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PROCESSO PENAL 2 Prof Leonardo Bandeira

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II – Prof. Leonardo Costa Bandeira 
 
01/02/16 
Programa da Disciplina: 
Persecução penal em juízo. 
Competência e nulidade. 
 
Bibliografia: 
Eugenio Pacceli 
Aury Lopes 
Paulo Rangel. 
Renato Brasileiro. 
 
Avaliações: 
17/03. 1ª Prova. 30 pontos. 
05/05. 2ª Prova. 30 Pontos. 
Trabalhos. 10 pontos. 
Prova Global. 30 pontos. 
 
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS 
 
Requisitos mínimos para que um processo penal exista e desenvolva de forma válida. 
 
São divididos entre existência e validade da relação processual. O mais importante é compreender 
esses pressupostos porque a partir deles vamos estudar os procedimentos de processo penal 2. O 
importante é entender a lógica da construção dos pressupostos processuais. 
 
O direito penal é a base para referencia dos pressupostos: norma penal incriminadora (traduz uma 
conduta vedada), imposição de uma sanção penal. O direito penal por si só não confere eficácia à 
sanção penal, não é suficiente para identificar se o sujeito praticou a conduta ilícita, culpável. Existe 
outro procedimento que faz isso: a observância do devido processo legal. 
 
Pressupostos de existência e validade jurídica. (não material). 
 
Os pressupostos processuais de existência: são os requisitos sem os quais o processo não existe. O 
que precisa ocorrer para que o processo exista. Não pode conceber a existência jurídica do processo 
sem a presença deles. Sendo assim, se entender que o direito penal é estático e que não tem condições 
de avaliar se o sujeito praticou aquela conduta, você extrai o 1º pressuposto: JURISDIÇÃO. Não existe 
processo penal sem jurisdição. Somente quem é investido de jurisdição pode dizer e aplicar a sanção 
penal. Apenas o Estado-Juiz pode dizer se houve crime ou não. O particular não pode fazer justiça com 
as próprias mãos (se fizer é crime). 
 
O processo penal pressupõe a avaliação, um juízo de tipicidade, ilicitude e culpabilidade. Sendo 
positivo esse juízo, o sujeito vai receber a sanção penal como resposta do Estado. É pressuposto de 
existência de uma relação processual: que exista jurisdição. 
 
Não existe possibilidade de sanção penal através de uma esfera privada. A tutela dos bens jurídicos 
penais é do Estado. 
 
A partir da jurisdição todos os demais pressupostos são criados. 
 
Já sabemos que a jurisdição é inerte, que não age de ofício, precisa de provocação. 
O processo se inicia através de uma provocação ao órgão jurisdicional. Essa provocação é quando o 
promotor de justiça vai até o juiz para apresentar a situação: ele diz que o sujeito praticou uma 
conduta ilícita; que não há exclusão de culpabilidade e por isso pede a aplicação da sanção penal. O mp 
deduz uma pretensão punitiva, oferece uma ação penal. A DEDUÇÃO DE UMA PRETENSÃO 
PUNITIVA; PROVOCAÇÃO; AÇÃO PENAL. Esse é o 2º pressuposto. 
 
Para que o processo exista, precisa de provocação, de pedido, de uma ação penal (seja pública ou de 
iniciativa privada). A jurisdição e a provocação estão vinculadas, porque a jurisdição é a única que 
pode decidir, mas só o pode fazer através da provocação (ação penal). 
 
Se se precisa de ação penal, obviamente que a ação penal não é resultado de geração espontânea. A 
ação é deduzida por alguém. O ajuizamento da ação penal é feito por uma parte (autora). Aqui, nasce o 
3º pressuposto: as PARTES. Se precisa de ter ação penal, isso significa que alguém deduziu a ação 
penal, ou seja, seu titular. Sendo a ação penal uma pretensão, a ação é proposta em face de alguém. 
Assim, teremos o Autor e o Acusado. O processo demanda duas partes: polo ativo e passivo. 
 
A ação penal é punitiva (não declaratória). Espera-se que alguém seja punido. Por isso, a ação penal é 
desenvolvida entre as partes. Para existir, o processo precisa ser dialético, bilateral, precisa de parteS. 
 
Tradicionalmente, a doutrina apresenta esses como sendo os 3 pressupostos de existência da relação 
processual: jurisdição; provocação e partes. 
 
Vamos introduzir um 4º pressuposto de existência da relação processual. 
O efeito de revelia do processo civil (a presunção de veracidade – considerar todos os fatos como 
verdadeiros) não é aplicado no processo penal. Se não conseguir citar o réu (seja pessoalmente ou por 
edital) para que compareça e exerça sua defesa, o processo penal será suspenso. Isso ocorre por causa 
do 4º pressuposto: a CITAÇÃO. Se para existir, o processo precisa de partes, ele só vai existir se a 
citação for eficaz. Através da citação, você permite que o réu exerça sua ampla defesa e contraditório. 
O legislador determina que não pode ter processo penal sem defesa (pois é uma garantia inalienável 
no processo). Sendo assim, o juiz vai suspender o processo. Essa suspensão não é um procedimento 
simples e superficial: há uma série de regras sobre o assunto. 
 
No processo, só o réu é citado. Os demais sujeitos serão notificados, intimados. A citação é um ato de 
comunicação exclusivo do réu. Através da citação que dá ciência ao réu que existe uma ação penal 
contra ele. Isso é MUITO importante. Existe um dispositivo que diz que se o réu não for citado 
pessoalmente, o processo não terá validade. Não existe a revelia, como no processo civil. 
 
Se não existir citação, não terá o polo passivo da relação processual. Esse polo só se configura através 
da citação. Por isso, alguns doutrinadores elevaram a citação como o 4º pressuposto da relação 
processual. A citação é a forma de chamar o acusado para participar do processo. 
 
Esses pressupostos guardam entre si uma relação dinâmica. Ao longo do semestre, vamos estudá-los 
em todas as aulas do semestre. Os pressupostos representam a sequência dos procedimentos do 
processo penal. 
Jurisdição – Ação Penal – Partes – Citação. Sem estes pressupostos, o processo não existe. 
 
Esse processo existe do ponto de vista jurídico. OK! 
Agora, isso não basta. Além de existir do pronto de vista jurídico, o processo tem que se desenvolver 
de forma válida, para que a sentença seja eficaz. Por isso, a doutrina apresenta os pressupostos de 
validade da relação processual. 
 
Para existir, o processo se contenta com a jurisdição. Mas, não basta qualquer jurisdição, porque todo 
juiz tem jurisdição. Para que a sentença seja válida, a jurisdição tem que alcançar o acusado, tem que 
ser o juiz competente. No processo penal, a regra de competência é que o sujeito será julgado pelo juiz 
da comarca aonde o crime ocorreu. Para que a sentença seja válida, o juízo tem que ser competente. 
A competência é parcela de jurisdição legalmente determinada. O que define o exercício da jurisdição é 
a competência. Ter jurisdição não é suficiente para que a sentença tenha eficácia. Para existir, o 
processo pressupõe jurisdição. Mas, esta jurisdição tem que ser exercida dentro do âmbito legal 
determinado. Então, o 1º pressuposto de validade é o JUÍZO COMPETENTE. Vamos estudar os vários 
critérios de fixação de competência. 
 
Para que o processo exista, precisa da ação penal (a pretensão punitiva, a provocação). A ação penal 
não pode ser deduzida de qualquer forma. Tem que ser nos moldes do art. 41, do CPP, tem que ser uma 
provocação apta. Aí, está o 2º pressuposto: APTIDÃO DA PETIÇÃO INICIAL (observância do art. 41, 
CPP). 
 
O 3º pressuposto corresponde às partes. Para existir o processo, basta ter as partes (ser capaz pra 
isso). Mas nem todas as partes figuram em qualquer processo. Só pode figurar no processo quem tem 
legitimidade para figurar nele. É preciso ser parte legítima. Por isso, o pai não é punido no lugar do 
filho plenamente capaz. A parte legitimada para deduzir a ação penal é o Ministério Público. Tem que 
haver pertinênciasubjetiva tanto do autor quanto do réu. Todos podemos ser partes, mas para 
integrar a relação processual, tem que ser pertinente ao caso. O 3º pressuposto de validade: PARTES 
LEGÍTIMAS. Autor. Réu. Ministério Público. 
 
Não existe ainda nenhuma construção teórica fazendo distinção entre a citação para o processo existir 
e citação válida para o processo se desenvolver. Hoje, na teoria, não há um correspondente para o 
requisito da citação. Porque a citação tem que ser necessariamente válida. Sem ela, não há parteS. 
 
Pressuposto de Existência Pressuposto de Validade 
Jurisdição Juízo Competente 
Ação Penal (provocação) Aptidão da Petição Inicial 
Partes Partes Legítimas 
Citação válida -- 
 
Característica da relação processual: autonomia. 
 
Fato Jurídico (crime) 
Diante da prática (em tese) de um ilícito penal, a notificação dessa prática é feita para a Autoridade 
Policial. Instaura inquérito policial. Quando termina, os autos são remetidos à justiça aos cuidados do 
Ministério Público (que verifica indícios de autoria e materialidade) e oferece ação penal perante o 
juiz. O juiz avalia e se receber a denúncia, manda citar o acusado. Que terá 10 dias para apresentar 
uma resposta (art. 396, CPP). Os autos vão para o juiz novamente (que pode absolver sumariamente o 
réu). Se não, o processo prossegue e ele estabelece uma AIJ (ouve testemunhas, interrogatório do réu, 
mp fala, defesa fala, juiz profere sentença). Esse é o procedimento ordinário do processo penal. 
No inquérito policial não existe nenhuma definição dos atos de investigação que a autoridade policial 
deve fazer (cada delegado faz do seu jeito). Na fase judicial, a sequência do processo é a mesma 
(independente do local). A persecução penal em juízo é a mesma. 
 
O processo para existir não precisa de um fato jurídico (crime). A relação de direito processual penal 
(regulada por uma norma) não depende de uma relação de direito material. O contrário é um grande 
equivoco (achar que o processo depende do direito penal). Aliás, a relação do direito processual existe 
até para dizer que o direito material não existiu. 
 
Quando o querelante/MP ajuíza uma ação penal, quer uma pretensão de punir, quer que na sentença o 
juiz diga que houve relação de direito material. Quando o juiz chega na sentença e condena o réu, o juiz 
confirma a alegação do promotor. Declara que o fato jurídico existiu. Quando o juiz absolve o réu, diz 
que a relação com o direito penal (material) não existiu. Nesse caso, a relação de direito processual 
existiu para dizer que a relação de direito material não existiu. Por isso, uma das características da 
relação processual é a autonomia. 
 
Autonomia da relação processual em relação à material. 
04/02/16 
PARTES NO PROCESSO PENAL 
 
As partes que compõe a relação processual não são as mesmas partes/sujeitos que compõe a relação 
no direito material. 
No direito material: sujeito ativo do ilícito – sujeito passivo 
Quando transporta para relação de direito processual, há uma inversão nos polos. O sujeito ativo (da 
relação de direito material) torna-se polo passivo (suportando os efeitos da ação penal), é o acusado 
(de ser autor do ilícito, no direito material). 
E o polo passivo no direito material só se torna autor na ação processual quando a ação penal for de 
iniciativa privada: querelante (o ofendido). Nas demais ações, o autor será o Ministério Público: que é 
o titular das ações penais de iniciativa pública. 
 
As partes no processo penal: quem tem legitimidade? No polo ativo: Ministério Público (ação pública) 
ou Querelante (ação privada, o ofendido, o sujeito passivo da relação de direito material). No polo 
passivo: Acusado (o réu, o sujeito ativo da relação de direito material). 
 
O CPP criou uma figura que pode existir quando estivermos falando de ação penal de iniciativa pública: 
o assistente. Se for ação privada, o próprio ofendido acaba sendo o titular da ação penal. 
 
Como surge o direito de ação? Quando a sociedade não era organizada, a solução dos conflitos se dava 
pela autotutela (olho por olho). O Estado, então, ao se organizar, viu que essa solução sempre gerava a 
prevalência do mais forte, o que era injusto. Por isso, definiu que a justiça deveria ser entregue a um 
terceiro, não envolvido na questão. Assim, o Estado passou a resolver os conflitos. Embora o Estado 
retire a possibilidade de autotutela, ele oferece o direito de ação. O direito de ação foi dado ao titular 
do direito. 
 
No direito civil, esse raciocínio serve, mas não para o penal. Pois, o direito penal é indisponível, ele não 
deu ao particular o direito de ação, e sim ao Ministério Público. Ocorre que a vitima também tem 
interesse. A vítima de lesão corporal, de tentativa de homicídio, tem interesse na punição do autor do 
crime. Ele não chega a ter a titularidade da ação penal (que é do Ministério Público), mas o Estado 
reconhece o interesse em atuar na ação penal. A partir daí, cria a figura do Assistente do Ministério 
Público. 
 
Assistente do Ministério Público: arts. 268-273 
O legislador reconhece e compreende que o sujeito passivo do direito material (o ofendido) tem 
interesse na ação penal (mesmo sendo de iniciativa pública). Ele não será o titular, mas reconhece que 
ele tem interesse na persecução penal e admite sua participação como coadjuvante; assistente. 
Funciona assim: o sujeito é vítima de uma tentativa de homicídio. Ele não é titular, mas ele tem 
interesse, isso não pode ser negado. Em virtude disso, o legislador cria a figura do assistente do mp. O 
assistente é o ofendido da relação de direito material quando nós estivermos falando de ação penal de 
iniciativa pública. Ele vai comparecer ao processo na qualidade de assistente. Fica ao lado do titular; 
não forma litisconsórcio ativo, porque ele não é parte. O assistente é uma figura facultativa. 
 
O que justifica, do ponto de vista jurídico, o Estado autorizar que o ofendido, que não é parte da 
relação processual, possa atuar ao lado do acusador? Qual o interesse do assistente em participar do 
processo? O Estado reconhece o assistente por causa da repercussão civil que o processo penal pode 
gerar pra ele. Sentença penal condenatória torna-se título executivo no âmbito civil. O assistente tem 
interesse na condenação, porque ela gera uma repercussão na área civil. Essa é a concepção original da 
figura do assistente. 
 
Esse entendimento tem evoluído. Hoje, existem outros entendimentos (minoritários): o interesse dele 
não é apenas civil. Tem interesse também na condenação penal, em virtude do art. 29, CP. Quem, de 
qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua 
culpabilidade. Essa mudança tem repercussão muito grande. 
 
Se você considerar que o interesse é apenas civil, o assistente não pode recorrer. Com a sentença penal 
condenatória, ele já tem o titulo executivo. 
Mas, se você entende que a atuação do assistente não é somente civil, mas também penal, podemos 
concluir que ele pode recorrer (mesmo que o Ministério Público esteja satisfeito com a pena cominada 
pelo juiz). 
 
O assistente do mp pode recorrer. O cabimento do recurso do assistente tem 2 condicionantes: (1) a 
legitimidade recursal do assistente tem caráter supletivo, é subsidiária. O assistente só pode recorrer 
se o Ministério Público não recorrer. Se o Ministério Público recorrer, o assistente não poderá 
recorrer, mas poderá arrazoar os recursos interpostos (2) o assistente tem que ter interesse recursal. 
Se por acaso, a sentença for absolutória, o assistente vai ter interesse recursal, pois ele quer uma 
condenação, para que a utilize como título executivo na esfera cível. 
Mas, se a sentençafor condenatória, mesmo a pena for baixa, por exemplo, o assistente não poderá 
recorrer, porque ele já alcançou o seu interesse (que é a condenação). O entendimento majoritário do 
TJMG é de que ele não pode recorrer se a sentença for condenatória (independente da sentença). 
 
O entendimento majoritário é que o assistente tem interesse apenas civil. 
 
Em que tipo de ação vai existir o assistente do mp? Exclusivamente, em ação de iniciativa pública. 
 
O assistente só vai existir na fase de persecução em juízo, após o oferecimento da ação penal até o 
trânsito em julgado. Na fase de investigação/inquérito não existe assistente do mp (porque não existe 
ação penal ainda). Além disso, não existe na fase de execução penal (o interesse foi esgotado na 
sentença, não há mais litígio). Em ambos os momentos, há falta de interesse processual do ofendido. 
 
Na fase de inquérito não tem assistente. Entretanto, a vítima pode constituir um advogado para 
participar do inquérito (mas o ofendido não será considerado como assistente). Essa figura não existe 
no período de investigação porque ainda nem se sabe se a ação penal vai existir (o mp pode pedir o 
arquivamento, por exemplo). Além disso, o mp não participa do inquérito. 
 
Quem tem legitimidade para ser assistente do mp? O ofendido. Na sua ausência, a legitimidade é 
transferida para as pessoas enumeradas no art. 31 do CPP (cônjuge, ascendente, descendente ou 
irmão). Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir, como assistente do Ministério 
Público, o ofendido ou seu representante legal, ou, na falta, qualquer das pessoas mencionadas no Art. 
31. 
 
O assistente pode habilitar em qualquer momento da fase de juízo. Tem que ter legitimidade e ter 
capacidade de estar em juízo. O assistente tem que constituir um advogado, que vai pedir a habilitação 
e vai atuar nos autos como seu representante. A lei não define o momento específico para o ingresso 
no processo. 
 
A participação do assistente do mp sempre vai ficar limitada a partir do momento em que ingressa no 
processo. Art. 269. O assistente será admitido enquanto não passar em julgado a sentença e receberá a 
causa no estado em que se achar. A habilitação não tem o poder de fazer com que o processo retorne 
ao início. Se ele se habilitar no início do processo, ele vai contribuir mais. Mas, se ele entrar no final, 
não poderá fazer nada com relação aos momentos anteriores. Não retroage nas práticas dos atos 
processuais. 
 
A partir do momento da habilitação no processo, se garante a ele a participação em todos os atos do 
processo. Não como parte, o assistente sempre terá uma participação secundária. Ele sempre fala 
depois do Ministério Público. Pode pedir provas (o pedido é analisado pelo juiz e o mp dá parecer 
também). Pode juntar documentos (depois de análise e parecer). 
 
Como se dá o procedimento de habilitação do assistente? Na prática, o advogado que representa o 
ofendido é assistente do mp? Isso está errado, porque tecnicamente ele não é o assistente, ele 
representa o assistente (o ofendido). 
A ação penal tem que ter sido oferecida. 
A pessoa tem que ter legitimidade. 
Tem que ter capacidade postulatória em juízo: o advogado. 
Então, a vítima vai outorgar uma procuração para que um advogado a represente. Este vai solicitar ao 
juiz, através de petição, a habilitação, para que passe a participar desse processo. O juiz recebe a 
petição e, antes de decidir, abre vista ao Ministério Público. O parecer do mp não é vinculante. O juiz 
vai decidir. Art. 272. O Ministério Público será ouvido previamente sobre a admissão do assistente. 
 
A decisão do juiz é irrecorrível. Art. 273. Do despacho que admitir, ou não, o assistente, não caberá 
recurso, devendo, entretanto, constar dos autos o pedido e a decisão. O juiz pode indeferir a 
participação do assistente. Por exemplo, quando quem está fazendo o pedido não tem legitimidade. A 
jurisprudência tem um entendimento pacífico sobre o assunto: da decisão do juiz que aceita o 
assistente não cabe recurso nenhum. Mas da decisão do juiz que não admite o assistente no processo 
penal cabe mandado de segurança. 
 
Por isso, entende-se que da decisão do juiz que indefere a participação do assistente, cabe mandado de 
segurança. 
 
Na prática, o parecer do juiz é favorável. 
 
No que consiste a participação do assistente? Oferecer informação, documento, testemunha para o mp. 
Ele fala sempre depois do MP. 
Ele pode pedir prova, mas o juiz ouve o MP primeiro. 
Art. 268. Em todos os termos da ação pública, poderá intervir.... 
Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de prova, requerer perguntas às testemunhas, 
aditar o libelo (libelo: é uma peça de acusação, que não existe mais) e os articulados, participar do 
debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio, nos casos 
dos arts. 584, § 1º, e 598. O libelo era conhecido como libelo crime-acusatório. Só existia no 
procedimento do júri. O que existe é o seguinte: o assistente pode aditar o libelo denúncia? NÃO. 
Porque o assistente só pode participar após o oferecimento da denúncia, então, ele não pode aditar 
uma peça que é anterior à sua habilitação. 
§ 1º O juiz, ouvido o Ministério Público, decidirá acerca da realização das provas propostas pelo 
assistente. 
§ 2º O processo prosseguirá independentemente de nova intimação do assistente, quando este, 
intimado, deixar de comparecer a qualquer dos atos da instrução ou do julgamento, sem motivo de 
força maior devidamente comprovado. 
 
Situação em que não haverá assistente de mp. Art. 270. O corréu no mesmo processo não poderá 
intervir (se habilitar) como assistente do Ministério Público. A pessoa não pode figurar ao mesmo 
tempo no polo ativo e no polo passivo. 
Ex.: Ministério Público denuncia A e B. 
O B diz que, na verdade, ele é vítima de A. 
O B não pode se habilitar como assistente do mp para acusar A. 
08/02/16 – carnaval 
11/02/16 
 
Acusado/Defensor 
Arts. 259/267 
Arts. 366/367 
 
No polo passivo da relação processual penal encontra-se o sujeito ativo da relação material (o autor do 
delito). Tem que ter capacidade e ter imputabilidade penal (que começa com 18 anos). Os menores de 
18 não tem capacidade para ser parte, tem um procedimento específico. 
 
No polo passivo tem que ter capacidade (imputável). Além disso, tem que ser parte legítima. A 
pertinência para definir a legitimidade está relacionada ao direito material: o sujeito ativo do ilícito 
penal. Não há dificuldade nesse assunto. 
 
Quando estuda o polo passivo, não dá para estudar só o acusado. O defensor, embora não faça parte, 
ele fica ao lado do acusado. Não tem jeito de desassociar. Ao estudar a ampla defesa, sabemos que ela 
se forma pela autodefesa e defesa técnica. 
 
Houve alteração recente no estatuto da oab, que inseriu a obrigatoriedade da presença de um 
advogado no inquérito policial. Na fase judicial, o acusado estará sempre com o defensor (profissional 
responsável pela defesa técnica), seja o nomeado pelo juiz, defensor público ou o defensor constituído. 
É indispensável. Ele tem que ter participação efetiva no processo. Não pode ter apenas uma 
participação figurativa. A jurisprudência já tem entendimento consolidado a respeito disso. Não 
precisa fazer milagre, mas tem que exercer a defesa. 
 
A relação do advogado com cliente é de confiança. Não vai haver relação processual sem advogado 
constituído. Se o acusado não quiser, o juiz vai nomear alguém. Se no curso do processo, o acusado 
nomear outro advogado, o antigo tem que acompanhar durante os próximos 10 dias. Se o juiz perceber 
que essa desconstituição é umaestratégia para atrasar o processo, ele pode deixar um defensor 
publico preparado, pra evitar o cancelamento da audiência. 
 
Dinâmica do procedimento: Ministério Público ajuíza ação penal – juiz recebe – manda citar o acusado, 
para oferecer resposta em 10 dias. 
 
A citação é um ato de comunicação processual destinado ao acusado, chamando-o para participar da 
relação processual. Nessa citação, o acusado é informado que tem o prazo de 10 dias para oferecer 
uma defesa (chamada resposta à acusação, defesa prévia, defesa preliminar). É a partir desse momento 
que a lei exige a participação da defesa técnica, que elabora a peça de resposta. Isso significa que, no 
mandado de citação, haverá um parágrafo que informa o motivo da citação. Há transcrição do art. 396, 
396-A, CPP. Lá também informa que se ele não tiver condições de constituir um advogado, deve 
procurar a defensoria pública. Isso é necessário porque a peça tem que ser elaborada por defesa 
técnica. 
 
Súmula 710, STF: no processo penal, contam-se os prazos da data da intimação, e não da juntada aos 
autos do mandado ou da carta precatória ou de ordem. o prazo começa a contar da citação. Não é da 
juntada do mandado no processo. 
 
A citação é elevada à categoria de pressuposto de existência da relação processual. Só através da 
citação que temos a figura do acusado no processo penal, que ele terá direito à ampla defesa e 
contraditório. Sem ser citado, o sujeito não sabe que tem uma ação penal proposta contra ele. A citação 
inicial no processo penal sempre será por mandato. Porque é o ato pelo qual você dá ciência formal da 
acusação contra o acusado. A partir do momento que foi cientificado, ele constituiu advogado para ele, 
que vai oferecer resposta no prazo de 10 dias. 
 
Se ele não tiver defensor? Se não quiser constituir um ou não tiver condições financeiras? Ou ele vai à 
defensoria pública. Se no prazo de 10 dias, ele não apresentar a defesa técnica, o juiz nomear um 
defensor técnico para que o processo continue. 
 
Ocorre que às vezes a citação por mandato é frustrada. O oficial de justiça vai tentar encontrar o 
sujeito e não consegue. Devem-se esgotar todas as tentativas de citação por mandado. Mas, pode 
acontecer de não conseguir. Então, se não citou o réu por mandado, isso significa que o réu não foi 
chamado para o processo. Ele não foi cientificado da acusação, consequentemente, ele não pode 
exercer ampla defesa e contraditório. Nesse caso, a lei permite que o juiz cite por edital. E essa citação 
por edital tem a mesma finalidade (oferecer resposta à acusação em 10 dias). 
 
Na sistemática atual, a defesa técnica é obrigatória na resposta à acusação. A citação é o ato que chama 
o réu ao processo. Feito isso, ele pode exercer ampla defesa e contraditório. O advogado junta a defesa 
com a procuração outorgada. A citação alcançou então sua finalidade. 
 
A grande questão está quando a citação por mandado é frustrada. O próximo passo é citação por edital. 
Mas se passados os 10 dias e ele não apresenta resposta à acusação, não há advogado constituído nos 
autos. Nesse caso, o juiz não pode nomear um defensor público, defensor ad hoc. Porque a citação por 
edital é ficta. É um mecanismo jurídico para dar publicidade ao ato. O legislador sabe que em regra na 
citação por edital, o sujeito não aparece com advogado constituído. O juiz não pode nomear um 
defensor dativo porque a citação, no aspecto formal, não alcançou sua finalidade. Não há nada nos 
autos que sinalize que o sujeito tem ciência da acusação. Se o réu não foi cientificado ele não poderá 
exercer sua defesa em sua plenitude. Para o processo penal, a citação por edital não alcançou sua 
finalidade e falta um pressuposto processual (partes: polo passivo). 
 
O polo passivo só integra a relação processual quando citado formalmente. Isso significa para o 
legislador que não posso transigir com o exercício do direito de defesa. Sendo assim, o art. 366, 
determina que o processo fique suspenso. Não pode ter revelia porque esse instituto presume que os 
fatos mencionados na inicial são verdadeiros. Fere o princípio da presunção de inocência. 
Art. 366. Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos 
o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das 
provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no 
art. 312. 
O processo pode ficar suspenso por tempo indeterminado, porque a lei não fala de prazo. 
consequentemente, o prazo prescricional também fica suspenso. O legislador não se deixa enganar 
pelo acusado, que foge para não ser citado. 
Nesse momento, o juiz pode determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes. Ex.: 
O Ministério Público arrolou uma testemunha com mais de 90 anos. Houve citação por edital, não 
houve localização. O juiz determinou a produção antecipada de provas. Como a testemunha era 
fundamental e não havia prazo para dar continuidade ao processo, o juiz deu uma liminar e a 
testemunha foi ouvida. 
Além disso, o juiz também pode decretar a prisão preventiva do sujeito. Às vezes, se esquivar de 
receber a citação pode parecer benéfico. Mas o juiz pode entender que o acusado está se esquivando 
de forma proposital, então ele decreta prisão preventiva. Essa decisão tem que ser fundamentada. 
 
O processo ficará suspenso até quando? 
A suspensão será revogada quando o acusado aparecer nos autos. Vamos considerar que o sujeito não 
sabia que havia uma ação penal proposta contra ele. A partir do momento em que for cientificado 
(ingressar nos autos), o processo retoma o curso normal. O princípio da cientificação foi atendido. Um 
dos pressupostos foi cumprido (trazer o acusado para a relação processual). O processo estava 
suspenso porque não tinha como ele se defender. 
 
A suspensão do processo não pode ser ad eternum. Só a constituição fala quais são os crimes 
imprescritíveis. O prazo fica suspenso até o prazo prescricional do crime. Ex.: o crime tem o prazo 
prescricional de 8 anos. Passados, os 8 anos, o processo fica suspenso, mas o prazo prescricional 
começa a contar. Depois de passados mais 8 anos, aí o crime está prescrito. 
 
Para que o processo seja suspenso (ver art. 366) precisa acontecer duas situações: citação por 
mandado frustrada e citação por edital. Citado por edital, se ele constituir advogado, apresentando a 
resposta no prazo de 10 dias, o processo terá continuidade, não será suspenso. Indisponível no 
processo penal é a defesa técnica. 
 
Por isso, que se diz que a presença física do acusado é dispensável. Art. 260. Se o acusado não atender 
à intimação para o interrogatório, reconhecimento ou qualquer outro ato que, sem ele, não possa ser 
realizado, a autoridade poderá mandar conduzi-lo à sua presença. Isso significa que o juiz tem poder 
de condução coercitiva sobre o acusado? Pelo artigo 366, o juiz não tem esse poder. A autodefesa é 
disponível. Mas, a defesa técnica é indisponível, irrenunciável. A redação do art. 260 é dos anos 40. A 
doutrina majoritária é que o juiz tem poder de condução coercitiva. Algumas doutrinas mais 
modernas, diz que não. 
 
O acusado tem a faculdade de comparecer aos autos para acompanhar o processo e exercitar sua 
defesa. Ele não tem obrigação. Se ele não quer exercer esse direito, não pode haver sanção pelo não 
uso do direito. 
 
Em síntese, a presença física do acusado é dispensável. O importante é que ele seja cientificado. Ele 
resolve se vai aparecer com o defensor ou que este falará por ele. Por isso, não tem como estudar o 
polo passivo da relação processual, sem falar do binômio acusado/defensor.Se forem desassociadas, o 
processo será suspenso. 
 
O processo será suspenso somente se o réu ao ser citado, não constituir advogado. Porque a defesa 
técnica é indispensável. 
 
Art. 367. O processo seguirá sem a presença do acusado que, citado ou intimado pessoalmente para 
qualquer ato, deixar de comparecer sem motivo justificado, ou, no caso de mudança de residência, não 
comunicar o novo endereço ao juízo. 
 
 
15/02/16 
AÇÃO PENAL 
 
Ação penal é a dedução de uma pretensão punitiva em juízo. É o início da persecução penal em juízo. 
Superada a fase administrativa, havendo indícios de autoria e materialidade, dá-se início à ação penal. 
 
Ação penal é a petição inicial do processo penal. Essa petição recebe a denomicacao técnica diferente 
quando é pública ou privada. Ação penal é o gênero: significa ir a juízo e pedir a aplicação de uma 
sanção penal. 
Se essa ação penal for de natureza pública, será chamada Denúncia, cujo titular é o Ministério Público. 
Se a ação penal for de iniciativa privada, será denominada Queixa-Crime, cujo titular é o 
ofendido/querelante. 
Para que o processo exista, precisamos da provocação, que será a denúncia ou queixa-crime. 
 
Aptidão da petição inicial: pressupostos de validade da relação processual. A forma como a ação 
penal deve ser deduzida. Essa petição inicial, embora tenha menos rigor, contem elementos 
obrigatórios. Ver art. 41, CPP. 
 
Art. 41. A denúncia ou queixa conterá a exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias, 
a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa identificá-lo, a classificação do 
crime e, quando necessário, o rol das testemunhas. 
 
A denúncia é uma peça de imputação, e tem que conter os requisitos do art. 41: 
- endereçamento ao juiz competente 
- identifica os autos 
- qualificação do acusado (é preciso identificar a legitimidade processual) 
- descrição do fato criminoso (narra o fato) 
- qualificação jurídica do fato (adequação da conduta ao modelo legal do justo penal). Depois de 
escrever o fato, o promotor pede a denúncia em função do art. XXXX, do código penal. 
- rol de testemunhas. No processo penal, para a acusação, o momento processual adequado para 
indicar o rol de testemunhas é na petição inicial, na denúncia/queixa. Salvo juizado especial, que tem 
outra sistemática. O rol é facultativo. Se o Ministério Público entender que não há testemunhas para 
arrolar, não precisa. Mas, se quiser, tem que ser na denúncia. 
 
A importância prática desses requisitos. Emendatio libelli (art. 383) e Mutatio libelli (art. 384) 
São institutos, decorrentes da necessidade da petição inicial ser elaborada de acordo com as exigências 
do artigo 41. Esses requisitos são exigidos em nome da ampla defesa e do contraditório. No direito 
brasileiro, não existe surpresa. A defesa tem que ter conhecimento da acusação e dos seus termos. 
Para que alguém possa se defender, a acusação tem que ser apresentada às inteiras. Ela não pode usar 
de subterfugio para dificultar o direito de defesa. 
 
O principio da correlação entre acusação e sentença. A necessidade de ter a descrição do fato com 
todas as circunstancias visa resguardar esse princípio. Isso significa que a sentença tem que guardar 
uma relação com a acusação. Porque você não pode acusar alguém de algo (roubo) e ele ser condenado 
por outra coisa (estupro). Isso viola a ampla defesa e o contraditório. Por isso, existe esse princípio. 
 
O acusado no processo penal se defende dos fatos descritos na denúncia. Não se defende da 
qualificação jurídica dada na denúncia. Esse princípio de correlação, pode ser resumido nisso: o 
acusado se defende dos fatos descritos na inicial e não da qualificação jurídica. Pode parecer, mas não 
é bobagem. 
 
Ex.: imaginem que o Ministério Público tem um inquérito policial em mãos e após analisar ele oferece 
denuncia dizendo: dia tal, horário tal, fulano de tal, subtraiu de beltrano, mediante violência ou grave 
ameaça, a importância de 2 mil reais. (Esse é o fato criminoso descrito.) Nestes termos, denuncio o 
fulano nos art. 155 (furto), do CP. 
O processo corre e no final, o juiz sentencia por roubo (art. 157). 
O princípio da correlação não será ferido. A correlação é entre o fato criminoso e a sentença. 
No exemplo, não existe ilegalidade (o juiz não cometeu abuso). O juiz não está vinculado à qualificação 
jurídica na denúncia. Não é o Ministério Público que define o tipo penal em uma eventual condenação, 
esse é o papel do juiz. 
 
Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, poderá atribuir-lhe 
definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, tenha de aplicar pena mais grave. O fato foi 
mantido na íntegra. O juiz deu definição jurídica diversa. 
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de proposta de suspensão 
condicional do processo, o juiz procederá de acordo com o disposto na lei. lei 9099. 
§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão encaminhados os autos. 
Isso é a emendatio libelli. O Juiz não faz qualquer modificação nos fatos. 
 
Continuando o mesmo exemplo: definição dos fatos, o Ministério Público narra no dia tal, horário tal, 
fulano de tal subtraiu do outro a importância de 2 mil reais. Nesses termos, denuncio o fulano como 
incurso nas sanções do art. 157 do CP. 
Processo corre normal. 
Juiz dá sentença: com base no art. 157. Isso tá certo?? 
O fato descrito é subtração de coisa alheia. A diferença para a primeira situação, é que lá houve 
violência. Nesse caso, não houve descrição no fato de que houve violência. Esse sujeito pode ser 
condenado por roubo?? Não. Porque não há correlação com o fato criminoso. A sentença que o 
condenou por roubo não se ajusta ao fato descrito. A sentença será anulada. 
 
O art. 41 é tão exigente nesse aspecto, conter a descrição do fato, com todas as circunstancias. Os 
detalhes mudam tudo. 
 
A mutatio libelli surge da ocorrência de alteração dos fatos. 
Ex.: denuncia diz no dia tal, horário tal, fulano subtraiu do outro a importância de 2 mil. [subtração de 
coisa alheia]. Ministério Público qualifica acusando de furto (art. 155). Processo corre. No meio do 
processo, surge fato novo. Uma testemunha que diz que a subtração foi mediante violência. A denúncia 
já foi oferecida e quando o fato foi descrito era apenas subtração. Mas, com o fato novo, tem novos 
elementos. Processo segue. Juiz dá sentença por roubo (subtração de coisa alheia + violência). Isso tá 
certo?? Não. O juiz não pode pelo mesmo motivo: o fato descrito na denuncia é art. 155, o princípio da 
correlação é da sentença com o fato que foi imputado. 
 
Isso é muito sério!!! Em um caso recente, o Duda Mendonça foi absolvido no processo do mensalão por 
causa disso. O fato descrito foi que ele tinha remetido dinheiro ao exterior (evasão de divisas). Veio a 
instrução e foi demonstrado que ele mantinha dinheiro fora. Essa conduta não foi narrada na 
denúncia, por isso ele foi absolvido de todos os crimes. 
 
No nosso exemplo, o acusado só pode ser acusado de roubo, se o novo fato foi incluído na denúncia. A 
petição tem que ser aditada. O Ministério Público tem que corrigir a peça, imputar o novo fato ao 
acusado. Essa situação muda tudo. O processo volta e tem nova dinâmica, porque o acusado tem 
direito de se defender do fato novo. O juiz agora pode sentenciar por roubo, porque o fato está descrito 
na petição. 
 
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição jurídica do fato 
(emendatio), em consequência de prova existente nos autos de elemento ou circunstância da infração 
penal não contida naacusação, o Ministério Público deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 
(cinco) dias, se em virtude desta houver sido instaurado o processo em crime de ação pública, 
reduzindo-se a termo o aditamento, quando feito oralmente. 
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 28 deste Código. 
§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o aditamento, o juiz, a 
requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para continuação da audiência, com 
inquirição de testemunhas, novo interrogatório do acusado, realização de debates e julgamento. 
§ 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1º e 2º do art. 383 ao caput deste artigo. 
§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no prazo de 5 (cinco) 
dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do aditamento. 
§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá. 
 
O aditamento é uma exigência para que se observe a ampla defesa e o contraditório. É um fato novo. 
Então, feita imputação do fato novo, reabre novas discussões. 
 
Existe uma discussão se o juiz pode tomar iniciativa de abrir vista ou se tem que ser pedido do 
Ministério Público. Isso decorre em virtude da previsão do § 1º. Diante do fato novo, o juiz pode dizer 
ao Ministério Público para aditar nova denúncia em função de fato novo. O juiz não pode acusar. Se o 
Ministério Público discordar do juiz, aplica a regra do art. 28, CPP. 
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a denúncia, requerer o arquivamento 
do inquérito policial ou de quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes 
as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-geral, e este 
oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para oferecê-la, ou insistirá no 
pedido de arquivamento, ao qual só então estará o juiz obrigado a atender. 
A discussão que existe é a mesma: o juiz pode fazer isso? Quando ele faz, ele perde a inércia e isso não 
é papel dele. 
 
Ainda com relação à mutatio libelli. Pode haver mutatio em grau de recurso, no tribunal? O fato novo 
aparece depois da sentença, em grau de recurso? O tribunal não pode incluir o fato novo e julgar o 
acusado. A fase de instrução já acabou (1ª instancia já esgotou). A circunstância nova pode ser aditada 
até o término da fase da instrução. 
18/02/16 – prof faltou 
22/02/16 
COMPETÊNCIA 
 
Jurisdição (pressuposto de existência)  Juízo Competente (pressuposto de validade) 
 
O processo para existir necessariamente precisa de jurisdição. Acontece que todo juiz tem jurisdição. 
Todos aqueles que são investidos da função jurisidicional tem jurisdição. O âmbito do limite do 
exercício da atividade jurisdicional é que vai dizer se foi feita de forma válida ou não. Para que esse 
exercício se dê de forma valida tem que ser exercida no âmbito da competência. 
 
Competência: é parcela de jurisdição legalmente determinada. O que define o âmbito, o alcance dessa 
jurisdição é a lei. 
 
Temos 3 instâncias legais de definição de competência: 
Constituição Federal/ Constituição Estadual. 
Legislação ordinária (referência é o CPP). 
Leis de organização judiciária. Cada estado tem a sua e que podem definir competência. 
 
Deve-se observar a hierarquia desses diplomas legais. 
 
O art. 69, CPP, estabelece os critérios de fixação de competência. 
Art. 69. Determinará a competência jurisdicional: 
I - o lugar da infração: 
II - o domicílio ou residência do réu; 
III - a natureza da infração; 
IV - a distribuição; 
V - a conexão ou continência; 
VI - a prevenção; 
VII - a prerrogativa de função. 
 
Regra do Processo Penal (para definição de competência): art. 70 e 71, CPP 
Em regra, o processo tramita perante o juízo em que o fato se consumou. Não é domicilio, nem foro por 
eleição. O crime aconteceu em BH, o processo tramita aqui. Mesmo que o autor more no Paraná. 
Se o crime não for consumado for tentado, a lógica é a mesma (o processo vai tramitar no lugar do 
último ato de execução). 
 
Da Competência pelo Lugar da Infração (lugar aonde o crime se consumou) 
Art. 70. A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consumar a infração, ou, no 
caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Essa regra pode parecer 
simples, mas competência de uma forma geral, juntamente com nulidades, é um dos temas mais 
complexos do processo penal. São os dois temas mais difíceis. 
Dois problemas sobre a competência: (1) o código não consegue solucionar todas as situações fáticas. 
Isso traz como consequência o fato da competência ser regulada muito por sumulas e entendimento da 
jurisprudência. Como não é regulamentado, o tema é muito fluído, cada tribunal pensa de um jeito. 
(2)... 
Porque o legislador definiu esse critério como o de fixação de competência? São duas razões 
fundamentais: 
1. Quando acontece um crime em BH, é a comunidade de BH que sofreu com esse crime. Precisa 
do município de Sabará saber? Na medida em que é aquela comunidade local que sabe do 
ilícito e é ela que tem que receber do Estado a resposta pelo ilícito praticado. A competência 
precisa ser fixada nessa localidade para que as pessoas saibam qual foi o resultado o 
julgamento. Os reflexos da prática do ilícito penal são imediatamente irradiados para aquela 
comunidade. 
2. Tem também uma questão prática, relacionada à produção de prova. Em regra, quando o crime 
é cometido aqui, é mais fácil produzir a prova aqui. Ex.: perícia, testemunhas etc. Questão 
vinculada à celeridade e economia processual. 
 
O sujeito vai ser julgado no lugar em que o crime ocorreu. Mesmo que a vítima tenha sido atacada em 
Betim, mas faleceu em BH, pois foi transferido para tratamento. A morte em BH foi circunstancial, em 
função do tratamento médico. Se fosse pela literalidade da lei, ele deveria ser julgado em BH, porque a 
vítima morreu em BH. Mas, a cidade de Betim foi a que sofreu com o ilícito. A jurisprudência tem esse 
entendimento majoritário. 
 
A regra de definição de competência: lugar da consumação do crime 
Salvo os critérios que tem sede constitucional, os demais são subsidiários. 
A consumação do crime é a regra, os demais são subsidiários. 
 
§ 1º Se, iniciada a execução no território nacional, a infração se consumar fora dele, a competência será 
determinada pelo lugar em que tiver sido praticado, no Brasil, o último ato de execução. Esse é o 
princípio da territorialidade. Se estamos falando de competência, o principio que regula a lei 
processual no espaço é a territorialidade. Ex.: o sujeito está no Brasil e começa a dar facadas no sujeito. 
Ele está na divisa com o Paraguai e atravessam a fronteira. E continua dando facadas, até o cara 
morrer. Não sabemos a legislação do Paraguai (então não sabemos se o cara será julgado lá). Mas, o 
que nos interessa é o que aconteceu no Brasil. O sujeito cometeu o crime no Brasil, ele será processado 
e julgado no lugar do último lugar de execução. Na cidade da divisa. 
Nesse exemplo, qual seria o crime? Por homicídio. Não teria cabimento ser por tentativa, só porque o 
cara morreu no Paraguai. Isso seria absurdo. 
 
§ 2º Quando o último ato de execução for praticado fora do território nacional, será competente o juiz 
do lugar em que o crime, embora parcialmente, tenha produzido ou devia produzir seu resultado. 
 
§ 3º (1) Quando incerto o limite territorial entre duas ou mais jurisdições, ou (2) quando incerta a 
jurisdição por ter sido a infração consumada ou tentada nas divisas de duas ou mais jurisdições, a 
competência firmar-se-á pela prevenção. Esse paragrafo tratade duas situações: 
1. Quando não se sabe qual foi o lugar da consumação do crime. Não há certeza de qual é o lugar. 
Sabe aonde foi, mas não tem certeza do limite de jurisdição das comarcas. 
2. E se for um cadáver, que morreu exatamente na divisa. 
Em ambos os casos, o juiz competente por ser qualquer um dos dois. 
 
Nesses dois casos, você tem mais de um juiz competente. Quando se tem dois juízos igualmente 
competentes, como se resolve a questão? O critério pelo lugar da infração não resolve. Então, a 
competência será fixada por prevenção. Quando um dos juízos competentes se antecipa ao outro na 
prática de um ato processual, mesmo que seja antes do oferecimento da ação penal. 
25/02/16 
Art. 71. Tratando-se de infração continuada ou permanente, praticada em território de duas ou mais 
jurisdições, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
Esse artigo reafirma a situação em que o critério do lugar da infração não é suficiente. Usa o 2º critério: 
que é o da prevenção. 
 
Crime continuado: art. 71, CP. A rigor é um concurso de crimes, que por razões de política criminal, o 
legislador entender que é um crime e majora a pena. O crime é dividido em várias ações. 
Crime permanente: ex.: sequestro com cárcere privado. 
 
No caso do art. 71, CPP, o crime foi cometido/consumado em mais de uma jurisdição. A competência 
será firmada pela prevenção. 
 
Competência pelo domicilio/residência do réu 
Critério subsidiário. 
Em regra, esse critério só vai ser utilizado quando não for possível fixar competência pelo lugar da 
consumação do crime. Os arts. 70 e 71 (CPP), em todos os casos, o lugar do crime é conhecido. 
Esse critério subsidiário é aplicado diante do desconhecimento do lugar do crime. Impossibilidade de 
fixação de competência. 
 
Art. 72. Não sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou 
residência do réu. Ex.: casos em que se acha um corpo no rio. Não se sabe aonde aconteceu o 
homicídio. O sujeito foi jogado no rio e foi encontrado em determinado lugar. Se o suspeito confessar o 
crime e indicar o lugar da consumação do crime, a competência será nesse lugar. Se não houver 
indicação, a competência será fixada em função do domicilio/residência do réu. 
§ 1º Se o réu tiver mais de uma residência, a competência firmar-se-á pela prevenção. 
§ 2º Se o réu não tiver residência certa ou for ignorado o seu paradeiro, será competente o juiz que 
primeiro tomar conhecimento do fato. Se o réu não tiver domicilio/residência, for um andarilho, por 
exemplo. A competência será do juiz que primeiro tomar conhecimento do fato = é a prevenção (o 
legislador só não quis repetir a palavra). 
 
E se não tiver nenhum suspeito? 
 
Art. 73. Nos casos de exclusiva ação privada, o querelante poderá preferir o foro de domicílio ou da 
residência do réu, ainda quando conhecido o lugar da infração. Situação em que se permite foro por 
eleição. Quando se pode escolher. O requisito para ter a incidência dessa hipótese é a ação penal 
privada. Só existe o foro por eleição quando a ação penal for exclusiva. Isso quer dizer que não se 
aplica a ação subsidiária pública. 
Aqui, o lugar da infração/crime é conhecido (então, deveria aplicar a regra do art. 71), mas como a 
ação é privada, a iniciativa é do ofendido (então é ônus dele). O autor da ação, titulação da ação penal 
privada, pode optar por ajuizar a ação no domicilio do réu (querelado). Ele não pode optar pelo 
domicilio dele mesmo. 
Pode ser esdruxulo, mas é razoável. Porque quando o crime é consumado em um lugar diferente do 
domicilio do réu, o processo pode demorar demais, fica dependendo de carta precatória. Por isso, ele 
(o autor) pode optar por se descolar para o domicilio do réu (para ser mais rápido). 
 
Isso não se aplica à ação penal subsidiária pública. 
Quando o Ministério Público recebe o inquérito, tem prazo de 15/5 dias para denunciar. Se perder o 
prazo, o Ministério Público não perde a titularidade da ação. A partir do 16º dia, surge uma 
legitimidade concorrente. O ofendido pode oferecer uma queixa. É uma ação que não existe de forma 
autônoma. Ela surge de uma ação que é inicialmente é pública, mas pela inércia do Ministério Público, 
o prazo passa. Nesse caso, o ofendido não pode oferecer queixa crime no domicilio do réu, porque a 
ação não perde a característica de pública. 
 
Competência pela Natureza da Infração 
O que define o âmbito de atuação de cada juiz é o limite de jurisdição, que é o que nos dá noção de 
competência. A legislação é que define 
Princípio constitucional do juiz natural: garantia de que é a legislação que define sua existência. 
Cada Estado organiza sua justiça. O código de processo penal permite que a lei de organização 
judiciaria defina sua competência, pela natureza da infração. São as varas especializadas. A 
organização judiciária pode determinar quantas varas especializadas o município precisa, mas não 
pode alterar o lugar em que a infração será julgada. Se aconteceu em Contagem, não pode trazer para a 
Vara de BH. Se for Maria da Penha, a organização não pode determinar que será o Tribunal do Júri 
quem irá julgá-lo. 
 
A natureza da infração não pode descumprir a Constituição e o Código de Processo Penal. 
 
A rigor, aqui tem a ver com a questão administrativa. 
 
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, 
salvo a competência privativa do Tribunal do Júri, salvo toda competência fixada na Constituição e no 
CPP. 
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, 
parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados. Crimes dolosos 
contra a vida. Originariamente, o tribunal do júri é competente para julgar homicídio, infanticídio, 
aborto, suicídio. E suas formas tentadas. 
Latrocínio não é crime doloso conta a vida. Art. 157. CP. Crime contra o patrimônio. 
§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de 
outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal 
caso, terá sua competência prorrogada. [professor vai falar depois, quando tratar do tribunal do júri] 
§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz 
singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal 
do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2º). [professor vai falar depois, quando 
tratar do tribunal do júri] 
 
Da Competência Por Prevenção 
Art. 83. Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes 
igualmente competentes ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na 
prática de algum ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento da 
denúncia ou da queixa (arts. 70, § 3º, 71, 72, § 2º, e 78, II, c). mais uma vez mostra que a fixação da 
competência pela prevenção é quando algum juiz se antecipa a outro, mesmo antes do oferecimento da 
ação penal (durante o inquérito). 
 
Da Competência Por Distribuição 
Art. 75. A precedência da distribuição fixará a competência quando, na mesma circunscrição 
judiciária, houver mais de um juiz igualmente competente. 
Parágrafo único. A distribuição realizada para o efeito da concessão de fiança ou da decretação de 
prisão preventiva ou de qualquer diligência anterior à denúncia ou queixa prevenirá a da ação penal. A 
prevenção e distribuição acontecem mesmo antes do oferecimento da ação penal. A definição de 
competência não se dá com oferecimento de ação penal.O critério para definir a prevenção é o juiz se 
antecipar a outro na prática de alguma ação. E essa ação pode acontecer antes da denúncia, por 
exemplo: pedido de liberdade provisória ou outra medida cautelar.. 
 
A distribuição induz a prevenção. 
Ex.: BH tem 12 juízes/varas criminais. Significa que temos 12 juízes cuja jurisdição é penal, que podem 
julgar fatos acontecidos em BH. O que faz os processos tramitarem em varas diferentes? O que que faz 
o juiz A se tornar competente quando os outros também são? Normalmente, é pela prevenção. Mas 
para que isso ocorra, quando o inquérito chega, tem que ir para o A. O critério utilizado para não ir pra 
outras varas é o da distribuição. 
Por isso fala que a distribuição induz a prevenção. Quando eu distribuo mando para um juiz 
determinado (A) que realiza um ato e se torna prevento. 
Distribuição é um programa de computador, que sorteia. Esse sistema tem critérios de compensação, 
para que a distribuição seja igualitária. 
 
Distribuição do Processo no Direito Penal 
Quando termina o prazo do inquérito, ele tem que ser remetido à justiça. Na verdade, a distribuição 
que gera a prevenção, vai acontecer mesmo antes que se tenha uma ação penal proposta. 
Quando o delegado faz isso, como ele sabe qual é a vara certa? Ele passa no distribuidor para ver qual 
juiz vai despachar. Depois de definição, o juiz encaminha para o Ministério Público e dá andamento.... 
Em BH existe uma vara de inquéritos policiais. Nesse caso, enquanto for inquérito, a tramitação fica 
nessa vara específica até ser convertida em ação penal. 
29/02/16 
Sistema de Plantão 
Os critérios estudados na aula anterior (prevenção, distribuição) também acontecem no âmbito do 
tribunal. No TJMG, temos 7 câmaras criminais. Cada uma é composta de 5 desembargadores. Ao todo, 
35 desembargadores tem competência criminal. Nenhuma das câmaras é especializada, todas tem 
competência plena em matéria penal. Todos são igualmente competentes. Sempre que o processo 
chega ao tribunal é vinculado a um desembargador relator (quem conduz aquele processo). 
 
Ex.: O juiz proferiu uma decisão de 1ª instancia. Quando vai para o TJ/TRF, passa por um distribuidor 
também (haverá sorteio). O desembargador A está vinculado à 1ª câmara criminal. O A se tornou 
competente para o caso. Essa fixação de competência também pode ser fixada antes da ação penal 
chegar ao tribunal. Via de regra a ação chega ao tribunal através da apelação. 
 
Mas, quando há uma medida tomada antes de a apelação chegar lá (um habeas corpus), o juiz que 
decidir, tornar-se-á prevento. Diante desse cenário, a distribuição vai decidir a câmara que vai julgar. A 
medida será julgada por uma das turmas que compõe aquela câmara. 
 
Quando a apelação chegar ao TJ, não haverá distribuição, ela será encaminhada à 1ª câmara, com o 
desembargador A. ele está prevento com relação à esta matéria, pois tomou conhecimento antes, 
através do julgamento da medida cautelas. 
 
Existem determinadas situações em que se tem um juiz se antecipando ao outro na prática de ato 
processual, mas não se torna prevento. O exemplo clássico é quando a decisão é tomada pelo juiz de 
plantão. A escala de plantão é publicada no site do TJ. Pode acontecer de o advogado escolher impetrar 
alguma medida justamente no plantão daquele juiz que tem o entendimento mais favorável a seu 
cliente. Com o objetivo de burlar a distribuição. O desembargador de plantão só aprecia o pedido 
liminar, pois o mérito é julgado no colegiado. 
 
Ele não se torna prevento porque não houve distribuição. Essa não aconteceu porque ele é quem 
estava de plantão. Se essa situação fosse admitida como critério para fixação de competência, criar-se-
ia uma burla no principio do juiz natural. Na segunda-feira, o habeas corpus vai para a distribuição, 
que vai sortear entre os 35 desembargadores competentes. 
 
Da Competência Pela Prerrogativa De Função 
Para o nosso legislador existem determinadas funções publicas, cujo seu titular, precisa ter uma 
determinada garantia para que possa exercer sua atividade de forma independente. Pessoa que exerce 
o poder, necessariamente contraria interesses. A pessoa que exerce esse tipo de função, não pode ficar 
com medo de tomar determinada decisão. 
Ex.: o prefeito que contraria interesse do juiz. Não colabora com o judiciário. Em virtude disso, o 
prefeito não pode ser julgado por juiz de direito, porque ele não teria a independência/isenção 
suficiente para julgá-lo. 
Pela importância da função exercida, o que se visa proteger com a prerrogativa de função é a função 
não a pessoa. Por isso, essa competência foi criada. Determinadas funções públicas tem um foro 
originário, especial. 
 
O foro originário da pessoa comum: é o juiz penal da comarca de BH. 
De um deputado federal: é o STF. 
 
Essa prerrogativa de função: determinadas funções (considerando sua importância), confere aos 
titulares da função um foro especial/privilegiado: são os Tribunais. 
Ex.: STF julga presidente, os ministros, membros do congresso, chefe das forças armadas, procurador 
geral etc. todos os elencados no art. 102 da CR/88 
STJ julga governador, desembargadores, conselheiros do TCU. Todos os elencados no art. 105 da 
CR/88. 
TJ julga prefeito. Isso está previsto na CR/88. 
 
Essa situação está prevista na CR/88 e Constituições Estaduais. Não é o código que fixa instância 
competente, fala apenas que existe a prerrogativa de função (não a estabelece). 
 
Art. 84. A competência pela prerrogativa de função é do Supremo Tribunal Federal, do Superior 
Tribunal de Justiça, dos Tribunais Regionais Federais e Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito 
Federal, relativamente às pessoas que devam responder perante eles por crimes comuns e de 
responsabilidade. Aqui não menciona quem será julgado por cada um. Tem que consultar a CR/88. 
 
A competência é fixada em virtude do exercício da função. 
Ex.: Joao comitê um crime, será julgado pelo juiz de direito da comarca. Antes de ser julgado, o Joao é 
eleito deputado estadual, o processo vai para o TJMG. Joao é eleito deputado federal, processo vai para 
o STF. No meio do mandato ele é eleito prefeito e o processo volta para o TJ. 
A conclusão que podemos chegar, é que a competência é sempre definida em virtude da função. 
 
No final do governo do Fernando Henrique, o congresso votou uma mudança no CPP. A competência 
de função se retrai no tempo, mesmo que não esteja mais na função, desde que o crime tenha relação 
com a função. FHC tinha receio de sofrer enxurrada de ações. E como ele não teria mais prerrogativa 
de função, seria julgado por Juiz de Direito (TJ). Ele então decidiu votar uma lei em que se o fato fosse 
relacionado à função, teria a competência de prerrogativa de função, mesmo que já a tivesse deixado. 
Por isso, incluíram-se os parágrafos 1º e 2º do art. 84. Ocorre que por ADI, o STF os revogou. Com isso, 
só tem prerrogativa quem está no exercício da função. 
 
Recentemente, um caso de MG (deputado Eduardo Azeredo) estava pronto para ser julgado no STF, 
mas ele renunciou. O STF decidiu baixar o processo para ser julgado na 9ª vara criminal de BH. Em 
caso anterior, do deputado do nordeste, o STF não permitiu que o processo fosse para a 1ª instancia e 
o julgou. Essas situações demonstram insegurança jurídica, pois não há critério claro estabelecido pelo 
STF. 
 
Hoje, parece que a prerrogativa de função vai acabar. Mas, a grande dificuldade é a falta desse critério 
que não dê segurança jurídica para definir competência. O Supremo precisa se posicionar. 
 
03/03/2015 
Da Competência Por Conexão Ou Continência 
A rigor, a conexão e continência não são critérios de fixação de competência.Nem os arts. 76 e 77 
serão critérios que vão definir competência. Conexão e continência são critérios que alteram 
competência, significam prorrogação. 
 
A conexão e continência partem da premissa de que é necessário evitar decisões conflitantes no 
judiciário sobre uma determinada matéria. Na verdade, é minimizar decisões conflitantes. 
 
Quando tiver pluralidade de réus/acusados e/ou pluralidade de fatos delituosos. 
A própria ideia de conexão (ligação) pressupõe pluralidade. A ideia de continência também, algo que 
está contido em outro (remete à ideia de pluralidade). 
 
A conexão e continência não definem competência, porque o que elas fazem é o que está previsto no 
art. 79. Os efeitos das regras de conexão e continência: unidade de processo e unidade de julgamento. 
Não podemos confundir: nem todos que são julgados em uma ação penal vão receber uma mesma 
decisão judicial. Conexão e continência não geram responsabilidade penal objetiva. Ex.: 5 concorreram 
para a prática do crime. Como todos contribuíram, ao invés de abrir uma ação penal para cada um, 
abre apenas uma, que terá uma pluralidade de acusados. Na hora da sentença, os réus podem ter 
decisões diferentes. A responsabilidade continua sendo objetiva. Por questão de celeridade e 
economia, apenas uma ação será processada e julgada. 
 
Para o art. 79 acontecer (ou seja, reunir fatos ou pessoas ou fatos/pessoas) isso não é feito de forma 
aleatória. Essa conexão está estabelecida em lei. art. 76, art. 77 (continência) 
 
Arts. 76 e 77: descrevem situações que revelam a necessidade de se ter unidade de julgamento. 
 
Art. 76. A competência será determinada pela conexão: 
I - se, ocorrendo duas ou mais infrações (não significa crimes diferentes, podem se ações diferentes no 
mesmo crime), houverem sido praticadas, ao mesmo tempo (simultaneidade), por várias pessoas 
reunidas, ou por várias pessoas em concurso (por concurso), embora diverso o tempo e o lugar, ou por 
várias pessoas, umas contra as outras (reciprocidade); trata da chamada conexão intersubjetiva. 
Esse inciso tem 3 situações: 
(a) conexão intersubjetiva por simultaneidade; acontecem no mesmo tempo e lugar. Ex.: cada 
pessoa pratica crime de dano, não é um contra o outro. Mas, estão todos motivados (depois do 
Atlético perder) e estão depredando patrimônio (seja particular ou público). Cada um vai ser 
punido de acordo com sua conduta, mas haverá um único processo. 
(b) conexão intersubjetiva por reciprocidade; acontecem no mesmo tempo e lugar. Ex.: briga de 
gangue. Um batendo no outro e o outro batendo no um. São agressões recíprocas. Muito comum em 
jogo de futebol. 
(c) conexão intersubjetiva por concurso. Esse trecho sobre diversidade de tempo e lugar só é 
possível nessa hipótese. Ex.: caso clássico do concurso de pessoas. Pessoas que se reúnem para 
praticar um crime, com divisão de tarefas. Por isso, as condutas podem ser praticadas em tempos e 
lugares diferentes. Ex.: assalto ao banco. Um fica com a família do gerente, outro vai para abrir o 
cofre, outro pega o dinheiro, outro dirige. Essas condutas se prologaram no tempo, foram 
praticadas em lugares diferentes. 
As regras de conexão não definiram a competência. 
Pluralidade de pessoas. 
II - se, no mesmo caso, houverem sido umas infrações praticadas para facilitar ou ocultar as outras, ou 
para conseguir impunidade ou vantagem em relação a qualquer delas; Conexão teleológica ou conexão 
por finalidade. Aqui contempla uma pluralidade de crimes que estão vinculados em uma relação 
finalística. Ex.: homicídio e ocultação de cadáver. São crimes distintos, com competências distintas. A 
ocultação é praticada em virtude do homicídio que ocorreu. Goleiro Bruno. Não precisa ação penal 
para julgar os dois crimes. Vai ter um único processo com dois crimes. 
Pluralidade de crimes. 
III - quando a prova de uma infração ou de qualquer de suas circunstâncias elementares influir na 
prova de outra infração. Conexão probatória ou conexão instrumental. Quando a prova de um 
influencia na prova do outro. Ex.: roubo e receptação. Situação em que chega uma pessoa vendendo 
joias maravilhosas e as moças compram por causa do preço ínfimo. A polícia prende todo mundo. A 
receptação é consequência do crime de roubo. A polícia quer descobrir quem vendeu. A prova da 
receptação serve para o crime de roubo. A vinculação entre os crimes é a conexão probatória. 
Pluralidade de infrações. 
 
Essas hipóteses, diante de um caso concerto, não são estanques não. Às vezes, no mesmo caso, tem 
mais de uma hipótese que justifique conexão. O inciso III tem uma hipótese que permeia todas as 
situações. 
 
Art. 77. A competência será determinada pela continência quando: 
I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração; essa hipótese pode ser uma das 
hipóteses de conexão também. Duas pessoas acusadas. A hipótese de concurso incorpora isso. Mas, 
pode ser que não. Esse inciso é de concurso de pessoas, onde os dois são coautores. No art. 76, I, pode 
ter coparticipação. Ex.: aqui duas pessoas, pegam a faca e matam a mesma pessoa. Hipótese de 
litisconsórcio passivo. Aqui é um crime só. 
II - no caso de infração cometida nas condições previstas nos arts. 51, § 1º, 53, segunda parte, e 54 do 
Código Penal. Atenção: a redação aqui é original do CP (1941). Na verdade, os artigos do CP são: 
Art. 70. Concurso formal (quando uma ação gera mais de um resultado penalmente relevante. Ex.: 
sujeito desce av. nossa sra do carmo e não consegue parar o caminhão, causa acidente, morte, lesão 
corporal). 
Art. 73. Erro de execução 
Art. 74. Erro de pessoa 
 
Agora, vamos tratar de situações que vão prorrogar, alterar competência. Mas, não vão defini-la. 
A competência foi definida por outro critério. O art. 78 estabelece regras que justificam alteração, 
prorrogação de competência. 
Art. 78. Na determinação da competência por conexão ou continência, serão observadas as seguintes 
regras: 
I - no concurso entre a competência do júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a 
competência do júri; ex.: sujeito cometeu homicídio doloso, quem julga é o tribunal do júri. Para 
garantir a impunidade ou para ocultar o crime, o sujeito pratica outro. Tem relação de finalidade entre 
os crimes. Ele pratica também o crime de ocultação. Neste caso, é o juiz de direito que deve julgar. 
Se houver relação finalística entre os crimes, haverá apenas uma ação penal. A conexão muda a 
competência do crime de ocultação, pois terá que ser apenas um processo. O foro que prevalece, que é 
atrativo, é o do tribunal do júri. Tribunal do júri é o foro atrativo. 
Outro exemplo: se tiver júri + TJ (que vai julgar prefeito, que tem foro privilegiado). A jurisprudência 
decide desmembrar os casos, porque em ambos os casos, a definição da competência é definida na 
constituição e não pode haver prevalência de uma sobre a outra. Porque no Art. 78, I, fala que o júri 
prevalece sobre a jurisdição comum. E neste exemplo, a jurisdição de ambos é definida pela 
constituição. 
Se tiver conflito, o STJ julga. 
07/03/16 
Il - no concurso de jurisdições da mesma categoria: São situações em que não há foro prevalente. As 
hipóteses das alíneas só tem razão de ser quando há comarcas distintas. Se não houver distintas, a 
competência está definida como o do lugar da infração. 
Pluralidade de crimes que ensejam a conexão e continência. Se tem conexão/continência tem unidade 
de processo e de julgamento. Mas, como ter unidade quando há mais de uma comarca envolvida. 
a) preponderará a do lugar da infração, à qual for cominada a pena mais grave; ex.: conexão 
probatória: sujeito pratica roubo em BH e começa a vender o produto por preço insignificanteem 
Betim. Existe conexão probatória, portanto haverá um processo e um julgamento. Mas, sendo 
comarcas distintas, o legislador estabeleceu que a competência será definida pela gravidade da 
infração. O crime que tiver pena abstrata maior definirá o lugar da competência. Em nosso exemplo, a 
competência será fixada em BH, porque a pena do roubo é maior. 
b) prevalecerá a do lugar em que houver ocorrido o maior número de infrações, se as respectivas 
penas forem de igual gravidade; Sendo penas idênticas, define a competência do juízo aquele em que 
se praticar o maior número de infrações. No exemplo: aconteceu 1 furto (em BH) e 5 receptações (em 
Betim). Como a pena é igual, a competência será definida pelo numero de infrações. 
c) firmar-se-á a competência pela prevenção, nos outros casos; ex.: havendo identidade de penas e do 
número de infrações, a competência será definida pela prevenção. 
 
III - no concurso de jurisdições de diversas categorias/instâncias, predominará a de maior graduação; 
uma das grandes discussões que existem em matéria de competência gira em torno desse inciso. 
Ex.: O prefeito desvia verba em concurso com secretário dele. O juízo competente do prefeito é o TJ. 
Juízo natural do secretario de obras é o Juiz de Direito da comarca aonde o crime aconteceu. Nessa 
situação em que os dois são acusados pelo mesmo crime, aplica regra do art. 79, que é da continência, 
haverá unidade de processo e julgamento. Como são instâncias diferentes, o inciso III diz que a 
instancia superior prevalece, é a que tem maior graduação. 
 
IV - no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta (que é a justiça especial). 
Justiças militar, eleitoral e trabalhista são consideradas as especiais. 
Ex.: se o prefeito cometer um crime eleitoral quem julga é a justiça eleitoral (e não o TJ). Porque além 
de ter sede constitucional, é justiça especial. 
No caso do militar a mesma coisa, exceto se for crime doloso contra a vida. Nesse caso, ele será julgado 
pelo tribunal do júri. 
 
Não há nenhum dispositivo sobre conexão/continência que fixa competência. Eles mudam a 
competência. 
 
Art. 79. A conexão e a continência importarão unidade de processo e julgamento, salvo: essa é a 
grande característica desses institutos. Seguem as ressalvas: 
I - no concurso entre a jurisdição comum e a militar; inciso IV, art. 78. 
II - no concurso entre a jurisdição comum e a do juízo de menores. Ex.: sujeito que pratica um crime 
junto com ele concorreu um menor. Os dois são acusados da mesma conduta, mas o maior responde na 
justiça comum. O processo em relação ao menor será desmembrado e será julgado no juízo da criança 
e juventude. 
§ 1º Cessará, em qualquer caso, a unidade do processo, se, em relação a algum corréu, sobrevier o caso 
previsto no art. 152. (incidente insanidade mental) 
§ 2º A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa 
ser julgado à revelia, ou ocorrer a hipótese do art. 461. (hipótese do tribunal do júri) 
Se tiver ação penal tramitando e houver vários réus, e for instaurado um incidente de insanidade, esse 
processo será desmembrado, porque esse vai ter outra dinâmica, tem um procedimento típico de 
incidente de insanidade mental. A tramitação passa a ter tempo diferente. 
A competência continua a mesma, desmembrar é julgar em separado. 
No tribunal do júri pode acontecer o desmembramento também. Até a reforma de 2009, o réu não 
poderia ser julgado se não estivesse presente fisicamente. Se não fosse encontrado, não tinha júri. Isso 
gerou um passivo grande de processos. Por isso, em 2009, houve determinação de que poderia ter o 
júri sim, mesmo se o réu não estivesse presente. 
 
Existem outras hipóteses de desmembramento, mas o que nos interessa é o art. 80. 
 
Art. 80. Será facultativa a separação dos processos quando as infrações tiverem sido praticadas em 
circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes (ex.: do roubo/furto-BH e receptação-Betim), ou, 
quando pelo excessivo número de acusados e para não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro 
motivo relevante, o juiz reputar conveniente a separação. Possibilidade do juiz (se achar conveniente) 
desmembrar o processo, mesmo havendo hipótese de conexão/continência. 
Conexão/continência é sempre salutar porque permite maior celeridade e economia processual. Mas, 
nem sempre é assim. 
Ex.: um cartel de gasolina com 100 acusados. Todos os sócios foram denunciados. Esse processo não 
vai andar. Cada réu pode arrolar 8 testemunhas. Mais de 800 pessoas deverão ser ouvidas (além das 
testemunhas do Ministério Público). Vai ter que expedir carta precatória, milhões de intimação, 
aguardar o juiz ter pauta. Nesse caso, conexão/continência se tornou um instrumento que produziu o 
efeito contrário (ficou mais lento). Por isso, o juiz pode desmembrar (mesmo sendo hipótese de 
conexão/continência). 
 
ATOS DE COMUNICAÇÃO PROCESSUAL 
Citação – Intimação – Notificação 
 
CITAÇÃO 
Arts. 351 a 369, CPP 
É um ato de comunicação processual destinado ao acusado, que o cientifica dos termos da acusação, 
viabilizando o exercício do contraditório e ampla defesa, fixando prazo para a apresentação de defesa. 
Citação é um ato de primeira grandeza, ato fundamental. Só podemos falar de relação processual 
formada, se termos parteS. E só podemos falar de partes/polo passivo, se o réu for chamado a integrar 
a relação processual. E isso se dá através da citação. 
Isso é muito importante para o processo penal, quando ele não é citado pessoalmente, a lei parte para 
uma citação ficta e se ele também não é encontrado, não haverá revelia, o processo será suspenso. Isso 
revela a magnitude da citação, pois é um ato que viabiliza a ampla defesa e contraditório, é relação de 
existência do processo penal. 
 
10/03/16 
Pressupostos Intrínsecos e Pressupostos Extrínsecos da Citação e do Mandado 
Estamos falando do primeiro ato de chamamento do réu para integrar a relação processual. Esse ato é 
fundamental dada a implicação que traz para o processo, notadamente o exercício dos direitos de 
ampla defesa e contraditório. 
Exatamente por causa disso, o código exige que o primeiro comunicado seja por mandado. Ele é tão 
importante que o código reveste esse ato de algumas formalidades/requisitos (arts. 352 e 357). 
 
O ato é muito importante, solene. Tanto que o código estabeleceu algumas formalidades. Lembrando, 
no entanto, que o Código de Processo Penal apesar de ser forma, não é um fim em si mesmo. O 
princípio da instrumentalidade das formas pressupõe que o ato tem sua forma. Entretanto, se a forma 
não for observada, mas se não gerar maleficio algum, e desde que alcance sua finalidade, esse ato 
praticado é absolutamente válido. Isso é importante por causa dos requisitos intrínsecos do art. 352. 
 
Art. 351. A citação inicial far-se-á por mandado, quando o réu estiver no território sujeito à jurisdição 
do juiz que a houver ordenado. 
 
O art. 352 lista os pressupostos intrínsecos: requisitos do papel, do mandado. 
Art. 352. O mandado de citação indicará: 
I - o nome do juiz; quando o sujeito recebe a citação tem que conter o nome do juiz que preside aquele 
processo. O legislador (em 1941) colocou esse requisito por que o acusado pode opor as exceções 
processuais (suspeição e impedimento). O réu tem que saber o juiz que julga. Se o juiz não tiver 
isenção, o réu pode opor as exceções previstas no código. Por isso, é aceitável que o acusado saiba 
quem será o juiz. Na prática (hoje) não vê mais isso nos mandados. Porque a expedição do documento 
não é feita pelo juiz. Esses atos ordinatórios são feitos pelo diretor da secretaria ou escrivão, porque 
eles têm

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