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Fisiopatologia da Nutrição DOENÇAS HEPÁTICAS Profª Drª Luciene S Venancio Lotufo Brant FÍGADO Unidade funcional do fígado O fígado, que se localiza do lado direito do abdômen, é a maior glândula do organismo e portanto o órgão central do metabolismo. Pesa em torno de 1.200 a 1.500g. É perfundido com sangue venoso proveniente da circulação portal, rico em nutrientes, e rico em oxigênio proveniente da artéria hepática. FUNÇÕES DO FÍGADO O fígado exerce funções metabólicas importantes do organismo humano, sendo responsável por mais de 500 reações de síntese e degradação de moléculas. Metabolismo lipídico -Lipoproteínas -Degradação de ácidos graxos e síntese de TG - Conversão do colesterol e ácidos biliares Metabolismo protéico -Desaminação -Transaminação -Formação de amônia (conversão em uréia) -Formação de cetoácidos -Formação de bases nitrogenadas -Síntese de proteínas séricas, fatores imunológicos e de coagulação (protrombina) Metabolismo de carboidratos -Reserva de glicogênio - Metabolismo da glicose (glicogênese, glicogenólise e neoglicogênese) Minerais -Armazenamento de ferro (ferritina), cobre, zinco, magnésio Vitaminas -Armazenamento de vitaminas lipossolúveis do e complexo B - Conversão -caroteno em vitamina A FUNÇÕES DO FÍGADO O fígado exerce funções metabólicas importantes do organismo humano, sendo responsável por mais de 500 reações de síntese e degradação de moléculas. Fagocitose de substâncias (Células endoteliais de Kuppfer, de Ito e linfócitos natural killer) -Células de Kuppfer fagocitam agentes invasores, células velhas ou neoplásicas. - Células de Ito sintetizam substâncias precursoras para fibroblastos e colágeno - Linfócitos natural killer auxiliam na destruição de células neoplásicas ou proteínas virais Detoxificação -Diversas drogas e toxinas externas ao organismo (xenobiótico) por meio da ativação de isoenzimas citocromo P450. Secreção de bile - Emulsifica a gordura e facilita a ação da lipase - Destruição de eritrócitos (hemoglobina) Síntese de enzima e hormônios DOENÇAS DO FÍGADO Doenças hepáticas agudas e crônicas podem ser consequentes a lesões no parênquima hepático provocadas por agentes químicos, virais, farmacológicos ou outros componentes tóxicos, que alteram a estrutura morfológica e a capacidade funcional dos hepatócitos. DOENÇAS DO FÍGADO - Doenças Hepáticas Crônicas - Hepatite B e C - Doença hepática alcoólica - Insuficiência hepática (Encefalopatia hepática) -Doença hepática gordurosa não alcoólica DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA - HEPATITE B DEFINIÇÃO A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) é um importante problema de saúde pública, associado a significante morbidade e mortalidade por doença crônica do fígado. Em pacientes com infecção crônica pelo VHB as lesões hepáticas são imunomediadas, através de citocinas, expressando a tentativa do sistema imune de destruir o agente viral. O objetivo do tratamento consiste em prevenir a progressão para cirrose e o desenvolvimento do carcinoma hepatocelular. DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA - HEPATITE C DEFINIÇÃO Cerca de 15% a 20% dos indivíduos que adquirem a infecção aguda pelo vírus da hepatite C (VHC) se recuperam espontaneamente, enquanto 80% a 85% serão portadores crônicos do VHC. Destes, a maioria cursa com inflamação hepática leve ou moderada e fibrose mínima, enquanto 20% a 40% desenvolvem doença hepática potencialmente grave e suas complicações após muitos anos de infecção. DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA - HEPATITE B E C EPIDEMIOLOGIA DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA - HEPATITE B E C FORMAS DE TRANSMISSÃO DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA - HEPATITE B E C FORMAS DE TRANSMISSÃO DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA - HEPATITE B E C SINTOMAS DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA - HEPATITE B E C SINTOMAS DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA - HEPATITE B E C EVOLUÇÃO DOENÇAS DO FÍGADO HEPATITE CRÔNICA – HEPATITE C TRATAMENTO CLÍNICO DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA DEFINIÇÃO Processo difuso de fibrose e formação de nódulos. A DHA, ou seja, a hepatopatia induzida pelo etanol e/ou seus metabólitos representa protótipo de doença em que convergem fatores biológicos, clínicos, epidemiológicos e psicológicos. Sabe-se atualmente que o etanol é uma substância hepatotóxica. DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA ETIOLOGIA 60 a 80g/dia de etanol para homens e 40 a 60g/dia de etanol para mulheres, durante 10 anos, risco para desenvolvimento de DHA DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA ETIOLOGIA- EFEITO TÓXICO DO ETANOL NO ORGANISMO DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA ETIOLOGIA- EFEITO TÓXICO DO ETANOL NO ORGANISMO DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA ETIOLOGIA- EFEITO TÓXICO DO ETANOL NO ORGANISMO DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA FORMAS DE MANIFESTAÇÃO- ESTEATOSE HEPÁTICA Caracteriza-se pelo acúmulo de triglicérides no citoplasma celular, geralmente com manutenção da função hepática e reversão total do quadro após abstinência alcoólica. É comum em 80% dos casos de ingestão excessiva de álcool. Etanol (excesso de NAD) DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA FORMAS DE MANIFESTAÇÃO- HEPATITE ALCOÓLICA AGUDA Ocorre quando o consumo excessivo de álcool persiste por 15 a 20 anos. A taxa de mortalidade é cerca de 30 a 60%. DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA FORMAS DE MANIFESTAÇÃO- CIRROSE A cirrose resulta da fibrose. A fibrose representa uma resposta cicatricial à agressão crônica do fígado composta de excesso de componentes da matriz extracelular que inicialmente pode ser reversível. Em fases avançadas, a fibrose leva à cirrose, um estágio final, difuso, teoricamente irreversível do fígado, caracterizado por nódulos hepáticos separados por tecido fibroso, e consequente distorção da arquitetura hepática. Os nódulos resultam de hiperplasia regenerativa e são funcionalmente menos eficientes que o parênquima hepático normal. DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA FORMAS DE MANIFESTAÇÃO- CIRROSE OUTRAS ETIOLOGIAS O etanol é responsável por 50 a 80% dos casos de cirrose. DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA FORMAS DE MANIFESTAÇÃO- CIRROSE SINAIS E SINTOMAS DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA FORMAS DE MANIFESTAÇÃO- CIRROSE SINAIS E SINTOMAS Icterícia Ascite Baqueteamento digital DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA FORMAS DE MANIFESTAÇÃO- CIRROSE SINAIS E SINTOMAS Ascite Acúmulo de líquido, proteína sérica e eletrólitos na cavidade peritoneal, causado por pressão aumentada pela hipertensão portal e produção diminuída de albumina. Hipertensão portal: pressão sanguínea anormalmente aumentada no sistema venoso portal por razão de obstrução do fluxo sanguíneo através do fígado DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA ALCOÓLICA FORMAS DE MANIFESTAÇÃO- CIRROSE DIAGNÓSTICO DOENÇAS DO FÍGADO INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA- ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Encefalopatia hepática (HE) é uma das manifestações clínicas da insuficiência hepática aguda ou crônica. A causa da EH é multifatorial e depende da ruptura da barreira hematoencefálica, junções rígidas entre as células endoteliais que compõem os capilares cerebrais. Tais junções podem sofrerações de substâncias tóxicas (amônia) do sangue para o cérebro ou deste para o sangue. NH3- Amônia DOENÇAS DO FÍGADO INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA- ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Hepatócito NH3- Amônia A detoxificação da amônia ocorre preferencialmente nos hepatócitos, por meio do ciclo da ureia, no qual a amônia é convertida em ureia, de menor toxicidade e que será excretada na urina. DOENÇAS DO FÍGADO INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA- ENCEFALOPATIA HEPÁTICA A hiperamonemia promove efeito neurotóxico, uma vez que a amônia apresenta grande facilidade de se difundir por meio da barreira hematoencefálica e induz diretamente a neuroinflamação (Síndrome neuro-psiquiátrica). DOENÇAS DO FÍGADO INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA- ENCEFALOPATIA HEPÁTICA DOENÇAS DO FÍGADO INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA- ENCEFALOPATIA HEPÁTICA Aa sulfurados Aa aromáticos Triptofano Triptofano hidroxilase Serotonina Serotonina Triptofano DOENÇAS DO FÍGADO INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA- ENCEFALOPATIA HEPÁTICA DOENÇAS DO FÍGADO INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA- ENCEFALOPATIA HEPÁTICA CLASSIFICAÇÃO DE GRAVIDADE CHILD-PUGH Total de pontos • 5 a 6: Child-Pugh classe A • 7 a 9: Child-Pugh classe B • 10 a 15: Child-Pugh classe C • Classe A: EH leve “Cirrose compensada” • Classe B: EH moderada • Classe C: EH grave DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA ALTERAÇÕES METABÓLICAS CONSEQUÊNCIAS NUTRICIONAIS DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA IMPACTO NUTRICIONAL E DESNUTRIÇÃO CONSEQUÊNCIAS NUTRICIONAIS DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA IMPACTO NUTRICIONAL E DESNUTRIÇÃO CONSEQUÊNCIAS NUTRICIONAIS Causas iatrogênicas da DPE: A ingestão excessiva de etanol provoca efeito tóxico direto sobre o sistema cardiorrespiratório, sistema nervoso central, sistema gastrointestinal, rins e o fígado. A doença hepática crônica pode induzir o comprometimento da função renal, ocasionar distúrbios no trato gastrointestinal com consequente má digestão e má absorção de nutrientes. O etanol fornece calorias “vazias”, aumenta a produção de citocinas pró inflamatórias, reduz a absorção de zinco e magnésio, provocando ageusia com redução do apetite e da ingestão alimentar. Principal fator da DPE DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA CRÔNICA IMPACTO NUTRICIONAL E DESNUTRIÇÃO CONSEQUÊNCIAS NUTRICIONAIS Na doença hepática crônica de origem metabólica, observam-se aumento da oxidação de ácidos graxos e aminoácidos, comprometimento do metabolismo dos nutrientes, aumento da produção de serotonina a partir do triptofano que atua no hipotálamo (centro da fome), com consequente redução do apetite. A presença de colestase, uso de laxantes e esterilização da microbiota intestinal com antiobióticos podem reduzir a biodosponibilidade de lipídeos, minerais e vitaminas lipossolúveis e do complexo B. Durante o tratamento da encefalopatia hepática e da hemorragia digestiva, podem ser necessários jejum prolongado e dietas pouco palatáveis. Esses fatores induzem à desnutrição protéico-energética, que, por sua vez, pode agravar a lesão hepática e os distúrbios gastrointestinais e, ainda, promover catabolismo visceral. DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA DEFINIÇÃO Termo genérico para designar várias anormalidades hepáticas relacionadas com depósito de lipídios no citoplasma dos hepatócitos em pacientes sem consumo excessivo de etanol. Inclui desde a esteatose hepática benigna até a esteato-hepatite não-alcoolica. DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA ETIOLOGIA Está associada com desordens metabólicas, incluindo obesidade central, desequilíbrio no metabolismo da insulina, dislipidemia, hipertensão arterial, hiperglicemia e síndrome metabólica. No entanto, indivíduos com peso adequado, mas cursando com resistência à insulina, também são suscetíveis. DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA DEFINIÇÃO DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA FISIOPATOLOGIA 1. Redução de oxidação mitocondrial de TG; 2. Baixa exportação hepática de ácidos graxos e lipídeos 3. Maior síntese hepática de fosfolípides e ésteres de colesterol. 1 2 DOENÇAS DO FÍGADO DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA CLASSIFICAÇÃO Categorias Características histopatológicas Tipo 1 Apenas gordura Tipo 2 Gordura + inflamação Tipo 3 Gordura + degeneração BIBLIOGRAFIA http://www.moreirajr.com.br/ Artigos científicos com citação nos slides