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Artigo - Penal I; Beatriz Vargas UnB

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA 
FACULDADE DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
GABRIEL FELIPE ALENCAR DOS REIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE CRÍTICA SOBRE O EMBATE DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL 
NO ÂMBITO BRASILEIRO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA - DF 
2018 
Universidade de Brasília - Faculdade de Direito 
Gabriel Felipe A. dos Reis - 17/0162095 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ARTIGO - TEORIA GERAL DO DIREITO PENAL 
PROFESSOR: DR. BEATRIZ VARGAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“[...] se a educação não pode tudo, alguma coisa 
fundamental a educação pode. Se a educação não é a 
chave das transformações sociais, não é também 
simplesmente reprodutora da ideologia dominante.” 
- Paulo Freire 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA 
2018 
RESUMO 
O tema da inimputabilidade penal no Brasil é alvo de intensos anseios e 
questionamentos. Grande parte da sociedade acredita que indivíduos entre 16 e 18 anos 
possuem total impunidade aos seus crimes praticados. Contudo, o que se observa na 
prerrogativa legal é o oposto ao mencionado, com a legislação do Estatuto da Criança e do 
Adolescente abordando os atos infracionais e suas medidas punitivas. Nesse sentido, um 
amplo debate percorre a sociedade brasileira sob a necessidade ou não da redução da 
maioridade penal com o objetivo de reduzir o alto índice de criminalidade no país. 
Palavras-chaves: Inimputabilidade Penal; Redução da Maioridade Penal Brasileira; 
PEC 171/1993. 
ABSTRACT 
The subject of criminal incompetence in Brazil is the subject of intense yearnings 
and questionings. A large part of society believes that individuals between the ages of 16 and 
18 have complete impunity for their crimes. However, what is observed in the legal 
prerogative is the opposite of that mentioned, with the legislation of the Statute of the Child 
and Adolescent addressing the infractions and their punitive measures. In this sense, a broad 
debate runs through the Brazilian society under the necessity or not of reducing the age of 
criminality in order to reduce the high crime rate in the country. 
Keywords: Criminal Liability; Reducing the age of Criminality in Brazil; PEC 
171/1993. 
RESUMEN 
El tema de la inimputabilidad penal en Brasil es objeto de intensos anhelos y 
cuestionamientos. Gran parte de la sociedad cree que individuos entre 16 y 18 años tienen 
total impunidad a sus crímenes cometidos. Sin embargo, lo que se observa en la prerrogativa 
legal es lo opuesto al mencionado, con la legislación del Estatuto del Niño y del Adolescente 
abordando los actos infractores y sus medidas punitivas. En ese sentido, un amplio debate 
recorre la sociedad brasileña bajo la necesidad o no de la reducción de la mayoría de edad 
penal con el objetivo de reducir el alto índice de criminalidad en el país. 
Palabras Claves: Inimputabilidad Penal; Reducción de La Mayoría de Edad Penal en 
Brasil; PEC 171/1993 
 
● INTRODUÇÃO 
O debate da redução da Maioridade Penal no contexto brasileiro expandiu-se para 
além das fronteiras sociais, invadindo as terras do sistema legislativo. Nesse sentido, 
apresenta-se em trâmite o Projeto de Emenda Constitucional 171/1993, alvo de intensos 
debates e críticas, com o objetivo de reformulações no atual princípio da inimputabilidade que 
está em vigor em todo o território brasileiro. 
A respeito das formulações proposta por Bittencourt em seu Tratado de Direito 
Penal, a ​Inimputabilidade ​estará vigente nas situações em que o agente não apresentar as 
condições de normalidade e maturidade psíquicas mínimas ​para que possa ser considerado 
um ator - com idade superior à mínima estabelecida no CP-1940 - capaz de receber mandatos 
e proibições normativas. Com respeito aos jovens menores de 18 anos, estes apresentam 
caráter distinto, por se tratar de uma perspectiva biológica. Assim, com a ​presunção 
constitucional ​(expressa nos art. 228 da CF/1988 e art. 27 do CP/1940), “o menor de dezoito 
anos é ​incapaz de culpabilidade/irresponsável penalmente​”. Contudo, tal prerrogativa legal 
não exclui a possibilidade de responsabilização dos atos cometidos por adolescentes e jovens, 
em decorrência do artigo 113 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) apresentar-se 
de maneira objetiva quanto aos atos infracionais. (BITTENCOURT, 2014) 
Nesse âmbito, o artigo e abrange uma crítica à proposta referida apresentada às casas 
legislativas brasileiras. Tem-se por objetivo, portanto, observar qual grupo social é alvo dos 
anseios generalizados a respeito da redução da maioridade penal e seus possíveis impactos. 
Ademais, será avaliado os principais argumentos e justificativas prós e contras à PEC 17, 
estabelecendo uma conclusão sobre o tema e a importância desse debate tanto no estudo do 
Direito Penal quanto para a sociedade como um todo. 
● CONTEXTO SOCIAL DOS JOVENS PERIFÉRICOS NO BRASIL 
Em princípio, deve-se traçar observações e análises a respeito de qual grupo 
populacional será mais afetado com a possível materialização do anseio da redução da 
maioridade penal no contexto brasileiro. A partir da década de 70 do século passado foi 
notório, sobretudo nas grandes cidades brasileiras, a existência de crianças e adolescentes 
vagando pelas ruas em busca de trabalhos informais, em virtude da situação em que se 
apresentam, com famílias fragilizadas e sem auxílio estatal, e, assim, excluídos de seus 
Direitos. (BORDINI, 1999). Concomitante a esse processo e traçando um paralelo com a 
perspectiva da pesquisadora Emanuelle Miranda em seus estudos a respeito da Criminalidade 
e Segurança Pública no Brasil, os jovens periféricos, sobretudo negros e pardos de baixa 
renda, são expostos à vulnerabilidade social que resulta de sistema escolar ineficaz, marcado 
pela ausência de capacitação profissional e da insuficiência de postos de trabalhos. 
Mediante a esse pretexto e expostos a uma sociedade marcado por diversos tipos de 
violência no que tange aos direitos sociais garantidos na Constituição Federal de 1988, entre 
eles a precariedade do sistema de saúde, de lazer e de segurança pública, juntamente às 
atrocidades cometidas pelos órgãos governamentais e de seus representantes, essa parcela 
populacional acaba incorporando esses elementos como um modelo identificatório, uma 
espécie de padrão de conduta, e forma de auto-afirmação dentro da sociedade. (MIRANDA, 
2010). Nesse sentido, tal panorama abre margem para a aproximação destes com supostas 
“soluções” ofertadas pelo crime-negócio, visto que “o universo de crianças e jovens 
marginalizados socialmente tem aumentado drasticamente proveniente do processo de 
exclusão social, político e econômico” (BORDINI, 1999). Não obstante, os jovens da 
periferia acabam enxergando no mundo do tráfico e do crime um espaço para sua ascensão ou 
como uma única saída. À vista disso, os principais defensores da redução da maioridade 
penal, principalmente os que começaram a se engajar em tal âmbitoa partir da 2ª década do 
século XXI no âmbito brasileiro, argumentam que estes jovens estão sendo utilizados como 
uma ferramenta para o crime uma vez que apresentam a condição de “​Inimputabilidade 
Penal” no aspecto biológico defendidos pela CF/1988 e pelo CP/1940, como aponta 
Bittencourt. Esse argumento, apesar de ser refutado com indagações acerca de punições e 
propostas mais graves aos criminosos que utilizam de menores para a prática de crimes, é 
decorrente do alarmante crescimento na taxa de adolescentes e jovens menores de 18 anos na 
criminalidade dos centros urbanos, como pode ser apontado no gráfico abaixo do 11º Anuário 
Brasileiro de Segurança Pública. 
Número de Adolescentes Apreendidos no Brasil  
 
Fonte: 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública (2017) 
 
● APROVAÇÃO DA LEI Nº 8.069 E SEU DEBATE NA SOCIEDADE 
Posteriormente a um período conturbado na esfera jurídica e democrática no Brasil, a 
década de 80 e 90 do século passado foi marcada pela reestruturação do âmbito normativo. 
Nesse sentido, tal cenário fomentou a possibilidade de inúmeras transformações significativas 
acerca de questões mundialmente discutidas, como por exemplo a Defesa dos Direitos 
Humanos para os anos seguintes. Foi nesse espectro social e político que um grupo 
heterogêneo, entretanto consistente na luta dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes, 
emergiu pela garantia da inclusão do Artigo 277 na CF/88. Merece destaque aqui, então, a 
Organização não Governamental “ ​Movimento Nacional de Meninos e Meninas de Rua​”, 
composta de líderes de Igrejas e Universidades denunciando a situação dessas crianças, 
adolescentes e jovens nas grandes cidades brasileiras. Partindo desse pressuposto, no ano de 
1990 foi estabelecido um novo estatuto a respeito das Crianças, Adolescentes e Jovens 
brasileiros menores de 18 a respeito de sua posição na sociedades, direitos e deveres, através 
da ratificação da Lei nº 8.069/90 estabelecendo a vigência em todo o território nacional do 
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 
Entre os inúmeros temas que são debatidos com frequência sobre esse arcabouço 
jurídico, ponderações sobre a maioridade penal e seu tratamento aos menores de 18 anos 
infratores de normas de conduta é frequente em nosso cotidiano. De uma lado da sociedade, 
muitos afirmam que trata-se de uma idade conflituosa, uma vez que o número de crimes 
cometidos por esse grupo apresenta um crescimento considerável, como já mencionado 
anteriormente. Outrossim, também é declarado que os adolescentes cometem crimes sob 
ordens de “chefes” do tráfico em virtude de serem penalmente inimputáveis sob o pretexto da 
condição biológica, e, ademais, consideram que as medidas previstas no ECA para os 
infratores não são o suficiente ou eficazes. 
Nesse sentido, faz-se necessário explanar a respeito do disposto no Estatuto da 
Criança e do Adolescente sobre os infratores e as medidas cabíveis. O artigo 112 deste 
dispositivo jurídico prevê quais são as medidas factíveis aos infratores. Já, por outro lado, no 
artigo 113 está expresso quais são os atos infracionais, os crimes e contravenções de um modo 
geral praticados por menores de 18 anos. Sendo assim, é inexistente a ideia que circunda na 
sociedade de que há impunidade para esse grupo de “criminosos”. Contudo, a diferença 
alicerça-se de que as penas do ECA e do Código Penal são cumpridas em locais considerados 
mais adequados para os adolescentes e jovens, assegurando a educação fundamental e a 
possibilidade de recuperação. 
Nesse amplo debate, com poucas conclusões e estudos com mais especulações da 
sociedade num geral, a proposta de redução da maioridade penal ganhou força com o apoio de 
87% da população brasileira, consoante à pesquisa realizada pelo ​Datafolha no segundo 
semestre de 2015. A partir desse ano, então, tramita no Sistema Legislativo a PEC 171/1993, 
sobretudo com intensas discussões entre parlamentares, indivíduos da sociedade e grupos 
sociais sobre a possibilidade de se tratar os jovens infratores conforme o previsto no Código 
Penal do Brasil. (NASCIMENTO & SANTOS, 2015). 
● JUSTIFICATIVAS FAVORÁVEIS À REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL 
O primeiro deputado a apresentar justificativas em plano jurídico foi o então 
legislador Benedito Domingos no ano de 1993. Na perspectiva do ex-deputado, o menor de 
dezoito anos é inimputável sob o expresso no Código de 1940. Contudo, à época em que foi 
ratificado tal Estatuto, o jovem daquele período apresentava desenvolvimento mental inferior 
aos jovens dos dias de hoje. No Projeto de Emenda à Constituição foi estabelecido por 
Domingos que as novas perspectivas que os indivíduos maiores de 16 anos apresentam 
atualmente permite uma maior consciência política e intelectual de seus atos. Também é 
relatado que a possibilidade de voto pelos adolescentes entre 16 e 18 anos como um 
argumento favorável e justificativo de tal projeto. 
Entretanto, com o passar dos anos, desde 1993 até 2018, inúmeros ocorridos 
aconteceram, afastando o Benedito Domingos de seu projeto inicial. Nessa perspectiva, 
merece destaque para o deputado reeleito nas eleições deste ano (2018), Waldir Soares - PSL, 
como um dos principais defensores da proposta. Para o Deputado Federal do Estado de Goiás, 
grande parte da sociedade objetiva tal redução com a expectativa de uma redução nos índices 
de criminalidade. Em sua linha de raciocínio e declarações é possível averiguar que Soares 
afirma que “se esses criminosos não querem ficar amontoados a outros, que escolham outro 
caminho”, reafirmando, ainda, que a prática de crimes por pessoas inimputáveis por critério 
biológicos acontecem pois esses “malandros”, como ele denomina, acham a legislação 
brasileira “frouxa”. 
Sob outra ótica, Felipe Guimarães de Oliveira, ao escrever o artigo “​Maioridade 
Penal, redução como meio pacificador de conflitos ​” aponta outras considerações sobre o 
tema, as quais merecem ser relatadas. Para o escritor, “a atuação dos institutos de reabilitação 
não vem se mostrando com tanta eficácia, pois a delinquência em menores de 18 anos, ao 
invés de diminuir, aumentou.” Assim, o objetivo central dos estabelecimentos, que têm por 
finalidade a reestruturação social e psicológica dos menores de 18 anos infratores, não 
apresenta respaldo efetivo na prática. 
● ARGUMENTOS CONTRÁRIOS À REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL 
Pequena parte da sociedade que é contrária a redução da maioridade penal, com o 
apoio de movimentos sociais, sobretudo pelos seus efeitos, ganha cada vez mais voz no 
debate sobre a temática em questão. Na perspectiva de Saraiva, a proposta de alteração no 
princípio biológico da inimputabilidade penal do ordenamento jurídico brasileiro esbarra na 
própria Constituição, por ser um direito e garantia individual, conforme o que está exposto no 
artigo 60, inciso IV, da Magna-Carta. 
Mirabete estabeleceque a alternativa da redução da idade penalmente imputável para 
os índices de violência e criminalidade nos centros urbanos brasileiros não é a forma mais 
adequada para o problema, sobretudo pelo problema não ser analisado sob a ótica 
macro-social, levando em conta as condições econômicas e sociais dos jovens e adolescentes 
que recorrem a esse meio, relatado na segunda parte deste artigo. 
Ademais, Magalhães, Gotijo e Oliveira salientam que, caso seja aprovado tal medida, 
os efeitos podem ser trágicos à sociedade, uma vez que os menores tornar-se-ão criminosos 
cada vez mais cedo, e, assim, agravando o problema que as penitenciárias brasileiras 
atravessam, com a superlotação, dificuldade de fiscalização, violência e condições inviáveis 
para a ressocialização dos indivíduos. Ademais, os autores enfatizam que tal afirmação pode 
ser observada na prática, pois há reincidência no crime num índice acima de 60%, 
reafirmando a ideia de que os presídios brasileiros são verdadeiras escolas do crime e não 
instituições ressocializadoras. 
É mister, portanto, pontuar as debilidades e empecilhos nas justificativas 
apresentadas pelos encabeçadores e defensores da PEC 171/93 no Legislativo brasileiro. 
Como apresentada acima a ideia de Felipe Oliveira, a fragilidade das instituições 
ressocializadoras de jovens entre 12 e 18 anos não apresenta-se como argumento plausível 
para efetivação de tal proposta. Trata-se de uma discussão a respeito da redução da 
maioridade penal e de seus impactos, levando em consideração, portanto, a realidade dos 
presídios para quais os indivíduos maiores de idade infratores serão levados com a possível 
redução da maioridade penal, com problemas conjunturais ainda mais alarmantes do que as 
instituições ressocializadoras de adolescentes e jovens. Ademais, com essa prerrogativa de 
Oliveira, faz-se necessários reformulações, estudos e medidas com o objetivos de sanar os 
problemas que os estabelecimentos dispostos no ECA apresentam e não a necessidade da 
redução da maioridade penal. Em seguida, como apresenta Waldir Soares, a realidade dos 
jovens periféricos é bastante diferente de uma parte elitizada e privilegiada de nossa 
sociedade, com acesso aos seus direitos e posição central dentro da população. Assim, 
observar os crimes cometidos pelos adolescentes sem a presença de um olhar sobre sua 
condição social e meio em que vive torna-se inviável para a solução do problema, o qual está 
inserido em diversos planos sociais, como a vulnerabilidade social descaso público e 
acentuada desigualdade social. 
● CONCLUSÃO 
A redução da maioridade penal no Brasil, apesar de um tema muito debatido, é 
pouco estudado por grande parte da população. Mais de ¾ da população, como relatado no 
estudo do ​Datafolha​, acredita que os níveis de criminalidade reduziria com a implementação 
das propostas estabelecidas na PEC 171/1993. Nesse sentido, é preocupante o entrave na 
consciência da população no sentido de progressão, visto que não acreditam que com a 
afirmação dos Direitos Sociais mudanças significativas podem ser observadas na sociedade, a 
exemplo de melhorias nas condições da saúde, educação e lazer da população, sobretudo mais 
vulnerável. Assim, estes depositam suas esperanças de uma nação seguras com medidas 
punitivas e não profilaxias aos agente causador da chaga social que o Brasil vive. 
Outrossim, a redução da maioridade penal não é o objeto central para o 
enfraquecimento das taxas criminais no Brasil. Analisando outros países, como por exemplo a 
Jamaica, a maioridade penal é estabelecida em apenas 14 anos e, ainda assim, a taxa de 
criminalidade no país evidente e preocupante. Já, em contrapartida, no país-cidade Singapura, 
a faixa etária estabelecida é de 12 anos, muito abaixo da média global que gira em torno de 
17,5 anos. Contudo, o país asiático apresenta índice satisfatórios e positivos no que diz 
respeito às taxas criminais. Nesse sentido, conclui-se que o índice de criminalidade de uma 
sociedade apresenta-se como reflexos de inúmeras ordens sociais que permeiam na sociedade, 
como os níveis de escolaridade da população, saúde, qualidade de vida e outros fatores. 
Apesar de grande apoio popular, muitos juristas brasileiros, o Ministério Público 
juntamente com a Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB), argumentam não ser compatível 
com nosso ordenamento jurídico tal projeto, já que a maioridade penal é estabelecida em 
nossa Constituição Federal como Direito Fundamental dos adolescentes, ou seja, a vitória 
desse projeto acarretaria em uma afronta aos pressupostos estabelecidos em nossa 
Carta-Magna. Tal defesa alicerça-se na seguinte defesa: o art 60, § 4.º, IV, da Constituição 
Federal estabelece que: “não será objeto de deliberação a proposta da emenda tendente a 
abolir: IV - os direitos e garantias individuais”. Dessa forma, como estabelece Barreira e 
Mastrodi em seu texto acerca do problema constitucional da redução da maioridade penal, 
qualquer emenda que vise a redução da maioridade penal acaba por limitar a garantia 
individual conferida à criança e ao adolescente pela Assembleia Constituinte Originária. 
Nesse sentido, “a intervenção punitiva do Estado se dará em idade menor, prejudicando, 
assim, o desenvolvimento da pessoa”. (BARREIRA & MASTRODI, 2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
BARREIRA, Jônatas Henrique. MASTRODI, Josué. ​O Problema Constitucional da Redução 
da Maioridade Penal ​. Revista Brasileira de Ciências Criminais. 2016. 
 
BATISTA, Karla de Oliveira. ​Redução da Maioridade Penal: numa perspectiva de 
mecanismo inibidor de infrações​. Anápolis, 2017. 
 
BITENCOURT, César Roberto. ​Tratado de Direito Penal​. 20ª edição. Saraiva, 2014. 
 
BORDINI, Eliana B. T.; ADORNO, Sérgio; LIMA, Renato Sérgio. ​O Adolescente e as 
Mudanças na Criminalidade Urbana​. São Paulo em Perspectiva - a violência disseminada. 
1999 
 
LISBOA, Antonio Marcio Junqueira. ​As Raízes da Violência. ​Brasília, 2007. 
 
MAGALHÃES, Vinicius Pinheiro de. ​Adolescentes Infratores no Brasil: Promotores da 
Criminalidade ou Vítimas dela?. 
 
MELLO, Dilcéa Santana de. ​A Marginalização Social das Famílias leva à marginalização de 
suas crianças e adolescentes. ​Universidade Cândido Mendes. Niterói, 2006. 
 
MIRANDA, Emanuelle Lopes. ​Juventude e Criminalidade: contribuições e apontamentos da 
Teoria do Controle Social​. Universidade Federal de Minas Gerais - Belo Horizonte, 2010. 
 
SANTOS, Rafael Alves dos. ​ A Responsabilização do Jovem Infrator e a Questão da 
Inimputabilidade. ​Brasília, 2015. 
 
SCHNEIDER, Jairo Ismael. Redução da Maioridade Penal: um enfoque social e jurídico. 
Lajeado, 2017.

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