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LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NO CONTEXTO DA ESCOLA BILÍNGUE: O Ensino de Libras na Escola Bilíngue

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Guarulhos 
2018 
 
 
 
 
LETÍCIA MUNIZ MAGALHÃES DA CUNHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADO 
ESPECIALIZAÇÃO EM LIBRAS E EDUCAÇÃO PARA SURDOS 
 
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NO CONTEXTO DA 
ESCOLA BILÍNGUE: 
O Ensino de Libras na Escola Bilíngue 
 
Guarulhos 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS NO CONTEXTO DA 
ESCOLA BILÍNGUE: 
O Ensino de Libras na Escola Bilíngue 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à 
Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito 
parcial para a obtenção do título de especialista em Libras 
e Educação para Surdos. 
 
 
LETÍCIA MUNIZ MAGALHÃES DA CUNHA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CUNHA, Letícia Muniz Magalhães da. Língua Brasileira de Sinais no Contexto da 
Escola Bilíngue: o ensino de libras na escola bilíngue. 2018. 16 folhas. Trabalho de 
Conclusão de Curso (Especialização em Libras e Educação para Surdos) – Centro 
de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Norte do Paraná, 
Guarulhos, 2018. 
RESUMO 
Em razão de a comunidade surda haver conquistado o direito de frequentar escolas 
bilíngues, por terem reconhecida sua especificidade linguística mediante leis e 
decretos em vigor atualmente que vem movimentando os ambientes escolares, há 
alguns anos, a fim de se adequarem à nova realidade educacional, o presente artigo 
tem por finalidade discutir sobre as práticas de ensino de escolas bilíngues de 
educação para surdos, no que se refere ao ensino da Língua Brasileira de Sinais aos 
envolvidos nessa dinâmica diferenciada, que visa nada mais que o desenvolvimento 
integral do aluno surdo para exercício da cidadania com autonomia, trazendo uma 
análise sobre as dificuldades, ainda encontradas no uso e difusão da Língua de Sinais 
nesse contexto. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica que envolve leis e 
decretos, bem como títulos de autores que tratam da educação de surdos e ensino da 
Libras como primeira língua para surdos e segunda língua para ouvintes. As fontes 
citadas evidenciam que as famílias, na maioria das vezes, apresentam dificuldades 
em aceitar a condição de seu familiar surdo, por haver uma certa disparidade de 
concepções entre educação e saúde e, ainda, há falta de conhecimento a respeito da 
especificidade cultural desse grupo, até mesmo por profissionais da educação. 
 
Palavras-chave: Escola Bilíngue para Surdos. Ensino de Língua de Sinais. 
Comunidade Escolar. Uso e Difusão da Libras. Educação de Surdos. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 13 
 
2 DESENVOLVIMENTO ............................................................................................ 7 
2.1 SURDO OU DEFICIENTE AUDITVO, QUEM SÃO?Erro! Indicador não 
definido. 
2.2 LIBRAS: QUE LÍNGUA É ESSA............................................................................17 
 
2.3 ESCOLA DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS .......................................18 
 
2.4 O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS NA ESCOLA BILÍNGUE...............................19 
 
3 CONCLUSÃO ....................................................................................................... 22 
 
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 23 
 
5 
 
1 INTRODUÇÃO 
O ensino da Língua Brasileira de Sinais passou a ganhar visibilidade e status 
de disciplina a partir da regulamentação da Lei de Libras pelo Decreto nº 5626, de 22 
de dezembro de 2005. É no capítulo IV desse documento que se prevê o uso e difusão 
da Libras para o acesso das pessoas surdas à educação. E, o capítulo II, trata da 
inclusão da Libras como disciplina curricular em alguns cursos de graduação. Já no 
capítulo VI aparece a garantia do direito à escolas e classes de educação bilíngue. 
Assim, é esse documento que servirá de base para as questões apresentadas aqui. 
A Língua Brasileira de Sinais (Libras) na escola bilíngue para Surdos é o veículo 
condutor do conhecimento pois é por meio da Língua de Sinais, exclusivamente visual, 
que o aluno surdo passa a acessar todos os tipos de informações, das mais simples 
às mais complexas e abstratas; das de teor familiar às de conteúdo específicos de 
disciplinas acadêmicas. Por isso o ensino da língua não pode ser restrito apenas aos 
alunos surdos, mas aos que com eles convivem: familiares, colegas ouvintes e 
profissionais da escola. Num âmbito maior, em termos de sociedade seria de todo 
desejável que Libras fosse ensinada em todas as escolas como disciplina obrigatória, 
pois os surdos estão presentes em todos os segmentos da sociedade e tem direito a 
se comunicarem livremente e serem autônomos. 
Com o advento das leis e decretos esse sonho deixa de ser uma ideia e passa 
a ganhar espaço na prática de algumas instituições. Hoje mais pessoas veem a Língua 
de Sinais de forma diferente, com maior conhecimento, mas ainda é pouco em relação 
a necessidade. Apesar da legislação, ainda se encontra muita resistência e 
desconforto quanto ao uso da Libras. 
É possível perceber claramente, por meio de estatísticas simples, que a maioria 
dos familiares de surdos não tem o domínio da língua de sinais e muitos deles ainda 
reproduzem falas ou comportamentos que priorizam o uso da língua oral. Surdos de 
todas as idades e níveis severos de perda auditiva, ainda passam por escolas 
regulares antes de chegarem a escola bilíngue ou lá permanecem por vários anos 
antes de terem sua especificidade percebida. 
No que se refere a educação de surdos e ensino da Libras há que se levar em 
consideração algumas questões de bastante relevância: O que vem a ser uma escola 
ou polo bilíngue de educação para surdos? O que a caracteriza como tal? Quem são 
as pessoas envolvidas nessas comunidades escolares? Que línguas são utilizadas e 
6 
 
de que maneira são ensinadas nesses espaços? Qual a necessidade e importância 
dessas línguas? Quem é responsável pelo ensino e quem deve aprende-las? Surdos 
precisam aprender Libras? Libras pode ser uma disciplina para ouvintes? 
O presente tema ganha real significado ao buscar respostas a essas questões 
que permeiam a realidade de surdos, familiares e docentes de alunos ouvintes do 
ensino regular que compõem escolas bilíngues. E não apenas destes, mas dos 
diversos profissionais da escola, que no geral atendem ao público surdo sem 
conhecer, geralmente, as peculiaridades linguísticas em que estão inseridos. 
Além de contribuir para o conhecimento e as práticas no ambiente da escola, a 
presente pesquisa, realizada por meio de referenciais teóricos que tratam dessas 
questões, tem por objetivo também esclarecer possíveis dúvidas da comunidade 
escolar a respeito da necessidade do ensino da Libras na escola de ensino bilíngue 
para surdos, pois apesar de serem participantes e atuantes na vida dos alunos, muitos 
desses personagens ainda não se apropriaram, até hoje de conceitos relativos à 
cultura e Língua da comunidade surda. 
Com isso pretende-se analisar qual a prioridade deve ser dada à língua de 
sinais e à língua oral na escola bilíngue, quem são as pessoas envolvidas nesse 
processo de ensino e aprendizagem, os papeis que desenvolvem e como isso tudo 
implica na vida e formação do aluno surdo como cidadão e ser autônomo. Procurando 
contribuir para o enriquecimento de informações a respeito do uso e difusão da Libras. 
 
 
7 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
Desde que o conjunto dos sinais utilizados pela comunidade surda do Brasil 
ganhou statusde Língua por meio da Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002 
regulamentada pelo Decreto nº 5626 de 22 de dezembro, muita coisa passou a 
acontecer no sentido de efetivar e qualificar o oferecimento dos serviços de educação 
e saúde para os surdos em geral. Nela se define: diferença entre surdos e deficientes 
auditivos, do que se trata a Libras e os direitos relativos aos atendimentos médicos e 
educacionais. Nesse sentido tornou-se necessário estabelecer critérios para o ensino 
dessa língua: quem é o usuário principal e quais as concepções se tem sobre ele? 
Quem deve ser responsável pelo ensino e qual a formação necessária para isso? 
Quem deve aprender para garantir o pleno desenvolvimento do aluno surdo? 
Apesar da legislação ainda há alguns problemas que ocorrem no processo de 
ensino da Libras. Nem todos os que deveriam estar interessados, teoricamente, 
encontram facilidade para desenvolver o aprendizado da língua. Por que isso ocorre? 
O que causa essa disparidade entre o ideal e o real? 
 
SURDO OU DEFICIENTE AUDITVO, QUEM SÃO? 
Surdez e deficiência auditiva são dois termos que definem duas condições 
físicas diferentes. Surdo é aquele que não é capaz de receber informação auditiva de 
nenhum tipo. Deficiente auditivo seria aquele que, dependendo do caso, com o uso 
de um aparelho amplificador sonoro, específico para o grau da perda e terapia 
fonológica, pode vir a desenvolver a língua oral, até com bastante qualidade de 
pronúncia. Vale ressaltar que, há surdos de graus severo e profundo, que chegam a 
desenvolver a fala com intervenções terapêuticas específicas, pois isso depende do 
grau de interesse e esforço empregado pelo surdo. Há surdos que preferem utilizar a 
língua oral, deficientes auditivos que abandonam aparelhos e escolhem a língua de 
sinais para comunicação e representantes dos dois grupos que se utilizam das duas 
formas de comunicação. Vai de cada um e cada ser é livre para escolher a forma com 
que se comunica e devem ser respeitados em sua individualidade, sem 
generalizações. 
Surdos e deficientes auditivos não devem ser considerados mudos e nem 
receber esse tipo de classificação, de forma genérica como muitos os nomeiam. A 
mudez é uma condição que deve ser examinada de forma diferente e específica. 
8 
 
A definição mais comum e conhecida de pessoa surda, no geral, nos diversos 
dicionários de língua portuguesa é: “indivíduo que não houve” ou “privado do sentido 
da audição”. Porém, para o efeito do decreto citado, 
...considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda auditiva, compreende 
e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua 
cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais – Libras. 
(Decreto 5.626 de 2005,) 
 
E ainda, sobre os que recebem a informação auditiva de modo parcial ou com 
algum tipo de desvio, em diferentes níveis de perda, e podem ser classificados como 
deficientes auditivos, o documento diz que 
...considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de 
quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências 
de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz. (Decreto 5.626 de 2005,) 
 
Para muitos deles, ser surdo vai além de uma condição física e sensorial, está 
vinculada a uma condição social de pertencimento à uma cultura visual, com 
características típicas e diferenciadas dos de cultura ouvinte. 
Mas apesar de existir diferença entre uma condição e outra, 
 
 Dentro do povo surdo, os sujeitos surdos não diferenciam um de outro de 
acordo com o grau de surdez, e sim o importante para eles é o pertencimento 
ao grupo usando a língua de sinais e cultura surda que ajudam a definir as 
suas identidades surdas. (Strobel 2008) 
 
 A cultura visual é o que distingue o surdo de um ouvinte. Seus modos de agir 
e entender o mundo. 
A maioria dos sujeitos estão habituados a apelidar de “artefatos” os objetos 
ou materiais produzidos pelos grupos culturais, de fato, não são só forma 
individuais de cultura materiais, ou produtos definidos da mão-de-obra 
humana, também podem incluir “tudo o que se vê e sente” quando se está 
em contato com a cultura de uma comunidade, tais como materiais, 
vestuários, maneira pela qual um sujeito se dirige a outro, tradições, valores 
e normas, etc. (Strobel 2008) 
 
 A partir dessa visão da cultura, é possível compreender o ser surdo para além 
das definições técnicas especificadas pela ciência decorridas de perspectivas 
patológicas. 
 De acordo com Pereira, existem duas concepções de surdez que apresentam 
pontos de vista diferentes em relação ao indivíduo surdo conhecidas como: clínico-
patológica e socioantropológica 
 A primeira vê a surdez como sendo uma patologia que deve ser tratada e o 
surdo como deficiente. 
Nessa concepção de surdez, a linguagem oral é vista imprescindível para o 
9 
 
desenvolvimento cognitivo, social, afetivo-emocional e linguístico do surdo. A 
educação converte-se em terapêutica (reparadora e corretiva), e o objetivo 
do currículo escolar passa a ser dar ao sujeito o que lhe falta – a audição – e 
sua consequência mais visível – a fala. (Pereira 2011) 
 
 A segunda tem a surdez apenas como sendo uma diferença no que se refere 
ao acesso às informações em geral, não como uma deficiência restritiva. 
 
Nessa concepção, o surdo é considerado membro de uma comunidade 
minoritária, com direito à língua e cultura próprias. (Pereira 2011) 
 
 É aqui que se estabelece o ponto de desacordo. É a partir desse ponto que se 
pode confirmar as dificuldades que se encontram para o desenvolvimento da língua 
de sinais por surdos e ouvintes, pois o interesse para tal aprendizado se origina da 
concepção que se tem a respeito do surdo e sua necessidade. 
 
2.1 LIBRAS: QUE LÍNGUA É ESSA? 
A língua de sinais utilizada no Brasil tem origem na língua de sinais francesa, 
pois, pelo que se sabe 
No Brasil, a educação dos surdos teve início durante o Segundo Império, com 
a chegada do educador francês Hernest Huet, ex-aluno surdo do Instituto de 
Paris, que trouxe o alfabeto manual francês e a Língua Francesa de Sinais. 
Deu-se origem à Língua Brasileira de Sinais, com grande influência da Língua 
Francesa. (Honora 2009) 
 
E, de acordo com registros históricos, tudo começou com intenção educacional: 
...Hernest Huet, surdo francês chegou ao Brasil em 1856, a convite de D, 
Pedro II, para fundar a primeira escola para meninos surdos, o Instituto 
Nacional de Educação de Surdos (INES), que foi inaugurado no dia 26 de 
setembro de 1857, o qual recebeu o nome de Imperial Instituto de Surdos-
Mudos, com o propósito de desenvolver a educação dos surdos brasileiros. 
(Rodrigues 2011) 
 
Apesar disso, a Libras foi reconhecida como língua oficial apenas em abril de 
2002, porém, para o surdo a Libras não é apenas a Língua Brasileira de Sinais, 
reconhecida por lei, como meio de comunicação utilizado pelas pessoas que compõe 
as comunidades surdas do país, mas sim como um elemento da identidade cultural. 
Ela não só possibilita a comunicação simples entre eles, mas também o acesso a 
conhecimentos mais profundos inclusive sobre outras culturas e o mundo ouvinte. 
Apesar de não ser uma língua universal, os surdos em geral fortalecem sua 
identidade e cultura visual por utilizar-se de alguma delas. Seja a língua de sinais 
convencional de qualquer país ou simplesmente elementos não verbais de 
10 
 
comunicação gestual (pantomima). 
A Libras não é a língua portuguesa transformada em sinais. São línguas 
distintas, de modalidade diferente uma da outra: 
As línguas de sinais distinguem-se das línguas orais porque utilizam o canal 
visual-espacial em vez do oral-auditivo. Por esse motivo são denominadas 
línguasde modalidade gestual-visual (ou visual-espacial), uma vez que a 
informação linguística é recebida pelos olhos e produzida no espaço, pelas 
mãos, pelo movimento do corpo e pela expressão facial. (Pereira 2011) 
 
As línguas orais e de sinais são diferentes mas seguem o mesmo princípio de 
possuir e seguir um conjunto convencional de símbolos e regras de combinação 
desses, o léxico da língua. 
Trata-se de uma língua que deve ser estudada, inclusive pelos usuários dela 
que pretendem se tornar profissionais tanto do ensino quanto da tradução e 
interpretação. 
2.2 ESCOLA DE EDUCAÇÃO BILÍNGUE PARA SURDOS 
Entende-se por comunidade escolar o “conjunto das pessoas envolvidas 
diretamente no processo educativo da escola e responsáveis pelo seu êxito; é o corpo 
social da escola composta por docentes, discentes, outros profissionais da escola e 
pais ou responsáveis pelos alunos”, de acordo com a Fundação Bunge, 2018. 
Escola de educação bilíngue é aquela que utiliza duas línguas em seu contexto 
de educação, conforme versa o decreto nº5626, capítulo VI, §1º: 
São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que 
a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de 
instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. 
(Decreto 5.626 de 2005,) 
 
Assim sendo, compreende-se que a comunidade escolar de uma escola de educação 
bilíngue para surdos, deve estar totalmente empenhada no que se refere ao sucesso 
do educando surdo e, em consequência disso, envolvida, até certo ponto com a língua 
de sinais. 
 
 E, de acordo com Quadros (2006), existem diferentes formas de proporcionar 
educação bilíngue para surdos e isso depende de decisões político-pedagógicas. Mas 
independente do contexto educacional, todas elas dependem da presença de 
professores bilíngues, pois ensinar uma segunda língua, necessariamente, 
pressupõe a existência de uma primeira e, ao optar pelo oferecimento de educação 
11 
 
bilíngue, assume-se uma política linguística em que duas línguas deverão coexistir no 
mesmo espaço educacional. Também, para isso deve ser definida a primeira e 
segunda língua e qual função cada uma irá representar no ambiente escolar. 
Das formas conhecidas e denominadas de educação bilíngues para surdos, 
ainda segundo Quadros (2006), no Brasil, há escolas em que a língua de instrução é 
a Libras e a língua portuguesa é ensinada como segunda língua. Outras adotam essa 
prática apenas nas turmas das séries iniciais do ensino fundamental, sendo que nas 
demais, a língua de instrução passa a ser a língua portuguesa, mas com a presença 
de intérpretes de Libras e o ensino da segunda língua ocorre na sala de recursos. Há 
ainda outras em que há intérpretes de Língua de sinais desde o início da vida escolar, 
dessa forma o profissional intérprete passa a assumir papel de professor utilizando a 
Libras como língua de instrução nas séries iniciais. 
 Há ainda escolas de polo bilíngue, onde existe uma ou mais classes de ensino 
bilíngue para surdos inserida em uma escola de ensino regular, conforme prevê o 
decreto 5626, no capítulo 6, e que funcionam em algumas redes municipais. Onde, os 
alunos surdos tem contato direto com colegas e funcionários ouvintes da escola em 
vários momentos. Nesse caso, nas classes dos surdos a língua de sinais é utilizada 
como primeira língua, de instrução. Nas classes dos ouvintes, a primeira língua será 
a língua oral. 
Assim sendo, escola bilíngue, é uma escola com duas línguas, onde, 
teoricamente, todos devem procurar desenvolver aquela que está sendo ensinada 
como segunda língua, com a finalidade de interagir também com ela. Para isso a 
comunidade escolar deve ter claro essa condição; deve incorporar e desenvolver 
conhecimento e comportamento de respeito à cultura e modo de viver do outro, além 
de simplesmente aprender a língua. 
2.3 O ENSINO DA LÍNGUA DE SINAIS NA ESCOLA BILÍNGUE 
Diante das definições apresentadas sobre a língua de sinais de um modo geral, 
quem são os sujeitos interessados diretos e usuários dessa língua e escola de 
educação bilíngue para surdos, segue-se no sentido de discutir sobre as motivações, 
os papeis das pessoas envolvidas e as dificuldades encontradas no processo de 
ensino e aprendizagem da Libras no ambiente escolar. 
O ensino da Língua de sinais, assim como o ensino de qualquer outra língua 
12 
 
deve levar em consideração os fatores culturais da comunidade usuária dela. 
Portanto, cabe ao professor propiciar aos aprendizes uma visão sobre os 
aspectos educacionais, linguísticos da Libras, bem como sobre a cultura 
Surda. (Pereira 2011) 
 
No ensino da Libras, segue-se metodologias próprias para cada fase da 
aprendizagem. Geralmente se vê o oferecimento dos níveis básico, intermediário e 
avançado, no caminho de se chegar à fluência mínima necessária para a 
comunicação com um surdo usuário dessa língua. Também, ao longo dos anos foram 
observadas mudanças de métodos, tanto no ensino da Libras quanto no das línguas 
estrangeiras, que de acordo com Pereira (2011), antes davam mais ênfase ao código 
da língua, isto é, vocabulário e regras gramaticais. Era considerado um processo 
mecânico de formação de hábitos. Mas, nos últimos anos, o foco passa a ser o uso 
da língua conhecido como método comunicativo. Assim, o papel do professor não é o 
de corrigir visando o acerto, mas o de inserir o aluno em atividades em que seja 
exposto à língua e sua utilização. Nesse sentido o professor passa a ser um facilitador 
do processo de aprendizagem. Um fator que deve ser levado em consideração no 
ensino da Libras para ouvintes é que, em um curso básico, de acordo como Wilcox e 
Wilcox, os alunos devem ser livres para questionar em sua própria língua nativa. 
Mediante o exposto fica estabelecido o papel do professor de Libras que, de 
acordo com o Decreto nº 5626, anteriormente citado, seja preferencialmente surdo, 
pois tendo eles preferência nos cursos de formação, consequentemente, levarão 
consigo, a responsabilidade maior de difundir a língua e cultura entre alunos surdos e 
ouvintes, aprendizes da língua, visto que são os usuários nativos. 
Em se tratando, especificamente, de escola de polo bilíngue, o ensino da Libras 
deve ser direcionado à toda comunidade escolar. Alunos surdos e ouvintes, 
professores das classes regulares, pais de alunos, pessoal da gestão e demais 
funcionários. Cada grupo com objetivos e intenções diferentes e direcionados ás suas 
áreas de atuação. Aos pais, por exemplo, a principal finalidade seria a interação com 
o filho para auxiliar nas tarefas escolares e orientações gerais, bem como possibilitar 
o estreitamento das relações afetivas, buscando aproxima-los. Já aos alunos surdos, 
é recomendável que, depois de haver se apropriado dos vocabulários e maneiras de 
uso da Libras, passem a estudar sua estrutura e gramática em geral, pois assim 
passam a entender a importância de valorizar e defender sua língua e, até mesmo, vir 
a ensina-la com propriedade. Para os alunos ouvintes o intuito é o de propiciar mais 
13 
 
momentos de interação com os alunos surdos, ampliando o uso da língua dentro do 
ambiente escolar, tornando favorável ao desenvolvimento social, sem segregação e 
estranhamento, pois, ao conhecer e participar da cultura do outro, deixam de olhar 
com diferenças. Aos demais profissionais da escola, os adultos em geral, além da 
socialização está o cuidado e orientações inerentes de cada setor: limpeza, cozinha, 
professores especialistas e gestão. 
Com isso, aos alunos surdos seria garantido um desenvolvimento mais amplo 
de suas potencialidades e com menos experiencias frustrantes por conta da diferença 
sensorial. Mas nesse caminho,ainda, são encontrados muitos empecilhos que travam 
essa dinâmica ideal, fazendo permanecer o fracasso escolar e social dos indivíduos 
surdos. 
A dificuldade encontrada pela família em desenvolver a aprendizagem da 
língua de sinais está estreitamente relacionada àquela concepção clinico-patológica, 
pois 
Quando o médico apresenta o diagnóstico da surdez, os pais ficam chocados, 
deprimem-se e culpam-se por terem gerado um filho dito ‘não normal’ e ficam 
frustrados porque veem nele um sonho desfeito. 
 
 Assim contribuindo para a continuidade da atual realidade de defasagem, pois 
são levados a acreditar na cura e possível desenvolvimento da fala, investem muito 
tempo e esperanças nesse sentido, fazendo com que o aluno surdo crie expectativas 
e perca muito tempo antes de iniciar o estudo em classe bilíngue e mesmo quando 
chegam, geralmente apresentam ainda muita resistência à educação com a utilização 
da língua de sinais. 
Outro aspecto a ser levado em consideração, no que se refere ao 
desenvolvimento da aprendizagem da língua de sinais é a maneira como a escola, de 
um modo geral, é organizada. Segue currículos e métodos normativos que visam o 
alcance de determinados graus de instrução e evolução de acordo com os padrões 
estabelecidos. 
A escola está preparada para uniformizar para uniformizar os sujeitos que 
devem ser ‘livres’, educados e servis. Essa dificuldade em trabalhar com as 
diferenças não se observa só na escola, mas em todas as instituições 
modernas que se deparam com o crescimento material gerado pela ciência e 
tecnologia. (Skliar, 2005) 
Ela é reflexo da sociedade em que está inserida, das intenções governamentais 
14 
 
e segue, geralmente, os padrões sociais. Por muito tempo o padrão para a educação 
de surdos foi a oralização, uma imposição de uma maioria que acreditava ser essa a 
melhor opção sem dar atenção aos principais interessados no processo. Com o 
advento das leis e decretos sobre a inclusão, de um modo geral, essa normalização 
tem sido balada, repensada, desconstruída e reconstruída a partir da perspectiva 
socioantropológica, citada anteriormente. 
A partir dessa perspectiva, as alternativas teórico-pedagógicas vem se 
alicerçando em um modelo sócio-antropológico de educação, na qual a 
comunidade surda e a Língua de Sinais exercem um papel fundamental na 
tentativa de uma reconstrução educativa, pensada através de uma 
reestruturação curricular. (Skiliar 2005) 
Assim, não tem como a educação de surdos seguir o mesmo sistema dos 
conteúdos e métodos utilizados na educação para ouvintes. 
 
CONCLUSÃO 
 
Procurando contribuir para o enriquecimento de informações a respeito do uso 
e difusão da Libras, com o presente estudo foi possível perceber que importantes 
esforços estão sendo empregados no sentido de garantir que providências sejam 
tomadas no sentido de fazer com que as leis sejam cumpridas e ao mesmo tempo 
contempladas as ansiedades e necessidades de alunos surdos. 
Contudo, é notório que esse movimento leva tempo até que seja instituído um 
sistema completo, de modo satisfatório. Diante disso, hoje, toda a comunidade escolar 
enfrenta situações adversas: professores que sofrem a fim de adequar conteúdos 
pensados para alunos ouvintes; intérpretes de Libras com formação acadêmica mas 
sem a fluência prática, necessária; pais que esperam resultados equivalentes aos 
deles e que não conhecem seus filhos; gestão com dificuldades de orientar e 
acompanhar conteúdos, métodos e didática tão específicos e ainda em construção. 
Além do que, todos carregam consigo uma herança de tradição ouvinte. 
Com esse estudo fica evidente que o ensino de língua de sinais na escola 
bilíngue é uma necessidade atual e urgente no sentido de ajudar a formar cidadãos 
surdos autônomos, sendo contemplados nos aspectos mais básicos de sua vida como 
afetividade, educação e conhecimento de mundo. 
15 
 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto nº 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436 
de 24 de abril de 2002 que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS. 
Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 22 dez.2005. 
 
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