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Direito Penal V art 227 a 292- Provas e nulidades

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APONTAMENTOS DE DIREITO PENAL 
-
"TÍTULO VI
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL
CAPÍTULO V
DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE 
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE 
EXPLORAÇÃO SEXUAL 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
O Capítulo V recebeu a denominação Do Lenocínio e do tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de exploração sexual. Apenas o artigo 227, que tipifica o crime de mediação para servir à lascívia de outrem, não foi alterado. Os demais sofreram mudança, em menor ou maior grau.
MEDIAÇÃO PARA SERVIR A LASCÍVIA DE OUTREM
Art. 227. Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem:
Pena: reclusão, de um a três anos.
O Lenocínio é uma prática criminosa que consiste em explorar o comércio carnal alheio, sob qualquer forma ou aspecto, havendo ou não mediação direta ou intuito de lucro. Não se confunde com prostituição.
Suspensão condicional do processo: Cabe no caput (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: A moralidade pública sexual.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, sem diferença de sexo.
Sujeito passivo: qualquer pessoa, também sem distinção de sexo.
Tipo objetivo: Trata-se de uma espécie de lenocínio, aquele que incorre em tal prática é conhecido como proxeneta . 
 O núcleo de induzir, que possui a significação de persuadir, levar, mover. Segundo Guilherme Souza Nucci significa dar a idéia ou inspirar alguém a fazer alguma coisa, que no caso é satisfazer a lascívia de outrem; ou melhor, “O núcleo induzir é utilizado no sentido não somente de incutir a idéia na vítima, como também de convencê-la à prática do comportamento previsto no tipo penal. 
Conforme a vítima, aqui, é convencida pelo proxeneta a satisfazer a lascívia de outrem” 
Quanto à pessoa que é induzida, registra-se apenas alguém, independentemente do sexo ou idade. O induzimento visa a satisfazer a lascívia, ou seja, a sensualidade, a concupiscência, a libidinagem, por meio de qualquer ato ou prática libidinosa. A lascívia a ser satisfeita é de outrem, isto é, de terceira pessoa, embora o agente também possa participar diretamente de satisfação de luxúria alheia. 
Segundo Rogerio Grecco “Aquele que satisfaz sua lascívia com a vítima induzida não comete o crime do artigo 227 do CP”.
A satisfação da lascívia deve ser de um número determinado de pessoas e não deve haver a cobrança de um preço correspondente pela vítima, afastando-se assim as hipóteses de prostituição ou de outra forma de exploração sexual, que se presentes levam à caracterização do crime previsto no art. 228 do CP.
Não se exige especial motivo do agente para satisfazer a lascívia de outrem, mas se houver fim de lucro, configurar-se-á a figura qualificada.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Segundo Fernando Capez : “Não se trata de crime habitual. Consuma-se com a prática de qualquer ato pela vítima destinado a satisfazer à lascívia de outrem. Não se exige efetiva satisfação sexual desse terceiro 
Tentativa: Admite-se. Haverá a tentativa se houver o emprego de meios idôneos a induzir a vítima a satisfazer o desejo sexual de terceiro e, quando esta está prestes a praticar qualquer ato de cunho libidinoso, é impedida por terceiros”.
Confronto: Se a finalidade é levar a vítima à prostituição, art.228 do CP.
Pena: Reclusão, de um a três anos
Ação penal: Pública incondicionada.
Os parágrafos 1º e 2º trazem circunstâncias qualificadoras
Figura qualificada pela idade da vítima (§ 1º, 1ª parte)
Noção: Se a vítima é maior de 14 anos e menor de 18 anos, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos. Se a vítima induzida for menor de catorze anos, aplica-se o art. 218 do CP, que tipifica a conduta de: “Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfazer a lascívia de outrem: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos”.
Figura qualificada pela autoridade do agente (§ 1º, 2ª parte)
Noção: Se o agente é seu ascendente, descendente, marido, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem a vítima esteja confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos. O dispositivo mencionava apenas o marido. Atualmente ampliou o conceito para cônjuge ou companheiro.
Figura qualificada pela violência, grave ou ameaça de fraude (§2º)
Noção: Se há emprego de violência (física contra pessoa), grave ameaça (promessa idônea de mal sério) ou fraude (ardil, artifício), a pena é de reclusão, de dois a oito anos, além de pena correspondente à violência.
No tocante ao parágrafo 2º, quando é dito que o sujeito ativo responde pelo lenocínio e também pela pena do crime correspondente à violência ( exemplo: lesão corporal), ocorrendo pois concurso de crimes (as penas devem ser somadas). 
Quanto à fraude é o meio enganoso empregado pelo sujeito para induzir ou manter a vítima em erro. Há fraude, por exemplo, se o agente faz crer a vítima que o terceiro é médico e ela está sob tratamento
Figura qualificada pelo fim de lucro (§ 3º)
Noção: Se o agente é movido por fim de lucro, além da pena privativa de liberdade é aplicada também a de multa. Trata-se do chamado questuário, em que o sujeito ativo age com finalidade lucrativa.
O parágrafo terceiro vislumbra a possibilidade do crime ser cometido visando lucro. Trata-se, segundo Fernando Capez, do lenocínio questuário; não sendo necessário que o agente efetivamente obtenha a vantagem visada para que haja a incidência do dispositivo, sendo necessário apenas que almeje o lucro.
Ação Penal: A ação penal será pública incondicionada em quaisquer das formas do crime de mediação para servir a lascívia de outrem.
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual  (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 228.  Induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Observação: O art. 228 objetiva repelir o fomento à prostituição e a qualquer outra forma de exploração sexual, tanto quanto ao incentivo do ingresso da vítima na atividade, como no que tange a criar barreiras à sua saída).
Objeto jurídico: A moralidade pública sexual.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, homem ou mulher.
Sujeito passivo: Qualquer pessoa, sem distinção de sexo ainda que seja prostituta.
Tipo objetivo: O favorecimento da prostituição, previsto no artigo 228, passou a ser chamado: favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual. A forma simples do delito, passou a incriminar a ação de “induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a abandone”. 
Prostituição é o comércio habitual do próprio corpo, para satisfação sexual de indiscriminado número de pessoas. É indiferente o sexo das pessoas envolvidas. Embora, antigamente, só houvesse a prostituição feminina, hoje também a masculina, que se inclui no mesmo conceito. 
Outra forma de exploração sexual: Refere-se ao processo de tirar proveito do trabalho sexual de outros. Ou seja, ocorre no mercado do sexo. É o comércio que tem atividades na qual é vendida a própria relação sexual (prostituição), a imagem do corpo e de relações sexuais ao vivo, por exemplo o strip-tease ou shows eróticos ou pornografia através de filmes ou fotografias.
Exemplo: 1) o pai que, querendo ser promovido, induz sua filha maior de idade a satisfazer a lascívia dos seus superiores para que estes lhe concedam uma promoção, incorre no crime do art. 228, § 1º, do CP, por estar submetendo-a a exploração sexual. 
 Exemplo 2) Advogado, que induz sua assistente a prestar favores sexuais a autoridades em troca de posicionamentos favoráveis nas demandas que patrocina,estará submetendo-a a exploração sexual.
 São as seguintes condutas previstas pelo art. 228 do CP:
 a) Induzir (persuadir, levar, mover) ou atrair (induzir de forma menos direta) alguém à prostituição.
b) Facilitar (prestar auxílio) a prostituição, que se entende ser possível também por omissão, na hipótese de agente com dever jurídico de assistência, como é o caso dos pais, ou outros (CP, art. 13, § 2º), 
c) Impedir que alguém abandone a prostituição, isto é, impossibilitar, opor-se a alguém decidido a deixar a prostituição a abandone. 
d) Dificultar que alguém abandone a prostituição, isto é, colocar empecilhos para alguém decidido a deixar a prostituição a abandone. 
A lei não requer especial finalidade do agente para os comportamentos, todavia, caso ele seja movido pelo fim de lucro, o enquadramento será na figura qualificado do § 3º.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Com o início da vítima na prostituição (nas condutas a e b). Com o prosseguimento na prostituição (na conduta c), em que a infração é de caráter permanente.
Para que o crime do art. 228 se consume basta a vítima se colocar, após a ação do agente de induzir ou atrair à exploração sexual, concretamente à disposição para ser explorada. Ex: a quando já está no prostíbulo à espera dos clientes, mesmo que não chegue a praticar nenhum ato libidinoso já se tem como consumado o crime. 
No tocante à facilitação da exploração sexual, consuma-se o delito apenas com a prática, pelo agente, de ato que colabore para que a vítima passe a ser explorada sexualmente.
Conforme ensina Damásio de Jesus “se o agente, visando facilitar a prostituição da vítima, arranja-lhe um cliente, o crime está consumado com a prática deste ato”). 
Em relação aos verbos típicos “impedir” ou “dificultar” o abandono da atividade de exploração sexual a que está submetida, o crime se consuma quando a vítima, já decidida a abandonar a atividade, é impossibilitada pelo agente ou o mesmo age no sentido de tornar mais difícil esse abandono.
Tentativa: Admite-se.
Pena: Reclusão, de dois a cinco anos.
Ação penal: Pública incondicionada.
FORMA QUALIFICADA:
§ 1º Qualifica o crime se for este praticado por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor (mentor) ou empregador da vítima, ou por pessoa que assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância, cominando pena de reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. 
O rol é taxativo. 
O parágrafo 1º estabelece assim qualificadora na qual é determinante a relação existente entre a vítima e o sujeito ativo do delito.
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude. A pena será de reclusão, de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência. Nesse caso, além de responder pelo crime qualificado evidenciado no parágrafo, o agressor deverá responder também pela pena correspondente à violência (somam-se as penas). 
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Determina a imposição de multa no caso que especifica, visando repelir a cupidez (cobiça, ambição) do agressor.
CASA DE PROSTITUIÇÃO
"Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente:
A redação do dispositivo em destaque também foi determinada pela Lei 12.015/09.
Objeto jurídico: A moralidade pública sexual.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, lembrando-se, porém, que não pratica o crime a prostituta que mantém o lugar para explorar, ela própria e sozinha, o comércio carnal.
Sujeito passivo: A coletividade.
Tipo objetivo: O novo texto deste artigo faz referência apenas a estabelecimento em que ocorra exploração sexual, ampliando a expressão “ou lugar destinado a encontros para fim libidinoso”, previsto anteriormente neste artigo. Mudou-se o enfoque, como se vê, porque o tipo não se refere mais a prostituição ou encontros libidinosos, mas a exploração sexual. 
Assim, motel ou hotel de alta rotatividade, local para onde certamente as pessoas se dirigem para encontros libidinosos, é um estabelecimento lícito, conforme já aceito pela sociedade.
Quanto à manutenção de prostíbulos, esta é vedada pela lei.
 O artigo em referência prevê a conduta “manter” . É crime habitual. 
O verbo típico é manter, que significa sustentar, prover, conservar. Tem sentido de continuidade, permanência, reiteração. Por isso, exige-se habitualidade na conduta, não bastando para a tipificação o comportamento ocasional. 
 A ação pode ser exercida por conta própria ou de terceiro. 
Quanto a “casa de prostituição”, é ela o local onde as prostitutas permanecem para o exercício do comércio sexual ou local onde é feita a exploração sexual .
Indiferente que haja finalidade de lucro (haja ou não intuito de lucro) e a mediação direta do proprietário ou gerente
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Com a manutenção, que exige habitualidade, o crime é permanente.
Tentativa: Não se admite.
Pena: Reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
RUFIANISMO
ART. 230 – Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
Pena: reclusão, de um a quatro anos, e multa.
§ 1º Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
§ 2º Se o crime é cometido mediante violência, grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência." 
Suspensão condicional do processo: Cabe no caput (art. 89 da Lei 9099/95)
Objeto jurídico: Coibir a exploração da prostituição.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, sem distinção de sexo.
Sujeito passivo: Só a meretriz ou o homem que exerça a prostituição masculina, isto é, pessoas que comerciem o próprio corpo com o número indeterminado de fregueses.
Tipo objetivo: O rufianismo diverge da facilitação da prostituição com o fim de lucro porque, nesta, o agente induz a vítima a ingressar no campo da prostituição, enquanto naquele, o agente visa à obtenção da vantagem econômica, de forma reiterada, tirando proveito de quem exerce a prostituição. É o caso, por exemplo, de pessoa que faz agenciamento de encontros com prostitutas, que “empresariam” mulheres etc. O crime pressupõe que o agente receba porcentagem no preço do comércio sexual ou remuneração pela sua atuação.
No primeiro caso, o rufião (ou cafetão) se julga sócio da prostituta e, esta ingressa com a atividade carnal enquanto aquele aufere os lucros, em troca de proteção. No entanto, não é incomum a obtenção de vantagem mediante coação (art. 230, §2º).
No segundo caso, daquele se sustenta pela prostituta, o rufião é o gigolô, que recebe vantagem econômica da pessoa prostituída porque lhe cobre de afetos ou mesmo juras de amor”.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Com a repetição que torna a conduta habitual.
Tentativa: Não se admite.
Pena: Reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
A forma simples de rufianismo não foi modificada. As formas qualificadas, previstas nos §§ 1º e 2º, receberam nova redação.
Idade da vítima, parentesco ou autoridade do agente (§ 1º)
Remissão: A primeira hipótese é de a vítima maior de 14 anos, mas menor de 18 anos. A outra hipótese concerne ao parentesco ou à autoridade do agentesobre a vítima. Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância. O rol também aqui é taxativo.
Pena: Reclusão, de três a seis anos, além da multa.
Violência ou grave ameaça ou ainda mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima, (§ 2º)
Noção: Se há emprego de violência (física contra pessoa) ou grave ameaça (promessa idônea de mal sério) ou ainda mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima, a pena é de reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência (§ 2º).
Além da violência ou grave ameaça, qualificam a infração penal a fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima. 
A violência, grave ameaça ou fraude, no presente caso, devem ter sido empregadas pelo agente no intuito de fazer com que a vítima lhe proporcione o proveito indevido . 
A conduta do agente reprimida pelo art. 230 do CP não é de forçar a vítima a se prostituir ou continuar se prostituindo, mas sim de tirar proveito da sua prostituição. 
Lembre-se que induzir ou atrair alguém à prostituição, ou impedir que deixe de se prostituir é conduta prevista por outro tipo penal (art. 228 do CP).
TRÁFICO INTERNACIONAL DE PESSOAS
Antigamente constava “tráfico de mulheres”. Posteriormente “tráfico internacional de pessoas”. (alteração pela Lei 11.106/05). Atualmente:
"Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual
Art. 231. Promover ou facilitar a entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro.
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.
§ 2º A pena é aumentada da metade se:
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa." 
Objeto jurídico: A moralidade pública sexual.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa
Tipo Objetivo: Promover (dar causa, executar) ou facilitar (tornar mais fácil, ajudar) são os núcleos alternativos do dispositivo. Tais ações devem visar: a) à entrada, no território nacional, de pessoa que nele venha exercer a prostituição; b) à saída de pessoa que vá exercê-la no estrangeiro. Observe-se que a lei menciona que deve haver a finalidade de exercer meretrício. Sendo a entrada o que se pune, a mera passagem pelo país não se enquadra na infração.
É indiferente o consentimento ou não da vítima para caracterização do crime, visto tratar-se de bem jurídico indisponível (moralidade pública sexual e a própria dignidade sexual) protegido pela norma incriminadora.
 Este artigo passou a se referir também, além da prostituição, genericamente a outras formas de exploração sexual.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Com a efetiva entrada ou saída, sendo desnecessário que a mulher exercite, de fato, a prostituição. Ocorrendo o ato de prostituição, caracterizará mero exaurimento (circunstância a ser considerada pelo juiz na fixação da pena)”.
Trata-se de crime de perigo que não exige como resultado indispensável o meretrício
Tentativa: Admite-se. Ex: A hipótese do agente que prepara documentação e compra a passagem e a pessoa é detida antes do embarque para o exterior”.
Pena: Reclusão, de três a oito anos e multa
Ação penal: Pública incondicionada, da competência da justiça Federal (CR/88, art. 109, V).
FIGURA EQUIPARADA (§ 1º) : Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.
CAUSA DE AUMENTO DE PENA (§ 2º): A pena é aumentada da metade se:
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos; Tratando de vítima menor de dezoito anos, se não ficar evidente que a mesma está sendo levada ao exterior para fins de ser explorada sexualmente, ainda assim a conduta reputa-se como criminosa, mas neste caso o fato estará previsto no artigo 239 do ECA (Lei nº 8.069-90):
 “Promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro: Pena – reclusão de 4 (quatro) a 6 (seis) anos, e multa”. 
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
O Rol é taxativo, não admite regra extensiva.
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude. Se há violência (física contra pessoa), grave ameaça (promessa idônea de mal sério) ou fraude (ardil, artifício).
 
 § 3º Fim de lucro : Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa." 
OBSERVAÇÃO: No tocante à competência para a ação penal, que será pública incondicionada
Competência: “Tratando-se de crime internacional, a competência é da Justiça Federal (CF-88, art. 109, V). 
"Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual
Art. 231-A. Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual:
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.
§ 2º A pena é aumentada da metade se:
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
§ 3º Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa." 
Objeto jurídico: A moralidade pública sexual.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: qualquer pessoa
Tipo Objetivo: As condutas que se punem são: Promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual: Promover (dar causa, executar) ou facilitar (tornar mais fácil, ajudar) são os núcleos alternativos do dispositivo: 
1) o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição 
 2) ou outra forma de exploração sexual:.
 Observe-se que a lei menciona que deve haver a finalidade de exercer meretrício ou outra forma de exploração sexual
O tráfico interno de pessoa é aquele que se dá entre pontos do território nacional. Diferencia-se do crime de tráfico internacionaldo interno, conforme leciona Luiz Regis Prado: “Se o agente leva a vítima de uma região a outra do mesmo país, não se caracteriza o delito em epígrafe [tráfico internacional], que pressupõe tráfico internacional e não interestadual. Nesse caso, configurado estará o crime do art. 231-A (tráfico interno de pessoas)”. 
No mesmo sentido o Prof Julio Fabrini Mirabete, que diz: “Pratica, assim, o crime em estudo […] aquele que por uma das condutas descritas colabora para que prostitutas venham a exercer o meretrício em outro local ou região do território nacional etc.”.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Quando promover ou facilitar o deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de exploração sexual:.
Tentativa: Admite-se.
Pena: reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Ação penal: Pública incondicionada, da competência da justiça Federal (CR/88, art. 109, V).
FIGURA EQUIPARADA: § 1º Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la.
No parágrafo 1º, consta outros núcleos para deixar explícitas algumas condutas que também implicam na traficância interna de pessoa para fins de exploração sexual, quais sejam:
 a) agenciar – intermediar negociação;
 b) aliciar – seduzir ou atrair;
 c) vender – trocar por certo preço;
 d) comprar – adquirir por certo preço; 
e) transportar – remover de um lugar para o outro; 
f) transferir – levar de um lugar onde a vítima já exerce a prostituição ou é, de outra forma, explorada sexualmente, para outro onde também exercerá atividade congênere; 
g) alojar – hospedar. 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA: § 2º A pena é aumentada da metade se:
I - a vítima é menor de 18 (dezoito) anos;
II - a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato;
III - se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou
IV - há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.
OBSERVAÇÃO: AS MESMAS CONSIDERAÇÕES DAS CAUSAS DE AUMENTO DE PENA DO ARTIGO ANTERIOR
Fim de lucro (§ 3º) Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa." 
Noção: Se o crime é cometido com o fim de lucro.
Pena: Além da reclusiva, aplica-se também multa.
ATENÇÃO!!!!!
 Art.232. REVOGADO PELA LEI 12.015/09
O art. 232 (“Nos crimes de que trata este Capítulo, é aplicável o disposto nos arts. 223 e 224”) teve que ser revogado, considerando-se a revogação dos artigos 223 e 224 nele referidos
CAPÍTULO VI - DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
ATO OBSCENO
Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público;
Pena: detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Transação: Cabe (art. 76 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: O pudor público.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, independentemente do sexo.
Sujeito passivo: A coletividade.
Tipo objetivo: Segundo Damasio de Jesus: Ato obsceno é a manifestação corpórea, de cunho sexual, que ofende o pudor público. 
As palavras obscenas, por si só, não caracterizam o delito, embora possam configurar a contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor (LCP, art. 61).
A conduta punida é praticar ato obsceno, isto é, praticar ato que ofenda o pudor público, objetivamente, de acordo com o meio e circunstâncias em que é praticado. A conduta deve ser praticada: 
a) em lugar público: acessível a número indefinido de pessoas, todas a pessoas têm acesso (ruas, praças etc.);
b) ou aberto ao público: onde qualquer pessoa que pode entrar, ainda que mediante condições, é aquele cujo acesso é livre ou condicionado (metrô, cinema etc.);
c) ou exposto ao público: que permite que número indeterminado de pessoas vejam; é o lugar devassado, é o local privado visível para quem se encontra num lugar público ou aberto ao público.Ex: Janela, varanda etc
Entende Fernando Capez que se o local for privado: “Se for privado, visível de outro local privado (p. ex., quintal de residência que somente é visível para quem se encontra na residência vizinha), não há o crime em tela, podendo caracterizar o delito de perturbação da tranqüilidade (LCP, art. 65)”.
O ato obsceno pode ser:
Real: Serve ao desafogo da luxúria do agente. Exemplo: a cópula praticada em jardim público.
Simulado: praticado com espírito de emulação, por gracejo. Exemplo: urinar em logradouro público, exibindo aos passantes o órgão sexual.
 Em ambos os casos deve ter conotação sexual, não se enquadrando no dispositivo a manifestação verbal obscena. 
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Com a efetiva prática do ato, independente de que alguém se sinta ofendido (delito formal, de perigo).
Tentativa: É problemática a sua admissibilidade.
Confronto: Se há importunação ofensiva ao pudor, art. 61 da LCP.
Pena: É alternativa: detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
 ESCRITO OU OBJETO OBSCENO
Também não foi alterado o artigo correspondente a este crime, cujo texto abaixo se transcreve:
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
Transação: Cabe (art. 76 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: O pudor público.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, independentemente do sexo.
Sujeito passivo: A coletividade.
Tipo objetivo: Exige-se para configuração do crime o cometimento das seguintes ações: fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob guarda. As ações são relativas a escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer outro objeto obsceno. 
 A finalidade deve ser lucrativa (comércio ou distribuição) ou de exposição pública. 
A expressão “qualquer objeto obsceno” permite interpretação analógica no sentido de incluir, além do escrito, desenho, pintura e estampa, outros objetos que ofendam o pudor público (escultura obscena, por exemplo). 
 	Cumpre dizer que o art. 234 está em franco desuso. 
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Com a efetiva prática do ato, independente de que alguém se sinta ofendido (delito formal, de perigo).
Tentativa: É problemática a sua admissibilidade.
Pena: É alternativa: detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
FIGURA EQUIPARADA: O parágrafo único deste artigo ostenta figuras equiparadas, que dispensam maiores explicações. Diz será aplicada a mesma pena quem:
I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos tido como obsceno.
II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III - realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
 OBSERVAÇÃO: Vale lembrar, outrossim, que ao facilitar ou induzir o acesso de material obsceno a criança (pessoa menorde 12 anos de idade), com o fim de com ela praticar ato libidinoso, o agente comete crime específico, assim previsto no ECA (Lei nº 8.069-90):
 Art. 241-D. Aliciar, assediar, instigar ou constranger, por qualquer meio de comunicação, criança, com o fim de com ela praticar ato libidinoso:
 Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.
 Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:
 I – facilita ou induz o acesso à criança de material contendo cena de sexo explícito ou pornográfica com o fim de com ela praticar ato libidinoso; 
 DISPOSIÇÕES GERAIS
 A Lei 12.015-2009 incluiu no Título VI da Parte Especial do CP disposições gerais que se aplicam a todas as tipificações insertas em tal Título com as quais, por óbvio, houver compatibilidade.
Eis o texto legislado:
Aumento de pena (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
III - de metade, se do crime resultar gravidez; e (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
 O art. 234-A apresenta duas novas causas de aumento de pena em se tratando de crimes sexuais. 
A primeira delas diz respeito à gravidez. Busca-se punir com mais severidade o agente que, em decorrência de seu ato, ainda provocou na vítima uma gravidez certamente indesejada.
 A outra causa de aumento diz respeito à transmissão de doença sexualmente transmissível à vítima. 
Quanto a esta, previu o legislador expressamente que deve o agente saber (dolo direto) ou, pelo menos, que deveria saber (dolo eventual) ser portador da patologia transmitida. 
 Segundo o Ministério da Saúde, doença sexualmente transmissível é uma doença infecciosa adquirida por meio do contato sexual.
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de justiça.(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
 O art. 234-B determina que os processos pertinentes aos crimes contra a dignidade sexual devem correr em segredo de justiça. 
 A expressão segredo de justiça obedece os mesmos moldes do art. 792, §1º, do CPP, que prevê que o juiz pode restringir a publicidade da audiência ou dos atos processuais quando houver risco de escândalo, grave inconveniência ou perigo. 
 Assim, ao decretar o sigilo no processo, este ficará restringido o seu acesso somente às partes.
 ATENÇÃO!!!!!
 Art. 234-C. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
 BIGAMIA
Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento:
Pena: reclusão, de dois a seis anos.
§ 1º. Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos.
§ 2º. Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou o outro por motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Suspensão condicional do processo: Cabe no § 1º (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: A organização da família.
Sujeito ativo: A pessoa casada que contrai novo matrimônio. Quanto à pessoa solteira, viúva ou divorciada, que se casa com pessoa sabe ser casada, é sujeito ativo do crime de bigamia, mas na figura mais branda do § 1º deste art. 235.
Sujeito passivo: O Estado, o cônjuge do primeiro matrimônio e o do segundo, se de boa fé.
Tipo objetivo: O crime consiste em contrair, ou seja, formalizar novas núpcias quando já se está casado. 
Segundo o Código Civil, não podem casar (art. 1.521): 
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; 
II – os afins em linha reta; 
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; 
V – o adotado com o filho do adotante; 
VI – as pessoas casadas; 
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. 
Caso, em qualquer das hipóteses, ciente do impedimento que gere a nulidade, a pessoa vier a se casar, o crime será o do art. 237 do CP (conhecimento prévio de impedimento), exceto na hipótese do inciso VI (as pessoas casadas), quando o crime será o do art. 235 (bigamia), por força do princípio da especialidade. 
Evidentemente, a poligamia também configura o delito em estudo – ou seja, a contração de três ou mais casamentos pela mesma pessoa. Nesta hipótese, no entanto, não haverá um único crime de bigamia, mas vários, em concurso (em continuidade delitiva, se atendidos os requisitos do art. 71 do CP, ou em concurso material, residualmente). É pressuposto (ou elementar) deste crime a existência formal e a vigência de anterior casamento. 
Se for anulado o primeiro matrimônio, por qualquer razão, ou o posterior, por motivo diverso da bigamia, considera-se inexistente o crime (§ 2º do art. 235 do CP). 
Tratando-se de casamento inexistente (pessoas do mesmo sexo ou sem consentimento de uma delas), não há crime. 
A pessoa separada judicialmente (“desquitada”) não pode contrair novo matrimônio enquanto não se divorciar. 
Observação: com a instituição do divórcio entre nós, a prática deste crime tornou-se rara.
União estável: não configurará o crime em hipótese alguma. Duas uniões estáveis, um casamento prévio e uma união estável posterior ou vice-versa. Não importa! A união estável jamais será relevante para o crime de bigamia. Somente ocorrerá o delito quando houver um casamento válido prévio. Por isso, trata-se de crime de forma vinculada, pois só pode ser praticado mediante a contração de segundo casamento, o qual depende do cumprimento de diversas formalidades legais. Da mesma forma, se o casamento religioso não observar o que dispõe os arts. 1.515 e 1.516 do CC, não haverá o que se falar em bigamia.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Erro:  Como o dolo, no âmbito do crime de bigamia, deve necessariamente abranger a ciência da existência de impedimento para o matrimônio, o desconhecimento do agente acerca de tal circunstância caracteriza erro de tipo (CP, art. 20), acarretando a atipicidade do fato. Exemplo: Uma pessoa vem a se casar após ser enganada pelo seu advogado, que lhe cobra honorários sob o argumento de que prestou serviços correspondentes à decretação judicial do seu divórcio. Nesse exemplo, o agente incidiu em falsa percepção acerca de uma situação fática, nota marcante do erro de tipo, excludente do dolo. Vale destacar, porém, que a dúvida do agente no tocante ao seu estado civil configura o delito, a título de dolo eventual.(MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, vol. 3). Assim, eventual erro do agente deve ser aferido de acordo com CP, art. 20 (erro de tipo) ou 21 (erro de proibição).
Consumação: No momento e lugar em que se efetiva o casamento (crime instantâneo de efeitos permanentes).
Tentativa: É duvidosa a admissibilidade, entendendo os que A aceitam que ela começa com os atos de celebração. O processo de habitação não pode ser considerado início de execução.
Pena: Reclusão de dois a seis anos.
Ação penal: Pública incondicionada.
Prescrição: A contagem do lapso prescricional da pretensão punitiva estatal nos delitos de bigamia e falsificação ou alteração de assentamento do registro civil, enquanto não transitada em julgado o decisum condenatório, inicia-se na data em que o fato se tornou conhecido, ex vi do artigo 111, inciso IV, do Código Penal. (TJSP, Ap. Crim.n. 0001177-98.2007.8.26.0116, Rel. Des. Silmar Fernandes. J. 8.9.2013).
Casamento realizado no exterior: O fato de não ter a apelante homologado o seu casamento firmado em solo americano no Brasil não retirou a sua condição de pessoa casada, levando-a a cometer o crime de bigamia quando contraiu as novas núpcias. A própria omissão da recorrente em relação ao primeiro casamento, quando efetuou os trâmites do segundo matrimônio, demonstra a sua condição dolosa, situação que afasta a hipótese de erro de tipo. Não tivesse o intuito doloso a acusada poderia ter se certificado junto ao Cartório de Ipatinga acerca da validade de seu primeiro casamento, evitando-se, assim, a ocorrência do crime. (TJMG, Ap. Crim. 2167812-11.2007.8.13.0313, Rel. Des. Doorgal Andrada. J. 31.8.2011).
Bigamia privilegiada: Casamento de pessoa não casada com a outra casada (§ 1º)
Noção: Em figura destacada, o CP incrimina a conduta de quem, não sendo casado (isto é, sendo solteiro, viúvo, divorciado), contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância.
Tipo subjetivo: Em face da expressão usada (“conhecendo”), requer-se o dolo direto, não bastando o eventual.
Pena: É alternativa a pena privativa de liberdade: reclusão ou detenção, de um a três anos.
Tipo objetivo: Nos termos do § 1º, aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção, de um a três anos. Trata-se de exceção à teoria monista, regra do art. 29 do CP, pois a pessoa casada responderá pelo crime do caput, embora ambos tenham buscado o mesmo resultado, em concurso de pessoas. Ademais, como o § 1º fala em conhecendo essa circunstância, exige-se o dolo direto, não sendo possível a prática do delito quando a pessoa age com dolo eventual.
Causa de exclusão da tipicidade: no § 2º, temos duas situações diversas de exclusão da tipicidade: a) se o primeiro casamento for anulado, por qualquer motivo; b) se o segundo casamento for anulado, desde que a anulação não se dê em virtude da própria bigamia. O dispositivo é aplicável tanto às causas de anulação quanto às de nulidade (arts. 1.521, 1.548 e 1.550 do CC). Entrementes, atenção: enquanto não ocorrer a anulação ou a declaração de nulidade, o agente poderá ser processado pela prática do delito.
Classificação doutrinária: crime simples (ofensa somente a um bem jurídico), próprio (só pode ser praticado por pessoas casadas), material (exige resultado naturalístico para a sua consumação), de dano (causa lesão ao casamento), de forma vinculada (o meio de execução está agregado ao que determina a lei civil), comissivo (exige uma ação), instantâneo de efeitos permanentes (consuma-se no momento em que homologado o casamento, mas seus efeitos se arrastam no tempo), plurissubjetivo (exige a presença de duas pessoas) e plurissubsistente (a execução pode ser fracionada).
INDUZIMENTO A ERRO ESSENCIAL E OCULTAÇÃO DE IMPEDIMENTO
Art.236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja anterior:
Pena: detenção, de seis meses a dois anos.
Parágrafo único: A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Objeto jurídico: A regular formação da família.
Sujeito ativo: O cônjuge induziu em erro ou ocultou impedimento.
Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge enganado.
Tipo objetivo: O crime consiste em contrair novo casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou lhe ocultando impedimento que não seja casamento anterior (se o impedimento for casamento anterior, o crime será o de bigamia, do art. 235). Como o CP não conceitua erro essencial, tampouco elenca as causas de impedimento, deve o intérprete da lei buscar a complementação no Código Civil (portanto, norma penal em branco homogênea): Obviamente, para que o cônjuge-vítima seja induzido, ele deve desconhecer o defeito do cônjuge agente e se por este induzido em erro essencial. A modalidade de induzir exige ação positiva, não bastando a simples omissão ou inação. b) ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior. Como ocultar, entende-se esconder, disfarçar, encobrir. Na opinião dominante dos autores, a ocultação deve ser comissiva, não se tipificando o comportamento de quem simplesmente se omite a declarar o impedimento. Também nesta modalidade, mister se faz que o outro cônjuge seja enganado.
Impedimentos:
Art. 1.521. Não podem casar:
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II – os afins em linha reta;
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – o adotado com o filho do adotante;
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Erro essencial:
Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge:
I – o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado;
II – a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal;
III – a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável, ou de moléstia grave e transmissível, pelo contágio ou herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência;
IV – a ignorância, anterior ao casamento, de doença mental grave que, por sua natureza, torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado.
Ação penal: é a única hipótese, em toda a legislação penal, de ação penal privada personalíssima. Ou seja, somente o ofendido pode ajuizar a ação penal. Caso ocorra o seu falecimento, o direito de queixa não será transmitido. Não é possível a nomeação de curador especial ao incapaz ou o início da ação penal pelo seu representante legal.
Condição de procedibilidade, prescrição e decadência: a ação penal só poderá ser ajuizada depois de transitada em julgado a sentença que anulou ou declarou nulo o casamento. Portanto, o prazo decadencial só correrá a partir desse momento, e não do dia em que se descobre a autoria do delito (regra para a contagem do prazo decadencial). Da mesma forma, o prazo prescricional da pretensão punitiva também só passa a correr da anulação do casamento. Ademais, como já comentado, somente o contraente enganado poderá ajuizar a queixa-crime. Há, por fim, quem sustente que a sentença civil não é somente condição de procedibilidade, mas, sim, condição objetiva de punibilidade.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: No momento e lugar em que se realiza o casamento. Trata-se de crime material ou causal:. Consuma-se com o casamento, que se aperfeiçoa no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados (CC, art. 1.514). Há, entretanto, entendimentos no sentido de tratar-se de crime formal, pois não se exigiria a efetiva dissolução do matrimônio por conta do erro ou do impedimento. Essa circunstância, em nossa opinião, constitui mero exaurimento. (MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado, volume 3). Por se tratar de crime condicionado à anulação ou declaração de nulidade do casamento, não é possível a tentativa.
Tentativa: É juridicamente inadmissível, em razão da condição de procedibilidade inserta no parágrafo único.
Pena: detenção, de seis meses a dois anos.
Ação penal: É de iniciativa privada.
Classificação doutrinária: crime simples (ofensa somente a um bem jurídico), comum (pode ser praticado por qualquer pessoa), material (exige resultado naturalístico para a sua consumação), de dano (causa lesãoà instituição familiar), de forma vinculada (o meio de execução está agregado ao que determina a lei civil), comissivo (exige uma ação), instantâneo de efeitos permanentes (consuma-se no momento em que homologado o casamento, mas seus efeitos se arrastam no tempo), unissubjetivo (pode ser praticado por uma única pessoa) e plurissubsistente (a execução pode ser fracionada).
CONHECIMENTO PRÉVIO DE IMPEDIMENTO
Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta.
Pena: detenção, de três meses a um ano.
Transação: Cabe (art. 76 da Lei nº 9.099/95).
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: A formação da família.
Sujeito ativo: O cônjuge (ou ambos os cônjuges) que contrai matrimônio sabendo da existência de impedimento absoluto.
Sujeito passivo: O Estado e o cônjuge desconhecedor do impedimento.
Tipo objetivo: A conduta que se pune é “contrair” casamento. Para a incriminação, é suficiente que o agente se case conhecendo (sabendo) a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta. 
A conduta consiste em contrair casamento ciente de que está impedido por lei. Como o CP não elenca as hipóteses de nulidade absoluta do casamento, deve o intérprete da legislação buscar a complementação no Código Civil (normal penal em branco homogênea):
Art. 1.521. Não podem casar:
I – os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil;
II – os afins em linha reta;
III – o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante;
IV – os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive;
V – o adotado com o filho do adotante;
VI – as pessoas casadas;
VII – o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte.
Portanto, aquele que, por exemplo, casa com um parente em linha reta, ciente do vínculo, pratica o crime do art. 237 do CP. No entanto, atenção: se a causa de impedimento for o casamento anterior (inc. VI), o crime será o de bigamia. Ademais, se houver o emprego de fraude, para induzir o consorte de boa-fé a errar, o delito será o do art. 236 (induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento). Se ambos os contraentes souberem do impedimento, serão coautores do crime. (CP, art. 29).
Tipo subjetivo: É o dolo
Consumação: 
Tentativa: Admite-se.
Pena: Detenção de três meses a um ano.
Ação penal: Pública incondicionada.
Diferença entre o artigo 237 e o artigo 236 do CP:
Art. 236 – Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior.
Art. 237 – Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta.
Este crime é diferente do art. 236 do CP, pois não se exige da fraude, apenas o modo de agir omissivo do sujeito ativo, se houver impedimento que cause a nulidade absoluta do casamento. Mas, havendo omissão que cause nulidade relativa, daí dizer que se trataria como fato atípico, porém, se houver emprego de fraude neste caso, o sujeito ativo cometerá o crime de induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento, previsto no art. 236, do CP.. Este é crime subsidiário em relação ao delito do artigo 236 CP, pois enquanto neste o agente age fraudulentamente, a fim de enganar o outro nubente, no crime de conhecimento prévio de impedimento, o agente simplesmente não declara tal situação. 
Veja, a título de exemplo, a hipótese do inciso VII do art. 1.521 do CC, causa de nulidade do casamento: (não pode casar) o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Caso o agente, ciente dessa situação, vier a casar com a viúva da vítima de homicídio, sem que ela saiba ser ele o autor do crime, em tese, dois delitos serão praticados: tanto o do art. 236 quanto o do art. 237. Contudo, como houve a intenção de enganar o contraente, prevalecerá o crime do art. 236, que tem penas mais altas. Entretanto, caso a viúva e o homicida, ambos cientes da situação, vierem a se casar, ambos praticarão o crime do art. 237. Portanto, a principal diferença entre os dois delitos é o emprego de fraude, existente somente no primeiro (art. 236). Exige-se, dessa forma, uma conduta comissiva do agente. Ademais, o art. 237 fala somente em causas de nulidade absoluta, redação não repetida no art. 236. Nas palavras de Cleber Masson, se igual comportamento fosse incriminado pelo art. 236 do Código Penal, não haveria razão legitimadora do art. 237 do Código Penal. E o principal argumento repousa na sanção penal cominada a cada um dos delitos. Com efeito, a pena mais grave do art. 236 somente se justifica em razão da fraude utilizada na execução do delito, revelando o caráter subsidiário do art. 237, que será aplicado nas hipóteses de silêncio do agente, ou seja, nas situações em que não houver fraude para a contração do casamento (Direito Penal Esquematizado, volume 3).
SIMULAÇÃO DE AUTORIDADE PARA CELEBRAÇÃO DE CASAMENTO
Art. 238 - Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
OBJETO JURÍDICO: é a regular formação da família, no tocante à ordem jurídica matrimonial.
SUJEITO ATIVO pode ser qualquer pessoa. 
SUJEITO PASSIVO é o Estado e os cônjuges enganados. 
TIPO OBJETIVO: é ATRIBUIR-SE FALSAMENTE (imputar-se, aclamar-se...com falsidade) AUTORIDADE PARA CELEBRAÇÃO DE CASAMENTO. Desta forma, o agente confere a si mesmo, de forma falsa, autoridade para celebrar casamento. Obviamente, o casamento a que se refere o tipo penal é aquele casamento legal, realizado nos moldes do art. 1514 do CC, mas por pessoa que não tinha autoridade para tal. A autoridade competente para celebrar um casamento, consoante as normas legais, é, em regra, o Juiz de Paz (vide art. 98, inc. II, da Constituição Federal). No entanto, em diversas Unidades de Federação no Brasil, o Juizado de Paz não está organizado, cabendo tal incumbência, consoante normatização de cada Estado, ao Juiz de Registro Civil, Juiz de Casamento ou mesmo ao Juiz de Direito com atribuição para tal.
TIPO SUBJETIVO : é o DOLO, consistente na vontade livre e consciente do agente em simular autoridade para celebrar casamento. Desta forma, somente haverá tipicidade na conduta se o objetivo do agente for enganar um ou mesmo os dois nubentes. Sendo a simulação tão somente uma brincadeira ou mesmo praticada numa situação que não possui o condão de gerar qualquer tipo de equívoco, a conduta será atípica. Da mesma forma, o agente deve ser a consciência que não tem competência para celebrar casamentos. Não é admitida a forma CULPOSA.
CONSUMAÇÃO: no momento em que agente pratica qualquer um dos atos relacionados à solenidade de celebração de casamento. Portanto, não se faz necessário que o agente venha a praticar todos os atos previstos na norma ou mesmo concluir a celebração. No momento em que pratica um só ato já consuma o tipo penal, uma vez que age investido na falsa autoridade para celebrar um matrimônio. 
TENTATIVA é possível. Basta visualizarmos a situação de nubentes e convidados prontos para início da cerimônia, o falsário diante de todos (mas sem ainda praticar qualquer ato), chegando a polícia no local e impedindo, por motivos alheios à sua vontade, que viesse a dar início à cerimônia.
Ação Penal é de Iniciativa Pública Incondicionada. A competência para processar e julgar, em regra, é da Justiça Estadual Comum, posto que não é considerado um delito de menor potencial ofensivo. No entanto, é possível, preenchidos os requisitos legais, a suspensão condicional do processo.
Crime subsidiário: Observe-se que a parte final do preceito cominatório (previsão da pena) estabelece que a pena abstrata e ressalva “se o fato não constituircrime mais grave”. Assim, trata-se de um tipo penal subsidiário. Havendo um outro enquadramento legal para a conduta típica descrita no art. 238 do CP, sendo ela mais grave, deverá prevalecer.
SIMULAÇÃO DE CASAMENTO
Art. 239 - Simular casamento mediante engano de outra pessoa:
Pena - detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime 
mais grave.
BEM JURÍDICO TUTELADO é a disciplina jurídica do casamento.
SUJEITO ATIVO: QUALQUER PESSOA
SUJEITO PASSIVO é o Estado e a pessoa ludibriada ou seu representante.
TIPO OBJETIVO: é o SIMULAR (aparentar falsamente, fingir) CASAMENTO (no sentido legal, consoante o disposto no art. 1514 do CCv). Não basta, no entanto, a simples simulação do casamento, pois o tipo penal exige que tal simulação seja destinada a enganar uma outra pessoa. Assim, o agente, na verdade, encena uma farsa, colocando-se na figura de um dos contraentes e resultado no contraente de boa fé a convicção de que está realmente contraindo um matrimônio conforme a lei. Desta forma, é imprescindível para a caracterização do delito que o agente atue de forma a ludibriar o contraente de boa fé. Importante ressaltar que o tipo penal somente se configura se um dos nubentes for enganado. Portanto, a “outra pessoa” que desponta como elementar do tipo penal deve ser obrigatoriamente um dos nubentes. Se os dois nubentes participam da farsa, a conduta poderá ser atípica ou se amoldar em outro tipo penal, dependendo da intenção dos agentes da simulação (estelionato, por exemplo).
TIPO SUBJETIVO: é o DOLO, que consiste na vontade livre e consciente do agente em enganar o outro nubente, simulando um casamento. Não há previsão de modalidade CULPOSA.
CONSUMACAO no momento em que o agente pratica o primeiro ato relacionado à celebração do casamento, ainda que não conclua todo o procedimento. Assim, não é necessário que o casamento simulado venha a se concretizar, basta a prática de um só ato inerente à cerimônia de celebração. 
TENTATIVA é possível, muito embora existam julgados que indicam que, na hipótese da 
vítima descobrir a farsa, antes da prática de qualquer ato cerimonial, a conduta será 
atípica.
A Ação Penal é de Iniciativa Pública Incondicionada. A competência para processar e julgar, em regra, é da Justiça Estadual Comum.
CRIME SUBSIDIÁRIO: Observe-se que a parte final do preceito cominatório (previsão da pena) estabelece a pena abstrata e ressalva “se o fato não elemento de crime mais grave”. 
Assim, trata-se de um tipo penal subsidiário. Havendo um outro enquadramento legal para 
a conduta típica descrita no art. 239 do CP, sendo ela mais grave, deverá prevalecer. Logo, se a simulação tiver por fim obter vantagem indevida, estaremos diante de um crime de estelionato (art. 171 do CP). Se o agente, pretendendo manter relações sexuais com pessoa virgem, que já havia declarado que somente cederia sexualmente após o casamento, simula o ato matrimonial com o intuito de obter praticar conjunção carnal, estaremos diante do tipo penal violação sexual mediante fraude (art. 215 do CP).
ADULTÉRIO (REVOGADO PELA LEI 11.106/05)
Hoje adultério é apenas ilícito civil.
Art. 240. Cometer adultério:
Pena: detenção, de quinze dias a seis meses.
§ 1º. Incorre na mesma pena o co-réu.
§ 2º. A ação penal somente pode ser intentada pelo cônjuge ofendido, e dentro de um mês após o conhecimento do fato.
§ 3º. A ação penal não pode ser intentada:
I – pelo cônjuge desquitado;
II – pelo cônjuge que consentiu no adultério ou perdoou, expressa ou tacitamente.
§ 4º. O juiz pode deixar de aplicar pena:
I – se havia cessado a vida em comum dos cônjuges;
II – se o querelante havia praticado qualquer dos atos previstos no art. 317 do Código Civil.
REGISTRO DE NASCIMENTO INEXISTENTE
Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente;
Pena: Reclusão de dois a seis anos.
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O Estado e a pessoa prejudicada pelo registro.
Tipo objetivo; Promover tem sentido de dar causa, requerer, provocar. A conduta deve visar à inscrição (registro) de nascimento inexistente, isto é, nascimento que não existiu ou nascimento de natimorto.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Coma inscrição do registro civil.
Tentativa: Admite-se
Pena: Reclusão, de dois a seis anos.
Ação penal: Pública incondicionada.
PARTO SUPOSTO, SUPRESSÃO OU ALTERAÇÃO DE DIREITO INERENTE AO ESTADO CIVIL DE RECÉM – NASCIDO
Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu filho de outrem; ocultar recém – nascido ou substituí-lo, suprindo ou alterando direito inerente ao estado civil:
Pena: reclusão de dois a seis anos.
Parágrafo único: Se o crime é praticado por motivo de reconhecida nobreza;
Pena: detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
Suspensão condicional do processo: Cabe no parágrafo único (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Alteração: caput e parágrafo único com redação dada pela Lei nº 6.898/81.
Divisão: O art. 242 do CP, contém quatro figuras distintas em seu caput e a figura privilegiada no parágrafo único.
Parto Suposto (1ª figura)
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Só a mulher.
Sujeito passivo: Os herdeiros prejudicados.
Tipo objetivo: A descrição é dar parto alheio como próprio, nela não se enquadrando o fato oposto de dar parto próprio como alheio. Para a tipificação do art. 242 não basta que a mulher, simplesmente, diga que um recém nascido é seu filho. Mister se faz a criação de situação em que a gravidez e parto são simulados e é apresentado recém nascido alheio como se fosse próprio; ou há parto real, mas o natimorto é substituído por filho de outrem. Não se faz necessário o registro civil.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Com a situação que altera, de fato, a filiação da criança; ou com a supressão ou alteração dos direitos.
Tentativa: Admite-se.
Pena: reclusão, de dois a seis anos. Na figura privilegiada, detenção de um a dois anos, ou perdão judicial.
Ação penal: Pública incondicionada.
Registro de filho alheio (2ª figura do caput)
Observação: A alteração introduzida neste art. 242 deu nova definição penal à chamada adoção à brasileira. Por meio de tal prática, muitos casais, em vez de adotar regularmente uma criança, preferiam registrá-la como sendo seu filho. 
Objeto jurídico: O Estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O Estado e as pessoas prejudicadas pelo registro.
Tipo objetivo: O núcleo é registrar, que tem a significação de declarar o nascimento, promover sua inscrição no registro civil. Pune-se a ação registrar como seu o filho de outrem. Ou seja, o agente declara-se pai ou mãe de determinada criança que, na verdade, não é seu filho, mas de terceira pessoa. O nascimento é real, a criança registrada existe, porém sua filiação é diversa declarada.
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Co o efetivo registro (ou com a supressão ou alteração, na hipótese de reconhecer-se o elemento subjetivo do tipo).
Concurso de crimes, prescrição, pena e ação penal: Iguais do caput.
3) Ocultação de recém nascido (3ª figura do caput)
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: O recém nascido.
Tipo objetivo: Ocultar é esconder, sonegar. Como recém nascido, entende-se a expressão em seu sentido comum e não restrita ao conceito científico. Não basta para a tipificação a mera ocultação; é necessário que esta seja acompanhada da privação dos direitos do recém nascido, isto é,suprindo ou alterando direito inerente ao estado civil.
Tipo subjetivo: É o dolo e o elemento subjetivo que o tipo contém, referente ao especial fim de agir (parasupressão ou alteração). Na doutrina tradicional pede-se o “dolo específico”. Inexiste modalidade culposa.
Consumação: Com a supressão ou alteração dos direitos.
Tentativa: Admite-se.
Pena e ação penal: Igual a 1ª figura.
d) Substituição de recém nascido (4ª figura do caput)
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Os recém nascidos substituídos.
Tipo objetivo: Pune-se a substituição (troca) de recém nascidos, atribuindo-se a um os direitos de estado civil do outro. Não é necessário à configuração o registro de nascimento das crianças substituídas. A troca do recém nascido pode ser por criança viva ou natimorta.
Tipo subjetivo: O dolo e o elemento subjetivo do tipo referente ao especial fim de agir (para alterar ou suprimir). Na escola tradicional é o “dolo específico”. Não há modalidade culposa.
Consumação: Com a efetiva supressão ou alteração dos direitos.
Tentativa: Admite-se.
Concurso de crimes: A eventual falsidade de registro estará absorvida por este crime.
Pena e ação penal: igual a 1ª figura.
Figura privilegiada (parágrafo único)
Noção: Nas quatro figuras do caput, se o crime for praticado por motivo de reconhecida nobreza (generosidade, desprendimento, humanidade, solidariedade, etc.), o juiz poderá aplicar a pena de detenção, de um a dois anos, ou deixar de fixá-la, aplicando o perdão judicial.
Perdão judicial: A Lei nº 6.898, de 30.3.81, inseriu, no parágrafo único, mais um caso de perdão judicial. Quanto a natureza extintiva da punibilidade desse instituto.
SONEGAÇÃO DE ESTADO DE FILIAÇÃO
Art. 243. Deixar em asilo e expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil:
Pena: reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: O estado de filiação.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: A criança lesada em seu estado de filiação.
Tipo objetivo: A norma refere-se a filho próprio ou alheio, de modo que outras pessoas, além dos pais, poderão ser autoras do crime. O comportamento é descrito como deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou inerente ao estado civil. A vítima portanto, deve ser abandonada em instituição pública ou particular, não se enquadrando neste tipo de ação de largar em outro local. Não basta porém, o simples abandono: é necessário que este seja acompanhado de ocultação da filiação ou atribuição de filiação diversa. Não é preciso que se trate de criança já registrada.
Tipo subjetivo: É o dolo
Consumação: Com o abandono de que resulte ocultação ou alteração do estado de filiação.
Tentativa: Admite-se.
Confronto: Vide. Arts. 133 e 134 do CP.
Pena: Reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
Título VII
Dos Crimes Contra a Família
Capítulo III
Dos Crimes Contra a Assistência Familiar
ABANDONO MATERIAL
Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 (dezoito) anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 (sessenta) anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente, gravemente enfermo: (Redação dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos e multa, de uma a dez vezes o maior salário mínimo vigente no País. (Redação dada pela Lei nº 5.478, de 1968)
Parágrafo único - Nas mesmas penas incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive por abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada. (Incluído pela Lei nº 5.478, de 1968)
A lei tutela a família, no sentido de ser observada a regra do Código Civil que estipula a necessidade de assistência material recíproca entre os parentes.
Na primeira modalidade o legislador incrimina o cônjuge ascendente ou descendente que, sem justa causa, deixa de promover a subsistência de seus dependentes. Assim, o sujeito passivo é o cônjuge, o filho menor de 18 anos ou incapacitado para o trabalho, ou, ainda, o ascendente inválido, idoso ou gravemente enfermo. É evidente que só existirá o crime se a vítima estiver passando por necessidades materiais e o agente, podendo prover-lhe a subsistência, intencionalmente deixar de fazê-lo.
Na segunda modalidade, o agente, sem justa causa, deixa de efetuar o pagamento da pensão alimentícia acordada, fixada ou majorada em processo judicial. A existência de prisão civil pela inadimplência do dever alimentar não exclui o crime, mas o tempo que o agente permaneceu preso em sua conseqüência poderá ser descontado na execução penal, sendo, portanto, caso de detração (art. 42 do CP).
Em ambas as hipóteses o crime é omisso próprio e, assim, não admite tentativa. Na primeira figura a consumação se dá quando o agente, ciente de que a vítima passa por necessidades, deixa de socorrê-la. Exige-se permanência no gesto, não havendo crime no ato transitório, em que há ocasional omissão por parte do devedor. Na segunda figura, a consumação ocorre na data em que o agente não paga pensão estipulada.
Nas duas figuras, o crime é permanente.
Por fim, o parágrafo único do art. 244 pune com as mesmas penas o sujeito que frustra ou ilide de qualquer modo o pagamento de pensão alimentícia. Trata-se de punir o emprego de fraude, tendente a afastar o encargo, como, por exemplo, deixar de trabalhar para que o valor da pensão não seja descontado da folha de pagamento, ocultar rendimentos, etc.
ENTREGA DE FILHO MENOR A PESSOA INIDÔNEA
Art. 245. Entregar filho menor de dezoito anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo:
Pena: detenção, de um a dois anos.
§ 1º. A pena é de um a quatro anos de reclusão, se ao agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.
§ 2º. Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro.
Suspensão condicional do processo: cabe no caput e nos §§ 1º e 2º (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Alteração: A Lei nº 7.251/84 deu nova redação o caput e introduziu os dois parágrafos.
CR/88: Sobre pais e filhos, vide arts. 227, § 6º, e 229 da Magna Carta.
Objeto jurídico: A assistência aos filhos menores.
Sujeito ativo: Somente os pais (legítimos, naturais ou adotivos).
Sujeito passivo: O filho menor de 18 anos, independentemente da natureza da filiação.
Tipo objetivo: Entende-se entregar, como deixar sob a guarda ou cuidado. Embora não se requeira que a entrega seja por maior tempo, esse lapso deve ser juridicamente relevante. Incrimina-se a entrega do filho menor de 18 anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo. É necessário, pois, que essa pessoa, a cuja companhia o filho é entregue, possa colocá-lo em perigo moral ou material. Basta a situação de perigo abstrato. Embora a rubrica se refira a pessoa inidônea, a nova redação do dispositivo alcança não só o perigo moral como o material. Como exemplos de pessoas capazes de colocar o menor em risco material, lembre-se dos que podem conduzir a atividades arriscadas, insalubres, temerárias, etc. Quanto ao risco moral, as pessoas que se dedicam à prostituição, crime, contravenções de jogo ou de medicância, etc.
Tipo subjetivo: É o dolo direto (“saiba”) e dolo eventual (“deva saber”).
Consumação: Com a entrega do filho, sem dependênciade efetivo dano moral ou material (crime de perigo).
Formas qualificadas: Quando os pais visam lucro, ou quando da entrega do filho resulta seu envio ao exterior, vide § 1º, desse artigo.
Ação penal: Pública incondicionada.
Figuras qualificadas do § 1º
Noção: O § 1º compreende duas formas qualificadas; a) Fim de lucro; 2) Se o menor é enviado para o exterior.
1ª Forma - Fim de lucro: Incide o § 1º quando a entrega do filho menor é praticada para obter lucro. Basta a finalidade (que é elemento subjetivo do tipo), sendo dispensável o efetivo proveito econômico do país.
2ª Forma – Enviado ao exterior: Pune-se mais gravemente a entrega quando o filho é enviado para o exterior. Tal resultado deve ser imputável ao agente por dolo (ou, ao menos, culposamente). Não incide a figura qualificada se o menor não chega a sair do nosso país.
Confronto: Se o agente “prometer ou efetivar a entrega de filho ou pupilo a terceiro, mediante paga ou recompensa”. Se o agente “promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com o fito de obter lucro”.
Ação penal: Pública incondicionada
Participação autônoma: § 2º
Sujeito ativo: Qualquer pessoa.
Sujeito passivo: Igual ao do caput.
Tipo objetivo: Pune-se quem auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior. Exemplos: preparação de papéis ou passaporte, compra da passagem, embarque, etc.
Tipo subjetivo: É o dolo (vontade de auxiliar a prática do ato, com consciência do destino do menor) e o elemento subjetivo do tipo (“com o fito de obter lucro”). É indiferente que haja ou não risco moral ou material para o menor (“excluído o perigo moral ou material”).
Consumação: Com o ato de auxílio, independentemente da saída do menor ou da obtenção do lucro (crime formal).
Tentativa: Pode haver.
Pena: Do caput, é detenção, de um a dois anos. Dos §§ 1º e 2º, é reclusão, de um a quatro anos.
Ação penal: Pública incondicionada.
ABANDONO INTELECTUAL
Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover à instrução primária do filho em idade escolar:
Pena: detenção, de quinze dias a um mês, e multa.
Transação: Cabe (art. 76 da Lei nº 9.099/95).
Suspensão condicional do processo: Cabe ( art. 89 da Lei nº 9.099/95).
CR/88: Sobre o dever de educação, vide arts. 205, 208, I, e 229
Objeto jurídico: A instrução dos menores.
Sujeito ativo: Somente os pais.
Sujeito passivo: O filho em idade escolar.
Tipo objetivo: Deixar de prover tem a significação de não tomar as providências necessárias. Assim, o agente omite-se nas medidas que podem propiciar instrução primária (de 1º grau) de filho em idade escolar. Para a tipificação impõem-se que a conduta seja sem justa causa (elemento normativo). Como causas justas podem ser lembradas a falta de escolas ou vagas, distâncias a percorrer, penúria da família. O delito configura-se independentemente da legitimidade do filho (CR/88, art. 227, § 6º) e de viver ele, ou não, em companhia dos genitores.
Tipo subjetivo: É o dolo
Consumação: Consuma-se o delito quando, após os sete anos de idade o filho, o agente revela, inequivocamente, sua vontade não cumprir o seu dever (delito omissivo permanente).
Tentativa: Não se admite
Pena: É alternativa: detenção de quinze dias a um mês, e multa.
Ação penal: Pública incondicionada.
ABANDONO MORAL
Art. 247. Permitir alguém que menor de dezoito anos, sujeito a seu poder ou 
confiado à sua guarda ou vigilância: 
I – frequente casa de jogo ou mal-afamada, ou conviva com pessoa viciosa ou 
de má vida; 
II – frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de ofender-lhe o pudor, ou 
participe de representação de igual natureza;
III – resida ou trabalhe em casa de prostituição; 
IV – mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública: 
Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
BEM JURÍDICO TUTELADO é a formação moral do menor de 18 
anos.
SUJEITO ATIVO são os pais ou qualquer pessoa a quem se 
confie a guarda ou vigilância do menor. 
SUJEITO PASSIVO é o menor de 18 anos.
TIPO OBJETIVO : É PERMITIR, no sentido de tolerar, admitir, por ação ou omissão. Deve o agente exercer o pátrio poder, guarda ou vigilância em relação à vítima, menor de 18 anos. O elemento objetivo do tipo penal é completado com as hipóteses previstas nos incisos, cuja frequência é vedada ao menor de 18 anos. 
As situações enumeradas nos incisos são autoexplicáveis. Apenas a considerar que “casa mal-afamada” (inc.I) significa o local onde os preceitos morais não são observados, tais como prostíbulos, locais destinados clandestinamente ao uso de drogas, botecos (bolichos). Já a hipótese do inc. IV, refere-se à mendicância com o objetivo de gerar piedade nas pessoas.
TIPO SUBJETIVO: é o DOLO, não havendo previsão para a modalidade CULPOSA.
CONSUMAÇAO: O crime estará CONSUMADO, nas hipóteses dos incisos I, II e III, 
quando for caracterizada a habitualidade na conduta. Uma só visita aos locais indicados não consuma o tipo penal. Em especial a hipótese do inc. III, por si só já enseja a habitualidade, posto que residir e trabalhar têm o sentido de continuidade. Na hipótese do inc. IV, basta um só ato de mendicância para consumar o tipo penal. No entanto, especialmente em relação ao inciso IV, a jurisprudência tem assentado que é possível a verificação da excludente de ilicitude do estado de necessidade, quando comprovado que não havia outro meio, diante do estado de miserabilidade da família, a não ser tentar angariar dinheiro da forma descrita. 
TENTATIVA: Por se tratar de um crime omissivo próprio, a TENTATIVA não é admitida.
AÇAO PENAL: É crime de ação penal pública incondicionada, sendo competência para 
processar e julgar dos Juizados Especiais Criminais.
INDUZIMENTO Á FUGA, ENTREGA ARBITRÁRIA OU SONEGAÇÃO DE INCAPAZES . Art. 248
Objeto jurídico: a proteção do pátrio poder, tutela e da curatela. 
Sujeito ativo: Qualquer pessoa. 
Sujeito passivo: pais, tutor, curador e os filhos menores, os tutelados ou curatelados.
Tipo objetivo: Punem-se as condutas de:
a) induzir o menor ou interdito à fuga; 
b) confiar o menor ou interdito a outrem, sem autorização do pai ou responsável- denominada “entrega arbitrária; 
c) deixar de entregar o menor ou interdito a quem legitimamente o reclame, sem justa causa; é a denominada “ sonegação de incapaz” 
Tipo subjetivo: É o dolo.
Consumação: Na primeira conduta, a consumação se dá com a fuga do menor ou interdito; na segunda, com a efetiva entrega do menor ou interdito;na terceira modalidade, com a recusa de entregar o menor ou interdito. 
Tentativa: Admite-se.
 Pena: Detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime (infração expressamente subsidiária). 
Ação penal: Pública incondicionada.
SUBTRAÇÃO DE INCAPAZES
Art. 249. Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial:
Pena: detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.
§ 1º. O fato de ser o agente o pai ou tutor do menor ou curador interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda.
§ 2º. No caso de restituição do menor ou interdito, se este não sofreu maus tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
Suspensão condicional do processo: Cabe (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
Objeto jurídico: A guarda de menores ou interdito.
Sujeito ativo: Qualquer pessoa, inclusive pais, tutores ou curadores, se destituídos ou temporariamente privados do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda (§ 1º).
Sujeito passivo: pais, tutores, curadores e, eventualmente, os próprios menores.

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