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DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica Prof – Daniel de Sousa Ribeiro Objetivos • Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de: • Reconhecer a diferenciação entre o uso da terminologia DPOC/DPOBC; • Conhecer as DPOCs quanto aos aspectos semiológico, morfológico e fisiológico. • Correlacionar os aspectos clínicos entre Enfisema Pulmonar e Bronquite Crônica. • Estruturar um programa de tratamento fisioterápico. Definição • É caracterizada por obstrução ao fluxo aéreo que não é totalmente reversível, geralmente progressiva, associada a resposta inflamatória pulmonar desencadeada por exposição a partículas ou gases, sendo o TBG agente agressor mais comum. • O processo inflamatório crônico pode produzir alterações dos brônquios (bronquite crônica), bronquíolos (bronquiolite obstrutiva) e parênquima pulmonar (enfisema pulmonar). A predominância destas alterações é variável em cada indivíduo, tendo relação com os sintomas apresentados. Epidemiologia § A DPOC, agrupada com a asma, representa a 4ª maior causa de morte nos EUA, com 90.000 mortes anuais. § 80% dos doentes por DPOC tiveram exposição significativa à fumaça do cigarro. § Hoje, existem 16 milhões de pacientes que sofrem de DPOC nos EUA. § Somando os casos subdiagnosticados estima-se que chegue a 30 milhões. § Em 1993, os custos hospitalares foram de US$ 14,7 mi. • No Brasil, obtidos até o momento, são de questionário de sintomas, que permitem estimar a DPOC em adultos maiores de 40 anos em 12% da população, ou seja, 5.500.000 indivíduos. • Se considerarmos dados preliminares do Estudo PLATINO realizado pela ALAT (Associação Latino- Americana de Tórax), na cidade de São Paulo, a prevalência da DPOC varia de 6 a 15,8% da população com idade igual ou superior a 40 anos, equivalente a 2.800.000 a 6.900.000 indivíduos com DPOC. • Morbidade: A DPOC, em 2003, foi a quinta maior causa de internamento no sistema público de saúde do Brasil, em maiores de 40 anos, com 196.698 internações e gasto aproximado de 72 milhões de reais. Patogênese Alterações Causadas pelo TBGs. • 1) Diminui a motilidade ciliar; • 2) Aumenta o número de células caliciformes; • 3) Provoca hipertrofia das células mucosas; • 4) Favorece a inflamação das paredes brônquicas e alveolares; • 5)Condiciona o broncoespasmo; • 6) Reduz a atividade macrofágica; • 7) Contribui para as infecções respiratórias; • 8) Limita a produção de surfactante; • 9) Inibe a atividade enzimática anti elastase e antioxidante; • 10) Provoca a fibrose, espessamento e ruptura das paredes alveolares. Diagnóstico • A tosse é o sintoma mais encontrado, pode ser diária ou intermitente e pode preceder a dispnéia ou aparecer simultaneamente a ela. • O aparecimento da tosse no fumante é tão frequente que muitos pacientes não a percebem como sintomas de doença, considerando-a como o “pigarro do fumante”. A tosse produtiva ocorre em aproximadamente 50% dos fumantes. • A dispnéia é o principal sintoma associado à incapacidade,redução da qualidade de vida e pior prognóstico. É geralmente progressiva com a evolução da doença. • Muitos pacientes só referem a dispnéia numa fase mais avançada da doença, pois atribuem parte da incapacidade física ao envelhecimento e à falta de condicionamento físico. Bronquite Crônica Caracteriza-se pela produção excessiva de muco na árvore brônquica, suficiente para causar expectoração excessiva de escarro (na maioria dos dias durante pelo menos 3 meses no ano durante pelo menos 2 anos sucessivos) Ocorre hipertrofia das glândulas mucosas nos grandes brônquios e evidência de alterações inflamatórias crônicas nas pequenas vias aéreas, A pequenas VA são estreitadas e mostram infiltração celular e edema das paredes Presença de tecido de granulação e fibrose peribrônquica pode desenvolver-se BRONQUITE CRÔNICA - Índice de Reid: glândulas mucosas e a parede do brônquio - Normal: 0,36 - Bronquite crônica: 0,7 IR: (b-c)/(a-d) Enfisema Pulmonar • Definido como importantes alterações de toda a estrutura distal do bronquíolo terminal, seja por dilatação dos espaços aéreos, seja por destruição da parede alveolar. • Mecanismos: • desequilíbrio enzimático proteinase-antiproteinase (elastase-alfta1-AT) • falha no processo de reparo do tecido pulmonar; • estresse oxidativo, • a apoptose celular, • a senescência celular Enfisema Pulmonar Tipos de Enfisema • Centro lobular ou centroacinar: a lesão localiza-se no centro do ácino, na sua extremidade mais proximal, estando os ductos, sacos alveolares e alvéolos íntegros. • Perilobular ou periacinar: lesão na periferia do ácino • . • Panlobular ou panacinar: compromete todo o ácino. Enfisema bolhoso Indivíduos com formas avançadas de enfisema podem apresentar- se com bolhas de volume variado, únicas ou múltiplas, distribuídas pelos pulmões intercaladas por maior ou menor quantidade de parênquima íntegro CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA DPOC Tipo A, Pink Puffer, soprador rosado Tosse ausente ou produtiva de pouca expectoração branca Paciente astênico, com evidência de recente perda de peso; Hipoxemia moderada com PaCO2 normal Tórax hiperexpandido; Sons respiratórios quietos e ausência de ruídos adventícios; A radiografia: confirma a hiperinflação com diafragmas baixos, achatados, mediastino estreito e transparência retroesternal aumentada, atenuação e estreitamento dos vasos pulmonares periféricos CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA DPOC Tipo B, Blue Bloater, cianótico pletórico-bronquite crônica Tosse crônica com expectoração por vários anos (inicialmente apenas nos meses de inverno e mais recentemente durante a maior parte do ano); Hipoxemia grave com PaCO2 elevada Exacerbações agudas com expectoração purulenta tornam-se mais comuns; falta de ar com o esforço piorou gradualmente; Tolerância ao exercício limitando-se progressivamente; Tabagista de muitos anos; Exame: o paciente tem uma compleição atarracada com aparência pletórica e alguma cianose CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS DA DPOC Tipo B, Blue Bloater, cianótico pletórico-bronquite crônica -Ausculta de estertores e roncos esparsos -Pode haver sinais de retenção líquida com pressão venosa jugular elevada e edema de tornozelos; Radiografia de tórax com algum aumento cardíaco, campos pulmonares congestionados e marcas aumentadas atribuíveis à infecção antiga; linhas paralelas ("trilhos de bonde") podem ser vistas, provavelmente causadas pelas paredes espessadas dos brônquios inflamados SINAIS E SINTOMAS CLÍNICOS DA DPOC Tosse crônica, Produção de escarro, Chiados Dificuldade respiratória tipicamente ao esforço Má tolerância ao exercício e troca gasosa prejudicada. Sensação de falta de ar lenta e progressiva SINAIS E SINTOMAS CLÍNICOS DA DPOC O exame físico do tórax de um paciente com DPOC pode revelar sibilos (chiados) ou diminuição dos ruídos respiratórios Aumento do diâmetro ântero-posterior (tórax em tonel) decorrente de hiperinsuflação; Achatamento do diafragma; Uso dos músculos respiratórios acessórios; Edema decorrente de cor pulmonale e alterações do estado mental causadas pela hipoxia ou pela hipercapnia Diminuição: VEF1 CVF VEF/CVF% FEF25-75% Ocorre aumento do VR Alterações da Função Pulmonar Devido a obstrução das vias aéreas Velocidade de fluxo ao longo da maior parte da expiração forçada está reduzido Ocorre aumento do TE CRF e VR Alterações da Função Pulmonar§ Recuo elástico pulmonar reduzido e anormalidades nas vias aéreas § Perda do tecido elástico e destruição da parede dos alvéolos § Aumento da resistência da VA Alterações da Função Pulmonar § Hipoxemia: relação V/Q prejudicada §Grande quantidade de ventilação vai para unidades pulmonares com relações muito altas de V/Q § Grande quantidade de fluxo sangüíneo vai para unidades de baixa V/Q §Ocorre destruição do leito capilar §Ocorre vasoconstrição em resposta à hipóxia com objetivo de diminuir a desigualdade da relação V/Q Alterações da Função Pulmonar A PCO2 estimula os quimiorreceptores, assim aumentando a ventilação para os alvéolos Se a PCO2 arterial elevar-se, o pH tende a cair, resultando em acidose respiratória. Quando a PCO2 sobe lentamente o rim é capaz de compensar adequadamente retendo bicarbonato e o pH permanece quase constante - acidose respiratória compensada Quando a PCO2 sobe subitamente, talvez como conseqüência de uma infecção torácica aguda, pode ocorrer acidose respiratória aguda Alterações da Função Pulmonar § Função: inibidora de protease principalmente a elastase § Elastase: digere a proteína estrutural do pulmão-elastina pulmonar § A elastase pode não ser controlada e provocar a ruptura da elastina e acarretar a dissolução das paredes alveolares Deficiência de alfa-1 antitripsina • ESTÁDIO I – DOENÇA LEVE – PACIENTES COM VEF1 PÓS-BD = 80% DO PREVISTO COM RELAÇÃO VEF1/ CVF INFERIOR A 0,70 PÓS-BD • Compreende a grande maioria dos pacientes com DPOC. O clínico geral pode acompanhar este paciente, não havendo obrigatoriamente necessidade de encaminhamento ao especialista. • ESTÁDIO II – DOENÇA MODERADA – PACIENTE COM VEF1 PÓS-BD < 80% E > 50% DO PREVISTO, COM RELAÇÃO VEF1/CVF INFERIOR A 0,70 PÓS-BD • A redução da capacidade física e a dispnéia passam a ser percebidas e são atribuídas ao envelhecimento ou hábito sedentário. O clínico deve acompanhar estes pacientes, encaminhando ao especialista os casos em que a dúvida diagnóstica ou a resposta à terapêutica não ocorrem como esperado. • ESTÁDIO III – DOENÇA GRAVE – VEF1/CVF < 0,70 pós- BD e VEF1 < 50% e ≥ 30% do previsto OU PACIENTES COM HIPOXEMIA INTENSA, MAS SEM HIPERCAPNIA, INDEPENDENTE DO VALOR DE VEF1 OU PACIENTES EM FASE ESTÁVEL COM DISPNÉIA GRAU 2 OU 3. • Compreende um grupo de pacientes com sintomas respiratórios freqüentes e repercussões sistêmicas da DPOC. Este paciente deve ser acompanhado por especialista, devido à gravidade do quadro clínico. • ESTÁDIO IV – DOENÇA MUITO GRAVE – VEF1/CVF < 0,70 pós-BD e VEF1 < 30% DO PREVISTO, OU PACIENTES COM HIPERCAPNIA OU SINAIS CLÍNICOS DE IINSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIREITA, OU PACIENTES COM DISPNÉIA QUE OS INCAPACITE A REALIZAR AS ATIVIDADES DIÁRIAS NECESSÁRIAS À SUSTENTAÇÃO E HIGIENE PESSOAIS, DISNÉIA GRAU 4. • A presença de dispnéia com extrema limitação das atividades do paciente faz que estes pacientes não mais tenham uma independência com relação à sua manutenção e higiene, independente do VEF1, indicando mau prognóstico. Devem ser acompanhados por especialistas. DPOC ASMA Início após 40 anos Antecedente de atopias ausente História familiar de asma ausente Início na infância Antecedente de atopias presente História familiar de asma presente DPOC x ASMA BRÔNQUICA DPOC ASMA Tabagismo > 20 anos / maço Melhora variável com tratamento Obstrução parcialmente reversível Tabagismo ausente Melhora acentuada com tratamento Obstrução reversível DPOC x ASMA BRÔNQUICA - Fase de prevenção e exacerbação da doença - Reabilitação Pulmonar: Treinamento de estratégias respiratórias Técnicas de conservação de energia Programa educacional Suporte Nutricional Manutenção de mm de MMII FISIOTERAPIA NA DPOC √ Treinamento de MMII e melhora da dispnéia √ Treinamento de MMSS, músculo respiratório, melhora da qualidade de vida e diminuição das hospitalizações √ Melhora da sobrevida e educação na doença Tratamento da DPOC Treinamento de MMII § Duração: 6 a 12 semanas § Melhora de 100% Treinamento de MMSS § Movimentos repetitivos da cintura escapular § Duração de 20 a 30 minutos Treinamento de Músculos Respiratórios § Threshold § 20 e 40% para o treino de endurance § 30 e 60% para treino de força Intervenção Educacional § Informações sobre a doença § Dieta e nutrição § Manejo dos sintomas Tratamentos § RPPI § Manobras de Higiene brônquica § VNI
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