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Professor 
Alyson Barros 
Curso de Psicologia para o INSS – 2013 
Professor Alyson Barros 
Aula 1 
 
 
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Psicologia para o INSS 
 
Sumário 
Considerações Iniciais ...................................................................................................... 2 
Teorias da Personalidade ................................................................................................ 4 
Sigmund Freud ............................................................................................................. 9 
M. Klein ........................................................................................................................ 18 
D. Winnicott................................................................................................................ 24 
J. Lacan ....................................................................................................................... 29 
Skinner ......................................................................................................................... 31 
Beck e a Terapia Cognitiva ........................................................................................ 38 
F. Perls ........................................................................................................................ 42 
Rogers......................................................................................................................... 47 
O PSICODRAMA (MORENO) ......................................................................................53 
Erik Erikson ................................................................................................................. 54 
Adler ........................................................................................................................... 62 
Kurt Lewin .................................................................................................................. 68 
Wilhelm Reich ............................................................................................................. 74 
C. G. Jung .................................................................................................................... 79 
Harry Stack Sullivan ................................................................................................... 84 
Karen Horney ............................................................................................................. 90 
A VISÃO EPIGENÉTICA ............................................................................................... 97 
Piaget .......................................................................................................................... 97 
A VISÃO SÓCIO-HISTÓRICA ...................................................................................... 107 
Vigotsky ..................................................................................................................... 109 
Técnicas psicoterápicas. ................................................................................................ 117 
PSICANÁLISE (FREUD, M. KLEIN, WINNICOTT, LACAN) ......................................... 129 
Modalidade de psicoterapia ..................................................................................... 132 
Questões ....................................................................................................................... 145 
Questões comentadas e gabaritadas .......................................................................... 166 
 
 
Observação importante: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), 
nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre 
direitos autorais e dá outras providências. 
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professores que elaboram o curso. Valorize o trabalho do seu professor adquirindo 
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Considerações Iniciais 
 
 Sério, você tem muito o que estudar. Muito mesmo. A aula de hoje está bem 
calibrada. Tinha separado três tópicos para a aula de hoje, mas irei abordar só dois. 
O terceiro tópico abordarei na aula seguinte. Temos 60 questões bem selecionadas 
para a sua preparação para esse concurso e quanto mais eu resolvo provas da 
FUNRIO mais eu tenho a certeza que quem vai elaborar a sua prova é um aluno do 
primeiro ano da faculdade de psicologia. Comento mais sobre isso depois (rs). 
 Antes de começarmos, temos de tratar de três coisas. A primeira é que 
alguns dos vídeos que já gravei ainda não foram ao ar. Com a mudança de 
plataforma eu ainda não sei como indicar os vídeos para o lugar certo. Mas não se 
preocupem, resolvo isso logo. 
 O segundo ponto, e mais interessante, é que estou testando uma nova 
ferramenta, uma SALA DE AULA VIRTUAL. É uma sala para conversar 
diretamente com você. Ela está ainda em fase de teste e reservarei um horário 
nesse sábado especificamente para os alunos desse curso. Não tem relação com o 
Estratégia e é algo que ainda está em fase de teste. Por isso, a mlehor pessoa para 
responder as questões sobre como essa sala irá funcionar sou eu mesmo. Ela 
funcionará EXPERIMENTALMENTE da seguinte maneira, vou pegar o e-mail do 
pessoal interessado em participar nesse sábado de uma “conversa virtual” - dia 
24/08, às 16h. Será uma hora de conversa onde falarei sobre o edital, indicações de 
livros e alinhamentos de expectativas quanto ao curso e a prova. A sala permite 
vídeo, áudio, bate papo, apresentações, etc. É um mundo novo que estamos 
desvelando para aproximar mais os alunos do professor. Caso você tenha 
interesse, envie um e-mail para alyson@psicologianova.com.br que anotarei seu 
nome (coloque o nome completo com que fez a compra do curso e no assunto do e-
mail escreva INSS: Sala de Aula) e enviarei um mini manual de instruções. 
Combinado? 
 Teremos problemas tecnológicos para acessar as aulas? Alguns alunos não 
conseguirão acessar a sala de aula virtual? Sem dúvida! É mais previsível o 
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comportamento humano que o comportamento das máquinas. Mesmo assim, 
mandarei um guia do que você tem de fazer antes para entrar na sala. 
 Mas Alyson, sábado não posso, eu estou pagando e não poderei ir, o que 
faço? Well, well, well. Primeiro, como é uma sala de aula fora desse curso pago, é 
algo gratuito que estou testando com alguns alunos de cursos selecionados. 
Segundo, se tivermos algo relevante lá, obviamente que trarei para cá! Nem te 
preocupe, eu quero aprovar o máximo possível de alunos e ir na maior quantidade 
possível de churrascos após a publicação da lista final. 
Terceiro ponto, e não menos importante, não sou perfeito e nem acho que 
chegue perto disso, por isso, caso você discorde de alguma coisa da aula, não se 
acanhe e pergunte ao seu professor. Eu entendo de psicologia para concursos, o 
que é bem diferente de entender da psicologia acadêmica ou da vida real, por isso, 
fique a vontade mesmo com o nosso curso. 
Quarto ponto é que em tópicos abrangentes, como ocorrerá em todo nosso 
curso, tenho de fazer apostas baseadas nas informações que o edital passa e na 
resolução de provas passadas. Isso não impede que você faça outras apostas em 
outros assuntos, combinado? Se quiser, pode começar a ler as obras completas de 
Freud que será um bom começo. 
 Bom, sem mais papo, vamos arrebentar logo com essa matéria que está 
supimpa! 
 Abraço e bons estudos! 
 
 
 
Ou você se compromete com objetivo da vitória, ou não 
Ayrton Senna da Silva 
 
 
As grandes obras são executadas,
não pela força, mas pela perseverança 
Samuel Johnson 
 
 
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Teorias da Personalidade 
 
Vamos começar com alguns conceitos básicos sobre personalidade antes de 
adentrarmos no mundo analítico de Freud e de Melanie Klein. Para cada um dos 
teóricos que estudaremos, encontraremos uma definição do que é personalidade. 
Porém, um dos conceitos mais comuns e abrangentes é que “Personalidade é um 
modo particular como percebemos o mundo e interagimos com o ambiente”. Assim, o 
conceito de personalidade remete a padrões de comportamento e o modo de 
organização do self. Observe que assim integramos uma definição intrapsíquica e 
ambiental. A maioria das outras definições manterá a perspectiva de consistência e 
padrão que se mantém. Outra definição útil é que “a personalidade representa 
aquelas características da pessoa que explicam padrões consistentes de sentimentos, 
pensamentos e comportamentos”. 
A intenção do estudo da personalidade é entender a razão da natureza 
humana, das diferenças individuais e a possibilidade de alteração desses traços 
e/ou fatores de personalidade. Assim, poderemos entender 
psicopatologias/tratamentos, processos motivacionais, estruturas e perspectivas 
de crescimento. É importante salientar que o estudo da personalidade concentra-
se não apenas nos processos psicológicos, mas também nas relações entre esses 
processos e a gênese dos mesmos. 
Estudaremos agora cinco áreas que uma teoria da personalidade completa 
deveria cobrir: (1) Estrutura – as unidades básicas ou os blocos constitutivos da 
personalidade. (2) Processo – os aspectos dinâmicos da personalidade, incluindo 
os motivos. (3) Crescimento e desenvolvimento – como nos desenvolvemos, 
formando a pessoa única que cada um de nós é. (4) Psicopatologia – a natureza e as 
causas do funcionamento desordenado da personalidade. (5) Mudança – como as 
pessoas mudam e por que elas, às vezes, resistem à mudança ou são incapazes de 
mudar. 
 
1) Estrutura 
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São aspectos estáveis da personalidade que representam os 
blocos organizadores e fundamentais (resposta, hábito, traço e tipo) 
e como esses blocos se relacionam e se estruturam 
hierarquicamente. 
Lembre-se da diferença entre Traço e Tipo: 
Traço: reações do indivíduo em diferentes situações (ex. 
abertura e agressividade). 
Tipo: é um padrão estável de traços de personalidade e 
representa agrupamentos de traços (ex. extrovertido e introvertido). 
Em comparação com o conceito de traço, o de tipo implica um 
grau maior de regularidade e generalidade no comportamento. 
Embora as pessoas possam ter muitos traços em graus diferentes, 
elas são geralmente descritas como pertencentes a um tipo 
específico. 
 
2) Processos Motivacionais 
 No estudo da personalidade empregamos três categorias 
principais de conceitos motivacionais: motivos de prazer ou 
hedônicos, motivos de crescimento ou auto-realização, e motivos 
cognitivo. 
As teorias de prazer focam na busca de satisfação e evitação 
da dor ou perda. Existem duas variações importantes deste tipo de 
abordagem motivacional: modelos de redução da tensão e modelos 
de incentivo. Os primeiros afirmam que as necessidades psicológicas 
criam tensões que requerem alívio e este alívio leva à satisfação. Nos 
modelos de incentivo o foco está na finalidade, no objetivo e nos 
incentivos que a pessoa busca alcançar. As teorias de crescimento ou 
realização enfatizam os esforços do indivíduo para progredir e 
realizar o seu potencial, mesmo que isto eleve o nível de tensão. 
Nas teorias cognitivas da motivação a ênfase está no esforço 
que a pessoa faz para compreender ou prever os eventos. A pessoa 
busca o conhecimento pelo próprio conhecimento. 
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3) Crescimento e Desenvolvimento 
Nesse ponto é importante destacar a relação entre 
determinantes genéticos (temperamento e inteligência) e 
determinantes ambientais. Teremos um tópico de nosso curso 
voltado a essa discussão. 
 
4) Psicopatologia e Tratamento 
 No estudo das teorias de personalidade encontramos a 
definição do que é saudável e adequado e do que é anormal. É 
importante salientar que, algumas vezes, agrupamentos teóricos 
apresentam classificações distintas entre si para o mesmo fenômeno. 
Dessa classificação decorrem as interpretações sobre a necessidade 
de tratamento ou, até, a impossibilidade do mesmo. Embora nem 
todos os teóricos da personalidade sejam terapeutas, uma teoria da 
personalidade completa deveria sugerir como e o porquê as pessoas 
mudam ou resistem à mudança. 
5) Mudança 
 Representa o conjunto de processos pelos quais a mudança 
ocorre. Como ela afeta a personalidade, seus níveis de atuação, sua 
efetividade na mudança de traços de personalidade e as resistências 
à mudança. 
 
Além de descrever a estrutura, os processos dinâmicos, o desenvolvimento 
e as possibilidades de mudança da personalidade, uma teoria da personalidade 
termina, por sua própria natureza, tocando e tendo de se posicionar em outros 
temas da maior relevância que, no entanto, ultrapassam o âmbito da psicologia da 
personalidade. As respostas dadas a essas perguntas são, muitas vezes, 
dependentes do ambiente sócio-cultural do pesquisador e mostram como a cultura 
influencia o processo científico: 
1. A imagem do ser humano - o ser humano é um ser livre, autodeterminado ou 
é um ser guiado por pulsões? Ou ainda meros "supercomputadortes"? 
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2. Os fatores determinantes do comportamento - o ser humano é impulsionado 
por fatores internos (pulsões, como em Freud, ou a autorrealização, como 
em Rogers) ou externos (reforço e castigo, como em Skinner)? 
3. A consistência e a estabilidade da personalidade - Quão consistente é a 
personalidade em diferentes momentos e situações? Qual é o limite da 
capacidade da personalidade de se transformar, se modificar? Até quando a 
pessoa permanece "ela mesma"? 
4. A unidade da experiência e o conceito de si-mesmo - Como o ser humano é 
capaz de unir a diversidade de experiências que faz em uma só pessoa? 
Como ele é capaz de se sentir uma só pessoa, mesmo se comportando de 
maneira diferente em diversas situações? 
5. A relação entre os diferentes estados de consciência e o conceito 
de inconsciente - O que é a consciência? Qual sua função? Como são 
organizados os processos mentais inconscientes? Qual sua importância 
para a formação da personalidade? 
6. A importância da experiência temporal para o comportamento - como e de 
que forma as experiências passadas, presentes e futuras (esperadas) 
influenciam o comportamento e, assim, a personalidade? 
7. Os limites do conhecimento científico - é o método científico capaz de 
representar a complexidade do viver e da personalidade humana? 
 O candidato deve estar atento a definição de teoria de traços de 
personalidade. Essa é uma das principais abordagens para o estudo 
da personalidade humana. Teóricos dos traços de personalidade estão 
principalmente interessados na mensuração de traços, que podem ser definidos 
como padrões habituais de comportamento, pensamento e emoção. Segundo esta 
perspectiva, as características são relativamente estáveis ao longo do tempo, 
diferem entre os indivíduos (por exemplo, algumas pessoas são extrovertidas ao 
passo que, outras são tímidas), e influenciam o comportamento. 
Outra noção importante
na área do estudo da personalidade, ainda dentro 
da perspectiva de crescimento e desenvolvimento, é a diferenciação entre a visão 
Nomotética e a visão Idiográfica. 
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 Em psicologia, as teorias de personalidade nomotéticas são aquelas que 
enunciam leis gerais que, necessariamente, interferem na formação do sujeito. 
Essas teorias partem de leis gerais, geralmente estágios de desenvolvimento, às 
quais cada habitante desse imenso planeta está regido. Ao contrário, as teorias da 
personalidade idiográficas estão mais relacionadas a casos singulares, buscando a 
explicação das particularidades pessoais em detrimento da visão enunciativa de 
leis generalistas. A classificação pura entre uma matriz nomotética e idiográfica é 
uma tarefa árdua e polêmica em alguns casos, mas, em outros a distinção é simples. 
A seguir apresento um quadro que desenvolvi com a classificação a partir dos 
autores que devemos estudar. 
 
TENDÊNCIAS das TEORIAS 
Nomotética Idiográfica 
Freud 
Klein 
Maslow 
Erickson 
Reich 
Erich Fromm 
Watson/Skinner 
Dollard e Miller 
Adler 
Jung 
Rogers 
Lewin 
Sullivan 
Karen Horney 
George Kelly 
Constructo Hipotético (variáveis 
intervenientes comuns a todos) 
Psicologia Individual 
Terapia Centrada no Cliente 
Terapia da Gestalt 
Perspectiva Fenomenológica 
 
Observe que essa classificação é apenas um esforço meu em identificar 
padrões. Não quero ver nenhum psicólogo mais radical defendendo que sua teoria 
é mais “x” que “y” ou vice versa. Essa classificação não define teorias de origem 
exclusivamente nomotética ou idiográfica, mas, identifica tendências. No caso das 
teorias nomotéticas, por exemplo, percebemos que existe uma ênfase maior na 
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classificação da personalidade do sujeito a partir dos pressupostos dos autores. 
Para esses autores, de um modo geral, encontramos estágios de desenvolvimento 
e/ou crises universais. No caso das teorias idiográficas, os autores partem da 
singularidade do sujeito para identificar quesitos de suas teorias e, somente então, 
desenvolver um constructo teórico aceitável. 
Outro conceito básico é o de teorias psicodinâmicas. As teorias 
psicodinâmicas de personalidade são teorias que afirmam que o comportamento é 
resultado de forças psicológicas que atuam dentro do indivíduo, geralmente fora 
da consciência. Nesse ponto, existem pontos básicos de convergência dessas 
teorias: 
- uma parte significativa da vida mental é inconsciente. 
- processos mentais ocorrem de forma paralela (o que pode gerar 
conflitos) 
- os padrões estáveis de personalidade não só começam a se formar 
na infância como as experiências precoces têm um forte efeito no 
desenvolvimento da personalidade. 
- as representações mentais que temos de nós mesmos e dos demais 
tendem a guiar nossas interações com outras pessoas 
- o desenvolvimento da personalidade implica em aprender a regular 
os sentimentos sexuais e agressivos, assim como implica em buscar a 
independência social. 
 
 
 
 
 
 
SigmundSigmundSigmundSigmund FreudFreudFreudFreud 
 
Passar pelo curso de psicologia e não estudar Freud é como fazer um curso 
de direito sem conhecer as constituições federais anteriores à atual. Sua fluência 
verbal, repassada aos nossos tempos através de suas obras, era tamanha que 
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chegou a ser indicado ao Nobel de Literatura e foi vencedor do Prêmio Goethe (aos 
74 anos de idade). Apesar das inúmeras críticas atuais ao seu método e à sua 
aplicabilidade, Freud é o autor que maior impacto teve no estudo da personalidade 
até então. Esse chairman da psicanálise desenvolveu o método da livre associação 
para estudar os fenômenos de suas tópicas. A livre associação é um método onde 
os pacientes são convidados a relatarem continuamente qualquer coisa que lhes 
ocorrer à mente, sem levar em consideração quão sem importância ou 
possivelmente embaraçadora esta situação possa parecer. 
Esse método seria o mais adequado para o contexto clínico para acessar 
conteúdos conscientes e inconscientes. Na esfera do inconsciente, seu conteúdo 
não pode ser acessado de forma objetiva através de uma ordinária introspecção. 
Mas pode ser acessado, segundo Freud, somente através da livre associação, da 
análise dos sonhos e da análise dos atos falhos. Freud descreveu em sua obra, 
posteriormente, a análise de chistes como sendo também uma forma de evidenciar 
conteúdos inconscientes. Assim: 
Métodos de Acesso ao inconsciente: 
a) Livre associação 
b) Análise sonhos 
c) Análise dos Atos falhos 
d) Análise dos chistes 
Os chistes são “gracejos” pelos quais sentimos prazer. São situações 
aparentemente tolas que geram prazer, como as brincadeiras e piadas. A palavra 
tem origem no alemão e significa literalmente “gracejo”, e para Freud o chiste é 
uma espécie de válvula de escape de nosso inconsciente, que o utiliza para dizer, 
em tom de brincadeira, aquilo que verdadeiramente pensa. Freud acreditava que 
utilizar o humor e a ironia no dia-a-dia deixava o cotidiano mais leve e a realidade 
mais tolerável. E é isto que o chiste possibilita quando conecta arbitrariamente, 
através de uma associação verbal, duas ideias contrárias ou sem sentido aparente. 
Apesar de parte do mundo inconsciente não ser acessível de forma 
alguma, um conceito é básico na teoria freudiana de personalidade: o passado é 
determinante para o presente. Esse conceito é chamado de Determinismo Psíquico 
e parte do pressuposto que existe uma continuidade nos eventos mentais e que 
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esses são historicamente desenvolvidos. Assim, para compreender sintomas e 
patologias, se faz necessário um sistemático esmiuçamento da vida psíquica do 
sujeito para entender as causas passadas dos problemas e a dinâmica psíquica 
atual. 
Freud descreveu sua teoria ao longo de 24 obras. Essas obras apresentam 
a evolução do pensamento freudiano e a ampliação dos conceitos. O caso mais 
exemplar é a descrição da Pulsão de morte na obra “Além do Princípio do Prazer”. 
A motivação é vista, para esse autor, como uma busca hedonista de dar 
vazão a energia psíquica acumulada. Essa energia psíquica é limitada e, via de 
regra, não consegue suprir simultaneamente as necessidades humanas de forma 
satisfatória. Essa energia provém das pulsões, a sexual e a agressiva, e motivam 
para a constante busca de prazer. As pulsões, às vezes chamadas incorretamente 
de instintos, opõem-se ao ideal de sociedade e, por isso, devem ser doutrinadas 
para uma expressão adequada. Porém, se essa energia psíquica não encontra 
vazão, um estado de tensão interna começa a se desenvolver. Isso pode cadenciar 
desde fixações até patologias mais sérias. 
Lembro uma vez, em um breve curso de psicanálise, que uma professora me 
falou: Alyson, você precisa de anos de estudos de psicanálise, anos submissão à 
análise e anos sendo analista para entender a personalidade humana de acordo 
com Freud. Felizmente nosso objetivo aqui é passar no concurso e não, 
necessariamente, entender a magnitude das ideias psicanalíticas. Compreender a 
teoria de personalidade de Freud pressupõe o conhecimento de sua Primeira e 
Segunda Tópicas, as fases de desenvolvimento psicossexual e a organização dos 
mecanismos de defesa. 
A base topológica de Freud é a raiz para a explicação da personalidade 
humana. Em grego, “topos”
quer dizer “lugar”, assim o modelo tópico designa um 
“modelo de lugares”, sendo que Freud descreveu a dois deles: a “Primeira Tópica” 
conhecida como Topográfica e a “Segunda Tópica”, como Estrutural. 
 
PRIMEIRA TÓPICA: modelo topológico da mente 
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Essa tópica refere-se ao nível de consciência (acesso) aos processos 
intrapsíquicos e a qualidade dos conteúdos de cada um. Freud definiu três níveis 
de consciência: consciente, pré-consciente e inconsciente. 
O consciente engloba todos os fenômenos que em determinado momento 
podem ser percebidos de maneira conscientes pelo indivíduo. O pré-consciente 
refere-se aos fenômenos que não estão conscientes em determinado momento, 
mas pode tornar-se se o indivíduo desejar se ocupar com eles (o pré-consciente é 
um filtro de intermédio entre o consciente e o inconsciente). O inconsciente, que 
diz respeito aos fenômenos e conteúdos que não são conscientes e somente sob 
circunstâncias muito especiais podem tornar-se. Assim, para Freud, apenas uma 
pequena parte de nossos pensamentos e emoções são perceptíveis o tempo todo, 
alguns estão no nível pré-consciente e a maioria dos nossos fenômenos 
intrapsíquicos é inconsciente. Essa função, de deposito de pensamentos, emoções e 
desejos, é necessária, pois esses conteúdos causariam medo e ansiedade ao 
indivíduo caso fossem conscientes. 
É necessária uma atenção especial ao conceito freudiano de inconsciente. 
Essa parte do aparelho psíquico humano é caracterizada por não ter nenhuma 
formatação lógica ou pensamento racional (processo primário) e desenvolve-se 
como sendo um depósito para ideias sociais inaceitáveis, memórias traumáticas e 
emoções dolorosas colocadas fora da mente pelo mecanismo da repressão 
psicológica. O inconsciente é alógico (aberto a contradições), atemporal e aespacial 
(conteúdos de épocas ou espaços diferentes podem se conectar). Essa instância é 
governada pelo principio do prazer (a busca do prazer e evitação estímulos 
aversivos). 
 
SEGUNDA TÓPICA: modelo estrutural da personalidade 
Nessa segunda tópica, desenvolvida décadas depois da primeira, Freud 
diferencia instâncias da personalidade em três estruturas: o ID, o EGO e o 
SUPEREGO. O Id é todo inconsciente, o Ego e o Super-ego são parcialmente 
inconscientes. 
a) Id: O id é a fonte da energia psíquica (libido). O id é formado pelas 
pulsões - instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona 
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segundo o princípio do prazer, ou seja busca sempre o que produz prazer e evita o 
que é aversivo, e somente segundo ele. Não faz planos, não espera, busca uma 
solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele 
não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo 
efeito de uma atingida través de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, 
ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego irracional, anti-social, egoísta e 
dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente. De acordo com Freud, a 
energia psíquica é de natureza inconsciente e está armazenada no id. Essa energia 
é de natureza sexual (libido) e não tem objeto. De acordo com a teoria 
psicanalítica, o id é a parte mais antiga do aparelho psíquico. Do ponto de vista 
topológico, o id é o reservatório de toda energia psíquica. Ele ignora a realidade, os 
princípios lógicos e racionais tais como o tempo e a causalidade entre eventos. 
Dessa forma, diz-se que o id trabalha através do princípio primário. 
b) Ego: O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir 
que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo: é o 
chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o 
planejamento e a espera ao comportamento humano: a satisfação das pulsões é 
retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um 
máximo de prazer e um mínimo de conseqüências negativas. A principal função do 
ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a realidade e, 
posteriormente, entre esses e as exigências do superego. 
c) Superego: É a parte moral da mente humana e representa os valores 
da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) inibir (através de punição ou 
sentimento de culpa) qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados 
(2) forçar o ego a se comportar de maneira moral (mesmo que irracional) e (3) 
conduzir o indivíduo à perfeição - em gestos, pensamentos e palavras. O superego 
forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores 
recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode 
funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por 
ações praticadas, mas também por pensamentos; outra característica sua é o 
pensamento dualista (tudo ou nada; certo ou errado, sem meio-termo). O superego 
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divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem ser procurado, e a 
consciência, que determina o mal a ser evitado. 
 
As fases do desenvolvimento psicossexual 
A transição de uma fase para outra é biologicamente determinada, de tal 
forma que uma nova fase pode iniciar sem que os processos da fase anterior tenha 
se completado. As fases se seguem umas às outras em uma ordem fixa e, apesar de 
uma fase se desenvolver a partir da anterior, os processos desencadeados em uma 
fase nunca estão plenamente completos e continuam agindo durante toda a vida da 
pessoa. 
I - A fase oral (0-1) 
A primeira fase do desenvolvimento é a fase oral, que se estende desde o 
nascimento até aproximadamente um ano de vida. Nessa fase a criança vivencia 
prazer e dor através da satisfação (ou frustação) de pulsões orais, ou seja, pela 
boca. Essa satisfação se dá independente da satisfação da fome. Assim, para a 
criança sugar, mastigar, comer, morder, cuspir etc. têm uma função ligada ao 
prazer, além de servirem à alimentação. Ao ser confrontada com frustrações a 
criança é obrigada a desenvolver mecanismos para lidar com tais frustrações. 
Esses mecanismos são a base da futura personalidade da pessoa. A fixação nessa 
fase causa a depressão 
O principal processo na fase oral é a criação da ligação entre mãe e filho. 
II - A fase anal (1-3) 
A segunda fase, segundo Freud, é a fase anal, que vai aproximadamente do 
primeiro ao terceiro ano de vida. Nessa fase a satisfação das pulsões se dirige ao 
ânus, ao controle da tensão intestinal. Nessa fase a criança tem de aprender a 
controlar sua defecação e, dessa forma, deve aprender a lidar com a frustração do 
desejo de satisfazer suas necessidades imediatamente. Como na fase oral, também 
os mecanismos desenvolvidos nesta fase influenciam o desenvolvimento da 
personalidade. A fixação nessa fase ocasiona a neurose obsessivo-compulsiva 
(anancástica) 
III - A fase fálica (3-5) Complexo de Édipo 
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A fase fálica, que vai dos três aos cinco anos de vida, se caracteriza 
segundo Freud pela importância da presença (ou, nas meninas, da ausência) do 
falo ou pênis; nessa fase prazer e desprazer estão, assim, centrados na região 
genital. As dificuldades dessa fase estão ligadas ao direcionamento da pulsão 
sexual ou libidinosa ao genitor do sexo oposto e aos problemas resultantes. A 
resolução desse conflito está relacionada ao complexo de Édipo e à identificação 
com o genitor de mesmo sexo.
O complexo de Édipo representa um importante passo na formação do 
superego e na socialização dos meninos, uma vez que o menino aprende a seguir os 
valores dos pais. Essa solução de compromisso permite que tanto o ego (através da 
diminuição do medo) e o id (por o menino poder possuir a mãe indiretamente 
através do pai, com o qual ele se identifica) sejam parcialmente satisfeitos. 
O conflito vivenciado pelas meninas é parecido, mas menos intenso. A 
menina deseja o próprio pai, em parte devido à inveja que sente por não ter um 
pênis (al. Penisneid); ela sente-se castrada e dá a culpa à própria mãe. Por outro 
lado, a mãe representa uma ameaça menos séria, uma vez que uma castração não é 
possível. Devido a essa situação diferente, a identificação da menina com a própria 
mãe é menos forte do que a do menino com seu pai e, por isso, as meninas teriam 
uma consciência menos desenvolvida - afirmação esta que foi rejeitada pela 
pesquisa empírica. Freud usou o termo "complexo de Édipo" para ambos os sexos; 
autores posteriores limitaram o uso da expressão aos meninos, reservando para as 
meninas o termo "complexo de Electra". 
A mãe mantém em ambos os sexos um papel primordial, permanecendo 
sempre o principal objeto da libido. 
Para os meninos é a castração que os faz superar o complexo de Édipo, 
quando é instaurada a lei da proibição gerando a interdição paterna. Para as 
meninas é justamente a castração que faz iniciar Complexo de Édipo. 
A resolução do Complexo: a ansiedade de castração nos meninos fará com 
que eles abandonem seus desejos incestuosos pela mãe e superem o complexo 
identificando-se ao pai. As meninas também passam a identificar-se com a mãe e 
assumem uma identidade feminina. Passa a buscar nos homens similaridades do 
pai. 
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16 
IV - O período de latência (5 – puberdade) 
Depois da agitação dos primeiros anos de vida segue-se uma fase mais 
tranquila que se estende até a puberdade. Nessa fase as fantasias e impulsos 
sexuais são reprimidos, tornando-se secundários, e o desenvolvimento cognitivo e 
a assimilação de valores e normas sociais se tornam a atividade principal da 
criança, continuando o desenvolvimento do ego e do superego. 
V- A fase genital (puberdade) 
A última fase do desenvolvimento psicossexual é a fase genital, que se dá 
durante a adolescência. Nessa fase as pulsões sexuais, depois da longa fase de 
latência e acompanhando as mudanças corporais, despertam-se novamente, mas 
desta vez se dirigem a uma pessoa do sexo oposto. Como se depreende da 
explanação anterior, a escolha do parceiro não se dá independente dos processos 
de desenvolvimento anteriores, mas é influenciada pela vivência nas fases 
anteriores. Além disso, apesar de continuarem agindo durante toda a vida do 
indivíduo, os conflitos internos típicos das fases anteriores atingem na fase genital 
uma relativa estabilidade conduzindo a pessoa a uma estrutura do ego que lhe 
permite enfrentar os desafios da idade adulta. 
 
Caráter 
A fixação nas fases de desenvolvimento freudianas identifica o tipo de 
caráter que a pessoa possui (caráter oral, anal, fálico ou genital). O caráter oral é 
caracterizado pelo otimismo, a passividade e a dependência. Para Freud, os 
transtornos alimentares poderiam se dar às dificuldades na fase oral. O caráter 
anal é caracterizado pro três traços que são: ordem, parcimônia (econômico) e 
teimosia. O caráter fálico, por sua vez, gera dificuldades na formação do superego 
(regras sociais), na identidade do papel sexual e até mesmo na sexualidade, 
envolvendo inibição sexual, promiscuidade sexual e homossexualismo. E, por fim, o 
caráter genital é descrito como o ideal freudiano do desenvolvimento pleno, que se 
desenvolve na ausência de fixações ou depois da sua resolução por meio de uma 
psicanálise. Contudo, o indivíduo livre de conflitos pré-edípicos significativos, 
aprecia uma sexualidade satisfatória preocupando-se com a satisfação do 
companheiro sexual, evitando assim a manifestação de um narcisismo egoísta. 
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17 
Assim sua energia psíquica sublimada fica disponível para o trabalho, que é 
prazeroso5. 
 
Os mecanismos de Defesa 
O ego muitas vezes não consegue lidar com as demandas do Id e com as 
cobranças do superego. Assim, surgem os Mecanismos de Defesa, que são defesa 
bem sucedida contra a ansiedade, pois ele diminui a tensão. Destaca-se que os 
mecanismos de defesa contra a ansiedade podem ser encontrados em indivíduos 
saudáveis, porém quando estão fortemente associados e trazem dificuldades 
sociais caracterizam-se enquanto neuroses. 
 A seguir apresento os mecanismos de defesa mais comuns: 
• Repressão é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos 
e frustrações demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou 
lembrados, reprimindo-os e recalcando-os para o inconsciente; o que é 
desagradável é, assim, esquecido; 
• Formação Reativa: consiste em ostentar um procedimento e 
externar sentimentos opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados. 
• Projeção consiste em atribuir a outros as idéias e tendências que o 
sujeito não pode admitir como suas. 
• Regressão consiste em retornar a comportamentos imaturos, 
característicos de fase de desenvolvimento que a pessoa já passou. 
• Fixação é um congelamento no desenvolvimento, que é impedido de 
continuar. Uma parte da libido permanece ligada a um determinado estágio do 
desenvolvimento e não permite que a criança passe completamente para o 
próximo estádio. A fixação está relacionada com a regressão, uma vez que a 
probabilidade de uma regressão a um determinado estádio do desenvolvimento 
aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação nesse estádio. 
• Sublimação é a satisfação de um impulso inaceitável através de um 
comportamento socialmente aceito. Expressão de impulso recalcado de forma 
criativa e produtiva. 
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• Identificação é o processo pelo qual um indivíduo assimila um 
aspecto, uma característica de outro. Uma forma especial de identificação é a 
identificação com o agressor. 
• Deslocamento é o processo pelo qual agressões ou outros impulsos 
indesejáveis, não podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são 
direcionados a terceiros. 
• Negação é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que 
perturba o Ego. 
• Racionalização é o processo de achar motivos lógicos e racionais 
aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis. 
• Isolamento: Uma idéia ou ato sofre o rompimento de suas conexões 
com outras idéias e pensamentos. 
Para finalizar essa descrição dos mecanismos de defesa, faço uma didática 
diferenciação entre recalque e repressão. 
Recalcamento/Recalque Repressão 
“Operação pela qual o sujeito 
procura repelir ou manter no inconsciente 
representações (pensamentos, imagens, 
recordações) ligadas a uma pulsão. 
“Operação psíquica que tende 
a fazer desaparecer da consciência um 
conteúdo desagradável ou inoportuno: 
ideia, afeto, etc. Os conteúdos tornam-
se pré-conscientes”. É um mecanismo 
consciente, que atua como censura. A 
moral do sujeito está ligada a este 
mecanismo. 
 
 
M.M.M.M. KleinKleinKleinKlein 
 
A teoria de Melanie Klein é de difícil simplificação, porém, não é Lacan. 
Brincadeiras a parte, nós temos a tarefa de entender a lógica de raciocínio desta 
teórica e seus principais conceitos acerca da personalidade humana. Para isso, 
temos de partir da sua teoria de desenvolvimento,
pois, como pressuposto 
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fundamental de quase todos os psicanalistas, existe um determinismo psíquico 
inerente à condição humana. 
Melanie Klein foi uma famosa psicanalista e ganhou notoriedade na sua 
teorização sobre a infância, foi uma das pioneiras em análise infantil junto com 
Anne Freud. É importante salientar que muitos de seus estudos eram críticas a 
vertente da herdeira de Freud. Klein, por exemplo, excluiu os pais do tratamento 
porque acreditava que o problema fundamental das crianças era intrapsíquico. 
Ela desenvolveu uma teoria sobre a relação mãe-filho que ficou conhecida 
como teoria das relações objetais e a riqueza de sua teoria está, na opinião de 
muitos estudiosos da linha, na demonstração da função do superego no 
desenvolvimento psíquico, na sua descrição das defesas primitivas características 
do transtorno de personalidade limítrofe e psicose e no seu uso do brinquedo com 
crianças como um meio para a interpretação. Pra Klein, objetos são estruturas 
mentais que se desenvolvem através da experiência do sujeito com o mundo 
externo. Esses objetos são representações e é a partir destas que o eu se 
desenvolve. A representação psíquica dos objetos introjetados pela criança é 
enviesada pelas fantasias. A criação de uma relação objetal ocorre quando o 
impulso instintivo liga um afeto (incorporado ao ego) a um objeto externo, dando-
lhe sentido de vida ou de morte. Melanie Klein distingue dois momentos no 
primeiro ano de vida do bebê: posição esquizo-paranoide (até os 6 meses) e 
posição depressiva (de 6 meses até 1 ano de idade). Essas duas posições estão 
dentro da fase oral freudiana. 
O conceito de posições é muito importante na escola kleiniana, pois o 
psiquismo funciona a partir delas, e todos os demais desenvolvimentos são 
invariavelmente baseados em seu funcionamento. Nesse sentido, o 
desenvolvimento em fases, proposto por Freud (fase oral, fase anal e fase genital), 
é aqui substituído por um elemento mais dinâmico que estático, pois as três fases 
estão presentes no bebê desde os três primeiros meses de vida. Klein não nega 
essa divisão, muito pelo contrário, mas dá a elas uma dinâmica até então ainda não 
vista em psicanálise. 
Para Klein, o psiquismo tem um funcionamento dinâmico entre as 
posições esquizoparanóide e depressiva, que se inicia como o nascimento e 
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termina com a morte. Todos os problemas emocionais, como neuroses, 
esquizofrenias e depressão são analisados a partir dessas duas posições. Por isso, 
em uma análise kleiniana, não basta trabalhar os conteúdos reprimidos, é preciso 
“equacionar” as ansiedades depressivas e persecutórias. É necessário que o 
paciente perceba que o mundo não funciona em preto e branco, e que é possível 
amar e odiar o mesmo objeto, sem medo de destruí-lo. Em outras palavras, não 
adianta trabalhar o sintoma (neurose) se não trabalhar os processos que levaram 
seus surgimentos (ansiedades persecutória e depressiva). 
Vamos aprofundar um pouco mais o estudo das posições kleinianas. O 
conceito de “posição” remete a uma configuração específica de relações objetais, 
ansiedades e defesas, presentes ao longo de toda a vida, e não somente durante 
uma fase ou período do desenvolvimento. 
A experiência do nascimento a primeira fonte externa de ansiedade, pois 
durante a gestação o bebê experimenta um sentimento de unidade e segurança que 
é perturbado pelo nascimento. Observe que o ego está presente na teoria kleiniana 
desde o nascimento. Ele já sente ansiedade, cria mecanismos de defesa e forma 
relações de objeto primitivas, na fantasia e na realidade. Porém, esse ego é 
amplamente desorganizado e, quando confrontado com a ansiedade, tende a 
clivar-se (dividir-se) para defender-se desta ansiedade. 
O seio da mãe é o primeiro objeto internalizado pelo bebê (Objeto Primal). 
É importante destacar que esse primeiro objeto possui, inicialmente, uma posição 
ambivalente para a criança, sendo considerado ou “seio bom”, quando amamenta, 
ou “seio mau”, quando não alimenta a criança na hora em que a mesma deseja. 
Aqui, os bebês sentem, logo quando nascem, dois sentimentos básicos: amor e 
ódio. É fácil, portanto, perceber que a criança ama o “seio bom” e odeia o “seio 
mau”. O problema é que na fantasia da criança, o “seio mau”, esse objeto interno, 
vai se vingar dela pelo ódio e destrutividade direcionados a ele. Esse medo de 
vingança é chamado de ansiedade persecutória ou paranóide. O conjunto de 
ansiedade persecutória e suas respectivas defesas são chamados por Klein de 
“posição esquizoparanóide”. Por conta dessa visão fragmentada, o bebê não 
reconhece “pessoas”, mas apenas partes delas. Aqui existe a ansiedade que se 
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expressa pelo temor de que os objetos maus entrarem no ego e dominem tanto o 
objeto ideal quanto o self. 
Os mecanismos de introjeção da representação do seio materno e a 
clivagem do objeto devem ser entendidos à luz do conceito de pulsão de morte e 
pulsão de vida freudianos. Concomitante ao nascimento, já se inicia o embate 
permanente entre o instinto de vida e o de morte, representando uma pressão 
sobre o ego no sentido deste se organizar para responder ao paradoxo: ou se 
organiza para satisfazer suas próprias necessidades (pulsão de vida) ou para negar 
suas próprias necessidades (pulsão de morte). A pulsão de morte se expressa por 
meio de ataques invejosos (inveja primária) e sádico-destrutivos contra o seio 
materno. Essas pulsões provocam internamente a “angústia de aniquilamento” ou 
“ansiedade de morte”. É neste contexto que o ego rudimentar do recém-nascido 
assume a posição de defesa contra a angústia através de mecanismos primitivos, 
como a negação onipotente, a dissociação, a identificação projetiva, a introjeção e a 
idealização. 
O contato com o seio mau produz ansiedade, advinda da pulsão de morte. 
O ego deflete essa ansiedade em parte, pela projeção, e, em parte, pela conversão 
desta em agressividade. O ego se divide e projeta a parte que contém a pulsão de 
morte no objeto externo original, o seio materno, que passa a ser sentido como 
mau e ameaçador para o ego. Assim, o temor de aniquilamento transforma-se em 
sentimento de perseguição – ansiedade persecutória ou paranóide. Destaco, 
novamente, que nesse período o bebê se relaciona de forma parcial com o objeto. O 
mesmo processo ocorre com a libido, que, em parte, é projetada no objeto externo 
original, o seio, a fim de criar um objeto capaz de satisfazer o esforço egóico pela 
preservação da vida, e, em parte, permanece, sendo usada para estabelecer uma 
relação libidinal com este objeto ideal. Com objetivo de superar a essa ansiedade 
persecutória, o bebê desenvolve um processo esquizóide de forma que o objeto 
mau é internalizado como sendo diferente do objeto bom. Essa cisão do objeto 
resulta também em uma clivagem do eu do bebê (eu bom e eu mau). 
Na passagem da posição esquizoparanóide para a posição depressiva 
ocorre uma síntese entre a imagem do objeto do seio materno com a representação 
da mãe. Com a superação da posição esquizoparanóide, o bebê passa a reconhecer 
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a mãe como um objeto total (bom e mau). Essa é a característica da posição 
depressiva. Ele percebe que o mesmo objeto que odeia (seio mau) é o mesmo que 
ama (seio bom) e ambos os registros fazem parte de uma mesma pessoa. Tal 
processo de síntese desencadeia
mudanças no desenvolvimento: surgem a 
ansiedade depressiva e a culpa, a agressão é mitigada pela libido, o que diminui a 
ansiedade persecutória, o temor pelo destino dos objetos, externo e interno, 
ameaçados leva a uma identificação mais forte com ele; o ego, portanto, se esforça 
para fazer reparações e, além disto, inibe os impulsos agressivos sentidos como 
perigosos para o objeto amado. Agora o bebê teme perder o seio bom, pois teme 
que seus ataques de ódio e voracidade o tenham danificado ou morto. Esse temor 
da perda do objeto bom é chamado por Klein de “ansiedade depressiva”. O 
conjunto de ansiedade depressiva e suas respectivas defesas são chamados por 
Klein de “posição depressiva”. 
 A posição depressiva tem início com o reconhecimento da mãe como 
uma pessoa ou objeto total e caracteriza-se pela relação com objetos totais e pelo 
predomínio da integração, ambivalência, ansiedade depressiva e culpa. O principal 
temor é o de que seus próprios impulsos agressivos tenham destruído, ou 
destruam o objeto que ele ama e do qual depende. Como decorrência desta 
experiência depressiva, o temor de ter perdido o objeto bom pela sua própria 
agressividade, surge a culpa, mobilizando o desejo de reparar seu objeto destruído. 
Observe a tabela abaixo: 
Fase 
Freudiana 
Posição para M Klein Objeto (Klein) 
Oral Posição Esquizo-paranóide – conjunto de 
ansiedade persecutória. Ocorre a clivagem do 
objeto em “seio bom” e “seio mau”. 
Seio 
 
Oral Posição Depressiva – conjunto de ansiedade 
depressiva. Ocorre a clivagem do objeto em “mãe 
boa” e “mãe má”. 
Mãe 
 
A teoria de Melanie Klein parte de alguns pressupostos comuns à teoria 
Freudiana, como, por exemplo: 
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a) a agressão e a libido são os dois instintos básicos. 
b) o instinto agressivo é uma extensão do instinto de morte 
c) a libido uma extensão do instinto de vida. 
Como divergências a Teoria Freudiana podemos destacar: 
a) Klein divergiu de Freud na suposição de que o ego existe ao 
nascimento. Ela acreditava que o instinto de morte é traduzido após o nascimento 
em sadismo oral, o qual, projetado para fora, dá lugar às fantasias de um seio mau, 
destrutivo, devorador. Tanto agressão como libido são expressas desde o 
nascimento em diante por fantasias inconscientes. 
b) Klein diferenciou inveja, ganância e ciúme como manifestações do 
instinto agressivo. 
Melanie Klein enfatizou o papel do superego, que assim como na teoria 
freudiana, ele coloca valor sobre o comportamento e ele pune ou proíbe o 
comportamento que ele considera ser errado ou mau. O superego tem qualidades 
persecutórias (derivadas de introjetos persecutórios) e exigentes (derivadas dos 
aspectos exigentes dos pais bons idealizados). Diferente do ego, que existe desde o 
nascimento, Klein sustentou o superego começa a desenvolver-se durante a 
posição depressiva, pois a pressão de superego excessiva causa regressão para a 
posição esquizoparanóide. O superego desenvolve-se a partir de maus objetos 
experimentados como persecutórios. Enquanto o ego assimila os objetos com os 
quais ele pode identificar-se positivamente, o superego assimila os aspectos 
proibitivos exigentes destes objetos. 
Decorrente dessa teoria de desenvolvimento de Melanie Klein, nós temos a 
conclusão basilar para a teoria de personalidade para esta autora: dos mecanismos 
de projeção e introjeção, que possibilitam a defesa (contra a ansiedade) advém o 
desenvolvimento de nossos mecanismos de projeção e introjeção nas outras fases 
da vida. Assim, não são apenas projetados os estados perturbadores, mas também 
partes do próprio self, da própria personalidade humana. Assim, podemos viver 
parte de nossas vidas projetados (em fantasia) no mundo interno de outra pessoa, 
ou podemos ter parte de nossas vidas vividas em identificação com aspectos da 
vida de outrem. Esse mecanismo é denominado por Klein de introjeção projetiva, 
um de seus mais importantes legados conceituais. Assim, o que é projetado para 
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fora, isto é, para dentro de um objeto, não só é perdido como também confere nova 
identidade a esse objeto. Da razão entre objetos introjetados bons e maus resultará 
o equilíbrio e a ansiedade do indivíduo. Objetos bons neutralizam os objetos 
internos maus, mas mesmo sob circunstâncias ideais predominantemente bons 
objetos de superego são contaminados pelos objetos maus. 
Os últimos pontos convenientes a serem destacados é que embora Klein 
concordasse que fatores ambientais podem desempenhar um papel em estimular a 
agressão excessiva, ela enfatizou como a causa de distúrbio emocional a força inata 
da agressão, aliada à formação de ansiedade excessiva do ego e baixa tolerância de 
ansiedade. Por fim, à título de recapitulação, para Melanie Klein, existe uma 
diferença entre a ansiedade: paranóide e a ansiedade depressiva. Nesta, existe o 
medo da perda do amor enquanto que naquela existe a ameaça à integridade do 
ego. 
 
 
D.D.D.D. WinnicottWinnicottWinnicottWinnicott 
 
Sabemos que a teoria freudiana tradicional possui pontos essenciais: 
a) aceitação da sexualidade, inclusive a infantil, como fenômeno 
humano normal; 
b) importância do passado infantil na vida em geral; 
c) conciliação da integração, normalidade de uma pessoa com a idéia de 
múltiplas personalidades, crenças, etc. (teorias do recalque, do inconsciente, do 
conflito). 
Para Freud, justamente, vivemos em permanente conflito entre nossas 
pulsões (sexual/de morte) e algo que nos impede de fazer o que gostaríamos: de 
um lado, o sexo, de outro, a lei, o pai (assujeitado, ou o Nome-do-Pai, como colocou 
Lacan). Por conseguinte, o sujeito é desamparado, sentindo-se muitas vezes 
joguete de certas forças, tanto internas quanto externas. Vive-se uma cultura plena 
de interdições, sendo fácil sentir-nos reféns de valores que nos são estranhos: 
nosso destino é a insatisfação, o mal-estar, sendo impossível encontrar uma saída. 
Winnicott vai se insurgir contra isso. Para ele, posso aceitar perfeitamente a clínica 
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de Freud sem me subordinar a todos os seus pressupostos. Ele propõe uma clínica 
um pouco mais otimista que a existente na psicanálise ortodoxa sem, no entanto, 
rebelar-se contra seus pressupostos básicos. Ele enfatiza a experiência cultural, e, 
também, abre perspectivas para uma vida em que não só haja ausência de 
sintomas, mas em que a criatividade possa ser compreendida como sinônimo de 
saúde. 
Outro conceito muito presente na obra de Winnicott é o "brincar". Através 
dessa atividade pode-se observar o grupo interagindo e consequentemente os 
mecanismos presentes no universo psíquico da família, que são expressos através 
de uma atividade relacional. 
Para Winnicott, a mão deve ter três aspectos (passíveis de análise): 
holding (nutrição física e psicológica), handling e apresentação de objetos. Do 
mesmo modo, o terapeuta deve administrar esses três aspectos para uma efetiva 
análise. Esses três quesitos servem para a satisfação das necessidades ligadas ao 
desenvolvimento psíquico. 
a) Apresentação do objeto: começa com a primeira refeição do bebê e 
é a qualidade da mãe demonstrar-se como passível de ser substituída, e apresentar 
novos modos da criança agir no ambiente, por conta do seu próprio esforço e 
criatividade. 
b) Holding: Através dos cuidados cotidianos, com seqüências 
repetitivas, a mãe segura o bebê não somente física, mas psiquicamente, dando
apoio ao eu do bebê em seu desenvolvimento. Refere-se à relação da dupla mãe-
bebê no desenvolvimento de uma personalidade e determina as interações sociais 
e patogenias que o sujeito desenvolverá futuramente. A sustentação compreende, 
em especial, o fato físico de sustentar a criança nos braços, e que constitui uma 
forma de amar. A mãe funciona como um ego auxiliar. Winnicott propõe que, 
durante os últimos meses de gestação e primeiras semanas posteriores ao parto, 
produz-se na mãe um estado psicológico especial, ao qual chamou de “preocupação 
materna primaria”. A mãe adquire graças a esta sensibilização, uma capacidade 
particular para se identificar com as necessidades do bebê. 
c) Handling: é a manipulação do bebê enquanto ele é cuidado, 
necessária ao seu bem-estar físico, e assim aos poucos ele se experimenta como 
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vivendo dentro de um corpo, unindo-o à sua vida psíquica. Faz referência à 
manipulação do bebê pelas mãos cuidadosas da mãe, e contato físico da dupla, que 
construirá as noções corporais ainda frágeis do bebê 
A fase inicial da vida, que compreende o nascimento aos seis meses, 
caracteriza-se pela condição de dependência absoluta do bebê em relação ao meio, 
aos cuidados maternos. Mas ainda que dependa inteiramente do que lhe é 
oferecido pela mãe, é importante considerar o desconhecimento do bebê em 
relação ao seu estado de dependência, já que em sua mente ele e o meio são uma 
coisa só. Idealmente, é pela perfeita adaptação às necessidades do bebê que a mãe 
permite o livre desenrolar dos processos de maturação. 
O ser humano, para Winnicott, nasce como um conjunto desorganizado de 
pulsões, instintos, capacidades perceptivas e motoras que conforme progride o 
desenvolvimento vão se integrando, até alcançar uma imagem unificada de si e do 
mundo externo. Quando a mãe não fornece a proteção necessária ao frágil ego do 
recém-nascido; a criança perceberá esta falha ambiental como uma ameaça à sua 
continuidade existencial, a qual, por sua vez, provocará nela a vivência subjetiva de 
que todas as suas percepções e atividades motoras são apenas uma resposta diante 
do perigo a que se vê exposta. Pouco a pouco, procura substituir a proteção que lhe 
falta por um “fabricada” por ela. O sujeito vai se envolvendo em uma casca, às 
custas da qual cresce e se desenvolve o self. O individuo vai se desenvolvendo 
como uma extensão da casca, como uma extensão do meio atacante. 
Winnicott diz que a “mãe boa” é a que responde a onipotência do lactante 
e, de certo modo, dá-lhe sentido. O self verdadeiro começa a adquirir vida, através 
da força que a mãe, ao cumprir as expressões da onipotência infantil, dá ao ego 
débil da criança. A mãe que “não é suficientemente boa” é incapaz de cumprir a 
onipotência da criança, pelo que repentinamente deixa de responder ao gesto da 
mesma, em seu lugar coloca o seu próprio gesto, cujo sentido depende da 
submissão ou acatamento do mesmo por parte da criança. Esta submissão 
constitui a primeira fase do self falso e é própria da incapacidade materna para 
interpretar as necessidades da criança. 
Nos casos mais próximos da saúde, o self falso age como uma defesa do 
verdadeiro, a quem protege sem substituir. Nos casos mais graves, o self falso 
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substitui o real e o indivíduo. Winnicott diz que na saúde o self falso se encontra 
representado por toda a organização da atitude social cortês e bem educada. 
Produziu-se um aumento da capacidade do individuo para renunciar a onipotência 
e ao processo primário, em geral, ganhando assim um lugar na sociedade que 
jamais se pode conseguir manter mediante unicamente o self verdadeiro. O falso 
self, especialmente quando se encontra no extremo mais patológico da escala, é 
acompanhado geralmente por uma sensação subjetiva de vazio, futilidade e 
irrealidade. 
Em proporções variadas, todos os seres humanos apresentam dois 
aspectos do self: um verdadeiro e um falso. O self verdadeiro, resultante da 
aceitação dos gestos espontâneos do bebê pela mãe, corresponde à pessoa que se 
constitui a partir do emprego de suas tendências inatas. Por outro lado, quando as 
falhas do ambiente ameaçam a continuidade existencial do bebê, ele deforma o seu 
verdadeiro self submetendo-se às exigências ambientais, o que leva à construção 
de um falso self. Neste caso, o falso self é o traço principal da reação do bebê às 
falhas de adaptação da mãe. A criança se submete às pressões de uma mãe que lhe 
impõe uma maneira inadequada de exprimir suas tendências inatas e que, 
consequentemente, obriga-o a adotar um modo de ser falso e artificial (coloca o 
seu próprio gesto). 
Desse modo, a mãe incapaz de se identificar com as necessidades do bebê 
é denominada mãe insuficientemente boa, que pode ser representada por uma 
mãe real ou uma situação, por exemplo, quando os cuidados são exercidos por 
diversas pessoas. A criança se depara então com uma mãe dividida em partes, e 
experiência os cuidados em sua complexidade, e não pela simplicidade que seria 
desejável. 
Na segunda fase do desenvolvimento da criança, que se estende do sexto 
mês aos dois anos, ela se encontra num estado de dependência relativa em relação 
ao meio. Neste momento, a criança se conscientiza de sua sujeição, e 
consequentemente tolera melhor as falhas de adaptação da mãe, e dessa forma se 
torna capaz de tirar proveito delas para se desenvolver. A criança já é capaz de se 
situar no tempo e no espaço, o que permite reconhecer as pessoas e objetos como 
parte da realidade externa e perceber a mãe como separada dela, como também 
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realizar uma união entre sua vida psíquica e seu corpo. Por parte da mãe, passa a 
haver uma identificação com o filho menos intensa, reintroduzindo então “falhas 
de adaptação” moderadas. 
 
Mãe Suficientemente boa � proporciona o desenvolvimento do verdadeiro self 
Mãe insuficientemente boa �proporciona o desenvolvimento do falso self 
 
Por conseguinte, após a desilusão por perceber que a fantasia não 
corresponde à realidade, a criança desenvolve atividades que permitem uma 
sustentação, um apoio frente à angústia, como levar à boca algum objeto externo 
(travesseiro, pano, etc.), segurar, se acariciar ou chupar um pedaço de tecido, 
balbucios, etc. Tais atividades foram denominadas fenômenos transicionais, e estes 
objetos utilizados foram chamados de objetos transicionais. 
O termo ―transicional indica que essa atitude da criança ocupa um lugar 
intermediário entre as realidades externa e interna, numa tentativa de amortecer o 
choque provocado pela conscientização da tensão entre ambos os aspectos de sua 
vida. Este espaço existente entre o mundo interior e mundo externo é chamado de 
espaço transicional, que persiste ao longo de toda a vida, sendo ocupado por 
atividades lúdicas e criativas diversificadas através das quais o ser humano busca 
aliviar a permanente tensão. Antes de tudo, o surgimento dessa dimensão 
transicional no desenvolvimento da criança é sinal de que a mãe da primeira fase 
foi suficientemente boa. 
E, por fim, cito as características do atendimento segundo Polity (1998) 
“Do terapeuta suficientemente bom não se espera outras qualidades, que 
não aquelas que a atitude sensível de um ser humano comum possa reunir. Entre elas 
a capacidade de "ouvir o outro, voz que enuncia, do fundo e de dentro da 
precariedade de seu existir, os seus desejos e as suas necessidades". Mas, tal lugar, só 
e possível a partir
de um lugar onde também o terapeuta possa reconhecer, de fato, o 
quão frágil e precária é a sua própria existência, e que neste aspecto fundamental, a 
distância entre ele e seus pacientes é praticamente inexistente.” 
Fonte: http://www.winnicott.com.br/texto_detalhe.asp?txi_ID=43 
 
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29 
 
 
J.J.J.J. LacanLacanLacanLacan 
 
Lacan é a parte mais complicada sempre, de longe! A teoria não é 
complicada, mas o modo como ela é apresentada, além de niilista, não é feita de 
forma objetiva. Assim, julgo que seja necessário adentrarmos um pouco na visão 
psicopatológica (até mesmo para diferenciar de Freud). Em caso de dúvidas, vocês 
sabem meu e-mail. 
Inicialmente cumpre diferenciar as duas clínicas de Lacan: a Clínica 
estrutural e a Clínica borromeana. Fundamentalmente as diferenças entre essas 
duas clínicas está na perspectiva de diagnóstico. No modelo estrutural, no qual a 
referência principal é o envoltório formal do sintoma (neurose, perversão e 
psicose), existe o modelo que se refere às categorias da psicopatologia psiquiátrica 
e, dentro delas, privilegia o eixo psicose-neurose. Na segunda escola, a clínica 
Borromeana, ocorre a não-referência às categorias nosológicas da psicopatologia 
psiquiátrica. 
Sua primeira intervenção na psicanálise é para situar o Eu como instância 
de desconhecimento, de ilusão, de alienação, sede do narcisismo (o “eu” é 
desconhecido sempre). Para Lacan há três registros psíquicos: o registro no Campo 
Imaginário, o registro no Campo Simbólico e o Registro no Campo do Real. É a 
partir do campo simbólico, através da fala e da linguagem que é possível haver 
acesso ao inconsciente, que foi definido pelo autor como “estruturado como uma 
linguagem”. 
O campo de ação da psicanálise situa-se, para Lacan, na fala, onde o 
inconsciente se manifesta, através de atos falhos, esquecimentos, chistes e de 
relatos de sonhos, enfim, naqueles fenômenos que Lacan nomeia como "formações 
do inconsciente". A isto se refere o aforismo lacaniano "o inconsciente é estruturado 
como uma linguagem". O Simbólico é o registro em que se marca a ligação do 
Desejo com a Lei e a Falta, através do Complexo de Castração, operador 
do Complexo de Édipo. Para Lacan, "a lei e o desejo recalcado são uma só e a mesma 
coisa". Lacan pensa a lei a partir de Lévi-Strauss, ou seja, 
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da interdição do incesto que possibilita a circulação do maior dos bens simbólicos, 
as mulheres. O desejo é uma falta-a-ser metaforizada na interdição edipiana, a falta 
possibilitando a deriva do desejo, desejo enquanto metonímia. Lacan articula neste 
processo dois grandes conceitos, o Nome-do-Pai e o Falo. Para operar com este 
campo, cria seus Matemas. 
Esse registro é o do Simbólico, é o campo da linguagem, do significante. 
Lévi-Strauss afirmava que "os símbolos são mais reais que aquilo que simbolizam, o 
significante precede e determina o significado”, no que é seguido por Lacan. Marca-
se aqui a autonomia da função simbólica. Este é o Grande Outro que antecede o 
sujeito, que só se constitui através deste - "o inconsciente é o discurso do Outro", "o 
desejo é o desejo do Outro". 
O imaginário forma-se a partir do Estádio do Espelho, que, por sua vez, é 
descrito como o momento em que a criança descobre, constrói uma imagem de si. 
Pode prescindir de um espelho, onde uma imagem é projetada ou não 
necessariamente, pois o outro também faz a função de espelho. No caso de uma 
pessoa cega, por exemplo. A visão no espelho (outros) unifica as visões de “eu” que 
o ego cria. Não há um eu antes do estádio do espelho. 
O campo do simbólico se desenvolve junto ao complexo de Édipo: 
1° Tempo: a criança ainda mantém com a mãe uma relação de indistinção, 
reforçada pelos cuidados que recebe e pela satisfação de suas necessidades. Essa 
relação quase fusional a permite supor ser seu objeto de desejo. É na posição de 
objeto (falo) que a criança se coloca como suposto completar o que falta à mãe. Ao 
querer constituir-se como falo materno, a criança se coloca como único objeto de 
desejo da mãe, assujeitando seu desejo ao dela. 
2° Tempo: parte dessa dialetização de ser ou não ser o falo, introduzindo a 
dimensão paterna, que intervirá na relação mãe-criança-falo sob a forma de 
privação. O pai é aquele que interdita a satisfação do impulso da criança à medida 
que ela percebe que é para o pai que a mãe se dirige. Conforme Lacan, tem-se aí a 
chave da relação do Édipo e de seu caráter essencial: a relação da mãe com a 
palavra do pai e com aquilo que ele é suposto possuir, que a satisfaz e regula o 
desejo que ela tem de um objeto que não é mais a criança. Ela se remete ao desejo 
de um outro, reconhecendo a lei do pai como aquela que mediatiza seu próprio 
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desejo. O pai que priva é o que apresenta a lei. A criança, nessa perspectiva, tem 
acesso à simbolização da lei do pai, confrontada com a questão da castração na 
dialética do ter. A mediação que o pai introduz na relação com a mãe é o fato de 
que ela o reconhece como aquele que lhe dita a lei, o que permite à criança colocá-
lo num lugar de depositário do falo. 
3° Tempo: a criança irá dialetizar os outros dois tempos. Ameaçada em 
seus investimentos libidinais, a criança descobre que também a mãe nutre um 
desejo em relação ao desejo do pai. Ocorre um novo deslocamento do objeto fálico, 
no qual a instância paterna deixa seu lugar no imaginário para advir ao lugar de pai 
simbólico, lugar onde será investido como aquele que tem o falo. A criança, na 
problemática fálica, deixa de lado ser o falo para aceitar a problemática de ter o 
falo. A dialética do ser e ter põe em jogo as identificações. O menino se inscreverá 
na lógica identificatória, a partir do momento em que renuncia ser o falo e se 
engaja na dialética de ter, identificando-se com o pai, que é suposto ter. A menina 
se identifica com a mãe, deparando-se com a dialética do ter a partir do não-ter. 
Como a mãe, ela não tem, mas sabe onde encontrá-lo. 
 
 
SkinnerSkinnerSkinnerSkinner 
 
Skinner, advindo de uma forte base positivista, desenvolveu o behaviorismo 
radical. Limitou o estudo psicológico cientifico ao comportamento observável do 
organismo através da observação sensorial e definiu a Psicologia como a ciência do 
comportamento manifesto. Esse novo modelo de comportamentalismo é uma visão 
moderna das primeiras psicologias mecanicistas de estímulo-resposta, como o 
conexionismo desenvolvido por Thorndike e o behaviorismo desenvolvido por 
Watson. O problema básico das teorias S-R é a não inclusão da reação do meio 
sobre o organismo após a emissão da resposta. Apesar do seu parco estudo com a 
“lei do efeito” de Thorndike, pouco das consequências dos atos era estudado na 
manutenção dos comportamentos. 
Esse teórico foi fortemente anti-mentalista e se opunha aos behaviorismos 
mediacionais (como Tolman, Hull e Dollar e Miller), negando a relevância científica 
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de variáveis mediacionais, pois acreditava que o homem era uma entidade única, 
uniforme, em oposição ao homem "composto" de corpo e mente, ou seja, a visão de 
homem era a visão monista. Assim, ele não propõe que os estados internos não 
existam, mas sim que não podem servir como as causas em uma análise científica 
do comportamento. Estados mentais (como inteligência) são o produto de 
contingências prévias de reforço,
e não tem nenhum status causal. Ele também não 
pretende negar que os sentimentos existem, no entanto, eles e outros estados 
corporais são produtos colaterais das nossas histórias, seja genética ou ambiental. 
Ele propôs a lei empírica de efeito. Isto é, um estímulo reforçador é um 
evento que aumenta a frequência do comportamento com o qual é emparelhado, 
sem nenhuma referência à satisfação ou a qualquer outro evento interno. 
Comportamentos complexos podem ser aprendidos por meio de modelagem 
(através de aproximações sucessivas). Inicia-se reforçando um comportamento 
que é um primeiro passo rumo ao comportamento final. Para ficar mais claro, 
imagine um psicólogo comportamentalista utilizando os conceitos aqui aprendidos 
para lidar com um paciente tímido. Inicialmente, e bem genericamente, deve-se 
traçar uma linha de base das competências sociais do paciente para planejar um 
conjunto de atividades que irão conduzi-lo a estágios superiores nessas 
habilidades. Como ele é tímido, pode-se começar com ensaios no consultório e 
depois com pequenas tarefas de casa diárias para, somente então, levar o paciente 
para experiências in vivo. Uma vez que ele detém uma boa base, aprendida nos 
passos anteriores, para lidar com a ansiedade social e para encadear 
comportamentos, fica mais fácil reduzir a timidez e eliciar comportamentos mais 
assertivos. 
Para a melhor compreensão dos processos de modelagem, é interessante 
entender como ocorre o controle de Estímulos. Esse controle pode ocorrer tanto 
pela generalização de estímulos (responder de forma semelhante a estímulos 
percebidos como semelhantes) como pela discriminação de estímulos (é o 
reforçamento diferencial; processo de decompor ou controlar generalizações). 
Creio que essas simplificações não ficarão claras para aqueles que não estão 
acostumados com os conceitos da Análise do Comportamento. Por isso, gosto das 
definições apresentadas por Bock (1999): 
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Generalização de estímulos: Na generalização de estímulos, um estímulo 
adquire controle sobre uma resposta devido ao reforço na presença de um 
estímulo similar, porém diferente. Frequentemente, a generalização depende de 
elementos comuns a dois ou mais estímulos. É o caso de uma criança aprendendo 
sobre animais, chamar todo animal que mama de "mamífero", independente da 
espécie... se mama... será mamífero, embora estímulos diferentes, há a 
generalização para classe "mamíferos". 
Discriminação de Estímulos: Diz-se que desenvolveu a discriminação de 
estímulos quando uma resposta se mantém na presença de um ou mais 
determinado(s) estímulo(s), mas sofre certo grau de extinção na presença de 
outros. Isto é, um estímulo antecedente à resposta adquire a possibilidade de ser 
conhecido como discriminativo da situação reforçadora. Sempre que ele for 
apresentado e a resposta emitida, haverá reforço. Exemplo: Motorista de ônibus 
para no semáforo, pois o sinal está vermelho, ou seja, o semáforo vermelho se 
tornou um estímulo discriminativo para emissão do comportamento de "parar" ser 
reforçada. 
Skinner apresentou experimentalmente o condicionamento operante, como 
alternativa ou complemento ao condicionamento clássico de Watson. Por isso, 
muitos estudiosos percebem a sua obra como um passo lógico da perspectiva 
watsoniana. O foco central para as duas teorias era a relação de comportamentos e 
variáveis determinantes. Assim, enquanto o comportamento reflexo ou 
respondente (condicionamento clássico) é controlado por um estímulo precedente, 
o comportamento operante (condicionamento instrumental ou operante) é 
controlado por suas consequências (reforço) que se seguem às respostas. 
É importante distinguir o Behaviorismo Radical da Análise Experimental do 
Comportamento e da Análise Aplicada do Comportamento. A teoria do 
Behaviorismo Radical foi desenvolvida como uma proposta de filosofia sobre o 
comportamento humano enquanto que as pesquisas experimentais constituem a 
Análise Experimental do Comportamento, enquanto as aplicações práticas fazem 
parte da Análise Aplicada do Comportamento. O Behaviorismo Radical seria uma 
filosofia da ciência do comportamento. 
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Skinner desenvolveu os princípios do condicionamento operante e a 
sistematização do modelo de seleção por consequências para explicar o 
comportamento. O condicionamento operante segue o modelo Sd-R-Sr, onde um 
primeiro estímulo Sd (estímulo discriminativo), aumenta a probabilidade de 
ocorrência de uma resposta R. A diferença em relação aos paradigmas S-R e S-O-R é 
que, no modelo Sd-R-Sr, o condicionamento ocorre se, após a resposta R, segue-se 
um estímulo reforçador Sr, que pode ser um reforço (positivo ou negativo) que 
"estimule" o comportamento (aumente sua probabilidade de ocorrência), ou 
uma punição (positiva ou negativa) que iniba o comportamento em situações 
semelhantes posteriores. 
 
Sd - R - Sr 
onde: 
Sd = estímulo discriminativo 
R = Resposta 
Sr = estímulo reforçador 
 
Para Skinner, os comportamentos são selecionados através de três níveis de 
seleção. Os componentes da mesma são: 1 - Nível Filogenético: que corresponde 
aos aspectos biológicos da espécie e da hereditariedade do indivíduo; 2 - Nível 
Ontogenético: que corresponde a toda a história de vida do indivíduo; 3 - Nível 
Cultural: os aspectos culturais que influenciam a conduta humana. Através da 
interação desses três níveis (onde nenhum deles possui um status superior a 
outro) os comportamentos são selecionados. Para Skinner, o ser humano é um ser 
ativo, que opera no ambiente, provocando modificações no mesmo, modificações 
essas que retroagem sobre o sujeito, modificando seus padrões comportamentais. 
Vamos nos aprofundar um pouco mais nos conceitos centrais da teoria do 
comportamentalismo de Skinner. Caso você consiga abstrair os conceitos do 
quadro abaixo sem dificuldades, recomendo pular dois parágrafos. 
Consequência após a 
resposta 
Apresentação da 
Consequência 
Retirada da 
Consequência 
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Reforço 
Aumenta a aparição da 
resposta (reforço positivo) 
Reduz a aparição da 
resposta (punição 
negativa) 
Estímulo Aversivo 
Reduz a aparição da 
resposta (punição positiva) 
Aumenta a aparição da 
resposta (reforço 
negativo) 
Consequência Inócua Extinção da resposta Extinção da resposta 
 
Para Skinner, um operante (resposta) é fortalecido pelo reforçamento ou 
enfraquecido pela sua extinção. Esse aumento da frequência de ocorrência de uma 
resposta pode ocorrer tanto pelo reforço positivo quanto pelo reforço negativo. A 
redução da frequência de um comportamento, por sua vez, pode ocorrer tanto por 
uma punição positiva quanto por uma punição negativa. Os conceitos podem 
parecer semelhantes na teoria, mas, são bem distintos na prática. Observe que 
sempre que falarmos de aumento de frequência de um operante (resposta) em 
função de suas consequências, estaremos falando de reforço. Enquanto que sempre 
que falarmos de um operante que reduz após a sua consequência, estaremos 
diante de uma punição. O termo “positivo” e “negativo” refere-se à inserção ou a 
retirada de algum elemento na consequência contingente ao comportamento. 
Assim, toda vez que falarmos de uma consequência de “x” positivo, estaremos 
inserindo algo no ambiente, por outro lado, toda vez que falarmos em uma 
consequência de “x” negativo, estaremos diante de algo que foi retirado do 
ambiente. 
Seguem alguns exemplos para

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