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NEUROANATOMIA DO TELENCÉFALO

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Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
ANATOMIA MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA 
O Telencéfalo (Do grego Telos, fim, 
extremidade e Enkephalos, encéfalo, cérebro) 
é formado pelos dois hemisférios cerebrais e 
pela lâmina terminal que delimita 
anteriormente o III Ventrículo. Os dois 
hemisférios cerebrais possuem os Ventrículos 
Laterais que se conectam com o III Ventrículo 
pelo Forame de Monro. Os hemisférios estão 
conectados pelo Corpo Caloso, uma estrutura 
com fibras interhemisféricas cruzando. 
Cada hemisfério tem 3 polos – Polo Frontal, 
Polo Temporal e Polo Occipital – e 3 faces – 
Face Dorsolateral (convexa/lateral), Face 
Medial (plana/medial) e Face Inferior (base do 
cérebro). Eles repousam na fossa anterior e 
média da base do crânio e acima do Cerebelo, 
separados pela Tenda do Cerebelo (prega de 
duramáter). 
 
1. SULCOS, GIROS E FISSURAS 
O Telencéfalo possui muitos giros (áreas delimitadas por sulcos e fissuras), sulcos e 
fissuras (sulcos mais profundos) formados durante a embriogênese a fim de aumentar 
a superfície sem aumentar o volume cerebral. Nem todos os sulcos existem igualzinho 
em todo mundo, alguns tem variação anatômica mas tem outros mais fixos (MUITA 
variação, alguns sulcos podem estar interrompidos mas é um sulco só). 
Os sulcos mais importantes são o Sulco Lateral (de Sylvius) e o Sulco Central (de 
Rolando). Temos a Fissura Longitudinal Mediana separando os dois hemisférios 
cerebrais sagitalmente. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
• SULCO LATERAL 
Vai desde a base cerebral e separa o Lobo 
Frontal do Temporal. Na face dorsolateral 
(convexa), vemos esse sulco emitir 3 ramos: 
Ramo Anterior, Ramo Ascendente e Ramo 
Posterior (nessa ordem, de anterior → 
posterior). 
O ramo Ascendente e Anterior são curtos e 
estão no Lobo Frontal, enquanto o ramo 
Posterior é longo e termina no lobo Parietal. O 
ramo Posterior separa o lobo Temporal dos 
lobos Frontal e Parietal. 
• SULCO CENTRAL 
É um sulco profundo que separa o lobo 
Frontal do lobo Parietal que se dirige em 
direção ao ramo Posterior do Sulco Central, 
mas não se fundem. Possui dois giros 
paralelos chamados Giro Pré-Central 
(anterior – área motora) e Giro Pós-Central 
(posterior – área somestésica). 
Esses sulcos ajudam a delimitar os lobos 
cerebrais (5), que tem seu nome derivado do osso do crânio relacionado: Lobo Frontal, 
Lobo Temporal, Lobo Parietal, Lobo Occipital e Lobo Insular. Essa divisão em lobos não 
tem muito a ver com a divisão funcional do cérebro, apenas a divisão do lobo Occipital 
(visão). 
2. FACE DORSOLATERAL E OS LOBOS CEREBRAIS 
A face Dorsolateral é a face que vemos do cérebro quando retiramos a metade da 
abóbada craniana e olhamos. Ela é convexa e possui os 5 lobos cerebrais. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
2.1. LOBO FRONTAL 
O lobo Frontal está acima do sulco Lateral e anterior ao sulco Central. Possui 3 sulcos 
principais: o sulco Pré-Central, sulco Frontal Superior e sulco Frontal Inferior. 
Sulco Pré-Central → Paralelo e anterior ao sulco Central; partido em 2. 
Sulco Frontal Superior → Perpendicular ao sulco Pré-Central, bem superior. 
Sulco Frontal Inferior → Perpendicular ao sulco Pré-Central, inferior ao sulco Frontal 
Superior. 
Apresenta quatro giros na face dorsolateral: Giro Frontal Superior, Giro Frontal 
Médio, Giro Frontal Inferior e Giro Pré-Central. Os giros Frontais são “horizontais”, 
enquanto que o giro Pré-Central é vertical (“como um arco”). 
O giro Pré-central está entre o sulco central e o sulco pré-central e concentra a área 
motora (motricidade, possui o homúnculo motor). O giro pré-central contém neurônios 
motores, desta forma, essa é a área motora somática primária (M1). 
Os neurônios localizados no giro pré-central são denominados de neurônios motores 
superiores, realizando sinapse com os neurônios motores inferiores (localizados nas 
colunas anteriores da medula espinal) por meio do Trato Corticoespinhal. O giro pré-
central direito comanda os músculos estriados esqueléticos do lado oposto. 
O Giro Frontal Superior está acima do sulco frontal superior, o giro Frontal Médio 
está entre o sulco frontal superior e o sulco frontal inferior e, o giro Frontal Inferior está 
abaixo do sulco frontal inferior. 
O giro Frontal Inferior é subdividido pelos ramos Anterior e Ascendente do Sulco 
Lateral, sendo chamado de PARTE ORBITAL (abaixo do ramo anterior), PARTE 
TRIANGULAR (entre o ramo anterior e o ascendente) e PARTE OPERCULAR (entre o 
ramo ascendente e o sulco pré-central). Esse giro Frontal Inferior (do hemisfério 
esquerdo) é chamado de GIRO DE BROCA, onde está uma área importantíssima: a 
área da linguagem. No lado direito, está envolvido com o ritmo e entonação da fala. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
2.2. LOBO TEMPORAL 
Possui 2 sulcos principais: sulco Temporal Superior e sulco Temporal Inferior. 
Sulco Temporal Superior → Desde o polo temporal até o lobo Parietal, dirigindo-se 
para posterior e paralelo ao ramo Posterior do sulco Lateral. 
Sulco Temporal Inferior → Paralelo e inferior ao sulco Temporal Superior, tendo partes 
descontínuas. 
Entre o ramo Posterior do sulco Lateral e o sulco Temporal Superior temos o Giro 
Temporal Superior. Entre o sulco Temporal Superior e o Temporal Inferior temos o 
Giro Temporal Médio. O giro Temporal Médio está relacionado com funções visuais 
secundárias, como o reconhecimento facial (identificação de pessoas). 
Já abaixo do sulco Temporal Inferior temos o Giro Temporal Inferior (limitado 
inferiormente pelo sulco Occipito-Temporal). Está relacionado com funções visuais 
secundárias, como a identificação de objetos e formas complexas. 
Ao afastarmos os lábios do Sulco Lateral, vemos parte do Giro Temporal Superior e 
internamente outros sulcos e giros (giros temporais transversos), sendo o mais 
importante o Giro Temporal Trasverso Anterior pois aqui que está a área primária da 
audição (A1) - “área de Heschl”. 
 
2.3. LOBO PARIETAL 
Possui dois sulcos principais: sulco Pós-Central e sulco Intraparietal. 
Sulco Pós-Central → Paralelo ao sulco Central; dividido em 2 segmentos que podem 
estar um pouco afastados. 
Sulco Intraparietal → Bem variável, mas geralmente é perpendicular do sulco Pós-
Central, podendo se unir a ele. Continua para posterior e termina no lobo Occipital. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Entre o sulco Central e o Pós-Central temos o Giro Pós-Central, onde está a área 
somestésica (área sensitiva cortical que possui um mapa somestésico, o Homúnculo 
Sensorial – Área sensitiva somática primária (S1). O giro pós-central direito recebe 
os estímulos sensitivos provenientes do lado oposto do corpo (com exceção da cabeça 
que possui representação sensitiva bilateral). 
O sulco Intraparietal separa em lóbulo Parietal Superior e lóbulo Parietal Inferior. O 
lóbulo Parietal Superior está relacionado com funções interpretativas sensitivas 
(gnosia). 
No lóbulo Parietal Inferior podemos identificar 2 giros: Giro Supramarginal (ao redor da 
extremidade do ramo posterior do sulco Lateral) e Giro Angular (ao redor da 
extremidade do sulco Temporal Superior). O giro Supramarginal comunica-se 
anteriormente com o giro pós-central e, posteriormente com o giro temporal superior. 
Os giros supramarginal e angular possuem conexões com o lobo temporal 
(principalmente com o giro temporal transverso anterior – “área de Heschl”), formando 
a área do cérebro responsável pela compreensão da linguagem falada (“área de 
Wernick”). Também tem conexões com o Giro Frontal Inferior, ou seja, com a “área de 
Broca”. 
O lóbulo parietalinferior também está relacionado com o esquema corporal (percepção 
do corpo no espaço). 
 
2.4. LOBO OCCIPITAL 
Na face dorsolateral não tem sulcos e giros revelantes para nomear. É limitado 
superiormente pelo sulco Parietoccipital, que separa o lobo Occipital do Parietal. Esse 
sulco se continua e separa também o lobo Occipital do lobo Temporal. Possui a Incisura 
Pré-Occipital, que é inferior e separa do Lobo Temporal. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Podemos ver também o Sulco Occipital Transverso (acima da incisura, horizontal), o 
Sulco Semilunar (meio oblíquo, posterior a incisura) e o Sulco Calcarino (horizontal, 
bem no polo occpital). Mas esses sulcos são melhores identificados na visão medial! 
 
2.4. ÍNSULA 
Ao afastarmos os lábios do sulco Lateral e retirar parte do lobo Frontal e Parietal 
podemos ver uma fossa onde está a Ínsula, um outro lobo cerebral. Ela está escondida 
porque durante a embriogênese seu crescimento é mais lento. Possui alguns sulcos e 
giros, como o sulco Circular da ínsula, sulco Central da ínsula e os Giros Curtos 
(anteriores) e Giros Longos da Ínsula (posteriores). 
O córtex da insula está 
localizado lateralmente à 
cápsula extrema (substância 
branca do cérebro). Está 
relacionada com funções 
emocionais antigas 
filogeneticamente (fobias), 
sensoriais e motoras 
viscerais, vestibulares, 
movimentos somáticos e fala 
(apraxia). 
 
 
 
 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
3. FACE MEDIAL E OS LOBOS CEREBRAIS 
Para vermos essa face precisamos de um corte sagital mediano, expondo o Diencéfalo 
e estruturas Interhemisféricas, como o corpo caloso, o fórnix e o septo pelúcido. 
 
3.1. CORPO CALOSO 
É uma comissura inter-hemisférica com fibras mielinizadas que vão de um centro 
branco medular para o outro do lado oposto (Principal feixe de associação inter-
hemisférica!). 
Podemos identificar o Tronco do Corpo Caloso, 
sendo a parte superior da curva; o Esplênio, 
sendo a porção dilatada posterior; uma parte com 
uma curva bem acentuada ventralmente, o 
Joelho; e o Rostro, que é a parte afinalada 
anterior e que termina na Comissura Anterior 
(outra comissura inter-hemisférica). A lâmina 
terminal abaixo da CA também é uma estrutura 
interhemisférica. 
3.2. FÓRNICE 
Vai desde o esplênio do Corpo Caloso até a Comissura Anterior, inferiormente. Não 
pode ser visto por completo no corpo sagital mediano, é bem complexo. O fórnice é uma 
estrutura PAR, simétricas e bem afastadas posteriormente mas que vão se unindo 
anteriormente como os ventrículos laterais. 
É dividido em corpo, colunas e pernas do fórnix. As colunas terminam nos Corpos 
Mamilares (Hipotálamo); as pernas passam pelo corno inferior do Ventrículo Lateral e 
se ligam ao Hipocampo. Ele integra parte do sistema límbico – “circuito de Papez”. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
3.3. SEPTO PELÚCIDO 
Septo Pelúcido (do latim septum – cerca, e 
pellucidus – transparente) são duas 
membranas ligadas ao tronco e joelho do 
Corpo Caloso superiormente e 
inferiormente ao Fórnice. Possui uma 
cavidade virtual e é responsável por 
separar os Ventrículos Laterais. 
3.4. LOBO FRONTAL E LOBO 
PARIETAL 
Possuem sulcos que fazem parte dos dois 
lobos, o sulco do Corpo Caloso e o sulco 
do Cíngulo. 
Sulco do Corpo Caloso → Vai desde o rostro do Corpo Caloso, contorna acima o 
tronco do corpo caloso, o esplênio e termina no lobo Temporal, junto com o sulco do 
Hipocampo. 
Sulco do Cíngulo → Paralelo ao sulco do Corpo Caloso só que mais superior, sendo 
separados pelo Giro do Cíngulo. Na extremidade posterior se divide em ramos 
Paracentral (o mais anterior, divide o lóbulo Paracentral do Giro Frontal Medial), 
Marginal (se curva em direção à margem superior do hemisfério cerebral - Separa o 
pré-cúneo do lóbulo paracentral) e ramo Subparietal (continua inferiormente no trajeto 
normal do giro do Cíngulo). 
O Sulco Paracentral, que sai do sulco do Cíngulo antes do sulco Marginal e também 
vai em direção à margem superior. Entre o sulco Paracentral e o ramo Marginal temos 
o lóbulo Paracentral. Na porção anterior do lóbulo Paracentral temos a área motora 
relacionada com a perna e pé, enquanto na porção posterior desse lóbulo temos a área 
sensitiva também relacionada com a perna e o pé. Logo, o lóbulo Paracentral deve 
conter dois giros, o Giro Pré-Central e o Pós-Central, assim como o sulco central 
separando eles. 
O Giro do Cíngulo (do latim cingula – cintura) tem uma parte anterior abaixo do rostro 
do Corpo Caloso chamada Área Septal. Localiza-se o centro do prazer humano e 
quando lesada pode causar a raiva septal. Ela estabelece conexões com o hipotálamo 
e formação reticular. 
Na região posterior, próximo ao esplênio do corpo caloso, o Giro do Cíngulo torna-se 
estreito formando o istmo do giro do cíngulo, que se comunica com o giro 
parahipocampal. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
3.5. LOBO OCCIPITAL 
Possui dois sulcos nessa face medial, sendo o sulco Calcarino e o ParietoOccipital. 
Conseguimos ver esses sulcos na visão dorsolateral também, mas muito pouco. É 
melhor olharmos na visão medial para identificar os sulcos e giros do Lobo Occipital. 
Sulco Calcarino* → Inicia-se abaixo do esplênio do Corpo Caloso e vai até o polo 
occipital. Nos lábios desse sulco temos a área visual primária V1 (ou área estriada – 
tem uma estria branca no córtex). 
Sulco Parietoccipital → Muito profundo, separa o lobo Occipital do lobo Parietal; se 
une ao sulco Calcarino próximo ao esplênio, formando um ângulo agudo. 
Posteriormente ao sulco parietoccipital está o cúneos e, anteriormente o pré-cúneos. 
Entre o sulco Calcarino e o sulco Parietoccipital temos o Cúneos, um giro de forma 
triangular, em forma de cunha. O cúneos é a parte que está associada diretamente à 
função visual primária (V1). Abaixo do sulco Calcarino temos o Giro Occipito-Temporal 
Medial, que se continua com o Giro Para-Hipocampal do lobo Temporal. 
*Do latim Calcarinus, em forma de esporão (uma estrutura com formato pontudo, como 
de chifre). Um bom exemplo de esporão é o osso calcâneo do pé, que também chama 
por causa disso. Calcarino também lembra Calcanhar, que é onde fica o calcâneo, 
estrutura óssea com formato de esporão. 
 
4. FACE INFERIOR E OS LOBOS CEREBRAIS 
A face inferior (base) do hemisfério cerebral possui duas partes: parte anterior (Lobo 
Frontal e repousa na Fossa Anterior do crânio) e parte posterior (Lobo Temporal e 
respousa na fossa média e Tenda do Cerebelo). 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
 
4.1. LOBO TEMPORAL 
Possui 3 sulcos principais na face inferior: sulco Occipitotemporal, sulco Colateral e 
sulco do Hipocampo. 
Sulco OccipitoTemporal → É o mais lateral, com o Giro Temporal Inferior na borda 
lateral. Medialmente a ele, temos o Giro OccipitoTemporal Lateral (giro fusiforme). 
Sulco Colateral → Vai desde o Polo Occipital até abaixo do Giro Para-hipocampal. A 
borda medial é feita pelo Giro Occipito Temporal Medial. Esse sulco separa áreas 
antigas (mediais) e áreas recentes (laterais) do córtex. 
Sulco do Hipocampo → O mais medial. Vai desde a parte inferior ao esplênio do Corpo 
Caloso (contínuo com o sulco do Corpo Caloso) até o Polo Temporal. Separa o Giro 
Para-Hipocampal (abaixo) do Úncus (porção dilatada ventralmente do giro 
parahipocampal – relacionado com o olfato). 
O giro Occipito Temporal Lateral está relacionado com a função visual secundária 
(V2, reconhecimento de cor, face, números e palavras). Já o Giro Occipito Temporal 
Medial está relacionado com a função visual primária (V1). 
O GiroPara-Hipocampal é uma continuação anterior do giro Occipito Temporal 
Medial. O primeiro se liga posteriormente ao Giro do Cíngulo pelo istmo do giro do 
cíngulo. Assim, as estruturas Giro Para-Hipocampal, úncus, Istmo do Giro do Cíngulo e 
Giro do Cíngulo são conhecidas como “Lobo Límbico” por fazerem parte do SISTEMA 
LÍMBICO. 
A parte anterior do Giro Para-Hipocampal é muito importante para a memória, sendo 
lesada na doença de Alzheimer. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
4.2. LOBO FRONTAL 
Possui apenas um sulco 
importante, o sulco Olfatório. É 
um sulco profundo e 
longitudinal. Medialmente a ele 
temos o Giro Reto, que se 
continua com o Giro Frontal 
Superior. O restante da face 
inferior do lobo Frontal possui 
sulcos e giros irregulares 
chamados sulcos e giros 
Orbitários (ou Orbitais). 
Em geral, todas essas 
estruturas da face inferior do 
lobo frontal se relacionam com o 
olfato (rinencéfalo). O sulco 
Olfatório serve também para o 
alojamento do Nervo Olfatório 
(I) e de seu bulbo. 
 
5. VENTRÍCULOS LATERAIS 
Os Ventrículos Laterais são revestidos internamente por epêndima e possui líquor 
(líquido cerebroespinhal – LCR). Temos dois ventrículos laterais, direito e esquerdo, 
que estão escondidos na massa cerebral. Se comunicam com o III Ventrículo apenas 
pelo Forame de Monro (Forame Interventricular), sem se comunicar entre si. 
Os ventrículos laterais possuem uma parte central e 3 cornos correspondentes aos 3 
polos (polo frontal, temporal e occipital → Corno Anterior, Corno Inferior e Corno 
Posterior). O corno Anterior e Posterior tem o Corpo Caloso formando o Teto. 
De modo geral, a parede medial é formada pelo Septo Pelúcido. O assoalho e a parede 
lateral são formados pela Cabeça do Núcleo Caudado (núcleo da base), que fica 
proeminente no corno anterior. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
O teto e limite anterior são 
formados pelo Corpo 
Caloso (exceção: Corno 
Inferior – substância 
branca, Cauda do Núcleo 
Caudado e Estria 
Terminal). A Amígdala 
(proeminência arredondada 
da cauda do núcleo 
caudado) faz parte do teto 
do Corno Inferior! 
Próximo ao assoalho do 
corno inferior também 
temos a Eminência 
Colateral (formada pelo 
sulco Colateral) e o 
Hipocampo. O Hipocampo 
é uma proeminência 
superior ao Giro Para-
Hipocampal, possui 
conexões com o fórnice e 
tem função relacionada com 
a memória. 
 
 
 
6. CENTRO BRANCO MEDULAR DO CÉREBRO 
É a parte de substância branca do cérebro, abaixo do córtex cerebral e onde estão os 
núcleos da base. No geral, temos dois tipos de fibras mielínicas: as fibras de 
Associação e as fibras de Projeção. 
6.1. FIBRAS DE PROJEÇÃO 
As fibras de Projeção ligam o córtex cerebral aos centros subcorticais, ou seja, 
levem e trazem informações do córtex cerebral para o Tálamo, Tronco Encefálico e 
Medula. Ex.: fibras da Cápsula Interna (espessa, é chamada também de Coroa 
Radiada), Fórnice (une corpo mamilar com córtex hipocampal). 
➢ CÁPSULA INTERNA 
É um feixe de fibras que separam o Tálamo do G. Pálido (posteriormente) e o Núcleo 
Caudado do Putâmen (anteriormente). Abaixo da base do cérebro é chamada de 
pedúnculos cerebrais, quando está no nível dos núcleos da base e tálamo é chamada 
de cápsula interna, e acima dos núcleos é chamada de Coroa Radiada. 
Temos 3 partes: Braço/perna Anterior, Joelho e Braço Posterior. A parte anterior 
separa a cabeça do Núcleo Caudado do Putâmen. O Joelho é uma parte de curva, tem 
um ângulo agudo. A parte posterior separa o Tálamo da porção medial do G. Pálido. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Contém as fibras que entram e saem do 
Telencéfalo, como as fibras sensitivas 
(Radiações Talâmicas) e fibras motoras 
(Corticopontino, Corticonuclear, 
Corticoespinhal, Corticorreticulares). As 
radiações são todas as fibras que saem do 
tálamo e vão para o córtex cerebral. 
Tais fibras diferentes tem posições fixas 
dentro da cápsula interna, assim, se 
lesarmos uma parte saberemos mais ou 
menos quais fibras foram lesadas: 
Joelho: Trato Corticonuclear. 
Braço Anterior: fibras que vão para o lobo 
frontal. 
Braço Posterior: Trato Corticoespinhal + 
Radiações Talâmicas (sensibilidade 
somática). 
Lesões da cápsula interna ocorre geralmente no braço posterior (AVC), causando 
hemiplegia e perda de sensibilidade contralaterais. 
6.2. FIBRAS DE ASSOCIAÇÃO 
As fibras de Associação unem áreas cerebrais dos dois hemisférios relacionadas a 
uma função, ou seja, ligam centros primários e secundários da fala entre eles e com os 
centros contralaterais. Quando essas fibras de associação cruzam o plano mediano 
para unir áreas correspondentes dos dois lados chamamos de fibras inter-
hemisféricas. Quando não cruzam o plano mediano e conectam pontos do mesmo 
hemisfério são chamadas fibras de associação intra-hemisféricas. 
➢ FIBRAS DE ASSOCIAÇÃO INTRA-HEMISFÉRICAS 
São classificadas em curtas ou longas. As curtas associam áreas próximas do córtex, 
como dois giros separamos por 1 sulco. Como elas passam pelo fundo do sulco, são 
chamadas de fibras arqueadas ou fibras de U. 
As longas são chamadas de 
fascículos, pois contém 
maiores quantidades de fibras. 
Geralmente ligam várias áreas 
do mesmo hemisfério. 
Exemplos: Fascículo do 
Cíngulo (faz o sulco do cíngulo 
e une lobo frontal com o 
temporal); Fascículo 
Longitudinal Superior* 
(Fascículo Arqueado – une os 
lobos frontal, parietal e 
occipital); Fascículo 
Longitudinal Inferior (une lobo 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
occipital e temporal); Fascículo 
Unciforme (forma o sulco lateral, 
une o lobo frontal ao temporal). 
*Fascículo Longitudinal 
Superior: importante na 
linguagem pois une a área de 
Broca (lobo Frontal) com a área 
de Wernicke (lobo 
temporal/parietal) da linguagem. 
 
➢ FIBRAS DE 
ASSOCIAÇÃO INTER-
HEMISFÉRICAS 
São chamadas também de fibras 
comissurais, pois cruzam o plano mediano unindo as mesmas regiões dos dois 
hemisférios (simétrico). Elas se juntam para formar a Comissura do Fórnix, Comissura 
Anterior e Corpo Caloso. 
Comissura do Fórnix: unem os dois Hipocampos. 
Comissura Anterior: une bulbos e tratos olfatórios (porção olfatória) e une lobos 
temporais (porção não-olfatória). 
Corpo Caloso: maior feixe de fibras do sistema nervoso. Une todo o restante das áreas 
corticais simétricas do telencéfalo. Permite a transferência de informação de um 
hemisfério para outro, fazendo com que ajam juntos. 
 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
7. CÓRTEX CEREBRAL 
O córtex cerebral é uma fina camada 
superficial de subst. Cinzenta ao redor 
do centro medular do cérebro. Recebe 
muitas fibras aferentes que são 
interpretradas, bem como manda 
eferências psíquicas e motoras. 
Possui neurônios, células neurogliais 
(glia) e fibras (axônios). A organização é 
bem complexa, muito mais do que o 
córtex cerebelar, não tendo camadas 
muito definidas. Possui 6 camadas, da 
superfície para o centro medular: 
camada molecular, camada granular 
externa, camada piramidal externa, 
camada granular interna, camada 
piramidal interna (ganglionar) e camada 
de células fusiformes (multiforme). 
• ÁREAS DE BRODMANN 
O córtex pode ser dividido em áreas citoarquiteturais, sendo a divisão mais comum a 
de Brodmann, que foi dividida ainda conforme a função dessas áreas. Temos 52 áreas 
com citoarquitetura e função comuns nomeadas por números. 
Áreas mais importantes: 
Áreas 3, 1 e 2 - Córtex somatosensitivo primário (S1) 
Área 4 -Córtex motorprimário (M1). Responsável pela motricidade e força muscular 
contralateral. Lesões causam: hemiparesia, hemiplegia. 
Área 5 -Córtex somatosensorial associativo (S2) 
Área 6 -Córtex pré-motor e Córtex motor suplementar (M2). Planejamento dos 
movimentos dos membros e oculares. Lesões causam: apraxia (dificuldade de 
realizar o movimento), agrafia sem alexia, ataxia, espasticidade, posturas 
disotônicas. 
Área 7 -Córtex somatosensorial de associação (S2). 
Área 8 - Campos oculares frontais - Movimentos sacádicos oculares. Responsável 
pelo desvio voluntário do olhar para o lado oposto. Lesão causa: desvio dos olhos 
para o lado da lesão (estrabismo). Se o desvio for contrário à hemiplegia, a 
lesão é do lobo frontal (área 8) por AVE da A. cerebral média. Se for para o 
lado da hemiplegia, lesão da ponte por AVE pontino. 
Área 17 - Córtex visual primário(V1) 
Área 18 - Córtex visual secundário(V2) 
Área 19 - Córtex associativo da visão (V3,V4,V5) 
Área 36 - Córtex Parahippocampal (Localizado no giro Parahipocampal) 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp 
Área 39 - Giro angular-considerado parte da área de Wernicke 
Área 40 - Giro Supramarginal-Parte da área de Wernicke 
Áreas 41 e 42 -Córtex primário e de associação auditivo (A1 e A2) 
Área 44 - Parte Opercular - parte da área de Broca. Pronunciamento espontâneo de 
nomes, programação motora da fala, atividade motora relacionada à fala. Lesão 
causa afasia (distúrbio de linguagem), disfasia, mantendo a compreensão do que se 
fala. 
Área 45 – Parte Triangular – parte da Área de Broca. Palavra, planificação do 
movimento, fala através de sentenças. 
 
• ORGANIZAÇÃO FUNCIONAL DO CÓRTEX 
As áreas corticais não são homogêneas, ou seja, a áreas correspondentes dos dois 
hemisférios nem sempre tem a mesma função. Por exemplo, na maioria das pessoas a 
área de Broca (44 e 45) fica no lado esquerdo, enquanto em uma pequena parcela 
da população ela está apenas no lado direito. 
A organização funcional nem sempre bate com a área de Brodmann nem com a divisão 
em giros, lobos etc. Temos dois tipos de áreas corticais: áreas de projeção e áreas de 
associação. 
- Áreas de Projeção: aferências e eferências relacionadas com a sensibilidade e 
motricidade. Só lesões aqui (não nas de associação) que pode causar paralisias e 
alterações na sensibilidade. 
Podem ser divididas em áreas sensitivas e áreas motoras. Essas áreas são chamadas 
de primárias, pois tem um vínculo mais forte com a informação. 
- Áreas de Associação: processamento mais complexo das informações. As áreas 
associadas à sensibilidade ou motricidade são chamadas áreas secundárias ou de 
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áreas terciárias. As áreas de associação secundárias possuem aferências apenas das 
áreas primárias. 
As áreas de associação terciárias estão envolvidas com as atividades psíquicas 
superiores e possui conexões com muitas áreas ao mesmo tempo, primárias ou 
secundárias. As áreas terciárias são a base do pensamento, memória, processos, 
tomada de decisões, planejamento futuro etc. Ex.: área Pré-Frontal. 
No homem, as áreas de associação ocupam uma porcentagem muito maior em 
comparação com as de projeção (grande capacidade psíquica). Exemplo de conexões 
entre essas áreas corticais: 
→ Ao pegarmos uma bola na mão, de olhos fechados, ativamos primeiro a área 
somestésica primária (S1), pois sentimos a forma do objeto. Depois ativamos a área 
somestésica secundária (S2), que é uma área de associação pois associamos a forma 
do objeto com uma bola registrada na memória, identificando o objeto. Caso tenhamos 
lesão da área somestésica secundária teremos uma agnosia tátil, porque não 
conseguiremos identificar o objeto com uma bola (de olhos fechados), mesmo sentindo 
sua forma arredondada. 
Assim, agnosia é a perda da capacidade de reconhecer objetos devido a lesões 
nas áreas corticais secundárias (de associação). Assim, o indivíduo com alguma 
agnosia consegue perceber o objeto mas não consegue associá-lo à imagem da 
memória, não sabe qual objeto é. 
8. ÁREAS CORTICAIS E SUAS FUNÇÕES 
 
8.1. ÁREAS SENSITIVAS 
Estão nos lobos Parietal, Temporal e Occipital. As mais importantes são as áreas 
visuais, pois estão em todos esses lobos, principalmente no occipital inteiro. Possuem 
áreas de projeção (primárias) e de associação (secundárias), relacionadas com a 
sensação do estímulo e com a identificação dele. Temos as áreas sensitivas 
relacionadas com a sensibilidade somática (geral, do corpo) e sensibilidade especial 
(gustação, audição, olfato e visão). 
➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE SOMÁTICA 
- Área Somestésica Primária (S1): está no Giro Pós-Central do Lobo Parietal, 
corresponde as áreas 1, 2 e 3 de Brodmann. Recebe radiações talâmicas dos núcleos 
Ventral Posterolateral e Ventral Posteromedial com informações de temperatura, 
pressão, tato, dor e propriocepção consciente contralaterais. 
→ Estímulo elétrico direto: sensações difusas de formigamento ou dormência. Existe 
uma somatotopia (“Homúnculo Sensitivo”). 
→ Lesões: AVC’s da A. Cerebral Média ou A. Cerebral Anterior causam perda da 
sensibilidade discriminativa do lado contralateral à lesão. Incapaz de distinguir a 
intensidade do estímulo, a localização no corpo e a estereognosia. A capacidade de 
sentir a temperatura, dor e tato protopático não é perdida pois já fica consciente em nível 
Talâmico. 
- Área Somestésica Secundária (S2): Está posterior à S1, no lóbulo Parietal 
Superior, e corresponde as áreas 5 e parte da 7 de Brodmann. 
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→ Lesão: Agnosia tátil, ou seja, incapacidade de reconhecer objetos pelo tato, apesar 
de sentí-lo. Não consegue associar o estímulo tátil com o objeto da memória. 
➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – VISÃO 
- Área Visual Primária (V1): Está nos lábios do Sulco Calcarino, no Lobo Occipital, e 
corresponde à área 17 de Brodmann (córtex estriado). Recebe o trato Genículo-
Calcarino com fibras vindo do Corpo Geniculado Lateral, relacionadas com a visão. 
→ Estímulo elétrico direto: alucinações visuais com círculos brilhantes, sem definição. 
Tem uma retinotopia, onde as áreas superiores da retina correspondem as áreas 
inferiores do lábio do sulco calcarino (sempre o contrário). 
→ Lesão: lesão bilateral no lábio do sulco calcarino causa cegueira completa nos dois 
olhos. Dependendo do local da lesão no sulco temos áreas contrárias perdidas da retina. 
- Áreas Visuais Secundárias (V2, V3, V4 e V5): são extensas, fazendo parte do lobo 
occipital, quase todo o lobo temporal e parte do parietal. Correspondem às áreas 18, 
19, 20, 21 e 37 de Brodmann (giros temporais medial e inferior + giro occipito temporal 
medial). 
Essas áreas são conectadas por duas vias corticais que 
saem de V1 e unem todas essas outras áreas: via dorsal 
(vai para a parte porterior do Lobo Parietal) e via ventral 
(une as áreas do lobo Temporal). 
Via Dorsal: Percepção de movimento, de velocidade e 
representação espacial dos objetos. Determina se o objeto 
em questão está parado ou não. 
Via Ventral: Percepção de cores, reconhecimento de 
objetos e de faces. Determina o que o objeto é, compara 
com o da memória. 
→ Lesões: Agnosia visual, ou seja, incapacidade de reconhecer objetos ou aspectos 
deles, apesar de conseguir enxergá-los normalmente. Muito comum em lesões do lobo 
Temporal, que envolve a via ventral (“o homem que confundiu sua mulher com um 
chapéu” – Oliver Sacks). As lesões da via dorsal fazem com que o indivíduo não consiga 
ver os objetos em movimento, pensam que as águas de um rio,por ex., estão sempre 
paradas. 
➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – AUDIÇÃO 
- Área Auditiva Primária (A1): está no Giro Temporal Transverso Anterior (giro de 
Heschl), correspondente às áreas 41 e 42 de Brodmann. Recebe a radiação auditiva 
que veio do Corpo Geniculado Medial, envolvida com a via auditiva. 
→ Estímulo elétrico direto: causam alucinações auditivas difusas, como zumbidos. Há 
uma representação tonotópica com base na frequência dos sons. 
→ Lesões: se bilateral, causam surdez completa (surdez central). Lesões unilaterais 
(em apenas um giro) causam déficts auditivos pequenos pois a via auditiva não se 
cruza totalmente, se mistura para não perder totalmente a audição. 
- Área Auditiva Secundária (A2): está no Giro Temporal Superior, ao lado da área 
auditiva primária e corresponde a área 22 de Brodmann. Está associada a informações 
auditivas especiais. 
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➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – PROPRIOCEPÇÃO 
INCONSCIENTE 
- Área Vestibular: está no lobo Parietal, próxima da área somestésica da face. Recebe 
fibras de sensibilidade proprioceptiva inconsciente vindas do vestíbulo que informam 
sobre a posição e movimentação da cabeça. 
➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – OLFATO 
- Área Olfatória: está na parte anterior do Úncus e do Giro Para-Hipocampal (área 
entorrinal – Rinencéfalo). É verdade o boato de que se você sente cheiros muito 
estranhos e desagradáveis quando ninguém mais sente pode ter algum problema 
central: epilepsias locais no úncus pode causar essas alucinações olfatórias (crises 
uncinadas). 
➢ ÁREAS DA SENSIBILIDADE ESPECIAL – GUSTAÇÃO 
- Área Gustativa Primária (G1): está na parte posterior da Ínsula. É ativada apenas 
pela visão ou pensamento de alimento, então recebe fibras visuais e do córtex pré-
frontal também. Também tem conexões com o olfato e sensibilidade somestésica da 
boca. 
- Área Gustativa Secundária (G2): está na região orbitofrontal da área Pré-Frontal. 
 
8.2. ÁREAS MOTORAS 
Recebem muita informação sensorial para poder atuar, pois a movimentação depende 
dos sistemas sensoriais e motores. O objetivo do movimento (para quê queremos 
movimentar nosso braço) vem do córtex Pré-Frontal, que envia fibras para as áreas 
motoras primárias e secundárias (pré-motora e suplementar). Lembrar que para que o 
movimento ocorra é necessária a integração das 3 áreas motoras (“3 mosqueteiros”). 
➢ ÁREA MOTORA PRIMÁRIA ( M1) 
Está na parte posterior do Giro Pré-Central, no Lobo Frontal. Corresponde à área 4 de 
Brodmann. É considerada primária pois tem o menor limiar para desencadear 
movimentos quando é estimulada eletricamente (um estímulo pequeno já causa alguma 
contração muscular). Epilepsias nessa área 4 causa estimulação constante, causando 
contração involuntária de grupos musculares. 
Há uma somatotopia de cada área do corpo nessa giro, semelhante à somatotopia da 
sensibilidade somestésica (“Homúnculo Motor”). O tamanho da mão, por exemplo, é 
proporcional à delicadeza de movimentos (movimentos finos) e à frequência de uso. 
→ Aferências: recebe fibras do Tálamo (este recebe fibras dos Núcleos da Base e do 
Cerebelo e repassa para a M1), da área somestésica e das áreas motoras secundárias 
(Pré-Motora e Suplementar). 
→ Eferências: Trato Corticoespinhal e Corticonuclear (musculatura distal dos 
membros). 
➢ ÁREAS MOTORAS SECUNDÁRIAS 
- Área Pré-Motora: Lobo Frontal, corresponde à área 6 de Brodmann. Precisa de 
estímulos elétricos maiores para gerar algum movimento e envolve áreas mais 
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extensas, como movimentação de todo o tronco. A função principal é o planejamento 
motor. 
Lesão: Paresia de grupos musculares extensos (diminuição da força), ou seja, o 
paciente não consegue elevar o braço ou perna (atinge a base dos membros, porção 
proximal). 
→ Aferências: recebe fibras do Cerebelo através do Tálamo e das áreas de associação 
corticais. 
→ Eferências: Via Córtico-Retículo-Espinhal se origina dessa área e controla os 
músculos proximais dos membros, auxiliando na postura e criando uma base para que 
os movimentos finos possam ocorrer (por isso auxilia a M1). Também manda eferências 
diretas para a M1. 
- Área Motora Suplementar: está na face medial do Giro Frontal Superior (giro frontal 
medial) e corresponde a área 6 de Brodmann. Tem conexões com o Corpo Estriado 
(via Tálamo), com a M1 e com a área Pré-Frontal. A função principal também é o 
planejamento motor, sequências complexas de movimentos. 
• PLANEJAMENTO MOTOR 
É feito um plano motor pelas áreas motoras secundárias (Pré-Motora e Suplementar) 
que depois envia as ordens para a área motora Primária (M1) e ela executa através dos 
tratos corticoespinhais. O planejamento motor envolve escolha dos grupos musculares 
certos para que o movimento ocorra conforme o desejado, calculando a trajetória, a 
velocidade, direção e a força do movimento. 
Também participam desse planejamento motor 
o Núcleo Denteado do Cerebelo (através do 
Tálamo) e os núcleos da base, principalmente o 
Corpo Estriado (também através do Tálamo, 
alça estriato-tálamo-cortical). A área Pré-
Frontal também participa pois vem dela a 
iniciativa de gerar o movimento, o desejo de 
movimentar, já que está relacionada com a 
tomada de decisões (é a primeira área a ser 
ativada). 
As áreas motoras secundárias são muito 
importantes para que o movimento ocorra 
corretamente, pois lesões nelas causam 
Apraxia: incapacidade de realizar gestos 
simples coordenados, como escovar os dentes. 
Essas áreas secundárias não são ativadas ao 
mesmo tempo, ou a pré-motora é ativada o a 
suplementar. Quando a decisão de movimentar 
vem do córtex Pré-Frontal, temos a área 
Suplementar é ativada. Quando a decisão vem 
de estímulos externos (ordem de pegar o 
objeto), o córtex Pré-Frontal é ativado. 
 
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• SISTEMA DE NEURÔNIOS-ESPELHOS 
São neurônios ativados em movimentos normais (como pegar um objeto) e quando 
vimos outra pessoa fazendo um movimento e copiamos (por isso espelho). Esse sistema 
ocupa parte da área pré-motora e a parte inferior do lobo Parietal (Sistema 
FrontoParietal). Nesses locais também há uma organização somatotópica. 
Esses neurônios espelhos agem excitando neurônios motores que executam a 
contração e fazem parte da aprendizagem motora por imitação. Assim, o aprendizado 
é mais facilitado quando vemos outra pessoa fazendo e copiamos. Ex.: crianças 
pequenas imitando os pais; aulas de cirurgia ou de exame clínico que vemos o professor 
fazendo e copiamos. 
 
8.3. ÁREAS TERCIÁRIAS 
São áreas que não são categorizadas apenas como visual, auditiva, motora etc, elas se 
relacionam com tudo ao mesmo tempo (supramodais). Recebem informações já 
processadas das áreas secundárias sensitivas e motoras e criam estratégicas 
comportamentais. 
Temos como áreas terciárias a área Pré-Frontal, área Parietal Posterior, Córtex Insular 
Anterior e áreas Límbicas. 
➢ ÁREA PRÉ-FRONTAL 
Está na área não-motora do lobo Frontal e é enorme. Tem conexões com as outras 
áreas corticais, núcleos talâmicos (dorsomedial), amigdala, hipocampo, núcleos da 
base, cerebelo e TE. Tem como função coordenar as funções neurais 
(comportamento intelingente humano). 
→ Lesões que destruam a área Pré-Frontal preservam as funções cognitivas, mas 
causa perda da personalidade e perda da memória operacional (“curto prazo”). 
→ Lobotomia Pré-Frontal: interrupção da conexão da área Pré-Frontal com o núcleo 
Dorsomedial do Tálamo, que causa um estado de “tamponamento psíquico”, ou seja, 
o indivíduo fica inerte, não reage nem à tristezanem à alegria. Foi usada antigamente 
para tratar pacientes psiquiátricos (depressão, ansiedade e esquizofrenia). O paciente 
ficava sem essas doenças, mas também ficava inerte na vida, sem reação a nada. Eles 
também perdem a capacidade de decidir o comportamento mais adequado para a 
situação, urinando e masturbando-se em público. 
- Área Pré-Frontal Dorsolateral: Está na parte anterior e dorsolateral do lobo Frontal. 
Tem conexões com o Corpo Estriado (Putâmen) pelo circuito cortico-estriado-
talâmico-cortical. Tal circuito é importante para as funções executivas do planejamento 
das estratégias comportamentais mais adequadas à situação. 
Também está relacionado com a avaliação das consequências das ações e com o 
planejamento inteligente de ações para contornar um problema futuro. Essa área 
dorsolateral também é responsável pela nossa memória operacional (“memória de curto 
prazo”). 
- Área Pré-Frontal Orbitofrontal: está ao lado os giros orbitários, na parte inferior do 
lobo Frontal. Tem conexões com o Núcleo Caudado, que manda eferências para o G. 
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Pálido e depois para o Núcleo Dorsomedial do Tálamo que devolve para a área pré-
frontal orbitofrontal (circuito cortico-caudado-talâmico-cortical). 
Esse circuito tem como função o processamento das emoções, supressão dos 
comportamentos socialmente indesejáveis e manutenção da atenção. Lesões aqui 
causam as mesmas coisas que a lobotomia pré-frontal, bem como déficit graves de 
atenção. 
➢ ÁREA PARIETAL POSTERIOR 
Está no lobo Parietal Inferior, ou seja, Giro Supramarginal (área 40) e Giro Angular 
(área 39). Assim, está entre as áreas secundárias auditiva, visual e somestésica, 
integrando as informações vindas dessas áreas. 
Reúne todas as informações possíveis sobre o objeto e cria uma imagem dele. Também 
participa do planejamento motor, atenção seletiva, percepção espacial, percepção do 
eu no espaço e do próprio corpo. 
→ Lesões: se bilateral, a pessoa perde a capacidade de se sentir no espaço, não 
consegue alcançar objetos ao lado (desorientação espacial generalizada). As 
consequências mais comuns de lesão dessa área é a Síndrome da Negligência, que 
acomete lesão do Lobo Perietal Inferior Direito. 
Nessa síndrome temos a perda de reconhecimento da parte esquerda do próprio corpo 
e de todo o resto (espaço, objetos, outras pessoas). Então o paciente só veste sua 
metade direita, só lava e faz a barba na metade direita, só desenha a metade direita, só 
escreve na metade direita do papel, só come a metade direita do prato etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
➢ CÓRTEX INSULAR ANTERIOR 
Está envolvido com a empatia, conhecimento da própria fisionomia como diferente da 
dos outros, sensação de nojo na presença de fezes, vômitos, carniça etc, percepções 
de emoções (Sistema Límbico). 
Em psicopatas, essa parte anterior do córtex da Ínsula pode estar danificada, não 
permitindo que o indivíduo sinta empatia com o sofrimento alheio e nem sinta emoções. 
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➢ ÁREAS LÍMBICAS 
Estão no córtex do Hipocampo (giro Denteado), giro Para-Hipocampal, Giro do 
Cíngulo, Córtex Insular Anterior e área Pré-Frontal Orbitofrontal. Essas áreas 
fazem parte do Sistema Límbico, associadas à memória e emoções. O Circuito de 
Papez corresponde a área límbicas relacionadas com as emoções. 
 
8.4. ÁREAS RELACIONADAS COM A LINGUAGEM 
Temos a área anterior da linguagem e a 
área posterior da linguagem. A área anterior 
é a ÁREA DE BROCA, que está na parte 
opercular e triangular do Giro Frontal 
Inferior (44 e 45 de Brodmann). Na maioria 
dos indivíduos está localizada apenas no 
hemisfério esquerdo, enquanto uma 
minoria tem no lado direito. Está relcionada 
com a expressão da linguagem, ou seja, 
programa a atividade motora relacionada 
com a fala, organiza os músculos que vão 
contrair para que produza fala. 
A área posterior da linguagem é a ÁREA 
DE WERNICKE e está entre os lobos 
temporal e parietal (área 22 de Brodmann). 
Relacionada com a percepção da 
linguagem, ou seja, organiza o que vai ser 
falado, o significado do que será falado em 
cada contexto. 
A junção dessas duas áreas nos dá a 
capacidade de perceber, entender e 
responder (a leitura e escrita também 
depende dessas áreas). Elas são ligadas 
pelo Fascículo Longitudinal Superior 
(fascículo arqueado) que passa 
informações da área de Wernicke para a de 
Broca. As informações visuais chegam do 
córtex visual para a área de Wernicke, ou 
informações auditivas do córtex auditivo 
para essa área, e assim vai. 
Primeiro o estímulo visual da leitura vai 
para as áreas visuais que enviam para o 
Giro Angular, que transforma grafema em fonema (área de associação). Depois manda 
para a área de Wernicke para a compreensão, que manda para a área de Broca para 
o planejamento da fala. Por fim, é mandada informação para o córtex Pré-Central, que 
envia fibras motoras e falamos. Toda essa via da linguagem é irrigada pela A. Cerebral 
Média. 
→ Lesões: Afasias, ou seja, são distúrbios da linguagem causados por lesões nos 
córtex dessas áreas envolvidas com a linguagem (lado esquerdo) e não com as vias 
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que permitem a fonação. Temos afasias motoras (de expressão) e afasias sensitivas 
(de percepção). 
- Afasia Motora: lesão na área de Broca (geralmente AVE isquêmico da A. Cerebral 
Média). Incapacidade de se expressar dizendo alguma coisa, a pessoa entende o que 
o outro fala ou escreve mas não consegue falar. Geralmente consegue falar poucas 
palavras demoradamente, com muito esforço. 
- Afasia Sensitiva: lesão na área de Wernicke. Incapacidade de perceber o que o outro 
fala ou escreve, não conseguindo produzir uma fala condizente com o que foi ouvido. 
Assim, o indivíduo pode falar coisas sem nexo, porque não entendeu o que o outro 
disse. 
9. ASSIMETRIA DAS FUNÇÕES CORTICAIS 
Os hemisférios não são simétricos, as 
funções atribuídas a um giro ou lobo 
podem ser diferentes entre o hemisfério 
direito e o esquerdo. O principal exemplo 
é a área da linguagem, que está presente 
apenas no lado esquerdo na maior parte 
da população. 
Assim, temos o hemisfério esquerdo 
com funções mais relacionadas com a 
linguagem e raciocínio matemático, 
enquanto o direito é dominante nas 
habilidades artísticas, na percepção 
espacial e no reconhecimento da 
fisionomia das pessoas. Ocorre uma 
especialização de cada hemisfério, mas 
não tem exclusividade funcional. Tal 
assimetria ocorre apenas nas áreas de 
associação, pois as áreas de projeção 
são idênticas (tipo, a área motora 
primária é idêntica nos dois hemisférios). 
→ Há uma relação entre a dominância cerebral (qual hemisfério é mais dominante no 
indivíduo) e o uso da mão (destro ou canhoto). Dentre os destros, mais de 90% tem o 
hemisfério esquerdo dominante. 
Como a área da linguagem (Broca) está presente em 85% da população no lado 
esquerdo pois a maior parte é destra, teremos muitas dúvidas em qual lado está a área 
de Broca em canhotos, então precisamos ter mais atenção nesses casos 
(neurocirurgia). Podemos usar constrastes ou ressonância magnética funcional para 
saber em qual hemisfério está a área de Broca da pessoa (a área fica mais ativa quando 
o paciente fala, aumenta o fluxo sanguíneo). 
→ Secção do Corpo Caloso: era usada para tratar casos de Epilepsia. Não causa 
distúrbios motores, só incapacidade das informações circularem de um hemisfério para 
o outro. Assim, se a pessoa tiver a área de Broca no lado esquerdo, não consegue 
descrever o objeto em voz altaquando colocado na mão esquerda, apesar de senti-lo, 
reconhece-lo e tudo mais. 
Branda de Oliveira de Lima, Turma LVI - MedUnicamp

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