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(OAB/SP - 2 fase - Exame 124) Alberto, residente e domiciliado no bairro de Pinheiros, na Capital do Estado de São Paulo, é proprietário de um sítio situado em Campinas - SP e, em um final de semana, nota que a cerca de arame que faz divisa com o sítio de seu vizinho Mário foi deslocada cinco metros para dentro de seu terreno, reduzindo sua área. Prontamente, Alberto providencia o deslocamento da cerca para a sua posição originária. Um mês depois, o vizinho Mário, residente e domiciliado em Santos - SP, desloca, novamente, a cerca de lugar, para usar aquela faixa de terra para passagem de seu gado e, no final do mesmo dia, providencia o desloca- mento da cerca para a sua posição originária Passado mais um mês, o vizinho Mário repete a sua mesma conduta do mês anterior, providenciando, no final do dia, o deslocamento da cerca para a sua posição originária. Passados mais três meses, aproveitando que Alberto está indo poucas vezes ao sítio, e como, até então, não houve reclamação por parte dele, Mário avisa ao funcionário de Alberto que irá deslocar, novamente, a cerca, mantendo-a nessa posição pelo período de seis meses, para que possa usar aquela faixa de terra para passagem de suas novas cabeças de gado, adquiridas recentemente em um leilão. Questão: Como advogado de Alberto, promova a ação judicial cabível. PRIMEIRA ETAPA: Primeira leitura (conhecimento). Segunda leitura (crítica). ? Terceira leitura (fixação dos pontos essenciais ou relevantes). SEGUNDA ETAPA: Assunto: Proprietário que observa terceiro perturbando sua posse por meio de atos reiterados de deslocamento de cerca e utilização indevida. (Manual de Prática Forense Civil) para passagem. Ocorre uma ameaça real de agressão da posse pelo terceiro por mais tempo do que das outras vezes. Pretensão: Impedir que a agressão seja configurada, ou seja, que se efetive a prática da turbação. Solução: Medida judicial que tenha por objetivo impedir que a agressão se realize, ou seja, obrigar o terceiro a abster-se da prática do ato, conforme direito previsto no art. 1.210 do CC. Encontram-se no rol de procedimentos especiais contenciosos do próprio CPC as ações de caráter possessório, sendo a mais adequada o interdito proibitório (arts. 567 e 568 do Novo CPC). Observe que, como alguns atos de efetiva turbação ocorreram antes da ameaça e, como a ameaça pode concretizar-se no decorrer da demanda, vale considerar a fungibilidade das ações possessórias (art. 554 do Novo CPC), isto é, que seja a ação recebida como de manutenção de posse caso assim seja entendido pelo magistrado. TERCEIRA PARTE: Endereçamento: Ser possuidor é exercer sobre a coisa pelo menos um dos direitos inerentes ao proprietário. Considerando que a posse, nesse caso, é exercida pelo proprietário, sendo baseada no direito de propriedade, trata-se de direito real exercido sobre bem imóvel: portanto, o foro de competência é aquele apontado pelo art. 47 do Novo CPC, devendo a ação ser promovida em Campinas SP. Legitimidade ativa: O proprietário, pois tem direito de posse sobre o bem. No caso, Alberto. Ação: Ação de interdito proibitório. Legitimidade passiva: O terceiro que ameaça agredir a posse, no caso, Mário Fatos: Além dos descritos no próprio enunciado, deve-se atentar para o conteúdo do art. 1.210 do CC e, analogicamente, do art. 561 do Novo CPC. O autor da ação deve demonstrar que é proprietário e, por isso, possuidor, que vem sendo agredido na posse de maneira reiterada: que sua posse foi ameaçada de maneira real e convincente pelo réu, pois, tendo-a já agredido outras vezes, é nitidamente provável que venha a realizar o ato pretendido, apontando que ainda não foi concretizado o ato, portanto subsiste somente a ameaça. Fundamentos jurídicos: Diante da ameaça real verificada e da indiscutível probabilidade de se configurar a agressão pretendida, ou seja, diante dos fatos narrados, ao autor é dado o direito de impedir que tal se constitua, por Luis Fernando Rabelo Chacon.