uma mudança em termos percentuais do preço do bem provoca uma mudança em termos percentuais na quantidade produzida igual à mudança de preço. Por exemplo, suponhamos que o preço de um produto tenha diminuído 10%, provocando uma diminuição de 10% na quantidade produzida. Podemos calcular o coeficiente de elasticidade-preço como: 𝐸𝑜 = Δ % Quantidade produzida Δ% 𝑃𝑟𝑒ç𝑜 Para este exemplo, resulta em 𝐸𝑜 = 10% 10% = 1 O resultado indica que a variação percentual da quantidade é igual à variação percentual do preço que a ocasionou. Então, quando temos o coeficiente de elasticidade da oferta Eo = 1, consideramos o bem com oferta com elasticidade unitária. 37 d) Fatores que influenciam a elasticidade da oferta Algumas características de produção podem influenciar o tipo de elasticidade de determinado bem ou serviço, como: Capacidade Instalada: toda produção tem uma capacidade mínima e máxima que pode operar de acordo com seus fatores de produção. Condição de oferta dos fatores de produção: a disponibilidade dos fatores de produção também afeta os percentuais de produção, podendo inclusive não atender a demanda existente. Preço insumos (matéria prima): afetarão diretamente os custos de produção, o que pode aumentar o diminuir a oferta dos produtos e serviços. Tecnologia: podem afetar diretamente a produtividade, mas também pode implicar em aumento de custos. Essa relação deve ser cuidadosamente analisada em cada caso. Expectativa do produtor: de acordo com a decisão e tipo de investimentos um produtor pode voluntariamente diminuir ou aumentar sua produção. 3.4 Equilíbrio de Mercado Quando colocamos em contato consumidores e produtores com seus relativos planos de consumo e produção, isto é, com suas respectivas curvas de demanda e oferta em um mercado particular, podemos analisar como acontece a interação entre ambos os agentes. Isoladamente, nem a curva de demanda, nem a curva de oferta poderiam nos dizer até onde podem chegar os preços ou em que medida os planos dos consumidores e dos produtores são compatíveis. Para isso, deve-se realizar um estudo conjunto de ambas as curvas e proceder por tentativa e erro, analisando para cada preço a possível compatibilidade entre a quantidade vendida (demandada) e a quantidade ofertada (AIUB, 2009). O equilíbrio de mercado ocorre na interseção das curvas de demanda e de oferta. Isto é, nos pontos que representam o preço onde a quantidade ofertada se iguala à quantidade demandada. O ponto de interseção é dito ponto de equilíbrio do mercado; a ordenada do ponto é dita preço de equilíbrio do mercado e a abscissa do ponto é dita quantidade de equilíbrio do mercado. 38 Em geral, o equilíbrio é relativo às condições do mercado que tendem a persistir. Se a determinado preço, as quantidades de produtos que o produtor deseja vender se igualam às quantidades que os consumidores desejam comprar, diz-se que o mercado está em equilíbrio. Em mercados perfeitamente competitivos, se o preço de mercado de um produto está acima do preço de equilíbrio, temos excesso de oferta, o que deve fazer abaixar os preços. Quando o preço de mercado de um produto está abaixo do preço de equilíbrio, temos excesso de demanda, o que eleva os preços do produto. Ponto de Equilíbrio 39 Denotemos por (QE,PE) o ponto de equilíbrio do mercado. Se o preço do produto em questão for P1 < PE, então a empresa espera vender XS1 unidades e os consumidores planejam comprar XD1 unidades do produto; logo estariam faltando XD1−XS1 unidades aos consumidores, o que forçaria o aumento de preço do produto até, PE, onde seriam oferecidas QE unidades. Se o preço do produto em questão for PE < P2, então a empresa espera vender XS2 unidades e os consumidores planejam comprar XD2 unidades do produto; logo estariam sobrando a quantidade XS2 −XD2 de unidades, o que forçaria a queda do preço do produto, até PE, onde seriam oferecidas XE unidades. Com a passagem do tempo é possível provar que desequilíbrios entre a oferta e a demanda são corrigidos e tendem a aproximar-se do equilíbrio. De fato, o preço tem um efeito regulador, isto é, cada vez que se tem um excesso de oferta segue uma escassez de oferta, e vice-versa. 40 Fonte: ROSSETI, 2013 p. 432 Hipótese (a) Expansão da procura, mantendo-se inalterada a oferta, perturbará o equilíbrio de mercado: aumentando-se, ao mesmo tempo, as quantidades transacionadas e os preços. Hipótese (b) Redução da procura, mantendo-se inalterada a oferta, perturbará o equilíbrio de mercado: reduzirá as quantidades transacionadas e o preço. Hipótese (c) Expansão da oferta, mantendo-se inalterada a procura, perturbará o equilíbrio de mercado: maiores quantidades serão transacionadas a preços mais baixos. Hipótese (d) Redução da oferta, mantendo-se inalterada a procura, perturbará o equilíbrio de mercado: menores quantidades serão transacionadas a preços mais altos. 41 3.4.1 Aplicação algébrica É comum utilizar função de demanda e função de oferta, afins. Neste caso, a determinação do equilíbrio é bastante simples, pois basta resolver o sistema: 𝑥 = −𝑎𝑝 + 𝑏 𝑥 = 𝑐𝑝 + 𝑑 Exemplo 1) A demanda de certo produto é dada por x = 36 − 4p e a oferta por x = 30 + 2p. a) Determine o preço de equilíbrio e a respectiva quantidade. No preço de equilíbrio as quantidades demandadas e ofertadas são iguais, dessa forma para calcular basta apenas igualar as equações: 36 − 4p = 30 + 2p; P = 1 e X = 32 b) Se o preço for 4 u. m., existe excesso de oferta ou de demanda? Determine o excesso.Para um preço de p = 4, a quantidade demandada é: x = 36 − 16 = 20 e a quantidade ofertada é x = 30 + 8 = 38; então, existe um excesso de oferta de 38 − 20 = 18. 4. Função de produção A produção é um processo coordenado que junta os fatores de produção de várias formas com o objetivo de criar um produto ou um serviço que é desejado pela comunidade consumidora. Para que essa eficiência produtiva de algum modo seja atingida, para que sejam gerados lucros que o produtor considere aceitáveis nas suas circunstâncias, ele tem que decidir sobre três questões fundamentais: “O Que produzir? Como produzir? Quanto produzir?”. A produção é, antes de tudo, uma questão técnica, mas traz embutidos vários aspectos econômicos que necessitam ser analisados. Antes de começar a produzir é necessário equacionar o principal problema técnico que é o de encontrar a tecnologia mais apropriada para o seu tipo de negócio, entre várias alternativas disponíveis. 42 Todas as questões técnicas estarão, de certa forma, sumariadas pela função de produção, de modo que a análise será centrada nos aspectos econômicos, tais como a escolha, por exemplo, da melhor combinação de insumos (CARRERA-FERNANDEZ, 2009). Com isso podemos dizer que uma Função de Produção é um retrato da relação fator-produto. Ela é uma descrição quantitativa ou matemática das várias possibilidades técnicas de produção enfrentadas por uma empresa. Durante o processo produtivo, transforma-se uma variedade de n insumos ou fatores de produção em produto ou serviços. Admitindo-se a produção de um só produto e denotando-se as quantidades desses insumos por x1, x2, ..., xn , e o nível de produção por unidade de tempo por y, então pode-se definir o importante conceito de função de produção. De acordo com Carreira- Fernandez (2009) podemos definir função de produção como: “uma relação técnica que estabelece o máximo nível de produção por unidade de tempo, y, que pode ser obtido a partir de dadas quantidades desses n insumos, a qual pode ser representada da seguinte forma”: 𝑦 = 𝑓 (𝑥1, 𝑥2, … , 𝑥𝑛) Nessa relação não é indicado se os fatores são fixos ou variáveis, mas sabe-se que de forma geral os sistemas produtivos são formados por fatores fixos e variáveis. Considerando a situação em que apenas um fator se comporta como variável, sendo todos os restantes mantidos fixos, simbolicamente, representa-se a equação da seguinte maneira: 𝑦 = 𝑓 (𝑥1/ 𝑥2, … , 𝑥𝑛) Y = Quantidade do produto X1 = Quantidade do fator variável X2,..., Xn = Quantidade de fatores fixos. 43 4.1 Eficiência técnica e econômica De todas as possibilidades disponíveis de tecnologia e processos de produção, o empresário escolhe tende a escolher o mais eficiente, entretanto pode-se dividir na Teoria da Produção em dois conceitos: eficiência técnica e eficiência econômica. Eficiência técnica: quando um método de produção é tecnologicamente mais eficiente, permitindo a obtenção da mesma quantidade de produto que outros processos, com a utilização de menor quantidade de todos os fatores de produção, ou menor quantidade de pelo menos um fator. Eficiência econômica: quando um método obtêm a mesma quantidade de produto com custos menores que outros processos. Ou seja, o método que proporciona o menor custo possível, dentro de determinada especificações de produção. Eficiência técnica: máxima produção Eficiência econômica: máximo lucro Exemplo: Os dados da Tabela a seguir mostram três métodos de produção utilizados por um fabricante de móveis. Em cada um dos métodos existe uma determinada combinação de fatores de produção que, no final, resultam no mesmo nível de produção, 100 unidades por mês. Método Área (m2) Capital (nº de máquinas) nº de trabalhadores Produção Unidades móveis 1 150 8 12 100 2 150 12 14 100 3 150 10 10 100 a) Qual método é menos eficiente tecnologicamente? Todos tem uma combinação dos mesmos fatores de produção, observando as três combinações, chega-se a conclusão que o método dois é o menos eficiente, já que faz uso de maior número de fatores de produção em comparação com o 1 e 3, para obtenção da mesma produção final. b) Qual dos métodos é o mais eficiente economicamente? Suponha os seguintes preços dos fatores de produção: aluguel da área R$ 100,00/m2/mês; máquina R$ 500,00/ mês; mão de obra R$ 1.600,00/mês. 44 1 = (150*100) + (8 * 500) + (12* 1600) = 38.200,00 2 = (150*100) + (12 * 500) + (14* 1600) = 43.400,00 3 = (150*100) + (10 * 500) + (10* 1600) = 36.000,00 O método 3 é o mais eficiente economicamente, pois apresenta o menor Custo total. Como a função de produção é uma relação técnico-econômica, caberá ao empresário decidir qual a melhor nível de produção, dentro de suas perspectivas de atuação, objetivos, metas e resultados. 4.2 Função de Produção Clássica A função de produção descreve a variação de Y, a medida que crescentes quantidades de X são acrescentadas a um conjunto de fatores. Para utilização da função de produção clássica considera-se que: a) O mercado de insumos e produtos é competitivo, o que significa dizer que os preços são dados pelo mercado (Relação Oferta/Demanda) b) Existe um conhecimento perfeito do mercado, ou seja, há ausência de risco e os preços são dados com certeza absoluta. c) O objetivo do produtor é obter a maior eficiência produtiva. d) A análise é realizada em determinado ponto no tempo. 45 Produção curto prazo: O curto prazo é o período de tempo no qual pelo menos um dos fatores de produção é fixo e não pode ser variado. No curto prazo, a produção não têm capacidade de variar todos os seus fatores de produção, de modo que pelo menos um é fixo. Continuando a admitir por simplicidade que o processo produtivo exige apenas dois fatores, então a função de produção pode ser representada por: y = f (x1,x2) Admitindo-se que x2 seja o fator fixo, e que este seja restrito ao nível x2 = x20, então a função de produção pode ser reescrita da seguinte forma: y = f(x1,x20) = F(x1) Exemplo: uma fazenda que produz trigo, com área cultivável fixa de 10 hectares; com isso a mão-de-obra será o fator de produção variável. Assim temos: y = f ( A, T ), onde: A = área de cultivo T = Trabalho Logo, y = f (T) Produção longo prazo: pode ser caracterizado como o período de tempo em que todos os fatores de produção são variáveis. Assim a função seria escrita normalmente: y = f (x1, x2, ..., xn) 4.3 Produção Total, Média e Marginal A função de produção indica qual a quantidade máxima de produto que pode ser produzida, dada uma determinada quantidade de fatores produtivos e uma determinada tecnologia. Se denotamos por q a quantidade de insumos utilizados por uma empresa para produzir um determinado produto e por y a quantidade de produtos que pode produzir com a quantidade q de insumos, a função de produção será denotada por: y = P(q). Este conceito pode ser aplicado a um produto ou a um serviço, a uma empresa, a um setor de atividade, ou mesmo a toda uma economia. O gráfico da função de produção é chamado curva de produção. a) Produção Total = Produto físico total PFT, que é a produção total medida em termos físicos (Quantidade) Y 46 Considere os seguintes dados (SANTOS, 2006) Fator X Fator Y 0 0 2 3,7 4 13,9 6 28,8 8 46,9 10 66,7 12 86,4 14 104,5 16 119,5 18 129,6 20 133,3 22 129,1A forma da função de produção descreve a variação de Y, à medida que crescentes quantidades da variável, X, são acrescentadas a um conjunto de fatores fixos. Na Figura 1, o X é zero quando o Y é zero. Quantidade produzida, Y, cresce a uma taxa crescente à medida que as primeiras unidades de X são acrescentadas; e continua a crescer, mas a uma taxa decrescente, para níveis mais altos de X. A produção máxima é de 133,3 unidades de Y, resultantes da aplicação de 20 unidades de X. Para níveis mais altos de X, a quantidade de PFT (Y) decresce continuamente. CONCLUSÃO: Á medida que combinamos unidades adicionais de um fator de produção variável a um dado montante de fatores de produção fixos a produção total inicialmente cresce, em seguida atinge um valor máximo e depois decresce. 0 20 40 60 80 100 120 140 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Quantidade produzida - Y Quantidade de fator variável - X 47 Algebricamente essa função de produção pode ser expressa pela seguinte equação: 𝑌 = 𝑥2 − 1 30 𝑥3 Y é frequentemente chamado de Produto Físico Total ou Produção Física Total (PFT), para distingui-lo das Produtividades Média e Marginal que a seguir se discutirão. b) Produção Média A Produtividade Média (PM) é obtida dividindo o montante total de Y, pelo montante total do fator variável gasto, X. Ela representa, portanto, para cada ponto da curva de produção, o produto obtido por unidade de fator empregue. Pela Tabela seguinte, podemos ver que, quando X = 2 e Y = 3,7 a PM = 3,7 / 2 = 1,9; quando X = 10 e Y = 66,7 a PM = 66, 7 / 10 ou seja, PM = 6,7. Então: Fator X Fator Y - PFT PM – Produção média 0 0 - 2 3,7 1,9 4 13,9 3,5 6 28,8 4,8 8 46,9 5,9 10 66,7 6,7 12 86,4 7,2 14 104,5 7,5 16 119,5 7,5 18 129,6 7,2 20 133,3 6,7 22 129,1 5,9 Fonte (adaptado de SANTOS, 2006) 48 A produção média acompanha a função de produção total. A equação para a PM pode ser obtida a partir da equação da função de produção. No caso particular que estamos a estudar teríamos: 𝑃𝑀𝑒 = 𝑌 𝑋 = 1 𝑥 (𝑥2 − 1 30 𝑥3) = 𝑥 − 1 30 𝑥2 Podemos dizer que a PMe mede a eficiência do fator variável usado no processo produtivo. c) Produção Marginal A Produtividade Marginal (PMa) é a variação de Y que resulta de um incremento unitário ou de uma variação unitária no uso do fator variável. Ela mede a quantidade que o PFT (produto total) cresce ou decresce, à medida que X cresce. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 Quantidade média Produzida Quantidade do fator variável - X 49 Geometricamente, a PMa representa o declive da própria função de produção, ou seja, é numericamente igual ao valor da primeira derivada da equação que define a função de produção, em ordem à variável X (fator variável) (SANTOS, 2006). Assim, há dois métodos de calcular a Produtividade Marginal: um que nos conduz a uma Produtividade Marginal média e outro que nos conduz a uma Produtividade Marginal exata. A PMa média é usada quando se usa a função de produção na forma tabular e não necessita do recurso ao cálculo matemático. O método exato usa o cálculo (derivação) e por isso mesmo só pode ser aplicado quando a função de produção é expressa por uma função matemática (SANTOS, 2006). A PMa média é calculada dividindo a variação de Y pela variação do fator X, que causou a variação em Y. Algebricamente isto pode ser expresso do seguinte modo: 𝑃𝑀𝑎 = ∆Y ∆𝑋 Na Tabela já apresentada, calcula-se, por exemplo, entre os montantes de input X = 10 e X = 12 é igual a: 𝑃𝑀𝑎 = 86,4 − 66,7 12 − 10 = 19,7 2 = 9,9 Entre os montantes de 10 e 12, uma unidade adicional de X aumenta o produto total de 9,9 unidades. Fator X Fator Y - PFT PMe – Produção média PMa – Produção Marginal média PMa – Produção Marginal exata 0 0 - - - 2 3,7 1,9 1,9 1,9 4 13,9 3,5 5,1 6,4 6 28,8 4,8 7,5 8,4 8 46,9 5,9 9,1 9,6 10 66,7 6,7 9,9 10 12 86,4 7,2 9,9 9,6 14 104,5 7,5 9,1 8,4 16 119,5 7,5 7,5 6,4 18 129,6 7,2 5,1 3,6 20 133,3 6,7 1,9 0 22 129,1 5,9 -2,1 -4,4 Fonte: (adaptado SANTOS, 2006) 50 Conforme vemos no gráfico acima A PMa pode também ser negativa. Por exemplo, entre os montantes 20 e 22: 𝑃𝑀𝑎 = 129,1 − 133,3 22 − 20 = −4,2 2 = −2,1 No geral, diz-se que a PMa representava o declive da função de produção. Mas nos dois exemplos que acabámos de ilustrar, a que declive estamos nos referindo? Obviamente que entre os pontos da curva de produção onde X = 10 e X = 12 ou X = 20 e X = 22, existem inúmeros declives. Assim, as PMa encontradas de 9,9 e -2,1 não representam mais do que a média de todos os declives da curva entre aqueles pontos. Por este motivo nós referimos a esta determinação da Produtividade Marginal como sendo uma determinação média. Como é sabido, o declive exato de uma curva num dado ponto é determinado pela primeira derivada da função matemática que a define. Então, a equação da PMa exata pode ser encontrada a partir da função de produção. Se a função de produção é, como já vimos: 𝑌 = 𝑥2 − 1 30 𝑥3 Então a equação da PMa é a primeira derivada da função de produção em ordem ao fator variável, a equação exata da Produtividade Marginal é: 𝑃𝑀𝑎 = 𝑑𝑌 𝑑𝑋 = 2𝑥 − 1 10 𝑥2 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 10 12 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 51 Esta equação define o declive da curva da PFT ou a PMa exata para qualquer nível de X. Por exemplo, quando X = 12, a PMa exata é (2 × 12) - (0,l × 144) = 9,6; quando X = 14, a PMa = 8,4. A média destas duas PMa exatas aproxima-se da PMa média de 9,1 entre os níveis de X = 12 e X = 14, como se pode constatar na Tabela. Uma análise, ainda que breve, da Figura que traz a função de PFT e da Tabela com os últimos cálculos, mostra que a PMa, tal como a PM, não é constante ao longo da função de produção clássica, mas varia com o montante de fator variável usado. Se representarmos graficamente os valores que a PMa toma, verificamos que a forma da sua curva depende da forma da curva da função de produção. Para a função de produção que nos está a servir de exemplo, a PMa cresce até um máximo quando Y = 66,7 e X = 10 (no ponto de inflexão da função de produção), e decresce depois à medida que o uso de fator variável aumenta. A PMa é igual a zero para 20 unidades, onde Y é máximo (133,3), e negativa para valores superiores a 20 (SANTOS 2006).. Conclusão = Quando a PMa é crescente, a PFT está a crescer a uma taxa crescente Quando a PMa é decrescente mas positiva, a PFT é crescente mas a uma taxa decrescente. Quando a PMa se anula, a PFT atinge o seu máximo. Quando a PMa é negativa a PFT é decrescente. Todas estas relações podem ser observadas na Figura seguinte: Declive máximo Declive nulo 52 Observação: Tudo que foi explicado até aqui obedece a Lei dos Rendimentos Decrescentes De acordo com Santos (2006): Esta lei sugere que há um montante “certo” de fator variável a ser usado em combinação com os fatores fixos. O produtor não deverá usar nem muito pouco nem demasiado desse recurso variável. Métodos para descobrir esse montante ideal, do ponto de vista econômico, serão discutidos adiante. A lei dos rendimentos decrescentes requer que o método de produção não mude à medida que mudanças são efetuadas no uso do fator
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