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HISTÓRIA DO DIREITO COMERCIAL

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HISTÓRIA DO DIREITO COMERCIAL/EMPRESARIAL
 Tal assunto remonta aos tempos de Platão. Em seu livro “A República”, esse argumentou que o surgimento do comércio e da sociedade, se deu a partir da aproximação entre as pessoas com o intuito de trocarem seus excedentes de trabalho.
 Suas raízes remontam da idade medieval, devido à formação das cidades ao redor dos feudos. Em primeiro momento os produtores mantinham seus produtos para o consumo familiar, entretanto, com o êxodo rural da época se fez necessário e vantajoso as trocas entre os produtores – escambo. A partir de então, deu início ao comércio com cada vez mais interação entre as pessoas. 
 Em decorrência de algumas limitações impostas pelo escambo (economia de troca) ocorre a evolução para a economia de mercado e o uso da moeda, em sistema muito similar ao utilizado até hoje. Com esta atualização no comércio, o produtor de determinado insumo produz mais e com mais variedade, pois a produção deixou de ser unicamente para subsistência e troca do excedente, agora também para venda. 
 Diante de tantas transações se fez necessário uma regulamentação jurídica, surgindo, portanto, o direito comercial. 
 Ainda que o assunto aparentar melhor explicação e positividade em Platão, esse se procurado com o intuito de achar um ponto de partida, não o será capaz de encontrar devido a vários relatos do assunto, em tempos remotos. Como por exemplo: o Código de Hamurabi pedra em que foi esculpida a mais de 2.000 anos a.C., contendo normas de regulavam a atividade mercantil, mas sem configurar um sistema de normas passível de ser chamado de Direito Comercial. Ou então com o aparecimento de normas de Direito Comercial em épocas mais longínquas ainda nas regiões de Ur e Lagash, porém informando que a maciça doutrina indica como florescimento desse ramo do direito privado o aparecimento dos primeiros burgos (cidades burguesas). Portanto, por não haver um sistema organizado de regras dentre tantas regras espalhadas no tempo, não há como se configurar uma autonomia ao Direito Comercial.
Formação do direito empresarial:
A formação do direito empresarial se dá em três fases, são elas: 
Fase de corporações de ofício; 
Fase da teoria dos atos de comércio,
Fase da teoria da empresa. 
Fase de corporações de ofício
 Sendo a primeira fase do Direito Empresarial, essa se tratava do agrupamento de comerciantes em busca das chamadas corporações de ofício. Devido ao fato de que as regras eram feitas dos comerciantes para os comerciantes, nessa fase o direito era tratado de forma classista e sudjetiva. Tais regras eram formadas para trazer mais segurança e tutela jurídica para os comerciantes.
 Com a eficácia advinda dos julgamentos realizados pelo juízes classistas das corporações de ofício, houve a pressão da sociedade, com base na revolução francesa, para que tais juízes julgassem não apenas lides comerciais mas sim sociais. Todo esse movimento deu-se através do surgimento dos ideais do liberalismo, nos quais pregavam a igualdade política, social e jurídica de uma sociedade.
Fase da teoria dos atos de comércio
 Devido ao movimento supracitado, deu início então a segunda fase. Tal fase teve como guardião o Code de Commerce elaborado pelos juristas de Napoleão Bonaparte. Com fulcro em um direito mais amplo, houve o abandono do subjetivismo que antes abarcava a primeira fase, sendo excluído ainda o corporativismo e sendo adotada uma ampla ordem comercial, assim deu-se lugar ao objetivismo dos atos legais. Desta forma, o que se levava em consideração no julgamento de uma lide comercial, não eram as partes em si, mas o que cada parte fez, a partir daí analisava-se a conduta de acordo com o estipulado nas regras.
Fase da teoria da empresa
 Foi em 1942, na Itália que surgiu a terceira fase – fase da teoria da empresa. Foi, portanto, publicado o novo código civil italiano, que entre outras novidades, unificou formalmente o direito civil e o comercial. A teoria da empresa conseguia unir elementos puramente subjetivo (corporações de oficio), bem como elementos puramente objetivos (teoria dos atos de comércio), sendo assim, essa nova teoria busca levar em consideração não a pessoa ou seu grupo e sim se ela atua de forma empresarial, assim, “qualquer atividade econômica, desde que seja exercida empresarialmente, está submetida à disciplina das regras do direito empresarial”
História do Direito Empresarial no Brasil
 Durante o período colonial, o Brasil vivia sob o olhar de Portugal em todos os assuntos, não seria diferente com o Direito Comercial. Todos os produtos importados ou exportados pelo Brasil, segundo ordem expressa de Portugal, deveriam passar por Portugal primeiro. Para os exportados era necessário vender a Portugal por um preço ínfimo. Portugal então os repassava para os outros países com um preço muito maior do que havia comprado do Brasil. Não seria diferente com os produtos importados, pois o Brasil só podia adquiri-los de Portugal. Esta comprava de outros países e repassava para o Brasil com um valor ainda maior do que haviam comprado. Ou seja, Portugal lucrava às custas do Brasil em todas as transações. A colônia “viveu em virtude” de Portugal por muitos anos, para sustentar os esbanjes da Família Real. Com a invasão espanhola em Portugal, a Família Real se transferiu para o Brasil – dentre suas colônias na época, era a que mais lhe lucrava. Com a vinda da realeza foram abertos os portos brasileiros para o comércio – exceto para a França, pois estava em Guerra com Portugal.
 No mesmo ano outros avanços legislativos e econômicos vieram à tona, como a criação do Banco do Brasil através do alvará de 12 de outubro de 1808 e a criação da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, que tinha como intuito fomentar a produção e comercio de insumos brasileiros.
 A principal função da Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação era organizar as frotas, fiscalizar o comércio e intervir nas falências, além de receber as contribuições para pagamento dos marinheiros da Índia, definir a capacidade e preço do frete dos navios e fiscalizar a carga e descarga de produtos nos navios, atuando como agente alfandegário.
 Com a Proclamação da Independência não houve uma completa secção da legislação portuguesa, fato este comprovado pela Lei da Boa Razão, que autorizava em caso de lacuna da lei pátria, invocar os subsídios da legislação comercial das nações cristãs mais evoluídas e depuradas da boa jurisprudência. Neste liame, durante anos a legislação comercial brasileira foi na verdade o Código Francês de 1807, o Código Comercial Espanhol de 1829 e por fim o de Portugal de 1833.
 O jovem Império não satisfeito com a utilização de legislação estrangeira, através da Real Junta de Comércio, Agricultura, Fábricas e Navegação, incumbiu o Visconde de Cairu de organizar um novo Código Comercial puramente brasileiro. Em 1832, o Príncipe Regente nomeou comissão para este fim, a qual era composta quase integralmente de grandes comerciantes nacionais da época, dentre eles Antônio Paulino Limpo de Abreu, José Antônio Lisboa, Inácio Ratton, Guilherme Midosi, e Lourenço Westin. A comissão presidida por Antônio Paulino Limpo de Abreu e posteriormente por José Clemente Pereira enviou o projeto do Código Comercial Brasileiro à Câmara em 1834.
 O projeto foi exaustivamente debatido no legislativo até sua promulgação em 1850, Lei 556 de 25 de junho de 1850. O atual Código Comercial Brasileiro, atualmente quase inteiramente esvaziado pelo Código Civil de 2002, permanecendo em vigência somente as normas de Direito Marítimo. Tal Código foi baseado principalmente no Código Português de 1833, e subsidiariamente no Francês de 1807 e Espanhol de 1829.
 Revela esclarecer que o Código Comercial brasileiro apesar de baseado na Teoria dos Atos de Comércio, em nenhum de seus artigos apresenta a enumeração dos atos de comércio, nos moldes do Código ComercialFrancês de 1807, o qual delimita os atos de comércio nos artigos 632 e 633.
 Visando sanar esta lacuna o legislador brasileiro editou o Regulamento nº. 737, de 1850, que tratava do processo comercial, e nos artigos 19 e 20 enumeraram os atos de comércio baseando-se novamente no Código Comercial Francês.
 Com o advento do Código Comercial os tribunais do comércio foram modificando-se até sua extinção pela Lei 2.662, de 1875, com a unificação do processo judicial. Em 1866 o juízo arbitral, que era obrigatório, ganhou caráter facultativo e, em 1882, as sociedades anônimas desvincularam-se do controle estatal, podendo ser constituídas livremente. Em 1908, o Direito Cambiário, por meio do Decreto 2.044, adaptou-se à nova fase do país, dando origem ao instituto da concordata.
 A importância do rol dos atos de comércio do Regulamento 737 só veio a diminuir a partir do ano de 1960, com a aproximação do direito italiano e a utilização da teoria da empresa no Projeto de Código das Obrigações.
 Com o advento do Código Civil de 2002, o Direito Comercial, modernamente chamado de Direito Empresarial, voltou a aplicar o caráter subjetivo, focando no profissional empresário, aquele que exerce como profissão atividade empresarial, voltada para a produção e circulação de bens e serviços, conforme estabelecido pelo Código Civil de 2002 nos artigos 966 a 1195.
DIFERENÇA ENTRE ATOS DE COMÉRCIO E TEORIA EMPRESA
 De acordo com a teoria dos atos de comércio, parte da atividade econômica era comercial, isto é tinha um regime jurídico próprio, diferenciado do regime jurídico de outra parte da atividade econômica, que se sujeitava ao direito civil. Ou seja, certos atos estavam sujeitos ao direito comercial e outros não. Os atos de comércio eram os atos sujeitos ao direito comercial; os demais eram sujeitos ao direito civil. Portanto, atos com conteúdo econômico poderiam ser civis ou comerciais.
           A teoria da empresa não divide os atos em civis ou mercantis. Para a teoria da empresa, o que importa é o modo pelo qual a atividade econômica é exercida. O objeto de estudo da teoria da empresa não é o ato econômico em si, mas sim o modo como a atividade econômica é exercida. 
FONTES:
https://jus.com.br/artigos/23971/historia-e-evolucao-do-direito-empresarial/1
http://aprendendoodireito.blogspot.com.br/2011/03/origens-do-direito-empresarial.html
http://estudandojus.blogspot.com.br/2014/03/direito-empresarial-i-evolucao-historia.html

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