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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp ANATOMIA MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA O Telencéfalo (Do grego Telos, fim, extremidade e Enkephalos, encéfalo, cérebro) é formado pelos dois hemisférios cerebrais e pela lâmina terminal que delimita anteriormente o III Ventrículo. Os dois hemisférios cerebrais possuem os Ventrículos Laterais que se conectam com o III Ventrículo pelo Forame de Monro. Os hemisférios estão conectados pelo Corpo Caloso, uma estrutura com fibras interhemisféricas cruzando. Cada hemisfério tem 3 polos – Polo Frontal, Polo Temporal e Polo Occipital – e 3 faces – Face Dorsolateral (convexa/lateral), Face Medial (plana/medial) e Face Inferior (base do cérebro). Eles repousam na fossa anterior e média da base do crânio e acima do Cerebelo, separados pela Tenda do Cerebelo (prega de duramáter). 1. SULCOS, GIROS E FISSURAS O Telencéfalo possui muitos giros (áreas delimitadas por sulcos e fissuras), sulcos e fissuras (sulcos mais profundos) formados durante a embriogênese a fim de aumentar a superfície sem aumentar o volume cerebral. Nem todos os sulcos existem igualzinho em todo mundo, alguns tem variação anatômica mas tem outros mais fixos (MUITA variação, alguns sulcos podem estar interrompidos mas é um sulco só). Os sulcos mais importantes são o Sulco Lateral (de Sylvius) e o Sulco Central (de Rolando). Temos a Fissura Longitudinal Mediana separando os dois hemisférios cerebrais sagitalmente. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp • SULCO LATERAL Vai desde a base cerebral e separa o Lobo Frontal do Temporal. Na face dorsolateral (convexa), vemos esse sulco emitir 3 ramos: Ramo Anterior, Ramo Ascendente e Ramo Posterior (nessa ordem, de anterior → posterior). O ramo Ascendente e Anterior são curtos e estão no Lobo Frontal, enquanto o ramo Posterior é longo e termina no lobo Parietal. O ramo Posterior separa o lobo Temporal dos lobos Frontal e Parietal. • SULCO CENTRAL É um sulco profundo que separa o lobo Frontal do lobo Parietal que se dirige em direção ao ramo Posterior do Sulco Central, mas não se fundem. Possui dois giros paralelos chamados Giro Pré-Central (anterior – área motora) e Giro Pós-Central (posterior – área somestésica). Esses sulcos ajudam a delimitar os lobos cerebrais (5), que tem seu nome derivado do osso do crânio relacionado: Lobo Frontal, Lobo Temporal, Lobo Parietal, Lobo Occipital e Lobo Insular. Essa divisão em lobos não tem muito a ver com a divisão funcional do cérebro, apenas a divisão do lobo Occipital (visão). 2. FACE DORSOLATERAL E OS LOBOS CEREBRAIS A face Dorsolateral é a face que vemos do cérebro quando retiramos a metade da abóbada craniana e olhamos. Ela é convexa e possui os 5 lobos cerebrais. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 2.1. LOBO FRONTAL O lobo Frontal está acima do sulco Lateral e anterior ao sulco Central. Possui 3 sulcos principais: o sulco Pré-Central, sulco Frontal Superior e sulco Frontal Inferior. Sulco Pré-Central → Paralelo e anterior ao sulco Central; partido em 2. Sulco Frontal Superior → Perpendicular ao sulco Pré-Central, bem superior. Sulco Frontal Inferior → Perpendicular ao sulco Pré-Central, inferior ao sulco Frontal Superior. Apresenta quatro giros na face dorsolateral: Giro Frontal Superior, Giro Frontal Médio, Giro Frontal Inferior e Giro Pré-Central. Os giros Frontais são “horizontais”, enquanto que o giro Pré-Central é vertical (“como um arco”). O giro Pré-central está entre o sulco central e o sulco pré-central e concentra a área motora (motricidade, possui o homúnculo motor). O giro pré-central contém neurônios motores, desta forma, essa é a área motora somática primária (M1). Os neurônios localizados no giro pré-central são denominados de neurônios motores superiores, realizando sinapse com os neurônios motores inferiores (localizados nas colunas anteriores da medula espinal) por meio do Trato Corticoespinhal. O giro pré- central direito comanda os músculos estriados esqueléticos do lado oposto. O Giro Frontal Superior está acima do sulco frontal superior, o giro Frontal Médio está entre o sulco frontal superior e o sulco frontal inferior e, o giro Frontal Inferior está abaixo do sulco frontal inferior. O giro Frontal Inferior é subdividido pelos ramos Anterior e Ascendente do Sulco Lateral, sendo chamado de PARTE ORBITAL (abaixo do ramo anterior), PARTE TRIANGULAR (entre o ramo anterior e o ascendente) e PARTE OPERCULAR (entre o ramo ascendente e o sulco pré-central). Esse giro Frontal Inferior (do hemisfério esquerdo) é chamado de GIRO DE BROCA, onde está uma área importantíssima: a área da linguagem. No lado direito, está envolvido com o ritmo e entonação da fala. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 2.2. LOBO TEMPORAL Possui 2 sulcos principais: sulco Temporal Superior e sulco Temporal Inferior. Sulco Temporal Superior → Desde o polo temporal até o lobo Parietal, dirigindo-se para posterior e paralelo ao ramo Posterior do sulco Lateral. Sulco Temporal Inferior → Paralelo e inferior ao sulco Temporal Superior, tendo partes descontínuas. Entre o ramo Posterior do sulco Lateral e o sulco Temporal Superior temos o Giro Temporal Superior. Entre o sulco Temporal Superior e o Temporal Inferior temos o Giro Temporal Médio. O giro Temporal Médio está relacionado com funções visuais secundárias, como o reconhecimento facial (identificação de pessoas). Já abaixo do sulco Temporal Inferior temos o Giro Temporal Inferior (limitado inferiormente pelo sulco Occipito-Temporal). Está relacionado com funções visuais secundárias, como a identificação de objetos e formas complexas. Ao afastarmos os lábios do Sulco Lateral, vemos parte do Giro Temporal Superior e internamente outros sulcos e giros (giros temporais transversos), sendo o mais importante o Giro Temporal Trasverso Anterior pois aqui que está a área primária da audição (A1) - “área de Heschl”. 2.3. LOBO PARIETAL Possui dois sulcos principais: sulco Pós-Central e sulco Intraparietal. Sulco Pós-Central → Paralelo ao sulco Central; dividido em 2 segmentos que podem estar um pouco afastados. Sulco Intraparietal → Bem variável, mas geralmente é perpendicular do sulco Pós- Central, podendo se unir a ele. Continua para posterior e termina no lobo Occipital. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Entre o sulco Central e o Pós-Central temos o Giro Pós-Central, onde está a área somestésica (área sensitiva cortical que possui um mapa somestésico, o Homúnculo Sensorial – Área sensitiva somática primária (S1). O giro pós-central direito recebe os estímulos sensitivos provenientes do lado oposto do corpo (com exceção da cabeça que possui representação sensitiva bilateral). O sulco Intraparietal separa em lóbulo Parietal Superior e lóbulo Parietal Inferior. O lóbulo Parietal Superior está relacionado com funções interpretativas sensitivas (gnosia). No lóbulo Parietal Inferior podemos identificar 2 giros: Giro Supramarginal (ao redor da extremidade do ramo posterior do sulco Lateral) e Giro Angular (ao redor da extremidade do sulco Temporal Superior). O giro Supramarginal comunica-se anteriormente com o giro pós-central e, posteriormente com o giro temporal superior. Os giros supramarginal e angular possuem conexões com o lobo temporal (principalmente com o giro temporal transverso anterior – “área de Heschl”), formando a área do cérebro responsável pela compreensão da linguagem falada (“área de Wernick”). Também tem conexões com o Giro Frontal Inferior, ou seja, com a “área de Broca”. O lóbulo parietalinferior também está relacionado com o esquema corporal (percepção do corpo no espaço). 2.4. LOBO OCCIPITAL Na face dorsolateral não tem sulcos e giros revelantes para nomear. É limitado superiormente pelo sulco Parietoccipital, que separa o lobo Occipital do Parietal. Esse sulco se continua e separa também o lobo Occipital do lobo Temporal. Possui a Incisura Pré-Occipital, que é inferior e separa do Lobo Temporal. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Podemos ver também o Sulco Occipital Transverso (acima da incisura, horizontal), o Sulco Semilunar (meio oblíquo, posterior a incisura) e o Sulco Calcarino (horizontal, bem no polo occpital). Mas esses sulcos são melhores identificados na visão medial! 2.4. ÍNSULA Ao afastarmos os lábios do sulco Lateral e retirar parte do lobo Frontal e Parietal podemos ver uma fossa onde está a Ínsula, um outro lobo cerebral. Ela está escondida porque durante a embriogênese seu crescimento é mais lento. Possui alguns sulcos e giros, como o sulco Circular da ínsula, sulco Central da ínsula e os Giros Curtos (anteriores) e Giros Longos da Ínsula (posteriores). O córtex da insula está localizado lateralmente à cápsula extrema (substância branca do cérebro). Está relacionada com funções emocionais antigas filogeneticamente (fobias), sensoriais e motoras viscerais, vestibulares, movimentos somáticos e fala (apraxia). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 3. FACE MEDIAL E OS LOBOS CEREBRAIS Para vermos essa face precisamos de um corte sagital mediano, expondo o Diencéfalo e estruturas Interhemisféricas, como o corpo caloso, o fórnix e o septo pelúcido. 3.1. CORPO CALOSO É uma comissura inter-hemisférica com fibras mielinizadas que vão de um centro branco medular para o outro do lado oposto (Principal feixe de associação inter- hemisférica!). Podemos identificar o Tronco do Corpo Caloso, sendo a parte superior da curva; o Esplênio, sendo a porção dilatada posterior; uma parte com uma curva bem acentuada ventralmente, o Joelho; e o Rostro, que é a parte afinalada anterior e que termina na Comissura Anterior (outra comissura inter-hemisférica). A lâmina terminal abaixo da CA também é uma estrutura interhemisférica. 3.2. FÓRNICE Vai desde o esplênio do Corpo Caloso até a Comissura Anterior, inferiormente. Não pode ser visto por completo no corpo sagital mediano, é bem complexo. O fórnice é uma estrutura PAR, simétricas e bem afastadas posteriormente mas que vão se unindo anteriormente como os ventrículos laterais. É dividido em corpo, colunas e pernas do fórnix. As colunas terminam nos Corpos Mamilares (Hipotálamo); as pernas passam pelo corno inferior do Ventrículo Lateral e se ligam ao Hipocampo. Ele integra parte do sistema límbico – “circuito de Papez”. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 3.3. SEPTO PELÚCIDO Septo Pelúcido (do latim septum – cerca, e pellucidus – transparente) são duas membranas ligadas ao tronco e joelho do Corpo Caloso superiormente e inferiormente ao Fórnice. Possui uma cavidade virtual e é responsável por separar os Ventrículos Laterais. 3.4. LOBO FRONTAL E LOBO PARIETAL Possuem sulcos que fazem parte dos dois lobos, o sulco do Corpo Caloso e o sulco do Cíngulo. Sulco do Corpo Caloso → Vai desde o rostro do Corpo Caloso, contorna acima o tronco do corpo caloso, o esplênio e termina no lobo Temporal, junto com o sulco do Hipocampo. Sulco do Cíngulo → Paralelo ao sulco do Corpo Caloso só que mais superior, sendo separados pelo Giro do Cíngulo. Na extremidade posterior se divide em ramos Paracentral (o mais anterior, divide o lóbulo Paracentral do Giro Frontal Medial), Marginal (se curva em direção à margem superior do hemisfério cerebral - Separa o pré-cúneo do lóbulo paracentral) e ramo Subparietal (continua inferiormente no trajeto normal do giro do Cíngulo). O Sulco Paracentral, que sai do sulco do Cíngulo antes do sulco Marginal e também vai em direção à margem superior. Entre o sulco Paracentral e o ramo Marginal temos o lóbulo Paracentral. Na porção anterior do lóbulo Paracentral temos a área motora relacionada com a perna e pé, enquanto na porção posterior desse lóbulo temos a área sensitiva também relacionada com a perna e o pé. Logo, o lóbulo Paracentral deve conter dois giros, o Giro Pré-Central e o Pós-Central, assim como o sulco central separando eles. O Giro do Cíngulo (do latim cingula – cintura) tem uma parte anterior abaixo do rostro do Corpo Caloso chamada Área Septal. Localiza-se o centro do prazer humano e quando lesada pode causar a raiva septal. Ela estabelece conexões com o hipotálamo e formação reticular. Na região posterior, próximo ao esplênio do corpo caloso, o Giro do Cíngulo torna-se estreito formando o istmo do giro do cíngulo, que se comunica com o giro parahipocampal. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 3.5. LOBO OCCIPITAL Possui dois sulcos nessa face medial, sendo o sulco Calcarino e o ParietoOccipital. Conseguimos ver esses sulcos na visão dorsolateral também, mas muito pouco. É melhor olharmos na visão medial para identificar os sulcos e giros do Lobo Occipital. Sulco Calcarino* → Inicia-se abaixo do esplênio do Corpo Caloso e vai até o polo occipital. Nos lábios desse sulco temos a área visual primária V1 (ou área estriada – tem uma estria branca no córtex). Sulco Parietoccipital → Muito profundo, separa o lobo Occipital do lobo Parietal; se une ao sulco Calcarino próximo ao esplênio, formando um ângulo agudo. Posteriormente ao sulco parietoccipital está o cúneos e, anteriormente o pré-cúneos. Entre o sulco Calcarino e o sulco Parietoccipital temos o Cúneos, um giro de forma triangular, em forma de cunha. O cúneos é a parte que está associada diretamente à função visual primária (V1). Abaixo do sulco Calcarino temos o Giro Occipito-Temporal Medial, que se continua com o Giro Para-Hipocampal do lobo Temporal. *Do latim Calcarinus, em forma de esporão (uma estrutura com formato pontudo, como de chifre). Um bom exemplo de esporão é o osso calcâneo do pé, que também chama por causa disso. Calcarino também lembra Calcanhar, que é onde fica o calcâneo, estrutura óssea com formato de esporão. 4. FACE INFERIOR E OS LOBOS CEREBRAIS A face inferior (base) do hemisfério cerebral possui duas partes: parte anterior (Lobo Frontal e repousa na Fossa Anterior do crânio) e parte posterior (Lobo Temporal e respousa na fossa média e Tenda do Cerebelo). Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 4.1. LOBO TEMPORAL Possui 3 sulcos principais na face inferior: sulco Occipitotemporal, sulco Colateral e sulco do Hipocampo. Sulco OccipitoTemporal → É o mais lateral, com o Giro Temporal Inferior na borda lateral. Medialmente a ele, temos o Giro OccipitoTemporal Lateral (giro fusiforme). Sulco Colateral → Vai desde o Polo Occipital até abaixo do Giro Para-hipocampal. A borda medial é feita pelo Giro Occipito Temporal Medial. Esse sulco separa áreas antigas (mediais) e áreas recentes (laterais) do córtex. Sulco do Hipocampo → O mais medial. Vai desde a parte inferior ao esplênio do Corpo Caloso (contínuo com o sulco do Corpo Caloso) até o Polo Temporal. Separa o Giro Para-Hipocampal (abaixo) do Úncus (porção dilatada ventralmente do giro parahipocampal – relacionado com o olfato). O giro Occipito Temporal Lateral está relacionado com a função visual secundária (V2, reconhecimento de cor, face, números e palavras). Já o Giro Occipito Temporal Medial está relacionado com a função visual primária (V1). O GiroPara-Hipocampal é uma continuação anterior do giro Occipito Temporal Medial. O primeiro se liga posteriormente ao Giro do Cíngulo pelo istmo do giro do cíngulo. Assim, as estruturas Giro Para-Hipocampal, úncus, Istmo do Giro do Cíngulo e Giro do Cíngulo são conhecidas como “Lobo Límbico” por fazerem parte do SISTEMA LÍMBICO. A parte anterior do Giro Para-Hipocampal é muito importante para a memória, sendo lesada na doença de Alzheimer. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 4.2. LOBO FRONTAL Possui apenas um sulco importante, o sulco Olfatório. É um sulco profundo e longitudinal. Medialmente a ele temos o Giro Reto, que se continua com o Giro Frontal Superior. O restante da face inferior do lobo Frontal possui sulcos e giros irregulares chamados sulcos e giros Orbitários (ou Orbitais). Em geral, todas essas estruturas da face inferior do lobo frontal se relacionam com o olfato (rinencéfalo). O sulco Olfatório serve também para o alojamento do Nervo Olfatório (I) e de seu bulbo. 5. VENTRÍCULOS LATERAIS Os Ventrículos Laterais são revestidos internamente por epêndima e possui líquor (líquido cerebroespinhal – LCR). Temos dois ventrículos laterais, direito e esquerdo, que estão escondidos na massa cerebral. Se comunicam com o III Ventrículo apenas pelo Forame de Monro (Forame Interventricular), sem se comunicar entre si. Os ventrículos laterais possuem uma parte central e 3 cornos correspondentes aos 3 polos (polo frontal, temporal e occipital → Corno Anterior, Corno Inferior e Corno Posterior). O corno Anterior e Posterior tem o Corpo Caloso formando o Teto. De modo geral, a parede medial é formada pelo Septo Pelúcido. O assoalho e a parede lateral são formados pela Cabeça do Núcleo Caudado (núcleo da base), que fica proeminente no corno anterior. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp O teto e limite anterior são formados pelo Corpo Caloso (exceção: Corno Inferior – substância branca, Cauda do Núcleo Caudado e Estria Terminal). A Amígdala (proeminência arredondada da cauda do núcleo caudado) faz parte do teto do Corno Inferior! Próximo ao assoalho do corno inferior também temos a Eminência Colateral (formada pelo sulco Colateral) e o Hipocampo. O Hipocampo é uma proeminência superior ao Giro Para- Hipocampal, possui conexões com o fórnice e tem função relacionada com a memória. 6. CENTRO BRANCO MEDULAR DO CÉREBRO É a parte de substância branca do cérebro, abaixo do córtex cerebral e onde estão os núcleos da base. No geral, temos dois tipos de fibras mielínicas: as fibras de Associação e as fibras de Projeção. 6.1. FIBRAS DE PROJEÇÃO As fibras de Projeção ligam o córtex cerebral aos centros subcorticais, ou seja, levem e trazem informações do córtex cerebral para o Tálamo, Tronco Encefálico e Medula. Ex.: fibras da Cápsula Interna (espessa, é chamada também de Coroa Radiada), Fórnice (une corpo mamilar com córtex hipocampal). ➢ CÁPSULA INTERNA É um feixe de fibras que separam o Tálamo do G. Pálido (posteriormente) e o Núcleo Caudado do Putâmen (anteriormente). Abaixo da base do cérebro é chamada de pedúnculos cerebrais, quando está no nível dos núcleos da base e tálamo é chamada de cápsula interna, e acima dos núcleos é chamada de Coroa Radiada. Temos 3 partes: Braço/perna Anterior, Joelho e Braço Posterior. A parte anterior separa a cabeça do Núcleo Caudado do Putâmen. O Joelho é uma parte de curva, tem um ângulo agudo. A parte posterior separa o Tálamo da porção medial do G. Pálido. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Contém as fibras que entram e saem do Telencéfalo, como as fibras sensitivas (Radiações Talâmicas) e fibras motoras (Corticopontino, Corticonuclear, Corticoespinhal, Corticorreticulares). As radiações são todas as fibras que saem do tálamo e vão para o córtex cerebral. Tais fibras diferentes tem posições fixas dentro da cápsula interna, assim, se lesarmos uma parte saberemos mais ou menos quais fibras foram lesadas: Joelho: Trato Corticonuclear. Braço Anterior: fibras que vão para o lobo frontal. Braço Posterior: Trato Corticoespinhal + Radiações Talâmicas (sensibilidade somática). Lesões da cápsula interna ocorre geralmente no braço posterior (AVC), causando hemiplegia e perda de sensibilidade contralaterais. 6.2. FIBRAS DE ASSOCIAÇÃO As fibras de Associação unem áreas cerebrais dos dois hemisférios relacionadas a uma função, ou seja, ligam centros primários e secundários da fala entre eles e com os centros contralaterais. Quando essas fibras de associação cruzam o plano mediano para unir áreas correspondentes dos dois lados chamamos de fibras inter- hemisféricas. Quando não cruzam o plano mediano e conectam pontos do mesmo hemisfério são chamadas fibras de associação intra-hemisféricas. ➢ FIBRAS DE ASSOCIAÇÃO INTRA-HEMISFÉRICAS São classificadas em curtas ou longas. As curtas associam áreas próximas do córtex, como dois giros separamos por 1 sulco. Como elas passam pelo fundo do sulco, são chamadas de fibras arqueadas ou fibras de U. As longas são chamadas de fascículos, pois contém maiores quantidades de fibras. Geralmente ligam várias áreas do mesmo hemisfério. Exemplos: Fascículo do Cíngulo (faz o sulco do cíngulo e une lobo frontal com o temporal); Fascículo Longitudinal Superior* (Fascículo Arqueado – une os lobos frontal, parietal e occipital); Fascículo Longitudinal Inferior (une lobo Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp occipital e temporal); Fascículo Unciforme (forma o sulco lateral, une o lobo frontal ao temporal). *Fascículo Longitudinal Superior: importante na linguagem pois une a área de Broca (lobo Frontal) com a área de Wernicke (lobo temporal/parietal) da linguagem. ➢ FIBRAS DE ASSOCIAÇÃO INTER- HEMISFÉRICAS São chamadas também de fibras comissurais, pois cruzam o plano mediano unindo as mesmas regiões dos dois hemisférios (simétrico). Elas se juntam para formar a Comissura do Fórnix, Comissura Anterior e Corpo Caloso. Comissura do Fórnix: unem os dois Hipocampos. Comissura Anterior: une bulbos e tratos olfatórios (porção olfatória) e une lobos temporais (porção não-olfatória). Corpo Caloso: maior feixe de fibras do sistema nervoso. Une todo o restante das áreas corticais simétricas do telencéfalo. Permite a transferência de informação de um hemisfério para outro, fazendo com que ajam juntos. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 7. CÓRTEX CEREBRAL O córtex cerebral é uma fina camada superficial de subst. Cinzenta ao redor do centro medular do cérebro. Recebe muitas fibras aferentes que são interpretradas, bem como manda eferências psíquicas e motoras. Possui neurônios, células neurogliais (glia) e fibras (axônios). A organização é bem complexa, muito mais do que o córtex cerebelar, não tendo camadas muito definidas. Possui 6 camadas, da superfície para o centro medular: camada molecular, camada granular externa, camada piramidal externa, camada granular interna, camada piramidal interna (ganglionar) e camada de células fusiformes (multiforme). • ÁREAS DE BRODMANN O córtex pode ser dividido em áreas citoarquiteturais, sendo a divisão mais comum a de Brodmann, que foi dividida ainda conforme a função dessas áreas. Temos 52 áreas com citoarquitetura e função comuns nomeadas por números. Áreas mais importantes: Áreas 3, 1 e 2 - Córtex somatosensitivo primário (S1) Área 4 -Córtex motorprimário (M1). Responsável pela motricidade e força muscular contralateral. Lesões causam: hemiparesia, hemiplegia. Área 5 -Córtex somatosensorial associativo (S2) Área 6 -Córtex pré-motor e Córtex motor suplementar (M2). Planejamento dos movimentos dos membros e oculares. Lesões causam: apraxia (dificuldade de realizar o movimento), agrafia sem alexia, ataxia, espasticidade, posturas disotônicas. Área 7 -Córtex somatosensorial de associação (S2). Área 8 - Campos oculares frontais - Movimentos sacádicos oculares. Responsável pelo desvio voluntário do olhar para o lado oposto. Lesão causa: desvio dos olhos para o lado da lesão (estrabismo). Se o desvio for contrário à hemiplegia, a lesão é do lobo frontal (área 8) por AVE da A. cerebral média. Se for para o lado da hemiplegia, lesão da ponte por AVE pontino. Área 17 - Córtex visual primário(V1) Área 18 - Córtex visual secundário(V2) Área 19 - Córtex associativo da visão (V3,V4,V5) Área 36 - Córtex Parahippocampal (Localizado no giro Parahipocampal) Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Área 39 - Giro angular-considerado parte da área de Wernicke Área 40 - Giro Supramarginal-Parte da área de Wernicke Áreas 41 e 42 -Córtex primário e de associação auditivo (A1 e A2) Área 44 - Parte Opercular - parte da área de Broca. Pronunciamento espontâneo de nomes, programação motora da fala, atividade motora relacionada à fala. Lesão causa afasia (distúrbio de linguagem), disfasia, mantendo a compreensão do que se fala. Área 45 – Parte Triangular – parte da Área de Broca. Palavra, planificação do movimento, fala através de sentenças. • ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO CÓRTEX As áreas corticais não são homogêneas, ou seja, a áreas correspondentes dos dois hemisférios nem sempre tem a mesma função. Por exemplo, na maioria das pessoas a área de Broca (44 e 45) fica no lado esquerdo, enquanto em uma pequena parcela da população ela está apenas no lado direito. A organização funcional nem sempre bate com a área de Brodmann nem com a divisão em giros, lobos etc. Temos dois tipos de áreas corticais: áreas de projeção e áreas de associação. - Áreas de Projeção: aferências e eferências relacionadas com a sensibilidade e motricidade. Só lesões aqui (não nas de associação) que pode causar paralisias e alterações na sensibilidade. Podem ser divididas em áreas sensitivas e áreas motoras. Essas áreas são chamadas de primárias, pois tem um vínculo mais forte com a informação. - Áreas de Associação: processamento mais complexo das informações. As áreas associadas à sensibilidade ou motricidade são chamadas áreas secundárias ou de Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp áreas terciárias. As áreas de associação secundárias possuem aferências apenas das áreas primárias. As áreas de associação terciárias estão envolvidas com as atividades psíquicas superiores e possui conexões com muitas áreas ao mesmo tempo, primárias ou secundárias. As áreas terciárias são a base do pensamento, memória, processos, tomada de decisões, planejamento futuro etc. Ex.: área Pré-Frontal. No homem, as áreas de associação ocupam uma porcentagem muito maior em comparação com as de projeção (grande capacidade psíquica). Exemplo de conexões entre essas áreas corticais: → Ao pegarmos uma bola na mão, de olhos fechados, ativamos primeiro a área somestésica primária (S1), pois sentimos a forma do objeto. Depois ativamos a área somestésica secundária (S2), que é uma área de associação pois associamos a forma do objeto com uma bola registrada na memória, identificando o objeto. Caso tenhamos lesão da área somestésica secundária teremos uma agnosia tátil, porque não conseguiremos identificar o objeto com uma bola (de olhos fechados), mesmo sentindo sua forma arredondada. Assim, agnosia é a perda da capacidade de reconhecer objetos devido a lesões nas áreas corticais secundárias (de associação). Assim, o indivíduo com alguma agnosia consegue perceber o objeto mas não consegue associá-lo à imagem da memória, não sabe qual objeto é. 8. ÁREAS CORTICAIS E SUAS FUNÇÕES 8.1. ÁREAS SENSITIVAS Estão nos lobos Parietal, Temporal e Occipital. As mais importantes são as áreas visuais, pois estão em todos esses lobos, principalmente no occipital inteiro. Possuem áreas de projeção (primárias) e de associação (secundárias), relacionadas com a sensação do estímulo e com a identificação dele. Temos as áreas sensitivas relacionadas com a sensibilidade somática (geral, do corpo) e sensibilidade especial (gustação, audição, olfato e visão). ➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE SOMÁTICA - Área Somestésica Primária (S1): está no Giro Pós-Central do Lobo Parietal, corresponde as áreas 1, 2 e 3 de Brodmann. Recebe radiações talâmicas dos núcleos Ventral Posterolateral e Ventral Posteromedial com informações de temperatura, pressão, tato, dor e propriocepção consciente contralaterais. → Estímulo elétrico direto: sensações difusas de formigamento ou dormência. Existe uma somatotopia (“Homúnculo Sensitivo”). → Lesões: AVC’s da A. Cerebral Média ou A. Cerebral Anterior causam perda da sensibilidade discriminativa do lado contralateral à lesão. Incapaz de distinguir a intensidade do estímulo, a localização no corpo e a estereognosia. A capacidade de sentir a temperatura, dor e tato protopático não é perdida pois já fica consciente em nível Talâmico. - Área Somestésica Secundária (S2): Está posterior à S1, no lóbulo Parietal Superior, e corresponde as áreas 5 e parte da 7 de Brodmann. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp → Lesão: Agnosia tátil, ou seja, incapacidade de reconhecer objetos pelo tato, apesar de sentí-lo. Não consegue associar o estímulo tátil com o objeto da memória. ➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – VISÃO - Área Visual Primária (V1): Está nos lábios do Sulco Calcarino, no Lobo Occipital, e corresponde à área 17 de Brodmann (córtex estriado). Recebe o trato Genículo- Calcarino com fibras vindo do Corpo Geniculado Lateral, relacionadas com a visão. → Estímulo elétrico direto: alucinações visuais com círculos brilhantes, sem definição. Tem uma retinotopia, onde as áreas superiores da retina correspondem as áreas inferiores do lábio do sulco calcarino (sempre o contrário). → Lesão: lesão bilateral no lábio do sulco calcarino causa cegueira completa nos dois olhos. Dependendo do local da lesão no sulco temos áreas contrárias perdidas da retina. - Áreas Visuais Secundárias (V2, V3, V4 e V5): são extensas, fazendo parte do lobo occipital, quase todo o lobo temporal e parte do parietal. Correspondem às áreas 18, 19, 20, 21 e 37 de Brodmann (giros temporais medial e inferior + giro occipito temporal medial). Essas áreas são conectadas por duas vias corticais que saem de V1 e unem todas essas outras áreas: via dorsal (vai para a parte porterior do Lobo Parietal) e via ventral (une as áreas do lobo Temporal). Via Dorsal: Percepção de movimento, de velocidade e representação espacial dos objetos. Determina se o objeto em questão está parado ou não. Via Ventral: Percepção de cores, reconhecimento de objetos e de faces. Determina o que o objeto é, compara com o da memória. → Lesões: Agnosia visual, ou seja, incapacidade de reconhecer objetos ou aspectos deles, apesar de conseguir enxergá-los normalmente. Muito comum em lesões do lobo Temporal, que envolve a via ventral (“o homem que confundiu sua mulher com um chapéu” – Oliver Sacks). As lesões da via dorsal fazem com que o indivíduo não consiga ver os objetos em movimento, pensam que as águas de um rio,por ex., estão sempre paradas. ➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – AUDIÇÃO - Área Auditiva Primária (A1): está no Giro Temporal Transverso Anterior (giro de Heschl), correspondente às áreas 41 e 42 de Brodmann. Recebe a radiação auditiva que veio do Corpo Geniculado Medial, envolvida com a via auditiva. → Estímulo elétrico direto: causam alucinações auditivas difusas, como zumbidos. Há uma representação tonotópica com base na frequência dos sons. → Lesões: se bilateral, causam surdez completa (surdez central). Lesões unilaterais (em apenas um giro) causam déficts auditivos pequenos pois a via auditiva não se cruza totalmente, se mistura para não perder totalmente a audição. - Área Auditiva Secundária (A2): está no Giro Temporal Superior, ao lado da área auditiva primária e corresponde a área 22 de Brodmann. Está associada a informações auditivas especiais. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp ➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – PROPRIOCEPÇÃO INCONSCIENTE - Área Vestibular: está no lobo Parietal, próxima da área somestésica da face. Recebe fibras de sensibilidade proprioceptiva inconsciente vindas do vestíbulo que informam sobre a posição e movimentação da cabeça. ➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – OLFATO - Área Olfatória: está na parte anterior do Úncus e do Giro Para-Hipocampal (área entorrinal – Rinencéfalo). É verdade o boato de que se você sente cheiros muito estranhos e desagradáveis quando ninguém mais sente pode ter algum problema central: epilepsias locais no úncus pode causar essas alucinações olfatórias (crises uncinadas). ➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – GUSTAÇÃO - Área Gustativa Primária (G1): está na parte posterior da Ínsula. É ativada apenas pela visão ou pensamento de alimento, então recebe fibras visuais e do córtex pré- frontal também. Também tem conexões com o olfato e sensibilidade somestésica da boca. - Área Gustativa Secundária (G2): está na região orbitofrontal da área Pré-Frontal. 8.2. ÁREAS MOTORAS Recebem muita informação sensorial para poder atuar, pois a movimentação depende dos sistemas sensoriais e motores. O objetivo do movimento (para quê queremos movimentar nosso braço) vem do córtex Pré-Frontal, que envia fibras para as áreas motoras primárias e secundárias (pré-motora e suplementar). Lembrar que para que o movimento ocorra é necessária a integração das 3 áreas motoras (“3 mosqueteiros”). ➢ ÁREA MOTORA PRIMÁRIA ( M1) Está na parte posterior do Giro Pré-Central, no Lobo Frontal. Corresponde à área 4 de Brodmann. É considerada primária pois tem o menor limiar para desencadear movimentos quando é estimulada eletricamente (um estímulo pequeno já causa alguma contração muscular). Epilepsias nessa área 4 causa estimulação constante, causando contração involuntária de grupos musculares. Há uma somatotopia de cada área do corpo nessa giro, semelhante à somatotopia da sensibilidade somestésica (“Homúnculo Motor”). O tamanho da mão, por exemplo, é proporcional à delicadeza de movimentos (movimentos finos) e à frequência de uso. → Aferências: recebe fibras do Tálamo (este recebe fibras dos Núcleos da Base e do Cerebelo e repassa para a M1), da área somestésica e das áreas motoras secundárias (Pré-Motora e Suplementar). → Eferências: Trato Corticoespinhal e Corticonuclear (musculatura distal dos membros). ➢ ÁREAS MOTORAS SECUNDÁRIAS - Área Pré-Motora: Lobo Frontal, corresponde à área 6 de Brodmann. Precisa de estímulos elétricos maiores para gerar algum movimento e envolve áreas mais Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp extensas, como movimentação de todo o tronco. A função principal é o planejamento motor. Lesão: Paresia de grupos musculares extensos (diminuição da força), ou seja, o paciente não consegue elevar o braço ou perna (atinge a base dos membros, porção proximal). → Aferências: recebe fibras do Cerebelo através do Tálamo e das áreas de associação corticais. → Eferências: Via Córtico-Retículo-Espinhal se origina dessa área e controla os músculos proximais dos membros, auxiliando na postura e criando uma base para que os movimentos finos possam ocorrer (por isso auxilia a M1). Também manda eferências diretas para a M1. - Área Motora Suplementar: está na face medial do Giro Frontal Superior (giro frontal medial) e corresponde a área 6 de Brodmann. Tem conexões com o Corpo Estriado (via Tálamo), com a M1 e com a área Pré-Frontal. A função principal também é o planejamento motor, sequências complexas de movimentos. • PLANEJAMENTO MOTOR É feito um plano motor pelas áreas motoras secundárias (Pré-Motora e Suplementar) que depois envia as ordens para a área motora Primária (M1) e ela executa através dos tratos corticoespinhais. O planejamento motor envolve escolha dos grupos musculares certos para que o movimento ocorra conforme o desejado, calculando a trajetória, a velocidade, direção e a força do movimento. Também participam desse planejamento motor o Núcleo Denteado do Cerebelo (através do Tálamo) e os núcleos da base, principalmente o Corpo Estriado (também através do Tálamo, alça estriato-tálamo-cortical). A área Pré- Frontal também participa pois vem dela a iniciativa de gerar o movimento, o desejo de movimentar, já que está relacionada com a tomada de decisões (é a primeira área a ser ativada). As áreas motoras secundárias são muito importantes para que o movimento ocorra corretamente, pois lesões nelas causam Apraxia: incapacidade de realizar gestos simples coordenados, como escovar os dentes. Essas áreas secundárias não são ativadas ao mesmo tempo, ou a pré-motora é ativada o a suplementar. Quando a decisão de movimentar vem do córtex Pré-Frontal, temos a área Suplementar é ativada. Quando a decisão vem de estímulos externos (ordem de pegar o objeto), o córtex Pré-Frontal é ativado. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp • SISTEMA DE NEURÔNIOS-ESPELHOS São neurônios ativados em movimentos normais (como pegar um objeto) e quando vimos outra pessoa fazendo um movimento e copiamos (por isso espelho). Esse sistema ocupa parte da área pré-motora e a parte inferior do lobo Parietal (Sistema FrontoParietal). Nesses locais também há uma organização somatotópica. Esses neurônios espelhos agem excitando neurônios motores que executam a contração e fazem parte da aprendizagem motora por imitação. Assim, o aprendizado é mais facilitado quando vemos outra pessoa fazendo e copiamos. Ex.: crianças pequenas imitando os pais; aulas de cirurgia ou de exame clínico que vemos o professor fazendo e copiamos. 8.3. ÁREAS TERCIÁRIAS São áreas que não são categorizadas apenas como visual, auditiva, motora etc, elas se relacionam com tudo ao mesmo tempo (supramodais). Recebem informações já processadas das áreas secundárias sensitivas e motoras e criam estratégicas comportamentais. Temos como áreas terciárias a área Pré-Frontal, área Parietal Posterior, Córtex Insular Anterior e áreas Límbicas. ➢ ÁREA PRÉ-FRONTAL Está na área não-motora do lobo Frontal e é enorme. Tem conexões com as outras áreas corticais, núcleos talâmicos (dorsomedial), amigdala, hipocampo, núcleos da base, cerebelo e TE. Tem como função coordenar as funções neurais (comportamento intelingente humano). → Lesões que destruam a área Pré-Frontal preservam as funções cognitivas, mas causa perda da personalidade e perda da memória operacional (“curto prazo”). → Lobotomia Pré-Frontal: interrupção da conexão da área Pré-Frontal com o núcleo Dorsomedial do Tálamo, que causa um estado de “tamponamento psíquico”, ou seja, o indivíduo fica inerte, não reage nem à tristezanem à alegria. Foi usada antigamente para tratar pacientes psiquiátricos (depressão, ansiedade e esquizofrenia). O paciente ficava sem essas doenças, mas também ficava inerte na vida, sem reação a nada. Eles também perdem a capacidade de decidir o comportamento mais adequado para a situação, urinando e masturbando-se em público. - Área Pré-Frontal Dorsolateral: Está na parte anterior e dorsolateral do lobo Frontal. Tem conexões com o Corpo Estriado (Putâmen) pelo circuito cortico-estriado- talâmico-cortical. Tal circuito é importante para as funções executivas do planejamento das estratégias comportamentais mais adequadas à situação. Também está relacionado com a avaliação das consequências das ações e com o planejamento inteligente de ações para contornar um problema futuro. Essa área dorsolateral também é responsável pela nossa memória operacional (“memória de curto prazo”). - Área Pré-Frontal Orbitofrontal: está ao lado os giros orbitários, na parte inferior do lobo Frontal. Tem conexões com o Núcleo Caudado, que manda eferências para o G. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp Pálido e depois para o Núcleo Dorsomedial do Tálamo que devolve para a área pré- frontal orbitofrontal (circuito cortico-caudado-talâmico-cortical). Esse circuito tem como função o processamento das emoções, supressão dos comportamentos socialmente indesejáveis e manutenção da atenção. Lesões aqui causam as mesmas coisas que a lobotomia pré-frontal, bem como déficit graves de atenção. ➢ ÁREA PARIETAL POSTERIOR Está no lobo Parietal Inferior, ou seja, Giro Supramarginal (área 40) e Giro Angular (área 39). Assim, está entre as áreas secundárias auditiva, visual e somestésica, integrando as informações vindas dessas áreas. Reúne todas as informações possíveis sobre o objeto e cria uma imagem dele. Também participa do planejamento motor, atenção seletiva, percepção espacial, percepção do eu no espaço e do próprio corpo. → Lesões: se bilateral, a pessoa perde a capacidade de se sentir no espaço, não consegue alcançar objetos ao lado (desorientação espacial generalizada). As consequências mais comuns de lesão dessa área é a Síndrome da Negligência, que acomete lesão do Lobo Perietal Inferior Direito. Nessa síndrome temos a perda de reconhecimento da parte esquerda do próprio corpo e de todo o resto (espaço, objetos, outras pessoas). Então o paciente só veste sua metade direita, só lava e faz a barba na metade direita, só desenha a metade direita, só escreve na metade direita do papel, só come a metade direita do prato etc. ➢ CÓRTEX INSULAR ANTERIOR Está envolvido com a empatia, conhecimento da própria fisionomia como diferente da dos outros, sensação de nojo na presença de fezes, vômitos, carniça etc, percepções de emoções (Sistema Límbico). Em psicopatas, essa parte anterior do córtex da Ínsula pode estar danificada, não permitindo que o indivíduo sinta empatia com o sofrimento alheio e nem sinta emoções. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp ➢ ÁREAS LÍMBICAS Estão no córtex do Hipocampo (giro Denteado), giro Para-Hipocampal, Giro do Cíngulo, Córtex Insular Anterior e área Pré-Frontal Orbitofrontal. Essas áreas fazem parte do Sistema Límbico, associadas à memória e emoções. O Circuito de Papez corresponde a área límbicas relacionadas com as emoções. 8.4. ÁREAS RELACIONADAS COM A LINGUAGEM Temos a área anterior da linguagem e a área posterior da linguagem. A área anterior é a ÁREA DE BROCA, que está na parte opercular e triangular do Giro Frontal Inferior (44 e 45 de Brodmann). Na maioria dos indivíduos está localizada apenas no hemisfério esquerdo, enquanto uma minoria tem no lado direito. Está relcionada com a expressão da linguagem, ou seja, programa a atividade motora relacionada com a fala, organiza os músculos que vão contrair para que produza fala. A área posterior da linguagem é a ÁREA DE WERNICKE e está entre os lobos temporal e parietal (área 22 de Brodmann). Relacionada com a percepção da linguagem, ou seja, organiza o que vai ser falado, o significado do que será falado em cada contexto. A junção dessas duas áreas nos dá a capacidade de perceber, entender e responder (a leitura e escrita também depende dessas áreas). Elas são ligadas pelo Fascículo Longitudinal Superior (fascículo arqueado) que passa informações da área de Wernicke para a de Broca. As informações visuais chegam do córtex visual para a área de Wernicke, ou informações auditivas do córtex auditivo para essa área, e assim vai. Primeiro o estímulo visual da leitura vai para as áreas visuais que enviam para o Giro Angular, que transforma grafema em fonema (área de associação). Depois manda para a área de Wernicke para a compreensão, que manda para a área de Broca para o planejamento da fala. Por fim, é mandada informação para o córtex Pré-Central, que envia fibras motoras e falamos. Toda essa via da linguagem é irrigada pela A. Cerebral Média. → Lesões: Afasias, ou seja, são distúrbios da linguagem causados por lesões nos córtex dessas áreas envolvidas com a linguagem (lado esquerdo) e não com as vias Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp que permitem a fonação. Temos afasias motoras (de expressão) e afasias sensitivas (de percepção). - Afasia Motora: lesão na área de Broca (geralmente AVE isquêmico da A. Cerebral Média). Incapacidade de se expressar dizendo alguma coisa, a pessoa entende o que o outro fala ou escreve mas não consegue falar. Geralmente consegue falar poucas palavras demoradamente, com muito esforço. - Afasia Sensitiva: lesão na área de Wernicke. Incapacidade de perceber o que o outro fala ou escreve, não conseguindo produzir uma fala condizente com o que foi ouvido. Assim, o indivíduo pode falar coisas sem nexo, porque não entendeu o que o outro disse. 9. ASSIMETRIA DAS FUNÇÕES CORTICAIS Os hemisférios não são simétricos, as funções atribuídas a um giro ou lobo podem ser diferentes entre o hemisfério direito e o esquerdo. O principal exemplo é a área da linguagem, que está presente apenas no lado esquerdo na maior parte da população. Assim, temos o hemisfério esquerdo com funções mais relacionadas com a linguagem e raciocínio matemático, enquanto o direito é dominante nas habilidades artísticas, na percepção espacial e no reconhecimento da fisionomia das pessoas. Ocorre uma especialização de cada hemisfério, mas não tem exclusividade funcional. Tal assimetria ocorre apenas nas áreas de associação, pois as áreas de projeção são idênticas (tipo, a área motora primária é idêntica nos dois hemisférios). → Há uma relação entre a dominância cerebral (qual hemisfério é mais dominante no indivíduo) e o uso da mão (destro ou canhoto). Dentre os destros, mais de 90% tem o hemisfério esquerdo dominante. Como a área da linguagem (Broca) está presente em 85% da população no lado esquerdo pois a maior parte é destra, teremos muitas dúvidas em qual lado está a área de Broca em canhotos, então precisamos ter mais atenção nesses casos (neurocirurgia). Podemos usar constrastes ou ressonância magnética funcional para saber em qual hemisfério está a área de Broca da pessoa (a área fica mais ativa quando o paciente fala, aumenta o fluxo sanguíneo). → Secção do Corpo Caloso: era usada para tratar casos de Epilepsia. Não causa distúrbios motores, só incapacidade das informações circularem de um hemisfério para o outro. Assim, se a pessoa tiver a área de Broca no lado esquerdo, não consegue descrever o objeto em voz altaquando colocado na mão esquerda, apesar de senti-lo, reconhece-lo e tudo mais. Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp
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