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Revista Científica do HMC
COMISSÃO DE PUBLICAÇÃO/PUBLISHING COMMITTEE
DIRETORIA EXECUTIVA/Executive Directory
Luis Márcio Araújo
Administrador de empresas, Administração financeira e
MBA Executivo em Saúde
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Médico especialista em endocrinologia e advogado
CONSELHO EDITORIAL/Editorial Board
Alessandra Barbosa de Oliveira Andrade
MSc. Eng. Produção, fisioterapeuta
Alexandre Silva Pinto
Médico especialista em anestesiologia, TSA/SBA
Allan Patryck Bassotto Lino
Fisioterapeuta especialista em fisioterapia com ênfase
em terapia intensiva
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Farmacêutica
Ana Rosa dos Santos
Médica especialista em clínica geral, alergia e imunologia
Cláudia Maria Barbosa Salles
Médica especialista em gastroenterologia
Daniel Costa Chalabi Calazans
Médico especialista em nefrologia
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Médico especialista em neurocirurgia, membro titular da 
SBN
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Médico especialista em coloproctologia
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Enfermeira, MBA em Gestão Empresarial, especialista em
auditorias ONA e NIAHO/DIAS
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Enfermeira, especialista em Urgência e Emergência e
em Educação profissional na área da saúde.
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Médico especialista em neurologia
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Médico especialista em cirurgia cardiovascular
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Médico especialista em clínica geral
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saúde, especialista em auditorias ONA e NIAHO/DIAS
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Médico especialista em hematologia e hemoterapia
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Analista de sistemas, MBA em Administração e
qualidade
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SBCI
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Farmacêutica, bioquímica, MBA em Gestão Empresarial
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Eng. Indl., Inovação e tecnologia, Black Belt
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Médico urologista, membro titular da SBU
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Médico especialista em ginecologia e obstetrícia, MSc.
em Saúde da mulher
Roberto Martins de Andrade
Fisioterapeuta especialista em gestão hospitalar
Solange Liege dos Santos Prado
Pedagoga especialista em gestão escolar
Soraya Alves Pereira
Médica especialista em otorrinolaringologia, membro
titular da SBO
Teresa Rodrigues Sérgio
Cirurgiã dentista bucomaxilofacial
Vera Lúcia Venâncio Gaspar
Médica pediatra, MSc. em Pediatria
Vivian Ribeiro Miranda
Enfermeira, MSc. em Meio Ambiente e Sustentabilidade
INFORMAÇÕES TÉCNICAS/Technical Information
Flávia Aparecida Durães Ferreira
Revisão
Café c/ Design
Design Editorial
S U M Á R I O /CONTENTS
Rotura espontânea de artéria mamária: relato de caso
Spontaneous mammary artery rupture: a case report
Eduardo Gonçalves Martins da Costa, Fernando Simões de Sena, Thiago Mosci
04
Síndrome de Budd-Chiari: relato de caso
Budd-Chiari Syndrome: a case report
Aloísio Bemvindo de Paula, Carolina Micherif Barbosa, Lívia Maria Barros Silva Bueno, Thaygra Thays Assunção Silva
53
Normas para publicação 59
Síndrome do Desfiladeiro Cervicotorácico: avaliação pós-operatória do resultado 
clínico e funcional
Thoracic Outlet Syndrome: post-operative evaluation of clinical and functional result
Ulins Soares de Freitas Júnior, Pedro Henrique Braga, Felipe de Magalhães Leão Luz, Luiz Henrique Vilela
09
Neurofibromatose Tipo 2: relato de caso
Neurofibromatosis Type 2: case report
Rafael Cavalcante Carvalho, Gustavo Coessens Caires, Tania Gonçalves dos Santos
22
Síndrome Wolff-Parkinson-White e anestesia: relato de caso
Wolff-Parkinson-White and Anesthesia Syndrome: a case report
Roberto Cardoso Junior, Alexandre Silva Pinto
28
Hérnia interna pós-gastroplastia em Y-de-Roux em gestante: um relato de caso
Internal hernia in a Post-Roux-En-Y gastric bypass pregnant woman: a case report
Juliano Nogueira Morais, Paula Lutfalla Pessoa, Mariangela Latini de Miranda
42
Diagnóstico por imagem de abscesso peripancreático secundário à perfuração 
gástrica por corpo estranho: relato de caso
Diagnostic imaging from secondary pancreatic abscess to gastrointestinal perforation 
by foreign body: a case report
Danilo Porto Mendes, Amanda Franco de Almeida
46
Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes de um serviço de oncologia 
pediátrica de um hospital do Leste de Minas Gerais
Clinical and epidemiological profile of patients from a pediatric oncology service at a 
hospital in East Minas Gerais
Fernanda Lima Fernandes, Nonato Mendonça Lott Monteiro
33
Revista Ciência e Saúde 4
ARTIGO ORIGINAL
Eduardo Gonçalves Martins da Costa1, Fernando Simões de Sena2, Thiago Mosci3 
1 Médico. Residência em Cirurgia Geral pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
2 Médico. Residência em Cirurgia Geral pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
3 Médico radiologista intervencionista do Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
Autor correspondente: Eduardo Gonçalves Martins da Costa
Av. Brasília, 1702/302, Bairro Amaro Lanari, Coronel Fabriciano, MG. CEP: 35.171-347. Telefone: (31) 98845-2556.
E-mail: eduardogmc@yahoo.com.br
Artigo recebido em 01/03/2017
Aprovado para publicação em 12/04/2017
RESUMO
A artéria mamária, também denominada artéria 
torácica interna, é ramo direto da artéria subclávia e 
descende lateralmente ao osso esterno. O traumatismo 
é sua principal causa de comprometimento, sendo 
incomuns danos a sua estrutura em contexto 
espontâneo. Este artigo consiste do relato de caso de 
rotura espontânea de artéria mamária em paciente 
previamente hígida, admitida no Hospital Marcio 
Cunha, em Ipatinga, Minas Gerais. A importância da 
discussão de tal afecção justifica-se pela sua raridade, 
pela necessidade de torná-la prematuramente 
diagnóstico diferencial e, de se adotar, também de 
forma precoce, os recursos terapêuticos necessários, 
devido ao impacto em sobrevida a partir de elucidação 
diagnóstica, evidenciando a aplicabilidade e o interesse 
médico da presente discussão científica. Objetiva-
se aventar a discussão acerca do quadro clínico e 
métodos diagnósticos e propedêuticos empregados, 
exaltando a imperatividade de instituição precoce 
de tratamento nesse contexto, tendo em vista que o 
ABSTRACT
Mammary artery, also known as internal thoracic 
artery, is a direct branch of subclavian artery and 
it descends laterally to sternum. The trauma is the 
main cause of its impairment, since traumatic injuries 
are unusual in the spontaneous context. This paper 
consists of a case report about spontaneous mammary 
artery rupture in a previously healthy patient admitted 
to Márcio Cunha Hospital, in Ipatinga, Minas Gerais. 
The main objective of this theoretical discussion may 
be supported by the rarity of the disease and the 
need of making an early differential diagnosis, also 
adopting rapidly appropriate therapeutic resources 
due to the impact on survival from diagnosis clearing, 
emphasizing the applicability and medical concern 
of the present research. The aim of this study is 
to propose a discussion over the clinical picture 
as well as diagnostic and propaedeutic methods 
applied, highlighting the urgency of immediate 
start of treatment in this situation, considering 
that the unfavorable result comes mainly from the 
delay in specific treatment to triggering condition. 
SPONTANEOUS MAMMARY ARTERY RUPTURE: A CASE REPORT
ROTURA ESPONTÂNEA DE ARTÉRIA MAMÁRIA: 
RELATO DE CASO
Revista Ciência e Saúde 5
Rotura espontâneade artéria mamária: relato de caso
desfecho desfavorável advém principalmente do 
atraso no tratamento específico.
Palavras-chave: artéria mamária, choque 
hipovolêmico, diagnóstico, tratamento.
INTRODUÇÃO
A artéria mamária ou torácica interna é ramo direto 
da artéria subclávia, que descende lateralmente ao 
osso esterno e termina ao anastomosar-se com as 
artérias costais posteriores.1,2 
O comprometimento da artéria torácica interna 
comumente relaciona-se a contextos traumáticos3 
ou, até mesmo, a contextos iatrogênicos,4,5 sendo 
incomum a rotura espontânea de tal estrutura.4,5 Por 
ser ramo direto de uma artéria de grande fluxo, suas 
lesões podem não cursar com hemostasia espontânea, 
incorrendo em grande perda volêmica, culminando 
com a ocorrência de choque hipovolêmico e, 
possivelmente, óbito caso a medida terapêutica 
resolutiva não seja instituída em tempo hábil.6
O presente estudo justifica-se pela raridade da 
ocorrência de lesão não-traumática da referida estrutura 
e pela necessidade de aventar prematuramente tal 
patologia como diagnóstico diferencial. Isso porque 
a adoção precoce dos recursos terapêuticos, a partir 
da elucidação diagnóstica, impacta diretamente em 
sobrevida. 
Neste estudo, objetiva-se, levantar a discussão 
acerca do quadro clínico e métodos diagnósticos e 
propedêuticos empregados, exaltando a imperatividade 
de tratamento precoce nesse contexto. Vale ressaltar 
que o desfecho desfavorável advém, principalmente, 
do atraso no tratamento específico à condição 
desencadeadora, o que evidencia a aplicabilidade e o 
interesse médico da presente discussão científica.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo qualitativo, retrospectivo 
e descritivo, abordando a condução clínica de uma 
paciente acometida por rotura espontânea de artéria 
torácica interna, admitida pela unidade de urgência 
clínica do Hospital Marcio Cunha – Ipatinga, 
Minas Gerais, em abril/2016. O primo-contato dos 
pesquisadores com a paciente transcorreu durante sua 
Keywords: mammary artery, hypovolemic shock, 
diagnosis, treatment.
internação, na enfermaria de cirurgia geral e torácica 
do hospital, permitindo o acompanhamento da 
evolução clínica e propedêutica/terapêutica adotadas, 
responsáveis pelo bom desfecho do caso.
A coleta dos dados foi realizada entre os meses de abril 
e junho/2016, exclusivamente pelos pesquisadores, 
por intermédio da análise das informações transcritas 
em prontuário eletrônico do paciente, com especial 
atenção à preservação do sigilo dessas informações e 
somente após a aprovação do projeto de pesquisa pelo 
Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos e a 
anuência da família do paciente, através da assinatura 
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. 
Características inerentes à paciente, como biotipo, 
história familiar, antecedentes pessoais, sociais e de 
condições de saúde foram considerados, além do 
detalhamento do quadro clínico, na admissão, e da 
evolução clínica seriada da paciente, resultados de 
exames laboratoriais, de propedêutica imaginológica 
e das intervenções cirúrgicas realizadas.
RELATO DE CASO
Este relato de caso refere-se a uma pessoa do sexo 
feminino, 48 anos, parda, casada, do lar, natural 
e procedente de Ipatinga-MG, sem antecedentes 
patológicos, sem referência a etilismo, tabagismo 
ou uso de drogas ilícitas. Deu entrada no serviço de 
urgência da referida unidade de saúde evoluindo, há 
aproximadamente três horas, com dor anterior em 
hemitórax esquerdo de forte intensidade e agravo 
progressivo, associado a dispneia, mesmo em repouso, 
e vertigens ocasionais. 
Em primeira abordagem, foram solicitados 
exames laboratoriais, radiografia de tórax (Figura 
1), eletrocardiograma, e a paciente foi mantida em 
observação clínica rigorosa com monitorização de 
parâmetros vitais até obtenção dos resultados. 
Revista Ciência e Saúde 6
Eduardo Gonçalves Martins da Costa, Fernando Simões de Sena, Thiago Mosci
Figura 1: RX do tórax evidenciando hipotransparência 
com velamento de seio costofrênico em hemitórax 
esquerdo.
Figura 2: a) Injeção do meio de contraste na artéria 
mamária esquerda evidenciando extravasamento do 
mesmo para cavidade torácica. b) Ampliação da imagem. 
Em seguida, acresceram-se vômitos de conteúdo 
alimentar e de secreções digestivas, rebaixamento 
sensoriocognitivo – necessitando de aporte 
ventilatório invasivo – e hipotensão refratária à 
expansão volumétrica com cristaloides aquecidos 
e noradrenalina, mantendo sinais de má perfusão 
tissular apesar de titulação progressiva dos níveis de 
drogas vasoativas até doses elevadas. 
A análise dos exames complementares laboratoriais 
realizados após a admissão hospitalar, como 
hemograma com análise plaquetária e gasometria 
arterial, ureia, creatinina, marcadores de lesão e função 
hepática, balanço hidroeletrolítico e estudo radiológico 
do tórax, evidenciaram queda importante de níveis de 
hemoglobina (11 mg/dL para 4,7 mg/dL) em menos 
de 12 horas e a despeito das medidas de ressuscitação 
volêmica, configurando choque hipovolêmico 
refratário e a presença de hipotransparência difusa em 
hemitórax esquerdo.
Diante disso, foi solicitada avaliação urgente 
à cirurgia geral. Foi realizada punção torácica 
diagnóstica, com retorno de conteúdo hemático em 
hemitórax esquerdo, revelando hemotórax de monta 
importante, considerando desbalanço hemodinâmico 
e achados radiológicos. Procedeu-se à toracostomia 
com drenagem pleural fechada em selo d’água, com 
débito inicial de 1800 ml de conteúdo francamente 
hemorrágico. O dreno torácico instalado evoluiu 
com manutenção da pressão positiva e da atividade 
do débito hemático, apontando para manutenção de 
hemorragia ativa intratorácica. 
Por conseguinte, indicou-se estudo angiográfico 
de urgência, mediante punção percutânea da artéria 
femoral comum direita, e arteriografia aórtica 
contrastada com cateterização seletiva e superseletiva 
das artérias intercostais do hemitórax esquerdo 
e da artéria torácica interna esquerda. Com isso, 
foi localizado o sítio sangrante ativo (Figura 2). 
Procedeu-se à embolização de dois ramos causadores 
do sangramento em questão (Figura 3).
Revista Ciência e Saúde 7
Figura 3: Controle após injeção de ciatocrilato, 
evidenciando oclusão da porção distal da artéria mamária 
esquerda.
Figura 4: Tomografia computadorizada de tórax pós-
embolização: na seta, artéria mamária embolizada. 
Coágulo retido em hemitórax esquerdo. Pequeno 
derrame pleural à direita.
Após os procedimentos elencados, a paciente foi 
encaminhada a leito de terapia intensiva, apresentando 
evolução satisfatória, traduzida por manutenção de 
estabilidade hemodinâmica a despeito de gradual 
desmame de drogas vasopressoras nas primeiras 
48 horas. No entanto, o dreno torácico instalado 
manteve débito hemático ativo, em menor monta do 
que à sua instituição. Com isso, foi feito novo estudo 
arteriográfico sem evidência de sangramentos ativos 
após extenso estudo vascular.
A tomografia de tórax (Figura 4) evidenciou 
imagens de hipotransparência em hemitórax esquerdo, 
sugestivos de coágulo retido intratorácico. Portanto, 
foi realizada videotoracoscopia para abordagem do 
achado. Ao procedimento, evidenciou-se grande 
coágulo em 2/3 inferiores de hemitórax esquerdo, 
com encarceramento pulmonar ipsilateral, tornando 
necessário procedimento cirúrgico para sua retirada 
e a decorticação pulmonar ipsilateral terapêutica, que 
culminaram na boa evolução da paciente. 
Foi realizada extubação orotraqueal com êxito, 
no dia 17/04, condições de liberação de unidade de 
tratamento intensivo, no dia 21/04, e condições de alta 
com seguimento ambulatorial, no dia 23/04, após 44 
dias de internação hospitalar.
DISCUSSÃO
Atualmente, depreende-se da análise da produção 
científica concernente à artéria torácicainterna uma 
predominância da discussão tocante ao seu emprego 
no contexto das afecções isquêmicas miocárdicas.7-9 
Ao mesmo tempo, é marcante a escassez de 
produção que discuta outros aspectos, como afecções 
traumáticas e, ainda mais escassas, produções ligadas 
a afecções não traumáticas dessa estrutura, não tendo 
sido encontrados resultados concernentes a esse 
campo nas bases de dados de referência, na prática 
médica atual, pelos autores desta produção à ocasião 
do levantamento de conteúdo teórico.
Diante desse paradigma, tendo em mente o 
potencial desfecho prematuro e desfavorável 
de pacientes acometidos por esse achado – que 
comumente são jovens e previamente hígidos, 
como o sujeito apresentado nesta produção 
científica –, em conjunção com as possibilidades 
terapêuticas disponíveis, com impacto favorável 
em morbimortalidade, e, principalmente, no fato 
Rotura espontânea de artéria mamária: relato de caso
Revista Ciência e Saúde 8
Eduardo Gonçalves Martins da Costa, Fernando Simões de Sena, Thiago Mosci
da importância terapêutica residir na realização 
dessas medidas de forma precoce, elencamos 
como principal legado desta produção evidenciar a 
necessidade de mais produções científicas acerca do 
tema, e, imperativamente, a necessidade de divulgar 
as produções existentes. Com isso, será possível 
promover o reconhecimento clínico prematuro da 
condição como diagnóstico diferencial relativo aos 
REFERÊNCIAS
1- Drake RL, Vogl AW, Adam WM. Gray Anatomia 
Básica. Rio de Janeiro: Elsevier; 2013.
2- Beauchamp LM, Mattox KL, Townsend CM. 
Sabiston: Fundamentos em Cirurgia. 17.ed. Rio 
de Janeiro: Elsevier; 2006.
3- Goffi FS, Tolosa EMC. Técnica cirúrgica: 
bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas da 
cirurgia. 4. ed. São Paulo: Atheneu; 2007.
4- Souza VS, Pereira LV, dos Santos AC. 
Perfil clínico-epidemiológico de vítimas de 
traumatismo torácico submetidas a tratamento 
cirúrgico em um hospital de referência. Rev. 
Scient Med. 2013; 23(2):96-101.
5- Sales R, Onishi R. Toracocentese e biópsia 
pleural. Jorn Bras de Pneum. 2006; 32 (Supl. 
3):170-173.
quadros de dor torácica e alteração hemodinâmica, 
mesmo na ausência de contexto traumático 
predisponente. O emprego da propedêutica 
necessária ao diagnóstico prematuramente permitirá 
a adoção de medidas terapêuticas adequadamente 
direcionadas, contando com o contexto mais 
favorável possível em relação ao maior definidor de 
prognóstico: o tempo.
6- Westphal FL, de Lima LC, Fadul MA. Lesão da 
Artéria Torácica Interna por dreno torácico: 
relato de caso. J Pneumol. 1998; 24(6):382-384.
7- Chen J, Lv J, Ma K, Yan J. Assessment of internal 
mammary artery injury after blunt chest trauma: 
a literature review. J Zhejiang Univ Sci B. 
2014;15(10):864-869.
8- Pineda AM, Valdez GD, Mihos CG, Santana O, 
Beohar, N. Coil Embolization for Spontaneous 
Rupture of the Left Internal Mammary Artery 
Secondary to Lupus Vasculitis. J of the Amer Col 
of Cardiol. 2014; 63(3): 290.
9- Lindblom RPF, Zemgulis V, Lilieqvist A, Nyman 
R; Even small aneurysms can bleed: a ruptured 
small idiopathic aneurysm of the internal 
thoracic artery. Interact CardioVasc Thorac 
Surg. 2013;17:583.
Revista Ciência e Saúde 9
ARTIGO ORIGINAL
Ulins Soares de Freitas Júnior1, Pedro Henrique Braga2, Felipe de Magalhães Leão Luz3, Luiz Henrique Vilela4 
1 Médico. Residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
2 Médico. Residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
3 Médico. Residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
4 Preceptor de Ortopedia e Traumatologia do Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
Autor correspondente: Ulins Soares de Freitas Júnior 
Av. Kyioshi Tsunawaki, 41, Bairro das Águas, Ipatinga, MG. CEP: 35.160-158. Telefone: (31) 99657-1980. 
E-mail: ulins11@gmail.com
Artigo recebido em 03/02/2017
Aprovado para publicação em 12/04/2017
THORACIC OUTLET SYNDROME: POST-OPERATIVE EVALUATION OF 
CLINICAL AND FUNCTIONAL RESULT
SÍNDROME DO DESFILADEIRO CERVICOTORÁCICO: AVALIAÇÃO 
PÓS-OPERATÓRIA DO RESULTADO CLÍNICO E FUNCIONAL
RESUMO
Este artigo versa sobre a síndrome do desfiladeiro 
cervicotorácico, enfatizando sua definição, 
caracterização, métodos diagnósticos e tratamento. 
Propõe-se, neste artigo, um estudo analítico 
desenvolvido a partir da realização de entrevistas 
com pacientes diagnosticados com síndrome do 
desfiladeiro cervicotorácico e submetidos a tratamento 
cirúrgico, com o objetivo de verificar a eficácia dos 
procedimentos cirúrgicos e dos resultados funcionais 
associados a esses pacientes. A revisão de literatura 
compreende os principais conceitos relacionados 
ao tema. A etapa de análise de dados será embasada 
pela pesquisa exploratória, por meio da abordagem 
quantitativa, e utilização do roteiro de entrevista 
semiestruturado. Foram realizadas entrevistas, a partir 
de três questionários (questionário de qualidade de 
vida SF-36; questionário Spadi-Brasil; e questionário 
Disfunção Braço, Ombro e Mão), com oito pacientes 
que procuraram o ambulatório de mão do serviço 
ABSTRACT
This article is about Thoracic Outlet Syndrome, 
emphasizing its definition, characterization, diagnostic 
methods and treatment. The aim of this article is to report 
an analytical study developed, based on interviews 
performed with patients diagnosed with Thoracic 
Outlet Syndrome and submitted to surgical treatment, 
to verify the effectiveness of surgical procedures and 
functional results associated with these patients. The 
literature review comprises the main concepts related 
to this topic. The data analysis stage will be based on 
exploratory survey with quantitative approach and the 
use of semi-structured interview schedule. Interviews 
were carried out using three surveys (Quality of 
Life SF-36; Spade-Brazil; Arm, Shoulder and Hand 
Dysfunctions) with eight patients who sought out the 
orthopedics and traumatology service outpatient care 
of Marico Cunha Hospital, they were diagnosed with 
Thoracic Outlet Syndrome and underwent surgical 
treatment by the same surgeon’s team under the same 
Revista Ciência e Saúde 10
Síndrome do Desfiladeiro Cervicotorácico: avaliação pós-operatória do resultado clínico e funcional
de ortopedia e traumatologia do Hospital Márcio 
Cunha, diagnosticados com síndrome do desfiladeiro 
cervicotorácico , e que, por não responderem 
ao tratamento tradicional, foram submetidos ao 
tratamento cirúrgico pela mesma equipe de cirurgiões 
e com o mesmo procedimento. Para a análise de 
dados, o projeto propõe, inicialmente, a estratificação 
dos dados coletados e, em seguida, a comparação 
dos resultados de cada grupo de questionário 
separadamente, verificando, portanto, seus respectivos 
impactos e resultados. Ao final, são apresentadas as 
principais considerações acerca do estudo. 
Palavras-chave: síndrome do desfiladeiro cervicoto-
rácico, diagnóstico na síndrome do desfiladeiro cer-
vicotorácico, tratamento na síndrome do desfiladeiro 
cervicotorácico.
INTRODUÇÃO
A síndrome do desfiladeiro cervicotorácico (SDCT) 
é caracterizada por um conjunto de sinais e sintomas 
que ocorre pela compressão de estruturas complexas 
situadas na transição entre as regiões cervical, torácica 
e axilar, podendo acometer o plexo braquial e/ou 
artérias e veias subclávias. É uma patologia rara e de 
difícil diagnóstico, pois apresenta diversas etiologias 
e engloba inúmeras manifestações, considerada como 
uma síndrome verdadeira e não uma doença única.¹
O espaço descrito como desfiladeiro cervicotorácico 
é delimitado por estruturas rígidas ousemirrígidas e 
sua compressão decorre de traumas ou anomalias.² A 
síndrome possui três locais clássicos de compressão: 
o triângulo dos escalenos, delimitado anteriormente 
pelo músculo escaleno anterior, posteriormente pelo 
escaleno médio e inferiormente pela borda superior da 
primeira costela; o espaço costoclavicular, composto 
anteriormente pelo músculo subclávio, superiormente 
pela clavícula e posteriormente pela primeira costela; 
e o espaço subcoracoide, que é formado pelo tendão 
do músculo peitoral menor e o processo coracoide.³
Wilbourn et al4 classificaram a SDCT a partir de 
dois tipos: vascular e neurogênica; e quatro subtipos: 
vascular arterial, vascular venosa, neurogênica 
verdadeira ou clássica e neurogênica controversa ou 
sintomática.
procedures since they did not respond to conservative 
treatment. Regarding data analysis, the project 
initially proposes outcomes measuring of collected 
data, then a comparison of outcomes from each group 
survey presented separately, verifying however their 
respective impacts and outcomes. At last, the main 
concluding remarks about the study are presented.
Keywords: thoracic outlet syndrome, thoracic outlet 
syndrome diagnosis, thoracic outlet syndrome 
treatment.
A síndrome por compressão vascular arterial é 
infrequente, acomete cerca de 1% a 2% de todos os 
casos da SDCT e, geralmente, quando diagnosticada, 
cursa com a presença de uma costela cervical, fraturas 
da primeira costela ou anomalia da mesma e fraturas 
de clavícula e suas respectivas complicações como: 
pseudartrose, consolidação viciosa e até subluxação 
da articulação esternoclavicular, comprimindo a 
artéria subclávia, ocasionando sintomas agudos ou 
crônicos, podendo levar a aneurismas e até isquemia 
do membro afetado.5
A compressão vascular venosa também é incomum, 
mas com uma frequência maior que a vascular 
arterial, ocorrendo em cerca de 2% a 3% de todos os 
casos, acomete principalmente nadadores, jogadores 
de voleibol, basquetebol e beisebol. Apresenta forma 
aguda e crônica, tendo a forma aguda associada 
com a síndrome de Paget-Schroetter, em que ocorre 
a tríade de Virchow, levando à trombose venosa da 
veia subclávia principalmente em indivíduos jovens 
e musculosos, que realizam esforços repetitivos com 
o membro afetado acima do ombro. Também pode 
ocorrer a trombose com o membro em repouso, 
principalmente em posturas viciosas, e os sintomas 
na fase aguda são dor, edema e cianose, e são mais 
preocupantes, a forma crônica mais rara que a aguda 
cursa com sintomas mais brandos.6
Revista Ciência e Saúde 11
Ulins Soares de Freitas Júnior, Pedro Henrique Braga, Felipe de Magalhães Leão Luz, Luiz Henrique Vilela
A SDCT discursa na literatura com uma 
epidemiologia variada, constituindo cerca de 0,3% 
a 0,7% da população geral. Alguns autores citam de 
1% a 2% da população geral e atribuem ao fato de a 
doença ser subdiagnosticada ou subtratada.7 Ela tem 
predileção pelo sexo feminino, sendo 3 a 4 vezes mais 
frequente que no sexo masculino, principalmente 
em adultos economicamente ativos, acometendo 
principalmente cabeleireiros, pintores, trabalhadores 
de construções, funcionários de supermercados, 
telefonistas, enfermeiras e secretárias, e está associada 
a movimentos de levantamento repetitivo e posturas 
viciosas, principalmente com o braço acima do nível 
do ombro.8
CONCEITO DE SÍNDROME DO 
DESFILADEIRO CERVICOTORÁCICO (SDCT)
Como forma de alinhar adequadamente os principais 
conceitos referentes ao tema de pesquisa, considera-se 
relevante pontuar sobre o que vem a ser o desfiladeiro 
cervicotorácico, que é formado pelos músculos 
escaleno anterior e médio, clavícula, primeira 
costela, músculo subclávio e peitoral menor. Por 
ele, transitam os vasos subclávio-axilares e o plexo 
braquial. Essa região é composta por sítios estreitos 
devido às estruturas osteoligamentares, musculares e 
neurovasculares.³ 
Segundo Silvestri, Wagner e Dal Moro,3 qualquer 
variação anatômica ou de estruturas anômalas pode 
diminuir ainda mais esse local e provocar uma 
compressão neurovascular. Existem três locais 
comumente afetados pela compressão: triângulo 
intercostoescalênico, espaço costoclavicular e espaço 
retrocoracopeitoral.
O triângulo intercostoescalênico é uma região 
formada pelos músculos escaleno anterior, escaleno 
médio e pela borda superior da primeira costela. 
Entre os escalenos, encontra-se o plexo braquial, mais 
superiormente, e a artéria subclávia, inferiormente. 
A veia subclávia passa anteriormente ao músculo 
escaleno anterior.³
O espaço costoclavicular é constituído pela face 
anterior da primeira costela e pelo terço interno 
e médio da clavícula, sob esta existe o músculo 
subclávio e o ligamento costocoracoide. Esse 
espaço abriga, respectivamente, a veia subclávia 
anteriormente, a artéria axilar e as divisões do plexo 
braquial posteriormente. Variações ou anormalidades 
da primeira costela podem fazer compressão 
neurovascular, entretanto, a compressão nessa região 
ocorre, principalmente, em razão das movimentações 
que aproximam a clavícula da primeira costela.³
O espaço retrocoracopeitoral refere-se ao feixe 
vasculonervoso que sai do espaço anterior e penetra 
por um canal estreito, limitado pela porção inicial 
do músculo peitoral menor e seu tendão de inserção 
no processo coracoide da escápula. Abriga de dentro 
para fora, respectivamente, veia e artéria subclávia e 
os cordões do plexo braquial. A compressão ocorre 
a propósito da hiperabdução, quando o processo 
coracoide se rebaixa, pressionando as estruturas 
neurovasculares contra o músculo peitoral menor e 
essas estruturas são levadas para fora do canal, indo 
de encontro à cabeça do úmero.³
Cabe destacar que Hanauld, em 1740, foi o primeiro 
autor a fazer menção aos achados dessa patologia, 
que também é denominada por muitos autores com 
diferentes nomenclaturas. A terminologia síndrome do 
desfiladeiro cervicotorácico foi descrita, inicialmente, 
por Peet em 1956.9
Em uma pesquisa realizada pela Sociedade 
Americana de Cirurgiões de Mão, dos 255 cirurgiões 
avaliados, 60% tratavam a doença de modo 
conservador, 19% realizavam tratamento cirúrgico 
e 20% não consideram a SDCT como uma entidade 
patológica. Apenas 10 cirurgiões afirmaram realizar 
mais de 10 procedimentos cirúrgicos/ano.10
De acordo com Pires, Andrade e Pereira,9 a 
SDCT é considerada uma entidade complexa, com 
grande variedade de etiologias e apresentações. 
Essa síndrome pode ser percebida, ainda, como 
um conjunto de síndromes, a partir das diversas 
propostas diagnósticas identificadas, com as seguintes 
denominações: síndrome do escaleno anterior, 
síndrome da hiperabdução, síndrome costoclavicular, 
síndrome da costela cervical, síndrome da primeira 
costela, síndrome ombro-mão, entre outras.9
Conceitualmente, pode-se definir a SDCT como 
sendo um complexo de sinais e sintomas resultantes 
da compressão de vasos e nervos na região do 
Revista Ciência e Saúde 12
canal cervicotorácico. O canal cervicotorácico é 
a comunicação que há da raiz do pescoço à axila e 
permite a passagem do plexo braquial e dos grandes 
vasos da região cervical e mediastino.9
Na percepção de Al-Hashel et al,11 a SDCT, 
também denominada Síndrome de Saída Torácica 
(Thoracic Outlet Syndrome – TOS), caracteriza-se 
como um grupo de sintomas clínicos provocados 
pelo aprisionamento de estruturas neurovasculares 
(vasos, subclávia e plexo braquial), de ligação com 
os membros superiores, por meio da saída superior do 
tórax. Pode ocorrer em razão de anomalia congênita 
óssea, devido ao prolongamento do segmento cervical 
C7 em processo transverso, ou seja, de articulações 
fibrosas ou músculos anômalos, ou ainda por trauma, 
como a flexão de hiperextensão, lesões de braço, 
traumas cervicais em decorrência deacidentes, lesão 
por esforço repetitivo e trauma que provoca espasmo 
cervical crônico.
Freischlag e Orion12 apontam a SDCT como 
uma doença que envolve a compressão do feixe 
neurovascular à medida que atinge o cinto torácico, 
e destacam que, há vinte anos, a existência dessa 
síndrome foi mal compreendida e, portanto, sua 
aceitação como diagnóstico médico foi controversa. 
Hoje em dia, no entanto, a síndrome é adequadamente 
reconhecida; seus sintomas e fisiopatologia são mais 
claramente definidos. E, com o aumento do número de 
pacientes que passam por bem-sucedidos tratamentos, 
a síndrome está se tornando um diagnóstico comum 
em clínicas de cirurgia vascular, em todo o mundo.
Existem três tipos de SDCT: neurogênica, venosa 
e arterial. Considerando que essas estruturas se 
encontram interligadas do tórax até a axila, a SDCT 
pode afetar qualquer uma delas, devendo-se destacar 
que a síndrome neurogênica se apresenta de forma 
mais recorrente do que a venosa ou a arterial, 
atingindo até 95% de todos os pacientes que sofrem 
dessa síndrome. Alguns pacientes podem apresentar 
sintomatologia vaga, mas, na maioria dos casos, são 
acometidos de dor e dormência nos dedos, mãos ou 
braços do lado afetado.12
Corroborando as definições apresentadas, Lattoo 
et al13 explicam que a SDCT constitui uma entidade 
clínica que produz um conjunto de sintomas a 
partir de uma multiplicidade de apresentações, 
sendo provocada pela compressão de estruturas 
neurovasculares que saem da caixa torácica através 
de sua abertura superior. Essa síndrome manifesta-
se clinicamente por meio de três tipos: neurogênica, 
arterial e venosa. A neurogênica é predominante e 
representa de 90% a 95% de todos os casos; o tipo 
arterial atinge menos de 5% dos pacientes e dos 
resultados de compressão da artéria subclávia; e a do 
tipo venosa, comum em resultados de trombose da 
artéria subclávia ou axilar, ocorre, geralmente, em 
decorrência de algum tipo de trauma.
Por sua vez, Francisco et al14 afirmam que a 
SDCT encontra-se dividida em cinco tipos quanto 
a sua apresentação clínica: (1) neurogênica, com 
sinais clínicos clássicos e achados compatíveis à 
eletroneuromiografia; (2) neurogênica, com sinais 
clínicos inespecíficos e sem os achados típicos da 
eletroneuromiografia; (3) vascular por compressão 
arterial; (4) vascular por compressão venosa; e 
(5) pós-traumática, apresentando sintomas de 
compressão neurogênica pós-traumática.
Diversas são as causas relacionadas à SDCT, entre 
elas, a compressão por anormalidades claviculares, 
costela cervical no segmento C7, alterações no 
primeiro arco costal, músculo subclavicular, 
membrana costoclavicular, ligamento costocoracoide 
e músculos escalenos anterior e médio.14 A 
apresentação clínica da SDCT, portanto, varia de 
acordo com a etiologia, conforme apresentado pela 
Figura 1, a seguir.
Síndrome do Desfiladeiro Cervicotorácico: avaliação pós-operatória do resultado clínico e funcional
Revista Ciência e Saúde 13
Paciente
Média /
Domínio
P1
P2
P3
P4
P5
P6
P7
P8
Vitalidade
35
20
80
70
25
20
85
70
Capacidade
Funcional
65
70
100
85
45
25
90
75
Aspectos
Sociais
87,5
25
100
87,5
25
12,5
100
87,5
Limitação
Aspectos
Físicos
0
0
100
25
0
0
50
0
Limitação
Aspectos
Emocionais
0
33,3
100
100
0
33,3
0
66,6
Dor
21
31
100
90
31
31
41
41
Saúde
Mental
48
12
76
84
8
28
100
72
Estado
Geral de
Saúde
50,569,4 65,621,8 41,648,2 53,569,7
62
70
100
92
45
40
72
77
Média / 
Paciente
39,8
32,6
94,5
79,2
22,4
23,7
67,2
61,1
Paciente BrancoAvaliado
Escala de
Incapacidade
Escala 
de Dor
Média /
Paciente
Pontuação
Média /
Total 3,3 3,7 7
P1
P2
P2
P3
P4
P5
P6
P7
P8
Esquerdo
Direito
Esquerdo
Esquerdo
Direito
Esquerdo
Esquerdo
Direito
Direito
7
2,6
0
0
0,3
8,6
3,6
1
6,1
7,4
5,6
0
0
0,4
8,8
4,4
0,6
6,8
7,2
4,1
0
0
0,35
8,7
4
0,8
6,45
14,4
8,2
0
0
0,7
17,4
8
1,6
12,9
Paciente P1 P2 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Branco
Avaliado
Média
Total
Esq.
54,2
Esq.
3,3
Esq.
76,6
Esq.
3,3
Esq.
39,2
Dir.
23,3
Dir.
5,8
Dir.
9,2
Dir.
55Pontuação 29,9
COMPRESSÃO
VASCULAR
VEIA SUBCLÁVIA ARTÉRIA SUBCLÁVIA
EDEMA
Distenção Venosa
Síndrome de Paget-
Schoetler
Ausência
do Pulso
Claudicação
Fenômeno
Raynaud
Dor
Parestesia
Fraqueza
Motora
NERVOSA
SIMPÁTICO PERIFÉRICO
Dor
Alterações na Cor
e Temperatura
Figura 3: Etiologia da SDCT. Fonte: Elaborado pelos autores. 
MÉTODOS DIAGNÓSTICOS NA SDCT
O diagnóstico da SDCT mostra-se complexo, 
pois não apresenta nenhum exame padrão ouro, os 
dados encontrados são examinados dependendo das 
estruturas afetadas e possuem caráter variado, assim 
como a origem da compressão. Isso, muitas vezes, 
retarda o diagnóstico ou limita-o ao exame clínico.15
De acordo com Silvestri, Wagner e Dal Moro,3 
a história e o exame clínico detalhado são fatores 
essenciais para o diagnóstico da síndrome. O exame 
físico consiste em inspeção para verificar o biotipo, a 
simetria do desenvolvimento da musculatura, do nível 
horizontal dos ombros, presença de abaulamentos 
supra ou infraclaviculares. Palpação para avaliar 
consistência, sensibilidade, mobilidade, pulsatilidade. 
Verificar se há sopros ou frêmitos (estenose da a. 
subclávia). Percussão da fossa supraclavicular (sinal 
de Tinel) para verificar se desencadeia dor. Além 
da análise de sinais de isquemia, diminuição ou 
ausência de pulsos periféricos permanentes ou, após 
manobras específicas, presença de alterações tróficas. 
Na oclusão venosa, o desaparecimento do pulso após 
manobras pode diferenciar de outras etiologias. O 
exame neurológico avalia sensibilidade, motricidade 
e troficidade, relacionando-as com dermátomos e 
miótomos correspondentes.
Manobras especiais também podem ser utilizadas 
para auxiliar no diagnóstico, verificando-se o pulso do 
paciente sentado, a fim de provocar ou intensificar os 
sinais de compressão. As principais manobras são³:
• Manobra dos escalenos (Adson): essa 
manobra produz a elevação da primeira costela 
e tensiona os escalenos, reduzindo o triângulo 
intercostoescalênico, e busca verificar a síndrome 
da costela cervical e dos escalenos. O paciente 
deve inspirar profundamente, estender o pescoço e 
virar o mento para o lado examinado. Caso o pulso 
Ulins Soares de Freitas Júnior, Pedro Henrique Braga, Felipe de Magalhães Leão Luz, Luiz Henrique Vilela
Revista Ciência e Saúde 14
diminua ou desapareça, o sinal é positivo. Esse sinal 
também pode ser conseguido com o mento virado 
para o lado oposto.
• Manobra costoclavicular: nessa manobra, o 
paciente coloca os ombros para trás, abaixando-os, 
imitando a posição militar exagerada, diminuindo 
assim o espaço costoclavicular. O sinal é considerado 
positivo se houver as mesmas alterações da manobra 
anterior, mas podendo ser acompanhada de sinais 
venosos, já que a veia subclávia passa por esse 
espaço.
• Manobra da hiperabdução (Wright): essa 
manobra consiste em se efetuar uma elevação de 
180º do membro, com rotação posterior do ombro. 
O antebraço pode ficar levemente flexionado. 
A reprodução dos sintomas, diminuição ou 
desaparecimento do pulso e ausculta de sopro 
indicam compressão arterial pelo tendão do músculo 
peitoral menor. Essa manobra pode reduzir, também, 
o espaço costoclavicular.
• Teste dos três minutos de estresse com o braço 
elevado: esse teste é considerado o mais acurado 
para determinação daSDCT e consiste na abdução 
de ambos os braços, em rotação externa com flexão 
de 90º dos cotovelos. O paciente deve ficar abrindo 
e fechando as mãos por três minutos. A reprodução 
dos sintomas, entorpecimento, parestesia e até 
incapacidade de continuar o teste são respostas 
positivas.
Ainda no que diz respeito à consecução do 
diagnóstico, os autores3 recomendam que o diagnóstico 
é essencialmente clínico. Entretanto, há necessidade 
de complementação na investigação. O estudo 
radiológico é muito útil; radiografias simples em duas 
posições de cintura escapular, coluna cervical e de 
tórax são importantes, principalmente para procurar 
anormalidades ósseas. Tomografia computadorizada, 
ressonância magnética ou uma mielografia são 
relevantes por excluírem as compressões por hérnia 
de disco cervical, osteófitos, neoplasias, espondilólise 
cervical.
Para Lima et al,16 além do exame físico, que consiste 
na inspeção e palpação para a verificar a simetria, 
biotipo, musculatura, nivelamento dos ombros, 
consistência, sensibilidade, mobilidade e perfusão 
sanguínea, as manobras (manobra de Wright, manobra 
costoclavicular, manobra de Adson, manobra de Tinel 
e teste de Roos) desempenham papel fundamental 
no diagnóstico da SDCT. No entanto, destaca-se a 
importância associada ao exame neurológico como 
método de avaliação da sensibilidade, da motricidade 
e do trofismo da região, relacionando-os sempre com 
dermátomos e miótomos correspondentes. Apesar de 
ser essencialmente clínico, no diagnóstico, os exames 
por imagem têm papel importante como processos de 
auxílio e, ainda que não haja diretrizes estabelecidas 
para elucidar o diagnóstico, acredita-se que se deve 
realizar radiografia simples e, quando necessário, 
complementar o exame com ressonância magnética e 
exame vascular.
Aproximadamente 40% a 50% dos pacientes que 
apresenta parestesia e formigamento no braço e mão 
possui associação a sintomas de compressão do nervo 
periférico. Apenas 10% dos pacientes com suspeita de 
SDCT manifesta alguma evidência objetiva durante 
o exame físico, o que leva profissionais a subestimar 
a doença, negligenciar e, até mesmo, efetuar outros 
diagnósticos equivocados.17
Em um estudo prospectivo com 50 pacientes 
com SDCT, apenas um paciente apresentava 
alteração na condução nervosa ao nível do plexo 
braquial avaliado pela eletroneuromiografia, 32% 
dos pacientes apresentavam uma anormalidade 
anatômica de compressão visualizada na tomografia 
computadorizada, 94% possuíam resultados positivos 
para as manobras provocativas, sugerindo, assim, que 
os exames fossem realizados associados a manobras 
provocativas.18
Lesões simultâneas em mais de um sistema e 
estrutura podem ser encontradas, sendo estas mais 
incapacitantes, dificultando a avaliação médica devido 
aos sintomas subjetivos apresentados pelo paciente, 
retardando o início do tratamento.19
Nas últimas cinco décadas, houve avanços no 
diagnóstico e tratamento da SDCT, isso se deve a 
exames como a velocidade de condução nervosa, 
eletroneuromiografia, radiografia, duplex, tomografia 
e ressonância nuclear magnética, também se atribui à 
avaliação de equipe multidisciplinar. A cada ano, cerca 
de 8.000 exames de velocidade de condução nervosa 
Síndrome do Desfiladeiro Cervicotorácico: avaliação pós-operatória do resultado clínico e funcional
Revista Ciência e Saúde 15
são realizados na Universidade de Baylor Medical 
Center, sendo que cerca de 3.200 pacientes apresentam 
redução na velocidade de condução nervosa (<85 m/s) 
corroborando para o diagnóstico de SDCT.20
TRATAMENTO DA SDCT
De forma geral, o tratamento clínico se apresenta 
como a conduta inicial, procurando aliviar os 
sintomas. Normalmente, são utilizados analgésicos 
simples, anti-inflamatórios, relaxantes musculares, 
tranquilizantes, compressas quentes e repouso. O 
paciente também é orientado a emagrecer se for obeso, 
mudar de profissão, evitar hiperabduzir os braços, 
carregar objetos pesados, carregar bolsas16.
Outro ponto importante é a tonificação dos músculos 
suspensores da cintura escapular, através de fisioterapia 
apropriada. Algumas vezes, os riscos e benefícios dos 
exercícios têm de ser avaliados, principalmente quando 
se trata de idosos, portadores de costelas cervicais ou 
outras alterações ósseas. Técnicas como acupuntura, 
hipnose psicoterapia também são citadas.³
O tratamento da SDCT pode ser dividido 
basicamente entre conservador e cirúrgico. No 
tratamento conservador, podemos utilizar medidas 
farmacológicas como anti-inflamatórios não 
esteroidais (Aines), injeção de corticosteroides 
associados com anestésicos e, dentre as medidas não 
farmacológicas, podemos utilizar a fisioterapia com 
seus inúmeros recursos. Após três meses de falha do 
tratamento conservador, o tratamento cirúrgico pode 
ser indicado.
Em um estudo com 142 pacientes diagnosticados com 
SDCT, sendo realizada infiltração interescalena com 
bupivacaína e triancinolona, foi observado que 111 
pacientes apresentaram melhora dos sintomas após a 
infiltração e 128 pacientes apresentam melhora quando 
associada à infiltração outro método conservador. Dos 
68 pacientes que retornaram às atividades laborativas, 
54 retornaram após uma semana.21
O tratamento conservador é eficaz quando comparado 
ao placebo, mas ainda necessita de mais estudos 
comparativos em relação ao tratamento cirúrgico, 
assim como estudos que avaliem os diferentes métodos 
de tratamento conservador para estabelecer indicações 
mais precisas.14 O tratamento conservador iniciado 
logo após ou durante o tratamento medicamentoso 
é, frequentemente, a conduta inicial. Esse tratamento 
procura aliviar os sintomas, principalmente se, 
entre eles, estiver presente a inflamação, nesse 
caso, o tratamento primeiramente será dirigido 
para a eliminação do mecanismo causador e para 
o seu controle, com ênfase na redução da pressão 
biomecânica e no aumento da mobilidade dos tecidos 
na região acometida, sendo eficaz para a melhora da 
função e no retorno ao trabalho.16
A intervenção cirúrgica precoce para SDCT impede 
a degeneração do plexo braquial levando a melhores 
resultados funcionais do que o tratamento tardio. A 
fisioterapia também segue o mesmo princípio, sendo 
mais eficaz após a intervenção cirúrgica precoce do 
que a intervenção cirúrgica tardia. Sendo assim, a 
cirurgia tardia irá melhorar alguns sintomas, mas não 
irá corrigir a degeneração já ocorrida previamente.11
A abordagem transaxilar foi utilizada na ressecção 
da costela cervical, apresentando uma boa exposição, 
sendo mais estética em relação às outras abordagens e 
considerada padrão ouro nos pacientes que apresentam 
costela cervical com compressão.13 
A abordagem cirúrgica combinada na qual é realizada 
ressecção da primeira costela, escalenectomia para 
descompressão total do desfiladeiro, resulta em 
melhores sintomas e uma menor taxa de recorrência.²
Em um estudo com dois pacientes com SDCT 
como causa da compressão pela primeira costela, 
a toracoscopia assistida foi utilizada com o intuito 
de descolar a pleura da primeira costela, associada 
ao acesso supraclavicular para realizar a ressecção 
da primeira costela, nenhum paciente apresentou 
complicações neurovasculares após o procedimento.22 
A abordagem supraclavicular é um bom método para 
avaliação e visualização durante a exploração do 
plexo braquial, permitindo identificação e liberação 
de todas as estruturas anatômicas anormais e também 
da ressecção da primeira costela, além de adequada 
nos casos de reconstrução do plexo braquial.23
DESENHO DO ESTUDO
Trata-se de um estudo de caráter retrospectivo, 
Ulins Soares de Freitas Júnior, Pedro Henrique Braga, Felipe de Magalhães Leão Luz, Luiz Henrique Vilela
Revista Ciência e Saúde 16
embasado pela pesquisa exploratória/descritivade 
abordagem quantitativa, utilizando, como principal 
método de coleta de dados, o roteiro de entrevista 
estruturada (questionário). Foram aplicados 
três diferentes questionários em oito pacientes 
diagnosticados com SDCT e que foram submetidos ao 
tratamento cirúrgico por equipe médica do Hospital 
Márcio Cunha. Os questionários aplicados junto a 
cada paciente selecionado foram: questionário de 
qualidade de vida – SF-36, questionário Spadi-Brasil, 
e questionário Dash.
Após a realização das entrevistas, os questionários 
foram devidamente tabulados, buscando-se obter o 
percentual predominante em cada questão e opção 
de resposta fornecida para que, assim, os dados 
obtidos possam ser comparados entre si. Nesse 
âmbito, pretende-se verificar a classificação de cada 
paciente quanto à sua qualidade de vida, incluindo: 
dificuldades de realizar atividades, problemas com o 
trabalho ou com alguma atividade regular em razão 
da saúde física, problemas com o trabalho ou com 
alguma atividade regular em razão de algum problema 
emocional, grau de interferência da saúde física ou 
problemas emocionais nas atividades sociais normais, 
grau de interferência da dor no trabalho normal; 
classificação de cada paciente na escala de dor; e grau 
de dificuldade e limitação na realização de tarefas 
diversas. Os dados obtidos tiveram seus resultados 
efetivos calculados conforme a metodologia prévia, 
associada a cada tipo de questionário. 
A análise ponderada conjunta dos resultados dos 
três questionários indica o grau de eficiência dos 
resultados funcionais do tratamento cirúrgico do 
paciente diagnosticado com SDCT e de seu retorno 
às atividades laborais. Os dados coletados e tabulados 
foram apresentados por meio da análise descritiva e 
inferencial, com o objetivo de generalizar, para toda 
a população pesquisada, os resultados obtidos da 
amostra selecionada. A análise estatística foi realizada 
com a utilização do software Statistical Package for 
Social Sciences (SPSS), na versão 19.0. As variáveis 
quantitativas foram descritas a partir da média e desvio 
padrão. As variáveis qualitativas e quantitativas, 
por sua vez, foram descritas por meio de frequência 
absoluta e relativa.
CRITÉRIO DE INCLUSÃO
Para a realização desta pesquisa foram selecionados 
pacientes, maiores de 18 anos, diagnosticados com 
SDCT, que procuraram o ambulatório de mão do 
serviço de ortopedia e traumatologia do Hospital 
Márcio Cunha, no período de janeiro a dezembro 
de 2015, e que, por não responderem ao tratamento 
conservador, foram submetidos ao tratamento 
cirúrgico pela mesma equipe de cirurgiões e com o 
mesmo procedimento.
CRITÉRIO DE EXCLUSÃO
Não foram aceitos para a pesquisa pacientes com 
idade inferior a 18 anos e pacientes diagnosticados com 
SDCT que, após procurarem o ambulatório de mão 
do serviço de ortopedia e traumatologia do Hospital 
Márcio Cunha, responderam satisfatoriamente ao 
tratamento conservador.
TAMANHO DA AMOSTRA
Em razão do baixo volume de diagnósticos de SDCT 
realizado no Hospital Márcio cunha, foram analisados 
previamente todos os casos registrados, sendo que, 
do total de 13 pacientes diagnosticados, oito foram 
submetidos ao tratamento cirúrgico. Os oito pacientes 
incluídos na amostra representam, portanto, 61,5% do 
total de pacientes que procuram o ambulatório de mão 
do serviço de Ortopedia e Traumatologia do hospital 
e foram diagnosticados com SDCT. Foi utilizada 
a técnica de amostragem aleatória sistemática, 
buscando-se selecionar os pacientes que se enquadram 
no critério de inclusão apresentado.
RISCOS
Entre os riscos encontrados durante a pesquisa, 
destacam-se os seguintes: 
• Fidedignidade insuficiente das informações 
fornecidas pelos pacientes, por ocasião de aplicação 
dos questionários, em relação à situação real de suas 
condições relativizadas às questões apresentadas 
(qualidade de vida; classificação na escala de dor, 
entre outras). Como forma de minimizar esse risco, 
Síndrome do Desfiladeiro Cervicotorácico: avaliação pós-operatória do resultado clínico e funcional
Revista Ciência e Saúde 17
todos os pacientes participantes da pesquisa foram 
submetidos à leitura e assinatura do Termo de 
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
• Exposição dos dados relativos aos pacientes 
participantes por meio da quebra de sigilo de 
informações constantes nos prontuários. Esse 
risco foi evitado por meio da garantia de sigilo do 
nome dos pacientes e salvaguarda de outros dados 
que possam identificá-los. Os dados coletados, 
constantes nos questionários, são de acesso 
exclusivo dos pesquisadores e, portanto, estão sob 
sigilo.
BENEFÍCIOS
Este estudo apresenta os seguintes benefícios: 
• Conhecer o percentual aproximado de pacientes 
diagnosticados com SDCT que, após serem 
submetidos ao tratamento cirúrgico, apresentam 
condições de retorno às suas atividades laborais.
• Identificar o percentual de pacientes diagnosticados 
com SDCT e que, após serem submetidos ao 
tratamento cirúrgico, apresentam grau de dor e 
incapacidade que interferem ou impedem o seu 
retorno às atividades laborais.
• Identificar, de forma geral, o grau de dor e 
incapacidade dos pacientes diagnosticados com 
SDCT e que foram submetidos ao tratamento 
cirúrgico.
• Verificar o nível de qualidade de vida dos pacientes 
diagnosticados com SDCT que foram submetidos 
ao tratamento cirúrgico como forma de constatar o 
grau de eficiência de seus resultados funcionais no 
cotidiano desses pacientes.
RESULTADOS
A pesquisa realizada foi destinada a oito pacientes 
diagnosticados com SDCT e submetidos ao 
tratamento cirúrgico, e envolveu a aplicação de três 
questionários: questionário de qualidade de vida – SF-
36, questionário Spadi-Brasil e questionário Dash. O 
objetivo principal foi verificar, a partir dos resultados 
obtidos, o percentual aproximado desse grupo de 
pacientes que apresenta condições de retorno às 
atividades de trabalho. Buscando resguardar o direito 
ao anonimato, garantindo o sigilo de suas identidades, 
os pacientes participantes estão identificados pela 
inicial P (paciente), seguida de números que variam 
entre um e oito, sem obedecer a qualquer ordem pré-
estabelecida (P1, P2, P3 até P8).
O questionário de qualidade de vida – SF-36 teve 
como finalidade coletar informações a respeito do 
estado de saúde física e emocional e da capacidade 
dos pacientes na realização de suas atividades diárias. 
Obedecendo à metodologia própria desse modelo de 
questionário, os números finais foram calculados a 
partir de oito domínios para cada paciente: capacidade 
funcional, limitação de aspectos físicos, dor, estado 
geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, limitação 
de aspectos emocionais e saúde mental. A pontuação 
final de cada paciente varia de 0 (pior) a 100 (melhor) 
para cada domínio.
Os resultados apontaram, inicialmente, que 
metade dos entrevistados, ou seja, quatro pacientes, 
apresentaram desempenho inferior a 50%, enquanto 
outros quatro se mantiveram acima dessa média, 
relativa aos oito domínios estabelecidos. Entre 
os pacientes participantes, o P3 mostrou a maior 
pontuação média (94,5) e o P5 a menor média nos 
domínios (22,4). Destaca-se que, no quesito limitação 
de aspectos físicos, cinco pacientes apresentaram 
pontuação zero, ou seja, o pior número em relação a 
esse domínio, indicando elevado grau de limitação 
de seus movimentos físicos. Em relação à limitação 
de aspectos emocionais, três pacientes apresentaram 
resultado zero, apontando também alto nível de 
comprometimento de seu estado emocional em função 
das limitações estabelecidas pela SDCT. Cada domínio 
considerado também teve sua média calculada, sendo 
que, nesse sentido, constatou-se que os pacientes 
apresentaram melhor desempenho no estado geral de 
saúde (69,7) e na capacidadefuncional (69,4), ficando 
o domínio limitação de aspectos físicos com a menor 
pontuação média (21,8). Cinco domínios apresentaram 
pontuação acima de 50% e outros três ficaram abaixo 
desse percentual médio. O Quadro 1, a seguir, apresenta 
os resultados individuais dos pacientes nos respectivos 
domínios, bem como a média ponderada por paciente 
e por domínio (Quadro 1).
Ulins Soares de Freitas Júnior, Pedro Henrique Braga, Felipe de Magalhães Leão Luz, Luiz Henrique Vilela
Revista Ciência e Saúde 18
Quadro 1: Pontuação dos pacientes nos oito domínios estabelecidos pelo Questionário SF-36.
Paciente Capacidade funcional
Limitação 
aspectos 
físicos
Dor
Estado 
geral de 
saúde
Vitalidade Aspectos sociais
Limitação 
aspectos 
emocionais
Saúde 
mental
Média / 
paciente
P1 65 0 21 62 35 87,5 0 48 39,8
P2 70 0 31 70 20 25 33,3 12 32,6
P3 100 100 100 100 80 100 100 76 94,5
P4 85 25 90 92 70 87,5 100 84 79,2
P5 45 0 31 45 25 25 0 8 22,4
P6 25 0 31 40 20 12,5 33,3 28 23,7
P7 90 50 41 72 85 100 0 100 67,2
P8 75 0 41 77 70 87,5 66,6 72 61,1
Média / 
Domínio 69,4 21,8 48,2 69,7 50,5 65,6 41,6 53,5
Fonte: Elaborado pelos autores. 
O segundo questionário, SPADI-Brasil, que busca 
identificar o índice de dor e incapacidade no ombro 
afetado pela SDCT de cada paciente participante, 
é composto por duas etapas relativas à escala de 
incapacidade e escala de dor respectivamente, tendo 
sua pontuação calculada pela somatória simples e 
direta de todas as questões apresentadas em cada 
etapa, com o resultado dividido pelo total possível e 
multiplicado por 100. O resultado final de cada etapa é 
compreendido numa escala numérica, que varia entre 
zero e dez. Quanto menor o resultado obtido, menor 
o grau de dificuldade na realização das atividades 
(maior capacidade) e menor o índice de dor; quanto 
maior o resultado, maior a dificuldade na realização 
das atividades (menor capacidade) e maior o índice de 
dor apresentado pelo paciente. A pontuação total do 
questionário – somadas as duas etapas – varia entre 
zero e vinte, obedecendo ao mesmo critério de quanto 
menor maior capacidade e menor índice de dor; e 
quanto maior menor capacidade e maior índice de dor.
Os resultados obtidos a partir da aplicação do 
questionário SPADI-Brasil demonstraram que 
três pacientes avaliados apresentaram índice de 
incapacidade e de dor média acima de cinco, ou 
seja, superior à metade da pontuação total média, 
enquanto outros cinco pacientes evidenciaram média 
inferior à metade da pontuação total auferida. Deve-se 
considerar que P2 teve o nível de incapacidade e dor 
avaliado nos braços direito e esquerdo, apresentando 
índice zero no braço esquerdo, assim como ocorreu 
com P3 (braço esquerdo). Foram verificadas médias 
totais baixas em P4 (0,35) e P7 (0,8), contrapondo-se 
com as maiores médias totais registradas por P5 (8,7), 
P1 (7,2) e P8 (6,45), consideradas elevadas na escala 
de zero a dez. De forma geral, os pacientes avaliados 
demonstram elevada capacidade de realização das 
atividades cotidianas e índice reduzido de dor (Quadro 
2).
Síndrome do Desfiladeiro Cervicotorácico: avaliação pós-operatória do resultado clínico e funcional
Revista Ciência e Saúde 19
Quadro 1: Pontuação dos pacientes nos oito domínios estabelecidos pelo Questionário SF-36.
Quadro 2: Pontuação dos pacientes no questionário SPADI-Brasil.
Paciente P1 P2 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8
Braço avaliado Esq. Dir. Esq. Esq. Dir. Esq. Esq. Dir. Dir. Média total
Pontuação 54,2 23,3 3,3 3,3 5,8 76,6 39,2 9,2 55 29,9
Paciente Braço avaliado Escala de incapacidade Escala de dor
Pontuação 
total
Média / 
paciente
P1 Esquerdo 7 7,4 14,4 7,2
P2 Direito 2,6 5,6 8,2 4,1
P2 Esquerdo 0 0 0 0
P3 Esquerdo 0 0 0 0
P4 Direito 0,3 0,4 0,7 0,35
P5 Esquerdo 8,6 8,8 17,4 8,7
P6 Esquerdo 3,6 4,4 8 4
P7 Direito 1 0,6 1,6 0,8
P8 Direito 6,1 6,8 12,9 6,45
Média Total 3,3 3,7 7
Fonte: Elaborado pelos autores. 
Fonte: Elaborado pelos autores. 
O terceiro questionário (Disfunção Braço, Ombro e 
Mão – Dash) aplicado junto aos pacientes acometidos 
pela SDCT e submetidos ao tratamento cirúrgico, 
destina-se à avaliação clínica subjetiva. O questionário 
apresenta 30 questões que buscam informações a 
respeito do grau de dificuldade no desempenho de 
atividades diárias, dos sintomas de dor, fraqueza, 
rigidez e parestesia, levando em consideração o 
comprometimento social e psicológico do paciente. 
As questões são pontuadas entre um e cinco, tendo 
seu escore final compreendido entre zero (sem 
disfunção) e 100 pontos (disfunção grave). O escore 
total é calculado a partir da somatória da pontuação 
de todas as questões, com o resultado subtraído de 30 
e dividido por 1,2.
Os resultados obtidos com a aplicação do 
questionário apontaram, de forma geral, para 
disfunções leves ou pouco preocupantes na maioria 
dos pacientes avaliados. Dos oito participantes, 
apenas três apresentaram disfunções superiores a 
50%, sendo P1 com 54,2, P8 com 55 e P5 com 76,6 
(essa com grau de disfunção considerado elevado), 
cabendo ainda destacar que P2 teve os dois braços 
avaliados e ambos apresentaram disfunções pouco 
significativas (braço direito com 23,3 e braço 
esquerdo com 3,3). A média total da pontuação dos 
pacientes avaliados também se mostrou baixa (em 
29,9), indicando que, no contexto geral, as disfunções 
verificadas não são consideradas preocupantes. O 
Quadro 3, a seguir, apresenta a pontuação total de 
cada paciente, bem como a média total do grupo 
avaliado.
Ulins Soares de Freitas Júnior, Pedro Henrique Braga, Felipe de Magalhães Leão Luz, Luiz Henrique Vilela
Revista Ciência e Saúde 20
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dos conceitos expostos ao longo deste 
estudo, foi possível verificar que a SDCT constitui 
um complexo de sinais e sintomas resultantes da 
compressão de vasos e nervos na região do canal 
cervicotorácico, podendo, como consequência, afetar 
e comprometer a realização de diversas atividades 
cotidianas e laborais por parte dos pacientes afetados. 
Assim como o diagnóstico, o tratamento da SDCT 
também se mostra complexo, podendo ser realizado a 
partir do tratamento clínico conservador, por meio da 
utilização de fármacos e fisioterapia, ou de tratamento 
cirúrgico, nos casos em que o tratamento conservador 
não apresenta resultados significativos. Em razão da 
importância do tratamento cirúrgico para a melhora 
dos pacientes acometidos pela SDCT, fica evidente a 
relevância de se analisar a efetividade dos resultados 
cirúrgicos com vistas a colaborar para o retorno dos 
pacientes às atividades laborais.
Nesse sentido, foi possível concluir, por meio 
dos resultados obtidos com a pesquisa realizada, 
envolvendo oito pacientes portadores da SDCT e que 
se submeteram ao tratamento cirúrgico, que a maioria 
deles apresenta melhora significativa em relação à 
realização das atividades diárias, estado de saúde 
física e emocional, nível de dor, fraqueza, rigidez 
e parestesia nos membros afetados, capacidade de 
movimento e articulação e outros aspectos relevantes. 
Verificou-se, portanto, que poucos pacientes – de dois 
a três em média – demonstraram grau significativo 
de dor, disfunção grave ou dificuldade de nível 
significativo de incapacidade de movimentos, em 
contraposição ao maior número de pacientes que 
demonstraram resultados de progresso em relação 
a esses mesmos aspectos, principalmente quando 
contextualizados nos domínios avaliados, ou seja: 
capacidade funcional, limitação de aspectos físicos, 
dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspectos sociais, 
limitação de aspectos emocionais e saúde mental.
De forma geral, entende-se que os resultados da 
pesquisa evidenciam a importância do tratamento 
cirúrgico para a obtenção de condições eficazes na 
melhora dos pacientes diagnosticados com a SDCT. 
Nesseaspecto, deve-se considerar que, a partir da 
avaliação clínica, emocional e social, os pacientes 
submetidos ao tratamento cirúrgico da SDCT 
mostram-se potencialmente aptos para o retorno às 
suas atividades laborais, ainda que em longo prazo, 
sem qualquer prejuízo à sua saúde física e mental. 
Embora esta não seja uma consideração conclusiva 
ou de grande abrangência, principalmente em função 
das especificidades e necessidades inerentes a cada 
caso, deve-se destacar a relevância da avaliação 
periódica dos pacientes, por meio de métodos 
comprovadamente eficazes, com vistas a identificar o 
grau de dificuldade, dor, disfunção e limitação física 
em que se encontram, bem como do progresso de seus 
movimentos e desempenho de atividades cotidianas 
e laborais. Assim, recomenda-se que, para maior 
compreensão do estado de saúde e da evolução de 
pacientes diagnosticados com SDCT e submetidos 
ao tratamento cirúrgico, deve-se realizar novos e 
aprofundados estudos, envolvendo, inclusive, um 
contingente maior de pacientes e metodologias de 
elevado grau de confiança.
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Ulins Soares de Freitas Júnior, Pedro Henrique Braga, Felipe de Magalhães Leão Luz, Luiz Henrique Vilela
Revista Ciência e Saúde 22
ARTIGO ORIGINAL
Rafael Cavalcante Carvalho1, Gustavo Coessens Caires2, Tania Gonçalves dos Santos3 
1 Médico. Residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, 
Ipatinga, MG, Brasil.
2 Médico Radiologista do Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
3 Professora Pesquisadora do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais, CCB, Ipatinga, Minas Gerais, Brasil.
Autor correspondente: Rafael Cavalcante Carvalho
Rua Tomaz Gonzaga, 476/202, Bairro Bom Retiro, Ipatinga, MG. CEP: 35.160-000. Telefone: (31) 999110766.
E-mail: rafaelcmed@gmail.com
Artigo recebido em 01/03/2017
Aprovado para publicação em 12/04/2017
NEUROFIBROMATOSIS TYPE 2: CASE REPORT
NEUROFIBROMATOSE TIPO 2: RELATO DE CASO
RESUMO
A neurofibromatose tipo 2 é uma síndrome autossômica 
dominante que provoca tumores do sistema nervoso 
central. A patogênese envolve anormalidades no 
gene NF2, este produz uma proteína que atua como 
supressora tumoral. O diagnóstico clínico da NF2 
baseia-se nos critérios de Manchester, cuja manifestação 
clínica marcante é a presença de schwannomas 
vestibulares bilaterais. A neurofibromatose tipo 2 
está associada a uma morbidade substancial e menor 
sobrevida. Os portadores dessa doença necessitam de 
acompanhamento de diversas especialidades médicas. 
Diante disso, o objetivo deste trabalho é relatar o 
caso de um paciente portador de neurofibromatose 
tipo 2 num hospital de grande porte, no Vale do 
Aço, em Minas Gerais. A Ressonância Magnética é 
o método de imagem de escolha para avaliação das 
lesões, portanto, é imperativo que os radiologistas 
tenham capacidade de realizar o diagnóstico precoce 
em pacientes com suspeita de neurofibromatose tipo 
ABSTRACT
Neurofibromatosis type 2 is a dominant autosomal 
syndrome which causes tumors of central nervous 
system. The pathogenesis involves abnormalities in 
the neurofibromatosis type 2 gene, which produces a 
protein that acts as a tumor suppressor. The clinical 
diagnosis is based on Manchester criteria, whose main 
clinical symptom is the presence of bilateral vestibular 
schwannomas. Neurofibromatosis type 2 is associated 
with substantial morbidity and shortened survival. 
Patients with this disease need to be followed up by 
different medical specialists. Therefore the aim of this 
paper is to report the case of a neurofibromatosis type 
2 patient in a large hospital in Vale do Aço, Minas 
Gerais. Magnetic resonance is the imaging method 
selected for lesion evaluation, thus it is mandatory that 
radiologists have the ability to perform early diagnosis 
in patients with suspected neurofibromatosis type 2, 
providing better clinical management, morbidity of 
complications reduction and better quality of life for 
Revista Ciência e Saúde 23
NeurofibromatoseTipo 2: relato de caso
2, permitindo melhor manejo clínico, redução da 
morbidade das complicações e melhor qualidade de 
vida aos portadores dessa patologia.
Palavras-chave: disordem genética, schwannoma 
acústico bilateral, diagnóstico radiológico.
patients with this pathology.
Keywords: genetic disorder; bilateral acoustic 
schwannoma; radiological diagnosis.
INTRODUÇÃO
A neurofibromatose tipo 2 (NF2) é uma síndrome 
autossômica dominante que provoca vários tumores 
do sistema nervoso central.1,2 Essa doença possui 
uma incidência estimada em 1/25.000 indivíduos 
em todo o mundo.3 A patogênese molecular envolve 
anormalidades no gene NF2, que produz a proteína 
de Merlin, relacionada com a membrana celular e que 
atua como supressora tumoral.4
As manifestações clínicas da NF2 incluem 
schwannomas vestibulares bilaterais em quase 
todos os pacientes. Outros tumores do sistema 
nervoso central, comumente observados, incluem: 
meningiomas intracranianos, schwannomas de outros 
nervos cranianos e tumores medulares (especialmente 
schwannomas das raízes nervosas dorsais, 
meningiomas e ependimomas).5
Neuropatias e manifestações oculares e cutâneas 
também são frequentes. Os sinais e sintomas 
geralmente aparecem durante a adolescência ou no 
início da segunda década de vida, mas podem ocorrer 
em qualquer idade.6,7 O diagnóstico em crianças, 
muitas vezes, é tardio e as primeiras manifestações 
podem ser tumores de pele ou achados oculares.8 
O diagnóstico clínico da NF2 baseia-se nos critérios 
de Manchester,9 na presença de um destes achados: i) 
schwannomas vestibulares bilaterais; ii) um parente de 
primeiro grau com NF2 e a presença de schwannoma 
unilateral vestibular ou dois dos seguintes: 
meningiomas, glioma, neurofibroma, opacidade 
subcapsular posterior do cristalino; iii) Schwannoma 
vestibular unilateral e quaisquer dois dos seguintes: 
meningiomas, glioma, neurofibroma, opacidade 
subcapsular posterior do cristalino; iv) Múltiplos 
meningiomas e a presença de schwannoma vestibular 
unilateral ou qualquer dois de: schwannoma, glioma, 
neurofibroma e catarata.
O diagnóstico diferencial inclui schwannomas 
esporádicos unilaterais vestibulares, neurofibromatose 
tipo 1, schwannomas e meningiomas familiares.10
A NF2 está associada a uma morbidade substancial 
e menor sobrevida, sendo esta em torno de 15 anos 
após o diagnóstico, com uma idade média de morte de 
36 anos.6,7 É uma doença genética com a qual muitos 
profissionais de saúde se depararão com pelo menos 
alguns casos durante as suas vidas profissionais. Essa 
patologia é um verdadeiro desafio para as diversas 
especialidades médicas, pois sua manifestação e 
severidade variam em cada paciente. 
O relato de caso apresentado neste estudo refere-
se a um paciente portador de NF2 e busca apresentar 
benefícios ao meio científico, enriquecendo a literatura 
com dados referentes a essa patologia de caráter 
genético.
MÉTODOS
Este relato de caso de um paciente portador de 
NF2 foi desenvolvido em um hospital de grande 
porte, localizado no Vale do Aço, em Minas Gerais. 
O estudo contempla a resolução n. 466, de 12 de 
dezembro de 2012, do Conselho Nacional de Saúde, 
que regulamenta pesquisa com seres humanos, sendo 
aprovado sob o protocolo 1.829.812.
Foi feita uma revisão de prontuário do paciente 
para a coleta dos dados clínicos, incluindo as imagens 
radiológicas contidas no mesmo. O prontuário foi 
resgatado no sistema operacional eletrônico do 
hospital, onde o paciente foi diagnosticado e onde 
continua sendo assistido.
Para este estudo, uma pesquisa bibliográfica da 
literatura nacional e internacional foi realizada, 
abrangendo relatos de caso, estudos de casos, artigos 
Revista Ciência e Saúde 24
Rafael Cavalcante Carvalho, Gustavo Coessens Caires, Tania Gonçalves dos Santos
de revisão e artigos originais, publicados nos últimos 
quinze anos (de 1990 a 2015). Os resultados foram 
tratados de forma descritiva e comparados aos 
existentes na literatura.
RELATO DE CASO
Este relato de caso diz respeito a um paciente 
masculino, branco, 16 anos, procedente de Marliéria 
– MG. Ele foi submetido a ressecção tumoral cerebral 
em região frontal, à direita, em janeiro de 2016, 
cujo resultado anatomopatológico evidenciou um 
meningioma atípico (grau II da OMS). Desde então, 
o paciente iniciou o acompanhamento pós-operatório 
na instituição hospitalar de estudo, onde foram 
solicitados exames de imagem de todo neuroeixo para 
reavaliação radiológica. 
A Ressonância Magnética do crânio evidenciou 
imagens nodulares nos canais auditivos internos 
bilateralmente, sugestivos de schwannomas (Figura 1); 
imagem nodular em sítio cirúrgico, com possibilidade 
de recidiva/resquício tumoral (Figura 2); e imagem 
sugestiva de meningioma em fossa temporal esquerda 
(Figura 3).
Figura 1: Ressonância Magnética de Crânio - Evidencia imagens nodulares nos canais auditivos internos 
bilateralmente, sugestivos de schwannomas. A – imagem ponderada em T1; B – Imagem ponderada em T2; C – 
impregnação pelo meio de contraste das lesões em imagem ponderada em T1 com gadolínio.
Figura 2: Ressonância Magnética de Crânio – Evidencia imagem nodular em sítio cirúrgico, com possibilidade de 
recidiva/resquício tumoral. A – imagem ponderada em T1; B – Imagem ponderada em T2; C – impregnação pelo meio 
de contraste da lesão em imagem ponderada em T1 com gadolínio.
Revista Ciência e Saúde 25
Figura 3: Ressonância Magnética de Crânio – Evidencia 
imagem com impregnação pelo meio de contraste em 
fossa temporal esquerda, sugestiva de meningioma, em 
imagem ponderada em T1 com gadolínio.
Figura 4: Ressonância Magnética da Coluna Cervical – 
Evidencia lesão no nível C2-C3, com impregnação pelo 
meio de contraste, sugestiva de meningioma. A (corte 
sagital) e B (corte axial) na sequência ponderada em T1 
SPIR com gadolínio.
Figura 5: Ressonância da Coluna Lombo-Sacra - 
Evidencia formação expansiva paravertebral à direita 
de L2, com impregnação pelo meio de contraste, 
apresentando características indicativas de schwannoma. 
A (corte sagital) e B (corte axial) na sequência ponderada 
em T1 SPIR com gadolínio.
A Ressonância Magnética da coluna cervical 
evidenciou lesão no nível C2-C3, sugestiva de 
meningioma (Figura 4) e a da coluna lombo-sacra 
evidenciou formação expansiva paravertebral à direita 
de L2, com características indicativas de schwannoma 
(Figura 5).
Diante de todos os achados, concluiu-se o diagnóstico 
de NF2 e, a partir de então, o paciente iniciou 
um tratamento com uma equipe multidisciplinar, 
envolvendo oncopediatra, neurocirurgião, 
endocrinologista, dermatologista, radioterapeuta, 
oftalmologista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e 
psiquiatra infantil.
Houve vários internamentos na unidade hospitalar 
por sintomas decorrentes da doença de base ou efeitos 
colaterais do tratamento. Em fevereiro, o paciente 
cursou com disfagia ocasional, sendo associada 
às lesões tumorais cerebrais, e iniciou uma perda 
progressiva da visão, devido à proximidade de 
algumas dessas lesões às vias ópticas. Nessa ocasião, 
foi muito importante o papel do fonoaudiólogo para 
reabilitação do paciente, além do acompanhamento 
com oftalmologistas especializados. 
Fez uso de corticoterapia por longo período após 
a cirurgia, evoluindo com efeitos colaterais da 
medicação, como: obesidade central, acne, estrias 
violáceas pelo corpo e hipertensão arterial sistêmica. 
Encontra-se em acompanhamento com especialistas, 
como dermatologista e endocrinologista.
O paciente deu entrada no pronto-socorro diversas 
vezes por cefaleia refratária à analgesia, sendo 
associada à retirada abrupta do corticoide, o qual foi 
reintroduzido para realização de um desmame mais 
gradual.
Iniciou tratamento radioterápico para eliminação 
Neurofibromatose Tipo2: relato de caso
Revista Ciência e Saúde
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26
da recidiva/resquício tumoral em área já operada, 
na região frontal direita. Porém, novas ressonâncias 
do neuroeixo realizadas posteriormente, em junho, 
demonstraram o não desaparecimento da lesão e sua 
progressão. Em agosto, o paciente foi submetido à 
ressecção de meningioma cervical, com a melhora das 
queixas álgicas em membros superiores.
O paciente deu entrada, em outubro, para realizar 
nova intervenção cirúrgica para ressecção da 
recidiva/resquício tumoral na região frontal direita, 
anteriormente operada. 
A partir das primeiras intervenções, o paciente 
evoluiu com ansiedade e distúrbio comportamental, 
provavelmente secundária à cirurgia e irradiação em 
região frontal, com atuação incisiva do psiquiatra 
infantil no acompanhamento dos transtornos 
observados.
No momento, o paciente encontra-se clinicamente 
bem, em acompanhamento com a equipe 
multidisciplinar, com melhora da sua sintomatologia 
inicial. Mantém queixa de dor em região lombar, que 
iniciou desde as primeiras internações. Atualmente 
encontra-se em programação cirúrgica para ressecção 
de schwannoma em coluna lombo-sacra.
DISCUSSÃO
A marca principal da NF2 é o schwannoma vestibular 
bilateral (SVB), que surge mais frequentemente na 
fase adulta, mas pode se desenvolver na adolescência 
tardia e até na infância. Outros achados incluem: 
schwannomas acometendo outros nervos cranianos 
(mais comumente o nervo trigêmeo), nervos espinhais 
e periféricos assim como menigiomas, astrocitoma e 
ependimomas.11
O principal objetivo do manejo dos pacientes 
portadores de NF2 é conservar suas atividades 
funcionais e promover uma melhor qualidade de vida 
para os mesmos.12 Os tumores não possuem indicação 
cirúrgica, sendo que o tratamento de escolha deve levar 
em consideração os riscos e potenciais benefícios.
A maioria dos SVB só necessitarão de intervenção 
cirúrgica em casos específicos, a depender da idade, 
tamanho da lesão e consequentes complicações.11 Os 
tumores são indolentes, devendo ser operados em 
casos de desenvolvimento progressivo de sintomas. 
Progressão radiológica isolada não deve ser indicação 
de cirurgia.13
A perda da audição é o sintoma mais frequente 
em pacientes portadores de NF2.14 Os radiologistas 
possuem papel fundamental na detecção precoce dos 
SVB afim de minimizar os riscos dessa devastadora 
complicação.15
Apesar da histologia benigna dos schwannomas, 
eles podem causar significativa morbidade e até 
mortalidade precoce. Essa alta morbidade deve-se ao 
crescimento continuo dos tumores, alcançando áreas 
cirurgicamente intratáveis.16,17
A Ressonância Magnética é o método de imagem 
indicado para avaliação das lesões. Os schwannomas 
apresentam-se como lesões ovaladas, bem definidas, 
situadas de forma excêntrica ao longo dos nervos 
cranianos, periféricos e/ou raízes nervosas 
paraespinhais. Possuem, tipicamente, sinal baixo ou 
intermediário na sequência ponderada em T1, alto 
sinal nas sequências DP e ponderada em T2 e variável 
captação ao meio de contraste.18,19
Atualmente, muitas vezes, o diagnóstico definitivo 
não é alcançado através dos métodos de imagem, e 
a biópsia se faz necessária. Futuras tendências irão 
incluir combinações entre metabolismo e atividades 
funcionais, além das imagens anatômicas, para 
realização de um diagnóstico mais preciso. Acredita-
se que novas pesquisas no campo do diagnóstico 
radiológico precoce e da terapia genética irão propiciar 
uma conduta terapêutica mais assertiva, impactando 
diretamente na melhoria da qualidade de vida para os 
pacientes e familiares.
Devido ao seu curso progressivo e multiplicidade 
de órgãos acometidos, os portadores dessa doença 
necessitam de um acompanhamento que envolve 
diversas especialidades médicas, tais como: 
neurologia, dermatologia, genética clínica, oncologia 
e medicina interna.
É imperativo que os radiologistas tenham capacidade 
de realizar o diagnóstico de forma precoce em pacientes 
com suspeita de NF2, permitindo melhor manejo 
clínico, redução da morbidade das complicações 
e melhor qualidade de vida aos portadores dessa 
patologia genética rara.
Rafael Cavalcante Carvalho, Gustavo Coessens Caires, Tania Gonçalves dos Santos
Revista Ciência e Saúde 27
REFERÊNCIAS
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Neurofibromatose Tipo 2: relato de caso
28
ARTIGO ORIGINAL
Revista Ciência e SaúdeRoberto Cardoso Junior1, Alexandre Silva Pinto2 
1 Médico. Residência em Anestesiologia pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
2 Médico Anestesiologista e Coordenador do Programa de Residênica Médica do Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco 
Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
Autor correspondente: Roberto Cardoso Júnior
Rua Tomé de Souza, 180, Bairro Bom Retiro, Ipatinga, MG. CEP: 35.160-000. 
Telefone: (81) 98295-7000. E-mail: jr_card@yahoo.com.br 
Artigo recebido em: 02/02/2017
Aprovado para publicação em: 12/04/2017
WOLFF-PARKINSON-WHITE AND ANESTHESIA SYNDROME: 
A CASE REPORT
SÍNDROME WOLFF-PARKINSON-WHITE E ANESTESIA: 
RELATO DE CASO
RESUMO
A patogenia da síndrome de Wolff-Parkinson-White 
está relacionada à presença de uma via acessória 
anômala, conhecida como feixe de Kent, resultante 
de uma separação incompleta entre os átrios e os 
ventrículos, no decorrer do desenvolvimento fetal. 
Seu diagnóstico é estabelecido pela presença de 
pré-excitação associada a taquiarritmias e constitui 
a apresentação mais frequente de pré-excitação 
ventricular. Neste trabalho, é relatado um caso de uma 
paciente, na faixa etária pediátrica, portadora de uma 
via acessória anômala não previamente diagnosticada 
na cirurgia, que apresentou uma taquiarritmia sem 
instabilidade hemodinâmica, durante a execução 
da aspiração da via aérea na fase de extubação da 
paciente. 
Palavras-chave: síndrome de Wolff Parkinson White, 
pré-excitação, anestesia.
ABSTRACT
Wolff-Parkinson-White syndrome pathogenesis is 
related to the presence of an anomalous accessory 
pathway, known as bundle of Kent, resulting from an 
incomplete separation between atrial and ventricles 
during fetal development. Its diagnosis is established 
by the presence of pre-excitation associated with 
tachyarrhythmia and is the most frequent presentation 
of ventricular pre-excitation. In this work, it is 
reported a case of a patient in the pediatric age 
bracket with an anomalous accessory pathway who 
had not previously been diagnosed in the surgery, who 
presented a tachyarrhythmia without hemodynamic 
instability during nasal airway aspiration in the 
extubation phase of the patient.
Keywords: Wolff Parkinsons White syndrome, pre-
excitation, anesthesia.
Revista Ciência e Saúde 29
INTRODUÇÃO
A primeira descrição da síndrome de Wolff-
Parkinson-White (SWPW) foi publicada na American 
Heart Journal, em 1930.1 Wolff, Parkinson e White 
descreveram 11 doentes jovens sem doença cardíaca 
estrutural, com taquicardia paroxística e um padrão 
de eletrocardiograma (ECG) de bloqueio de ramo 
funcional, concomitante a um intervalo de onda 
PR curto. Porém, essas características não foram 
inicialmente associadas à condução elétrica pela via 
acessória (VA).2
A patogenia da SWPW está relacionada à presença 
de uma VA anômala, conhecida como feixe de Kent, 
resultante de uma separação incompleta entre os átrios 
e os ventrículos, no decorrer do desenvolvimento 
fetal. A partir do impulso no nó sinusal, o estímulo 
pode ser conduzido pelo nó átrio ventricular (AV) e/
ou pela VA (de forma mais rápida), causando ativação 
ventricular precoce e, portanto, pré-excitação. Desta 
forma, o diagnóstico de SWPW é estabelecido pela 
presença de pré-excitação associada a taquiarritmias 
e constitui a apresentação mais frequente de pré-
excitação ventricular.3 
Esses feixes são compostos por fibras de miocárdio 
não pertencentes ao sistema de condução normal, 
com capacidade de conduzir o estímulo elétrico.4 O 
estímulo sinusal que passa pela VA ativa o ventrículo 
de forma precoce, levando a um espessamento no ramo 
ascendente do QRS (onda delta).3 Enquanto a outra 
parte do impulso segue o caminho natural através do 
nó AV, o feixe de Hiss e seus ramos, estimulam o resto 
do ventrículo, tornando-se responsável pela parte 
final na configuração do QRS. As vias anômalas de 
condução, feixes de Kent na SWPW, são comumente 
associadas a arritmias não letais.4
Encontra-se uma prevalência na população geral de 
0,1% a 0,3%, com 60% a 70% dos casos sem evidências 
de cardiopatia estrutural. A incidência é duas vezes 
maior em homens e pode afetar pacientes de todas as 
idades, desde os fetos até os idosos, mas com maior 
incidência no primeiro ano de vida e na adolescência, 
apresentando uma distribuição bimodal.3,4 
Entre os doentes com SWPW, 3,4% possuem 
um familiar em primeiro grau com pré-excitação. 
Essa hereditariedade normalmente ocorre de forma 
autossómica dominante.5 Dois estudos relacionaram 
a SWPW ao cromossoma 7q34-q36 e a mutações do 
gene PRKAG2.6,7 A síndrome pode estar associada 
a alguma cardiopatia prévia em 30% dos casos 
(comunicação interatrial, tetralogia Fallot, doença de 
Ebstein, entre outras).8 
A taquicardia de reentrada atrioventricular (TRAV) 
é a mais comum e representa 95% das taquicardias 
de reentrada.9 A ocorrência de fibrilhação atrial está 
presente em aproximadamente um terço dos doentes e 
pode se associar a um prognóstico reservado se a VA 
apresentar períodos refratários anterógrados curtos, 
com possibilidade de desencadear uma resposta 
ventricular rápida com degeneração para fibrilhação 
ventricular e morte súbita.3 As VAs podem ter diversas 
localizações ao longo da circunferência das válvulas 
atrioventriculares e até serem múltiplas, no entanto, 
resultam em manifestações características no ECG.3
Devido à ampla diversidade clínica na SWPW, foi 
criada uma classificação para os pacientes dividindo-
os em três grupos, que são: os assintomáticos, os 
pacientes com sintomas leves a moderados e os 
pacientes graves. Os pacientes com sintomas leves 
a moderados são aqueles que apresentam episódios 
esporádicos de taquicardia, sendo eles bem tolerados e 
sem sinais de comprometimento hemodinâmico. Já os 
pacientes graves são aqueles que apresentam eventos 
sincopais e/ou fibrilação ventricular.8
A SWPW pode ser assintomática ou apresentar 
palpitação rítmica de início e término súbitos, vertigem, 
síncope, dispneia e precordialgia. Ao realizar exame 
físico, encontramos uma frequência cardíaca maior 
que 150 bpm, com pressão arterial normal ou baixa4.
No ECG, quatro informações clássicas permitem o 
diagnóstico da SWPW:4, 8-10
1- Intervalo PR curto, menor que 0,12 segundos em 
adultos e menor que 0,09 segundos em crianças;
2- Intervalo QRS alargado e espessado, com duração 
superior a 0,12 segundos;
3- Presença de onda delta, espessamento no início 
do QRS, com duração aproximada de 0,03 a 0,06 
segundos. Caracterizada como expressão de pré-
excitação;
Síndrome Wolff-Parkinson-White e anestesia: relato de caso
Revista Ciência e Saúde 30
Roberto Cardoso Junior, Alexandre Silva Pinto
4- Alterações secundárias da repolarização com uma 
onda T e segmento ST, geralmente de polaridade 
inversa aos vetores principais da onda delta e do 
complexo QRS.
A técnica de ablação por cateter foi introduzida 
por Scheinman et al11 em 1981, que utilizava alta 
energia para destruir tecido cardíaco. A introdução da 
energia por radiofrequência, no final da década de 80, 
alterou por completo os procedimentos de ablação por 
cateter. Simultaneamente, outros avanços importantes 
registados incluíram a melhoria da qualidade dos 
cateteres utilizados e a demonstração que a localização 
da via pode ser facilitada pela identificação do 
potencial da via. A ablação por radiofrequência é hoje o 
tratamento ideal para os doentes com SWPW, devido a 
sua elevada taxa de sucesso e baixa morbimortalidade.
DESCRIÇÃO DO CASO
O relato deste estudo é referente a paciente de 
03 anos de idade, sexo feminino, previamente 
hígida, classificação de risco American Society of 
Anesthesiologists (ASA) I, assintomática do ponto 
de vista cardiovascular. Os exames pré-operatórios 
estavam dentrodo padrão da normalidade, com 
história de otite média crônica. Diante disso, ela foi 
encaminhada para procedimento cirúrgico eletivo de 
timpanotomia exploradora bilateral, adenoidectomia, 
amigdalectomia e turbinoplastia bilateral, no Hospital 
Márcio Cunha (HMC), em caráter de internação em 
hospital dia. 
A paciente foi monitorizada com cardioscopia, 
oximetria de pulso e pressão arterial não invasiva. Foi 
realizada indução anestésica com Sevorane e Propofol, 
laringoscopia e intubação orotraqueal (IOT) em plano 
profundo, com tubo 4,5, com cuff e manutenção sob 
anestesia geral inalatória. Paciente manteve-se estável 
durante toda a realização do procedimento cirúrgico 
com frequência cardíaca (FC) variando entre 105 a 
125 bpm, pressão arterial sistólica (PAS) de 90 a 100 
mmHg, pressão arterial diastólica (PAD) de 38 a 50 
mmhg. 
Ao término do ato cirúrgico, foi encerrada a 
administração de Sevorane, seguido de abertura de 
Oxigênio a 7l/min. Em aspiração de vias aéreas em 
plano superficial, a paciente apresenta quadro de 
tarquicardia estável, QRS estreito, regular, ausência de 
onda P e FC em torno de 200 bpm. Foi feita reversão 
química com 0,1mg/Kg adenosina com retorno a 
ritmo sinusal e FC de 125bpm. A paciente recebeu 
alta com orientações e foi encaminhada ao serviço de 
arritmologia para prosseguimento de tratamento.
DISCUSSÃO
O centro cirúrgico é um ambiente único e o período 
perioperatório, um momento em que o paciente está 
exposto a diversos números de estímulos e medicações. 
Durante sua vida profissional, o anestesiologista irá 
se deparar com pacientes previamente conhecidos ou 
não da SWPW, que, durante o intraoperatório, pode 
desencadear o gatilho para uma taquiarritmia de 
reentrada ou parada cardíaca súbita.2
A maior questão associada à realização da anestesia 
em pacientes com SWPW é o risco de taquiarritmias 
em decorrência dessas vias anômalas acessórias, 
pois são conhecidas várias situações que podem 
desencadear arritmias nesses pacientes, tais como 
náusea perioperatória, hipotermia, bloqueio simpático 
por anestesia neuroaxial, insuflação intraperitoneal 
para laparoscopia, hiperventilação, laringoscopia, 
gestação, uso de anestésicos e adjuvantes.12,13
A equipe de anestesiologia deve ser experiente 
e familiarizada com as potenciais complicações 
intraoperatórias dessa patologia. A monitorização 
contínua, através da cardioscopia, é imperativa. 
A taquicardia supraventricular de QRS estreito, 
desencadeada durante o ato perioperatório, pode ser 
revertida com adenosina, através da administração 
de bolus na dose de 0,1mg/kg, seguido de flush, com 
20 ml de água destilada, podendo ser repetido novo 
bolus. Após a administração dessa medicação, deve-
se ter um desfibrilador disponível, pois raramente 
essa medicação pode induzir fibrilação atrial e, em 
pacientes com vias anômalas funcionantes, podem 
ocorrer condução atrioventricular muito rápida, 
necessitando de cardioversão elétrica imediata.14
No sentido da prevenção de morte súbita, é 
importante avaliar o risco de cada doente, para 
proceder a uma abordagem dirigida. Nesse sentido, 
Revista Ciência e Saúde 31
os estudos ECG e eletrofisiológico ganham uma 
importância acrescida na identificação da localização 
das VA, das suas características de condução e do seu 
papel na arritmia do doente. Os doentes sintomáticos 
e aqueles com profissões de alto risco têm indicação 
para a ablação das VA, como terapêutica padrão; por 
outro lado, a abordagem dos doentes assintomáticos é 
mais controversa.9
CONCLUSÃO
De uma maneira geral, além de todos os cuidados 
normais que devem ser tomados antes do início de 
qualquer procedimento anestésico, algumas outras 
medidas são necessárias para uma anestesia segura e 
para que seja possível uma intervenção rápida e eficaz 
nas descompensações dos pacientes portadores de 
SWPW. São elas: drogas antiarrítmicas à disposição 
na sala, aparelho para cardioversão/desfibrilação, 
monitorização cardíaca contínua em mais de uma 
derivação, monitorização do bloqueio neuromuscular, 
monitorização do plano anestésico (BIS, por exemplo) 
e presença de cardiologista na sala de cirurgia em 
casos mais complexos.
O anestesiologista deve evitar o aumento da 
atividade do sistema nervoso simpático. A conduta 
anestésica a ser tomada dependerá do tipo de cirurgia 
e condições clínicas do paciente, no entanto, o 
bloqueio do neuroeixo é preferível quando possível. 
Uma vez indicada a anestesia geral, o paciente deve 
ser colocado em plano anestésico profundo, tanto na 
indução quanto na manutenção, com monitorização 
do plano anestésico e do bloqueio neuromuscular, 
evitando-se a descurarização e, se possível, realizar 
extubação com o paciente ainda em plano anestésico, 
tentando evitar estímulos adrenérgicos importantes.
Conclui-se, então, que a chave para o sucesso no 
manejo anestésico desses pacientes potencialmente 
complexos é conhecer bem a patologia, realizar um 
planejamento cuidadoso quando possível e instituir 
um protocolo de ação, desde antes do início do 
procedimento até a alta da sala de recuperação pós-
anestésica, para diagnosticar, monitorizar e solucionar 
as eventualidades, minimizando-se os riscos para os 
portadores da síndrome.
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Roberto Cardoso Junior, Alexandre Silva Pinto
Revista Ciência e Saúde 33
ARTIGO ORIGINAL
Fernanda Lima Fernandes1, Nonato Mendonça Lott Monteiro2 
1 Médica. Residência em Pediatria pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
2 Médicooncologista pediátrico do Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
Autor correspondente: Fernanda Lima Fernandes
Rua Rui Barbosa, 74, Bairro Bom Retiro, Ipatinga, MG. CEP: 35.160-000. Telefone: (31) 99681-2516.
Email: fernandes.lifer@gmail.com 
Artigo recebido em 23/02/2017
Aprovado para publicação em 12/04/2017
CLINICAL AND EPIDEMIOLOGICAL PROFILE OF PATIENTS FROM A 
PEDIATRIC ONCOLOGY SERVICE AT A HOSPITAL IN EAST MINAS GERAIS
PERFIL CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DOS PACIENTES DE UM SERVIÇO DE 
ONCOLOGIA PEDIÁTRICA DE UM HOSPITAL DO LESTE DE MINAS GERAIS
RESUMO
O câncer é considerado a segunda causa de mortalidade 
na faixa etária pediátrica, sendo uma preocupação 
constante para a saúde pública nacional. O objetivo 
deste estudo é conhecer o perfil epidemiológico 
dos pacientes atendidos no Serviço de Oncologia 
Pediátrica do Hospital Márcio Cunha. Trata-se de 
uma pesquisa descritiva e retrospectiva, sobre o perfil 
clínico e epidemiológico dos pacientes pediátricos 
diagnosticados com câncer, no período de julho de 
2015 a setembro de 2016. Para tanto, foram analisados 
20 prontuários de pacientes, sendo 11 do gênero 
masculino e 9 do gênero feminino. A faixa etária 
mais frequente ao diagnóstico foi entre 1 aos 4 anos 
de idade (40%). 65% dos pacientes teve o primeiro 
atendimento médico em até 30 dias desde o início 
dos sintomas. E 80% dos pacientes aguardaram mais 
que 30 dias para iniciar o tratamento após o início dos 
sintomas. 
Palavras-chave: oncologia, neoplasia, epidemiologia, 
pediatria.
ABSTRACT
Cancer is considered the second cause of mortality 
in the pediatric age group and a constant concern 
for national public health. The aim of this work is to 
study the epidemiological profile of patients treated 
at the pediatric oncology service of Márcio Cunha 
Hospital. The methodology is based on descriptive and 
retrospective research on clinical and epidemiological 
profile of pediatric patients diagnosed with cancer, 
from July 2015 to September 2016. The outcomes 
from twenty patient charts were analyzed, whereas 
11 were male gender and 9 were female gender. The 
most frequent age group at diagnosis was between 
1 and 4 years-old (40%). 65% of patients had their 
first medical care within 30 days from the onset of 
symptoms. However, 80% of patients awaited more 
than 30 days to start treatment after the onset of 
symptoms.
Keywords: oncology, neoplasia, epidemiology, 
pediatrics.
Revista Ciência e Saúde 34
INTRODUÇÃO
O advento da medicina moderna associado 
às constantes melhorias dos serviços de saúde 
propiciaram uma inversão da pirâmide etária, 
concomitantemente a uma importante alteração do 
perfil de morbimortalidade mundial. Diante disso, há 
uma diminuição evidente da ocorrência de doenças 
infectocontagiosas e uma ascensão de doenças 
crônico-degenerativas, a exemplo do câncer.1,2
O câncer infantil corresponde a, aproximadamente, 
2% a 3% de todas as neoplasias malignas, sendo 
considerado pouco frequente ao ser comparado aos 
tumores de pacientes adultos.2,3 Na faixa etária infanto-
juvenil, a leucemia é o tipo de câncer mais comum, 
correspondendo de 25% a 35% dos casos. Nos países 
em desenvolvimento, os linfomas são o segundo tipo 
de câncer mais comum e o terceiro mais frequente nos 
países em desenvolvimento.2
Durante os anos 90 e início dos anos 2000, a taxa 
média de incidência de câncer infantil no Brasil foi de 
154,3 casos por milhão, sendo maior para crianças de 
1 a 4 anos de idade.4 Esse cenário foi similar aos casos 
registrados nos Estados Unidos, nos quais foram 151 
por milhão de crianças de até 14 anos e 210 por milhão 
de adolescentes entre 15 e 19 anos de idade.5
Quanto às possibilidades atuais de cura, 70% das 
crianças acometidas de câncer podem ser curadas 
se o diagnóstico for realizado precocemente e se 
o tratamento ocorrer em centros especializados.2 
No entanto, as patologias oncológicas apresentam 
sinais e sintomas que mimetizam quadros clínicos 
semelhantes às enfermidades benignas, próprias da 
faixa etária infantil, dificultando ou atrasando o seu 
correto diagnóstico.2,6,7
Para o câncer infantil, avanços como tratamentos 
multimodais e mais agressivos, possibilitaram 
progressão no índice de sobrevivência dos pacientes. 
Porém, para países em desenvolvimento, existe uma 
menor probabilidade de o paciente ficar livre da 
doença quando se compara a países de alta renda.8,9 
Essa diferença ocorre principalmente pelo atraso no 
diagnóstico, morte precoce, dificuldade de acesso 
aos centros especializados, falta de padronização no 
atendimento e desigualdades econômicas, culturais e 
sociais.10-12
O diagnóstico oportuno e o acesso precoce aos 
centros oncológicos especializados são fatores que 
influenciam diretamente sobre a eficácia do tratamento 
de neoplasias infantis. Quando diagnosticado em fases 
mais avançadas, seja por dificuldade de acesso aos 
profissionais especializados e aos centros de referência 
ou por abandono do tratamento, pode ocorrer impacto 
negativo no prognóstico e na sobrevida das crianças 
acometidas.13, 14
O Hospital Márcio Cunha (HMC) é considerado 
uma instituição de alta complexidade, credenciada 
e referência para atender uma população de 
aproximadamente 800 mil habitantes em mais de 35 
municípios do leste de Minas Gerais. Aproximadamente 
95% do serviço oncológico realizado nessa instituição 
é por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). O 
serviço de oncologia pediátrica teve início no ano de 
2015, visando atender uma demanda da população 
local e regional. 
Diante do interesse em conhecer a prevalência de 
neoplasias do Serviço de Oncologia Pediátrica, este 
trabalho contribuirá para conhecer o perfil clínico e 
epidemiológico dos pacientes oncológicos atendidos 
nessa instituição, favorecendo melhorias constantes no 
setor e proporcionando maior efetividade e qualidade 
assistencial. 
MÉTODOS
Trata-se de uma pesquisa descritiva, retrospectiva 
e longitudinal. Foram analisados os prontuários dos 
pacientes com idade entre 1 mês e menores de 18 
anos, atendidos no serviço de oncologia pediátrica 
do HMC, no período de julho de 2015 a setembro de 
2016. Foram incluídos todos os pacientes que tiveram 
diagnóstico de neoplasia no período citado. Foram 
excluídos os pacientes que não tiveram confirmação 
diagnóstica ou que tiveram o seu diagnóstico fora do 
período pré-estabelecido.
Após aprovação pelo comitê de Ética e Pesquisa do 
Centro Universitário do Leste de Minas (Unileste-MG), 
iniciou-se a coleta de dados, através de formulário, para 
obter as informações qualitativas e quantitativas que 
atendessem aos objetivos da pesquisa, por meio dos 
Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes de um serviço de oncologia pediátrica de um hospital do Leste de Minas Gerais
Revista Ciência e Saúde 35
prontuários dos pacientes. Após a coleta, foi elaborado 
um banco de dados e feita a análise utilizando-se o 
programa Microsoft Excel 2010.
As informações foram agrupadas da seguinte 
forma: caracterização da amostra (gênero, idade ao 
diagnóstico, tipo de neoplasia e histórico familiar 
de câncer em parentes de 1º e 2º graus); tempo de 
espera entre o surgimento do primeiro sintoma até a 
consulta médica; qual o primeiro sinal ou sintoma; 
manifestações clínicas iniciais; tempo de espera 
entre o surgimento do primeiro sintoma até o inicio 
do tratamento; tempo de espera entre a consulta com 
especialista e o inicio do tratamento; e o tratamento 
realizado (cirúrgico, quimioterápico, radioterápico, ou 
a combinação de algum deles).
Ao analisar as idades dos pacientes optou-se pela 
categorização em grupos de faixas etárias (menor 
de 1 ano; entre 1 e 4 anos; entre 5 e 9 anos; entre 
10 e 14 anos e entre 15 anos e 18 anos). Em relação 
aos tipos de neoplasias diagnosticadas,optou-se pela 
categorização em grupos: hematológicos englobando 
leucemias, linfomas e histiocitose; tumores localizados 
no sistema nervoso central; e tumores de partes moles. 
Também foram incluídos na amostra 1 paciente com 
tumor renal e 1 paciente com tumor neuroendócrino.
RESULTADOS
Foram analisados os prontuários de 20 pacientes 
portadores de neoplasias, sendo que 11 indivíduos 
eram do gênero masculino (55%) e 9 pacientes 
(45%) do gênero feminino. A idade dos pacientes no 
momento do diagnóstico variou de 7 meses até 16 anos 
e 4 meses. Encontrou-se uma prevalência de 40% na 
faixa etária entre 1 e 4 anos de idade, sendo a média de 
idade com 8 anos e 6 meses (Tabela 1).
Faixa Etária N % Média Mediana Idade Máxima Idade Mínima
Menor de 1 ano 1 5
8 anos e
6 meses
7 anos e
6 meses
16 anos e
4 meses 7 meses
1 a 4 anos 8 40
5 a 9 anos 2 10
10 a 14 anos 3 15
15 a 17 anos 
completos
6 30
Total 20 100
Fonte: Elaborado pelos autores. 
Sobre o histórico familiar de neoplasias, apenas 2 
pacientes (10%) possuíam história positiva, o restante 
da amostra não tinha informações no prontuário (25%) 
ou não possuía histórico positivo (65%).
Em relação aos tipos de neoplasias, as mais 
prevalentes foram as hematológicas (40%), seguidas 
pelos tumores de acometimento do sistema nervoso 
central (35%), seguido dos tumores de partes moles 
(15%), e por fim as neoplasias renal e neuroendócrina, 
correspondendo a 5% cada. No grupo dos tumores 
hematológicos, as leucemias totalizaram 62,5%, 
seguida pelos linfomas com 25% e, posteriormente, a 
histiocitose com 12,5%.
A respeito do tempo de espera entre o surgimento 
do primeiro sintoma até a primeira consulta médica, 
9 pacientes (45%) aguardaram até 15 dias para o 
atendimento, enquanto 4 pacientes (20%) aguardaram 
entre 15 e 30 dias. Um paciente (5%) aguardou um 
período de 3 a 6 meses e três pacientes (15%) período 
superior a 6 meses (Figura 1). 
Tabela 1: Distribuição dos pacientes quanto a faixa etária.
Fernanda Lima Fernandes, Nonato Mendonça Lott Monteiro
Revista Ciência e Saúde 36
Figura 1: Distribuição percentual do tempo de espera entre o surgimento do primeiro sintoma 
até a primeira consulta médica. 
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
Em relação ao sinal ou sintoma que motivou a primeira 
consulta médica, a cefaleia foi o mais frequente (17%), 
seguida da dificuldade/dor ao deambular e presença de 
tumoração, 13% cada. (Tabela 2).
Das manifestações clínicas apresentadas pelos 
pacientes, as mais frequentes foram às dores (22%), 
seguida dos vômitos (11%) (Tabela 3).
Tabela 2: Primeiro sinal e/ou sintoma apresentado pelo 
paciente que motivou a procura por atendimento médico.
Tabela 3: Manifestações clínicas inicias apresentadas 
pelos pacientes.
Sinal ou Sintoma n %
Cefaleia 4 17
Dificuldade/dor ao deambular 3 13
Tumoração 3 13
Dor abdominal 2 8
Vômitos 2 8
Dores articulares 2 8
Hepatomegalia 1 4
Nódulo 1 4
Petéquias e equimoses 1 4
Pré-síncope 1 4
Piora no aprendizado escolar 1 4
Palidez 1 4
Edema palpebral 1 4
Febre 1 4
Manifestações clínicas iniciais n %
Dor 14 22
Vômitos 7 11
Palidez 6 10
Febre 5 8
Alteração da marcha 5 8
Tumoração 5 8
Perda de peso 4 6
Tontura 4 6
Anorexia 3 5
Visceromegalia 3 5
Diplopia 2 3
Alteração comportamental 1 2
Petéquias 1 2
Crise convulsiva 1 2
Afasia 1 2
Confusão mental 1 2
Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes de um serviço de oncologia pediátrica de um hospital do Leste de Minas Gerais
Até 15 dias
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
15-30 dias De 3 a 6 meses Mais de 6 meses Não informado
45%
20%
5%
15% 15%
Revista Ciência e Saúde 37
Figura 2: Distribuição percentual do tempo de espera 
entre o surgimento do primeiro sintoma até o inicio do 
tratamento (em meses). 
Figura 3: Distribuição do tratamento realizado: cirúrgico, radioterapia e quimioterapia. 
Fonte: Dados da pesquisa.
Fonte: Dados da pesquisa.
A Figura 2, a seguir, indica o tempo de espera 
entre o surgimento do primeiro sintoma até o início 
do tratamento. A maioria dos pacientes aguardaram 
entre 1 e 2 meses (30%). Assim, foi observado que 
Na amostra coletada, o tempo de espera entre a 
consulta com especialista e o inicio do tratamento 
foi de até 1 mês em 80% dos casos. Período de 1 a 2 
meses e de 2 a 3 meses corresponderam a 15% e 5%, 
respectivamente.
Em relação aos tratamentos aos quais os pacientes 
80% dos pacientes aguardou período superior a 1 mês 
para iniciar o tratamento após o aparecimento dos 
primeiros sintomas.
foram submetidos, nenhum paciente submeteu-se 
exclusivamente ao tratamento cirúrgico, e sim à 
combinação com a radioterapia e/ou quimioterapia. 
O tratamento com quimioterapia foi o mais frequente, 
isoladamente, representando 35% da amostra (Figura 
3).
Quimioterapia
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Radioterapia Cirurgia/
Quimio
Cirurgia/
Radio
Cirurgia/
Quimio/Radio
Quimio/
Radio
35%
5%
10% 10%
20% 20%
Até 1 mês
7
6
5
4
3
2
1
0
De 1 a 2 meses De 2 a 3 meses De 3 a 6 meses Mais de 6 meses
20%
30%
20% 20%
10%
*Quimio= quimioterapia; Radio= radioterapia; 
Fernanda Lima Fernandes, Nonato Mendonça Lott Monteiro
Revista Ciência e Saúde 38
Dos dez pacientes que necessitaram de procedimento 
cirúrgico, 50% foram submetidos à ressecção parcial 
do tumor, 30% ressecção total e 20% biopsia.
No momento da realização da pesquisa, 45% dos 
pacientes encontravam-se vivos e em tratamento, 
30% estavam em acompanhamento clínico e 5% 
em cuidados paliativos. O óbito devido à neoplasia 
ocorreu em 20% da amostra.
DISCUSSÃO 
Para o período de 2012 a 2013, as estimativas de 
incidência realizadas pelo Instituto Nacional de 
Câncer José Alencar (INCA) apontaram a ocorrência 
de 11.530 casos novos de câncer em crianças e 
adolescentes no país, com exceção dos tumores de 
pele não melanoma.15
As leucemias são o tipo de câncer pediátrico mais 
comum no mundo. Correspondem a 34,1% de todas 
as neoplasias infantis até os 15 anos de idade, sendo 
seguidas pelos tumores do Sistema Nervoso Central – 
SNC – (22,6%) e pelos linfomas (11,5%).16 De acordo 
com o local e a população analisada, as incidências 
de linfomas e tumores do SNC podem modificar, 
alternando como segundo e terceiro tipo de neoplasia 
infantil mais frequente. No Brasil, os linfomas 
aparecem como a segunda neoplasia mais incidente 
na faixa etária pediátrica.4 Na amostra pesquisada, 
os tumores hematológicos foram os mais frequentes, 
correspondendo a 40% da amostra, enquanto que 
os de acometimento do sistema nervoso central 
representaram 35% dos pacientes do presente estudo.
Entre menores de 15 anos de idade, diagnosticam-se 
mais frequentemente leucemias, linfomas, tumores do 
SNC e do sistema simpático, enquanto, entre adultos, 
predominam os tumores pulmonares, do estômago, de 
mama, do intestino e do fígado.17
Os pacientes que pertencem às faixas etárias 
pediátricas mais precoces (1 mês a 4 anos) são os 
mais propensos ao desenvolvimento de câncer, 
com exceção de linfomas, carcinomas e tumores 
ósseos, que predominam em crianças entre 10 e 14 
anos. Verifica-se ainda que, geralmente, as taxas de 
incidência para o gênero masculino são maiores do 
que as encontradas para o gênero feminino.17 Assim, 
como apresentando na literatura, no presente estudo, 
a faixa etária predominante ao diagnóstico foi entre 
1 ano a 4 anos de idade, com predomínio de tumores 
hematológicos e de pacientes do gênero masculino.
O diagnóstico oportuno de câncer em crianças é 
dificultado pela baixa prevalência da doença e pela 
apresentação inespecífica dos sintomas. Estudos sobre 
o tema demonstraram que o tipo de câncer era um 
fator importanterelacionado ao atraso no diagnóstico. 
Por exemplo, os tumores renais apresentaram um 
aumento de 60% no risco de atraso ao diagnóstico 
em comparação com a leucemia, enquanto que para 
o tumor de Hodgkin, este apresentou sete vezes mais 
risco de atraso no diagnóstico do que a leucemia.18
Na amostra pesquisada, após o aparecimento de 
sintomas, 65% dos pacientes procuraram atendimento 
médico em intervalo de até 30 dias, sendo que 45% 
do total, em até 15 dias. Apesar desta pesquisa não 
apresentar a relação do tipo de câncer e o atraso 
no atendimento, considera-se satisfatório o tempo 
em que os pais conseguiram a consulta inicial. 
Em contrapartida, 70% conseguiram consulta 
especializada 1 mês após o aparecimento dos sintomas. 
Observa-se que, inicialmente, as similaridades de 
sinais e sintomas do câncer com outras doenças comuns 
da infância dificultam a confirmação do diagnóstico. 
Em consequência disso, as famílias recorrem a 
diversos atendimentos e recursos até alcançarem o 
diagnóstico definitivo, sendo necessária a busca por 
vários médicos, atendimento de profissionais não 
médicos, inúmeros exames de imagem e laboratoriais 
e possíveis internações hospitalares.19
Com a atual rede de serviços disponível no 
Brasil, o primeiro médico a ser procurado é o 
pediatra generalista ou o médico clínico-geral, que 
normalmente está vinculado à Estratégia de Saúde 
da Família, uma das principais formas de porta de 
entrada da população através da atenção primária. 
Esse profissional provavelmente presenciará poucos 
casos de neoplasia maligna em relação às doenças 
comuns da infância. Diante disso, o câncer não é a 
primeira hipótese a ser considerada, o que contribui, 
muitas vezes, para o atraso do diagnóstico, a piora do 
prognóstico, a necessidade de um tratamento mais 
agressivo e maiores sequelas desse tratamento.19 
Na amostra estudada, observou-se que a queixa 
Perfil clínico e epidemiológico dos pacientes de um serviço de oncologia pediátrica de um hospital do Leste de Minas Gerais
Revista Ciência e Saúde 39
mais frequente apresentada foi a cefaleia, um 
sintoma inicialmente inespecífico, o que não favorece 
o diagnóstico de neoplasia de forma imediata. 
Contudo, a presença de tumoração, terceiro sinal/
sintoma mais frequente, a depender da localização 
e das características, faz-se incluir os linfomas, por 
exemplo, como diagnóstico diferencial. 
Dados de registro dinamarquês sobre o câncer 
infantil em pacientes menores de 15 anos demonstrou 
que os sintomas mais frequentes foram dor, inchaço 
e fraqueza/cansaço. Esse mesmo estudo observou 
ainda que pacientes com sintomas com mais de seis 
meses de duração foram mais propensos a ter a doença 
disseminada. Além disso, pacientes que tiveram o 
diagnóstico tardio passaram por diversas avaliações 
médicas antes do diagnóstico.20 No levantamento 
realizado na nossa amostra, os sintomas mais 
frequentes foram dor, vômitos e fraqueza. 
Como exposto, um dos fatores que mais influenciam 
o sucesso do tratamento oncológico pediátrico é o 
diagnóstico precoce, principalmente por apresentar 
período curto de latência e rápido crescimento. E, 
mesmo sendo invasivos, os tumores pediátricos são 
mais sensíveis ao tratamento quando comparado 
aos tumores que acometem os adultos.18 Assim, o 
diagnóstico precoce pode influenciar favoravelmente 
o tratamento e melhorar o prognóstico com diminuição 
dos com efeitos secundários.14,18 Na amostra 
apresentada, infelizmente apenas uma pequena parcela 
iniciou o tratamento após o surgimento dos sintomas 
(20%). Apesar desse atraso, o tempo de espera entre a 
consulta com o especialista e o início do tratamento, 
para a maioria dos pacientes (80%), ocorreu em até 
30 dias. Ou seja, apesar do atraso do paciente ao 
chegar ao serviço de referência, este conseguiu iniciar 
o tratamento de maneira rápida, melhorando assim o 
prognóstico dos pacientes assistidos. 
Em levantamento realizado com crianças portadoras 
de neoplasias do interior de São Paulo, observou-se que 
a quimioterapia esteve presente na maioria dos casos 
(90%), seguida de cirurgia (20%) e radioterapia (14%). 
O mesmo ocorreu em outro estudo realizado com 
crianças da Bahia, no qual a quimioterapia foi utilizada 
no tratamento de 405 pacientes (67,8%), a cirurgia em 
133 (22,3%) e a radioterapia em 59 (9,9%).21 Em nosso 
estudo, a frequência de tratamento também não foi tão 
diferente, sendo o tratamento quimioterápico o mais 
frequente (35%). Porém, a combinação do tratamento 
cirúrgico com a quimioterapia ou a radioterapia, ou 
ainda com as outras duas modalidades, alcançaram 
50% da amostra. As diferentes frequências presentes 
no tratamento indicam a diversidade de tumores 
atendidos, bem como de estágios da doença. Cabe 
ainda ressaltar que, dos que se submeteram a cirurgia, 
50% fizeram ressecção parcial do tumor.
O declínio observado, em diversos países, nos 
coeficientes de mortalidade por neoplasias em 
menores de 15 anos parece dever-se, em grande 
parte, ao aumento da sobrevida para a maioria dos 
casos com tumores infantis. Ou seja, ao acréscimo na 
porcentagem de crianças vivas com neoplasias após 
um determinado período de tempo, em decorrência 
de diagnósticos mais precoces e maior sucesso nas 
intervenções terapêuticas.17
No entanto, vários fatores parecem contribuir para 
a acentuada variabilidade entre as probabilidades 
de sobrevida dos pacientes diagnosticados com 
diferentes tumores. As neoplasias pediátricas 
mostram-se habitualmente fatais quando não tratadas 
adequadamente ou em tempo hábil.17 O período de 
investigação utilizado nesta pesquisa não nos permitiu 
calcular a mortalidade e sobrevida dos pacientes 
assistidos, contudo, foi detectado óbito de quatro 
pacientes (20%) devido à neoplasia. O restante dos 
pacientes encontrava-se em algum tipo de tratamento 
ou acompanhamento clínico.
Os avanços tecnológicos da medicina têm influenciado 
a evolução e desfecho da maioria das neoplasias 
infantis, aumentando a sobrevida e melhorando os 
índices de cura. Contudo, a rapidez com que esses 
avanços ocorrem não corresponde à velocidade da 
capacitação, melhorias e acesso à rede de atendimento. 
A responsabilidade pelo atraso do diagnóstico pode ser 
do paciente, dos pais, do médico, do comportamento 
biológico da doença e das razões socioeconômicas 
(sistema pú¬blico ou privado de saúde). Outros fatores 
também podem influenciar, como a idade da criança no 
momento do diagnóstico, nível de educação dos pais, 
tipo de câncer, apresentação de sinais/sintomas, local 
do tumor, estágio do câncer e especialidade médica 
Fernanda Lima Fernandes, Nonato Mendonça Lott Monteiro
Revista Ciência e Saúde 40
consultada pela primeira vez. Idealmente, o pediatra 
deve estar apto para identificar precocemente os sinais 
e sintomas para o melhor seguimento do paciente. 
Por tratar-se de estudo retrospectivo, há que se 
considerar possíveis vieses de informações decorrentes 
do levantamento de dados em prontuários. Assim, 
enfatiza-se a importância do registro do médico e de 
outros profissionais nos prontuários, bem como sua 
adequada conservação para fins de levantamentos 
científicos posteriores. 
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Fernanda Lima Fernandes, Nonato Mendonça Lott Monteiro
Revista Ciência e Saúde 42
ARTIGO ORIGINAL
Juliano Nogueira Morais1, Paula Lutfalla Pessoa2, Mariangela Latini de Miranda3 
1 Médico cirurgião do Serviço de Cirurgia Geral e preceptor da Residência Médica do Hospital Márcio Cunha, – Fundação São 
Francisco Xavier. Professor da – Universidade de Medicina do Vale do Aço (UNIVACO) Ipatinga, MG, Brasil.
2 Médica. Residência em Cirurgia Geral pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
3 Médica. Residência em Cirurgia Geral pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
Autor correspondente: Paula Lutfalla Pessoa 
Av. Kyioshi Tsunawaki, 41, Bairro das Águas, Ipatinga, MG. CEP: 35.160-158. 
Telefone: (31) 99741-4389. E-mail: paulalutfalla@hotmail.com
Artigo recebido em 03/03/2016
Aprovado para publicação em 12/04/2017
INTERNAL HERNIA IN A POST-ROUX-EN-Y GASTRIC BYPASS PREGNANT 
WOMAN: A CASE REPORT
HÉRNIA INTERNA PÓS-GASTROPLASTIA EM Y-DE-ROUX EM 
GESTANTE: UM RELATO DE CASO
RESUMO
Com crescimento de pacientes com obesidade 
mórbida e comorbidades associadas, aumentou 
consideravelmente o número de cirurgias bariátricas. 
A técnica mais difundida é a de Fobi-Capela, também 
conhecida como bypass gástrico em Y-de-Roux. 
Entretanto, o procedimento cirúrgico não é isento de 
complicações, na qual destacamos neste trabalho a 
hérnia interna. A hérnia interna ocorre especialmente 
em cirurgias videolaparóscopicas. Este relato de caso 
trata-se de uma gestante de 36 anos, que se submeteu 
a gastroplastia devido IMC de 44,7, evoluiu com 
perda ponderal de 31 kg 2 anos após o procedimento 
cirúrgico, e durante a gestação apresentou um quadro 
de abdome agudo obstrutivo, sendo diagnosticado 
hérnia interna e rapidamente encaminhada para 
tratamento cirúrgico. 
Palavras-chave: gastroplastia em Y-de-Roux, 
gestante, hérnia interna, obesidade mórbida, 
complicações.
ABSTRACT
The increase of patients with morbid obesity and 
associated comorbidities raised widely the number of 
bariatric surgeries. The most widespread technique 
is Fobi-Capella, also known as Roux-en-Y gastric 
bypass, a surgical practice that does not exclude 
complications, amongst which internal hernia is 
pointed out in this work. Internal hernia occurs 
especially in laparoscopic surgeries. In this study, it 
will be reported a case of a 36 years-old pregnant 
woman who underwent gastric bypass due to Body 
Mass Index of 44.7 and progressed with weight loss 
of 31kilograms within 2 years after surgery. During 
pregnancy, she presented obstructive acute abdomen 
clinical picture, was therefore diagnosed with internal 
hernia and rapidly referred for surgical treatment.
Keywords: Roux-en-Y gastric bypass, pregnant, 
internal hernia, morbid obesity, complications.
Revista Ciência e Saúde 43
Hérnia interna Pós-Gastroplastia em Y-de-Roux em gestante: um relato de caso
INTRODUÇÃO
Casos de obesidade vêm aumentando 
consideravelmente nos últimos anos e, muitas vezes, esta 
vem acompanhada de hipertensão arterial, dislipidemia, 
diabetes mellitus tipo 2, doença coronariana e outras 
comorbidades. Trata-se de um fenômeno multifatorial, 
envolvendo componentes genéticos, comportamentais, 
psicológicos, sociais, endócrino e metabólicos.1 
No Brasil, estudos comprovam que mudanças 
demográficas, socioeconômicas e epidemiológicas, 
ao longo do tempo, estão refletindo na diminuição da 
desnutrição e aumento da obesidade.2
A Organização Mundial da Saúde (2000) classifica 
a obesidade tendo como base o Índice de Massa 
Corporal (IMC) e o risco de mortalidade associada. 
Considera-se que o indivíduo é obeso quando o IMC 
é superior a 30 kg/m2.3 Todavia, o tratamento da 
obesidade requer uma abordagem ampla, de cunho 
nutricional, medicamentoso, atividade física e, em 
casos selecionados, cirúrgico. Os pacientes candidatos 
ao tratamento cirúrgico são aqueles com IMC maior 
que 40 kg/m2 ou IMC maior que 35 kg/m2, associado a 
comorbidades descritas anteriormente.4 
As técnicas cirúrgicas mais utilizadas no Brasil 
são Duodenal Switch, Banda Gástrica Ajustável, 
Gastrectomia Vertical e Gastroplastia com derivação 
em Y- de-Roux, sendo esta a mais utilizada por ser 
segurae eficaz.5
A hérnia interna pós-gastroplastia é uma complicação 
rara, de difícil diagnóstico e muito grave.6 E, de 
acordo com Blachar et al,5 apresenta maior incidência 
em cirurgias videolaparoscópicas. Pode ocorrer em 
qualquer fase do pós-operatório, mas tendem a ser mais 
tardias quando comparadas as obstruções secundárias 
a bridas, que podem ocorrer entre três dias e três 
meses de pós-operatório. Exames de imagem, como 
tomografia computadorizada (TC) e raios-X (Rx) 
auxiliam no diagnóstico de obstruções. O tratamento 
dessa complicação é de abordagem cirúrgica, podendo 
ser via videolaparoscópica ou laparotômica.
Esse trabalho tem como elemento central o relato de 
um caso de complicação rara de hérnia interna pós-
gastroplastia em gestante, de difícil diagnóstico e que 
deve ser aventada.
RELATO DE CASO
EFSM, 36 anos, gestante G2P1A0, idade gestacional: 
29 semanas, submetida à gastroplastia redutora para 
obesidade mórbida em junho de 2012. Nessa época, 
pesava 119 kg, com 1,63cm de estatura, apresentava 
IMC de 44,73 e não apresentava comorbidades 
associadas, apenas a obesidade crônica refratária 
aos tratamentos instituídos. A cirurgia transcorreu 
sem intercorrências, conforme a técnica de Fobi-
Capella, segundo dados do prontuário. Recebeu 
alta no segundo dia pós-operatório e manteve 
acompanhamento regular ambulatorial, com perda 
ponderal, em 2 anos, de 31kg. Em janeiro 2015, 
apresentou-se no pronto-socorro com dor abdominal 
em epigástrio de início súbito, há aproximadamente 4 
horas, contínua, com irradiação para dorso. Associado 
ao quadro, apresentava vômitos e náuseas. Não 
apresentava febre, dor torácica, alterações urinárias ou 
intestinais à admissão. Ao exame, apresentava-se com 
fáscies de dor, descorada, desidratada, taquicárdica, 
taquidispneica. O abdome era gravídico, flácido, 
difusamente doloroso à palpação, sendo mais intenso 
em epigástrio, sem irritação peritonial. Os exames 
laboratoriais solicitados, amilase, lipase, transaminase 
glutâmico oxalacética (TGO), transaminase glutâmica 
pirúvica (TGP), gamaglutamiltransferase (GGT), 
fosfatase alcalina, sódio, potássio, glicemia, ureia, 
creatinina, coagulograma, lactato e proteína C reativa 
(PCR), estavam dentro da normalidade. No entanto, 
o hemograma apresentava uma anemia hipocrômica 
discreta, um exame de urina sugeriu infecção do 
trato urinário e a gasometria arterial com alcalose 
respiratória compensada por uma acidose metabólica. 
Por se tratar de uma gestante, os exames de imagem 
que envolvem radiação limitam a propedêutica 
e podem apresentar risco ao feto, sendo, então, 
escolhido, inicialmente, um ultrassom de abdome. 
Este mostrava um útero gravídico com batimentos 
cardíacos fetais (BCF) positivo, além de pequena 
quantidade de líquido livre entre a porção cefálica 
pancreática e o duodeno. Procedeu-se, então, à 
realização de endoscopia digestiva, a qual não 
apresentava alterações. O passo seguinte foi a 
solicitação de tomografia computadorizada de 
abdome, que evidenciou importante dilatação com 
Revista Ciência e Saúde 44
Juliano Nogueira Morais, Paula Lutfalla Pessoa, Mariangela Latini de Miranda 
conteúdo líquido do remanescente gástrico excluso, 
duodeno e alças jejunais proximais, o que sugeria 
obstrução/semiobstrução intestinal.
Aventada a hipótese de hérnia interna, foi então 
realizada videolaparoscopia. Durante o ato cirúrgico, 
encontrou hérnias internas com obstrução intestinal 
em dois pontos, explicando os achados tomográficos e 
ultrassonográficos. Procedeu-se à lise de aderências e 
fechamento das brechas do mesentério. Durante o ato 
cirúrgico, não houve intercorrências, segundo dados 
coletados. A paciente foi encaminhada para UTI, 
avaliada pela obstetrícia no pós-operatório imediato, 
que mostrou feto viável com batimentos cardiofetais 
normais. Recebeu alta no quinto dia pós-operatório 
em boas condições.
DISCUSSÃO
Essa paciente do caso relatado apresentava um 
emagrecimento de 31 kg até a data do fato e um quadro 
clínico que sugeria obstrução intestinal de etiologia a 
esclarecer, sendo a hérnia uma das possibilidades uma 
vez que se tratava de uma paciente gestante no terceiro 
trimestre, o que dificulta sobremaneira o diagnóstico. 
Diversas são as complicações pós-operatórias 
descritas da cirurgia bariátrica. Dentre elas pode-
se citar: deiscência do tubo gástrico; obstrução 
intestinal; deslizamento do anel de contenção; 
erosão do anel de contenção; estenose da anastomose 
tubojejunal e úlcera de boca anastomótica; 
sangramentos; hemorragia digestiva; complicações 
de ferida operatória, evisceração, hérnia incisional; 
fístula gastroentérica espontânea.
Hérnias internas apresentam-se clinicamente 
como dor abdominal associada a vômitos, náuseas 
e diarreias, sinais de sofrimento de alça são as 
principais responsáveis pela obstrução intestinal 
no pós-operatório tardio.7 A incidência estimada da 
hérnia interna está entre 0,9% e 4,5%.8 e o tratamento 
consiste no fechamento do espaço retroanastomótico 
e redução da hérnia.9
Obstrução intestinal é uma complicação que pode 
ocorrer em qualquer tipo de cirurgia nas quais são 
realizadas brechas mesentéricas e que, se não forem 
devidamente fechadas, facilitam a formação de 
hérnias internas. Acredita-se que as brechas devem 
ser fechadas, tanto nas vias laparotômicas quanto nas 
laparoscópicas, sendo que, nesta última, verifica-se 
maior índice de hérnias internas.5 Segundo Ahmed 
et al,10 essa hérnia faz parte das complicações tardias 
mais comuns após derivação gástrica em Y-de-
Roux e merece exploração imediata para prevenir 
sofrimento de alça.
CONCLUSÃO
Como pôde ser observado no caso descrito, 
procedeu-se o tratamento cirúrgico logo após 
hipótese de hérnia interna. A intervenção cirúrgica 
nesses pacientes deve ser rápida, pois pode levar à 
gangrena do segmento intestinal, sendo necessária 
enterectomia, aumentando a morbidade e a 
mortalidade, portanto, é fundamental o diagnóstico 
precoce. 
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Revista Ciência e Saúde 45
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Hérnia internaPós-Gastroplastia em Y-de-Roux em gestante: um relato de caso
Revista Ciência e Saúde 46
ARTIGO ORIGINAL
Danilo Porto Mendes1, Amanda Franco de Almeida2 
1 Médico. Residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, 
Ipatinga, MG, Brasil
2 Médica Radiologista do Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
Autor correspondente: Danilo Porto Mendes
Av. Kyioshi Tsunawaki, 41, Bairro das Águas, Ipatinga, MG. CEP: 35.160-158. 
Telefone: (31) 3830-5037. E-mail: daniloportomendes@hotmail.com
Artigo recebido em: 03/02/2017
Aprovado para publicação em: 12/04/2017
DIAGNOSTIC IMAGING FROM SECONDARY PANCREATIC ABSCESS TO 
GASTROINTESTINAL PERFORATION BY FOREIGN BODY: A CASE REPORT
DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DE ABSCESSO PERIPANCREÁTICO 
SECUNDÁRIO À PERFURAÇÃO GÁSTRICA POR CORPO 
ESTRANHO: RELATO DE CASO
RESUMO
A ingestão de corpos estranhos é um evento 
relativamente comum e ocorre acidentalmente 
na maior parte dos casos. A maioria dos corpos 
estranhos é eliminada do trato gastrointestinal sem 
complicações, entretanto, durante sua passagem, 
qualquer corpo estranho pode causar obstrução, 
hemorragia ou perfuração. As espinhas de peixe e os 
ossos de galinha são objetos comumente envolvidos 
nos casos de perfuração intestinal. Frequentemente, o 
diagnóstico ocorre em momento inoportuno, quando 
as complicações já se desenvolveram. Isso é justificado 
pela inespecificidade dos sintomas apresentados pelo 
paciente e a escassez dos dados clínicos, muitas vezes, 
não havendo sequer a suspeita de ingestão de corpos 
estranhos pelo paciente. O diagnóstico pré-operatório 
é fundamental para a redução da morbimortalidade 
nesses eventos. Neste trabalho, será relatado um caso 
de perfuração gástrica por espinha de peixe, que foi 
apropriadamente diagnosticado no pré-operatório 
com o auxílio de exames de diagnóstico por imagem, 
ABSTRACT
The ingestion of foreign bodies is relatively a common 
event and it occurs accidentally in most cases. Most of 
foreign bodies are eliminated through gastrointestinal 
tract without any complications, however during 
transitional period any foreign body may cause 
obstruction, hemorrhage or perforation. Fish and 
chicken bones are objects commonly involved in 
intestinal perforation cases. The diagnosis often 
occurs at inappropriate time, when complications 
have already been developed. This is reasoned by non-
specific symptoms presented by the patient and lack of 
clinical data, since many times there is no evidence of 
even suspicion of foreign bodies’ ingestion by patients. 
The preoperative diagnosis is essential for morbi-
mortality reduction in these cases. In this study, a 
fishbone gastrointestinal perforation case was properly 
diagnosed in the preoperative period with support of 
diagnostic imaging tests, contributing to a favorable 
outcome of the case. In such situations like this, when 
the causes of symptoms are unclear, the ingestion of 
Revista Ciência e Saúde 47
Diagnóstico por imagem de Abscesso Peripancreático secundário à perfuração gástrica por corpo estranho: relato de caso
contribuindo para o desfecho favorável do caso. Em 
situações como essa, quando as causas dos sintomas 
são obscuras, a ingestão de corpos estranhos deve 
sempre ser lembrada como etiologia da dor, e a 
avaliação direcionada aos exames de diagnóstico por 
imagem torna-se essencial para o diagnóstico. 
Palavras-chave: perfuração do trato gastrointestinal, 
ingestão de corpo estranho, abscesso pancreático.
foreign bodies should always be remembered as pain 
etiology and the evaluation directed to diagnostic 
imaging tests becomes substantial for diagnosis.
Keywords: gastrointestinal tract perforations, 
ingestion of foreign bodies, pancreatic abscess.
INTRODUÇÃO
A ingestão de corpos estranhos consiste em um 
cenário relativamente frequente na prática clínica 
e, na grande maioria dos casos, são eliminados pelo 
trato gastrointestinal (TGI) sem intercorrências e/
ou complicações em até uma semana.1,2 Quando 
ocorrem complicações, os objetos pontiagudos estão 
envolvidos na maioria dos casos por apresentarem 
maior potencial perfurativo, sendo as espinhas de 
peixes e os ossos de galinha responsáveis por até 
metade dos casos relatados.3
Qualquer corpo estranho que permanece no TGI pode 
causar obstrução, hemorragia e perfuração. Estima-se 
que até 85% dos casos de perfuração intestinal estejam 
relacionados com a ingestão de fragmentos ósseos.4 
A maioria dos casos de ingestão de corpos estranhos 
ocorre de forma acidental, e os grupos de pessoas 
que apresentam maior risco são crianças, idosos, 
usuários de dentaduras e próteses dentárias, pacientes 
psiquiátricos, pessoas que comem rápido e usuários 
de drogas.4,5 As áreas de estreitamento e angulações 
agudas são os locais do TGI mais frequentemente 
acometidos.3 
O quadro clínico é bastante inespecífico e indolente, 
geralmente associado a sintomas crônicos e 
diagnosticados após o desenvolvimento de abscessos 
intra-abdominais. Normalmente, não há relato de 
ingestão de corpos estranhos pelo paciente, o que 
contribui para o desafio do diagnóstico. Soma-se a isso 
o fato de muitos casos de perfuração do TGI por corpos 
estranhos simularem os quadros abdominais agudos 
mais comuns, como apendicite e diverticulite.1,5
O diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais 
para redução da morbimortalidade desses eventos, 
uma vez que diminuem a incidência e a extensão 
das complicações. Dessa forma, os métodos de 
diagnóstico por imagem assumem grande importância, 
pois possibilitam o diagnóstico pré-operatório e 
condicionam uma abordagem terapêutica direcionada, 
podendo reduzir a morbidade. 
Neste estudo, será relatado um caso de perfuração 
pilórica por espinha de peixe, associada a abscesso 
peripancreático. Trata-se de uma paciente do sexo 
feminino, 48 anos, que foi admitida no serviço de 
urgência relatando epigastralgia há dois meses, com 
piora importante do quadro há cinco dias. Após 
investigação clínica e laboratorial não esclarecerem 
a etiologia da dor, foram solicitados exames 
radiológicos, que contribuíram essencialmente para 
um diagnóstico oportuno. A paciente foi submetida ao 
tratamento cirúrgico.
Com a exposição desse caso, este trabalho científico 
busca viabilizar informações importantes a respeito 
da ingestão de corpos estranhos, principalmente 
no que refere ao diagnóstico pré-operatório por 
exames de imagem, salientando a inespecificidade 
da sintomatologia e a escassez de dados da história 
clínica na grande maioria dos casos. 
MÉTODOS
O presente estudo foi desenvolvido em um hospital 
de grande porte, localizado no Vale do Aço, em Minas 
Gerais. O estudo contempla a resolução n. 466, de 
12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de 
Saúde, que regulamenta pesquisa com seres humanos, 
sendo aprovado sob o protocolo 1.819.651. 
Foi feita uma revisão de prontuário da paciente para 
a coleta dos dados clínicos, incluindo as imagens 
Revista Ciência e Saúde 48
Danilo Porto Mendes, Amanda Franco de Almeida
radiológicas contidas no Sistema de Comunicação e 
Arquivamento de Imagens. O prontuário foi resgatado 
no sistema operacional eletrônico do hospital onde a 
paciente foi diagnosticada e tratada. 
Uma pesquisa bibliográfica da literatura nacional 
e internacional, abrangendo relatos de caso, estudos 
de casos, artigos de revisão e artigos originais, 
preferencialmente publicados nos últimos dez anos (de 
2006 a 2016), foi realizada para fornecer os elementos 
de comparação de casos. Os resultados foram tratados 
de forma descritiva e comparados aos existentes na 
literatura.
RELATO DO CASO
Trata-se de uma paciente do sexo feminino, de 48 
anos, procedente de Ipatinga- MG, que foi admitidano serviço de urgência relatando epigastralgia há 
dois meses, com piora importante há cinco dias, 
porém, sem alterações evidentes ao exame físico. 
Os exames laboratoriais, à admissão, demonstraram 
discreta leucocitose com predomínio de segmentados 
e Proteína C Reativa elevada. Em seguida, exames 
de imagem foram realizados. A endoscopia digestiva 
alta não evidenciou alterações, já a ultrassonografia 
abdominal revelou imagem sugestiva de abscesso 
adjacente ao corpo pancreático. Este achado foi 
confirmado na Tomografia Computadorizada (Figuras 
1, 2, 3 e 4) e Ressonância Magnética (Figuras 5 e 6) 
realizados em seguida, ambos demonstrando coleção 
peripancreática sugestiva de abscesso, destacando 
imagem linear de permeio a cavidade abdominal, entre 
a coleção e o piloro, com aspecto de corpo estranho.
Figura 2: Tomografia Computadorizada do abdome no 
plano axial após a infusão do contraste, evidenciando 
imagem hiperdensa (corpo estranho) de permeio a 
coleção peripancreática, adjacente à alça duodenal.
Figura 1: Tomografia Computadorizada do abdome no 
plano axial após a infusão do contraste, evidenciando 
coleção peripancreática. 
Figura 3: Tomografia Computadorizada do abdome 
após infusão de contraste endovenoso – reconstrução 
no plano axial em A e no plano coronal em B com 
angulação, evidenciando imagem hiperdensa linear 
(corpo estranho em toda sua extensão) adjacente à alça 
duodenal e apresentando íntimo contato com coleção 
peripancreática.
Revista Ciência e Saúde 49
Diagnóstico por imagem de Abscesso Peripancreático secundário à perfuração gástrica por corpo estranho: relato de caso
Figura 4: Detalhe de Tomografia 
Computadorizada do abdome após infusão de 
contraste endovenoso em A e reconstrução 
volumétrica em B, evidenciando imagem 
hiperdensa linear (corpo estranho em toda sua 
extensão). 
Figura 5: Ressonância Magnética do abdome, sequência 
T1 em A, T2 em B e T1 com supressão de gordura e 
contraste em C, evidenciando coleção peripancreática 
em todas as sequências, destacando-se realce periférico 
pelo gadolínio e a presença de septos internos, melhor 
evidenciado em B.
Revista Ciência e Saúde 50
Danilo Porto Mendes, Amanda Franco de Almeida
Figura 6: Ressonância Magnética do abdome – 
sequência difusão evidenciando alta intensidade do sinal 
da coleção peripancreática. Achado este compatível com 
o diagnóstico de abscesso. 
Figura 7:Imagem do intraoperatório evidenciando 
espinha de peixe transfixando a parede pilórica.
Após avaliação da cirurgia geral, a paciente foi 
submetida à laparotomia, que demonstrou abscesso 
peripancreático abaulando o pequeno omento e, ainda, 
identificou estrutura óssea compatível com espinha de 
peixe aderida ao piloro e em íntimo contato com a loja 
do abscesso (Figura 7).
DISCUSSÃO
A ingestão de corpos estranhos é uma condição 
clínica relativamente frequente. A maioria dos corpos 
estranhos ingeridos passa pelo TGI sem ocasionar 
complicações em até uma semana. No entanto, 
qualquer corpo estranho ingerido tem potencial para 
complicações, sendo as mais comuns a perfuração, 
obstrução e hemorragia. Estima-se que a perfuração 
intestinal como complicação da ingestão de corpos 
estranhos ocorra em menos de 1% dos casos.2,6
Os corpos estranhos mais comumente envolvidos 
em perfurações do TGI são os objetos pontiagudos, 
sendo os ossos de peixe e de galinha responsáveis por 
metade dos casos relatados. Nesse contexto, quanto 
maior o comprimento dos corpos estranhos, maior será 
o potencial para perfuração.3 Outros objetos podem 
estar envolvidos em um menor número de casos, 
como palitos, agulhas, placas dentárias e prendedores 
de cabelos.7 
Quando ocorre perfuração do TGI, esta tende a 
aparecer em locais de angulações agudas, sobretudo 
nas regiões ileocecal e retossigmoidea.5,8 Apesar da 
perfuração gástrica por corpos estranhos consistir em 
um evento incomum e pouco relatado na literatura, 
a região antropilórica tem as características descritas 
para maior risco de complicações, visto que apresenta 
angulação e estreitamento da luz intestinal.6 Porém, 
a extensão do processo inflamatório e infeccioso ao 
pâncreas após a perfuração do TGI foi considerado um 
evento extremamente raro no estudo de Yasuda et al.7 
A maioria dos casos de ingestão de corpos estranhos 
ocorre de forma acidental, e diversos fatores de risco já 
foram descritos na literatura. Dentre eles, destacam-se 
pessoas nos extremos da vida, dependentes químicos, 
profissões de risco (carpinteiros e costureiras) e 
pessoas que comem rápido. O uso de próteses dentárias 
também constitui um fator de risco, pois reduz a 
sensibilidade tátil durante a mastigação dos alimentos. 
Há ainda os que ingerem objetos intencionalmente, 
como prisioneiros e pacientes psiquiátricos.5,8 Em 
relação ao caso exposto, a paciente não apresentava 
nenhum dos fatores de risco descritos, corroborando 
a dificuldade diagnóstica relatada na grande maioria 
dos casos.
A apresentação clínica dos casos de perfuração 
intestinal por corpos estranhos é bastante variável, 
podendo manifestar-se como sintomas agudos ou, 
mais comumente, como sintomas crônicos, indolentes 
e progressivos. Isso faz com que os pacientes 
procurem assistência médica apenas quando as 
complicações acontecem, como, por exemplo, a 
Revista Ciência e Saúde 51
Diagnóstico por imagem de Abscesso Peripancreático secundário à perfuração gástrica por corpo estranho: relato de caso
formação de abscessos intra-abdominais.5,9 O local em 
que ocorreu a perfuração também ajuda a determinar 
a sintomatologia, porém, muitas vezes, quadros de 
dores abdominais inespecíficas dominarão a maioria 
dos casos. Frequentemente, a perfuração intestinal por 
corpos estranhos mimetiza outros quadros de abdomes 
agudos mais comuns, como apendicite e diverticulite. 
Sarmast et al3 revisaram 21 casos de perfuração 
intestinal por corpos estranhos e correlacionaram com 
a apresentação clínica e diagnóstico pré-operatório. 
Desses 21 casos, 20 se apresentaram como abdome 
agudo e um caso apresentou-se como hematoquezia. 
Em relação ao diagnóstico pré-operatório, 12 tiveram 
diagnóstico de peritonite, cinco de diverticulite e 
quatro de apendicite. 
Neste estudo, a sintomatologia manifestada 
pela paciente apresentou curso indolente, muito 
provavelmente relacionado com o local da perfuração. 
Além disso, havia o desconhecimento da ingestão 
do corpo estranho. Este último dado associado à 
inespecificidade do quadro clínico representou 
uma barreira a mais para o diagnóstico, mostrando 
consonância com os dados existentes na literatura.
Os exames de diagnóstico por imagem assumem 
papel relevante no diagnóstico pré-operatório e, 
consequentemente, no melhor prognóstico do caso. 
A radiografia não se mostra um método confiável, 
pois as espinhas de peixe, que são responsáveis por 
parcela significativa dos casos de perfuração do 
TGI, apresentam baixa radiopacidade em algumas 
espécies. Em contrapartida, os ossos de galinha são 
quase sempre radiopacos. Outros fatores que reduzem 
a sensibilidade da radiografia são a inobservância 
de pneumoperitôneo subdiafragmático na quase 
totalidade dos casos e a presença de alterações 
inflamatórias adjacentes aos locais de perfuração, 
como líquido livre e abscessos, que diminuem a 
contrastação com estruturas radiopacas.8 
O exame ultrassonográfico oferece vantagens por ser 
de fácil acesso, baixo custo e ser isento de radiação, 
no entanto, é operador dependente e tem sensibilidade 
menor que a tomografia computadorizada para a 
identificação de corpos estranhos. Como exame 
inicial, o ultrassom pode trazer informações 
fundamentais acerca de sinais indiretos da perfuração, 
como plastrões e coleções, podendo ainda identificar o 
corpo estranho se houver janela sonográfica adequada. 
Nocaso apresentado neste estudo, a ultrassonografia 
foi a primeira modalidade radiológica indicada para 
investigação, contribuindo para visualizar uma 
coleção peripancreática. 
A tomografia computadorizada (TC) tem sido 
fortemente recomendada como método diagnóstico, 
pois são descritos excelentes resultados na varredura 
abdominal para identificação de corpos estranhos. 
Ossos de peixe e de galinha se apresentam como 
estruturas lineares e hiperdensas. A TC consegue 
ainda identificar sinais indiretos de perfuração 
intestinal, a exemplo de espessamentos parietais de 
alças intestinais, abscessos, plastrões inflamatórios 
e gás extraluminais.3 Goh et al8 encontraram uma 
sensibilidade de 71,4% para a TC pré-operatória 
na identificação de espinhas de peixe, porém, a 
sensibilidade foi de 100% quando as imagens foram 
analisadas retrospectivamente após o diagnóstico, 
definindo que a falta de consciência do examinador 
foi determinante para a não identificação do corpo 
estranho. 
O uso de contraste oral não é essencial para o 
diagnóstico e, em alguns casos, ele ainda pode mascarar 
o corpo estranho tendo em vista a perda do contraste 
entre as estruturas devido a sua alta atenuação.4 A 
ressonância magnética (RM) também visualiza sinais 
indiretos de perfuração intestinal e pode caracterizar 
os corpos estranhos intra-abdominais, no entanto, 
acrescenta pouca informação em relação à TC, 
sobretudo quando há objetos radiodensos envolvidos. 
A RM ainda é desvantajosa quando levamos em 
consideração a disponibilidade e o custo.10 Os exames 
endoscópicos também podem ser uma alternativa, 
especialmente no TGI superior, podendo, inclusive, 
remover corpos estranhos, no entanto, eles perdem 
a sua eficácia quanto há transfixação completa dos 
corpos estranhos pela parede do TGI.3,11 Nos casos 
em que é sabido que houve a ingestão de corpos 
estranhos pontiagudos, alguns autores recomendam a 
sua remoção antes de ultrapassarem o piloro, através 
da endoscopia.12
Revista Ciência e Saúde 52
CONCLUSÕES
A ingestão de corpos estranhos é um evento 
extremamente comum e subdiagnosticado na grande 
maioria dos casos. Em uma pequena parcela desses 
eventos, podem ocorrer complicações potencialmente 
graves, sendo a mais comum a perfuração do TGI, 
que frequentemente é confundida com outras causas 
de dores abdominais. Para o diagnóstico, os dados 
clínicos são importantes facilitadores, porém a história 
típica da ingestão de corpo estranho raramente está 
presente, e os métodos de diagnóstico por imagem 
assumem papel principal no diagnóstico. Dentre as 
modalidades radiológicas, a radiografia simples do 
Danilo Porto Mendes, Amanda Franco de Almeida
abdome pode ser utilizada como avaliação inicial, 
embora os achados sejam inclusivos na grande parcela 
dos casos. Ressalta-se a ultrassonografia como um 
método de fácil acesso e de baixo custo, no entanto, 
oferece menor sensibilidade na identificação de corpos 
estranhos quando comparado à TC. Por sua vez, a TC 
apresenta excelentes resultados na visualização de 
sinais indiretos da perfuração do TGI e na identificação 
de corpos estranhos, além de viabilizar um estudo 
mais barato e mais acessível em relação à RM, sendo 
considerada a modalidade diagnóstica ideal para esses 
casos. 
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Revista Ciência e Saúde 53
ARTIGO ORIGINAL
Aloísio Bemvindo de Paula1, Carolina Micherif Barbosa2, Lívia Maria Barros Silva Bueno3, Thaygra Thays 
Assunção Silva4
1 Médico clínico geral do Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
2 Médica. Residência em Clínica Médica pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
3 Médica. Residência em Clínica Médica pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
4 Médica. Residência em Clínica Médica pelo Hospital Márcio Cunha – Fundação São Francisco Xavier, Ipatinga, MG, Brasil.
Autor correspondente: Carolina Micherif Barbosa
Av. Kyioshi Tsunawaki, 41, Bairro das Águas, Ipatinga, MG. CEP: 35.160-158. Telefone: (31) 3830-5037.
Email: carolinamicherif@yahoo.com.br 
Artigo recebido em: 01/04/2017
Aprovado para publicação em: 12/04/2017
BUDD-CHIARI SYNDROME: A CASE REPORT
SÍNDROME DE BUDD-CHIARI: RELATO DE CASO
RESUMO
Objetivo: relatar um caso de síndrome de Budd-Chiari 
em paciente jovem e previamente hígida com o intuito 
de divulgar a patologia no meio médico, ampliando, 
assim, a possibilidade do diagnóstico e tratamento 
precoces e, consequente, melhora na qualidade de 
vida dos pacientes. Métodos: as informações foram 
obtidas por meio de revisão de prontuário, entrevista 
com o paciente e revisão da literatura. Conclusão: 
a síndrome de Budd-Chiari é uma patologia rara e 
potencialmente fatal, por isso, é necessário o seu 
reconhecimento. Devemos considerá-la como um 
diagnóstico diferencial em pacientes que apresentam 
sinais ou sintomas de obstrução ao fluxo de saída 
venoso hepático, tais como hepatomegalia dolorosa, 
ascite aguda ou refratária, e ainda em pacientes com 
alguma condição pró-trombótica conhecida e que 
apresentam doença hepática aguda ou crônica. 
Palavras-chave: Budd-Chiari, Trombose venosa, 
Hipertensão portal, Anticoagulação.
ABSTRACT
The aim of this study is to report a case of Budd-Chiari 
syndrome in a young and previously healthy patient 
with the purpose of disseminating the pathology 
in medical environment, increasing therefore the 
possibility of early diagnosis and treatment, and 
consequently resulting in an improvement of patients’ 
quality of life. The data was collected through a 
review of medical chart, survey with the patient and 
review of literature. In conclusion, Budd-Chiari 
syndrome is a rare and potentially fatal pathology 
hence its recognition is necessary. It should beconsidered as a differential diagnosis in patients with 
signs or symptoms of obstruction to hepatic venous 
outflow tract, such as painful hepatomegaly, acute 
or refractory ascites, yet in patients with some well-
known pro-thrombotic condition or those who present 
acute or chronic hepatic disease.
Keywords: Budd-Chiari, Venous thrombosis, Portal 
hypertension, Anticoagulation.
Revista Ciência e Saúde 54
Síndrome de Budd-Chiari: relato de caso
INTRODUÇÃO
A síndrome de Budd-Chiari é uma doença rara, 
caracterizada pela obstrução da via de saída venosa 
hepática em qualquer nível, desde as pequenas veias 
hepáticas até a junção da veia cava inferior com o 
átrio direito.1 Ela é dividida em secundária, quando 
relacionada à compressão ou invasão por lesão 
extrínseca (exemplo: tumor, abcessos, cistos) e primária 
quando causada por doença essencialmente venosa 
(exemplo: trombose e tromboflebite).2,3 Apresenta 
maior prevalência em adultos jovens e tem como fator de 
risco trombótico subjacente mais comum uma doença 
mieloproliferativa, embora seja, hoje, reconhecido que 
quase metade dos pacientes têm múltiplos fatores de 
risco pró-trombóticos subjacentes.2,3 Essa síndrome 
apresenta como tríade clássica: dor abdominal, ascite e 
hepatomegalia.2 No entanto, as manifestações clínicas 
podem ser diversas tornando-a um possível diagnóstico 
diferencial, tanto com doenças hepáticas agudas como 
crônicas.2 O diagnóstico pode ser confirmado por meio 
de exames de imagem não invasivos, sendo quase 
sempre suficiente a ultrassonografia abdominal com 
doppler.3 Os doentes com síndrome de Budd-Chiari 
devem receber terapêutica anticoagulante o mais 
rapidamente possível, por um período indefinido, numa 
tentativa de reduzir o risco de extensão do coágulo e 
novos episódios trombóticos.4
A síndrome de Budd-Chiari é considerada 
espontaneamente letal no prazo de três anos dos 
primeiros sintomas, o que torna relevante seu 
conhecimento. O médico deve reconhecer as formas 
de apresentação da doença e conhecer sua evolução 
natural, assim como seu correto diagnóstico e 
tratamento, com o objetivo de melhorar a qualidade de 
vida de seus pacientes e reduzir o número de desfechos 
desfavoráveis. O presente trabalho tem como objetivo 
relatar o caso de uma paciente jovem com a síndrome de 
Budd-Chiari e fazer uma pequena revisão da literatura 
sobre o assunto.
MÉTODOS
Trata-se de um estudo de caso, do tipo descritivo, a 
partir de relato de caso por meio de revisão de prontuário. 
A pesquisa foi estruturada em quatro etapas distintas, 
sendo realizada uma revisão da literatura, na primeira 
etapa, no período de dezembro de 2016 a janeiro de 
2017, através da consulta de artigos nas bases de 
dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), 
Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências 
da Saúde (LILACS) e Literatura Internacional em 
Ciências da Saúde (MEDLINE). Foram selecionados 
artigos, tendo como critérios sua relevância, atualidade 
e publicação em revistas conhecidas e confiáveis. 
Na segunda etapa, foi feita a submissão do projeto 
de pesquisa ao Comitê de Ética em Pesquisa com 
Humanos e obtido o Termo De Consentimento Livre e 
Esclarecido (TCLE) Assinado Pelo Paciente. A Terceira 
etapa constituiu-se em análise criteriosa e sigilosa 
do prontuário eletrônico do paciente, identificando-
se informações relevantes, como dados clínicos e 
resultados de exames, além de história pregressa, 
tratamentos realizados e evolução da doença. Na 
quarta etapa, foram confrontados os dados do paciente 
com os obtidos através da revisão da literatura. 
Concluída a fase de pesquisa, foi redigido o presente 
artigo científico, chegando ao objetivo do estudo: a 
divulgação da patologia.
RELATO DO CASO
Anamnese: Paciente A.C.S.M, sexo feminino, 17 
anos, raça branca, estudante, solteira, foi admitida no 
pronto-socorro, no dia 17/06/2015, com queixas de 
distensão e dor abdominal.
Na historia da doença atual, havia o relato de dor 
abdominal, há aproximadamente 20 dias, de caráter 
progressivo associada ao aumento do volume abdominal. 
A paciente negava febre, perda de peso ou qualquer 
outro sintoma e relatava hábitos intestinal e urinário 
preservados. Não etilista e não tabagista. Negava uso de 
drogas ilícitas. Dos antecedentes pessoais, relatava uma 
atrofia renal à direita. Negava outras patologias. Fazia 
uso de contraceptivo hormonal oral. A história familiar 
era irrelevante e sem fenômenos tromboembólicos ou 
doenças hematológicas conhecidas.
Ao exame físico, apresentava bom estado geral 
e estava lúcida e orientada no tempo e no espaço. 
Corada, hidratada, acianótica e anictérica. Sinais 
vitais dentro da normalidade, com pressão arterial 
Revista Ciência e Saúde 55
Aloísio Bemvindo de Paula, Carolina Micherif Barbosa, Lívia Maria Barros Silva Bueno, Thaygra Thays Assunção Silva
(PA) 110x80 mmHg, frequência cardíaca (FC) de 80 
bpm, frequência respiratória (FR) 20 irpm e Saturação 
periférica de O2 98% em ar ambiente. Pulsos periféricos 
amplos e simétricos. À ausculta cardíaca, presença 
de ritmo cardíaco regular, bulhas normofonéticas, 
sopros ausentes. Os sons respiratórios também se 
encontravam normais, sem ruídos adventícios. O 
abdome apresentava-se globoso, flácido e doloroso à 
palpação superficial e profunda, predominantemente 
em quadrante superior esquerdo, sem sinais de irritação 
peritoneal, com ruídos hidroaéreos presentes. O fígado 
se encontrava palpável a seis centímetros do rebordo 
costal direito. Sinal do piparote positivo. Havia 
ainda a presença de edema de membros inferiores, 
bilateralmente, cacifo positivo +/4+.
A paciente apresentou exames realizados há poucos 
dias em outro serviço: do dia 08/06/2015 havia uma 
radiografia de tórax dentro da normalidade e um laudo 
de ultrassonografia de abdome total descrevendo 
uma hepatoesplenomegalia moderada, sem sinais de 
hipertensão portal, uma ascite volumosa e atrofia renal 
direita. Do dia 09/06/2015, uma imunofluorescência 
negativa para esquistossomose; HBsAg negativo, 
Anti-HCV negativo; Albumina 3,5 g/dL; RNI 1,32; 
TGO 39 U/L e TGP 19 U/L; Amilase 73 U/L e Lipase 
37 U/L; Hematócrito 41,3%; Hemácias 4,70 milhões/
mm3; Hb 13,6 g/dL; Leucócitos totais 6.600 céls/
mm3 com 66% de segmentados e linfócitos 25%; 
Plaquetas 280.000 /mm3; Cr 0,70 mg/dL; Ur 28 mg/
dL e Na 140 mEq/L. E, no exame do dia 16/06/2015, 
uma paracentese diagnóstica com presença de líquido 
transudativo e citologia oncótica negativa, sem demais 
análises do líquido, e uma Endoscopia digestiva alta, 
descrevendo a presença de varizes esofágicas de fino 
calibre sem sinais preditivos de sangramento e gastrite 
enantematosa de grau moderado em antro. Teste da 
urease negativo.
Diante da hipótese diagnóstica de Síndrome de 
Budd-Chiari, foi realizada nova ultrassonografia de 
abdome total com doppler de vasos hepáticos, no 
dia 18/06/2015, sugerindo trombose de veia hepática 
direita e oclusão por trombos em segmento da veia cava 
inferior junto à confluência das veias supra-hepáticas, 
com alterações perfusionais do lobo direito hepático, 
hepatomegalia heterogênea e acentuada ascite. Outros 
exames complementares: FA: 101 U/L e GGT 61 U/L; 
FAN não reagente; Anticoagulante Lúpico negativo e 
Anticorpo anticardiolipina negativo.
Conduta: A paciente foi orientada sobre o quadro 
clínico e tratamento. Foi iniciado esquema de 
anticoagulação com heparina não fracionada e 
Warfarin. Orientamos restrição salina com prescrição 
de diuréticos, espironolactona e furosemida, sendo 
realizada pesagem diária da paciente.
No dia 19/06/2015, foi realizada ressonância 
magnética de abdome e pelve, confirmando o 
diagnóstico de síndrome de Budd-Chiari e excluindo 
doenças anexiais. Foi realizado também um doppler 
de membros inferiores que excluiu trombose venosa 
profunda.Foram solicitados, ainda na internação, Anticoagulante 
lúpico e Anticorpo anticardiolipina: ambos negativos; 
Proteína C funcional e Proteína S funcional, ambas 
dentro da normalidade, com valores de 85% e 133%, 
respectivamente.
A paciente evoluiu de forma satisfatória durante a 
internação, com melhora clínica importante: redução 
progressiva da circunferência abdominal, regressão do 
edema de membros inferiores e melhora total da dor 
abdominal, recebendo alta no dia 07/07/2015 em uso 
de diuréticos, omeprazol e rivaroxabana.
Prognóstico e acompanhamento: novos exames 
evidenciaram, em setembro de 2015, a mutação do 
Fator V de Leiden: heterozigoto, provas de função 
hepática sem alterações, transaminases hepáticas dentro 
da normalidade, fosfatase alcalina (FA) normal e gama 
glutamil transferase (GGT) discretamente aumentada. 
Outros exames realizados foram Antitrombina III 
dentro da normalidade (118%); Mutação no gene da 
protrombina: ausente; Homocisteína normal (10,45 
micromol/L); Anticoagulante lúpico negativo; 
Anticorpo anticardiolipina negativo; Proteína C 
funcional 85% (normal); Proteína S funcional 133% 
(normal); Imunofenotipagem para hemoglobinúria 
paroxística noturna: ausência de clones. 
A paciente, mantém desde a alta hospitalar, o 
acompanhamento com hematologista e foi referenciada 
a um serviço de hepatologia em Belo Horizonte-MG. 
Está em uso de Rivaroxabana 20mg/dia, sem relato de 
novos episódios de ascite, dor abdominal, edema ou 
eventos hemorrágicos.
Revista Ciência e Saúde 56
DISCUSSÃO 
A Síndrome de Budd-Chiari é uma patologia rara, 
com incidência aproximada de uma em 2,5 milhões 
de pessoas/ano no Ocidente.2,4,5 Teve seu quadro 
clínico descrito inicialmente por Budd, em 1845, e 
suas alterações histológicas por Chiari, em 1899.6 É 
caracterizada pela obstrução da via de saída do fluxo 
venoso hepático em qualquer nível, entre as pequenas 
veias hepáticas e à junção da veia cava inferior com 
o átrio direito.1,2 Obstruções causadas por doenças 
cardíacas, pericardite constritiva e síndrome da 
obstrução sinusoidal estão excluídas desta definição.1 
É uma doença de maior prevalência em adultos jovens.3 
Apresenta variação geográfica significativa, sendo 
causa relativamente comum de admissão hospitalar 
por doença hepática na Ásia, quando comparada ao 
Ocidente.2,4,5 
Múltiplos fatores de risco para o desenvolvimento 
da síndrome de Budd-Chiari foram identificados 
e eles estão frequentemente combinados no 
mesmo doente.3 Tais fatores incluem estados de 
hipercoagulabilidade, tanto hereditários (ex.: mutação 
do fator V de Leiden, deficiência de proteína C, 
mutação do gene da protrombina) como adquiridos 
(ex.: desordens mieloproliferativas, hemoglobinúria 
paroxística noturna, câncer, gravidez e uso de 
contraceptivos orais), além de uma variedade de 
outras causas, e podem ser identificados em cerca 
de 75% dos pacientes.7 As alterações hematológicas, 
particularmente as desordens mieloproliferativas, são 
a causa mais comum dessa patologia.1,7 Dados recentes 
de vários centros têm demonstrado consistentemente 
que a síndrome de Budd-Chiari deve ser considerada 
uma doença multifatorial, na qual vários distúrbios 
trombofílicos devem ocorrer simultaneamente para o 
desenvolvimento de trombose nesse local incomum, o 
que explicaria a raridade da doença.3 
A paciente do caso relatado teve, inicialmente, o uso 
de contraceptivo hormonal oral detectado como fator 
de risco para o desenvolvimento da doença. No entanto, 
em casos de gravidez ou uso de anticoncepcional 
hormonal, uma condição subjacente geralmente está 
presente.3 A partir daí, foram investigados outros 
possíveis fatores associados quando foi então detectada 
uma trombofilia, a mutação do Fator V de Leiden em 
Síndrome de Budd-Chiari: relato de caso
sua forma heterozigoto. Essa mutação, embora quando 
presente de forma isolada possa não conferir uma 
predisposição ao tromboembolismo venoso hepático, 
quando associada a outro fator predisponente pode 
resultar na síndrome de Budd-Chiari.7 
A obstrução ao fluxo de saída venoso hepático 
resulta em um aumento da pressão nos sinusoides 
hepáticos e hipertensão portal.7 O quadro clínico da 
síndrome de Budd-Chiari é extremamente variável, 
podendo apresentar-se desde uma forma assintomática 
à doença hepática fulminante.1,3,8 A apresentação 
dependerá principalmente da velocidade e extensão da 
obstrução ao fluxo venoso, podendo ser classificada 
em: (1) fulminante, quando há o surgimento de 
encefalopatia hepática dentro de oito semanas após o 
início da icterícia; (2) aguda, com sintomas de curta 
duração, ascite intratável e necrose hepática devido à 
ausência de circulação colateral; (3) subaguda, quando 
o início é insidioso com ascite e necrose em menor 
intensidade, uma vez que há circulação colateral 
com descompressão dos sinusoides hepáticos; ou 
(4) crônica, que se manifesta com complicações da 
cirrose hepática.7 A forma assintomática parece estar 
presente em aproximadamente 15% dos casos.3 Dentre 
os pacientes sintomáticos, a tríade de dor abdominal, 
hepatomegalia e ascite está presente em quase todos os 
casos, sendo justificada por mecanismo de hipertensão 
portal pós-sinusoidal, causado pela obstrução ao fluxo 
venoso.2 Náuseas, vômitos e icterícia leve são mais 
frequentes nas formas fulminante e aguda, enquanto 
esplenomegalia, edema de membros inferiores e 
varizes esofagogástricas estão presentes nas formas 
subaguda e crônica.7
O diagnóstico deve sempre ser considerado em 
pacientes que apresentam evidências clínicas ou 
laboratoriais de doença hepática aguda ou crônica 
e se torna obviamente mais provável quando não 
há outra causa mais comum evidente de doença 
hepática e, principalmente, quando uma condição 
pró-trombótica subjacente já é conhecida.3 Os níveis 
séricos de transaminase glutâmico-pirúvica (TGO) 
e transaminase glutâmico oxalacética (TGP) podem 
ser cinco vezes o limite superior da normalidade 
nas formas fulminante e aguda da doença, enquanto 
Revista Ciência e Saúde 57
Aloísio Bemvindo de Paula, Carolina Micherif Barbosa, Lívia Maria Barros Silva Bueno, Thaygra Thays Assunção Silva
que na forma subaguda esses aumentos tendem a ser 
menores.7 Os níveis séricos de fosfatase alcalina e 
de bilirrubina também aumentam de forma variável, 
juntamente com uma diminuição da albumina sérica.7 
Na maioria das vezes, a ultrassonografia com doppler 
é suficiente para confirmar o diagnóstico nos casos 
em que o examinador é experiente e ciente da 
suspeita clínica, evidenciando o local da obstrução 
ao fluxo venoso hepático.3 Entretanto, a tomografia 
computadorizada e a ressonância magnética podem ser 
necessárias, principalmente, para posterior elaboração 
de plano terapêutico e discussão do caso com equipe 
multidisciplinar.2,8 
Consensos têm sido relatados por especialistas e a 
estratégia terapêutica proposta consiste na seguinte 
abordagem gradual: (1) anticoagulação, tratamento 
da condição subjacente e tratamento sintomático 
para complicações da hipertensão portal em todos os 
pacientes com síndrome de Budd-Chiari primária; 
(2) busca ativa de estenoses venosas de menor 
comprimento, passíveis de angioplastia/stent; (3) em 
pacientes para os quais não é adequada ou que não 
respondem à angioplastia, a inserção de um TIPS 
(Transjugular Intrahepatic Portosystemic Shunt) deve 
ser considerada; e (4) em pacientes que não respondem 
à TIPS, o transplante hepático deve ser indicado.1,3,9 
A progressão do tratamento é ditada, portanto, pela 
resposta à terapia previamente instituída.3 A terapia 
medicamentosa de forma isolada é recomendada para 
pacientes em que não há necrose hepática em curso, 
que se apresentem com poucos sintomas, função 
hepática relativamente normal e ascite facilmente 
controlada.7 A presença de coagulopatia,encefalopatia 
ou síndrome hepatorrenal é indicativo de pior 
prognóstico, justificando alívio urgente da obstrução 
venosa hepática.7 Em caso de falha, o transplante 
hepático deve ser considerado.3,7 Essa estratégia 
terapêutica gradual tem alcançado taxas de sobrevida, 
em cinco anos, de aproximadamente 90%.3 
O prognóstico a médio prazo depende da gravidade 
da doença hepática e o resultado a longo prazo 
pode ser comprometido pela transformação das 
condições subjacentes e pelo desenvolvimento de 
carcinoma hepatocelular, sendo imprescindível o 
acompanhamento do paciente a longo prazo.2,3 Os 
fatores de mal prognóstico para a síndrome de Budd-
Chiari incluem ascite refratária, derrame pleural, 
idade avançada, cirrose ao diagnóstico e doença renal 
crônica.6 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por ser uma entidade rara, a síndrome de Budd-
Chiari, muitas vezes, acaba não sendo considerada 
como um diagnóstico diferencial na prática clínica, 
o que torna relevante divulgá-la para que possa ser 
diagnosticada e tratada. O paciente portador dessa 
síndrome deve ser referenciado a médico especialista 
para acompanhamento a longo prazo. É importante 
salientar que essa patologia apresenta taxa de 
mortalidade, em torno de 90%, em três anos se não 
tratada, podendo esse desfecho estar relacionado com 
a ascite refratária, insuficiência hepática, hemorragia 
gastrointestinal ou uma combinação destas.3
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c) A versão final do artigo foi aprovada por todos os 
autores.
d) Não há qualquer conflito de interesse dos autores 
em relação a este artigo (ou) existem conflitos de 
interesses dos autores em relação a este artigo (no caso 
de haver, deve-se descrever nesta passagem, o conflito 
ou conflitos de interesse existentes).
(Registrar o local, data e nome).
A Declaração de Responsabilidade deverá ser 
assinada por todos os autores do artigo e anexada em 
formato digitalizado para o site da revista.
Critérios de autoria
Os critérios de autoria devem se basear nas 
recomendações das Normas de Vancouver. O 
reconhecimento da autoria está fundamentado em 
contribuição substancial, relacionada aos seguintes 
aspectos: (a) concepção e delineamento do estudo, 
análise e interpretação dos dados; (b) redação ou revisão 
crítica relevante do conteúdo intelectual do manuscrito; 
(c) aprovação final da versão a ser publicada; e (d) 
responsabilidade por todos os aspectos do trabalho, 
incluindo a garantia de sua precisão e integridade. 
Todos aqueles designados como autores devem atender 
aos quatro critérios de autoria, e todos aqueles que 
preencherem os quatro critérios devem ser identificados 
como autores.
Ética na pesquisa envolvendo Seres Humanos
A observância dos preceitos éticos referentes à 
condução, bem como ao relato da pesquisa, são de 
inteira responsabilidade dos autores, respeitando-se 
as recomendações éticas contidas na Declaração de 
Helsinque. Para pesquisas realizadas com seres humanos 
no Brasil, os autores devem observar, integralmente, 
as normas constantes na Resolução CNS nº 466, de 
12 de dezembro de 2012, do Conselho Nacional de 
Saúde (disponível em http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
saudelegis/cns/2013/res0466_12_12_2012.html); e 
resoluções complementares, para situações especiais. 
Os procedimentos éticos adotados na pesquisa devem 
ser descritos no último parágrafo da seção Métodos, 
fazendo menção ao número do protocolo de aprovação 
por Comitê de Ética em Pesquisa.
Revista Ciência e Saúde 60
Formato dos artigos
Serão aceitos artigos redigidos no idioma português. O 
trabalho deverá ser digitado em espaço 1,5, utilizando 
fonte Arial 12, no formato RTF (RichText Format) ou 
DOC (Documento do Word), em folha de tamanho A4 
(210mm x 297mm), enumerando-se todas as páginas, 
com margens superior, inferior, direita e esquerda de 
2,5cm. Não são aceitas notas de rodapé. O número 
total de laudas não deve ser superior a 16 (dezesseis). 
Cada manuscrito, obrigatoriamente, deverá conter:
Folha de rosto
a) Título do artigo, em português e inglês.
b) Nome completo dos autores e das instituições a 
que pertencem (somente uma instituição por autor, 
incluindo unidade ou departamento), cidade, estado e
país.
c) Endereço completo e endereço eletrônico, número 
de telefone do autor correspondente.
Resumo
Para as modalidades artigo original, revisão da
literatura e nota de pesquisa, deverá ser redigido em
parágrafo único, contendo até 150 palavras.
Palavras-chave
Deverão ser selecionadas três a cinco, 
preferencialmente a partir da lista de Descritores em 
Ciências da Saúde (DeCS), vocabulário estruturadopelo Centro Latino-Americano e do Caribe de 
Informação em Ciências da Saúde, também conhecido 
pelo nome original de Biblioteca Regional de Medicina 
(BIREME). Os DeCS foram criados para padronizar 
uma linguagem única de indexação e recuperação de 
documentos científicos (disponíveis em: http://decs.
bvs.br).
Abstract
Versão fidedigna do Resumo, redigida em inglês.
Keywords
Versão em inglês das mesmas palavras-chave 
selecionadas a partir dos DeCS.
Texto completo
O texto nas modalidades de artigo original deverão 
apresentar as seguintes seções, nesta ordem: Introdução; 
Métodos; Resultados; Discussão e Referências. 
Tabelas e figuras deverão ser referidas nos Resultados 
e apresentadas ao final do artigo, quando possível, ou 
em arquivo separado (em formato editável).
DEFINIÇÕES E CONTEÚDOS DAS SEÇÕES:
Introdução
Deverá apresentar o problema gerador da questão de 
pesquisa, a justificativa e o objetivo do estudo, nesta 
ordem.
Métodos
Deverá conter a descrição do desenho do estudo, 
a descrição da população estudada, dos métodos 
empregados, incluindo, quando pertinente, o cálculo do 
tamanho da amostra, a amostragem, os procedimentos 
de coleta dos dados, as variáveis estudadas com 
suas respectivas categorias, os procedimentos de 
processamento e análise dos dados; quando se tratar 
de estudo envolvendo seres humanos ou animais, 
devem estar contempladas as considerações éticas 
pertinentes (ver seção Ética na pesquisa envolvendo 
seres humanos).
Resultados
Síntese dos resultados encontrados, podendo 
considerar tabelas e figuras, desde que autoexplicativas 
(ver o item Tabelas e Figuras destas Instruções).
Discussão
Comentários sobre os resultados, suas implicações 
e limitações; confrontação do estudo com outras 
publicações e literatura científica de relevância para 
o tema. Esta seção deverá iniciar, preferencialmente, 
com um parágrafo contendo a síntese dos principais 
achados do estudo, e finalizar com as conclusões e 
implicações dos resultados para os serviços ou políticas 
de saúde.
Referências
Para a citação das referências no texto, deve-se utilizar 
o sistema numérico; os números devem ser grafados 
em sobrescrito, sem parênteses, imediatamente após a 
Revista Ciência e Saúde 61
passagem do texto em que é feita a citação, separados 
entre si por vírgulas; em caso de números sequenciais 
de referências, separá-los por um hífen, enumerando 
apenas a primeira e a última referência do intervalo 
sequencial de citação (exemplo: 7,10-16); devem vir 
após a seção Contribuição dos autores. As referências 
deverão ser listadas segundo a ordem de citação no 
texto; em cada referência, deve-se listar até os seis 
primeiros autores, seguidos da expressão "et al". 
para os demais; os títulos de periódicos deverão ser 
grafados de forma abreviada; títulos de livros e nomes 
de editoras deverão constar por extenso; as citações 
são limitadas a 30. Para artigos de revisão sistemática 
e metanálise, não há limite de citações, e o manuscrito 
fica condicionado ao limite de palavras definidas nestas 
Instruções.
Tabelas e figuras
Artigos originais e de revisão deverão conter até 6 
tabelas e/ou figuras, no total. As figuras e as tabelas 
devem ser colocadas ao final do artigo (quando possível) 
ou em arquivos separados, por ordem de citação no 
texto, sempre em formato editável. Os títulos das 
tabelas e das figuras devem ser concisos e evitar o uso 
de abreviaturas ou siglas; estas, quando indispensáveis, 
deverão ser descritas por extenso em legendas ao pé 
da própria tabela ou figura. Tabelas, quadros (estes, 
classificados e intitulados como figuras), organogramas 
e fluxogramas devem ser apresentados em meio 
eletrônico, preferencialmente, no formato padrão do 
Microsoft Word; gráficos, mapas, fotografias e demais 
imagens devem ser apresentados nos formatos EPS, 
JPG, BMP ou TIFF, no modo CMYK, em uma única 
cor (preto) ou em escala de cinza.
Uso de siglas
Recomenda-se evitar o uso de siglas ou acrônimos 
não usuais. O uso de siglas ou acrônimos só deve 
ser empregado quando estes forem consagrados na 
literatura, prezando-se pela clareza do manuscrito. 
Siglas ou acrônimos de até três letras devem ser escritos 
com letras maiúsculas (exemplos: DOU; USP; OIT). Na 
primeira citação no texto, os acrônimos desconhecidos 
devem ser escritos por extenso, acompanhados da 
sigla entre parênteses. Siglas e abreviaturas compostas 
apenas por consoantes devem ser escritas em letras 
maiúsculas. Siglas com quatro letras ou mais devem 
ser escritas em maiúsculas se cada uma delas for 
pronunciada separadamente (exemplos: INSS; IBGE). 
Siglas com quatro letras ou mais e que formarem uma 
palavra, ou seja, que incluam vogais e consoantes, 
devem ser escritas apenas com a inicial maiúscula 
(exemplo: DataSUS; Sinan). Siglas que incluam letras 
maiúsculas e minúsculas originalmente devem ser 
escritas como foram criadas (exemplo: CNPq). Para 
as siglas estrangeiras, recomenda-se a correspondente 
tradução em português, se universalmente aceita; ou seu 
uso na forma original, se não houver correspondência 
em português, ainda que o nome por extenso – em 
português – não corresponda à sigla.
Análise e Aceitação dos Trabalhos
Os artigos serão avaliados em duas etapas, segundo 
os critérios de originalidade, relevância do tema, 
consistência teórica/metodológica e contribuição 
para o conhecimento na área. Na primeira etapa, será 
realizada uma análise prévia pelo corpo editorial da 
revista para verificar se o produto se enquadra dentro 
das linhas editoriais da mesma, e, na segunda etapa, 
será realizado o envio do artigo para, no mínimo, dois 
avaliadores que, utilizando o sistema blind review, 
procederão à análise. Depois de aprovado, o texto 
passará por aconselhamento editorial, normalização, 
revisão ortográfica e gramatical.
Direitos Autorais
Não haverá pagamento a título de direitos autorais 
ou qualquer outra remuneração em espécie pela 
publicação de trabalhos na Revista.
Submissão dos artigos
A submissão dos artigos deverá ser feita via site 
www.fsfx.com.br/revistacientifica
Endereço para correspondência
Hospital Márcio Cunha - Núcleo de Ensino e 
Pesquisa.
Av. Kiyoshi Tsunawaki, nº 40 Bairro das Águas, 
Ipatinga/MG, Brasil. CEP: 35160-158. Telefone: (31) 
3830-5037

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