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Ana Lúcia da Rocha Silva Gestão de Pessoas Revisada por Marcileide Muniz Cavalcante (setembro/2012) APRESENTAÇÃO É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Gestão de Pessoas, par- te integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmico e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às) alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina. A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis- ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail. Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br, a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso, bem como acesso a redes de informação e documentação. Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple- mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal. A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar! Unisa Digital INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................... 5 1 O PAPEL DAS PESSOAS NA ORGANIZAÇÃO ...................................................................... 7 1.1 As Pessoas como Parceiras da Organização ..........................................................................................................8 1.2 As Pessoas como Recursos ou Parceiras da Organização ................................................................................9 1.3 A Importância da Administração na Gestão de Pessoas ...............................................................................10 1.4 Eficiência e Eficácia da Organização e Gestão de Pessoas ............................................................................11 1.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................12 1.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................12 2 INTEGRAÇÃO ORGANIZACIONAL NA GESTÃO DE PESSOAS .............................. 13 2.1 A Comunicação na Organização .............................................................................................................................15 2.2 A Motivação na Organização ...................................................................................................................................18 2.3 Gerenciamento das Mudanças e os Paradigmas ..............................................................................................22 2.4 A Gerência e Liderança na Organização ..............................................................................................................25 2.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................31 2.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................31 3 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE PESSOAS ....................................................................... 33 3.1 Gestão de Pessoas como Responsabilidade de Linha e Função de Staff ................................................34 3.2 Moderna Gestão de Pessoas ....................................................................................................................................36 3.3 Os Desafios da Moderna Gestão de Pessoas ......................................................................................................37 3.4 A Nova Orientação de GP em Plena Era da Informação ................................................................................39 3.5 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................42 3.6 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................42 4 AGREGAR PESSOAS - 1º PROCESSO DA GESTÃO DE PESSOAS ......................... 43 4.1 Agregar Pessoas x Mercado de Trabalho .............................................................................................................44 4.2 Conceito de Recrutamento de Pessoas ................................................................................................................47 4.3 Conceito de Seleção de Pessoal ..............................................................................................................................50 4.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................52 4.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................52 5 APLICAR PESSOAS - 2º PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS ............................. 53 5.1 Modelagem de Cargos ...............................................................................................................................................54 5.2 Avaliação do Desempenho Humano ....................................................................................................................56 5.3 Benefícios da Avaliação do Desempenho ...........................................................................................................57 5.4 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................58 5.5 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................58 6 RECOMPENSANDO PESSOAS - 3º PROCESSO DA GESTÃO DE PESSOAS .............. 59 6.1 Remuneração e Competências ...............................................................................................................................60 6.2 Programas de Incentivos e Benefícios ..................................................................................................................62 6.3 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................63 6.4 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................64 SUMÁRIO 7 DESENVOLVENDO PESSOAS - 4º PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS ................ 65 7.1 Processo de Treinamento e Desenvolvimento ..................................................................................................65 7.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................68 7.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................68 8 MANTENDO PESSOAS - 5º PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS .................... 69 8.1 Higiene, Seguridade e Qualidade de Vida ..........................................................................................................698.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................70 8.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................70 9 MONITORANDO PESSOAS - 6º PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS ........... 71 9.1 Banco de Dados e Sistemas de Informação de Gestão Pessoas ................................................................71 9.2 Resumo do Capítulo ....................................................................................................................................................72 9.3 Atividades Propostas ...................................................................................................................................................72 10 PROJETO DE INTERVENÇÃO NA GESTÃO DE PESSOAS ........................................ 73 10.1 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................78 10.2 Atividades Propostas ................................................................................................................................................78 11 GESTÃO DE PESSOAS NO CENÁRIO DE COMPETÊNCIAS .................................... 79 11.1 Resumo do Capítulo .................................................................................................................................................82 11.2 Atividades Propostas ................................................................................................................................................82 RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS ..................................... 83 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................. 87 Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 5 Caro(a) aluno(a), As organizações são verdadeiros seres vivos. Quando elas são bem-sucedidas, tendem a crescer ou, no mínimo, a sobreviver. O crescimento acarreta maior complexidade dos recursos necessários às suas operações, com o aumento de capital, incremento de tecnologia, atividades de apoio etc. Então, provoca o aumento do número de pessoas, bem como a necessidade de intensificar a aplicação de seus conheci- mentos, habilidades e destrezas, indispensáveis à manutenção e competitividade do negócio. Para assegurar que os recursos materiais, financeiros e tecnológicos sejam utilizados com eficiência e eficácia, as pessoas passam a significar o diferencial competitivo que mantém e promove o sucesso organizacional: elas passam a constituir a competência básica da organização, a sua principal vantagem competitiva em um mundo globalizado, instável, mutável e de forte concorrência. A Gestão de Pessoas é formada por pessoas e organizações. As pessoas passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro de organizações e estas dependem daquelas para poderem funcionar e alcançar sucesso. De um lado, o trabalho toma consideravelmente tempo das vidas e dos esforços das pessoas, que dele dependem para a subsistência e sucesso pessoal. Separar o trabalho da existência das pessoas é muito difícil, senão quase impossível, diante da importância e do impacto que o trabalho nelas provoca. Assim as pes- soas dependem das organizações nas quais trabalham para atingir seus objetivos pessoais e indivi- duais. Crescer na vida e ser bem-sucedido depende de crescer dentro das organizações. (CHIAVENA- TO, 2008, p. 4). As pessoas constituem o mais importante ativo das organizações. O contexto da gestão de pessoas é representado pela íntima interdependência das organizações e das pessoas. Tanto as organizações como as pessoas variam intensamente. O relacionamento entre ambos, antes considerado conflitivo, hoje é baseado na solução do tipo ganha-ganha. Cada uma das partes tem o seu objetivo. (CHIAVE- NATO, 2004, p. 29). É neste rumo que se apresentarão os caminhos e o mais diverso entendimento da Gestão de Pes- soas hoje no meio empresarial. Nesse sentido, esta apostila tem como objetivo identificar os processos de Gestão de Pessoas e suas características. Conhecer a Gestão de Pessoas para o negócio da empresa e correlacionar as técnicas de mudanças operacionais e estratégicas em Recursos Humanos. Entender e interpretar os dados e in- formações de Gestão de Pessoas que irão subsidiar a tomada de decisão e o desenvolvimento de novos modelos e tecnologias na gestão organizacional. INTRODUÇÃO Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 7 Em um meio empresarial cada vez mais com- petitivo, uma área está agitada mais do que nunca: a de Recursos Humanos (RH). A maioria das empre- sas está mudando seu RH. Uma onda de mudanças está ocorrendo na área. E qual a razão? Simples: a valorização do RH – ele está se tornando um par- ceiro nos negócios e engajado com as outras áreas da empresa. Em outros termos: está virando um RH estratégico. E o que isso significa? Um RH que não lida so- mente com assuntos de pessoas, mas que influen- cia os próprios negócios da empresa na busca de resultados. Esse novo papel do RH traz em seu mo- delo um novo papel das pessoas e, sobretudo, um novo papel da empresa. É o que veremos a seguir. Cada organização tem uma ideologia própria a respeito do papel das pessoas na atividade orga- nizacional. A denominação dada às pessoas pode refletir no papel que a organização confere a elas. No Quadro 1, é possível visualizar os objeti- vos organizacionais e os individuais das pessoas. Quadro 1 – Objetivos organizacionais x objetivos individuais. Fonte: Chiavenato (2008, p. 6). A Gestão de Pessoas (GP) é uma área mui- to sensível à mentalidade que predomi- na nas organizações. Ela é extremamente contingencial e situacional, pois depende de vários aspectos como, por exemplo, da cultura que existe em cada organização, da estrutura organizacional adotada, das características do contexto ambiental, do negócio da organização, da tecnologia utilizada, dos processos internos, do estilo de Gestão utilizado e de uma infinidade de outras variáveis importantes. (CHIAVENA- TO, 2008, p. 8). Objetivos Organizacionais Objetivos Individuais • Sobrevivência; • Crescimento sustentado; • Lucratividade; • Produtividade; • Qualidade nos Produtos/ Serviços; • Redução de Custos; • Participação no Mercado; • Novos Mercados; • Novos Clientes; • Competitividade; • Imagem no Mercado. • Melhores Salários; • Melhores Benefícios; • Estabilidade no Emprego; • Segurança no Trabalho; • Qualidade de Vida no Trabalho; • Satisfação no Trabalho; • Consideração e Respeito; • Oportunidades de Crescimento; • Liberdade para Trabalhar; • Liderança Liberal; • Orgulho da Organização. O PAPEL DAS PESSOAS NA ORGANIZAÇÃO1 Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 8 Quadro 2 – Os parceiros da organização. Nos tempos atuais, as organizações estão ampliando a sua visão e atuação estratégica. Todo o processo produtivo só se realiza com a participa- ção conjunta de diversos parceiros, cada qual con- tribuindo com algum recurso. Os clientes, parceiros e consumidores contribuem para a organização, adquirindo seus bens ou serviços colocados no mercado. “Cada um dos parceiros da organização con- tribui com algo na expectativa de obter um retorno pela sua contribuição.” (CHIAVENATO, 2008, p. 7). Veja, abaixo, a representação dos parceiros da organização. 1.1 As Pessoas como Parceiras da Organização AtençãoAtenção O parceiro mais íntimo da organização é o colaborador, pois é ele que está den- tro dela e que lhe dá vida e dinamismocom seus conhecimentos, capacidades e habilidades, proporcionando decisões e ações para resultados na organização. Essa visão das pessoas como parceiras da organização contribuiu muito para a visão estra- tégica de Gestão de Pessoas na atuação de resul- tados melhores e satisfatórios no investimento empresarial. Fonte: Chiavenato (2008, p. 7). Parceiros Contribuem com: Esperam retornos de: Acionistas e Investidores Capital de risco, investimentos. Lucros e dividendos, valor agregado. Colaboradores Trabalho, esforço, conhecimentos e competências. Salários, benefícios, retribuições e satisfações. Fornecedores Matérias-primas, serviços, insumos básicos, tecnologia. Lucros e novos negócios. Clientes e Consumidores Compras e aquisição dos bens e serviços. Qualidade, preço, satisfação, valor agregado. Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 9 As pessoas como recursos precisam ser admi- nistradas, o que envolve planejamento, organiza- ção, direção e controle de suas atividades, já que passam, nesse caso, a ser consideradas sujeitos passivos da ação organizacional, parte do patrimô- nio físico na contabilidade da organização. As pessoas como parceiras são fornecedoras de conhecimentos, habilidades, competências e, sobretudo, o mais importante, de inteligência, que proporciona decisões racionais e dá significado e rumo aos objetivos globais da organização. Quadro 3 – Pessoas como recursos e como parceiras. Então, o parceiro da organização é quem deve ser privilegiado, pois está dentro do enten- dimento das parcerias do negócio da empresa. É quem domina o grupo de interesses que atua in- terna e externamente na organização, utilizando gestão do conhecimento, ética na responsabilida- de, equipes, metas negociadas e compartilhadas, além de resultados com inteligência e talentos. 1.2 As Pessoas como Recursos ou Parceiras da Organização Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiras • Empregados isolados nos cargos. • Horário rigidamente estabelecido. • Preocupação com normas e regras. • Subordinação ao chefe. • Fidelidade à organização. • Dependência da chefia. • Alienação em relação à organização. • Ênfase na especialização. • Executoras de tarefas. • Ênfase nas destrezas manuais. • Mão de obra. • Colaboradores agrupados em equipes. • Metas negociadas e compartilhadas. • Preocupação com resultados. • Atendimento e satisfação do cliente. • Vinculação à missão e à visão. • Interdependência entre colegas e equipes. • Participação e comprometimento. • Ênfase na ética e na responsabilidade. • Ênfase no conhecimento. • Inteligência e talento. Fonte: Chiavenato (2008, p. 9). Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 10 O papel da Administração para a Gestão de Pessoas tem como definição o ato de trabalhar com e através de pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros. Segundo Chiavenato (1983, p. 6): A palavra Administração vem do latim ad (direção para, tendência para) e minister (subordinação ou obediência), e significa aquele que realiza uma função abaixo do comando de outrem, isto é, aquele que presta um serviço a outro. No entanto, a palavra Administração sofreu uma radi- cal transformação no seu significado ori- ginal. A tarefa atual da Administração é a de interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação organizacional [...], a fim de alcançar tais objetivos de maneira mais adequada à si- tuação. Ou seja, o ato de administrar nada mais é do que a maneira de guiar a organização para atingir seus objetivos, empregando de maneira adequada os recursos existentes, de acordo com as situações que se apresentam na rotina diária a ser adminis- trada. Ao longo do último século surgiram inúme- ras correntes sobre Administração, todas com dife- rentes abordagens sobre o tema. É a respeito des- sas abordagens que passaremos a discorrer, a fim de termos uma visão ampla e crítica do que seja Administração, de forma que fortaleça o histórico da Administração na visão da Gestão de Pessoas. Assim, a Administração demonstra o proces- so de tomar e colocar em prática as decisões sobre objetivos e utilização de recursos. Uma estratégia para a visão da Gestão de Pessoas, que é de funda- mental importância, são os níveis estratégicos da Administração que podem ser classificados como: a) Estratégico: corresponde à alta adminis- tração, pois determinam os objetivos de médio e longo prazo, bem como a dire- ção da organização como um todo; b) Tático: corresponde à média administra- ção, pois coordena e decide quais pro- dutos ou serviços serão produzidos. Cor- responde à supervisão, pois coordena a execução das tarefas de todo o pessoal operacional; c) Operacional: os trabalhadores de linha de frente que não têm posição gerencial. Estes se reportam aos que estão no nível tático e estratégico e são responsáveis pela execução das tarefas básicas. Ainda nas estratégias para a Gestão de Pes- soas, se entende um conceito que a integra e con- tribui para uma visão ampla da administração em- presarial, são as habilidades administrativas. Saiba maisSaiba mais Na Administração existem três conceitos importantes: • Objetivos: onde está e onde quer es- tar amanhã (curto prazo), daqui a al- gum tempo (médio prazo) e no futuro (longo prazo); • Decisões: capacidade de resolver, ato que determinará os rumos de um fato ou resultado final, opção por dada estratégia em detrimento às diversas outras disponíveis; • Recursos: ter condições para, meios que se podem dispor, bens materiais, posses, riquezas, aptidões naturais. 1.3 A Importância da Administração na Gestão de Pessoas Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 11 Figura 1 – Habilidades administrativas. a) Habilidades Conceituais: são as relacio- nadas à capacidade de ver a empresa de maneira total – visão holística. Consiste, ainda, na capacidade de compreender as complexidades da organização, de modo global e amplo, com todas as suas inter- -relações, e promover a integração e si- nergia dos participantes da organização. b) Habilidades Técnicas: são aquelas re- lacionadas ao desempenho das funções ou trabalhos especializados dentro da or- ganização. Consistem no conhecimento, métodos técnicos e equipamentos para a realização de tarefas específicas. Deve-se sempre estar preparado para multiplicar a forma de execução das tarefas através do conhecimento e domínio das técni- cas; c) Habilidades Humanas: são aquelas li- gas ao relacionamento interpessoal, com a flexibilidade, com a capacidade de re- solução de conflitos, com o tratamento com pessoas. Consiste na capacidade e discernimento para trabalhar com pes- soas, compreendendo suas atitudes e motivações, exercendo a liderança. Dessa forma, podemos concluir que nem to- dos os níveis administrativos devem ser de forma igualitária às habilidades técnicas e conceituais. Já a habilidade humana deve estar presente com igual teor de importância a todos os níveis admi- nistrativos (como vimos na Figura 1), o que apre- senta e demonstra uma forte demanda para a Ges- tão de Pessoas. Os profissionais da atualidade têm um desa- fio constante no dia a dia profissional. Além da ex- pectativa de que estejam sempre atualizados, que sejam flexíveis, que saibam tomar decisões em prol dos objetivos e que aloquem os recursos de forma inteligente, estes deverão sempre ser eficientes e eficazes. Maximiano (2006, p. 5) comenta sobre o tema de eficácia e ressalta que “não só uma, mas duas são as palavras a serem usadas para indicar que uma organização tem desempenho de acor- do com as expectativas dos usuáriose das pessoas que mobilizaram os recursos: eficiência e eficácia.” Nesse contexto, as respectivas definições são: 1.4 Eficiência e Eficácia da Organização e Gestão de Pessoas Alta Administração Conceituais Humanas Técnicas Média Administração Administração Operacional Fonte: Chiavenato (1983, p. 20). Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 12 EFICIÊNCIA: está relacionada com a ação, aquilo que é feito. É operar de modo que os recursos sejam mais adequadamente utilizados; EFICÁCIA: é o resultado em si. Significa fazer as coisas certas, do modo certo, no tempo certo. Quadro 4 – Elementos diferenciais entre eficiência e eficácia. EFICIÊNCIA EFICÁCIA Ênfase nos meios. Ênfase nos resultados. Realização de tarefas. Consecução dos objetivos. Resolução de problemas. Acerto na solução proposta. Treinamento de funcionários. Operações realizadas corretamente. 1.5 Resumo do Capítulo Dessa forma podemos afirmar que: “Não basta ser eficiente, é necessário ser eficaz”, este é um de- safio para a Gestão de Pessoas. Complementando esses dois “Es”, é preciso manter a efetividade, ou seja, ser constante nos resultados, objetivos e soluções corretas. Concluímos que as pessoas nas organizações são parceiras e devem atuar de forma que utilizem todos os recursos e as técnicas da Administração para obter os melhores resultados como profissionais. 1.6 Atividades Propostas 1. Em relação ao papel das pessoas na organização, cite dois objetivos organizacionais e dois individuais. 2. Na administração, para a visão da Gestão de Pessoas existem três níveis de classificação estra- tégica, quais são eles? 3. Quanto aos elementos eficiência e eficácia na organização, a ênfase nos resultados se entende por qual desses dois elementos? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 13 Prezado(a) aluno(a), O “chefe de pessoal” do início do século XIX ti- nha em comum, tanto na Itália quanto nos Estados Unidos e no Brasil, as mesmas características que o definiram por muitos anos: um sujeito inflexível, seguidor das leis e dono de uma frieza incalculável na hora de demitir alguém. Dessa forma, ser enviado ao departamento de pessoal foi, por muitos anos, sinônimo de estar sendo chamado para receber o bi- lhete azul. Por muitos anos os funcionários tiveram esse sentimento, e, talvez, em mui- tas empresas ainda hoje persista. No Brasil, com certeza. (MARRAS, 2000, p. 21). Com base nessa visão de Marras (2000), po- demos afirmar que as empresas de grande porte, ao longo do período, trabalharam no investimento de pesquisas e estudos acadêmicos, o que resul- tou em mudanças produtivas das organizações; e, ainda, estudos observados no campo da Psicologia Organizacional, Sociologia no Trabalho e Compor- tamento do Homem possibilitaram mudanças e uma melhor atuação profissional e empresarial. Segue apresentação das definições, no Qua- dro 5. Quadro 5 – As três etapas das organizações, no decorrer do século XX. Eras: Era da Industrialização Clássica Era da Industrialização Neoclássica Era da Informação Períodos 1900-1950 1950-1990 Após 1990 Estrutura Organizacional Predominante Burocrática, funcional, piramidal, centralizadora, rígida e inflexível. Ênfase nos órgãos. Mista, matricial, com ênfase na departamentalização por produtos ou serviços ou unidades estratégicas de negócios. Fluida, ágil e flexível, totalmente descentrali- zada. Ênfase nas redes de equipes multifuncionais. Cultura Organizacional Predominante Teoria X. Foco no passado, nas tradições e nos valores con- servadores. Ênfase na manu- tenção do statu quo. Valor à tradição e experiência. Transição. Foco no presente e no atual. Ênfase na adap- tação ao ambiente. Valor à renovação e revitalização. Teoria Y. Foco no futuro e no destino. Ênfase na mudança e na inovação. Valor ao conhecimento e criatividade. Ambiente Organizacional Estático, previsível, poucas e gradativas mudanças. Poucos desafios ambientais. Intensificação e aceleração das mudanças ambientais. Mutável, imprevisível, turbulento, com grandes e intensas mudanças. Modos de lidar com as pessoas Pessoas como fatores de produtos inertes e estáticos. Ênfase nas regras e controles rígidos para regular as pes- soas. Pessoas como recursos or- ganizacionais que devem ser administrados. Ênfase nos objetivos organizacio- nais para dirigir as pessoas. Pessoas como seres hu- manos proativos e inte- ligentes que devem ser impulsionados. Ênfase na liberdade e no compro- metimento para motivar as pessoas. Administração das Pessoas Relações Industriais. Administração de Recursos Humanos. Gestão de Pessoas. Fonte: Chiavenato (2008, p. 40). INTEGRAÇÃO ORGANIZACIONAL NA GESTÃO DE PESSOAS2 Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 14 Essas três etapas importantes servem como uma base histórica para o melhor entendimento entre as eras e períodos, quanto: à estrutura organizacional; à cultura organizacional predominante; ao ambiente organizacional; aos modos de lidar com as pessoas; à administração de pessoas. Dentro dessas definições das organizações, podemos caminhar para a visão global da Admi- nistração, seja no setor privado ou público, nas organizações sem fins lucrativos e também para a vida dos profissionais. Cabe uma compreensão es- tratégica das melhores ações e iniciativas em prol do direcionamento de recursos para o alcance dos objetivos a curto, médio e longo prazo. Uma administração de excelência pode transformar a história das empresas, tornando-as competitivas e lucrativas frente ao mundo globa- lizado. A Administração é o campo de atividades profissionais que afeta a todas as áreas e setores, bem como o dia a dia de todas as profissões e ati- vidades existentes, uma vez que todas elas devem ser administradas, em especial a Gestão de Pessoas que atua em todas as áreas da empresa. Segundo Drucker (1995, p. 673): A pergunta a ser feita não é ‘O que é alta administração?’, mas sim ‘Quais são as coi- sas específicas a serem feitas nessa empre- sa que são de crucial importância para o sucesso e sobrevivência da empresa e que podem ser feitas somente pela administra- ção de alto nível? Quais são as coisas espe- cíficas que podem ser feitas somente por gente que vê a empresa como um todo; que pode avaliar as necessidades atuais da empresa em relação às necessidades futuras; e que pode tomar decisões finais eficazes?’. Esses desafios incluem uma crescente com- petição global, acirrada pelo desenvolvimento de novas tecnologias, uma demanda por qualidade e valor agregado, bem como uma pressão diária da necessidade de mudança. Segundo Chiavenato (1983, p. 545): Assim, diferentes ambientes requerem diferentes relações organizacionais para uma eficácia ótima. Torna-se necessário um modelo apropriado para cada situação dada. Por outro lado, diferentes tecnolo- gias conduzem a diferentes desenhos or- ganizacionais. Variações no ambiente ou na tecnologia conduzem a variações na estrutura organizacional. Essa adaptação por parte dos administrado- res deve ocorrer através do conhecimento, da atua- lização constante, de uma grande e eficiente rede de relacionamento, do saber lidar com pessoas, da capacidade de aceitar as mudanças, ser flexíveis, proativos e centrados na qualidade de tudo o que fazem. AtençãoAtenção Os administradores e gestores de hoje devem estar preparados e aptos ao se confrontarem com os desafios que os pre- decessores da Administração jamais pode- riam supor que surgiriam e que teriam de enfrentar. Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 A comunicaçãona empresa é um instrumen- to de gestão que tem como base a reciprocidade, devendo, por isso, refletir a via dupla da informa- ção, em dois sentidos: vertical e horizontal, que exprimem a vontade consciente de todos. A co- municação é o processo pelo qual uma pessoa ou grupo transmite suas ideias e sentimentos a outro indivíduo ou grupo e recebe em troca ideias e sen- timentos. A comunicação é um processo segundo o qual um emissor transmite uma informação a um receptor. É uma relação inter-humana segundo a qual dois ou mais interlocutores conseguem se en- tender. Assim sendo, a comunicação supõe o diálo- go, que por sua vez implica a cada um dos interlo- cutores a aceitação do outro como pessoa autô- noma. A comunicação ocorre através de elemen- tos imprescindíveis: emissor e receptor, ambos podem facilitar ou dificultar a nossa comunicação em todas as instâncias da vida e com todos os gru- pos com os quais convivemos, tanto pessoalmente quanto profissionalmente: Emissor: é quem emite a comunicação (a mensagem) servindo-se, para isso, de um código qualquer; Receptor: é quem recebe a comunicação (a mensagem), ou seja, quem decodifica. 2.1 A Comunicação na Organização Figura 2 – Processo de comunicação. Fonte: Chiavenato (2004). Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 No processo de comunicação, quando não é eficaz, em muitas situações pode ocorrer o ruí- do, que se entende como fatores que complicam ou atrapalham a recepção da mensagem emitida pelo emissor, dificultando ou impossibilitando a comunicação. Falhas provocadas pelo emissor: Não explicita os objetivos; Não estimula a atenção para o fim; Não utiliza um meio de comunicação (CANAL) adequado; Utiliza uma linguagem e vocabulário ina- cessíveis ao receptor. Falhas provocadas pelo receptor: “Triagem” das mensagens recebidas: só recebe o que lhe convém; Não solicita esclarecimentos sobre o as- sunto em pauta: percepção seletiva; Distorções e alterações deliberadas in- fluenciando (ruídos); Formação de julgamentos e preconcei- tos sobre o EMISSOR. O processo de comunicação é sistêmico, pois cada etapa constitui um subsistema ou parte integrante do conjunto. A in- fluência em qualquer subsistema afeta o funcionamento do sistema todo. Na prá- tica, a comunicação deve ser considerada como um processo bidirecional para que seja eficaz. (CHIAVENATO, 2004, p. 129). “Os problemas de comunicação são impor- tantes a um desempenho eficaz do grupo. Eles re- fletem nossa própria falibilidade e o grau de nossas carências sempre que atuamos com outras pes- soas.” (MINICUCCI, 1992, p. 166). “O gerenciamento de equipes, o desenvolvi- mento, a motivação, o planejamento de trabalho, empowerment e liderança são tarefas organiza- cionais que exigem atividades de comunicação.” (CHIAVENATO, 2004, p. 53). Saiba maisSaiba mais Como tornar um processo de comunica- ção mais eficaz: • Não estabelecer julgamentos e avalia- ções prévios: Não tirar conclusões pre- cipitadas. • Desenvolver a capacidade de escuta. • É importante não somente ser compre- endido, mas também procurar compre- ender. • “Escutar é ouvir com atenção”. • Solicitar maior número de esclareci- mentos possíveis: Fazer perguntas com o objetivo de verificar se os outros tam- bém nos entendem. • Elaborar mensagens de forma objetiva, clara e compreensiva, pensando na pes- soa que irá recebê-la e evitando inter- rupções no discurso, tendem a chegar ao seu receptor de maneira mais fide- digna. (MINICUCCI, 1992). Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 17 Fonte: Chiavenato (2004). Falar e Escrever: Semelhanças e Diferenças A diferença básica decorre da existência de muitos recursos auxiliares utilizados para falar e que não podemos usar para escrever: observe uma pessoa que esteja falando. Ela não utiliza só pala- vras, mas também as mãos, a expressão do rosto a entonação da voz. Dessa forma, a comunicação fa- lada pode ser mais fluente, mais viva e, em muitos casos, muito mais clara. A comunicação verbal é mais do que sim- plesmente palavras faladas. Para termos uma comunicação perfeita, te- mos que ter em mente indicadores, conforme a re- presentação a seguir. • Entrevistas. • Condução de reuniões. • Conversas formais e informais. • Redação de cartas e memorandos. • Elaboração de relatórios escritos. • Contatos com subordinados. • Contatos com clientes. • Contato com fornecedores. • Internet, e-mails, chats. • Desenvolvimentos e Workshops. ATIvIDADES RElACIONADAS COm A COmUNICAçãO Dentro do conceito da comunicação verbal, temos: COMUNICAÇÃO VERBAL Oral: Falar Escrita: Escrever Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 18 Figura 3 – Fatores envolvido na comunicação oral. Comunicação Não verbal A comunicação não se dá apenas por pa- lavras. Os movimentos faciais, corporais, gestos, olhares, apresentação e símbolos também “falam”. Os elementos não verbais são de grande im- portância na transmissão da mensagem. A comuni- cação não verbal (todas as suas formas de apresen- tação) assume cada vez mais um papel importante e de sucesso na vida das pessoas e das empresas. 2.2 A motivação na Organização Caro(a) aluno(a), Os conceitos de motivação foram consagra- dos por grandes gurus e renomados autores, como Hersey e Blanchard (1986), que apresentam sua percepção a respeito das situações motivadoras cotidianas reforçando que os objetivos das pessoas se voltam para sua consecução. Apresentam, ain- da, uma comparação entre as teorias de Maslow e de Herzberg que veremos a seguir: […] Maslow é útil para a identificação das necessidades ou motivos, e Herzberg for- nece idéias sobre as metas e incentivos que satisfazem a essas necessidades. Assim, numa situação motivadora, se soubermos quais são as necessidades de alta intensi- dade (Maslow) dos indivíduos que dese- jamos influenciar, deveremos ser capazes de determinar os objetivos (Herzberg) que devem ser colocados no ambiente para motivar tais indivíduos. Ao mesmo tempo, quando sabemos que objetivos essas pes- soas querem satisfazer, também sabemos quais são as suas necessidades de alta in- tensidade. Isso é possível porque se verifi- cou que o dinheiro e os benefícios tendem a satisfazer às necessidades nos níveis: fi- siológico e de segurança; as relações inter- pessoais e a supervisão são exemplos de fatores de higiene que tendem a atender às necessidades sociais; maior responsa- bilidade, trabalho desafiante, crescimen- COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL Gestos Olhares Símbolos Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 19 to e desenvolvimento são motivadores que tendem a satisfazer às necessidades de estima e auto-realização […]. (HERSEY; BLANCHARD, 1986, p. 33, grifos nossos). A motivação para Abraham maslow: existe uma hierarquia natural entre a natureza das neces- sidades, nenhuma delas é absoluta: quando uma delas é preenchida, a preocupação com a sua satis- fação desaparece. Maslow inventou o conceito de pirâmide das necessidades, segundo o qual, uma vez satisfeitas as necessidades fisiológicas básicas, da alimentação ao desejo de um ambiente seguro e estruturado, as necessidades mais elevadas de autoestima e realização pessoal podem ser preen- chidas (MASLOW, 1970). Segundo Maslow (1970), as pessoas procu- ram satisfazer suas necessidades, e tão logo uma é satisfeita, outra toma seu lugar, assim como que su- bindo numa escada, ou seja, as pessoas têm o dom de criar novas necessidades na medida em que as anteriores são atendidas. Essa hierarquia de necessidades pode servi- sualizada como uma pirâmide. Figura 4 – Representação da hierarquia das necessidades. Fonte: Marras (2000, p. 34). Necessidades fisiológicas: constituem o nível mais baixo de todas as necessidades humanas, mas de vital importância. Neste nível estão as necessidades de alimentação (fome sede), de sono e repouso (cansaço), de abrigo (frio ou calor), o desejo sexual e etc. Necessidades de segurança: constituem o segundo nível das necessidades huma- nas. São as necessidades de segurança ou de estabilidade, a busca de proteção con- tra a ameaça ou privação, a fuga ao perigo. Surgem no comportamento quando as ne- cessidades fisiológicas estão relativamente satisfeitas. Necessidades sociais: surgem no com- portamento, quando as necessidades mais baixas (fisiológica e segurança) encontram- -se relativamente satisfeitas. Dentre as ne- cessidades sociais estão à necessidade de associação de participação e de aceitação por parte dos companheiros, por troca de amizades, de afeto e amor. Necessidade de estima: são as necessi- dades relacionadas com a maneira pela qual o indivíduo se vê e se avalia. Envol- vem a auto-apreciação, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de res- peito, de status, prestígio e consideração. Incluem ainda o desejo de força e de ade- quação, de confiança perante o mundo, e dependência e autonomia. Necessidade de autorrealização: são as necessidades humanas mais elevadas e que estão no topo da hierarquia. Estão relacionadas com a realização do próprio potencial e do auto-desenvolvimento con- tínuo. Esta tendência se expressa através do impulso de a pessoa tem para tornar-se sempre mais do que é e de vir a ser tudo o que pode ser. (MARRAS, 2000, p. 34). Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 20 Nesse contexto, nem todas as pessoas se rea- lizam conforme o topo da pirâmide de necessida- des. Algumas se preocupam em se autorrealizar; outras nas necessidades de estima; algumas ainda nas sociais, quando uma grande maioria se preo- cupa com as necessidades de segurança e fisioló- gicas, ainda assim, nem sempre conseguem uma satisfação adequada. A motivação para Frederick Herzberg: as pessoas têm necessidades de ter e de ser. As neces- sidades de ter, quando presentes, não motivam as pessoas, em compensação se estiverem ausentes, as deixam desmotivadas. Já as necessidades de ser são as que quando presentes realmente motivam as pessoas e quando ausentes, simplesmente não as motivam. As necessidades de ter são como uma obrigação organizacional, sobre as quais os geren- tes pouco podem atuar. Frederick Herzberg (psicólogo e consultor americano, professor de Administração da Univer- sidade de Utah) formulou a teoria dos dois fatores para explicar o comportamento das pessoas em si- tuação de trabalho. Para ele, existem dois fatores que orientam o comportamento das pessoas: Fatores higiênicos ou fatores extrínse- cos Localizam-se no ambiente que rodeia as pessoas e abrangem as condições dentro das quais elas desempenham seu tra- balho. Como essas condições são admi- nistrativas e decididas pela empresa, os fatores higiênicos estão fora do controle das pessoas. Os principais fatores higiênicos são: salá- rio, benefícios sociais, tipo de chefia ou supervisão que as pessoas recebem de seus superiores, condições físicas e am- bientais de trabalho, políticas e diretrizes da empresa, clima de relacionamento en- tre a empresa e os funcionários, regula- mentos internos, dentre outros. Tradicionalmente apenas os fatores hi- giênicos eram utilizados na motivação dos empregados: o trabalho era conside- rado uma atividade desagradável e, para fazer com que as pessoas trabalhassem mais, tornava-se necessário o apelo para prêmios e incentivos salariais, supervi- são, políticas empresariais abertas e es- timuladoras, isto é, incentivos situados externamente ao indivíduo em troca do seu trabalho. As pesquisas de Herzberg revelaram que quando os fatores higiênicos são ótimos, eles apenas evitam a insatisfação dos empregados, mas não conseguem man- ter a motivação por muito tempo. Quando os fatores higiênicos são pre- cários, eles provocam a insatisfação dos empregados. Por causa dessa influência, mais voltada para a insatisfação, Herz- berg chama-os de fatores higiênicos, pois são essencialmente profiláticos: eles apenas evitam a insatisfação, mas não provocam a satisfação. Fatores motivacionais ou fatores in- trínsecos Estão relacionados com o conteúdo do cargo e com a natureza das tarefas que a pessoa executa. Os fatores motivacionais estão sob o controle do indivíduo, pois estão rela- cionados com aquilo que ele faz e de- sempenha. Envolvem sentimentos de crescimento individual, reconhecimento profissional e autorrealização, e depen- dem das tarefas que o indivíduo realiza no seu trabalho. Com isto, perdiam o significado psico- lógico para o indivíduo que os executa e criavam um efeito de “desmotivação”, provocando apatia, desinteresse e falta de sentido psicológico. O efeito dos fato- res motivacionais sobre as pessoas é pro- fundo e estável. Quando os fatores motivacionais são óti- mos, eles provocam a satisfação nas pes- soas. Porém, quando são precários, eles evitam a satisfação. Por estarem relacio- nados com a satisfação dos indivíduos, Herzberg também os chama de fatores satisfacientes: Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 21 Delegação de responsabilidade; Liberdade de decidir como executar o trabalho; Promoção; Uso pleno das habilidades pessoais; Estabelecimento de objetivos e avaliação relacionada com eles; Simplificação do cargo (pelo próprio ocupante); Ampliação ou enriquecimento do cargo (horizontal ou verticalmente). Em essência, a teoria dos fatores afirma que: Satisfação no cargo é função do conteú- do ou atividades desafiadoras e estimu- lantes do cargo: são os chamados fatores motivadores. Insatisfação no cargo é função do am- biente, da supervisão, dos colegas e do contexto geral do cargo: são os chama- dos fatores higiênicos. Até certo ponto, as conclusões de Herzberg coincidem com a Teoria de Maslow de que os ní- veis mais baixos de necessidades humanas têm relativamente pequeno efeito motivacional quan- do o padrão de vida é elevado. As abordagens de Maslow e de Herzberg apresentam alguns pontos de concordância que permitem uma configuração mais ampla e rica a respeito da motivação do com- portamento humano. Não obstante, apresentam também importantes diferenças. AtençãoAtenção Herzberg chegou à conclusão de que os fatores responsáveis pela satisfação profis- sional são totalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional: “o oposto de satisfação profis- sional não seria a insatisfação, mas sim ne- nhuma satisfação profissional; e, da mesma maneira, o oposto de insatisfação profissio- nal seria nenhuma insatisfação profissional e não a satisfação.” (HERZBERG, 1973, p. 54). Quadro 6 – As diferenças entre as teorias de Herzberg e Maslow. maslow Herzberg Autorrealização O trabalho em si. Responsabilidade. Progresso. Crescimento. Autoestima Realização. Reconhecimento. Status. Segurança Políticas administrativas e empresa- riais. Segurança no cargo. Fisiológicas Condições físicas do trabalho. Salário. Vida pessoal. Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 22 Para proporcionar continuamente motivação no trabalho, Herzberg propõe o “enriquecimento de tarefas” ou “enriquecimento do cargo”: consiste em substituir as tarefas simples e elementaresdo cargo por tarefas mais complexas para acompa- nhar o crescimento individual de cada empregado, oferecendo-lhe condições de desafio e de satisfa- ção profissional no cargo. O enriquecimento de tarefas depende do de- senvolvimento de cada indivíduo e deve adequar- -se às suas características individuais em mudan- ças. O enriquecimento de tarefas provoca efeitos desejáveis, como aumento da motivação, aumento da produtividade, redução do absenteísmo (faltas e atrasos ao serviço) e redução da rotatividade do pessoal (demissões de empregados). Contudo, pode gerar efeitos indesejáveis, como o aumento de ansiedade em face de tarefas novas e diferentes quando não são bem-sucedidas nas primeiras experiências, aumento do conflito entre as expectativas pessoais e os resultados do trabalho nas novas tarefas enriquecidas, sentimen- tos de exploração quando a empresa não acompa- nha o enriquecimento de tarefas com o enrique- cimento da remuneração, redução das relações interpessoais devido à maior concentração nas ta- refas enriquecidas. Quando tomamos a direção de nossos sonhos, encontramos o sucesso nos momentos mais inesperados. Henry David Thoreau Na passagem para o século XXI, mudanças de grande intensidade, em todos os tipos de ambien- tes (competitivo, tecnológico, econômico e social), provocaram o surgimento de novos conceitos e novas técnicas para administrar as organizações. Faremos uma comparação entre as tradições e as inovações impostas por essas mudanças de para- digmas. Paradigmas são modelos ou padrões que servem como marcos de referência, para explicar e ajudar as pessoas a lidar com situações. Os pa- radigmas mudam constantemente. As mudanças variam em termos de velocidade, permanência e magnitude. A Revolução Industrial, por exemplo, repre- sentou uma mudança de grande magnitude, em tempo relativamente curto, que moldou inúmeras características da sociedade atual. Formas de produção e consumo, urbaniza- ção, divisão das pessoas em classes, profissões e muitos outros aspectos da sociedade fazem parte do paradigma criado pela Revolução Industrial. A Revolução Industrial pode ser resumida em poucas tendências de grande magnitude, cujo vetor principal foi a invenção das máquinas que complementaram e substituíram o trabalho huma- no. No início do século XXI, a Revolução Industrial continua evoluindo, fazendo a sociedade humana ingressar na marcha para a Revolução Digital, que começou em meados do século XX e representou a complementação e substituição de certas ativida- des intelectuais por computadores. A passagem para a era pós-industrial e a Re- volução Digital provocaram a mudança de muitas concepções tradicionais. 2.3 Gerenciamento das mudanças e os Paradigmas Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 23 Resumo do contraste entre as duas situações: CARACTERÍSTICAS TRADICIONAIS CARACTERÍSTICAS NO SÉCUlO XXI Revolução Industrial: substituição e potencializa- ção do trabalho humano por meio de máquinas. Revolução Digital: substituição e potencialização das funções humanas de decisão, comunicação e pro- cessamento de informações por computadores. Classe operária numerosa, em conflito com uma classe de patrões e gerentes. Trabalhadores em serviços, profissionais liberais e trabalhadores do conhecimento mais numerosos que os operários clássicos. Trabalhador especializado, operador de máqui- nas qualificado apenas para a realização de uma pequena parte da tarefa total. Grupo de trabalhadores autogeridos e polivalentes. Em certos casos, o trabalho na linha de produção requer educação universitária. Empregos e carreiras estáveis. Desemprego, empregabilidade, terceirização, econo-mia informal, administração empreendedora. Novos Paradigmas na Gestão de Pessoas Não faz muito tempo, os funcionários eram pagos para obedecer e os chefes para ter ideias. No mundo globalizado e competitivo o siste- ma de trabalho mudou. Hoje as fábricas operam em células de produção e os escritórios estão divididos por processos. Nesse esquema, não cabe mais um chefe. Cada funcionário é dono de seu pedaço e precisa cuidar dele da melhor forma possível. Ao lado deles está o líder, a pessoa que pode até ganhar mais por causa do cargo, mas que está ali para facilitar a vida de todos, inclusive da orga- nização. Os líderes precisam demonstrar confiança em seu pessoal, afinal o que importa é que a em- presa apresente produtos ou serviços com qualida- de e no tempo certo. Dessa forma, ao buscar um líder, a empresa não pode olhar apenas as qualida- des profissionais desse candidato; é necessário sa- ber se esse líder conhece seus limites e sabe traba- lhar com pessoas, administrando-os em forma de grupo e não individualmente. O problema é que a maioria das empresas não tem líderes. Elas têm meros chefes. O Downsizing, diminuição de tamanho, tor- nou-se uma das palavras de ordem no mundo das organizações já em meados dos anos 1980. Em busca de maior eficiência na utilização de seus re- cursos e redução de custos, as organizações acha- taram a hierarquia, simplificaram seus processos de trabalho, promoveram o aumento da produtivi- dade e diminuíram seus quadros de chefes. Além disso, surgiram novas ideias a respeito do papel dos gerentes, que podem ser resumidas na crítica de Peter Drucker (1995, p. 14): “Você pre- cisa aprender a gerenciar em situações nas quais não tem autoridade de comando, nas quais você não é nem controlado nem está controlando. Esta é a mudança fundamental.” AtençãoAtenção Uma mudança importante ocorreu no pa- pel dos chefes. No paradigma tradicional, não há administração sem chefes. Dessa forma, as organizações que cresceram du- rante o século XX tornaram-se cheias de chefes especializados, organizados em hie- rarquias complexas. Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 24 Todos os processos visam a proporcionar um ambiente físico, psicológico e social de trabalho agradável e seguro, bem como assegurar as rela- ções sindicais amigáveis e cooperativas, pois são importantes elementos na definição da permanên- cia das pessoas na organização e, mais do que isso, na sua motivação para o trabalho e para o alcance dos objetivos organizacionais. A mudança na estrutura organizacional e no papel dos gerentes é um dos novos paradigmas mais importantes da Gestão de Pessoas. Embora os gerentes continuem desempenhando os papéis de autoridade e responsabilidade pelas decisões, o processo administrativo pode e deve ser distribuí- do em toda a estrutura. Assim, os colaboradores operacionais assu- mem responsabilidades gerenciais (em equipes autogeridas, por exemplo). De acordo com o novo paradigma, todos administram e os chefes são coordenadores ou líderes do processo. Contraste entre o modelo tradicional de gerência e as concepções mais modernas: mODElO DE ADmINISTRAçãO CENTRAlIZADO NO CHEFE: NOvAS IDEIAS DA GESTãO DE PESSOAS: O gerente é personagem principal do processo admi- nistrativo. Somente os gerentes administram. Todos são gerentes. A Administração do grupo de tra- balho pertence ao próprio grupo. Gerentes são chefes de subordinados que obedecem. Gerentes coordenam o processo decisório e fornecem as condições para a realização das tarefas dos grupos. Administração e gerentes são sinônimos (Planejar, Organizar, Dirigir e Controlar). Administração está sempre no trabalho de pessoas e grupos que tomam decisões e assumem responsabili- dades, com ou sem gerentes. Contraste entre os modelos: Centralizado no Chefe e Gestão de Pessoas Saiba maisSaiba mais Diante das mudanças de paradigmas, uma das forças mais inovadoras são os processos de agregar e manter as pessoas trabalhando em condições ambientais e psicológicasfavoráveis e principalmente saudáveis. Com base no entendimento da Gestão de Pessoas, a organização ideal é aquela que está apta para captar e aplicar de forma adequada seus recursos humanos, como também mantê-los satisfeito por um lon- go período. Esse trabalho da manutenção das pessoas exige cuidados especiais, en- tre os quais se sobressaem os estilos de ge- rência e as relações com os colaboradores. Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 25 Figura 5 – Grid gerencial. As organizações são desenhadas e adminis- tradas de acordo com as teorias que prevalecem, utilizando vários princípios e pressupostos que de- lineiam as maneiras pelas quais as organizações e seus recursos são geridos. Dois consultores americanos, Blake e Mou- ton (1976), desenvolveram uma tecnologia de mu- dança organizacional planejada. Deram o nome de managerial Grid (grade gerencial ou grid gerencial), pelo fato de que todo executivo está sempre volta- do para dois assuntos: a produção e as pessoas. A grade gerencial é um gráfico de duas entradas, isto é, composta de dois eixos: O eixo horizontal que representa a preo- cupação com a produção: é uma série contínua de nove pontos, na qual o grau 9 significa elevadíssima preocupação com a produção, enquanto o grau 1 re- presenta uma baixa preocupação com a produção; O eixo vertical representa a preocupação com as pessoas. Também é uma série contínua de nove pontos, onde 9 é um grau elevado e 1 um grau baixo de preo- cupação com as pessoas. (CHIAVENATO, 2000, p. 544). A seguir, a Figura 5 com as demonstrações do grid gerencial: 2.4 A Gerência e liderança na Organização Fonte: Blake e Mouton (1976, p. 10). Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 26 O grid gerencial representa essas duas preo- cupações: com as pessoas e com a produção. Con- forme os pontos apresentados no gráfico, fica cla- ro o entendimento das cinco gerências, assim, até mesmo nos dias de hoje as identificamos nas em- presas. De acordo com Vergara (1999, p. 77): Empresas reuniam o corpo gerencial e ‘subordinados’ em hotéis para, sob forte treinamento, transformarem gerentes em Líderes 9.9. Sei de um caso em que, de- pois de submetido a tal treinamento, um gerente de grande empresa Petrolífera mandou retirar, literalmente, a porta de sua sala. Afinal, era agora um Líder que ge- renciava de portas abertas. Detalhe: con- tinuava o mesmo autocrático de sempre. Para uma atuação mais efetiva, com base no gráfico, cabe a utilização da gerência 9.9, que de fato procura um equilíbrio entre a preocupação tanto com a produção quanto com as pessoas, mas que seja de real atuação empresarial e não como relatou Vergara (1999). Dessa forma é imprescindível após o enten- dimento do grid gerencial, conhecer algumas teo- rias que balizam e orientam o enquadramento das pessoas dentro das organizações. As Teorias X e Y de McGregor (1960) e Z de Ouchi são as obras marcantes na história das re- lações humanas. Douglas McGregor nasceu em Detroit e licenciou-se no City College, doutorou-se em Harvard, onde lecionou Psicologia Social, e foi professor de Psicologia. liderança na Teoria X Um trabalhador visto por um gerente de vi- são X, o qual parte do pressuposto de que o traba- lhador é preguiçoso e que necessita de motivação, tem o entendimento de que o trabalho é como um mal necessário e somente trabalha por obrigação para ganhar dinheiro. “Não gosta de trabalho e o faz somente quando é compelido.” (MARRAS, 2000, p. 35). Nessa teoria, o homem é visto como um in- divíduo carente; há a limitação do crescimento dos funcionários e não é valorizada sua realização pessoal. Assim, a motivação é desnecessária, o que prevalece é o uso de sua visão dentro dos concei- tos, com a maior autoridade para garantir a direção e controle dos funcionários. A concepção da Teoria X é tradicional, dentro da direção e controle, sem a preocupação com as pessoas. Com base na liderança da Teoria X, o ser humano X possui as seguintes características: a) Precisa ser controlado, dirigido, coagido e punido, para que produza no trabalho; b) Indivíduo carente, que se esforça para satisfazer a hierarquia de necessidades básicas, sem sonhos ou realizações algu- mas; c) Não tem condições de assumir responsa- bilidades; d) A participação desse funcionário é sem- pre influenciada através da manipulação por recompensas básicas e imediatas; e) A liderança deve assumir uma postura autocrática. liderança na Teoria Y Esta segunda teoria baseia-se no pressupos- to de que as pessoas querem e necessitam traba- lhar. A integração é a base dessa teoria, pois parte do pressuposto da integração, que assegura e vali- da a autoridade. Sugere ainda que indivíduos com caracterís- ticas Y tenham autocontrole quando as necessida- des da empresa estejam em cheque. Porém, essa integração e sinergia entre os interesses pessoais e organizacionais não tende a ser uma tarefa fácil. Segundo Chiavenato (1983, p. 377): [...] a Teoria Y é geralmente aplicada nas empresas através de um estilo de direção baseado em uma série de medidas inova- doras e humanistas, dentre as quais salien- ta as seguintes: Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 27 Descentralização das decisões e delega- ção de responsabilidades [...]; Ampliação do cargo para maior significa- ção do trabalho [...]; Participação nas decisões mais altas e ad- ministração consultiva [...]; Autoavaliação do desempenho [...]. A Teoria Y visa à integração entre objetivos individuais e organizacionais. A liderança organi- zacional dos seres humanos com características Y deve observar algumas características: a) O ser humano Y vê o esforço físico e mental no trabalho de forma tão natural quanto o de querer descansar; b) Com incentivo procura se autocorrigir para atingir os objetivos que se propõem alcançar; c) Tem um compromisso com o objetivo, depende das recompensas que se espera receber com sua execução; d) O ser humano Y não só aprende a acei- tar as responsabilidades, como passa a procurá-las; e) A participação deste é uma forma de va- lorizar suas potencialidades intelectuais; f ) O líder deve assumir um estilo mais par- ticipativo. liderança na Teoria Z William Ouchi relata: “Até agora os gerentes americanos têm considerado o que a tecnologia faz para aumentar a produtividade. O que a teoria Z enfatiza é que, ao invés disso, haja um redirecio- namento da atenção para as relações humanas no mundo empresarial.” (apud HAMPTON, 1990, p. 68). Baseia-se em alguns aspectos da mesma he- rança intelectual que compartilham as ideias de Mayo sobre o local de trabalho (especialmente as ideias do socialista Francês Émile Durkheim). Como um antídoto potencial para os isolados e alienados aspectos psicológicos das pessoas nas modernas sociedades ocidentais, William Ouchi, professor da UCLA, propôs que os gerentes americanos apren- dessem a criar alguma qualidade na mesma linha do “clã industrial”, o que vem a ser mais comum nas organizações japonesas. Ele chamou esse conjunto de ideias de Teoria Z, deliberadamente implicando que ela iniciou onde a Teoria Y de McGregor parou. A Figura 6, a seguir, é um fluxograma que ten- ta retratar os pressupostos e conexões lógicas que produzem a Teoria Z de Ouchi. Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 28 Figura 6 – Fluxograma representativo da Teoria Z. Fonte: Hampton (1990, p. 69). liderança Atual Há várias formas de se entender a liderança, mas a mais simples parte do pressuposto de que é a arte de persuadir pessoas, ou de influenciá-las, emprol dos objetivos previamente estabelecidos ou não. Dessa forma, adquire-se a confiabilidade das pessoas ou das equipes lideradas, gerando mo- tivação, confiança, histórico e consequente aceita- ção do líder. Segundo Vergara (1999), a liderança pode ser retratada como a capacidade de exercer influência sobre indivíduos e grupos. Para Robbins (1999), liderança é a capacidade de influenciar um grupo em direção à realização de metas. Em contraponto, as empresas necessitam de líderes preparados para exercer as funções chaves nas organizações. Nesse sentido, os gestores de pessoas são responsáveis pela busca, seleção e ma- nutenção desses profissionais. Liderança, para Chiavenato (2005, p. 183), é definida como: Uma influência interpessoal, na qual uma pessoa age no sentido de modificar ou provocar o comportamento de uma ou- tra pessoa de maneira intencional, exerci- da em uma dada situação e dirigida pelo processo de comunicação humana para consecução de um ou mais objetivos es- pecíficos. Imperativo Cultural Incentivos Tempo de vida útil etc. Confiança Grupos de trabalho Satisfação do emprego e senso de autonomia Produtividade aumentada Decisão Gerencial Filosofia Corporativa Criando o clã industrial Incentivos Empregos antigos Hierarquia achatada etc. Incentivos Envolvimento Cooperação Solidez Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 29 Para encontrar profissionais com essa empa- tia, comprometimento e poder de persuasão, des- crito por Chiavenato, os selecionadores e recruta- dores de executivos, denominados como Hunters, lançam mão das mais diversas ferramentas, devi- damente atualizadas, e testes de seleção minucio- sos para detectar nos candidatos as características intangíveis de um líder. Arte da liderança requer algumas atitudes do profissional que exerce esses cargos, como: Que faça com que seus colaboradores e as pessoas sob seu comando gostem de executar o que ele orienta e o que a em- presa necessita que seja realizado; Consegue que subordinados se sintam impulsionados a participar e colaborar nas mais diversas tarefas e que se sintam realizados com isso; Prefere não ter subordinados e sim segui- dores, prefere, ainda, não dar ordens, e sim explicar a necessidade da realização de determinadas tarefas onde todos, em equipe, alcancem o objetivo proposto pelo Líder; Consegue demonstrar a importância do comprometimento e envolvimento de todos os colaboradores e que é funda- mental que os objetivos organizacionais convirjam com os objetivos dos colabo- radores; Busca transmitir segurança e confiança, inspirando lealdade. Através do diálogo franco e aberto, fazendo com que as pes- soas se sintam à vontade para falar e ex- por suas ideias. Assim, para Hunter (2004, p. 25), “liderança é a habilidade de influenciar pessoas para trabalha- rem entusiasticamente, visando atingir objetivos identificados como sendo para o bem comum.” Esse bem comum é a convergência de objetivos, onde a empresa visa a alcançar seus objetivos eco- nômicos e organizacionais e o colaborador visa a atender suas necessidades pessoais e profissionais. Para que esse processo de influenciar pessoas venha a dar frutos positivos, o líder deve utilizar sua habilidade de persuadir a equipe, conseguindo que as pessoas realizem as tarefas necessárias, de acordo com suas orientações e diretrizes. Os colaboradores devem executar as tarefas por vontade própria, utilizando sua automotiva- ção, influenciados pela capacidade de liderança de seu líder que os levou a entender o propósito de suas ações. Embora o líder tenha o poder para influen- ciar seus colaboradores, este deverá usar de sua influência pessoal, e não do poder, investido pelo cargo e pela responsabilidade, que lhe foi atribuí- do, dispensando forçar ou obrigar as pessoas a exe- cutar as tarefas pela figura de autoridade e poder. Saiba maisSaiba mais Atitudes para a arte da liderança: • Tenta transmitir senso de justiça, com a tomada de decisões justas, não protege um em detrimento do outro. Procura ser transparente em todas as suas atitudes e decisões. • Busca ser o exemplo, dando coerên- cia às suas atitudes e discursos, de- monstrando assim a importância da ética em suas atitudes. • Não precisa ser infalível, mas precisa avaliar as situações com clareza, ana- lisando as alternativas para tomar a decisão que lhe pareça mais acerta- da. • O líder tem consciência de que não é possível realizar as tarefas sozinho e que necessita da coesão de sua equipe. Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 30 Quadro 7 – Os graus de influenciação. Coação Persuasão Sugestão Emulação Forçar, coagir ou cons- tranger mediante pressão ou compulsão. Prevalecer sobre uma pessoa, sem forçá-la, com conselhos, argumentos ou indicações para que faça alguma coisa. Colocar ou apresentar um plano, uma ideia ou uma proposta a uma pessoa ou grupo, para que consi- dere, pondere ou execute. Procurar imitar com vigor, para igualar ou ultrapas- sar, ou, pelo menos che- gar a ficar quase igual a alguém. Fonte: Chiavenato (2005, p. 184). Analisando o Quadro 7, os candidatos a líde- res devem realizar uma autoanálise que os direcio- nem a buscar uma atitude que venha a estimular os colaboradores, mesmo porque estes, por mais motivados que estejam, não estão somente liga- dos à empresa, estão diretamente relacionando-se com seu líder, ou seja, com a pessoa que lhes fala, lhes orienta, explana e ouve suas ideias, e de quem ouve uma palavra de apoio ou um resmungo de in- tolerância. Mas os líderes não podem jamais se esque- cer das diretrizes oriundas da visão, missão, valo- res e princípios impressos na organização pela alta cúpula ou proprietários; o ideal é que os gestores que estão liderando e a presidência/diretoria tra- balhem em equipe, alinhando seus raciocínios e orientações para as tarefas. Nesse contexto, corro- bora Srour (1998, p. 146) ao afirmar: Nas organizações os agentes medem for- ças: proprietários e gestores formam a coalizão dominante; gestores integram a equipe diretiva; trabalhadores opõem resistências a não ser que participem das decisões ou partilhem resultados; clientes, fornecedores, investidores, autoridades, sindicatos, mídia, comunidade circunvizi- nha e associações funcionam como lob- bies ou como sustentáculos; e redes in- formais de poder (panelinhas, patotas ou igrejinhas) lançam seus mil tentáculos. Há uma gama de fatores que impulsiona cada um dos parceiros da organização a participar do crescimento da organização como um todo. To- dos têm seus interesses individuais e seus fatores de motivação podem ou não serem satisfeitos pela organização. O ideal é que haja um equilíbrio, onde os colaboradores possam encontrar na organização uma forma positiva de transformar seus anseios e desejos em realização, através do reconhecimento, das condições de trabalho, do desenvolvimento de novas habilidades e conhecimentos, com as opor- tunidades de carreira, entre outros, conforme já abordados no item de Gestão de Pessoas. Da mesma forma, a organização também es- pera, por meio do empenho, criatividade e esfor- ço de seus colaboradores, se colocar no mercado competitivo, cada vez mais forte, eficiente e eficaz no que produz, trazendo não só sucesso e lucro para a organização, mas, também, satisfação e pro- dutos de qualidade que venham a superar as ex- pectativas de seus clientes. Ao se deparar com colaboradores de alto po- tencial criativo, competentes e motivados, o líder deverá estimular e explorar essas características, envolvendo-os de forma a persuadi-los e torná-los parte importante do processo organizacional.A relação líder versus liderados pode tomar rumos diversos, dependendo da forma que o líder trata seus liderados, Chiavenato expõe essas corre- lações no Quadro 8, a seguir. Gestão de Pessoas Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 31 Quadro 8 – Os três estilos de liderança. liderança Autocrática liderança Democrática liderança liberal Tomada de Decisões Apenas o líder decide e fixa as diretrizes, sem qualquer parti- cipação do grupo. As diretrizes são debatidas e decididas pelo grupo que é estimulado e assistido pelo líder. Total liberdade para tomada de decisões grupais ou indivi- duais, com participação míni- ma do líder. Programação dos Trabalhos O líder determina providên- cias para a execução das tare- fas, uma por vez, na medida em que são necessárias e de modo imprevisível para o grupo. O próprio grupo esboça providências e técnicas para garantir o alvo com o aconse- lhamento técnico do líder. As tarefas ganham novos con- tornos com os debates. A participação do líder no de- bate é limitada, apresentando apenas alternativas ao grupo, esclarecendo que poderia fornecer informações desde que solicitadas. Divisão do Trabalho O líder determina qual a tare- fa que cada um deverá exe- cutar e qual seu companheiro de trabalho. A divisão das tarefas fica a critério do grupo e cada membro tem liberdade de es- colher seus próprios colegas. Tanto a divisão das tarefas como a escolha dos colegas fica por conta do grupo. Ab- soluta falta do líder. Participação O líder é pessoal e dominador nos elogios e nas críticas ao trabalho de cada um. O líder procura ser um mem- bro normal do grupo. É ob- jetivo e estimula com fatos, elogios ou críticas. O líder não faz nenhuma ten- tativa de avaliar ou regular o curso das coisas. Faz apenas comentários quando pergun- tado. Fonte: Chiavenato (2005, p. 187). 2.5 Resumo do Capítulo Esses três estilos de liderança são conceitos marcantes na nossa história, que visam a um melhor entendimento referente à base da liderança, para atuar e compreender as organizações na atualidade. Dessa forma, vimos que existem diversos estilos de liderança e modelos que ajudam a entender os estilos que as empresas praticam, ainda possibilitam compreender, por meio do cenário empresarial, os desafios para a liderança e como sugerir um melhor modelo para a organização. 2.6 Atividades Propostas 1. Apresente as três etapas históricas mais importantes para melhor entender as eras e períodos para a Gestão de Pessoas. 2. De acordo com o Frederick Herzberg (psicólogo e consultor americano, professor de Adminis- tração da Universidade de Utah), autor da teoria dos dois fatores para explicar o comporta- mento das pessoas em situação de trabalho, existem dois fatores que orientam o comporta- mento das pessoas. Relate quais são esses fatores e suas definições. 3. Com base no grid gerencial que apresenta essas duas preocupações: com as pessoas e com a produção, relate o estilo de liderança apresentado que está preocupado em nível de excelên- cia tanto com as pessoas quanto com a produção. Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 33 A Gestão de Recursos Humanos é uma das áreas que mais tem sofrido mudanças e transfor- mações nestes últimos anos, as quais provocaram uma nova orientação do foco de ação para as pes- soas nas diversas atribuições de RH nas empresas, devido a alguns acontecimentos, dos quais pode- mos citar: A Globalização e o foco nos negócios em- presariais; O Desenvolvimento tecnológico e a ne- cessidade do conhecimento atualizado e diversificado; O forte impacto das mudanças que ocor- rem de forma muito rápida e intensa; O intenso movimento pela qualidade e a busca da alta produtividade. (CHIAVENA- TO, 2000, p. 30). Dessa forma, podemos constatar uma verda- de nos dias de hoje: o grande diferencial, a princi- pal vantagem competitiva das empresas, está nas pessoas que nelas trabalham e que, por conse- quência, as administram. São as pessoas que produzem, vendem, servem aos clientes, tomam decisões, lideram, motivam, comunicam, super- visionam, gerenciam, têm idéias e inicia- tivas, utilizam as tecnologias e dirigem o negócio da empresa, entre tantas outras atribuições que somente os seres huma- nos estão aptos a executar. (CHIAVENATO, 2004, p. 93). Assim sendo podemos afirmar que: as orga- nizações são conjuntos de pessoas, e sem as pes- soas não existem as organizações. Nesse contexto, de acordo com a visão de Chiavenato, passamos por um histórico considerável para o entendimen- to da moderna Gestão de Pessoas (GP), como: Relações industriais, burocratizadas que vêm desde o fim da Revolução In- dustrial, década de 1950; Administração de recursos humanos, mais dinâmica, prevaleceu até 1990; Administração de pessoas, uma visão de ser humano nas empresas, forte no início de 2000; Administração com as pessoas, tocar a organização junto com os colaboradores e parceiros, atua nos dias de hoje; Gestão de pessoas, o mais alto impacto para os dias de hoje. Atualmente se tem o entendimento de que os objetivos da Gestão de Pessoas são: Ajudar a organização a alcançar seus ob- jetivos e realizar sua missão; Proporcionar competitividade à organi- zação; Proporcionar à organização talentos bem treinados e motivados; Aumentar a autoatualização e a satisfa- ção das pessoas no trabalho; Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho; Administrar mudanças. De acordo com o autor David Ulrich, um dos gurus da área de Recursos Humanos, a visão das mudanças em RH se entende nos recursos huma- nos estratégicos, novas perspectivas para os profis- sionais de RH do operacional ao estratégico atrela- do aos negócios empresariais visando a resultados constantes. FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE PESSOAS3 Ana Lúcia da Rocha Silva Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 34 Dessa forma, o mais importante hoje para a Gestão de Pessoas é criar um novo papel e uma nova apresentação que tenha o foco nos resulta- dos, e não as atividades tradicionais de RH, como “administração de pessoal” (Departamento de Pes- soal), contratação de pessoal e remuneração. O RH não deveria ser definido pelo que faz, mas sim pelo que deve apresentar, como: Resultados que enriquecem o valor da empresa para clientes, investidores e cola- boradores; Excelência organizacional através das pessoas; Parcerias com os gestores para execução de estratégias do planejamento apresen- tado em salas de reuniões para o mercado de trabalho; Especialista na organização e execução do trabalho, apresentando eficiência, efi- cácia e efetividade administrativa que ga- ranta redução de custos e a produtividade; Defensor dos colaboradores, represen- tando, de forma comprometida, preocu- pação com os gestores, aumentando a capacidade e competências dos colabora- dores e gestores visando apresentar resul- tados eficazes constantemente; Ser agente de mudanças contínuas, transformando e moldando os processos e uma cultura, que todos juntos, faça parte de fato do desenvolvimento organizacio- nal. (ULRICH, 2000, p. 35). Diferentes nomes para representar o novo es- paço e configuração da área de Gestão de Pessoas, que com todas as mudanças ocorridas passou a ser mais abrangente e a indicar as mais novas posturas de RH. Saiba maisSaiba mais Com base nas mudanças significativas en- tre o termo ‘RH’ e a expressão Gestão de Pessoas nas empresas, têm-se diversifica- dos entendimentos sobre eles, que até o nome da área de Recursos Humanos tem sido mudado em muitas organizações, tendo sido substituído por, por exemplo: • Gestão de talentos humanos; • Gestão de parceiros; • Administração
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