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POLÍTICAS, ECONÔMICAS E SOCIAIS. Capítulo IX 180 Ciências Humanas e suas Tecnologias Ensino Médio Capítulo IX Os homens, o tempo, o espaço Será que o mundo está ficando cada vez menor? Será que o tempo está passando mais rapidamente? Hoje em dia, é comum ouvirmos que as distâncias encurtaram, que um dia deveria ter mais de 24 horas. Afinal, já existem postos de gasolina, farmácias e supermercados que ficam abertos 24 horas, todos os dias da semana. Por meio dos novos recursos trazidos pela tecnologia, como, por exemplo, a televisão, podemos assistir ao que se passa em qualquer lugar do mundo como se estivéssemos lá presentes. Com a Internet, podemos enviar uma mensagem ou uma fotografia para qualquer lugar do planeta e ela chegará no mesmo instante. As novas tecnologias criadas no capitalismo parecem ter gerado um mundo menor, onde o tempo passa cada vez mais rápido. Nada diferencia tanto o atual mundo urbanizado e industrializado em que vivemos, em relação a outras sociedades mais antigas, do que esta nova maneira como os homens vivem o tempo e o espaço na sociedade capitalista. Em outras sociedades, o tempo é vivido de uma outra maneira. Povos que vivem em regiões distantes dos grandes centros urbanos, que não têm acesso à eletricidade e outras tecnologias, que vivem nos desertos, nas florestas ou nos sertões, percebem a passagem do tempo pelo correr dos dias e das noites, pela sucessão das estações do ano, pelas épocas de plantar e colher, pelos dias de muito frio ou calor, de seca ou de chuvas. O tempo é percebido como um processo natural de mudanças das coisas. Mas, numa sociedade capitalista, no mundo moderno e industrial das cidades, no dia-a-dia de trabalho, a representação que se faz do tempo está expressa na frase: “Tempo é dinheiro!” O que isso significa? Como podemos transformar tempo em dinheiro? Em outras épocas, o tempo dedicado ao trabalho tinha por objetivo produzir os bens, como alimentos e roupas, de que as pessoas necessitavam para sobreviver, sem que ninguém se precocupasse com a quantidade de horas que eram necessárias para cumprir a tarefa de produzi-los. Com a organização de empresas, fábricas, bancos, escritórios, lojas, mercados etc., passou a ser importante, para os donos desses negócios, controlar o tempo do trabalho dos empregados a fim de aumentar a produção e os lucros. Os lucros passaram a garantir a continuação dos negócios, e os salários dos trabalhadores passaram a ser contados pelo número de horas trabalhadas. Com os salários, os trabalhadores tornaram-se consumidores para comprar mercadorias e, assim, garantir a continuidade do sistema econômico denominado de capitalismo. Mas será que o tempo é apenas dinheiro? Será que todas as sociedades pensam da mesma maneira? O que é o tempo para você? 181 Capítulo IX - Os homens, o tempo, o espaço DIFERENTES TEMPOS Podemos pensar na existência de múltiplas formas de tempo. Vivemos e morremos, ninguém pode superar o tempo biológico de sua existência. Quando estamos vivendo momentos felizes, os dias passam rapidamente. Nos momentos difíceis, o tempo se arrasta lentamente. Esse é um tempo pessoal, subjetivo. A sucessão dos dias e noites, das estações, dos tempos de seca e de chuvas, lembra o tempo cíclico da natureza. O próprio planeta possui seu tempo, marcado pelas lentas mudanças das paisagens naturais, pelas modificações do meio-ambiente - o chamado tempo geológico. Nosso planeta atravessa o espaço, girando ao redor do sol, criando um ciclo de tempo denominado de astronômico. O tempo de vida de uma pessoa pode variar muito de uma época para outra. Houve épocas em que a média de vida das pessoas era muito curta. As pessoas morriam cedo; a chamada expectativa de vida era por vezes de 30 anos. Em nossa sociedade, a expectativa de vida cresceu para a maioria das pessoas. Basta lembrar que, hoje, o trabalhador só pode requerer sua aposentadoria após ter completado 65 anos de idade, ou ter trabalhado, no mínimo, 35 anos. Uma expectativa de vida maior traduz um tempo biológico de viver mais longo. Por isso, a população brasileira está ficando mais idosa. Muitas pessoas chegam ao que se chama de terceira idade. Essa é uma forma de compreender o tempo: pela idade biológica de cada um. O tempo biológico é normalmente o mesmo para todos os seres humanos, que passam pelas fases da infância, adolescência, fase adulta e velhice. O tempo biológico é comum para todos os seres vivos do planeta. Plantas, animais, microrganismos têm um ciclo de vida e morte. Mas, entre os seres humanos, a percepção da passagem do tempo não se restringe apenas a isso. Existe uma dimensão pessoal e subjetiva da passagem do tempo. O tempo subjetivo, psicológico, é sentido e medido de formas particulares por cada um de nós, estando ligado a nossas emoções. Diz a sabedoria popular que os dias felizes passam rápido e os infelizes se arrastam. Dependendo dos sentimentos, as horas de um dia podem voar na velocidade de um jato, e um minuto de dor pode parecer uma eternidade. Existe também um tempo físico, relacionado aos ciclos da natureza. Existe a noite e o dia, as épocas de chuvas e de secas, de frio e calor, de lua cheia e lua nova, e assim por diante. As diferentes sociedades sempre se preocuparam em entender os ciclos da natureza, dependendo deles para organizar o trabalho do dia-a-dia, as atividades de plantio e colheita, e até programar o nascimento dos filhos. Em nossa sociedade, necessitamos marcar precisamente a passagem do tempo, dividindo-o em segundos, minutos e horas. No dia-a-dia, usamos muito pouco a referência dos segundos, mas eles são decisivos nas competições esportivas. Por outro lado, quando marcamos encontros e compromissos, medimos o tempo de cozimento dos alimentos, contamos o tempo de trabalho, e recebemos nossos salários, utilizamos como referência os minutos e as horas. Foram as observações astronômicas, do céu e das estrelas, que permitiram dividir o tempo físico com tal precisão. Pudemos perceber que os ciclos da natureza estavam relacionados a dois movimentos astronômicos importantes de nosso planeta: o primeiro é a rotação e o segundo é a translação. O giro da Terra em torno de si mesma é chamado de rotação e corresponde à duração de um dia, que, por sua vez está dividido em 24 partes iguais, chamadas de horas; as horas estão divididas em 60 minutos e esses, em 60 segundos. Um dia, ou 24 horas, é o tempo que o nosso planeta leva para dar uma volta completa em seu próprio eixo. A translação permite perceber a passagem dos anos, pois esse movimento equivale a uma volta completa da Terra em torno do Sol e demora 365 dias, 5 horas e 49 minutos. Se, para sabermos as horas e identificarmos os dias do ano, podemos utilizar o tempo astronômico, medido pela posição da Terra em relação ao Sol, por outro lado, como poderíamos saber que horas são no Sol? Essa pergunta coloca em questão outra dimensão do tempo, o tempo do universo e, dentro dele, o tempo de existência de nosso planeta. Há quantos anos existe nosso planeta? 182 Ciências Humanas e suas Tecnologias Ensino Médio Podemos responder a este problema de duas formas: pelo tempo geológico e pelo tempo mítico. Os mitos são narrativas que contam a origem de alguma coisa, trazem a história de alguma criação, do início de algo: da Terra, do Universo, do homem, dos animais, do bem e do mal etc. O mito é sempre uma narrativa que tem como personagens principais os deuses. Nos mitos, os homens são objetos passivos da atuação dos deuses, que são os responsáveis pela criação do Universo ou do Cosmos, pela natureza, pelo surgimento dos homens e pelo seu destino. Para o público que escuta essas narrativas, os mitos são verdadeiros, uma vez que são sagrados. Os mitos situam-se em tempos muito indefinidos, chamados de tempo sagrado. No tempo sagrado,