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SOLUÇÃO OU CORTINA DE FUMAÇA UMA ANÁLISE SOBRE OS ARGUMENTOS LIGADOS A REDUÇÃO DA MEIORIDADE PENAL - TCC RENATO

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19
sumário
INTRODUÇÃO	1
A SITUAÇÃO JURÍDICA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL	2
ANALISANDO A DISCUSSÃO DA MAIORIDADE PENAL NOS MEIOS POLÍTICOS	9
CONSIDERAÇÕES FINAIS	16
REFERÊNCIAS	17
	
	
SOLUÇÃO OU CORTINA DE FUMAÇA?: UMA ANÁLISE SOBRE OS ARGUMENTOS LIGADOS A REDUÇÃO DA MEIORIDADE PENAL
Nome
RESUMO: Este trabalho busca trazer uma análise sobre as discussões acerca da redução da maioridade penal no Brasil, focando principalmente nos argumentos colocados no meio político para defender posições a favor e contrárias. Para isto será discutido inicialmente a maneira como crianças e adolescentes são tratados pela justiça brasileira atualmente, buscando deixar claras as falhas presentes neste sistema. Em seguida, será trazida a análise dos argumentos apresentados em discussões parlamentares relativas a redução da maioridade penal. A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho será a bibliográfica, ou seja, utilizando trabalhos produzidos sobre o tema para montar as discussões apresentadas a seguir.
Palavras-chave: Direto Penal. Proteção a Criança e Adolescente. Redução da maioridade penal.
INTRODUÇÃO
O sistema prisional tem sido objeto de calorosas discussões no Brasil, permeadas por motivos políticos e eleitorais, na qual podemos ver opiniões que vão do simples desejo de vingança pessoal até outras mais fundamentadas. Dentro deste contexto, a questão relacionada ao tratamento de crianças e adolescentes que cometeram atos criminais tem um espaço especial, com a discussão sobre a redução da maioridade penal polarizando seriamente opiniões de ambos os lados do espectro político.
Partindo efetivamente para o meio jurídico, leis internacionais e nacionais ditam que tanto o Estado quanto a sociedade devem proteger os indivíduos de menor idade, assegurando uma efetiva formação como cidadão, porém, na prática a realidade se mostra bem diferente. Apesar do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) ditar as medidas de proteção a este público, do ponto de vista das medidas em relação a atos infracionais, a situação ainda se mostra bem precária, com adolescentes sendo frequentemente submetidos aos ambientes das instituições penais, o que afeta o desenvolvimento das suas personalidades e impossibilita sua efetiva reinserção no convívio social.
Considerando isto, este trabalho busca trazer uma análise sobre as discussões acerca da redução da maioridade penal no Brasil, focando principalmente nos argumentos colocados na Câmara para defender posições a favor e contrárias. Para isto será discutido inicialmente a maneira como crianças e adolescentes são tratados pela justiça brasileira atualmente, buscando deixar claras as falhas presentes neste sistema. Em seguida, será trazida a análise dos argumentos apresentados em discussões na Câmara do deputados e do Senado relativas a redução da maioridade penal.
A SITUAÇÃO JURÍDICA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE NO BRASIL
Sob o protecionismo hipoteticamente ofertado a eles os adolescentes se encontram em alguns momentos no papel de vítima, em outros no de criminoso quando tem contato com o Estado e seu atendimento. Mesmo nas varas criminais especializadas a normatividade penal juvenil acaba por estereotipá-los. Para Sposato (2006) a probabilidade do delito já era suficiente para fazer com que o adolescente sofresse medidas de correção. 
Sob o Código de Menores, seria possível afirmar que as medidas aplicadas antes do delito eram tão pesadas quanto as aplicadas após, já que o critério para a sua definição era investigação biopsicossocial do menor. Acabava também funcionando como premonição, já que uma criança institucionalizada tinha uma grande chance de virar um infrator no futuro. Isto mostra como o sistema penal destinado aos menores é mais repressivo o que o dos adultos. Os adolescentes são institucionalizados quando tidos como perigosos, não se configurando como um sujeito do Direito, mesmo que não seja isto que está estabelecido no ordenamento jurídico.
Há várias teorias sobre o processo de criminalização dos adolescentes. Dentre estas temos a labeling approach, também conhecida como etiquetamento. Erving Goffman foi o desenvolvedor desta linha de pensamento, e ao analisar as condutas sociais destacou a estigmatização como processo responsável por criar e reproduzir desvios comportamentais causados pela exclusão social. Pra este autor, a sociedade estabelecia meios para categorizar as pessoas, bem como o total de atributos comuns e naturais para os membros de cada categoria (GOFFMAN, 2008).
Nos últimos anos se tornou notável a perda do interesse político em prevenir a criminalidade, com o foco dos esforços sendo transferidos para a repressão. A consequência disto para os adolescentes em conflito com a lei é ruim e de difícil reparação, já que ao diminuir esforços em prevenção, passa-se a atuar em repressão. Para isto o Estado recrudesce o tratamento destinado ao adolescente em conflito com a lei, desrespeitando regras internacionais de proteção a menores com as quais o país se comprometeu. Como exemplos destas regras podemos apresentar: 
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988).
1.2 Os Estados Membros se esforçarão para criar condições que garantam à criança e ao adolescente uma vida significativa na comunidade, fomentando, durante o período de idade em que ele é mais vulnerável a um comportamento desviado, um processo de desenvolvimento pessoal e de educação o mais isento possível do crime e da delinquência (ONU, 1985).
A lei 8069/1990, construída com base nas orientações jurídicas internacionais, positivou alguns valores na Convenção dos Direitos das Crianças, fazendo com que elas deixassem de ser objetos de tutela e passassem a ser sujeitos de direitos. O Estatuto da Criança e do Adolescente enfatiza o princípio de prioridade absoluta, que afirma que quaisquer políticas públicas devem priorizar a efetivação dos direitos da criança e do adolescente. Para isto é necessário efetivar esses direitos. O art. 4º do ECA afirma a obrigação da sociedade e do Estado, quando da implementação de políticas públicas, em priorizar as crianças e adolescentes, o que inclui aqueles nesta faixa que se encontram em conflito com a lei.
Em 1959 foi consolidado o princípio do melhor interesse do menor, por meio da Declaração dos Direitos da Criança, com isto o Estado passa a se responsabilizar pelos indivíduos juridicamente limitados, o que inclui o menor com problemas com a lei. Com a Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança passou-se a utilizar a doutrina da proteção integral, com isto o princípio do melhor interesse da criança passou a orientar o legislador, que deveria dar primazia a criança e ao adolescente na formulação de leis. O aplicador do direito também acaba entrando aqui, devendo observar o mesmo princípio como critério de hermenêutica da interpretação das normas jurídicas (LUÍS, 2013).
Logo, é necessário que, ao tratar do menor em confronto com a lei, antes de pensar em comportamentos que devem ser reprovados, respeitar normas referentes a proibição de retrocesso de direitos e garantias já conquistadas. No direito isto é chamado de garantismo penal, que seria o respeito a regras estabelecidas ao se pensar numa conduta proibida, englobando desde a criação da lei até os princípios norteadores do direito penal e processual penal.
Muito tem sido discutido atualmente em relação as medidas que se deve tomar em relação as consequências das infrações cometidas por menores.  Dentre estas uma das que mais ecoa é a da redução da maioridade penal, que sugere tratar o menores que cometeram algum delito da mesma maneira que os adultos são tratados, além desta, também sediscute endurecer as medidas propostas pelo ECA. 
Tais medidas demonstram apenas um desejo de vingança privada, sem se preocupar com as causas que levaram o adolescente a cometer a infração. Tal posicionamento, se consolidado, deixará a sociedade sempre um passo atrás da violência, numa constante repressão com uso da força, quando na verdade deveriam estar sendo combatidos os motivos que levam adolescentes a cometer infrações. Ao fugir destes posicionamentos a sociedade deve preocupar-se com o desenvolvimento de mecanismos que evitem que os adolescentes se tornem infratores (LUÍS, 2013).
O sensacionalismo midiático de programas policiais tem conduzido a população a buscar a vingança privada, buscando alcançar este objetivo ao travestí-lo de democracia por meio da consolidação de leis. Assim, movimentos envolvidos com tais propostas oscilam entre pedir a redução da maioridade penal e o recrudescimento das medidas estabelecidas pelo ECA. No outro lado da discussão, a criminologia chama a atenção para a necessidade de se antecipar a ocorrência do crime muito mais do que reprimí-lo, buscando dissuadir o potencial infrator através da ameaça de punição.
Desenvolver o aspecto preventivo do crime pode garantir um efeito dissuasório por meio de instrumentos não penais, conseguindo com isto que hajam mudanças nos fatores que levam um jovem a cometer crimes. A prevenção pode ocorrer em três níveis: primário, políticas básicas de prevenção; secundário, políticas de proteção especial; e o terciário, a última alternativa, que consiste em internação ou semiliberdade (LUÍS, 2013).
A primária seria a mais eficaz, já que faria o indivíduo nem ao menos cogitar cometer o delito. Porém, seus resultados são a médio e longo prazo, além de necessitar de prestações sociais e intervenção comunitária, dependendo de múltiplos esforços. O problema em adotá-las é que ainda predomina o costume de buscar soluções práticas e imediatas para combater a criminalidade.
Já a prevenção secundária atua sobre a causa que motiva o delito, não na geração do delito, mas na sua exteriorização. Diferente da primária, este tipo de prevenção funciona a curto e médio prazo, orientando-se pelo critério de política criminal que se materializa em ações policiais, controle dos meios de comunicação, entre outros. Por último, a prevenção terciária se foca no condenado, o que faz parte do grupo de pessoas que já teve seu grau de reprovabilidade apontado pelo Estado e estão em custódia ressocializadora. Tem como objetivo evitar a reincidência, operando por meio de instituições totais e de uma intervenção tardia, parcial e insuficiente. Com exceção da primária, as outras formas de prevenção não respeitam os princípios do ECA. 
Antes do advento da Lei 12403/2011, ao apurar uma infração penal, independente do fato desta ter sido cometida por adulto ou adolescente, o juiz poderia escolher entre decretar a prisão cautelar, para que o acusado respondesse ao procedimento internado num estabelecimento adequado, ou dar-lhe a liberdade. A partir da implementação desta lei, os responsáveis por decretar sentenças ganharam mais opções diversas a prisão cautelar, de natureza não encarceradora (LUÍS, 2013).
Isto fez com que o sistema prisional se tornasse multicautelar; que além da prisão cautelar, dispõe ao magistrado outras medidas que guardem a concondância entre garantias conquistadas e o escopo do legislador; deixando sua natureza binária para trás. No entanto, tal mudança veio apenas para os adultos, com crianças e adolescentes não sendo citados.
Os aplicadores do direito com orientações mais dogmáticas, a partir da ausência de menção ao ECA, passaram a considerar que estas medidas não se estendiam aos menores. No entanto, este entendimento não deveria ser mantido. O adolescente se configura como uma pessoa num estágio peculiar do desenvolvimento, para provar isto é só olharmos para os diversos tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário. Estes afirmam, de maneira enfática, que crianças e adolescentes não devem ser tratados de maneira pior que os adultos, devendo a sua privação de liberdade ser tida como opção apenas após o esgotamento de todas as outras opções, vide o prejuízo e a ineficácia desta medida do ponto de vista pedagógico e ressocializador (LUÍS, 2013).  
A seguir, demonstraremos diversos dispositivos jurídicos que apoiam a afirmação de que o jovem deve possuir um tratamento diferente. 
STJ - HABEAS CORPUS 10679 – SP 
Data de publicação: 29/11/1999
Ementa: HABEAS CORPUS. ECA - ADOLESCENTE INFRATOR. PROGRESSÃO DE MEDIDA DE INTERNAÇÃO PARA LIBERDADE ASSISTIDA. INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO PELO MP. PROVIMENTO PELO TRIBUNAL A QUO. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. Constituindo a medida de internação verdadeira restrição ao status libertatis do adolescente, deve sujeitar-se aos princípios da brevidade e da excepcionalidade, só sendo recomendável em casos de comprovada necessidade e quando desaconselhadas medidas menos gravosas. No caso, o Magistrado de primeiro grau concedeu ao ora paciente a progressão à liberdade assistida com base em laudos técnicos e por entender que tal medida era necessária e suficiente à efetiva reintegração social do adolescente, estando a decisão sobejamente fundamentada, pelo que desmerecia censura do Tribunal local. Ordem concedida.
Encontrado em: HC 10679 SP 1999/0082530-6 (STJ) Ministro JOSÉ ARNALDO DA FONSECA E DO ADOLESCENTE HC 11276 SP 1999/0104338-7 
DECISÃO:14/03/2000 LEGALIDADE, PROGRESSÃO DE MEDIDA.
Apoiando este entendimento, podemos apontar também as Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude, as também chamadas Regras de Beijing. Tal documento afirma:
Regras Mínimas Das Nações Unidas Para A Administração Da
Justiça Da Infância E Da Juventude - Regra De Beijing (2008)
13 - Prisão preventiva
13.1 Só se aplicará a prisão preventiva como último recurso e pelo menor prazo possível.
13.2 Sempre que possível, a prisão preventiva será substituída por medidas alternativas, como a estrita supervisão, custódia intensiva ou colocação junto a uma família ou em lar ou instituição educacional (ONU, 1985).
Além destas, há também as Regras das Nações Unidas para a Proteção de Menores Privados de Liberdade, também chamadas de Regras de Havana: 
Regras das Nações Unidas para a Proteção dos Menores Privados de Liberdade - Regras da Havana (1990) (...)
I - PERSPECTIVAS FUNDAMENTAIS
1. O sistema de justiça de crianças e adolescentes deve respeitar os direitos e a segurança dos jovens e promover o seu bem-estar físico e mental. A prisão deverá constituir uma medida de último recurso.
2. Os adolescentes só devem ser privados de liberdade de acordo com os princípios e processos estabelecidos nestas Regras e nas Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude (Regras de Beijing). A privação de liberdade de um adolescente deve ser uma medida de último recurso e pelo período mínimo necessário e deve ser limitada a casos excepcionais. A duração da sanção deve ser determinada por uma autoridade judicial, sem excluir a possibilidade de uma libertação antecipada. (...)
III - adolescentes SOB DETENÇÃO OU QUE AGUARDAM JULGAMENTO (...)
17. Os adolescentes que estão detidos preventivamente ou que aguardam julgamento (não julgados) presumem-se inocentes e serão tratados como tal. A detenção antes do julgamento deve ser evitada, na medida do possível, e limitada a circunstâncias excepcionais. Devem, por isso, ser feitos todos os esforços para se aplicarem medidas alternativas. No entanto, quando se recorrer à detenção preventiva, os tribunais de adolescentes e os órgãos de investigação tratarão tais casos com a maior urgência, a fim de assegurar a mínima duração possível da detenção. Os detidos sem julgamento devem estar separados dos adolescentes condenados.
RHC 7447/SP - STJ – 6ª Turma – Julgado 28/05/1998
RHC - ECA - INTERNAÇÃO - A INTERNAÇÃO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE E MEDIDA EXTREMA, RECOMENDAVEL SOMENTE QUANDO DESACONSELHADAS AS MENOS RIGOROSAS.
Por último,vejamos a maneira segundo a qual o STJ tem se baseado para tratar estes casos, muito influenciada pelos documentos apresentados:
HC 19848/SP – STJ – 5ª Turma – Julgado 14/05/2002
HABEAS CORPUS. ADOLESCENTE INFRATOR. MENOR IMPÚBERE. ATO INFRACIONAL EQUIPARADO AO ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR. INTERNAÇÃO. MEDIDA QUE, NO CASO CONCRETO, MOSTRA-SE EXCESSIVA. Embora a prática de ato infracional equiparado ao atentado violento ao pudor justifique, em tese, a aplicação da medida sócio-educativa de internação com fulcro no art. 122, I, do ECA, verifica-se excessiva a aplicação de tal medida ao menor impúbere (12 anos), sem antecedentes infracionais, com família estruturada e estudante, em nada contribuindo a internação, neste momento, para a sua ressocialização. In casu, suficiente, tanto para resguardo da sociedade como para a recuperação do menor, a fixação da medida sócio-educativa de liberdade assistida com acompanhamento psicológico, eis que a teor do disposto no art. 122, § 2º, do ECA "em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada". Ordem concedida.
A internação, mesmo que num período curto de tempo, pode trazer consequências ruins para o adolescente, que como já foi afirmado aqui, se encontra num período de desenvolvimento da personalidade. Graças a isto ele poderá perder sua identidade, passando a adotar a lógica institucional, que não se aplica ao convívio social além dos muros das prisões. Isto acarreta no deslocamento do indivíduo em relação ao convívio social, o que faz com que ele acabe retornando, por reabrigamento ou aprisionamento, graças a relação que tem com o modelo de convivência daquele local, que para ele não possui mais caráter ressocializador ou de punição. Por isso, a prisão provisória deve ser a última opção.
Assim, ao analisar as formas de atuação públicas em relação a alteração do comportamento desviante, o que fica aparente é que elas atuam de uma maneira que leva ao resultado contrário, ajudando a perpetuar a criminalidade. O Estado falha ou é negligente na prevenção do crime, investindo na repressão do mesmo, com isto o adolescente acaba prejudicado em relação a formação do seu caráter, da atenção destinada a ele por tratados internacionais e pela Constituição Federal. Por isto as possibilidades defendidas por grupos radicais não passam de ignorância e achismo oportunista ou eleitoreiro (LUÍS, 2013).
ANALISANDO A DISCUSSÃO DA MAIORIDADE PENAL NOS MEIOS POLÍTICOS
Numa análise a linguagem não pode ser separada do seu teor ideológico, já que é um fenômeno social de interação verbal, realizada por meio do diálogo e produções escritas (BAKHTIN, 2010). Assim, discursos trazem traços de projetos e conceitos de sociedade, Estado e políticas públicas defendidos pelo autor. Por meio de palavras valores sociais são confrontados e diferenças de classe evidenciadas.
Para entender o contexto dos interesses por trás da redução da maioridade penal são necessárias algumas discussões iniciais. O conceito de Estado aponta para uma relação social ou condensação material de uma relação de força entre classes. Aqui deve ser levada em conta a relação entre Estado e classes sociais, principalmente a classe dominante, bem como os interesses comerciais presentes nas políticas públicas em detrimento dos direitos daqueles que deveriam ser beneficiados por elas.
As políticas públicas são resultados da dinâmica surgida do jogo de forças estabelecido nas relações sociais de poder. É por meio delas que as classes impõem suas vontades, utilizando dispositivos políticos e legais, principalmente os coercitivos e repressivos, para implementar um projeto de sociedade. Neste processo o próprio aparato estatal é utilizado para validar consensos e elementos ideológicos frente a coletividade como um projeto hegemônico (ASSIS, 2017).
Assim, as classes dominantes, por meio de sua relação com o Estado buscam defender seus interesses utilizando as políticas públicas. É assim que se formam as disputas de projetos de classes sociais opostas, diferentes em conteúdo, forma e método e configurados nas políticas sociais. Esta seria a seletividade estrutural, foram como o Estado revela seu caráter de classe (OFFE, 1984). A seletividade seria a própria estrutura do Estado capitalista, as instituições políticas agem como um sistema de filtros ao decidir sobre as políticas públicas, incluindo ou excluindo de suas agendas injunções estruturais, ideológicas, processuais e repressivas.
Logo, através da relação entre o Estado e interesses capitalistas, o aparato estatal se estrutura historicamente e se cristaliza ideologicamente, imprimindo seletividade e as ações do governo e políticas públicas. No caso brasileiro, uma sociedade de bases coloniais e patrimonialistas, desenvolvido sobre uma cultura político-administrativa de relações de interesse em uma estrutura institucional reflete suas concepções em ações públicas.
O caráter seletivo deste sistema fica perceptível através da práxis política identificada nos conflitos de classe realizados mediante ações de partidos ou frentes parlamentares, nas quais ações normativas coletivas se transformam em políticas que refletem interesses pessoais, religiosos, financeiros, ou comerciais. Todo este dispositivo envolvendo políticas públicas e interesses se encontra ligado fortemente ao debate sobre a redução da maioridade penal. Colocando em lados opostos uma maneira punitiva de segurança e ordem e uma que busca garantir os direitos humanos.
Há várias propostas sobre o tema em tramitação na Câmara e Senado. Na maioria não há um diálogo com o aperfeiçoamento do sistema socioeducativo, mas sim um reforço ao medo e insegurança, com propostas de resolução voltadas para o recrudescimento jurídico e da suspensão de garantias de direitos dos menores em confronto com a lei. Também não costumam trazer estudos ou experiências de sucesso, estando geralmente baseadas em pesquisas de opinião feitas após a repercussão sensacionalista de casos pontuais na mídia, utilizando dados de maneira a reforçar uma opinião pré-formada. 
Assis (2017) fez um levantamento das justificativas apontadas nestas propostas, dividindo-as em seis eixos. O primeiro seria o de parâmetros etários, que aponta justificativas ligadas a maturidade, entendimento e discernimento sobre atos e consequência, idade mental diferente da cronológica, idade para casos específicos, idade com laudos médicos ou decisão de magistrados e legislação anacrônica. Aqui a justificativa mais utilizada seria a de que jovens de 16 anos já possuem discernimento suficiente sobre seus atos e as consequências destes, graças a quantidade de informações disponíveis na mídia e ao avanço tecnológico.
É interessante perceber também a impossibilidade de um profissional ou equipe jurídica julgar por meio da natureza de um ato infracional se o seu autor tinha discernimento ou não, não há base científica para tal. A adolescência é um período do desenvolvimento humano no qual ocorrem diversas transformações, que não podem ser enxergadas por apenas um prisma, e para entender a dinâmica desta fase devem ser levados em conta aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais (ASSIS, 2017).
O segundo seria o da criminalidade e violência, agregando argumentos que apontam o alto número de crimes cometidos por menores como justificativa para a redução da maioridade, buscando com isto conter a violência e a criminalidade. Defender este argumento sem uma análise mais aprofundada do contexto, bem como das condições de vida destes jovens não alcançam o centro da questão, já que ignoram a construção histórica da sociedade e da infância brasileira.
Pesquisas sobre este assunto, como as de Sales (2007) e Pinheiro (2004), apontam que a história da infância e adolescência no Brasil é profundamente marcada por desigualdade, exclusão e dominação, aspectos muito presentes na própria história do Brasil desde o período colonial, e que conserva ainda hoje a visão da diferença pela desigualdade. Crianças e adolescentes são segmentos sociais onde o não cumprimentodos direitos humanos no brasil se expressam com maior força, sendo alvos de violência social e mostrando a falta de projetos de vida, o desemprego e a dificuldade no acesso a serviços públicos.
As violações aos direitos básicos, que levam a criminalidade juvenil, devem ser combatidas em sua origem, ou seja, na desigualdade social e na inacessibilidade a direitos fundamentais de sobrevivência. Diminuir a maioridade penal não ajuda a reformar estes indivíduos, ainda mais se considerarmos as condições do sistema prisional adulto, apontado como “escola do crime”, com uma taxa baixíssima de recuperação de presos. 
Não existe um modelo universal para definir a maioridade penal, isto é um escolha política ou de políticas. O tratamento dispensado aos menores de idade estão inseridos na perspectiva de um modelo de Estado, de sociedade e dos interesses destes. Neste sentido o Brasil apresenta uma perspectiva autoritária, combinando ações políticas limitadas e repressão para manter a ordem, graças a isto as políticas de prevenção e combate a violência voltadas para a criança e o adolescente não se efetivam, mantendo apenas um controle, por assim dizer, sobre este segmento da sociedade, perpetuando uma invisibilidade social e não reconhecendo estes indivíduos como sujeitos de direitos (ASSIS, 2017). 
O terceiro eixo traz apontamentos referentes a ineficiência do ECA. Argumentando que esta lei aumenta a sensação de impunidade, que a inimputabilidade facilita o crime e que há ineficiência nas previsões e aplicação do ECA por causa da ausência de medidas punitivas. No entanto, não se deve confundir inimputabilidade com impunidade, o ECA prevê medidas socioeducativas em casos de infração, inclusive com privação de liberdade, sendo capaz de responder a prática de ato infracional e assegurar a reinserção e o resgate da cidadania dos adolescentes. Logo, os adolescentes, entre 12 e 18 anos, são imputáveis e responsabilizados perante o ECA. Tais penalidades devem ter caráter pedagógico, ressocializador e educativo, já que se tratam de adolescentes, pessoas cuja personalidade se encontra em desenvolvimento.
No entanto, a materialização do ECA é frequentemente descumprida pelo Estado, dada a ausência se estabelecimentos apropriados para a internação e desenvolvimento de atividades pedagógicas de ressocialização do jovem infrator. Com isto este grupo se torna mais suscetível a reincidência infracional, futuro delituoso e a se tornar vítima da violência e dos conflitos do Estado Penal, principalmente em casos que envolvem tráfico de drogas (ASSIS, 2017). 
O quarto se refere a um clamor social em resposta a sociedade, que une argumentos ligados a comoção social, apelo social ou midiático, uso de pesquisas de opinião como justificativa para redução da maioridade, geralmente apresentando argumentos em resposta aos anseios da sociedade em relação a violência. No entanto, a opinião pública muitas vezes será influenciada pelas notícias exibidas pela mídia.
Geralmente a opinião pública se mostra mais favorável as propostas de redução da maioridade quando algum autor ou a grande canal de mídia dá destaque a casos de atos infracionais envolvendo adolescentes. Com isto uma parte da população passa a achar que a redução da maioridade seria uma solução para o problema da segurança pública no Brasil, sem refletir mais profundamente sobre as verdadeiras causas que levam um adolescente a praticar crimes.
Sales (2007) aponta como a imprensa ainda tem dificuldade em veicular uma informação de qualidade, já que de modo geral, ao retratar a violência, não só de jovens, a retrata por si só, sem avançar em soluções, deixando a discussão esgotada num caso de polícia. Isto espelha a ausência de um compromisso social com a situação das crianças e adolescentes e a formulação de políticas públicas neste sentido, em contrapartida, o foco é voltado para a criminalização e o vazio de propostas de atuação e intervenção.
O quinto eixo aponta uma legislação contraditória apresenta argumentos relativos as várias idades de maioridade citadas em várias legislações, não existindo uma única idade na qual um indivíduo atingisse a maioridade integral. A fixação de idades diferentes para exercer certos atos de cidadania são procedentes de interesses e decisões políticas, não havendo ligações entre eles. Além disto, as distintas idades e permissões não tiram a responsabilidade do adolescente, que continua submetido ao que é estabelecido pelo ECA em caso de infrações.
É possível encontrar também o argumento de que a redução da maioridade penal seria uma tendência mundial. Porém, há uma fixação majoritária adotada pela maioria dos países, decorrente de recomendações internacionais, que sugerem a existência de um sistema de justiça especializado em julgar autores de delitos com menos de 18 anos. Ou seja, a tendência mundial é a de implantar uma legislação especializada para os menores de 18 anos, como já ocorre no Brasil (ASSIS, 2017).
O sexto eixo se voltaria para a influência dos adultos, que utilizariam os menores para cometer crimes. Os próprios argumentos dirigidos neste ponto mostram a fragilidade do adolescente e da criança frente o adulto, além disto, considerando este recrutamento de menores para praticar crimes, caso a maioridade penal fosse diminuída, isto faria apenas com que estes recrutadores diminuíssem a idade dos recrutados. Tal caminho não atinge os verdadeiros criminosos neste caso, os adultos. É na repressão penal destes que as propostas devem focar, criando leis mais rigorosas para punir o crime de corrupção de menores, previsto na Li n° 12,015, de 2009.
Já um levantamento das principais teses defendidas por aqueles que defendem que a redução da maioridade penal não seja implantada; feita em audiências públicas, entrevistas e palestras; mostra cinco pontos recorrentes: o fato do adolescente ainda estar em desenvolvimento; a porcentagem baixa de crimes graves cometidos por adolescentes, lembrando que a lei não pode se basear nas exceções; inconveniência diante da falência do sistema carcerário brasileiro; o fato de ser inconstitucional ferir uma cláusula pétrea da Constituição; e a defesa do ECA e do uso de medidas socioeducativas ao invés das punitivas.
Os críticos da proposta de redução defendem que ela não é a solução para diminuir a criminalidade e a violência no país, principalmente por causa da estrutura prisional quase falida que se tem hoje no Brasil. Não é possível alcançar a finalidade ressocializadora da pena colocando jovens no mesmo ambiente que criminosos reiterados em presídios superlotados (ASSIS, 2017).
Para começar a se pensar no encarceramento de adolescentes seria necessário, antes de tudo, reestruturar o sistema prisional brasileiro. Isso iria requerer investimentos em segurança e reestruturação do sistema prisional, com a construção de novos presídios que respeitassem o limite de acomodações, com tais ações sendo apenas as iniciais para que o país pudesse alcançar as condições mínimas para alcançar as principais finalidades da pena. Após isto, segundo os defensores desta posição, é que seria possível pensar em redução da maioridade penal.
Investimentos em educação; bem como na aplicação adequada do ECA e das medidas sócio educativas; também são apontados como soluções de longo prazo, considerando que a educação é um fator determinante no índice de atos infracionais equiparados a crimes cometidos no Brasil. Ou seja, ao não investir efetivamente em educação o número de crianças e adolescentes marginalizados que adentram no mundo do crime aumenta progressivamente (ASSIS, 2017).
 Da forma como é colocada pelos defensores da redução a proposta acaba se tornando um instrumento de manobra para desviar a atenção dos verdadeiros problemas presentes na sociedade. Para aqueles que não concordam com a redução como solução, o ECA já prevê medidas sócio educativas eficientes, e mesmo que se provasse o contrário, bastaria aplicar medidas mais rigorosas. Rebatem o argumento da ineficiência do ECA afirmando que se o Estado o aplicasse efetivamente,bem como desenvolvesse políticas públicas efetivas em áreas como saúde, educação e esporte, a solução estaria mais próxima.
Também é afirmado que o modelo de responsabilização de adolescentes não é implementado de forma efetiva. Relatórios do Conselho Nacional de Justiça, feitos a partir de visitas realizadas nos centros de internação de adolescentes em conflito com a lei, apontam irregularidades como unidades superlotadas, sem condições básicas de higiene ou salubridade, ausência de projetos pedagógicos e uso da internação como medida em caos nos quais era possível usar uma solução em meio aberto (ASSIS, 2017).
Erika Kokay, deputada do Distrito Federal pelo Partido dos Trabalhadores e integrante da comissão especial que analisou uma das últimas propostas de redução da maioridade penal afirmou que a discussão não deveria ser sobre se o adolescente sabe ou não o que está fazendo, mas sim como a adolescência é uma fase peculiar do desenvolvimento humano, e que isto deve ser considerado. Cita também as péssimas condições ofertadas pelo sistema prisional brasileiro como motivo para que a proposta seja ineficaz, bem como a noção errada de que os adolescentes sejam os principais autores de crimes no país. Rubens Bueno, deputado pelo PPS do Paraná que também faz parte da comissão, enfatizou a necessidade de medidas preventivas, com foco na melhoria da educação no país (ALEGRETTI; MATOSO, 2015).
	O Fundo para as Nações Unidas para a Infância (Unicef), que acompanha a implementação da Convenção sobre os Direitos da Criança também se posicionou contra a redução de maioridade penal. Como argumento utilizou principalmente dados numéricos que apontariam que os adolescentes são muito mais vítimas do que autores de atos de violência no Brasil, e que estas vítimas possuiriam cor, classe social e endereço, ou seja, em grande maioria meninos negros, pobres e que vivem nas periferias de grandes cidades.
Já o advogado Ariel de Castro Alves, aponta para interesses econômicos por trás de propostas deste tipo. Para ele muitos dos parlamentares pertencentes a popularmente chamada “Bancada da Bala” estão ligados a empresas de armamento e segurança privada, que possuem interesse especial na privatização do sistema penitenciário, já que poderiam explorar este mercado. Em 2015, enquanto tramitava a proposta de redução da maioridade, outros deputados favoráveis a medida já tentavam construir este caminho, apresentando a privatização dos centros de detenção como uma alternativa para o problema. Fica perceptível como estes movimentos parecem apontar para o mesmo propósito, o lucro (VERMELHO, 2015).
Um dos grandes desafios impostos para aqueles que vão de encontro as propostas de redução da maioridade é que os adolescentes sejam reconhecidos como pessoas em um processo peculiar de desenvolvimento, e que por isto necessitam da proteção do Estado para usufruírem do direito de desenvolvimento integral. Isto deixa claro o que Bobbio (1992) afirma em relação a efetivação dos Direitos Humanos neste século, que apesar da lei estar no papel a luta ainda será grande para manter as conquistas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho buscou trazer uma análise sobre os argumentos apresentados na discussão sobre a redução da maioridade penal no Brasil. A partir do que apresentado aqui ficou claro que este público deve possuir uma proteção por parte da sociedade e do Estado, levando em conta seu estágio de desenvolvimento como cidadão. Em seguida, foram trazidos alguns dos argumentos apresentados nas discussões dobre a redução da maioridade conduzidas pelos parlamentares brasileiros, demonstrando como os argumentos a favor desta mudança possuem falhas sérias, se considerarmos os objetivos do sistema penal, além de estarem ligadas a interesses particulares.
Com isto, fica claro que a redução da maioridade penal se mostra muito mais como uma medida “eleitoreira” do que efetivamente pensada para melhorar a realidade do país. Foi possível perceber isto através da análise das discussões sobre o assunto feitas no âmbito político, que mostram que a defesa desta medida se encontra muito mais ligada a uma tentativa de esconder problemas estruturais da sociedade brasileira por meio de chavões que empobrecem a discussão que deveria ser feita.
REFERÊNCIAS
ALEGRETTI, Laís; MATOSO, Filipe. Eficácia da redução da maioridade penal divide políticos e especialistas. 2015. Disponível em http://g1.globo.com/politica/noticia/2015/04/eficacia-da-reducao-da-maioridade-penal-divide-politicos-e-especialistas.html.
ASSIS, Francisca Maria de. A redução da maioridade penal no Brasil: uma apreciação das teses e fundamentações a favor ou contra. 2017. (Dissertação) Programa de pós-graduação em Direitos Humanos e Políticas Públicas. Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
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