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UTILIZAÇÃO DO ISOPOR EM OBRAS RODOVIÁRIAS USE OF STYROFOAM IN ROAD WORKS Guilherme Tadeu Araújo Ferreira1; Igor Fernandes Almeida de Oliveira Alves1; João Vitor do Carmo Gonçalves1; Kênia Prado Ribeiro1; Marina Mayra Ferreira da Silva1; Rodrigo Vinicius Silva1; Luiza Pinto Coelho Franco2 Centro Universitário de Belo Horizonte, Belo Horizonte, MG 1engcivil5.unibh@gmail.com; 2luiza.coelho@prof.unibh.br RESUMO: Este estudo relata a utilização do material isopor, originalmente chamado de EPS, em obras rodoviárias, como e por quem este serviço é realizado e se o mesmo é sustentável e economicamente viável. Uma maquete será elaborada a fim de ilustrar como tal atividade é desenvolvida. PALAVRAS-CHAVE: Isopor. EPS. Obras Rodoviárias. ABSTRACT: This study reports about the use of the material Styrofoam, originally called EPS, in road works, how and by whom this service is performed and whether it is sustainable and economically viable. A model is elaborate in order to illustrate such activity is developed. KEYWORDS: Styrofoam. EPS. Road Works. ____________________________________________________________________________ 1. INTRODUÇÃO A construção civil, nos últimos anos, tem procurado soluções sustentáveis que equilibrem a economia à utilização de novas tecnologias, a fim de causar menos impacto ao meio ambiente. Arquitetos e engenheiros buscam, através de pesquisas e testes laboratoriais, métodos e materiais que viabilizem suas obras, diminuindo tempo e, consequentemente, custo, destacando-os dos demais empreendimentos. (MÜLLER, 2014) Em 1949, foi descoberto um material que revolucionaria a construção civil nos quesitos sustentabilidade e economia: o poliestireno expandido, EPS. Descoberto nos laboratórios da BASF, na Alemanha, pelos químicos Fritz Stastny e Karl Buchholz, chegou ao Brasil por volta dos anos 60 e é marca registrada do grupo Knauf que, em 1998, deu o nome pelo qual hoje o conhecemos: isopor. (GONZAGA, 2015) Considerado um dos materiais mais utilizados na construção civil, o isopor apresenta uma série de vantagens, tanto econômicas como sustentáveis, reduzindo em até 20% o custo da fundação da edificação, 50% das ferragens utilizadas em lajes e 35% do consumo de concreto nas mesmas. (BURGOS, 2006) Além de ser um produto com baixa condutividade térmica, o isopor é leve (pesando cerca de 13kg/m³, ao contrário de concreto, que chega a pesar 2,5 mil kg/m³), possui baixa absorção de água e é adaptável, tornando-o símbolo de economia nas obras. (MÜLLER, 2014) Dentre as várias aplicações do isopor na construção civil, está a sua utilização em aterros de estradas e rodovias para controle de solos moles (solos com baixa resistência), substituindo o aterro convencional por blocos de EPS. Biologicamente inerte e com alta resistência mecânica, sobretudo à compressão, o EPS é composto 98% de ar, tornando-se um material leve e de fácil manuseio que, quando devidamente aplicado, pode reduzir as possibilidades de deformação das camadas moles do terreno. (NAKAMURA, 2012) Visando expor a utilização do isopor em obras rodoviárias, pesquisas bibliográficas foram feitas a fim de abordar todo o assunto e transmiti-lo de forma clara e objetiva. Um protótipo será elaborado para mostrar na prática, porém, em escala reduzida, a utilização do material em rodovias. 2. OBJETIVOS 2.1 OBJETIVO GERAL. O presente trabalho tem como objetivo geral apresentar a utilização do isopor em obras rodoviárias. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Apresentar o material isopor; Relatar a utilização do material na construção civil; Descrever as vantagens e desvantagens da utilização desse material; Demonstrar a metodologia construtiva do isopor nas rodovias; Elaborar um estudo de caso referente à obra da BR 101. 3. REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 APRESENTANDO O MATERIAL ISOPOR O EPS é um plástico celular rígido, derivado da polimerização do estireno em água. Como agente de expansão para a transformação do EPS, utiliza-se o pentano, um hidrocarboneto que se deteriora rapidamente pela reação fotoquímica gerada pelos raios solares, sem comprometer o meio ambiente. O EPS consiste em até 98% de ar e apenas 2% de poliestireno. (ABRAPEX, 2006) Poliestireno expansível é a matéria prima do EPS, que é um polímero de estireno que contém um agente de expansão obtido através do petróleo por meio de diversas transformações químicas. (EPS..., s.d.) Na fabricação do EPS segundo a ACEPE, a matéria prima passa por um processo de transformação física, não alterando as suas propriedades químicas. Esse processo de transformação ocorre em três etapas: Pré-expansão; Repouso intermédio e estabilização; Expansão e modelagem final. A pré-expansão do EPS é realizada, através de aquecimento por contato com vapor de água. Disto, resulta um granulado de partículas de EPS constituídas por pequenas células fechadas, que é armazenado para estabilização. A segunda etapa dá- se ao armazenamento necessário para permitir a decorrente transformação do EPS. Durante esta fase de estabilização o granulado resfria, criando uma depressão no interior das células. Ao longo deste processo, o espaço dentro das células é preenchido pelo ar circundante. Na etapa final, o granulado estabilizado é introduzido em moldes e novamente exposto ao vapor de água, o que provoca a soldagem do mesmo, dando origem a um material expandido, que é rígido e contém uma grande quantidade de ar. (ACEPE, s.d.) A propriedade mais importante do EPS é a resistência a transporte de calor. Isso se deve a sua estrutura celular, que se constitui por milhões de células fechadas com diâmetros de alguns décimos de milímetro e com parede de 1mm. O fator decisivo para a capacidade de isolamento térmico do EPS é o de conservar uma ampla escala de ar, quase imóvel, dentro de suas células. (EPS..., s.d.) As características mecânicas fundamentais do poliestireno expandido (EPS) relacionam-se com as classes de manipulação e a facilidade na aplicação, sendo as resistências à compressão, à flexão, à tração e a fluência sob a compressão. Os valores da resistência estão associados principalmente com a densidade do EPS. Os valores aumentam em um aspecto linear com a densidade conforme apresentado no Gráfico 1. (SANT’HELENA, 2009) Gráfico 1 – Variação da Resistência à Tração e Flexão Fonte: TECNOCELL, s.d. Na compressão, o poliestireno expandido (EPS) proporciona um desempenho elástico até a deformação atingir cerca de 2% da espessura da placa. Nesta circunstância, uma vez removida a força que provoca a deformação, a placa recupera a espessura original, conforme Gráfico 2. (SANT’HELENA, 2009) Gráfico 2 – Variação da Resistência à Compressão em Relação à sua Deformação Fonte: TECNOCELL, s.d. Acrescentando a força de compressão, supera-se o limite de elasticidade e verifica-se uma deformação constante de parte das células que, portanto, não se rompem. (SANT’HELENA, 2009) 3.2 UTILIZAÇÃO DO MATERIAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL A construção civil, hoje, é responsável por cerca de 80% do consumo total de EPS produzido no país, percentual justificado pela versatilidade do material, que pode ser empregado de várias formas em uma edificação. Sua utilização como blocos de isopor, por exemplo, pode reduzir cerca de 54,6 quilos no metro quadrado de uma estrutura se a mesma fosse construída utilizando-se métodos convencionais, como blocos cerâmicos. (SPINELLI,2002) De acordo com a ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química –, o crescimento do uso do produto no Brasil foi de 120%, sendo que, nos últimos três anos, houve um pico de consumo, graças a sua utilização em peso na construção civil. O isopor é utilizado em construções há cerca de 30 anos, mas de 2010 pra cá, seu uso teve um crescimento exponencial. Sua venda aumentou em 6%, passando de uma produção de 40 mil toneladas em 2003 para 100 mil em 2013. (FROEHLICH, 2014) Uma das suas inúmeras utilizações é como agregado no concreto, conhecido como “concreto leve”. Ele pode ser utilizado em quase tudo em uma construção, reduzindo em até 80% o peso da estrutura. Se não for exigida uma resistência elevada, o concreto leve pode ser utilizado sem nenhuma restrição. Possui isolamento termo acústico e é mais barato que o concreto convencional, reduzindo de 60 a 80% no custo final da obra, dependendo do porte da mesma. (ISOEP, 2016) Outra aplicação é como blocos de isopor, em substituição aos convencionais, feitos de material cerâmico ou de concreto. O tijolo de isopor reduz o peso da estrutura, é econômica e sustentavelmente mais viável, não serve de alojamento ou alimento para insetos, possui alto índice de isolamento térmico, fácil de ser transportado, baixa absorção de água e pode ser 50% mais barato que blocos convencionais. (PENSAMENTO VERDE, 2014) Sendo um ótimo substituto para as lajotas de cerâmica e/ou concreto, o isopor pode ser empregado em lajes treliçadas, fazendo com que o peso da laje diminua, já que atinge valores entre 10 e 25kg/m³, diferente da que é construída com cerâmica, por exemplo, que pode chegar a 800kg/m³. (GONZAGA, 2015) Talvez a utilização em lajes seja a maneira mais comum de se empregar o produto em construções. (SPINELLI, 2002) Além disso, o isopor pode ser bastante utilizado nivelamento ou enchimento de pisos, em telhados, sejam eles de fibrocimento, concreto ou cerâmica, paredes, forros e aterro de estradas onde há a presença de solos moles (GONZAGA, 2015), utilização que será foco da pesquisa apresentada. 3.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA UTILIZAÇÃO DO ISOPOR O EPS tem sido um material bastante utilizado devido suas inúmeras vantagens, tanto na construção civil quanto em suas demais aplicações, como embalagens, por exemplo, todas elas tendo como vantagem principal seu baixo peso e bom isolamento térmico. (TESSARI, 2006) Contudo, observa-se ainda certa resistência em relação ao uso desse material na construção civil, já que, dependendo de sua aplicação, o material pode ser aquecido e trazer sérios problemas à construção, além de sua real economia ser um assunto ainda desconhecido por muitos. (TESSARI, 2006) A fim de fazer uma relação do custo-benefício da utilização desse material na construção civil, serão apresentadas suas vantagens e desvantagens, buscando, por fim, chegar a uma conclusão sobre seu uso. Em uma pesquisa realizada entre empresas que utilizam o material EPS, na cidade de Chapecó/SC (TESSARI, 2006), pode-se observar as vantagens por elas apresentadas de acordo com a Figura 1: Figura 1 – Vantagens do Uso do EPS Fonte: TESSARI, 2006 A maior vantagem, de acordo com a pesquisa, é seu baixo peso, que está entre 13 e 25kg/m³. (ABRAPEX, 2010) Para se ter uma noção, o peso do concreto armado pode variar entre 2200kg/m³ e 2600kg/m3 (SILVA, 2003), diferença considerável em relação ao isopor. Outra vantagem é seu isolamento térmico. Característica responsável por manter o ambiente com um clima agradável, evitando a troca de calor com o meio externo, o isolamento feito a partir de placas de isopor pode proporcionar, além de conforto, economia nos gastos elétricos pela utilização de aparelhos de ar condicionado, já que será mais fácil manter uma temperatura estável no ambiente. (ISORECORT, 2015) Sua principal característica quando o assunto é isolamento acústico é a capacidade de absorver os chamados ruídos de percussão (ou ruídos de passos). Uma espécie de “pavimento flutuante” é criado acima da laje, com placas de isopor com espessuras em torno de 3,5cm, que jamais devem entrar em contato diretamente com a laje, pois, só assim, exercerá sua função de isolante acústico. (ISORECORT, 2015) Com menos de 20% de aprovação pelas empresas pesquisadas, pode-se observar características como facilidade de execução, a permissão de se trabalhar com grandes vãos e cargas e a baixa vibração do material. O baixo peso do material facilita seu manuseio no canteiro de obras (TESSARI, 2006) e possibilita também sua aplicação em grandes vãos, como por exemplo, em painéis treliçados em EPS, onde há a redução no peso próprio da laje, devido ao baixo peso do material em si. (AECWEB, s.d.) Tais vantagens foram descritas pelas empresas que participaram da pesquisa, porém, o EPS também apresenta vantagens como versatilidade, já que pode ser utilizado de várias maneiras na construção, resistência e durabilidade e é um material fácil de ser transportado e manuseado. (GONZAGA, 2015) Ainda de acordo com a pesquisa Tessari (2006), as empresas participantes apontaram como desvantagens os fatores apresentados na Figura 2. Figura 2 – Desvantagens do Uso do EPS Fonte: TESSARI, 2006 Apontada como principal desvantagem da utilização do isopor em construções está a sua baixa aderência ao reboco. Segundo Thomaz (2002), quando se trata de reboco com pequena espessura, a aderência promovida pelo chapisco já é suficiente, porém, pode- se aumentar essa aderência utilizando-se resina acrílica ou resina PVA. A forma de aplicação do revestimento também influencia na sua eficiência, como a energia de aplicação e a uniformidade das camadas. Com a mesma porcentagem de reprovação estão o preço e a baixa resistência dos blocos. Apesar de ter sido considerado uma desvantagem, uma construção com isopor pode gerar uma economia de até 20% no custo total da obra (GAMA, 2015), já que, por se tratar de um material leve, diminui o peso da estrutura e, consequentemente, não exige uma fundação tão robusta. Também diminui o consumo de concreto, quando utilizado (o isopor) em lajes nervuradas e treliçadas. (ZAP EM CASA, 2015) Para se ter uma ideia, um bloco de isopor pode ser até 50% mais barato que um bloco de concreto. (PENSAMENTO VERDE, 2014) Conforme já citado anteriormente, segundo Sant’Helena (2009), o isopor possui ótima resistência mecânica e seu valor está diretamente relacionado à sua densidade. Logo, poderia haver certo desconhecimento por parte das empresas pesquisadas, tanto em relação ao preço quanto à resistência do EPS. Das empresas pesquisadas, 10 a 15% acreditam que a fixação do isopor na estrutura pode ser um problema. Apesar disso, isolar a casa tanto térmica quanto acusticamente através da fixação de placas nas paredes externas da construção, por exemplo, não é uma atividade tão difícil, se utilizados os materiais adequados, como informado por Thomaz (2002) anteriormente. Por fim, com o mesmo nível de reprovação estão a falta de interação entre o fabricante e o consumidor, alta vibração e isolamento acústico “0”. De acordo com o Isorecort (2015), sabe-se que o isopor possui eficiência em isolamento acústico, logo, talvez aja desconhecimento do assunto por parte dos participantes da pesquisa. Analisando os resultados da pesquisa, pode-se perceber que as vantagens apontadas pelas empresas participante atingiram níveis maiores que as desvantagens,confirmando a ideia de que o isopor é um material que vale a pena ser cada dia mais aplicado na construção civil. 3.4 METODOLOGIA CONSTRUTIVA DO ISOPOR EM OBRAS RODOVIÁRIAS Buscando a estabilização de solos moles na execução de obras rodoviárias, foi desenvolvida a técnica denominada “Geofoam”, solução geotécnica que utiliza blocos de EPS em aterros de rodovias, aliando seu baixo peso específico à boa resistência mecânica, buscando uma construção segura e confiável. (MOPE, s.d.) A técnica, também conhecida como “aterro leve”, foi desenvolvida na Europa, nos anos 60, porém, só foi trazida ao Brasil no final dos anos 90 e desde então sua utilização vem ganhando cada vez mais espaço. Sua aplicação é normatizada pela DNER-PRO 391/98, norma do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, que rege: Este documento estabelece o procedimento a ser adotado no projeto de aterros sobre solos moles para obras viárias. Apresenta classes de aterros, as investigações geotécnicas, análises de comportamento e alternativas de solução de projeto, assim como a instrumentação usada e acompanhamento de obra. (DNER-PRO 381/98, 1998). De acordo com o documento Aterro Leve com Emprego de EPS (2015), disponibilizado pela 21ª Companhia de Engenharia de Construção (21CIAECNST), o processo ocorre da seguinte maneira: Tudo tem início na locação e nivelamento da área onde será aplicado o EPS, pela equipe de topografia, instalando-se estacas e referenciais de nível, para acompanhamento da obra. (Figura 3) Figura 3 – Locação dos Pontos de Nivelamento da Área de Utilização dos Blocos de EPS Fonte: 21CIAECNST, 2015 Após isso, realiza-se a limpeza e regularização da área onde os blocos de EPS serão distribuídos, a fim de deixar o terreno nivelado, de acordo com as cotas previamente definidas em projeto e já locadas. A areia é lançada em montes por caminhões basculantes e eles são pré-espalhados por meio de escavadeiras hidráulicas. (Figura 4) Figura 4 – Limpeza e Regularização do Terreno Fonte: MACCARINI, 2015 Espalhados os montes de areia e previamente nivelados, a camada é regularizada manualmente, tendo como base cotas fixadas nos referenciais de nível instalados pela equipe de topografia, utilizando equipamentos manuais como pás, enxadas, carrinho de mão, linha de nylon, régua metálica, etc. (Figura 5) Figura 5 – Regularização Manual do Terreno Fonte: 21CIAECNST, 2015 Cada bloco entregue na obra deve ter as dimensões conferidas e, em seguida, pesados individualmente para que sua densidade seja verificada, além de terem suas superfícies inspecionadas. Qualquer bloco que apresente deformação, trinca, dimensões não uniformes ou até mesmo não atenderem à densidade exigida devem ser rejeitados. Devem ser armazenados no campo, em terreno plano e nivelado, em ambiente protegido da ação de calor e derivados leves de petróleo. (Figura 6) Figura 6 – Conferência dos Blocos de EPS Fonte: 21CIAECNST, 2015 Finalmente, os blocos podem ser assentados. A primeira camada, disposta em sentido longitudinal ao da rodovia, virá acima da camada de areia devidamente nivelada. Deve-se tomar o cuidado de não permitir que as juntas entre as fileiras adjacentes se coincidam. Uma segunda camada é colocada e esta, por sua vez, em sentido transversal ao da rodovia e seguir essa alternância sucessivamente. (Figura 7). A medida que as camadas vão sendo colocadas, as larguras diminuem, formando escalonamentos, em forma de degraus, paralelos à superfície do talude projetado. (Figura 8) Figura 7 – Disposição Alternada dos Blocos de EPS Fonte: 21CIAECNST, 2015 Figura 8 – Escalonamento em Forma de Degraus dos Blocos de EPS Fonte: 21CIAECNST, 2015 Após a disposição de todos os blocos conforme projeto, todas as superfícies dos mesmos deverão ser envelopadas com lona plástica de polietileno, a fim de proteger o material de agentes químicos. Nas laterais, será aplicada lona plástica de 0,2mm, aterrando e compactando logo em seguida. Todo o escalonamento deve ser coberto, deixando-se um transpasse de 1,0m entre blocos adjacentes. A lona deve ser devidamente presa aos blocos utilizando-se sacos de areia nos blocos nas camadas inferiores. Na superfície superior da última cama de blocos, a lona deve ser de 1,0mm de espessura, transpassando 1,0m sobre a lona que encobre o talude (Figura 9). Figura 9 – Envelopamento dos Blocos de EPS Fonte: 21CIAECNST, 2015 A última camada de blocos receberá em sua superfície uma laje de concreto armado com 10 cm de espessura, armadura dupla, tela soldada 4,2mm, aço CA-60, tipo Q-138 (malha 10x10cm). Dispositivos do tipo caranguejo, de 6,3mm de diâmetro, deverão ser dispostos de forma paralela às armaduras, a fim de apoiar as mesmas. (Figura 10 e Figura 11) Figura 10 – Aplicação das Armaduras Fonte: 21CIAECNST, 2015 Figura 11 – Placa de Concreto Fonte: 21CIAECNST, 2015 Após a cura da placa de concreto, uma camada de regularização será executada, com espessura mínima de 20 cm, utilizando-se materiais como areia, pó de brita ou até mesmo brita graduada simples (BGS). O material deve ser descarregado fora das placas e espalhados com a ajuda de uma motoniveladora, evitando o trânsito de cargas pesadas diretamente sobre as placas de EPS. Figura 12 – Estoque e Distribuição do Material BGS Fonte: 21CIAECNST, 2015 Figura 13 – Conclusão da Pavimentação Fonte: 21CIAECNST, 2015 É importante salientar que não é recomendada a utilização desse método de aterro em solos que têm a presença de lençóis freáticos, já que o EPS é um material com baixa massa específica e, ao entrar em contato com a água, há a possibilidade do material “flutuar”, devido ao empuxo hidrostático. (MACCARINI, 2013) A grande preocupação a respeito da utilização dessa tecnologia é a eventual deformação do material, que afetará drasticamente o estado da via de rodagem. Para evitar que isso ocorra, há a possibilidade de conectarem-se os blocos por meio de “grampos”, fazendo com que seu coeficiente de atrito aumente em até 50%. Outro método que pode ser utilizado é o confinamento dos blocos entre muros de concreto, reduzindo, assim, a movimentação entre eles. (MACCARINI, 2013) A principal qualidade desse método construtivo é a agilidade no processo de execução. Em obras como a pavimentação do km 67 da Rodovia Engenheiro Constâncio Cintra (SP-360), em Jundiaí, no interior de São Paulo, executada pela Concessionária Rota dos Bandeirantes, empresa do grupo Odebrecht, foi entregue com 73 dias de antecedência do que estava previsto em seu cronograma, passando de 118 dias para apenas 45. Foi a primeira vez que o grupo utilizou esta tecnologia. (LOUZAS, 2013) Apesar de o EPS ser um produto 6% mais caro que os materiais convencionais (o preço do m³ do material hoje, no Brasil, é cerca de R$350,00), ainda assim é um método construtivo economicamente viável, pois reduz o tempo da obra e, com isso, seu valor final. (MACCARINI, 2013) 3.5 ESTUDO DE CASO: DUPLICAÇÃO DA RODOVIA BR-101/PE A fim de demonstrar a utilização do bloco de EPS em obras rodoviárias, será apresentada sua aplicação na duplicação da Rodovia BR-101, que tem seu início na divisa Paraíba/Pernambuco e Igarassu, atravessando a várzea de Goiana, e seu término no entroncamento com a PE-035, que dá acesso para a Ilha de Itamaracá, obtendo uma distância de aproximadamente 42 km, conforme figura 14. Todo o estudo foi realizadopor Machado (2012). Figura 14 – Mapa de Localização da BR-101/PE Fonte: MACHADO, 2012 De acordo com Machado (2012) foram encontrados nessa área, bolsões de argila orgânica mole, contendo espessuras de até 19 m com tipos distintos de subsolo. O aterro selecionado para o estudo de caso utilizando o bloco de EPS encontra-se na Várzea de Goiana-PE, conforme indicado na Figura 14. Foram realizadas análises de estabilidade em condições de operação da rodovia pela empresa Maia Melo Engenharia, responsável pela elaboração do projeto e monitoramento de sua execução. Avaliou-se a necessidade de execução de reforço no aterro em estudo, considerando-se a execução total do aterro e as sobrecargas provenientes da ação do tráfego nas faixas de rolamento e acostamento, concluindo que o aterro não apresentava condições de segurança viáveis e que era obrigatória a execução de reforços. Para atender a necessidade de estabilizar a fundação do aterro em questão, adotou-se inicialmente o método de geodreno, que posteriormente foi substituído devido a problemas relacionados a execução. Para cumprir os novos prazos estabelecidos no projeto, inicializou-se um estudo para que uma alternativa mais adequada fosse encontrada. Além da alternativa escolhida (bloco de EPS), foram consideradas soluções como colunas de brita, colunas de areia confinada por geossintético, Compaction Grouting (Argamassa Injetada), Colunas de Brita Graduada Tratada com Cimento (BGTC) e colunas de solo-cimento. Ambos os procedimentos consistem num tubo vibrador que penetra o solo mole até a profundidade necessária descrita no projeto e depois sobe ligeiramente, comprimindo lateralmente no solo o material utilizado em cada método, criando uma coluna dentro do solo mole. Um comparativo das vantagens e limitações dos métodos estudados para solucionar a necessidade de estabilizar o aterro na duplicação da Rodovia BR-101 foi elaborado, como pode ser observado no Anexo A. Visando um auxílio na escolha de uma solução técnica e economicamente viável, realizou-se uma previsão dos custos para cada um dos métodos estudados, conforme a Tabela 1 abaixo: Solução Custo (R$) Colunas de areia R$ 33.153,07 Colunas de brita R$ 28.815,54 Argamassa injetada R$ 39.280,88 Solo cimento R$ 39.492,38 BGTC R$ 28.089,56 EPS R$ 27.960,34 Tabela 1 – Comparativo de Custo Fonte: MACHADO, 2012 Segundo a pesquisa, a utilização do método com bloco de EPS foi adotada devido a redução significativa das tensões geradas pelo aterro, por possuir menor custo e prazo de execução e utilizar mão de obra convencional. Várzea de Goiana/PE Km 6,0 4. METODOLOGIA Este trabalho foi realizado a partir de pesquisas bibliográficas em sites, livros, revistas e publicações, elaborando, no fim, um estudo de caso sobre a BR 101 e desenvolvendo uma maquete a fim de ilustrar a utilização do isopor em obras rodoviárias. Foram ressaltadas as principais utilizações do isopor na construção civil, focando principalmente em sua utilização em obras rodoviárias. 5. CONCLUSÃO Com o passar do tempo, novas utilizações são encontradas para o EPS, sobretudo na construção civil. A inclusão desse material nos processos construtivos trouxe benefícios tanto sustentáveis quanto econômicos, fazendo com que tal recurso seja cada vez mais aceito e utilizado. Algumas de suas vantagens são ainda desconhecidas, o que faz com que engenheiros e construtoras optem por utilizar métodos convencionais de construção. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Centro Universitário de Belo Horizonte – UniBH, ao coordenador do curso de Engenharia Civil, aos professores do 5º semestre, a nossa orientadora Luiza Pinto Coelho Franco, que nos auxiliou durante todo o semestre e a todos que, direta ou indiretamente contribuíram para a elaboração do artigo. REFERÊNCIAS 21CIAECNST. 21ª Companhia de Engenharia de Construção. 2015. 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SOLUÇÃO VANTAGENS LIMITAÇÕES Coluna de brita Ganho de resistência não drenada do solo mole após a dissipação da poropressão; Colunas permeáveis; Facilidade executiva; Variabilidade do diâmetro das colunas; Estabilidade a longo prazo, de difícil previsão; Disponibilidade de material na região; Amolgamento da camada mole durante a carência de experiência no meio técnico Coluna de areia confinada por Geossintético Colunas permeáveis; Facilidade executiva; Ganho de resistência não drenada do solo mole após a dissipação; Confinamento da coluna com a utilização do geossintético. Diâmetro da coluna limitado pela geometria do geossintético; Falta de experiência no meio técnico, quanto ao comportamento da estrutura; Amolgamento da camada mole durante a execução; Carência de experiência no meio técnico nacional. Argamassa Injetada Facilidade executiva; Melhoria do solo de fundação; Ganho de resistência não drenada do solo mole após a dissipação da Técnica não destrutiva. Carência de experiência no meio técnico Amolgamento da camada mole durante a execução; Coluna de BGTC Material com elevada resistência; Facilidade executiva; Ganho de resistência não drenada do solo mole após a dissipação da poropressão; Disponibilidade de material; Mão-de-obra especializada; Carência de experiência no meio técnico nacional. Amolgamento da camada mole durante a Menor quantidade de empresas aptas. Colunas de Solo- Cimento Disponibilidade de material; Maior quant. de empresas aptas a exec. o serviço; Melhoria das caract. geomecânicas do solo mole Grande consumo de cimento; Mão-de-obra especializada; Aterros leves executados com EPS Redução signif. das tensões geradas pelo aterro; Menor prazo de execução; Mão de obra convencional. Necessidade de remoção de parte do aterro existente; Disponibilidade de material na região; Carência de experiência no meio técnico Tabela 2 – Comparativo Entre os Métodos Construtivos Fonte: MACHADO, 2012