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TEMA_01_CRIMES_PATRIMONIAIS

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CRIMES PATRIMONIAIS 
 
 
Os crimes patrimoniais estão previstos a partir do artigo 155 do Código Penal. Vejamos, inicialmente, o 
crime de furto, que está previsto no art. 155 do CP, e o crime de roubo, previsto no art. 157 do CP. 
 
1. A DIFERENÇA ENTRE OS CRIMES DE FURTO E ROUBO 
 
Para a análise destes crimes, segue um exemplo: Duas mulheres vão à casa de um homem, a convite 
deste. Chegando lá, o homem vai até o banheiro e, ao fechar a porta, as duas mulheres conseguem trancá-lo. Feito 
isso, elas subtraem vários pertences do homem que estão dentro da casa e vão embora. Perceba que este exemplo 
se trata de hipótese de roubo e não de furto, como muitos poderiam pensar. Veja sobre o que dispõe o art. 157 do 
CP: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Perceba também que este artigo não dispõe somente sobre subtração de coisa alheia móvel, para si ou 
para outrem, mediante grave ameaça ou a violência a pessoa. O art. 157 do CP dispõe também a seguinte parte 
Roubo 
 
Art. 157, CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para 
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, 
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à im-
possibilidade de resistência: 
 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
 
 
 
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“ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência”. Desta maneira, esta é a ter-
ceira forma de haver o roubo, que é o que ocorreu no exemplo anterior, quando foi dito que a duas mulheres tran-
caram o homem dentro do banheiro para fazer a subtração dos pertences. Havendo, portanto, a impossibilidade de 
resistência ao roubo. 
Desta maneira, a melhor maneira para encontrar o crime praticado no caso concreto, é avaliando o meio 
empregado, pois se o agente, para subtrair a coisa alheia móvel, agiu mediante violência ou grave ameaça, ou até 
mesmo impossibilitou a vítima de resistir, será um caso de crime de roubo. Não sendo esses meios empregados, 
será crime de furto. 
Veja sobre o que dispõe o art. 155 do CP: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ao falar sobre o crime de furto, deve-se atentar que ele pode ser simples, privilegiado e qualificado. 
Veja: 
 
Conforme se observa no esquema anterior, o §2º do art. 155 do CP prevê o furto privilegiado, que 
dispõe que: 
 
 
 
 
FURTO
Simples Caput
Privilegiado Parágrafo 2º
Qualificado
Parágrafo 4º e 
4o A
Parágrafo 5º
Parágrafo 6º E 
7o.
Furto 
 
Art. 155, CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa 
alheia móvel: 
 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 
 
 
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O §2º exige como requisitos a primariedade do criminoso e o pequeno valor da coisa furtada, cu-
mulativamente. Sem eles, não poderá ser configurado o crime de furto privilegiado. 
Já o §4º dispõe acerca das qualificadoras no furto. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Recentemente, foi incluído no art. 155 do CP a nova forma qualificadora, a qual está disposta no §4-A. 
Esta inclusão se deu pela Lei 13.654, que entrou em vigor no dia 24/04/2018. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: A lei 13.654/18 se trata de uma novatio legis in pejus, ou seja, nova lei maléfica. Desta 
maneira, como lei maléfica não retroage, esta lei só será aplicada para os crimes praticados a partir do dia 
24/04/2018. 
Também foi incluído por esta mesma lei o §7º. Veja: 
 
Furto 
 
Art. 155, CP: 
 
 § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa fur-
tada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, 
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. 
 
Furto qualificado 
 
 § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, 
se o crime é cometido: 
 
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub-
tração da coisa; 
 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca-
lada ou destreza; 
 III - com emprego de chave falsa; 
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
Art. 155, CP: 
 
§ 4º-A . A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) 
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de ar-
tefato análogo que cause perigo comum. (In-
cluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
 
 
 
 
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Assim, atualmente, o art. 155 do CP tem também como qualificadoras o §4º-A e o §7º, haja vista a 
alteração legislativa feita pela LEI 13.654/18. 
 
Furto privilegiado 
Conforme abordado na aula 7, o crime de furto é dividido nas modalidades furto simples, furto privile-
giado e furto qualificado. 
O furto privilegiado está disposto no §2º do art. 155 do CP. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
Perceba que o §2º do art. 155 do CP exige dois requisitos para que seja configurado o crime de furto 
privilegiado, quais sejam, a primariedade do criminoso e o pequeno valor da coisa furtada. Em relação a pri-
mariedade, significa que o criminoso não pode ter reincidência, porém não há problema ter maus antecedentes. 
Cabe salientar que furto privilegiado (§2º do art. 155 do CP) não se confunde com a aplicação do 
princípio da insignificância. O princípio da insignificância faz com que o crime desapareça do caso concreto, pois 
o fato passa a ser materialmente atípico. Atenta-se que, diferentemente do fato atípico, furto privilegiado é crime, 
porém com uma pena mais branda. 
O que seria o pequeno valor do furto privilegiado? 
Veja o entendimento do STJ sobre esta questão: 
 
STJ – HC 401574 
Na aplicação do furto privilegiado (art. 155, § 2º, do Código Penal), o salário mínimo 
vigente à época dos fatos vem sendo utilizado como parâmetro para se atribuir à 
Art. 155, CP: 
 
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos 
e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou 
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibili-
tem sua fabricação, montagem ou emprego. (In-
cluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
Art. 155, CP: 
 
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a 
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão 
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou apli-
car somente a pena de multa. 
 
 
 
 
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coisa furtada a qualidade de "pequeno valor". Porém, não se trata de um critério 
absoluto. 
Deve ser considerado juntamente com as demais circunstâncias do delito. In casu, 
o valor furtado, equivalente a um salário mínimo vigente à época dos fatos, era 
proveniente da aposentadoria da vítima e ainda representada toda a quantia exis-
tente na conta bancária, o que demonstra elevada reprovabilidade da conduta e, 
em consequência, a impossibilidade de reconhecimento do furto privilegiado. 
 
 
O salário mínimo pode até ser utilizado como parâmetro para a configuração do furto privilegiado. No 
entanto, a jurisprudência atual não vê isso como suficiente, pois se a situação demonstrar uma alta reprovabilidade, 
deverá ser afastada a hipótese de furto privilegiado. 
Um exemplo de aplicação do princípio da insignificância é quando o agente subtrai 10 reais da carteira 
da vítima, a qual continha o montante de R$ 1.010,00. Desta maneira, pelo princípio da insignificância, esse caso 
seria uma hipótese de fato atípico. 
 
ATENÇÃO: Desta forma, a primeira verificação é pelo cabimento do princípio da insignificância, com 
alegação de seus requisitos: 
a) Conduta minimamente ofensiva; 
b) Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; 
c) Ausência de risco social; 
d) Lesão inexpressiva para a vítima. 
 
Atente-se que para
que haja crime de furto, é fundamental a existência do animus rem sibi habendi, o 
que significa dizer que o age quer agir como se dono da coisa fosse. Desta maneira, o chamado furto de uso é 
também um fato atípico. É o caso do agente subtrai a coisa alheia somente com o intuito de utilizá-la e depois 
devolver ao dono da coisa, ou seja, sem ter a intenção de tomar a coisa pra si. No entanto, se o agente tem a 
intenção de se tornar dono da coisa (animus rem sibi habendi) e só depois, por uma ressaca moral, decide 
devolver o pertence à vítima, haverá crime e será aplicado o art. 16 do CP (arrependimento posterior). Lem-
brando que arrependimento posterior é causa de diminuição de pena, a qual é considerada na 3º fase da dosimetria 
da pena. 
 
 
 
 
 
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Em relação ao furto qualificado, veja como está disposto o §4º do CP: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após a leitura deste dispositivo, é importante atentar-se para alguns pontos de destaque. Veja: 
 
a) Abuso de confiança requer relação de confiança entre sujeito ativo e passivo e não deve ser algo 
presumido. Sendo assim, a questão precisa dizer expressamente que a vítima depositava confiança no autor do 
crime. Isso precisa estar claro na questão. Caso não esteja, não incide a qualificadora. 
b) Quanto à fraude, esta é empregada para que o agente consiga distrair a vítima e subtrair a coisa. 
Caso a fraude seja utilizada para que a vítima entregue a coisa, via de regra o crime será de estelionato (art. 171 
do CP). 
c) Escalada é qualquer meio de ingresso anormal, que exija um esforço fora do comum do agente. Logo, 
cavar um túnel pode ser escalada. 
Art. 155, CP: 
 
Furto qualificado 
 
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, 
se o crime é cometido: 
 
 I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtra-
ção da coisa; 
 II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca-
lada ou destreza; 
 III - com emprego de chave falsa; 
 IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. 
 
 
 
 
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e) Chave falsa é qualquer coisa utilizada para abrir, tenha ou não formato de chave. A cópia de chave 
verdadeira não configura a qualificadora de emprego de chave falsa, mas pode caracterizar, a depender dos 
dados da questão, abuso de confiança. 
 
 
2. A DIFERENÇA ENTRE FURTO E OUTROS CRIMES 
 
Compreendida a diferença entre furto e roubo, é fundamental estabelecer a diferença do crime de furto 
com outros crimes. 
Primeiramente, deve-se ter em mente que subtrair não se confunde com deixar de devolver coisa de 
quem tem posse. Exemplo: Júlio decide visitar seu amigo Carlos. Chegando lá, Júlio se depara com uma coleção 
de um livro raro, pelo qual é apaixonado. Júlio pede emprestado a Carlos um desses volumes, prometendo, inclu-
sive, entregá-lo na semana seguinte. Depois de emprestado, Júlio resolve não mais devolver o livro. Uma semana 
depois, Carlos pede a devolução do seu livro a Júlio, e este afirma que não irá mais devolvê-lo. Perceba que, neste 
exemplo, Júlio agiu de boa-fé quando pediu aquele volume emprestado, sendo assim uma posse lícita que acabou 
se convertendo em posse ilícita, quando Júlio, de má-fé, resolveu não mais entregar a Carlos. Este exemplo trata-
se de apropriação indébita, crime este previsto no art. 168 do CP. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: Na apropriação indébita, a posse anterior é lícita, de boa-fé, porém a consumação do crime 
se dá com a inversão para posso ilícita (má-fé). Se a posse anterior é de má fé, o crime praticado será de estelionato 
(art. 171 do CP), em que há o inadimplemento preconcebido. Por exemplo, quando Júlio pede emprestado o 
livro a Carlos já com a intenção de não devolvê-lo. 
Veja como o crime de estelionato está previsto no art. 171 do CP: 
Apropriação indébita 
 
Art. 168, CP: Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse 
ou a detenção: 
 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
Aumento de pena 
 
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu 
a coisa: 
 I - em depósito necessário; 
 II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventari-
ante, testamenteiro ou depositário judicial; 
 III - em razão de ofício, emprego ou profissão. 
 
 
 
 
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A partir deste dispositivo, verifica-se que o crime de estelionato prevê dois resultados, a obtenção de 
vantagem ilícita e o prejuízo alheio. Dentre os meios em que será praticado o estelionato, tem-se o meio fraudu-
lento, a atual doutrina considera como meio fraudulento o silêncio. 
O §1º do art. 171 tem uma disposição bem próxima da disposição do crime de furto privilegiado (§2º do 
art. 155 do CP), pois menciona a primariedade do criminoso e o pequeno valor do prejuízo causado à vítima. E art. 
171 no §2º estabelece aquilo que a doutrina chama de estelionato especial, dentre outras disposições. Veja: 
 
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar 
a pena conforme o disposto no art. 155, § 2º. 
 
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem: 
 
Disposição de coisa alheia como própria 
 I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou em garantia coisa alheia 
como própria; 
 
Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria 
 II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, 
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante 
pagamento em prestações, silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias; 
 
 
 
Defraudação de penhor 
 
 III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro 
modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado; 
 
Fraude na entrega de coisa 
 IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de coisa que deve entregar 
a alguém; 
 
Fraude para recebimento de indenização ou valor de seguro 
 V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo 
ou a saúde, ou agrava as consequências da lesão ou doença, com o intuito de 
haver indenização ou valor de seguro; 
 
Estelionato 
 
Art. 171, CP: Obter, para si ou para outrem, vantagem 
ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém 
em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio 
fraudulento: 
 
 Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
nhentos mil réis a dez contos de réis. 
 
 
 
 
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Fraude no pagamento por meio de cheque 
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou 
lhe frustra o pagamento. 
 
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é cometido em detrimento de 
entidade de direito público ou de instituto de economia popular, assistência social 
ou beneficência. 
 
Estelionato contra idoso 
 
§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso. (Incluído 
pela Lei nº 13.228, de 2015) 
 
Perceba que a Lei 13.228/15, a qual entrou em vigor no dia 29/12/2015, incluiu o §4º no art. 171 do CP, 
trazendo a disposição sobre o estelionato contra idoso. Em se tratando de aplicação de pena em dobro, verifica-
se que é uma causa de aumento de pena. Atente-se que o conceito de idoso está estabelecido na lei 10.741/03 
(Estatuto do Idoso), devendo a pessoa ser maior de 60 anos de idade. 
 
 
3. CRIME DE ROUBO 
 
A partir de agora, veremos de forma mais aprofundada o crime de roubo, o qual pode ser próprio, con-
forme o caput do art. 157 do CP, e impróprio, §1º do art. 157 do CP. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Desta maneira, a diferença
entre roubo próprio e roubo impróprio se dá da seguinte forma: 
 
Roubo 
 
Art. 157, CP: Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para 
outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, 
ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à im-
possibilidade de resistência: 
 
 Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. 
 
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de sub-
traída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave 
ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a 
detenção da coisa para si ou para terceiro. 
 
 
 
 
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No roubo próprio, portanto, é o caso do agente que primeiro emprega a violência, grave ameaça ou 
meio que impossibilite a resistência da vítima para depois alcançar a subtração. Já no roubo impróprio, o agente 
primeiro subtrai a coisa pretendida e depois usa violência ou grave ameaça. É uma hipótese muito parecida com 
o crime de furto, mas que se caracteriza como roubo (impróprio) em decorrência da conduta se finalizar com a 
violência ou grave ameaça. 
É um exemplo de roubo impróprio o caso da pessoa que entra na casa da vítima sem ser vista para 
subtrair uma joia, mas no momento de sua saída e já com a joia em mãos, a vítima aparece, fazendo com que o 
agente a ameace com uma faca, por exemplo, para que consiga sair daquele local com a joia (É como se fosse uma 
hipótese de furto que não deu certo). 
 
O §2º do art. 157 do CP prevê as majorantes de roubo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: A majorante do emprego de arma prevista no inciso I deste artigo foi revogada pela Lei 
13.654/18, passando a caracterizar nova hipótese de aumento de pena no parágrafo 2º A. No entanto, na nova 
 
Art. 157, CP: 
 
§ 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: (Redação dada pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
 
 I – (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018) 
 II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; 
 III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. 
 IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou 
para o exterior; 
 V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
 VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isolada-
mente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego.(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
 
 
 
 
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majorante, exigi-se que a arma seja de fogo. Com isso, nesse ponto, a alteração foi benéfica e deve retroagir para 
alcançar aqueles que tiveram a pena do roubo majorada pelo emprego de outra modalidade de arma. Vejamos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagine que o agente queira praticar um roubo em uma casa onde moram duas pessoas. Como a casa 
tinha uma porta que impedia o fácil acesso, o agente resolveu utilizar explosivos para arrombá-la. Empregou a 
violência contra os moradores e subtraiu as coisas que na casa estavam. Desta forma, a partir da vigência da Lei 
13.654/18, esta hipótese é de crime de roubo, devendo ser aplicada a majorante prevista no inciso II do §2º do art. 
157 do CP. 
Ainda sobre o §2º do art. 157 do CP, deve-se ter cuidado com o inciso V que estabelece como majorante 
“se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade”. Nesta hipótese, o agente mantém a vítima 
em seu poder com a finalidade garantir o roubo. Exemplo: o agente que, para roubar o carro, leva a vítima de 
maneira que o alarme não seja acionado, liberando-a 30 minutos depois do roubo. 
 
ATENÇÃO: A privação da liberdade da vítima pode impactar também em outros crimes. Como é o caso 
do agente que leva a vítima para um cativeiro no intuito de pedir resgate à família. Nesta hipótese, tem-se o crime 
de extorsão mediante sequestro (art. 159 do CP). O crime de extorsão mediante sequestro se consuma quando o 
agente priva a vítima de liberdade no intuito de obter vantagem para si, não sendo necessário a obtenção da van-
tagem de fato para a configuração do crime. 
Na extorsão quem vai praticar o crime precisa da vítima, pois o agente só obtém a vantagem alme-
jada, se a vítima praticar alguma conduta. Já no roubo, a conduta da vítima pode até existir, mas não é imprescin-
dível como na extorsão. 
Em relação ao inciso V do §2º do art. 157 do CP, deve-se compreender a sua diferença para o §3º do 
art. 158 do CP, conhecido como sequestro relâmpago. No sequestro relâmpago o agente também precisa da 
vítima para obter a vantagem. É o caso do agente que sequestra a vítima, ainda que momentaneamente, para que 
 
Art. 157, CP: 
 
§ 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços):(Incluído 
pela Lei nº 13.654, de 2018) 
 
 I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego 
de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
 II – se há destruição ou rompimento de obstáculo medi-
ante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que 
cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 
2018) 
 
 
 
 
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ela faça o saque do montante desejado por ele. Ou seja, aqui, a vítima foi constrangida e teve privação da sua 
liberdade momentaneamente para que o agente obtivesse a vantagem. 
A Lei 13.654/18 também incluiu no art. 157 do CP a majorante do o inciso VI que estabelece que pena 
será aumenta de 2/3: “se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, 
possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego”. 
Outras qualificadoras estão dispostas no art. 157, as quais não se confundem com majorantes. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se o roubo for seguido de morte, tem-se o chamado latrocínio. CUIDADO: Desde que a morte tenha 
relação com o crime patrimonial. O crime de latrocínio se consuma com a morte, ainda que o agente não tenha 
levado a coisa subtraída. O §3º, então, teve nova redação dada pela Lei 13.654/18, tendo aumentado em 3 anos a 
pena máxima do roubo seguido de lesão. 
 
4. CRIME DE RECEPTAÇÃO 
 
Outra espécie de crime patrimonial é o crime de receptação, o qual possui modalidades principais: a 
própria e imprópria; a qualificada e a culposa. Este crime está previsto no art. 180 do CP. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 157, CP: 
 
§ 3º. Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº 
13.654, de 2018) 
 
 I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) 
a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº 13.654, 
de 2018) 
 II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) 
anos, e multa.(Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018) 
 
Receptação 
 
Art. 180, CP - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou 
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser 
produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, 
a adquira, receba ou oculte: 
 
 Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
 
 
 
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A partir da leitura deste artigo, percebe-se que há disposição de diferentes verbos. A primeira parte do 
caput deste artigo estabelece a receptação própria: “adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito 
próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime”, enquanto a segunda parte, sobre receptação imprópria: 
“ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte”. 
 
Os parágrafos do artigo 180 também tipificam algumas outras modalidades de receptação: 
Receptação qualificada 
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, 
montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma
utilizar, em proveito próprio 
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser pro-
duto de crime: 
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. 
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do parágrafo anterior, qualquer 
forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercício em residên-
cia. 
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza ou pela desproporção entre o 
valor e o preço, ou pela condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida por meio 
criminoso: 
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou ambas as penas. 
§ 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor do 
crime de que proveio a coisa. 
§ 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário, pode o juiz, tendo em considera-
ção as circunstâncias, deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-se o disposto 
no § 2º do art. 155. 
§ 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Estado, do Distrito Federal, de 
Município ou de autarquia, fundação pública, empresa pública, sociedade de economia 
mista ou empresa concessionária de serviços públicos, aplica-se em dobro a pena prevista 
no caput deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017) 
Receptação de animal 
Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito ou ven-
der, com a finalidade de produção ou de comercialização, semovente domesticável de pro-
dução, ainda que abatido ou dividido em partes, que deve saber ser produto de 
crime: (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. 
 
Talvez o maior desafio no entendimento do crime de receptação esteja em diferenciar “ocultar (...) coisa 
que sabe ser produto de crime” do art. 349 do CP, que dispõe sobre o favorecimento real, quando o agente torna 
seguro o proveito do crime para alguém. Quando o agente presta um favor ao autor do crime, tem-se o favoreci-
mento real. No caso da receptação, o agente (autor do crime) deseja tomar proveito para ele ou para outra pessoa 
alheia (ao crime praticado). Logo, se a pessoa recebe uma ligação do autor do crime (após o crime ter sido praticado) 
 
 
 
 
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e decide ocultar um carro subtraído em sua garagem, porque quer ajudar o amigo que realizou a subtração. Neste 
caso, haverá favorecimento real. Já se a intenção é adquirir o veículo posteriormente, ou guardar o veículo porque 
um outro amigo quer adquirir, haverá receptação. 
 
ATENÇÃO: Se o agente recebe uma ligação de seu amigo e este diz que deseja praticar o crime de 
roubo de um carro, por exemplo, mas que não tem onde guardar veículo. Nesta hipótese, caso o agente diga que 
após o roubo, o carro pode ser guardado na garagem dele, haverá, nesta hipótese, concurso de pessoas. Desta 
maneira, ambos responderão pelo crime de roubo. Mas para haver concurso, é importante que essa divisão de 
tarefas tenha sido antes da realização do crime antecedente. 
 
5. IMUNIDADES NOS CRIMES PATRIMONIAIS 
 
Os crimes patrimoniais possuem algumas imunidades, as quais estão previstas em dois artigos: art. 181 
e o art.182 do CP. Deve também ser estudado o art. 183 do CP, haja vista que este dispõe sobre as exceções dos 
artigos anteriores. 
A primeira imunidade está disposta no art. 181 do CP. Diz que esta imunidade é absolutória. Trata-se 
de uma escusa absolutória. Já a segunda, a imunidade do art. 182 do CP, é relativa e tão somente transmuda a 
ação penal. Desta maneira, verifica-se que são imunidades de naturezas diferentes. 
Entende-se por escusa absolutória quando a punibilidade de um crime não chega a nascer no caso 
concreto. Exemplo: Quando o filho, sem violência ou grave ameaça, subtrai do pai uma grande quantia em dinheiro 
da sua carteira sem que ele sabe. Nesta hipótese, tem-se o crime de furto, porém não há punibilidade, em razão da 
escusa absolutória. Ou seja, o filho não será punido por ter praticado furto contra seu próprio pai. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: Nem sempre o uso da expressão “é isento de pena” significa o instituto da escusa absolu-
tória, pois há momentos que esta expressão é utilizada para associar à excludente de culpabilidade, por exemplo. 
 
No caso do art. 181, conforme já foi mencionado, tem-se a disposição de uma imunidade associada à 
escusa absolutória. De acordo com este artigo, é possível que, ao invés do filho biológico, o filho adotivo pratique 
 
Art. 181, CP: É isento de pena quem comete qualquer 
dos crimes previstos neste título, em prejuízo: 
 
 I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal; 
 II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco 
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural. 
 
 
 
 
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esta conduta do exemplo, a de furto contra seu pai adotivo sem o emprego de violência ou grave ameaça, e ainda 
assim não seja punido pelo crime. 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 182 do CP, ao mencionar a palavra representação, estabeleceu que a ação penal pública será a 
condicionada à representação. Salienta-se que, tradicionalmente, nos casos de crimes patrimoniais, as ações pe-
nais serão as públicas incondicionadas. Exemplo: Se João e Marcos são irmãos, e João praticar o crime de furto 
contra Marcos, caberá a este, seu irmão, decidir se irá representar na ação penal ou não, pois o Ministério Público 
precisa desta representação para prosseguir com a ação penal. Então, a representação será uma condição de 
procedibilidade da ação penal pública. Por isso que a imunidade do art. 182 do CP é relativa, pois há somente a 
transmudação da ação penal, ficando a cargo da vítima decidir sobre a representação. 
Outro artigo muito importante a ser estudado é o 183 do CP. Veja: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O art. 183 do CP dispõe sobre as exceções aos artigos anteriores. Assim sendo, nas hipóteses mencio-
nadas nestes incisos não poderão ser aplicadas nenhuma das imunidades. Então, se pai a ser furtado pelo filho for 
idoso (pessoa maior de 60 anos de idade), não poderá ser aplicada a imunidade ao crime praticado pelo filho, 
devendo este, portanto, responder pelo furto. 
 
ATENÇÃO: Não será admita a imunidade do art. 181 do CP, caso a subtração seja realizada mediante 
violência ou grave ameaça pelo filho ao pai, independentemente de sua idade. Desta maneira, o filho responde pelo 
crime de roubo. 
 
Art. 182, CP: Somente se procede mediante representa-
ção, se o crime previsto neste título é cometido em pre-
juízo: 
 
 I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado; 
 II - de irmão, legítimo ou ilegítimo; 
 III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita. 
Art. 183, CP: Não se aplica o disposto nos dois artigos 
anteriores: 
 
 I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, 
quando haja emprego de grave ameaça ou violência à 
pessoa; 
 II - ao estranho que participa do crime. 
 III – se o crime é praticado contra pessoa com idade 
igual ou superior a 60 (sessenta) anos. 
 
 
 
 
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Enunciados que envolvem os crimes patrimoniais 
 
 SÚMULAS STJ: 
 
Súmula 582, STJ 
Consuma-se o crime de roubo com a inversão da posse do bem mediante emprego de violência ou grave 
ameaça, ainda que por breve tempo e em seguida à perseguição imediata ao agente e recuperação da coisa rou-
bada, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. 
 
Súmula 567, STJ 
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por existência de segurança no interior
de estabelecimento comercial, por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto. 
 
Súmula 511, STJ 
É possível o reconhecimento do privilégio previsto no § 2º do art. 155 do CP nos casos de crime de furto 
qualificado, se estiverem presentes a primariedade do agente, o pequeno valor da coisa e a qualificadora for de 
ordem objetiva. 
 
Súmula 443, STJ 
O aumento na terceira fase de aplicação da pena no crime de roubo circunstanciado exige fundamenta-
ção concreta, não sendo suficiente para a sua exasperação a mera indicação do número de majorantes. 
 
Súmula 442, STJ 
É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo. 
 
Súmula 244, STJ 
Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante cheque sem 
provisão de fundos. 
 
Súmula 107, STJ 
Compete a justiça comum estadual processar e julgar crime de estelionato praticado mediante falsifica-
ção das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando não ocorrente lesão a autarquia federal. 
 
Súmula 96, STJ 
O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida. 
 
 
 
 
 
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Súmula 73, STJ 
A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime de estelionato, da 
competência da justiça estadual. 
 
Súmula 48, STJ 
Compete ao juízo do local da obtenção da vantagem ilícita processar e julgar crime de estelionato come-
tido mediante falsificação de cheque. 
 
Súmula 24, STJ 
Aplica-se ao crime de estelionato, em que figure como vítima entidade autárquica da previdência social, 
a qualificadora do § 3º, do art. 171 do código penal. 
 
Súmula 17, STJ 
Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, e por este absorvido. 
 
 SÚMULAS STF: 
Súmula 610, STF 
Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não realize o agente a subtração de 
bens da vítima. 
 
Súmula 603, STF 
A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri. 
 
Súmula 554, STF 
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da denúncia, não obsta 
ao prosseguimento da ação penal. 
 
Súmula 521, STF 
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a modalidade da emis-
são dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde se deu a recusa do pagamento pelo sacado. 
 
 
 
 
 
 
 
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